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a ae: Oe 4 Psicologia do Desenvolvimento = — a 2 Clara Regina Rappaport Wagner da Rocha Fiori Claudia Davis << ra oo = TEORIAS DG J: MENTE $e edamentais _ Volume 1 ) Bie 3 Key vy rane OE Ye a o> pec eae ER. Capitulo 3 Modelo piagetiano Clara Regina Rappaport 3.1 Introducio Piaget tem Mais de 50 livros e monografias, além de centenas de artigos publicados num periodo de 70 anos. Preocupou-se com varios aspectos do conhecimento dando énfase principal ao estudo da natureza do desenvolvimento de todo conheci- mento — em todas as disciplinas e em toda histéria intelectual da humanidade —, como também e principalmente no desenvolvimento intelectual da crianca. Pesquisou e escreveu nos seguintes campos: Biologia, Filosofia, Psicologia, Légica, Sociologia, Teologia e Histéria da Ciéncia, além de Fisica e Matematica. A preocupacaéo central de Piaget foi o “sujeito epistémico” (Gruber e Vonéche, 1977), isto é, 0 estudo dos processos de pensa- mento presentes desde a infancia inicial até a idade adulta. Interes- sou-se basicamente pela necessidade de_conhecimento tipico do homem, que o define como espécie “homo sapiens”. Esta necessidade foi negligenciada por outras correntes tedricas explicativas do desen- volvimento humano tais como a psicanalise e o behaviorismo. 4 primeira centralizou seus estudos nos _ processos emocionais e irracionais, enfatizando a presenga de impulsos primitivos como a base da conduta; e a segunda despiu o homem de suas caracteristicas individuais, mostrando a conduta como resultante de processos de aprendizagem, que podem ser controlados pela estimulagao ambiental Piaget apresentou uma visio interacionista, Mostrou a cilities £ © homem num processo ativo de continua META EO Pe erentes clap! dais os mecanismos mentais que oe ates Piaget : ta la vida para poder entender 0 irae ’ pa Serer tec mene a realidade externa depende eo da I6gica, espaco. . Estudou o desenvolvimento do conhecimento gica, St wusnhidade omorabdade hinge linguage Tideu com muitos processoe psicalogicot pensamente,. perce Imaginacho. memoria, imitagae, agho Poa Alem dices, presenpow se em elaborar uma posiche filease ho epistemologia genéticn Isto 6 procurow extudar cient git quate os pracessos que o individue usa para comhecer 4 rea J tome cen tarcia de peaqiisar uma hired (a vasta e tacy teas ja nae fosee gigantesen, Piaget procurou formular urn ponte a Iowahice sobre a génese do conhecimento. tte 6. comes criancas de todas as wades, submetendo-as as mais ' de ca mUIAGAG © EXpEHMeEntagae, mas o as bases filosoficas do conhecimento. A preocupagao central de Piaget dirige-se a elahoracac de teona do conhecimento, que possa explicar como 0” organi, conhece 0 mundo, F esta colocagio reflete sua formagac wm rm Biologia, pois considera que s6 0 conhecimento possibiling homem um estado de equilibsio interno que o capacia 4 aga 4 #o meio ambiente. Existe, para ele, uma realidade externa 3” ombecidg variadas forme eo demo de refieny bre ura Sujeito do conhecimento, e € a presenga desta realidade que ropa” € corrige © desenvolvimento do conhecimento adaptative. "A funiag do desenvolvimento nao consiste em produzir cépias imternalieai da realidade externa, mas sim, em produzir estruturas légicas que permitam ao individuo atuar sobre o mundo de formas cada oc5 mais flexiveis ¢ complexas. Preocupa-se, portanto, com a génese do conhecimento, isto em saber quais os processos mentais envolvidos numa dada situagao de resolucdo de problemas e quais os processos que ocorrem ns crianga para possibilitar aquele tipo de atuacao. Assim, sua obra ¢ de epistemologia genética e mostra como o conhecimento se desen, volve, desde as rudimentares estruturas mentais do recém-nascido até © pensamento Iégico formal do adolescente. Procura entender como © em fungao de que, estas estruturas iniciais se transformam, dando lugar a outras cada vez mais complexas. Ve a crianga como que tentando descobrir 0 sentido do mundo, lidando ativamente com objetos e pessoas. A crianga vai construir estruturas mentais © adquirir modos de funcionamento dessas estrutu- ras em fungao de sua tentativa incessante de entender 0 mundo ao seu redor, Compreender seus eventos e sistematizar suas ideias num todo coerente. Estudou, portanto, 0 desenvolvimento dos varios processos cognitivos, dirigindo-se aos aspectos qualitativos e nao quantitativos Paneer de que, quando Piaget comegou suas investigagoes, © interesse principal dos psicélogos do desenvolvimento, no que sé 52 | afore inteligencia, consistia numa tentative de retdicao com vista a padronizagao de testes f Piaget interessou-se MuUiLO Mais pelas req uantificagio, de Ao aplicar estes testes: TTT POStas_inc que pelas CoOrreras—passando—a— tia Busca de entendimenta = aie gecos mentais que & CriaNgA UsATA para chepar Aes os prempstae Potato. nao. se contentou com a obtengao ¢ daquela sao e registro Problema, como de outras, questées tender qual o processo laquela resposta A partir de scus primeires contatos com os testes e¢ tendo despertado sua curiosidade cientifica para a processos cognitivos. passou a observar o desenvolvimento de seus proprios filhos, registrando suas reagées desde os primeiros dias de vida. Em muitas obras de Piaget sao frequentes as citagies di veagges de Jacqueline, Laurent ¢ Lucienne. oe Em 1921, passou a ocupar o cargo de Diretor de Estudos no Instituto J. J. Rousseau, em Genebra, quando iniciou uma série ae estudos que resultaram numa obra vastissima, totalmente documen- tada por investigacdes empiricas. Possui notével coeréncia interna riqueza de detalhes e de assuntos abordados. Grande numero de colaboradores foram atraidos por estes projetos e eles possibilitaram a ampliag¢ao das pesquisas, pois varios deles se tornaram coautores de alguns artigos ¢ livros. Piaget utilizou como técnica basica de pesquisa o método dlinico, que havia aprendido a aplicar na clinica de Bleuler e nos| cursos praticos da Sorbonne. Tee respostas cortetas. da sohugio adequada do fariam os demais pesquisadores, mas, através que colocava diante da crianga, procurou de pensamento subjacente na emissio d de inteligéncia Pesquisa dos Esta opcio, as vezes criticada por falhas no controle experi- mental e descricdo incompleta (Baldwin, 1967), permitiu um aprofun- damento no conhecimento dos processos mentais das criangas. Uma de suas primeiras constatagGes foi a de que o estudo do pensamento expresso apenas verbalmente — isto 6, através de perguntas feitas a crianga, na auséncia de manipulag6es concretas As quais suas respostas pudessem referir-se — pode fornecer somente um quadro incompleto da estrutura cognitiva e de seu desenvolvimento. S6 depois de 1923, quando estudou bebés e criangas em idade escolar, € que percebeu a necessidade de fazer_uma_distingao_entre a Logica das_agées,. isto é, a légica expressa no comportamento emitido, & a l6gica_aplicada_a_afirmagoes_verbais. Assim, através do contato continuo e constante com um numero cada vez maior de sujeitos das varias faixas etdrias pesquisando diferentes aspectos do funcionamento cognitivo, Piaget chegou a 53 de imimeros conceitos continuament amente formulacio foreao de moves. dados re2V8indog 1 gtaboradores reeehiany treinamento intens as teenicas de pesauisa antes le safrem a campo part @Plica fara a aphieacao das provas os stjcitos¢ PO para ones dados. Se trabathos de Piaget, que se mnultiplicaram rapide Europa, no foram prontamente absarvidos pela i faidamente vaemana, que estaya dominady por uma Vteratuea pico natureza humana, pela crenga de que ideias pensamennacista Fe resolucao de problemas representa irimarignent tos & me aprendizagem Assim, a tarefa do psicélogo consistiria egoultad i sree Mertam ses proeesses € em desenvelver enicay ea ava Mequadas de ensino de concelos, areas mais aeMecauerra, em que todo @ sistema educscional meni Pemecou a ser questionada, € que alguns autores se ene isis que estavam sendo descnvolvidas na reed §o as primeiras traducdes das obras de Piaget ar e varias tentativas de resumi-las em manuais, ou a 1 fe forma mais didatica, visto que, mesmo para ‘ és, muitos aspectos das obras piagetianas sdo difice essas NOVAS inglés. apresenta-las d domine o franc: de entender. No Brasil, Piaget comego ua ser conhecido na década de 4/ a partir dessa €poca foi incluido o seu estudo no currfeulo dos ursos universitarios de Psicologia, Pedagogia, etc. Alguns aviore. entaram, como Nos Estados Unidos, uma apresentacgao mais did Ge seus conceitos (Biaggio, 1976). No Brasil observamos, no entanto, um fenémeno para o 4 gostariamos de chamar a atengao do leitor. Muitas escolas pars criancas em idades precoces (a partir dos 2 anos), denomina escolas maternais ou jardins de 1. grau, passaram a utili E preciso ficar bem claro que € possivel, vali uma utilizacgao dos conhecimentos respeito das estruturas mentais que se acham presentes em faixa etaria € do modo de funcionamento caracte ico de turas em cada fase do desenvolvimento. Mas, ¢ perigoso tent transpos esses conhecimentos para um contetdo programatico cm um aprofundamento maior, Acreditamos ser necessario tanto da nossa crianga, nos varios segmentos da populagao um estudo 4rduo e prolongado das propostas piagetianas par aus Possamos chegar a uma utilizagdo valida proficua. Nao ha davida de que muito se tem @ ganhar no infancia, ou mesmo escolax ds izar O que denominaram Método Piage ida e recomendive! trazidos a luz por Piaget cada este um conhecimento protunde 9, como tambem que se rel 54 desenvolvimento pleno das capacid 10 edapogic e * planejamento redagsice leva em conta og ° > cada idade. Mas, no caso de tipicos de ee es as, no caso de um conheciment © interesses “pra de Piaget a mew ver. a aplicagio. pritica imedi ee ol Mrsiderada inadequada, sc na, inrefletida eda pode ser © 3.2 Alguns concertos fundamentai: Passemos entac a examinar alguns conceitos sao essenciais para a compreensiio do proc : da inteligéncia. Piagetianos que 30 de desenvolvimento 321 Hereditaricdade. fe) individuo herda uma série de estruturas biolégicas (sensoriais ¢ neuroldgicas) que predispdem ao surgimento de certas estruturas € gntais. -Portanto, a inteligéncia_no_a_herdamos. Herdamos um organismo que vai amadurecer em contato com o meio ambiente. Desta interacao organismo-ambiente resultaréo determinadas estrutu- ras cognitivas que vao funcionar de modo semelhante durante toda a vida do sujeito. Este modo de funcionamento, que constitui para Piaget nossa heranca biolégica (Flavell, 1975), permanece essencial- mente constante durante toda a vida. Por conseguinte, existe um paralelismo entre 0 bioldgico e o mental, na medida em que todo Prganismo dispde de certas propriedades para se adaptar ao meio ambiente, e o funcionamento mental seria apenas um dos aspectos deste relacionamento. ‘Ainda atentos ao aspecto biolégico, podemos dizer que a maturacgio do organismo (basicamente do sistema nervoso central) vai contribuir de forma decisiva para que aparecam essas novas estruturas mentais que proporcionam a possibilidade de adaptagao cada vez melhor ao ambiente. Quando se fala em ambiente, € bom lembrar que este inclui tanto aspectos fisicos como sociais, de relacionamento humano, que tornam mais dificil] e complexo 0 processo de adaptagdo. Isto porque a crianga vai precisar desenvolver recursos intelectuais para solucionar uma ampla variedade de situagdes para viver satisfatoriamente num determinado ambiente social. Assim, Ilembramos, tanto 0 ambiente rem no sentido de oferecer estimulos € situago Processo cognitivo para resolugao. Entre os estimulos sociais estao conceitos, etc., que sao ensinados, deliber: fisico como o social concor- es que requerem um os comportamentos, tarefas, adamente ou nao, pelas 55 através dos processos que costy Ou, dio de outra forma an de 7 | a apre ere eles. comport amentos, at Adiga, Social se refere aque r itudes e' cannendzes que a crianga adquire através te eatata humane constant eg TE Sbvio, entdo, que a riqueva ou a pobreza de peqeotinu tanto no plano fisico como no social van interferir mul 4, desenvolvimento da inteligéncia, No aspect fisico, um ‘le rico em estimulagio ira proporcionar objetos que possam Ser mOtente Tados pela crianga, Tugares que possam ser explorados, opon ee! de observagio de fendmenos da natureza, ete. No plano sae le ambiente sera rico de estimulagio. quando. reforgar evan aguisigao de competéncia da crianga em muitos ¢ muitos aq”? Exemplificando: 0 desempenho linguistico da crianga vai dee. alem dos aspectos de maturagio orginica, do grau de esting. Verbal ¢ social que a crianga vier a receber. Assim, numa fant” onde os varios membros tém uma linguagem elaborada e conside, importante a capacidade de expressao verbal, a crianca ter 1 probabilidade de desenvolver um repertério verbal amplo e com do que se vivesse numa familia onde a linguagem habitual utilizada pelos adultos é pobre, concreta e reduzida. Entenda-se, pois, que, no caso da linguagem ou de outros aspectos que dependem do desenvolvimento cognitivo, o sujeito herda a capacidade para a aprendizagem e o desempenho. Mas a plena realizacdo destas capacidades depende das condigdes que o meio ambiente iré oferecer. da cultur Mamos ilia am, aior mente pie 3.2.2 Adaptagao O ambiente fisico e social coloca continuamente a crianga diante de questées que rompem o estado de equilibrio do organismo ¢ eliciam a busca de comportamentos mais adaptativos. No caso do uncionamento mental, as questées podem ser propostas pelo proprio ujeito do conhecimento. E, neste ponto, podemos mencionar que Piaget valoriza a curiosidade—intelectual_e_a_criatividade, sugerindo que o ato de conhecer é prazeiroso e gratificante tanto para a crianga como para o adolescente e o adulto, e se constitui_ numa orca motivadora para o seu préprio desenvolvimento, Em uluma analise, fi sdi: i ibilita_novas Desta forma, poderfamos dizer que as novas questdes mov i ‘ " vai $e mentam o organismo no sentido de resolvé-las. Para tanto val “ 56 ze utilizar das estruturas mentais ja existentes_ ou entao, quando estas MMtruturas se mostram ineficientes, elas serio modificadas a fim de se chegar a uma forma adequada para se lidar com a nova situagao ‘Assim. no processo global de adaptacdo, estariam implicados dois processos complementares: @~assimilagda-e—a—acomadagda. © processo de assimilacdo se refere A tentativa, feita pelo sujeito, de solucionar uma determinada situagao, utilizando uma cetrutura mental ja formada, isto 6, a nova situagio, ou o novo clemento ¢ incorporado ¢ assimilado a um sistema j4 pronto. Trata-se rtanto da atualizagao de um aspecto do repertorio comportamental ea mental do sujeito numa dada circunstincia. Exemplos: a partir go momento em que uma crianga aprende a subir escadas, saberd fazé-lo em qualquer circunstincia. O mesmo exemplo vale para a aquisicao de outros comportamentos motores, como correr, andar ge bicicleta, chutar bola, varrer a casa, etc. Ou ainda, se a crianca passou a dominar as quatro operagdes aritméticas basicas (somar, subtrair, multiplicar, dividir) sabera fazé-lo, sempre que solicitada. Ov mesmo, se aprender o caminho que vai de sua casa a escola, szbendo atravessar as Tuas, etc., poderd ir sozinha escola todos os dias. Esta assimilagdo mental é bastante semelhante 4 assimilagao biolégica. No caso da ingestéo de um alimento que 0 organismo ja estd habituado, haverd ativacio de todo um processo de mastigacdo, degluticao, transformacao, etc., até que o organismo assimile o alimento. No caso de ser um alimento diferente daqueles habitual- mente ingeridos, os processos digestivos precisam adaptar-se as propriedades fisicas e quimicas especificas deste novo elemento. ‘Assim, 0 organismo precisa ajustar-se a esse Novo elemento para tornar possivel a obtengdo de um estado de equilibrio. O mesmo ocorre em relacdo aos processos mentais. Suponhamos que uma crianga, que aprendeu a andar de bicicleta, se depare com outro veiculo que guarde algumas semelhancas com o primeiro, porém contenha elementos novos que a crianga desconhece, como, por exemplo, diversas marchas. Nesta situagao a crianga tentara agir com a segunda bicicleta da mesma maneira como fazia com a primeira, e nao obterd sucesso. Estard usando um processo de assimilagao, isto é, de tentar solucionar a situagéo nova com base nas estruturas antigas. Este processo nao sera eficiente, pois estas estruturas séo inadequadas € insuficientes para este novo elemento. O sujeito tentara entéo novas maneiras de agir, levando agora em consideragéo as propriedades especificas daquele objeto. Isto é, ira modificar suas estruturas antigas para poder dominar uma nova ao de estruturas antigas com situacdo. A este processo de modificag $7 jo de um novo problema de ajustameny de omina_acomodagae- Eno momema Um dominar adequadamente 0 segundo ne em ” c, portanto, adaptou-se a esta no a olut Piaget nseguir ndou a ele yistas a S situagao. crianga con que se acome da realidade. Vemos, PC organismo deser com ela um estado de fom © mesmo objetivo Para Piaget existe Uw bem como uma busca co! e mental. Os processos de assimilagdo e acomodacao sa : sdo comple Mentaras) e acham-se presentes durante toda a vida do individuo um estado de adaptagao intelectual. © permitem E muito dificil, se nao impossivel, imaginar uma situaca que possa ocorrer assimilacaio sem acomodacao, pois asi enh {im objeto é exatamente igual a outro ja conhecido, ou u icilmente exatamente igual a outra. ’ ma situacag Exemplifiquemos: um bebé que brinca com bolas tenha formado um esquema de brincar com bolas. eee ima nova bola, a crianga iré manipuli-la da mesma forma crn fez anteriormente com objetos semelhantes Cassimilagao); one supondo que a nova bola seja ligeiramente maior ou ears que aquelas anteriormente manipuladas, sera necessdrio um processo de acomoda¢io. Ou outro exemplo: um professor que pretenda ministrar a mesma aula a duas ou trés diferentes turmas de alunos. Por mai que ele procure ater-s¢ a0 mesmo contetido e 4 mesma imetodolozia (assimilacao), algumas pequenas modificagdes sero Pee em fungéo da reagéo dos alunos (acomodagao). : ee de adaptacao intelectual é, pois, um processo extre- fe dinamico ¢ envolve a todo momento tanto a assimilagio ae possibilitando um crescimento, um desenvolvi- ae eee ee em que 0 sujeito adquire uma competencia da vida pratica. maiores para lidar com as situacoes » ditern.,. eXigén |, sis, que da mesma maneira c a q ‘mo, biologicameny re, sive manciras de se adaptar a ‘realidad equilibrio, mentalmente desenvolvemos oy tater OS Processe, : S505 ma troca constante entre o sujeito e nstante de um estado de equilibrio boone iOldgicg 3.2.3 Esquema s de capacidades como chupar © anizar suas ee nascem, as criangas n4o sao dotada: agarran prone, mas apenas de alguns reflexos, , além de tendéncias inatas a exercité-los ¢ a OTg 58 is utilizar das estruturas menta existentes ut Aone ae i ou enta estruturas se_mostiam ineficientes, clas serio rodifig se chegar a uma forma adequada para se lidar coma Assim, no processo global de adaptagao, e+ processos. complementares A quando estas das a fim de com a nova situagao stariam implic: de z E icados a assimilagda © a acomodacaa ‘os O processo de assimilagdo sere ; sujeito, de solucionar SreIRicea eee ea mecteg pelo estrutura mental ja formada, isto €. a nova siege Zande uma elemento & incorporado c assimilado a um sistema {a nonce 2e—heY ou mental do sujeito numa dada circunstincia, Exemplies omental do momento em que uma crianca aprende a. ere @ partir Fae tlolVemiiquatquercrcunetsinciath O Mica Werenn iota ES faauisicnay deloutros\comporiamenime\rasiove coer foo eres de bicicleta, chutar bola, varrer a casa, ete, Ou ands, ce oc , , etc, a, se a crianca passou a dominar as quatro operagées aritméticas basicas (: Subtrair, multiplicar, dividir) sabera fazé-lo, sempre que solicitada, Ou mesmo, se aprender o caminho que vai de sua casa a escola, sabendo atravessar as Tuas, etc., poderd ir sozinha a escola todos os dias, "Esta assimilagdo mental € bastante semelhante & assimilagao biolégica. No caso da ingestio de um alimento que o organismo j4 esta habituado, haverd ativagdo de todo um processo de mastigacao, degluticdo, transformacao, etc., até que o organismo assimile ° alimento. No caso de ser um alimento diferente daqueles habitual- mente ingeridos, os processos digestivos precisam adaptar-se as propriedades fisicas e quimicas especificas deste novo elemento. Assim, © organismo precisa ajustar-se a esse novo elemento para tornar possivel a obtencéo de um estado de equilibrio. ‘O mesmo ocorre em relacao aos processos mentais. Suponhamos que uma crianca, que aprendeu a andar de bicicleta, se depare com outro veiculo que guarde algumas semelhangas com 0 primeiro, porém contenha elementos novos que a crianga desconhece, como, por exemplo, diversas marchas. Nesta situagao a crianga tentara beir com a segunda bicicleta da mesma maneira como fazia com primeira, e nao obterd sucesso. Estard usando um procera de assimilagao, isto é, de tentar solucionar a situagdio nova com base nas estruturas antigas. Este processo nao sera eficiente, pois estas estruturas séo inadequadas ¢€ insuficientes para este novo elemento. © sujeito tentaré entdo novas maneiras de ag, Jevando agora ent consideragao. il cas y é, ir iS dades especificas daquele objeto. Isto é, iré cdo as propriedad Pp acs a de modificar suas estruturas antigas para po aes situagio. A este processo de modificagao de estruturas antigas co 57 — Jistas & solugiio de um novo problema de ajustamento, Situacdo, Piaget denomina acomodagae. Eno moment rianca conseguir dominar adequadamente o segundo vei criangs ; que se acomodow a ele ¢, portanto, adaptou-se a est 4 uma yy, © em qin, (CULO, dire, A Nova exigin da realidade Vemos, pois, que ila mesina mancira como, biologicameny organismo descnvolve manciras de se adaptar a realidade ¢ mane, com cla um estado de equilibrio, mentalmente desenvolvemos prow com o mesmo objetivo Para Piaget existe uma troca constante entre © sujeito ¢ ° bem como uma busca constante de um estado de equilibrio biol e mental. Os proces de as n ¢ acham-se presentes durante toda a vida do in um estado de adaptacao intelectual. E muito dificil, se ndo impossivel, imaginar uma situagdo em que possa ocorrer assimilacio sem acomodacao, pois dificilmesn um objeto é exatamente igual a outro ja conhecido, ou uma Situacdo exatamente igual a outra. . Exemplifiquemos: um bebé que brinea com bolas e que ji tenha_formado um esquema de brincar com bolas. Ao receber uma nova bola, a crianca iré manipuld-la da mesma forma como fez anteriormente com objetos semelhantes (assimilagao) ; mas, supondo que a nova bola seja ligeiramente maior ou menor do que aquelas anteriormente manipuladas, sera necessdrio um proceso de acomodagao. Ou outro exemplo: um professor que pretenda ministrar a mesma aula a duas ou trés diferentes turmas de alunos. Por mais que ele procure ater-se ao mesmo contetido e A mesma metodologia (assimilacéo), algumas pequenas modificagdes sero introduzidas. em fungao da reagao dos alunos (acomodagio). O processo de adaptacio intelectual é, pois, um processo extre- mamente dinamico e envolve a todo momento tanto a assimilagao como a acomodacao, possibilitando um crescimento, um desenvolvi- mento pessoal, na medida em que o sujeito adquire uma competéncia € uma flexibilidade cada vez maiores para lidar com as situagdes da vida prdtica mein, zion, imilagGo e acomodagio sao co: cComplementaras, iduo e permiten, 3.2.3 Esquema Quando nascem, as criangas nao sdo dotadas de capacidades mentais prontas, mas apenas de alguns reflexos, como chupar ¢ agarrar, além de tendéncias inatas a exercita-los e a organizar suas 58 agoes. Herdam, portanto, nao uma_ inteligén sen modo de reagit ao ambiente, que & no inicio da vida, absolute ce +s juta- mente cadtico para ac Devido a sua imaturidade neurolégica € psicoldgica, a crianga nao tem qualquer conhecimento da realidade externa (objetos, pessoas, situagoes) ou de seus estados internos (fome. frie, ete.). Poderiamos dizer que a crianga, através de seu aparato sensorial. dispoe apenas de sensagdes provenientes tanto do exterior como do interior, mas de nenhuma capacidade para discriminar qualquer uma delas. Exemplificando: reagiré a uma luz intensa, fechando os olhos; mas este ato seré puramente reflexo. Chorara ao sentir fome, mas nao sabera discriminar que o estado de desconforto interno se deve a falta de alimentagao. Assim, de acordo com Piaget, a partir de um equipamento biolégico hereditario, a crianga iré formar estruturas mentais com a finalidade de organizar este caos de sensagdes e estados internos desconhecidos. Podemos entéo introduzir um novo conceito que, por sua complexidade, sera to dificil de entender, como os anteriores € os que citaremos a seguir. Quero me referir ao conceito de esquema, uma unidade estrutural basica de pensamento ou de agéo 2 que corresponde, de certa maneira, A estrutura bioldsica que muda e se adapta. No aspecto organico, sabemos que 0 nosso corpo é formado de varias estruturas unitdrias (células, por exemplo) que se organizam em elementos maiores (6rgdos) ou em sistemas de funcionamento (aparelhos). No aspecto mental, poderiamos dizer que a nossa estrutura unitdria basica € 0 esquema, que pode ser simples (como, por exemplo, uma resposta especifica a um estimulo — sugar o dedo quando este encosta nos labios) ou complexo (como 0 esquema que temos das pessoas — de nossa mae, por exemplo, ou ainda a maneira como solucionamos problemas matematicos ou cientificos ). Vemos, portanto, que o termo .esquema pode_referir-se_tanto fica de agées motoras realizadas por um bebé erco, como & imagem a uma sequéncia especil para alcancar uma argola pendurada em seu b interiorizada que temos da escola priméria que frequentamos (incluindo localizagio do prédio, vivéncias que la tivemos. pessoas e situagdes significativas) até estratégias mentais que utilizamos para solucdo de problemas (de andlise combinatoria, por exemplo). Podemos tentar entao conceituar um esquema tanto como uma disposigéo comportamental especifica (uma sequéncia de comporta- mentos eliciada sempre que um estimulo especifico se apresenta, como, por exemplo, o esquema de preensao, que seria ativadd sempre que o individuo, crianga ou adulto, procurasse alcangar um instalagoes fisicas, 59 objeto © segura-lo em suas MAGS), OH COMO UNA dela que for g respeita de uma pessoa, objeto ou situagiio, ow aind feterminada mancira de solucionar problemas Ou, conforme disse Vlavell (1975): “Sendo ema e uma forma mais ou menos A ce naming A como y bstratos, ma uma estr : ; Utura lcognitiva, um esqu fluida get organizagio mais ou menos phistica, a qual as ages © os oyu sao assimilados durante © funcionamento cognitive” (p. 54) jetos Vemos entdao que o esquema constitui a unidade estrutural da mente e que, da mesina forma como as unidadey estruturais biologie hao um elemento estilivo, porém, dinamico © variade eal conteudo. Vejamos como se dio proceso de formagio de um esquems sensorial moter, como, por exemplo, o esquema de Preensao, A crianga nasce com 0 denominado reflexo de preensio, isto é qualquer objeto que seja colocado na palma de sua mao, elicia o ato refean de feché-la, agarrando, portanto, 0 objeto. A’ medida que ocane maturagao bioldgica e que © ambiente apresenta a crianca indmerg, objetos que possam ser pegos, ela ird desenvolver um esquema de preenso. Este esquema ¢ muito mais complexo do que o ate reflexo, porque inclui varios movimentos da crianga, além de sua vontade de querer pegar aquele objeto. Uma vez’ formado este esquema, ele serd ativado toda vez em que a crianga quiser pegar um objeto e sera modificado, sempre que © novo objeto tiver propriedades especificas, diferentes daqueles anteriormente “pegos” pela crianca. Assim, os esquemas séo unidades estruturais moveis que se modificam e adaptam, enriquecendo com isso tanto o repertério comportamental como a vida mental do individuo. em sey Vejamos um outro exemplo que ilustre a maleabilidade dos esquemas. A crianga, em contato com sua mae, ira formar um esquema de mae. Este esquema incluira tanto a figura fisica da mae como 0s sentimentos que a crianca tem em relacdo a ela, as vivéncias que tiveram em comum, etc. A medida em que a crianga vai crescendo, este esquema ira se modificando e ampliando nao apenas no sentido de incluir novas vivéncias que a crianga tenha com a propria mae (que seria um aspecto mais quantitativo, de acréscimo de elementos), mas também de incluir outras maes, até chegar ao conceito abstrato que nds adultos temos de mae (mudangas também qualitativas, que modificam a propria estrutura do esquema inicial, mais simples e mais primitiva) Os esquemas, portanto, esto em continuo desenvolvimento € este desenvolvimento se dé no sentido de permitir ao individuo uma adaptacao mais complexa a uma realidade que é percebida 60 por ele, de forma cada ver mais diferenciada e abran; Nesta evolugio, que constitu: a esséncia do crescimento mental os esquemas iniciais primitives © sensdrio-motores ae amplinn ny fandem. se diferenciam, interiorizam-se e adquirem a oreanivagay ~aractel 7 “ de madeira por rem crescente de tamanho) ow abstratos (com preensio do sistema numerice ou de teorias cientificas) ~ Na realidade. nossa tarefa, neste momento, poderia resumir-se na tentativa de formar um esquema mental do conceito piagetiano de F, diga-se de passagem, esta nao & uma tarefa das esquema. mais faceis. 3.2.4 Equilibrio O conceito de equilibrio, ou melhor, do processo de equilibracdo é um dos que apresenta maiores dificuldades para 0 leitor que est jniciando seus estudos das abordagens piagetianas. Apesar de estar presente em varias de suas obras, uma das suas Gltimas publicagoes discute em maior profundidade este conceito (A equilibragao das estruturas cognitivas — 1976). Dada justamente a complexidade deste aspecto da teoria piage- tiana, ndo temos a pretensdo, neste momento, de fazer uma apresen- taco aprofundada do mesmo, mas apenas uma colocagao inicial, que possibilite ao leitor o entendimento dos aspectos basicos do desenvolvimento cognitivo. ‘Anteriormente ja vimos que Piaget traga um paralelismo entre © desenvolvimento biolégico e o desenvolvimento mental. Sabemos gue © organismo funciona de modo a atingir ¢ a procurar manter lm estado de equilibrio interno que permita a sobrevivéncia num determinado meio ambiente. Para isto, os varios elementos organicos mas maiores ou menores, mais simples ou ma a obter tanto um desenvolvimento como um funcionamento harménico de todas as partes. Se um dos elementos de um sistema entra em desacordo com os demais, ocorre um processo qualquer no organismo, com vistas a retornar a0 estado anterior de equilibrio, Exemplificando: ao_seatir fome, 0 individuo buscar4é uma forma de obtengio € ingestao de alimentos que permita sanar esta deficiéncia organica e, quando o fizer, retornara a um estado de equilibrio. . Podemos dizer que um processo semelhante esta presente na organizagao mental do individuo, processo este denominado equilibra- ¢do das estruturas cognitivas ou apenas equilibrio. Em linguagem se organizam em siste1 mais complexos, de for 6i in de um processo de organizagio d aS estruturas simples, no pass: See ares cognitivas num sistema cocrente, interdependente, que possibilita ao contdue um tips ou outra de adaptagae a realidade. Exemploy, voltamos & situagéio de recém nascido ou do bebé de poucos meses, vo vida ¢ analisemos sua situagao diante da realidade. A crianeg eA recebendo continuamente uma série de impressoes sensoriais Geaprovidas de qualquer significado para ela. Esta, portanto, em Sompieto desequilibrio com esta realidade, dependendo totalmente Ga interferencia de outras pessoas para sobreviver. A tarefa principal So crescimento. mental do primeiro ano de vida consistiré em se yanizar estas impresses sensoriais de alguma maneira que permita 4h crianca atuar de modo coerente sobre a realidade. Isto se conseguir & medida em que forme seus primeiros esquemas, que Piaget denomina de esquemas sensoriais-motores, justamente porque sua formacdo dependera das impressdes sensoriais que a crianca Feceber dos objetos ¢ de sua possibilidade de manipulacao, de exploragéo motora. ‘Assim, a primeira forma de equilibrio que a crianga ira adquirir consiste, justamente, na formacio de uma série de esquemas senso- riais-motores que Ihe permitirao organizar aquele caos inicial de sensagdes internas e externas, dando-Ihe condigdes de atuar sobre a realidade. Assim_sendo, poderiamos dizer que o desenvolvimento é um processo que busca atingir formas de equilibrio cada vez melhores; ou, dito de outra maneira, € um processo de equilibragao sucessiva que tende a uma forma final, qual seja a aquisicéo do pensamento operacional formal. Isto €, em cada fase de desenvolvimento, a crianca consegue uma determinada organizagio mental que the permite lidar com o ambiente. Esta organizacao mental (equilibrio) sera modificada 4 medida em que © individuo conseguir atingir novas formas de compreender a realidade e de atuar sobre ela,* ¢ tenderaé a uma forma final que sera atingida na adolescéncia e¢ gue consistiré no padrao intelectual que persistiré durante a idade adulta. Nao que o desenvolvimento intelectual atinja um dpice na adolescéncia e depois ocorra uma estagnagado. Nada disso. Simples- mente, 0 que ocorre é que, uma vez atingido o grau de maturidade mental representado pela oportunidade de realizar operagdes mentais formais, esta sera a forma predominante de raciocinio utilizada pelo adulto. Seu desenvolvimento posterior consistiraé numa ampliagdo de conhecimentos tanto em extensio como em profundidade, mas nao na aquisicao de novos modos de funcionamento mental. * Veremos a principais fases no item seguinte. 62 Podemos dizer que 0 adulto atin com o ambiente, Conseguiu desenvolver ey foneionamento dessas estruturas que The pe de equilibrio satisfatorie com 6 ambiente forma wei ecatma de equilibrin Ss © modo pe! a permitem ‘iver num esta te nao sera, entretanto. um equilibrio estatico IS Si ’ nee Hoe ata mas sim, um equilibrio dinamics situagdes © problema pessoas esto Sendo. solicitndes qt POTaes s Ses ¢ problemas novos 4 a : ‘ " A cada solicitagao este « eecieas equilibrio é rompido ¢ ocorre uma movimes centido de solucionar este Wlescquilfbvie cath estruturas. mentais no Ge equilibrio. Pste scr conseguido no ¢ alingir_novamente o estado Sede rae aaa OM NE RCas ON dilioMoaratse Teun litmeewe rere sees estruturas. No caso da crianca, ela poderd funcionamento ccliger dos recursos j4 existentes, mas deseavolver novos. processes unlfuncionamento mental. E é neste sentido que podemos. dizer Que o desenvolvimento consiste numa Sascasem ee ctanteve eee estado de equilibrio para um estado de desequilibrio de um equilibrio superior no sentido de que a crianga terd ‘Gestavolvide uma maneira mais eficiente (poderfamos até dizer, mai area de lidar com seu ambiente. + mais inteligente) 3.3 Caracteristicas gerais dos principais periodos de desenvolvimento Podemos conceituar o desenvolvimento — conforme Piaget omo um processo de equilibracao progressiva que tende para uma forma final, qual seja a conquista das operagoes formais. O equi- Mbrio se refere a forma pela qual o individuo lida com a realidade na tentativa de compreendé-la, como organiza seus conhecimentos (ou seus esquemas) em sistemas integrados de agdes ou crengas. com a finalidade de adaptacao. ‘Ao longo de sua vida Piaget diferentes de interagir com o ambiente n ‘\ estas maneiras tipicas de agir e pensar, ou periodo. Assim sendo, podemos dizer, etdrias correspondem determinados tipos d de organizacdo destas aquisicoes que condicio crianca em seu ambiente. A crianga ird, pois, durece fisica psicologi amente, que € estimul fisico e social, construindo sua inteligéncia. Sim, porque € preciso ficar bem claro que embora Ee teoria psicanalitica como a tora piagetiana possam ser ome as de teorias de estagios, pois consideram a natureza do aes et mento relativamente sequencial © fixa, focalizando estagios de je- observou que existem formas as diversas faixas etdrias. Piaget denominou estdgio que a determinadas faixas je equisigoes mentais € nam a atuacho da 2 medida que ama- Jada pelo ambiente 63 ___—_————¥ sivimento, isto & consideram © curse de aquisigao de compor seme merpudoes, sentimentos, conhecimentos, ctc., relativamente fixe pars s criangas, existem entre as duas posturag fixo para a maioria da entais diferengas fundame Tima delas se refere ao fate de que para Freud a crianga nao . iva na determinagio da sequéncia de suas fases de Estas ocorrerao, basicamente na mesma idade, para tomara parte desenvolvimento. odae as ctiangas ¢ se caracterizarao, principalmente, pelo investi. ento da libidey em una ou outra regiao do corpo. £ como se esta Rquencia de desenvolvimento ¢ de integragio da. personalidade es. takes, prefixada) © Seguisse um curso natural acompanhando a propria maturagao fisica da_crianga: Existe, portanto, um parale- lismo muito forte entre o bioldgico ¢ o psicolégico, quase que se poderia dizer que 0 proprio crescimento biolégico ira determinar em que fase de desenvolvimento psicolégico a crianga estard. Esta parece ser considerada um individuo passivo em seu préprio_pro- cesso de desenvolvimento. No caso de Piaget, nao ha divida também que o crescimento organico, a maturidade neurolégica ¢ fisiolégica geral seja um dos Seterminantes fundamentais do desenvolvimento psicolégico, mas este nao sera dado a crianca. Ela é quem ir construir seu cresci- mento mental. A crianga é vista como agente de seu proprio desen. volvimento. Ela iré construf-lo a partir dos quatro determinante basicos, j4 citados anteriormente (maturacao, estimulacio do am biente fisico, aprendizagem social e tendéncia ao equilibrio); e est processo € observado em todas as criancas. O que ocorre — e também o que nos permite falar em estagios ou periodos de desen- volvimento — € que como a maturagio é um dos elementos basicos do processo de desenvolvimento, ¢ que a grande maioria das crian- cas de uma dada cultura amadurece seus processos bioldgicos e psicolégicos, em faixas etarias aproximadas, as estruturas mentais @ OS seus mecanismos funcionais acabam sendo comuns a grande maioria das criangas de uma mesma idade cronolégica. Assim, 0 desenvolvimento, para Piaget, iré seguir determinadas etapas (fases, perfodos ou estagios) caracterizadas pela aparigao de estruturas originais ¢ de uma determinada forma de equilibrio, que dependem das construgdes anteriores, mas dela se distinguem. Podemos dizer que “o essencial dessas construgdes sucessivas per- manece no decorrer dos estdgios ulteriores, como subestruturas sobre as quais se edificam as novas caracteristicas” (Piaget, 1964). Assim sendo, no adulto permanecem elementos adquiridos nas fases anteriores e é isto que justifica a grande riqueza de comporta- mentos e ajustamentos observados nas varias situagdes. O adulto, 64

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