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INTERAGOES Stela Barbieri Interacoes: onde esta a arte na infancia? Josca Ailine Baroukh COORDENADORA Maria Cristina Carapeto Lavrador Alves ORGANIZADORA Ineragoes:onde esa a arte na npancia? (© 2012 Stela Barer Laora tdgard slucher Ltda Frepato de testo Fernanda Gehrke Fotografia: Feinando Fido Producdo do Atlé: Fernanda Beraiét Dantele do nascmento sina, JtaneiFranga inhume Nin Barer ueato Marne Papp shiva do Nascimento Blucher Rua Pedroso Alvarenga, 1245, 48 andar (08531-012 - Sio Paulo SP Brasil Tel. 95.11) 3078-5366 eaitoradblechercom.bt ‘evrscbluchercormr Sequnco Novo Acordo Onoeraica, conform 5. ‘do Nocabulrie Ortagrafic a Lingua Portuguesa, ‘Academia Biase de Letras, marco de 2003 Eproibida areproducte teal ou parcial por quas ‘er mois, com zutoreagio esehta da to", Todos os direitos reservados pea amtora toga slur Lt. Ficha catalografica Barbier, tea Inieracbes: onde estéaarte na intancia? / Stela Barbier Josca Aline Baroukh, Coordenadora; Maria Custina Carapeto Lveauor alves, organizadora, sao Paulo Bluctes 2012. ~(Colecao imeragaes) Siticgrata ISBN G78.85.212-0678.1 1. Ane Estudo# ensino 2. Eauencio de craneas 3. Pratea de ensino 4. rofessores Formacho profssionel.L Bareuikh,josea Aine. H.-Alves, Mana Cristina Carapeto Lavrador, 2.05406 co0s7221 Indices para catitogo sistemitico Tare ¢ educacdo infant a7221 Educacao Infantil e Arte Contemporanea Michaol J. Parsons (1999) Assim como os artistas contemporaneos, elas nao esto preocupadas com as fronteiras entre as linguagens. O ensino deve estar conectado ao seu lempo. Se pensarmos na produgao de arte contemporinea, os mais variados aspec tos da vida ressoam nas posticas dos artistas: aspectos socio logicos, clentificos, antropologicos, cotidianos ~ Tudayeassante” A arte contemporanea tem muito a nos ensinar sobre como. lidar com a contemporancidade, para pereeber caminhos de didlogo e, ap mesmo tempo, caminhos para o devaneio, que nos levem a outras possibilidades de agdes, outros modes de olhar para as questdes contempordneas ¢ poder soluciond-las de ma- neiras inusitadas. Ws Quando acordam de roy as criangas ja sao Lomadas. _- variados interesses: querem subir em tudo, abrir caixinhas, brin- car, montar, ver tatu-bola no chao, formiga andando, passarinho voando, 0 aviao que passa. 26. Intorncies nde esté acarte ne inftrcia? ‘A professora Rosely, apresentada na Intradug3o, tr liosa colaboragio sobre arte © crianca: uma va- As palayras de Maria Amélia Pinho Pereira (2009), conhectda camo Péo, pedagoga e pesquisadora da cultura infantil, dialogam, com a eolocacaa da professora: Confesso que @ primeira vez em que ouvi soar a palavra arte, cra ainda crianga ¢ escutei minha mae chamando meus irmaos, que estavam no quintal, construindo uma ci dade com pedias, barro, gravetos, areia e dgua. Era 0 hord- rio do almoco e eles nao apareciam. Ela 08 chamava insis- tentemente ¢ eles ndo a escutavam, tal era a concentragao € entrega ao que estavam fazendo. A demora foi se alon- gando tanto, que minha mae se dirigiy até onde estavam, falando em tor meio brave pelo caminho: “Estes meninos esto a fazer alguma arte”, De fato estavam! Retiré-los da- quele espaco magico nao foi facil. Vi esse cena se repetir muitas vezes. Assim, 0 som da palavra arte ficou para mim gravado como uma brincadeira de menino que extrapola 05 tempos e espacos do mundo adulto, O que esta acontecendo agora, nesi¢ zorento, é 0 que inte- ressa para as criaras € para os artistas contemporaneos. Muitos artistas circulam entre os campos da arte e nao estabelecent fron teiras entre pintura, desenho, instalagdo, performance e video. Na vida, hi permeabilidade ¢ simultaneidade nos acontecimen- tos — muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e interferin- iaucegao Injanit ¢ Arte Contemporinea do unas nas outras. As criangas também sao assim, cantam en- quanto desenham, entao levantam ¢ dangam ~ tém uma atengio ampliada e podem perceber varias situagdes 20 mesmo termpo. (parajacontecersfS preciso reconhecer que as criangas pensam de uma maneira peculiar que precisa ser considerada nas condigdes que oferecemos a elas na educaciio infantil As criangas pequenas precisa de espago para se colocar & ser 0 que so, Quanto mais tivermos escuta ¢ abertura, propondo situagdes om que elas sejam protagonistas, tanto mais contare- mos com o envolvimento e a alegria de cada menino e menina. As criancas, assim como os artistas contemporaneos, falam “eu pre- ciso de vermelho”. s de arte. peo lesenhiam e pintam contando historias, misturando super-her6i com pai, com vizinho. r para se expressar, Essa ampliagao de campo significa ampliar os horizontes. Ser professor é estar alento a como sao diferentes as criangas. Cada uma tem uma maneira singular de se expressar. Enquanto uma faz. um desenho delicado, com a pontinha do lépis, a outra precisa rabiscar, porque tem muita energia e uma expressao mais contundente. Muitas vezes, ndo temos um olhar para isso, para esse territério amplo de tantas expresses [ge Gtiajojterritétio de pertenéiment’. Ao desenvolver sua per- cepcao, o professor fica mais sensivel as necessidades de cada rlanca, Escuté-la significa perceber, com corpo inteiro, 0 que cla est querendo dizer. Voltando a epigrafe, como a obra de arte pede uma interpretagao ativa, as criancas solicitam que 0 profes- rages onde este a ante ne tastes sor narra ges Bases interpretacdes se trans: fas.0 ao mosiao tempo em que exercita a participagao caletiva. Essa 6 uma experiéncia proximia a do ci- dadao que, guardando sua singularidade, participa ativamente da vida da comunidade a que pertence. amos vivendo em um mundo one 1a0 existe mais separa- cao entre 0 universo da crianga e 0 universo do adulto, as crian- a5 pequenas sao atravessacas pelo mundo, a infincia esta de- sarticulada de seu sentido, esta sendo violentada, £ necessario preservar 0 universo da crianga, para que ela possa brinear © exercitar a sua poténeia de inventar ¢ construir. S6nia Kramer (1999), professora © pesquisadora da Educacao da PUC-Rio e Universidade Estadual do Rio de Janeiro, coloea que: 2) 0 adultocentrismo marca as peodugbes tedtieas e as insti TuicGes. Reconhecer na infancia sua especificidade ~ sua ca~ pacidade de imagina, fantesiar e criar~ exige que muitas me- didas sejam tomadas, Entendor que as criangas tem um olhar ritico que vira pelo avesso a ordem das coisas, que subverte © sentido da hist6tia, requer que se conhega as eriangas, 0 jue fazem, de que brincam, como inveniam, de que falam. No universo escolar, temes quextdes de tempo, espaco, es tara, mas 6 possfvel inovarmos com parcerias dentro de uma ins- tituigao, de um sistemz, Temos que desenvolver, costurar parce rias, pois qualquer educadar precisa do outro para ser educador Parcerias com todas as pessoas, pois todos que estao na escol: sao educadlores — desde 0 porteiro até a secretéria, a pessoa que limpa a sila, a merendeira. Tados ensinam & sua maneira sobr: conto estar no mundo. A relacio entre arte « cultura é pondaiar A arte a single Tidade da experiéncia © a cultura € a experieneta compartine, Extucacao tafanuite Arte Contemporinea 29 GaSociaimente. A cultura integra as singularidades ¢ vai além delas. No vai € ven do péndulo, a arte ea cultura vao se cons- tituindo, bebendo das experiéneias singulares e criando expe- rigncias coletivas. Por isso, acredito que a cultura de cada uma das pessoas que est na escola pode ser incluida no curriculo. Dessa forma, 0 trabalho ganha singularidade - € vivo, pois € feito pelas pessoas envolvidas. As cantigas, histérias, bringuedos ¢ brincadeiras da cultura da infancia lembradas pelo porteiro, merendeira, pro- fessora, secretéria e diretora podem ser aprendidas pelas crian- as, Qual 6 0 universo cultural de sua escola? Ele é tinico! Quais sao as cantigas que vocé cantou na sua infancia, de que hist6- rias mais gostava, como desenhava, de que imagens se recorda, ‘0 que pode compartilhar? Cada pessoa tem seu repertorio que pode ser riquissimo e mui- tas vezes pouco valorizado, ficando perdido em um cantinho da memoria. E preciso soprar essa brasa da cultura singular de cada luge para que se foristoga na escola, Temes taiadas @Sqaeaay) las criangas. Para isso, os pais também devem ser chamados a tra- zer Suas contribuigdes, ¢ todas elas precisam ser compartilhadas. Caso contrario, uma riqueza cultural ancestral vai se perdendo, a cultura da televisdo vai se impondo e se perpetuando. Por outro lado, todos nés temos muito a aprender com as criangas, porque elas tém frescor ¢ uma comunicacio direta,

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