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José Leon Crochik A Ideologia da Racionalidade Tecnolégica ea Personalidade Narcisista Tese apresentada 20 Instituto de Psicologia da Universdade de ‘S80 Paulo, como parte dos requisites para 0 coneurso de Livre- Docéneia IPUSP. 1999 Banca Examinadora Res Este trabato refletiy sobre a relapo entre ideologiae personaliide, dando énfase & que possa exist entre « ideologia da racionalidade teenoligica « as earaceristcas racists de prsonaidade Essa relagio foi pensada através dos escrito de alguns dos pensadores da Teoria Citica da Sociedade, entre eles Theodor W. Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse ergen Habermas, lz do pensamesto Fewdiano A ideologia que examinamos € 05 110908 narcisistas da personalidade st0 apresentados pes frankfurtianos, a0 menos desde a década de 40, no trabalho realizado por Adomo ¢ ea. sobre a personalidade autoritiia e na Dalética do Esclarecimento, de Horkheimer © Adomo, Sen deixar de estar presente nos textos de Adorno das duas dlcadas segvintes,apareceram também nos esritos de Marcuse, quaado esse passa a se ulzar dos conesits reudianos para fazer a ertca cultura A énfase na razio instrumental, na tecnologia, no pensimeno e na linguagem coperacionis, ea tansfigeragto da técnica de meio para um fim em simesmo compBem a ideologia da raconalidade tecnoigica, O que cla auxia& ocular é a possibilidade da liminagio da nisria, possbdade essa relacionada eo avango da riqueza material € ‘éenico da humnidade. A sua imagem de neutradade dificuka a percepedo das relagdes e produgio caitalists que aprsionam as forgs produtvas (© narcisimo, em conformidade com a teoria pricanaltica, deve ser uma des possiveis tases psiquicas dessa ideologia, uma ver que retraa uma forma de relacionamento do individuo com a sociedade que tena evitar quilguer conflito que coloque 0 ego em quest, e, assim, dificult a percepgio do sofrimento existente. Como. 4 ideologia € & constituigio da pesonalidade sBo produtos da sociedade, a questio da sobrevivéncia, da adaptacao da espécie € do individuo esti presente. Neste sentido comparamos personagem Narciso tal como descrito por Ovideo, com 0 personagem Utisses da Odisséia de Homero, yara refletir a relagdo entre individuo e cultura, € concluimos que ha indicios para supor que o narcisismo & mis proximo desse timo. A asticia, a fieza, @ temttiva de for ‘0 eu em detrimento dos outros que marcam rises sto mais adequados para a sobrevivéncia na sociedade adminstrada, do que as caracterstias de Narciso que recusava a reciprocidade da lei do equivalente (0 objetivo da pesquisa empirca que desenvolveros foi o de verificar a relaglo entre caracersticas narcsistas de personlidade ea adesio & ideologia da racionaidade tecnologica Para isso foram constridas escalas de tipo Likert para avaliar a adesio ldeologia da racionalidade tecnoligica (Escala 1) e a5 caractristcas narcisistas da personaldade (Escala 2). Elas foram aplicadas 2 144 estudantes de primeiro ano de Enfermagem e de P ogia de uma Universidade de Sio Paulo. A precisio obtida pelo método das metades variou de 0,83 10,87 para a escala | de 0,78 a 0,89 para a escala 2, ‘8 precisto temporal da escala 1 foi de 0,90 a da escala 2 de 0,94, num intervalo de tés semanas ence as duasaplcapbes. {A validade foi testada através da anilise de itens e da corrlago entre as escalas deste estudo © a escala F, desemolvida por Adorno € col, no seu estudo sobre & personalidade autoritria. A anlise de tens mostrou que, para a escala 1, dos 46 itens, 40 podem ser considerados adequados, segundo os crteriosestbelecdos,¢, para a scala 40 sko saisfatdrios. As correlagdes entre a escala |e escala Fvariaram de 42 tens 0.64 80.66 « as correlagdes entre a eaala 2 ea escala F, de 0,56 a 0,88, sendo que todas «las foram consideradas sigificantes ao nivel de 0,01 As correlagdes entre os reuados obtdos na eplicagto da Escala a Ideologia de Racionaidade Teenol6gica © 0: rssultados da Escala das Caracteristcas. Narcisistas, também significantes ao nivel de 01, variaram de 0.452 0,85, nto, haver Esses resultados mostram, Ho signifcante entre a adesio ou lo a ideologia da racionadade tecnoligica e 88 caracersicas narisitas da personalidad, ou sea, quanto maior a adesio aqueleideologa, maior € o nimero de caractersicas narcsstas @ vice-vesa. A percepgdo do mundo de forma sistematica, técnica, vsando a efcincia e a pereigio de diversas esferas da realidade é, em ceria, medida, 0 contraponto do desvio da atengio por parte do indviduo do mundo para si mesmo, posstfitando a hipotese de que a visto tecnoligica a realdade auxila a evitar 3 percepgio do soffimento existent, tal como 0 desereveu Freud em Malestar na A técnica, @ suas caracteristcas, tomada como fim € nfo como prolongemcato das capacidades humanas, isto 6, como meio, permitiria se desconhecer que 0s objetos aos quas ela se apica nose idemifcam com ela. Mais do que isso, 0 apego a si mesmo e a quate auséncia de afetosdrigidos aos outros se coadunam com a catexizagdo da técnica, tal como Adorno alegou em Personalidade Autoritria a sespeito do tipo descrto por ele como Manipulador. Se esse autor dizi que a tendéncia era a de aque esse tipo fosse cada vez mis feqiente devido & racionalizagdo técnica das diversas csferas 6a vida, os dados obtidos nesta pesquisa confimam a sua previsto, Mais do que isso, como a escala F, que mensura tendéncias sadomasoquistas. de personalidad, correlacionou-se com a scala 1, podemos infeir que subjacente a0 uso da técrcaestto presentes pulses destrtives e Por fim, devemos resstar que devo: 1+ & Timitapo de nossa ames: ser composta de alunos wniverstirios das eas de ciéncias humanas e biligicas, 2- is comelagdes obtidas, apesar de_sigificantes, serem de magnitude medianas,€ 3- 8 nko {ermos uilizado téznicas que permitram aprofundaro sentido das respostas dos sets, novos estudos devem ser realzados para confirmar os resultados encontrados nesta pesquisa a profe Joutoras Tray Carone ¢ Yvete Piha scutiran questées teérics pesquisa e influiran partir de 199¢,pude contar com uma bolea de visa 3 CNPq, que me permitiu trabalhar com maior tranquilidade No mesmo tempo, os pareceres que os seus consultores mics fontinnam — sugest mortanles que Sumario Apresentagao. 1 Capitulo 1: 0 desencanto sedutor: a ideologia da racionalidade teenol6gica.1 Capitulo 2: Ulisses e Narciso: o abandono de si mesmo ¢ o abandon a si Capitulo 3: Sobre o conceito de nareisismo Capitulo 4: Novas medidas para um novo objeto? A construgio das scala. 9 Capitulo 5: A pesquisa empirica: relagdo entre adesio a ideologia da racionalidade tecnologica e caracteristicas narcisistas de personalidade,....224 Consideragoes Finats 261 Referéncias Bibliograficas, 269 2m Anexos. smu que ela apl a Ce 1 ne de P fenente p univer © ce, que poate ; Considers ab eee = . : 1 ad patéria, F stingio entre ela predom 7 = a esséria par 0 a su 2 poiar 0 Estado do ber-estar social, que tamb scionalidade tecnolégic a subja as ide (tctno de Estado do Rens sail em cts pales mo pes alee a infladaca da ‘elon eads na eerlogia politicas estudades por Adorno et al., © que no presente as substitui parelalmente. Néo & casual, assim, que na atual . discussto politica se apresente a tentativa de deslocar o conflite entre idearios de “esquerda” e de “direite”, para o do “progressistas” © “conservadores” A ideologia da racionalidade tecnolésica, porém, Jo que um conjunto de idéias, © valores, ¢ se o onfigura cone uma tendéncia a doe of fendmenos expecificidades; 0 predominio & @ légica do sujeite endo a do objeto, © que significa que a realidide nao @ entendida em seus proprios termos, mas nos do sujeito. Na sua pretensa neutralidade néo se dé conta da natureze nao conquistada que 4 acompanha: a necessidade da dominacao contudo, a racionalidade tecnolégica nao ¢ s6 ideologia, contém a base do progresso atrelado & emancipacao. A crit: conplenento, pois se nela se rondntica a ela lhe serve apresenta a compulsio a classificar e analisar todos os mesmo método, valorizando o universal en detrimento do particular, 2 ideologis contrério, critica o wniversal ¢, assim, © Proprio pensanento. Enquanto uma anula a experiencia, algo proprio oe da “premonicao" dos preconceituosos, a outra anula a Feflexio, que 6 a acto necesséria para que o individuo posse Se diferenciar; se a ideologia romantice tem un impeto Ubertador, encaninha-se no sentido cortrério. Se a ideologia bésica se modificou, a configuragao de personalidade que Ihe dé sustentagao individual também deve ter se alterado, @ @ hipétese deste trabalto que se calca en caracteristicas narcisistas, mais fortenente do que no passado. Esse tipo de personalidade corresponde & tendéncia regressive 4 qual alguns individuos se enceminhan para poder defendido pelo Liberalismo, o narcisista deixa de ser dono de seu destino, embora a sua consciéncia ihe pareca o ntrério. Caracteriza-se pelo abandono de investimento Libidinal sobre os objetos, voltando-o pare o proprio eu. Os outros individues e ele proprio tenden a se tornar coisas entre as outras coisas, que deve servir ao seu desejo de se afastar de qualquer tipo de sofrimento real ou psiquico. A sua frieza, contudo, nao deixa de ser uma forma de resistencia ao sofrimento existente. Como, segundo Adorno (1986), em cada época, a sociedade prodiz os homens que necessita, 0 afastanento da realidade, proporcionado pelo no, parece conbinar bem com uma iceologia que torna as contradicdes da realidade em contradicées do pensanento, Pressupondo poder dominar, com a técnica, © que foge a Logica humana. A necessidade de dominagio social sobre os individuos corresponde a necessidade Je dominacdo do individvo sobre si mesmo e sobre os outros. 0 que pare @stsr en questic ¢ a autoconservacio do individuo e da S0ekedade, que ser discutida ao longo deste trabalho. No primeize capitulo, feremos alguss epontane! as formas que a ideologia contenporéneo, dando énfase _espec: racionalidade tecnolégica. No capitulo —_seguinte, hipbtese de que narcisisno, a que a Psicandlise se refere, tem uma proximidade maior do personagen Ulisses da Odisséia do que de Narciso: discutirenos, também, nessa parte, a ideologia presente em ambos os relatos, para associé-los co 3 exigéncias atuais de nossa cultura sobre 0 individuo. No terceiro capitulo, discutirenos © conceito de narcisisno presente en alguns textos de Freud e algunas contribuigdes dadas ao tema por outros autores, tais como Adorno, Green, Lasch e Costa, A exposigdo da pesquisa ompirica deste trabalho, que m como hipétese que hé relacso entre @ ideclogia da racionalidade tecnolégica © caracteristicas narcisistas da personalidade, seré feita nos capitules quatro e cinco. A cio das escalas de Ideologia da racicnalidade tecnolégica e de Caracteristicas narcisistas de personalidade ¢ of resultados das primeiras aplicacées serdo apresentados no quarto capitulo. No capitulo cinco, 0s resultados de novas aplicactes das escalas sero analisados fe discutidos tendo em vista dois objetivos: verificar os indices psicométricos das escalas © testar a hipotese experimental. Capitulo 1:0 dese anto sedutor: a ideologia da racionalidade teenolig (© conceited ideologin da racionalidade teenologice referese a0 mundo desencantado, analisaco por Horkheimer e Adorno (1986), € sociedade industrial, descrita por Marcuse (1982). Como esse conccito nto pode ser compreendido sem a andlise da sociedade que 6 configura, deve se sempre er presente a estrutra social qu The di origer se ocuta sob la Como, segundo aquels autores, a sociedade seater do séeuto passa par ete 4 eolouia também se modificos. Conforme veremos, a ideologia nfo tende mais a defender a liberdade e flicidade individuis em uma socedade juste, mas jutiga, @ felicidade © liberiade permitidas na. sociedade atual. No passado, cobria as contadigbes soca, no present tentaausi-las ao sistema existente, Antes se compuna de um iedrio que giardava alguma racionalidade, produto da raconalidede do mundo existent, ej etica pia ser feta tendo como base a do posiilidade de su realizagto ‘em um mundo contraitério, A atual perdeu a sua racionalidade por nfo vstr mais ao que serin possivel e porque a sociedade da qual & produto, em que pese a sun aparente racionaidade, ¢iracional. E iso porque as presentes condigbes sociais, no que se refere & necessidade do trabalho alienado, slo anacrbnices, tomando reprodutvas as forgas que etitriam modifica, conforme veremos mais frente. ‘A ideologa contemporinea, contudo, no se contapbe totalmente & anterior, & também o seu proseguimento. Os idesis de liberdade, justia, propiedade € indvidvo comtinoam a ser defexdidos, «tl como outror ocultam o que impede a sua realizaglo, Mas te no passado a escussez da produglo servia como a sua lgitimasio frente & exploragfo Como o canes dy “icologia da rcorlade tcnoliic” fol deszmolvido por mis mm ot tnbaloe (Crock, Coc, 1998) ew ser dco ra pane enpica dese tl, oft antlsta, » sual pede a legitimidade. Em otras palwas as eles de produto permitam, no pasado, wm desnvtviento das frgs produvs qe, 20 ims, a smodificarin, como esse desenvolvimento ocoreu € as relagbes de produto nto se aeraram, essa tia ‘lo tém mais jusificaivas objetivas para permaneerem como com as wansformagBes soci, as relagBes entre a cultura © 0 individuo no peimanecram as mesmas. Se antes 0 inivduo podia aderir &ienlogin pela se acionaidae, aalmente a adesio deve eavolver mecanismos psicologicos qe imperam de perceer osu acionalidade, 08 eno que permitam a sun convvénia com ea, uma ver que pasa a defender iis conti & atoconservasio indivi A utoconservag da espéciee dos inividvos€0 objetivo de nossa cur, que le tenta se dado pels dominagdo de parela de homens sobre outros no deve ser atribuide, em rnp, & natureza humana, masa uma possitldadehistrca que stomou rsh 6 essa fos, a ideologia, que sempre servi de jstiicatve para dominacHo,relecionese ‘dautoconservagio. Assim, para entender aideologia &necessro pensar a constelagho ene natura, sociedade individu A ogo de individu deve entrar nessa constelage, posi que deve ser através de seu objo que a disingdo da scidade frente &naturera pode ser manta, Argumentando contra 1 idéia da existéncia do individuo independente e anterior & sociedade, nos diz Adosme (1998) “pou wesc breve capital, no qa sb edo apres guns portamento © esenvolvimento do individu & mare do avang soil Ese pode sr aero palo quanto aque consepue se diferenciar pl ino da cultura, Ove o indie . most qu oprogress scl lev regress individ Enrecutes quests, pode sui, inicikmente ade ters idol os nssos, dias ~ que Senominamos deideolgia da raconaldae tenotgca ~ berecinse da : fuscia. Se uo pode ser edie outa, nose poe dinar de pensar que iime& o eager dapincra. Assim é ue Herkimer e Adorno (1986) eceveram em 1944 Eyres oem ums aoe de mie, nds ere mere, mas * spl cancer desgracrelni indent "(Q.1) Nese longo trecho, compreende-se que o mercado ~ 8 auséacia de um sieito social foi substiuide por grupos que impaem os seus ineresses aos demtis. Quanto a iss devemos lembrar que: I+ Mans insisiv na distingdo entre capital e trabalho, de um lado, € copitalisa e wabathador, de our"; 2- Horkeimer © Adomo,nesse mesmo Five, indicam ‘ue 8 (iyacionalidade social ange & todos’. Assim aqueles grupos nto slo. menos rmediados pela totaidade socal do que os que sfo dominados,o que parece ocorrer& que as tases objetvas do capital diva de conti ~ real ou potencilmente - com o progresso todos, servindo mais aos ineressesreificados de slguns do que aos da maori, Como a lestimidade do capital se perdeu, ele deve ser imposto diretamente. isso € feito convertendo a necesidade da prod material em metaisica, ou sea, em ideologa, Essa produgdo que perde a sus necessiade objetiva & hase do fascismo moderno, Em ouras palaveas, como a superprodugo de bens j é postive, mas ndo deve se contapor ao poder constuido pelo capital, que, por suas prprias leis, modificou-se, no se deve mais deixar para o mercado & resolsdo da distribuigio dos ens produidos, Essa deisfo, que envolve ‘© que produsir, como produrir, para quem produzit, deve passar para camrihas representantes do capital; 0 movimento que trazia algo de universal, mas que também tenia» interesses particulars, tende cada vez mais @ perder aquela usiverslidade convertendo-seem ideoloya. Ja no fascismo, portato, Horkheimer © Adorno epontam para & ideologia ds tacionaidade tenoligia, ou sea, «conversio de todas as eseras david &racionaidade a produgS0, ou sea, & tecnologia. Em outro techo talvez isso fique mais evident ‘spars ds Maa (1988) No sn eolrdo que dels firs do capitis do propo de ter Mngt psa trea aim QU eptam cae esOPEMIC, em WE SSnbolam rns de ease e incre de ase. Mina concepo do descmakimento da fermaso ‘ond soctl eon om potas hsrc-tral ecu mas do gue qulgy ou, esposabiie {eimai por toc, ds gua ele commas send solamente, tra, pr ms be sujamens $elee sea dean (ps) ‘0 Sbearo ets, em que o pode ste sabre shames ese sa mesma reise a ss! s0 poder x mre denanci om esi roa sociedad raion Su oecessiade lo € Como a tecnologia converteu-se mum fim em si mesmo, deixando de lado 05 stresses dos individuos, esses, caentes de reflexdo,voltam-se contra aqueles que no se submetem a mesma adaptagdo que eles. Além disso, como ua das caractristica da visbo tecnotoglea € x mitulizagbo de tudo que exist, nto é dificil atrbuir ax mazelas sociais iqueles que s¥o considerados deformados por naureza € que usorpam, jusoriamente, © lugar daqueles que, por natureza, deveriam ocupar o poder, Mesmo esse conteido, no cntano,€ segundo esses autores entra manifesta Was, 0 chet progress tende pra algo plor do gue se canted, © ani docket fia 0 aio, gu le 86 pode er mont dep camo um swcedinco do melhor races os eorgos desperados ds loro. 0 qu ele conti, ‘atmite nenhuna verdade com « qual pose ser confomads, 0 verde aparece rezatvomente, mas de mania tang em tods eons dos contradges dese ks dese verdad destinids do poder dla pode ser separa pela peda Como o escarecimento perdeu 0 elemento de auto-reflexto 20 se reduzt a reaidade existene, 0s individuos também no podem mais rfltir sobre 0 que 0s faz safer, Como rio podem perceber na sociedade a origem dos seus sofiimentos,esforgamse pare busca toque bern do pes que acaba p ever sun utreza compulsa ss © ro coidiano alvos para a sua hostilidade, resultante do soffimento. Assim a ftieza da técnica € a angistia persecutéria se unem. Como a subjetvidade € expulsa do conhesimento objetivo, ela tenta preencher as lacunas dixadas por aquele cosheciment, ras ese complemento se faz tendo em vista © que foi deixado de fora que, por isso mesmo, se sente ameagado, Subjetividade e objetividade sio separadas, contudo a razio individual . subjetive opera na objetvidade e a objetividedeinactonal medeiaa constitu (© conhecimento se da, de acordo com Horkheimer ¢ Adomo (1986) pela agio ° conjunta da projegdo e do controle da projegS0. A projesdo permite & apreensio individual do mundo, 0 controle da projegdo permite a dstngdo entre o eu €0 mondo Wa sociedad humane, porim, na qual tnt @ vida inlectual guano a vide env se Aferencian cm a formas do indi, ndvidus precisa & um comtae crescent da projec ele fom que eprender ao mesmo fenpo a aprimarse nba 2 Aprndendo @ diingur, comple por motvot sconimics, entre prnsaments seminentos priprio alii sure tinge doenteror¢ do interior, «possibile de imanciomentoeMenficog, a conscience dese consica moral." (9 175) Jia fala proj, nas suas duas formas ~ paraneiae postivismo -, rompe aquela acto conjunta. A parandia porque no tem controle sobre & projesto, tornando 0 mundo presa de seus desejos; 0 positivismo porque anula@ projeto, limitando-se a reproduzir 0 . que existe corsa quem congue ez" orkciner © Adomo, 1986, p49) ered am simples ponte: ele, idalsicoment, projet o mundo a pori da rigem nomi! si meamo, eget uma ostinad repetiee Nos ds cass ee sacri» miro“ @399) Como 0 conhecimento no se dstngue ds interesses humanos, o sacrfcio desses kimos nio os liming e fax com que se apossem do que fo estabelcido sob a forma do saber. A raconalidade extemads, dissociads do sete, oclta dseos perversos. Eo que os mosram 05 autores da Dialética do Esclarecinento, 20 analistrem a personagen Juliette de Sade Essa, e seus amigos, uilizam a viol cia para realizar o prazer contido 0 cexercicio do controle da racionalidade, A racionalidadee 0 eonhecimento mais puros no se Aissociam do prazer da dominagio, time parcela da natureza que nfo foi dominadat, E fo foi conquisada porque o sacrificio, que a justifica, ainda & revindicado, mesmo que no seja mais necessirio na medida em que &exigido essa firms, pode-se pensar que nfo hé distngBo, ano ser talvez de grav, entre @ ideologa fscisa ¢aideologiaatual. De outro lado, a ideologa quase sempre apresentou 0 seu cardter de mentira manifesta, s5 deixou de evidencié-lo quando a sociedade tornov-se ‘complexa, conforme veremos mais adiate ‘Segundy Horkhcimer e Adorno (1986), a ideologia ja se apresentava nos mitos da antiguidade 5 eee reset dem Herma Ado (1986) "Hoe, quo a op bcoi de pear plc sete nrc eliza moa css ei, arouse mania a nc dx cao ace trib rovreanodminataEra pri dna. Esa dsc aoe pd ara proce © ‘Ser em que Bacon vated ot homens Ms em face ess possi, ocslreciment se ‘omen, a sero do press maa misicayaodas masas"(p 52) sea do saci, qe neg toamente ma rcinalidae,& a hie eselrecida Hear de goe oq hye serie poder er sid outro verdad ing de reprises das mas aie, qu 6 ester tanto mal conbecdos quanto mais 0 deemolimene da sociedad de clases dese a oias anverionsent soncionadas A iacioaldade 80 mvcada do scifi sabres da pripri ees racial, ve costa uma imverdade, io, j8era pots." so) 0s autores eto snalisando a Odiséia de Homero para pensar 0 coneio de acrifcio uttizad no fascism. Como reprise das ieologias mais atgase em a presenga da racionsidade que 0 legtime, o sacificio presente na ideologia fascia & mentra manifesta, prossegundo # anterior Como jusieativa de dominagio, como verdade parila ue se petende univers, ausiia a ante a dominago de poucos sobre mts Ao buscar a origem do capitalism e do pensamenio burgués na antguidade, oF autores proper que esses sejam analisados lz da necessidade de autoconservegfo, Em cutras palaveas: a dominagdo sobre a natureza externa ao homem, para que esse se constituisse se mantivesse, & correla da dominaso dos homens sore si mesmos ¢ sobre ‘os outros homens. A dvisio do trabalho ea propridade sto expressbes dessa dominacto, Quanto primeira slegam: was primeira foes do nomodono, ox membros da tibo fm end uma prt etnoma nas oes destined neni cur a ntureza. Os homens resi & op. mathres idan drab gue pode sr ft sem wm comand rigid, Qvanta violtcio fol mcesiria ates que as pesoas se acosumasem a ama crea 1 simples come esa impasse determin "(@38) 'A divisho das tarefas ainda no separaram rigidamente comando © trabalho como fixa: “Com o fim do nomadismo, a ordem socal foi scontecerd. través da. propridad nsvaurada sobre a base da propriedade fra. Dominagoe trabalho separan-se"(p28).& unidade dos deuses no deus ico, 0 estibelecimento do coneeito unio, tém como contraparia a unidade do comando © a Sxasio dos tabathadore & tra, Assim esses ipcimento se eleva, mas se find, na autores dizem que a dominagdo da logien do cor dominagto real A dominagio presente no eslarecimento, contudo, guarda as sementes da liberdede “Os marumentos da dominate destnadr a aleancar a todos 0 iewngem. amas ¢ porn 2x mdgunas~devem se deiaralcagar ports. E assim qe o pect du racinaidade se pe na daminacomo wm ast que & também ds dla. A bette do meio, o ra wnversnet pone. se ‘jth para todos “ib mpca a rice da dina ds qulo pensomento srg, como um de seus mein os) |A dominagdo da natureza se & necessiria para 0 afustamento do homem daquels para que pudesse se constr, nfo se justfca como inerente & natureza humana. F justamente essa dominagio que os autores entendem que deveria se superada © no continuamente justfcads através de sua naturalizaglo. A percepgio de que a bistrie seit permeada pea vilénca, nko permite hipostaiéla. 'A Wosice da ideologia da dominagto, que se esconde através da edministarto racional,e que se justfcava pela escassez, perdeu o seu fundamento objetivo e, assim, nto E inevtivel. Se sdo as condigGes concretas do trabalho que produzem a impoténcia dos oe rabalnadores, por petdersm a sun jstficativa raconal — a escassex ~ 5 contin a vigorar para perpetuar 0 poder existente ‘essa forma, © mundo desencantado, analisedo por Horkheimer e Adorno (1986), traz como prisione do encanto necessidade de dominagio. Esse necesidede & produto do escareciment, proceso destinado a nos livar das trevas e do medo, que, ma sua ituminagfo excessive, ocala a dor do scifi continso, Como algo foi perdido no tempo Imai remoto ~ quando 2 propia nogdo de tempo no poteria ter sido formuleda -, © {echamento do univers através das categorias do pensamento, que uniformizam dento de tm sistema a multipicdade da vida, busa incessantemente liquidar 0 que nko se compbe com agueas ctegorias a histri, a atureza, #subjeividade que no se submete € nem pretend ser senor: ‘Am consciéncia dessa renncia busca em umn futuro aprisionado o que absndonou ro passado, © que esté na base desta procura & a nostalgia da flicidade sem ameagas Marcada pela separagoente 0 mundo da matéria © o do esprit, a feiidade con raz como limite @ mal menor: a cultura nfo consegue cultivar o que & sem limites, 0 que é imprevsivel, mas assim toma-se to repetitive quanto 2 naturera que quer dominar © substitu. 1A divisdo entre 0 trabalho manual ¢ 0 trabalho intelectual ¢ 0 que permite © surgimento da prxis ques tem sentido quando voltada para a ibertagHo do trabalho alheio ao homem, que 0 despossui de sua humanidade. Mas aqula diviso também & a nese da ideologin que «perpetu. A ideologa presente entre o senor que administra o trabalho eo trabathador, que po se pr enre 0 sexhor €0 produto no o permite usutuo, impede a felcdade de ambos A insignia dea relagho se apresenta, segundo Horkheimer © ‘Adomo (1986), na Oda de Homer, as duns possibilidades que Ulises — 0 senhor~ esenvolve para quebrar 0 contratoprevisto para aqueles que ousassem passr pelassercas tapar os ouvidos ds remadores, para que eses segue sibem da existncia do prarer do canto das seis, e prender si proprio no mastro da embareagio, windo 0 apeo das sereias mas nose entregando a ee, A. automutilgdo de Ulisses marca condenaio do indvidvo burgués a nfo poder realizar as promessas de felicidade contidas no passado, O mito deste o esquema de patgio do tempo linear que separa passado, presente e futuro Utissespora se manter vivo deve romper consigo mesmo, cinr-se, megan « fiicidade temporal, na qual o roencontro€ sempre possivel Para Uisses se diferenciar de natureza e dominéle, deve dominar a propria raturea, os proprios destjs. A sus asticia, base da razio moderna, separa a cosa do rome, tomando-se senor da cosa nese mesmo ato A palavra, por pertencer ao sito € esignar cis, garante a liberdade do primero, mas oaprisiona aca. Se alguém pode se enominasninguém, ninguém pode ser alguém. Doravante 0 que 0 sujito & depende da rnomeaglo que pretende sobreviver cosa nomeada ‘A ccutagto desi mesmo, a pair de um nome que pode ver atribuido a qualquer tum, & 8 aparéncia que define a esséncia do individuo burgués: ele & 0 que aperece, mas © aque dena de ser com isso ~ natureza desejante— permanece no passado miico, ¢ continua 8 cexisir€ a se manifestar de forma encobers, Com 0 endurecimento ds asticia ma rardo subjetiva, aquela passa a se manifesta no inconsciente, conforme Freud pe verifia. CCaminhando entre a autoconservagto € a autodestnigdo, 0 individvo se embriagn de st aparécia © desespero grado no primitvo frente as forgas de Mana se mantém naquele ave as domina Em Horkheimer ¢ Adorno (1986) ¢ em Freud(1986), 0 progresso da cultura tae & marca da iusto da vitéria sobre 0 passtdo, pois nlo se direciona para a feicidade dos omens, mas para a sua ruina Constante, na medida em que cada ver mais nega a ces quel flicidade. Por tris da dominagio continua, a promessa de felicidade continua a se alimentar dos despojos. 0 mito do progreso infinito taz consigo 0 encantamento do & repetgdo € relizada com o inlento de mostrar que a sua fa de inten & aparente © contrao & seguido para ser rompido assim que Ulises mosta-se agradesio por poder ser devorado pelo mais forte-Polifemo, 0 cclope-, seguindo a lei da natureza representida pelos deuses ctnivos; a sua rtrbuiglo da hospitalidade guarda alguns sentidos. E, em primeir lugar, 0 sarificio que tentasesibilizar o adversrio, que no sabe ser adversrio, que € a polidez © a isonja com que «classe desposuida & no dscuso ofa, tatada stalmente. Hi subsungio do reconhecimento do destino e também a “fala gratidto™ de aque ele se cumpr, Em segundo lugar, a retibuigSo da hosptalidade também se coloca com outta hospitalidade: a daquele queer, que vig, no fem ponto fio nem nome; € 0 cidadio sem cidade, o natural sem natureza Ulises, 90 negar 0 seu nome e a su pit, nega qualquer vinculo e toma-se 0 espelho do ciclope, pois esse mio apresenta uma lordenagdo de seu pensemento, embora pertenga @ uma ordem fixa, enquanto o navegante condenado a erarapresenta-se coma ordem do senhor da nature; fen ss no tem nome e tampouco lugar. A hosptalidade de Uiisses a do comercante, A hosptalidade visa a fins futuros com base em obrigagdes passadas; € parte da tradigho € oontém a intengi, com a qual presenta para aber favores confessos ou no. A boa intense daguele que hospeda é a aparnte fla de inten, Assim, a racionaliade da troca jt se estabelece nos costumes de coresia. [A confirmasio do desejo do mis forte & também a confirmacao da asticia do mais fraco; & 0 desafio a base da astcia:"O recurso do ew para sar vencedor das aventura perder-e para se conserva, éa astici.” (0 eu se constitu nese dsafo que coca & uz contra as sombras. ciclope que to tem visio de profandidade, ov sj, espacial, devese tomar cego para que a visto de Utisses venga: 0 lhar Jo predador& paraisante. A cegucta do ciclope & enuncads pela cequcre do io. Se, ates, hava um preninci de razio em Polifeme que escotheu comer Ulisse por hkimo, pois esse era Cringuém’, ess razto se perde na dor € na cegueira ‘quando ele pide “ver” a tragdo - 2 quebra do contrato ~ , embora no 0 suicente para poder sair do ardil de Ulisses. ‘Ninguém’ passa a ser ‘alguém’, mas confundido com 0 bio, que 0 io nfo permite encergar. A no dstingto entre palavrae coisa, adciona-e 1 primitivo celope 0 desconhecimento do expago ¢,portento, da disténcia entre os sees ‘Mas alguma diferenciasdo jf esté presente nele quando a sua fia pode ser evitada pela ‘idem fxa © pelo cumprimento do stusl; quando esse & quebrado, as paixdes sto ressuscitades: Quando ele se enfurece,perde o controle que tnha sobre 0 ritual eno pole cexeré-lo sobre Ulistes. Esse para se salvar teve de revonhecer @ pouca racionalidade preiente no ciclpe e eliminéla, De forma contriria aos atigos costumes antropofigices, que eram justticados com a apropriagdo das quslidades daqules que eram devoradc, iiss nessa vitriaintrojeta a negagdo das qualdades do derotado, Para 0 ciclope, & suséncia da visfo gera maior no diferenciagdo, para 0 homem a sabedori a 2780 vai len dos oos. E 6 assim que Tirésias pide prver o fim de Narcis, caso esse viese a6 cothecer, ou melhor 86 ver {A visio e a palavra permitem 0 espago da mediagio, do individuo, mas os orécals, 0s avinhos, sto egos e podem prever o futur, assim ver além do que aqueles que tem elton Aviso nfo sb permite vero objet, mas ofusce aque que ve, impeindo-o de ver rms além. E na auséncia da visio que a sabedoria pode ser alangads sobretudo a revisto do futuro que remete 20 destino, © esclaresimento a fuga da ceguera; vé 8 universatiade do destino humano [Assim como 0 melancélico busca um objeto, que aponta para a aerdade - um outro ca, a chiliaglo, a pitia,sfo 08 objetos de nostalgia de Ulisse, 0 que indica, que na restalga no se busea um objeto orgindrio, mas um que fora esabelecio como subsite 4 outro, A civizagho como substitu da natureza €a sua negago, mas guarda 88 marcas o que foi negado: en eco fd prorisdde dca com 0 vide edt, ve cri 0 lena dt homens, de nde nace a masta send deste ogni per, ‘também na via sede, em compensa ne propria fa apenas ges forme conceit de pri, objeto deta nostalgia ¢seudode Habeas © Ado, 1986, Ulisses € 0 representante da civilizagho. NHo é entio 2 constugio do eu que esté em questo, conforme foi mencionado, masa su reafrmagto, 0 se reconhecimento: 0 objeto perdido marca a cisfo, que por sua vez nega ano diferenciagSo, (0 tempo na Osissta &colocado em suspenso, ¢ quando Ulises volta a itaca demora a reconhecéla, © que ¢ wma demonstragio do nfo reconhecimento de sia propria mudanga Mas essa mudanga ¢ aparente. A hata de Ulises & contra alles, cle se altra para se conservare para a conservagfo de suas poses. A construgo do mito de Penélope € 0 seu ‘emblem, equilo que € feito dz do di, & dsfeit & noite. A Odistia 6a nite em que se preserva aqulo ue se constr: a identidade,¢ hua contra regresso, nfo é 8 constr oginsi, Se a civilizagho $6 péde ocorer com a vida sedentri, Uisses ena a0 sabor da vingangs do deus do mar. Os lugares para os quis €arremessaco sto destrogos da tera (has), Em cada um reencontra um pedago daguilo que foi segado: nos lotfegos, ‘embriaguez na qual se toma indstnto do mundo, ou melhor da naureza; nfo & a morte que esta presente, mas uma vide de dcio, & qual © anseio pela manstego do eu nfo pode Accitar- nose deve descansar até que a natreza sje totalmente conguistada. As flores de lotus no fazem mal, s6acarretam o esquecimentoe a perda da vontade trazendo consigo & susncia da conscincia da infelicidade; € por isso que os autores shudem & queixa do herd : ” sobre a falsa reconciliago que elas apresentam, pois é necessiro o trabalho para que & verdadeiea reconcilingdo se dé ve io & no verdade @ mera aparénca do fle, um ead apsticn © vegeatv. pobre comoa vida dos nina no melhor ox anor aensénci do consléncia : 4h needa Mas fliidadeencerra verdad Ela esencioinnte rest ee escmote na speedo sfiments, "Moric € Adon, 9.67 No episédio do ciclope, apresenta-se 0 estigio dos pastores, no qual o cileulo do cexcedente da produsio sinds no esté presente para pemmitir a toca, mas somente © . secrificio, através do qual € possivel uma vide egrada por um contrato j8 sem sentido [esse contratoprimitivo, a palavrae a cise no sBo dissociadas, o que permite a Ulises rompé-lo a0 seguir as suas reras, quando se nomeia de ninguém. . © ritual pertence ao cclope, mas a linhagem e a vinude de Ulises nfo podem ser esquecidas, ea palavra que o permits lvrase daguee o coloca em sco: ele necesita dizer quem vencea, no para associar a vitbris vinganga dos homens devorados, mas para cexpressar 0 vitorioso, A dominagio sind no é fia eraconal, pos seo destio fiz parte da asticia,éo combate que est em questo, a virude se prende ao perso. Mas 20 assocar a palara a si recai no primitivismo do mite que venceu: “A asticla, que para 0 ineligemte consste em assumir a aparéncia da stupider, converte-se em estupidez 100 ae “pronto ele renuncie a essa aparéncia. Fis aia dialética da eloguéncia” (p71), A aparéncia que € @ posibilidade de libertaglo do homem de si mesmo, da mesma forma que a palavre que se ibets da coisa e permite 0 seu dominio, deve ser negada para & afirmacio de um eu sinda frigil, incapaz de se entregar completamente, quer tos seus é desejos, quer is suas fanhas, o poder do nome é retrado de coisa para posse exclusive do senor: Ulises se fora inguém, para qu ainguém mals poss ser Ulises Jka feticeira Circe, que pede pelo prazer sensual animalizado, emiboejé domesticado, representa 0 amor, mas, como protiipa da heir, cobra um pro: a disolugdo oe, Da resma forma ques Jtbfanos, a felicidad que peimite & a da aparene reconiiagto Como o prottpo da hear, ela divide com Penélope a figura da muther moderna, que cinde 0 homem enteo seu prazer sensual eo prazerinibido em sv fnaliade, Na recust da entrega completa a Ulsses, ela Ihe nega oprazer, que 6 pode ser comprado, transform se também em objeto de dominagdo, Penélope, por sua vez, que & a guard de suas propriedades,ou melhor, faz parte dela, guard 8 fieza do conrato social, NBo somente a sua beleza que € dessjada pelos prtendenes, mas o poder e a continudade da linhagem |A propriedade fax a medingo da rlagBo com as mulheres nos dos casos: A prosita ¢oesposa so eementos complemented ouoaina 8 da maior no mundo praca a esse dia transparecerprser com aerdem fa da vide da prpvcdade, ena a prstint oma o ios drei de pose do epose dei lve como si sereta alla de ovo 0 mbmet ds velapes depose, vendendo 0 pra (Prkbime © Ado, 1985:78) De forma similar a Freud, of autores no deixam de se guiar pelo fito de que & ivilizagao se funda sobre a repressfo dos instntos, mas & para a pulso original que ees pontam: amor como um fim em si mesmo e no a servigo da autoconservasio, ou sia 4a reprodugio, A figura da mulher, no entanto, associada com a ffaglidade © com a tentagto, encama e naturezs a ser negada, e, £0 negar a si mes 1 possbilidade de reconciliago, auxilia Ulisses a configuar 0 seu eu. © pocer de Circe, ligado a magia, de ‘ransformar aqueles que tenta em animais selvagens mas domesticados contém os ‘lementos bisicos da dominagio, mas da natureza, que aponta também para a dominasto do homem civlizado, A fngilidade qu ostentaexconde o seu poder, 0 insino para se realizar cobra o prego da animalizago, ca representa a dominagBo contsria a de Ulises. Esse reprme a naureza para se tornar homem, aquela ‘livre’ natureza para desir & natureza humana. A sua sedusdo envolve também a astica, presente tanto na aparéncia, como no logro envolvido, [As sereias anvlam 0 tempo em tract do prazer.Paga-se com a vids a enrega 20 pasado, Elas remetem & propria regres «© camo report &natureza ingivisa, A beleza fisica © de sua vor prometem o prazer indivso, através da mais extrema brutalidade, © canto enuncia a supremacia da natueza,& qual, s Ulises nfo se submete, nfo consegue resi tentago de ouvir Uiises aprende que tem de andar em linha feta para evitar os perigos do ma, representados pelo pnmitivismo de Poseidon ¢ pela mostuosidade de Cita. A naureza € aniquiladora. E Ulsss s sacrifice para que nenhum sacrifcio mais seja necessério! ‘No emtant, ele & 0 meme tempo wma vin gue se sscrifca pla able do secre, Sea renincia senor & enguanto Ia com 0 mito, representative de una sociedad que nd precisa mals de remind ana: gues toon sera de ao poe fer venient, me para arecontiag."(B61) Todos os dessfios, contudo, representam um passado que ameaga e um contrato antigo aque no deve ter mais validade para Ulisses, que demonstra que sua base no deve mais ser a forga bruta, mas @ propriedade. © que movimenta Ulisses, como foi dito antes, é« nostalgia d objeto perdi: «pita, mas como eta 6 objeto substitu, a nostalgia deve

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