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Cole¢ao ioe TEMAS DE DIREITO ADMINISTRATIVO 3 JACINTHO DE ARRUDA CAMARA OBRIGACOES DO ESTADO DERIVADAS DE CONTRATOS INVALIDOS ga ne em OBRIGACOES DO ESTADO DERIVADAS i DE CONTRATOS INVALIDOS © Jacinto De Arrupa CAMARA ISBN 85-7420-102.2 Direitos reservados desta edicao por MALHEIROS EDITORES LTDA, Rua Paes de Aratjo, 29, conjunto 171 CEP 04531-940 — So Paulo - SP Tel.: (O11) 822-9205 — Fax: (011) 829-2495 Composigao PC Editorial Ltda, Impresso no Brasil Printed in Brazit 01-1999 A Dawieiss e Luise ‘A TEORIA DOS QUASE-CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 59 4 cargo da Administragto. Sua aplicago como fundamento da obriga- ‘vio quase-contratual vem na esteira daquilo jé referido em relagao a0 principio da eqtiidade, Entretanto, as pect do tratado nos diversos ordenamentos juridicos" fz com que merega anélise isolada, em t6pi ortanto, & possivel que sejam criadas re- iversos para cada caso que enseje um qua- is, chegar a essas regras, 0 que se faz ana- gras que estipulem efeit | se-contrato. E necessiri -lisando o dieito posit 4 Os quase-contratos administrativos no direito francés ‘4 mais elaborada sistematizagiio a ipo do direito piblico. La, tanto a tuto como a doutrina tem-se ocupa- seus contomos. Essa a razio para ‘mais detido a respeito da feigtio que ganharam os qua- strativos nesse pais Sio trés as espécies de quase-contratos no direito pili 2) 0s que geram uma repetigto de indébito; b) os frutos de uma gesta de negécios; € ¢) os que derivam de um enriquecimento sem causa Cada qual, como se vers, tem sua peculiaridade — nao coincidindo ne- _ Gessarlamente com o tratamento dado ao instituto pelo dreito privado francés,'6 42; Se por vezes¢ wilzado como fundamento isolado para que se etabelega Yexe obrignsto quase-contatual, noutrastantas com a mesma expressdo auet-te ‘esignar regime juridico proprio de um dos tipos de quase-contrat, 15, Registre-se que Marcel Waline, istas do 16. Como jé fo. te de obrigagécs. O Cédigo um Obrigagdes que se Formam Sem Convengio” (ats, igo de qua “Art 1.371. Les quase-cor les faites purement ‘c un engagement queleonque envers un tics, que des deux parties” Em traduelo live: “Art Os quase-contratos sio os fatos puramente Yoluntrios do homem, ds quais resulta uma obrigapio qualquer para com wm ton, ‘tira, algumas vezes, uma obrigaedo reciproca entre dis partes", (OBRIGACOES DO ESTADO DERIVADAS DE CONTRATOS IIVALIDOS 4.1 A repetigio de indébito igagdes quase- ‘contratuais desde o direito romano. Corresponde ao direito de obter a devolugo de um valor que se acreditava devido e foi pago por erro, © Cédigo Civil francés acolhe a hipdtese expressamente nos arts. 1376 € 1.377, Estes dispositivos tém sido, de um mot cados pelo Conselho de Estado francés em matéria admi cegio se faz no va. Ex- ante a algumas leis especificas que tratam da mi ria, citcunstincia que leva & aplicagdo da norma especifiea em det mento do preceito geral. 0 caso, por exemplo, dos procedimentos «ais, do Cédigo de Urbanismo e do Cédigo da Construgao e da Habita- so, que trazem regras especificas para o easo de pagamento ind do.” Essa modalidade quase-contratual pode gerar demandas de duas cordens: (1) da Administragdo contra seus agentes ou administrados que tiverem recebido valores que nao Ihes eram devidos e (2) dos adn ‘rados perante a Administragao, quando esta tiver recebido valores maio- res do que aqueles devidos, seja por erro do administrado, seja por co- branga indevida da Administragdo, ese a Administragao conta com prerrogativas direito, Ela € capaz, por si s6, de const ara a propositura da ago de repetico de indé- ido, nestes casos, cabe arg a ilegitimidade do titulo ilidade perante o juiz. competente, Quanto aos casos de agtio do administrado contra o Poder Pablico 0s problemas que se colocam si le ordem processual: a) quanto A jurisdigio competente, se a administrativa ou a judicial; b) quanto a0 ©) em matéria referente a0 direito comunitério ~ Pagamento indevido por causa do desatendimento de normas comuni- tirias, notadamente as de caréter fiscal, em que se pde a questo de saber, mais uma vez, qual a jurisdigo competente para julgar tais ca- Sos ~ entre outros. A matéria tem sua maior aplicagio, como se vé, no campo do direito fiscal. ‘Umna iltima peculiaridade que se pode langar diz respeito ao trata- ‘mento mais flexivel no tocante aos elementos caracterizadores da agio de repetigaio de indébito que administrativo da em relago a0 ue é dispensado pelo direito civil. No direito civil, por exemplo, para ser caracterizada a agio de repetigdo de indébito 0 pagamento indevi- 17. Franck Moderne, Les Quasi-Contrats... pp. 10-¢ I. [A TEORIA DOS QUASE-CONTRATOS ADMINISTRATIVOS do deve ter sid ft por eo. No dito pilin, po sua ver, ela ‘géncia € pouco observada — 0 que, diga-se de passagem, se justfi- ca, tendo oes Situagho de infeiordade do administrado Beanie ‘a Administragao quando esta efetua sua cobranga. Por vezes, o admi- nistrado, mesmo sabendo que o valor é indevido, efetua o pagamento para se livrar da cobranga do Poder Pablico ¢ dos efeitos danosos que proporciona. Faz isto na esperanga de rever, posteriormente, 0 que con- siderava indevido. 4.2 A gestio de negécios [A gestio de negécios também & modalidade de quase-contrato, prevista como tal pelo Cédigo Civil francés. - _ No fimbito privado, para ser caracterizada a gestio de negécios & necessério o preenchimento das seguintes condigSes: que haja a inter- te de um terceiro, sem mandato, em ne- io; que a a seja justficada; e que 0 proprietério do serido por terceiro esteja get de sen proro negocio Quando isto ocoeo gestr ti reito a perceber indenizagao correspondente a todas as despesa ‘ou necessérias que tiver feito, conforme dispde o art. 1.375 Ee :m. inistrativa a gestio de negécios néo tem acolhimento pectic Boutin juiopadent st relantes em acer no- gio de gestio de negécios no direito piblico. ; ‘A tendéncia tem sido conferir & gestio de negécios regime juridi- co semelhante ao dos casos de entquecimento sem eauss, em que so nferi Bayle io jurisprudencial admi- im processo de absorgio progressiva da ‘mento sem causa” 18, Franck Modeme, Les Quasi-Contras... pp. 23 ¢ 24 1038): "De tt, « aig a Soquen dationetom dno an oectho de sao fact ulgou qi st dapsiges dos at. 1 anata oaplcin qeconcsne ena esi plies Ren if, p.39. 62 OBRIGAGOES DO ESTADO DERIVADAS DE CONTRATOS INVALIDOS A cecusa em aceitarplenamente a adocao da gestio de negécios, ecu £0 ditcto privado, em sede de direito piblico parece sce rattcfonada aos pressupostos necessérios para sua consecucao ner quele ramo do Direito, incom, Isso tem feito a jurisprudéncia ampliar a nog Sem causa, de modo a abarcar situagdes em que a dk negocios, nos temos em que € eonecbida pelo ditto civil wary plicdvel, Sto casos em que, apesar de os pressupostos para targcer zagio da gestio de negécios estarem presentes ¢ semelhante prescrita pelo Cédigo Pagamento do total despendido, e nzo ay Iinistragio ~, o fundamento “gestio de neg pela jurisprudéncia.?> Podem-se destacar duas diferengas principais entre 0 re Bestlo de negécios (pelo menos o que deve se) © odo we mento sem causa. (1) A gestio de negécios supde uma vontade delibas Tana ittervir no negscioalheio 56 provoca obrigagdes a cargo Jo Gone do negécio se a gesto tiver sido itil ou necesstia o enitece, mento sem causa, por seu tumo, pode set a or conta das mais variadas hip6teses, sem que o empobreci ¢gerar espontaneamente o enriquecimento tenha tido a intengao de trem. (2) Outra diferenga tuto provoca: 0 gestor de s despesas considleradas 86 merece 0 reembolso ou necessétias, enquanto 0 empob ite do proveito gerado ao enriquec’ A gestdo de negécios, em m: te vinculada a questo dos “fu nfirios de fato”.™ Ey situagdes como esta © assunto que mais tem ‘ocupado a discussio. Jurisprudencial cor- I: “toute Iévolutionjutispru tamer ie 1, Les Quasl-Con 39, 24. V. George Vedel e Pierre Delvolvé, Droit adm [A TEORIA DOS QUASE-CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 6 responde as conseqiiéncias que resultam da intervencfo de terceiros na execugiio de servigos piiblicos — notadamente a validade dos atos prati- ceados pelo gestor ¢ a conseqiiéncia dos danos por ele causados ~, 20 invés da “gestfio de negécios” propriamente dita, ou seja, da obrigagio de a Administragdo indenizar o gestor. 43 Oa imento sem causa Esta espécie no mereceu uma referéncia express vil francés. Nao obstante, & a que tem apresentado uti ia do Conselho de Estado. iquecimento sem causa ~ como seri visto mais, detidamente em um capitulo especifico ~ € tida por muitos como prin- cipio geral de Direito, Tem base na noglo assente de que ninguém pode ‘enriquecer-se & custa de outro sem que haja, para tanto, uma causa jus ieagio aos entes dotados de sivas, sem falar na possibilidade de inibir a atuagio da A em virtude do temor de softer demandas motivadas por um - mento sem causa, Tais motivos levaram o sistema juridico francés @ lecer condigdes rigidas para sua adogio, que & fruto de evolugio gradual da legislacao ¢ da jurisprudéncia, No plano legislativo Franck Moderne lembra uma antiga lei, de 3- 22 de outubro de 1870, como sendo 0 marco da aplicagao do enrique- cimento sem causa & Administragio. Dispunha a referida lei G40 deve pagar aos cidadaos o preco dos sacrificios que sio fe idade piblica (.); 0s sactificios cujo preco a Nagio deve pagar so aqueles que nascem das perdas suportadas em defesa da patria ou des- ‘pesas que slo feitas para lhe propotcionar uma vantagem real ¢ com- provada”.26 25. Sobre esta modalidade especifica de quase-contrato, veja-se Gabriel Bay- Cause en Droit Administra. 1ve en défendant la patie ot intage rée et constat6™, 64 ObRIGAGOES DO ESTADO DERIVADAS DE CONTRATOS INVALIDOS Em relagio ds obras rabalhos) piblicas a nogao de enriquecimen- to sem causa comegou a tomar corpo a partir da Lei de 28 Pluvioso do ano VII (em ‘que contribuiu fortemente para firmar a idéia de st juecer impunemente & custa 0 teria contribui ostas aos Municipios em idas e suportadas por seus igdes {tempos de guerra ¢ que, de fato, foram as habitantes.”” E nesse campo das obras piiblicas — ainda segundo Moderne ~ que © principio geral do enriquecimento sem eausa & acolhido sem restri- ‘Ges e tem seu campo mais amplo de aplicagdo. Em outras matérias as solugdes adotadas pelo Conselho de Estado ‘no aplicam o enriquecimento sem causa de maneira ex; dade, “o Conselho de Estado ndo tem elaborado uma ve do enriquecimento sem causa. Ele tem preferid nogdes de gestio de negécios, de repetigdo de indébito ou de enrique- Cimento injusto os elementos que 0 conduzem, 20 prego de um certo ‘amélgama, a impor novas obrigagSes & Administragio”* A falta de sistematizagdo gera equivoco no uso tna expressio “enriquecimento sem causa” serve para de idades diferentes. Nu débito, da gestdo de negécios e de uma outra espécie de quase-co tos ( dai surge a ambigiiidade) que carrega o mesmo nome do pi pio que a fundamenta: “entiquecimento sem causa”, ito como um todo, servindo de fundamento para as obrigagdes surgidas pelo que se denomina de “quase-contratos” -quase-contrato administrative — designando uma série de fatos juridicos que geram obrigagdes a Administragio e gue detém um regime juridico préprio em relagio as demais espécies de quase-contratos (a repetigdo de indébito e a gestio de negécios) —, 21, Franck Modeme, Les Quasi-Contrats... pp. 37 € 38, [A TEORIA DOS QUASE-CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 65 sendo necessiria a anilise do caso em que esta sendo aplicado, para que se identifique a acepedo que quer designar. Este tépico tratara do “enriquecimento sem causa espécie de quase-contrato do direito administrativo francés, deixando-se a anise do principio “enriquecimento sem causa”, como ja se disse, para capi- tulo apartado. 43.1 As condigées do enriquecimento sem causa Para que se proponha uma agio especificamente baseada no enti- ‘quecimento sem causa (como espécie de quase-contrato) & necessério ‘que se perfagam algumas condigdes. Os autores divengem quanto & for- ‘ma de sistematizagao que deve ser dada a essas condigdes. Chapus entende que, nestes casos, & indenizagao é reco- nhecido pela combinagao de duas condigdes: (1) que 0 executor ou for- necedor nao tenha dado causa (por ao seu préprio empobreci- mento ¢ (2) que a prestagdo tenha sido itil & pessoa piiblica.®” 3a que Se promova um: ento sem causa (actio cia de justa causa (para 0 enriquecimento auferido), (5) a auséncia de outras agdes a disposigdo do autor. “Moderne,” seguindo concludes dos comissérios do governo Heu- ‘man ¢ Galmot acerca das condigses da ago de in rem verso, propoe ua sistematizagio da matéria abrangente, e que seta aqui adotada com © intuito de se dar um panorama geral a respeito do tema. A classificagdo funda-se na distingo entre condigdes materiais € condigdes juridicas. 43.1.1 As condigdes materiais — As condiges materiais para que se caracterize 0 enriquecimento sem causa dizem respeito a transferén- dae, und for at do pil ne ea denomnag probit doevigscimeno ses cast desta form eta £24 searandow nor (principio) do to que dl ensej ta inedeni (ent uecineto sem case proprament 6), 29, Para evitar a 1.036, (OBRIGAODES DO ESTADO DERIVADAS DE CONTRATOS INVALIDOS cia de valores entre os pati das pessoas envolvidas. Sio elas 'o do demandado, (b) o empobrecimento do propo- | relata a0 enriquec iquecimento”, 0 Conselho de Estado tem emprega- semelhante (condigio da agio de in rem verso), 0 ter- lém das expressées “prove imével nao pertencente a A digo da ago de in rem verso 0 en Jé houve decisio que refer gues, endo que os alimentos ern perenancss a cones que, no momento, com a guerra, também estava ausente. No que a Prefeitura houvera se enriquecido pa- jenfos, uma vez que a popu io da nogao de enriqueci- saltar 0 papel que nro do enriquecimento em causa £ possivel afirmar-se, todavi it todavia, que a inclusdo deste elemento ‘obedece a uma légica. Tem por fim estabelecer um limite a A TEORIA DOS QUASE-CONTRATOS ADMINISTRATIVOS o denizagio a ser paga a0 proponente. A categorizagao dos c esta condigao se faga presente, todavia, mostra-se invisvel, dda maneira com que a matéria €tratada pela jurisprudénei nto do demandado tem-se 0 empobrecimento do titular da ago de in rem verso. O empobrecimento também pode set material ou moral. O empo- i pode ser exemplificado pela perda de tempo, a fadi- ‘Administragio rigada a indenizar as despesas foram efetuadas ou das partes realmente subtraidas do patriménio do empobrecido. Isto é: para que haja indenizacio deve existir empobreci ceito de dificil ap Mais uma ver, aq indenizagio devid: Donde parece possivel conc! gada a indenizar se — e somente se — houver simultaneamente seu enti- quecimento © empobrecimento do proponente da agdo. Se aquele for maior do que este, a indenizagao deverd corresponder empobrecime do maior que 0 enriqueci apenas 0 valor do enti ©) A correlagio entre 0 enriquecimento ¢ 0 empobrecimento: 6 ne- cessério que haja uma correlagio entre o enriquecimento e o empobre- cimento. No se trata propriamente de uma relagdo de causa € eftito (se centre 0 empobrecimento ¢ 0 enriquecimento, mas de ie de relagdo (denominada por Modeme de correla- elementos devem ser encontrados como dt iquecimento do Poder Piblico e o empobrecimento de um particular, donde estes elementos estarem correlacionados pela causa comum: 0 fato “2” Esta correlagio pode ser direta ou indireta. Seré direta quando a transferéncia ocorrer sem intermedifrios (diretame triménio do empobrecido para o do Poder Piiblico. A correlagdo é indireta quan- 68 —_OBRIGAGOES Do ESTADO DERIVADAS DE CONTRATOS INVALIDOS: 0 0 patriménio de um terceiro se interpée entre 0 do empobrecido e 0 , como ocorre, por exemplo, no caso de empreiteira que tenha realizado obras em imével da Administrago que estivesse comportamento culposo. Jé duzir um elemento de eq "as — As condigSes juridicas de um qua- ‘mento sem causa tisfeitas quando no forem encontradas “causas”™ que legitimem 0 e1 obrecimento necessirios para a consecugao da auséncia de culpa como con to que tem sua origem Questionamento interessante colocado pela doutrina & 0 de se qualquer impedir 0 act ao do emiqueeinento uc eo, Ot, sin da, se no caso de culpa concorrente (culpa do empobrecido e também do Poder Piblico enriquecido) a solugdo continuaria sendo a mesma ~ 8) Causas do enriquecimento: & considerada causa legitimadora imento a existéncia de um contrato ou de uma obrigagao ou regulamento, do enriqueci estipulada por contomado através dos meios proprios desta relagao, como a teora da at 0 empobrecimento ocorre quando 0 -on6mico-financeiro (no © ato em proveito préprio, ou munido de 10 que com isso tenha gerado um enriqueci- ‘mento de terceiro. A intenc30 do empobrecido ao praticar 0 ato é a ‘causa que impede o recurso & ago de in rem verso. legal ou regulamentar que deter- ‘o patrimonial também se tem por impedida a postu- de enriquecimento sem causa. A causa do enrique- cimento serd justament. regulamento, E dada como exemplo a legislagio francesa sobre reparagiio dos prejuizos de guerra, que ensejaria a dde uma demanda de in rem 4.3.2 A questo do “assentimento” da Administragdo Quase-contratos € 3s niio se confuundem — a essa altura isto verso para ober indenzagio por tis Pulses tone 5 € claro. Entetanto, no se pode negar devetia ser aplicadn a lei espect 4b) Causas do empobrecimento: também sio duas as causas do em- mp obrecimento que podem i980 de in rem verso: a culpa do eee eae cae empobrecido e seu inte comparativo que tem um A culpa do empobrecido & para obstaculizar a ago de en- Tiquecimento sem causa tanto no direito privado quanto no direito pi blico. A regra geral determina que quando o empobrecimento tiver sri. ‘gem num comportamento culposo do empobrecido nio cabers a inter. osigdo de uma ago de in rem verso, esa a nogio de “assentiment , numa clara aluso a0 de “consentimento”, p dos contratos. Para que seja caracterizado o enriquecimento sem causa do Poder Pablico & “assentimento” para que 0 ia do quase-contrato. E, obviamente, nogdo bem mais ampla do que a de “consentimen- to” tipica dos contratos. Seria ~ como diz Moderne ~ um “quase-con- 2", elencado como condigio necesséria para a caracterizaglo to Este assentimento da Adi ras: com a ordem de iniciar os inistracdo manifesta-se de varias manei- hos ou comecar o fornecimento de 70 OURIGACOES DO ESTADO DERIVADAS DE CONTRATOS INVALIDOS determinada mercadoria; a simples tolerdineia na realizagiio de certa ati- vvidade da qual tira proveito; quando a prestagio for realizada em eum- rimento a contrato que veio a ser anulado etc, Por outro lado, caso haja uma manifestagio da Admit sentido de alertar o proponente da ago dos tiscos © que sua restagdo softe de nio ser considerada apta para um ressarcimento, a indenizagao é considerada inc A nogiio de “assentiment ‘Administra- sem causa das prestagdes de uma pessoa privada. O © assentimento, descoberto nos quase-co ropriamente dito, nio é, , com certeza foi buscado cdo onipresente num Estado centraliza XIX e XX nio poderia admi sem Seu consentimento ou contra sua vontade. As ‘lo de assentimento é, i igdo e eliminar a pecha de arbitrariedade juris- da debilidade teérica da incorporagio do enri- quecimento sem causa a categoria mal-definida ¢ pouco homogénea contratos, é neces ir em consideracéo sua fungio ins- é jores da Administragao a respeito excessos do juiiz administrative” >* 34. En este contexto, ls intxpret ner el acento sobre la nocién de la sospecha de arbi a de Ia ineorporacién del ‘A TEORIA DOS QUASE-CONTRATOS APMINISTRATIVOS n 4.3.3. Aplicagdes préticas do enriquecimento sem causa Os quase-contratos de enriquecimento sem causa tém sua maior aplicagio para os casos em que as obrigagées imputdveis & Adminis- {ragio deveriam ser contratuais mas que, por uma razio ou outra, niio podem ser assim consideradas. Fundada no enriquecimento sem causa, a jurisprudéncia adminis- trativa francesa tem concedi i iz contrato ser celebrado, (2) em virtude de contrato nulo, (3) apés 0 ter~ qualquer contrato (nem preparago para que \ém do contratado (8 margem do contratado). Franck Moderne™ separa em dois grandes grupos as situagdes corridas com maior freqiiéncia: aquelas em que o contrato néo foi va- lidamente concluido os casos em que a prestaglo executada vai além do quadro contratualmente estabelecido. 4.3.3.1 Casos em que 0 contra luido — Incluem-se nesta classe 0 favor da tragio em virtude de assinado tenha sido aprovado (b), anulado 8) Auséncia de assinatura no contrato: varias sio as causas que podem fazer com que um contrato administrativo deixe de ser asi do. Pode ser que falte a autorizagdo prévin da assembléia loca qual nfo pode ser assinado 0 contrato; pode ser que, mesmo lo 4 autorizagdo da assembléia local, esteja ausente a aprovagio da auto- ridade de tutela (nos casos em que haja esta exigéncia) — entre outras razies, ‘Nio é exigivel daquele que seria potenci nhecimento das miudezas do procedimento adi natura de um contrato, quanto mais se houver inistragio — condigio do quase-contrato — para as suas prestagSes. Nesta hip6tese € perfeitamente plausivel que este tenha direito a perce- ber uma indenizagdo pelas prestagdes ites ja realizadas, lente con- tuadas em ontrato” que nifo tenha sido |a categoria mal-efinida e poco homogénea de los cuasi-contratos, ex necesatio ‘subrayar su funciGn instrumental, que ela de su ‘racién deudora respecto a eventuales excesos del juez a quecimiento Infusto.. p. XIV). 35. Les Quasi-Contrats.., pp. 68-109, 72 ObRIGACOES DO-ESTADO DERIVADAS DE-CONTRATOS INVALIDOS Casas de contrato no aprovado: esta hipétese se fazia presen- te até o surgimento da lei de descentralizagio, de 2 de margo de 1982, que suprimiu a tutela a priori & qual eram submetidos os contratos ce. lebrados pelas coletividades locais. Hé, entretanto, um interesse hi rico na sua lembranga, acrescido do rico tratamento jurisprudencial que foi dado & materia, tia que a autoridade administrativa, com compe- ispusesse discricionariamente sobre o contrato cele- brado pela coletividade local, podendo aprovi-lo ou nd. Nio & preciso di dimero de casos em que contratos jé executados (parcial 0 idos por urna ejeigao e, conseqiient leixaram de produzir efeitos contratuais ~restando enquadrar particulares “ex-contra ©) Casos de contrato anulado: trata-se de hip6tese semelhante & precedente, s6 que, agora, o motivo para a reirada do contrato do mune do juridico & outro: sua ilegal fa que, mesmo apés um contrato ter sido perfe executado (tendo produzido todos os ef realizar as prestagSes, s6 que sem o respaldo contratual. ‘Também nesses casos surge uma obrigagio quase-contratual para indenizar o particular e evitar enriquecimento sem causa da tragio. Questio das mais interessantes — © que é possivel ser colocada ‘para a maioria das hipéteses acima descritas ~ diz respeito a saber se 0 ‘enriquecimento sem causa encampa as despesas realizadas com proje- tos, estudos prévios ~ enfim, preparativos em geral -, para a execugao de um contrato que nio foi validamente concluido. A solugo parece estar em saber se estes preparatives so aproveiti- veis ou nio d Administracio, se séo prestagdes tteis ou nao (v. as condi- 96es materiais da ago de in rem verso). Caso as prestagbes nilo sejam consideradas iteis, é vedado 0 uso especifico da agio de in rem verso — Posto que nfo fica caracterizada a existéncia de um quase-contrato, Mas ‘sto nfo afasta por completo uma possibilidade de indenizagao, pois ain- dda € possivel que a Administragao seja responsabilizada pelo dano com- provadamente causado, desde que se perfagam as condigdes para esta esponsabilizagio (responsabilidade extracontratual do Estado)* 36. V. Modeme (Les Quasi-Contrats... pp. 70.¢ 74), que dé mostras de ado- tar estates. __ tenham relago com o objeto previamente estabeleci [ATTEORIA DOS QUASE-CONTRATOS ADMINISTRATIVOS. B tado tenha excedido 0 quadro con- 43.3.2 Casas em que 0 cor de ser que, mesmo havendo con- sratual previamente estipulado contratado, de prestagSes al dando ensejo a uma obriga ‘com base no enriquecimento sem causa. Duas situagées se colocam: (1) a dos trabalhos a cargo da contratante, (2) a dos tra- balhos realizados além do contratado, mas que guardam relago com 0 objeto contratual Para a pr negar a inde! ges sem qual ipulado cor do o prego prévio estabelecido, hi de se supor — nizagio? Diante de determinados casos concretos, todavia, a negativa nio é tio ffeil de ser extraida. Por vezes a Adi dda prestagao executada além do contrs calizat a obra, participando, inclusive, servigo, fato que caracterizaria seu “assentimento” para a realizagio da Prestagio. Nao obstante essas circunstincias, ela, por vezes, quer ver Iantidas as previsdes referentes ao pagamento, sem computar 0 traba- Iho a mais realizado pelo contratado. Quando os trabalhos sdo realizados ¢ guardam relago com o ob- jeto contratual (so os chamados trabalhos suplementares) o problema ‘io € menos controvertido, principalmente nos contratos de empreitada. A primeira dificuldade jé se pie em saber o que sejam trabalhos suplementares, mais especificamente sua diferenga em relago aqueles ‘tabalhos desenvolvidos em virtude de fatos imprevistos (que compor- juridico proprio). Diferenga importante parte da circunstincia de os trabalhos suple- ‘mentares serem considerados titeis ou indispensaveis; fato que também. ‘muda o regime juridico imputado. A diferenga diz respeito principal- ‘mente a0 preenchimento das condigSes para caracterizago do quase- ‘contrato (0s apenas iteis ensejam maiores exigéncias, como a existén- cia de uma ordem de servigo, por exemplo). ia francesa tem proferido decisdes sobre @ metéria, de ser sistematizadas. Deste modo, torna-se prati- camente impossivel dizer quais 08 casos em que é cabivel uma indeni- Zagio e quais aqueles em que ela nfo & devida. o dever de fis- expedigao de ordens de Po eee oe ee 7A OBRIGAGOESDO ESTADO DERIVADAS DE CONTRATOS INVALIDOS, A utilizago de conceitos vagos e indeterminados & uma constan- te, o que reforga a afirmagio de que as solugdes s6 sdo possiveis diante do caso concreto, Aprofundar mais a anélise destes casos foge as pre- tensdes do presente trabalho. | 44° Resumo dos quase-contratos no direito francés Repetigio de indébito, gestio de negécios, enriquecimento sem ‘causa — nfo € fécil a sistematizagao destes insttutos, que tém servido a jurisprudéncia francesa para a imputacio de obrigagdes & Administra- io em virtude de prestagdes que Ihe so realizadas, fora a repetigio de regime juridico mais determinado comparando-se com os demai racterizagio de tra-se bastante di levancia pritca e mesmo tedrica-, tem sido neira ambigua, sem se saber a0 certo 0 porqué de sua aso. Vé-se clara, todavia, a intengao de, através des io entre o patriménio do particular ¢ o do Poder 0 em relagées que nfo estejam salvaguardadas expressamente sgulamento ou contrato, Este fim, todavia, vem sendo buscado com muita cautela pela j risprudéncia francesa. Ao contrério do que possa parecer numa p ra vista, os quase-contratos, mais do que estabelecer vantagens aos ad- rinistrados, buscam preservar 0 patrimdnio piblico de indenizagdes escorchantes; dos eventuais abusos que a idéia proporcionaria, # facil perceber esta tendéncia pelo receio em se adotar o regime da gestio de negécios ou, ainda mais fortemente, com as nogées de “prestagdo ttl” e “empobrecimento real”, trazidas no bojo do enrique- cimento sem causa com a finalidade tinica de limitar 0 valor da zagio a ser paga ao particul da nogio de “assentimento”, tam- bbéin forjada com o intuito de evitar abusos. 5. Os quase-contratos administrativos noutros sistemas. Breve panorama Como j& foi salientado, nfo hé outro sistema juridico em que a teoria dos quase-contratos administrativos tenha ganho tamanha aten-

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