LINDA M. HEYWOODy
Capt reservados 8
direitos desta edicao
Tao of ceo aor Py eda)
strap de ipa 3
eTocador de berimbau ‘Jean-Baptiste Debret, 1826.
ete alrerado de
Montage de capa iagramasse
Gustavo S. ‘Vilas Boas
Revisto da sraduciio:
Mirna Gleich
Reviebo de prove
Daniela Marini Iwamoto
Catalogagio na Publicasio (ct#)
Dados Intemacionas de
(Camara Brasileira do is 0, Brasil
Didspora n* po Brasil / Linda M. Hi
tad Teadusdo Ingrid de Caso Vompean Fregone
“Tals Canina Cason, Vera iia Fjenedito).— 2. ed 1*reimpressio —
So Paulo : Contexto, 2013.
“Tiel orginal: Cental Afticans and Caleural
‘Transformations inthe American Diaspora
‘Virios colaboradores
Bibliograia
ISBN 978-85-7244-3944
1. Aca Central ~ Civilizacdo 2. Aficanos = Brasil - Assimilagio
url 3. Afcaos~ Bras —Hentidade ica 4, Brasil - Civilizagio ~
Trfuéncias afticanas 5. Didspor africana 6. Escr ida0 — Aspectos
aaa dia. 7. Tico ~ Ecravos ~ Brasil ~ Hinéra 1. Heywood,
Linda M.
1351
Tadices para catdlogo sistemitico:
1. Brasil: Trfico de esravos africanos : Histéria 981
Eprrora ConTEXTO
Diretor editorial: Jaime Pinsky
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Proil
1 reprodugio total ou parcial.
____Os infratoressetéo processados na forma da Iei_—
Os infratores serio processados na forma dale.escravizados
Africa Central durante aera do comérciode
no momento certo € nas circunstancias certas poderiam fazer uso efetivo de
eriéncias de suas vidas anteriores, Este texto, por conseguinte, parte do que
os estudiosos agora sabem, ou deduzem, sobre os padrées demogréficos do
comércio do Atlantico de escravos, para identificar tais grupos -vidveis de centro-
africanos que chegaram as Américas. Depois retorna a Africa para concluir por
inferéncia os tipos dedistingées ld existentes que eles poderiam terreconhecidoe
oquateriamsebascado, Leraem consideracao, sempre que posstvel,ascriagGes
continuas de novas identidades coletivas na Africa, que refletiram as profundas
transformagées decorrentes: das tenses pessoais esociais provocadas pelocontato
com o mundo comercial do ‘Atlantico, os traumas resultantes da escravidio ¢ as
estratégias radicais que os bem-sucedidos adotaram para sobreviver. Deixa para
as outras contribuigdes deste volume a elucidagao de determinados contextos
americanos que levaram a recorrer a recursos especificos da Africa Central.
O QUE NOS SABEMOS SOBRE AQUELES
QUE VIERAM DA AFRICA CENTRAL
[Asestatisticas agregadas do coméicio atlintico fornecem a base demogréfica
para se tentar entender 0 componente centro-africano das esrarégias culeurais
Hosescravizados nas Américasao indicar de que parte da costalitorinea, quandoe
como muitas pessoas embarcaram nos navios como escravizados onde, no Novo
Mundo, ossobreviventes foram vendidoseestabelecidos.* Resumindodemaneira
7 fan depontvel no Banco de Dados de Harvard de 27.233 viagens David Ets, David Richardson, Stephen
D Behrend and FlerbertS. Klein, eds, The Aslantic Slave Tade:A Database on CD-ROM Set and Guidebook
(New York Cambridge Universi Press, 1999). Infeizmente, para o propésto dese texto, o banco de dados
menos completo para 0 comércio portugues ¢ brasileiro antes do século xvin. E mais abrangente, mat
feequentemente impreciso, para 0 comércio francés e brtinico nas costas ‘da Africa Central, Para uma avaliagio
Prliminar desasimitages va meu artigo Slevin rom “West-Central Africa! Before 1830 and the Harvard
Dasa —A Cautionary Tal. Argo priming nio publicado, Conference on Transatlantic Slaving and
te Aan Diaspor Using the WEB. DuBois Iau Dataset of Slaving Voyages: Omohundeo Institute
i ly American History and Culture, Williamsburg VA, 11 a 13 de setembro de 1998. A propésito deste
‘soso Apindc 1 teproduo de uma bela indicande ‘ordens de magnitude, como clas me pareciam
1985, mers relatos x exporaco, dads poe década, calculados a partir de estudos quantitativos
dion eandos em conta as viens geogrfias de ecravzados ards ddos tempos. Todos esses dados
talsm, mas nfo atram fandamenaimen, The Aaa Save Trade: A Census, de Philip D. Curtin
sn Unive of Wisconsin Pres, 1969). Agradegp 2 profesor David Elks por rever a apresentagio
2 Gainimros pr indus nels eu trabalho ata sind do publica,
[mont abrangent dese omc pode ser via cm Nana HU, The volume ofthe early Atlantic
lc, 1450-1521", Journal of Afican History, 38:1 (1997): 31-75.
31J
vendita devidoaesintresiesrelatvas ts ainaSUEOUrOarepioAlanl py
frequentemente através da ilha equatorial de :
paravam para se reabastecer ¢ descansar; dali, uma minoria pode ter se ji
a0 fluxo de cativos do Alto Guiné que ia para Lisboa e Sevilh,
Peninsula Ibéricaalgunsse viram enviados pelo Atlanti
onde Iideres guerreitos ngola
se rornavam cada vez mais poderosos entre os agricultores que viviam naquela
tegido ¢ vendiam seus cativos para os comerciantes tomistas ao longo do baixo
io Cuanza. Presumivelmente, uma proporcéo crescente de centto-africanos
levados para Sdo Tomé veio dessas regides e das provincias adjacentes do sul
do Congo, durante as décadas de 1540 e 1550.7 Eles atrafram os interesses
Destinos estio especificados em referencia aos lugares onde
Pelos europeus ou outros africans, e nao levam em consid
‘So Tomé é descrita em Robert Garfield, A History of io
: Mellon, 1992). Embora, por precaugio no que
ver Jan Vansiana, “Quilombos on S. Tome, orin Search
Oca Sources", History 53-59. 183-204, Em
ein K Thornton, “Early Kongo-porruguese Relat ins, 1483-1975", History in Africa, 8 (1981):183-204.
telasdo ao Congo, veja a famosa Bbjeg> do rei Afonso aos crescentes problemas causados pela coe
sscontrolada em seus dominios no ineie da década de 1520, Para uma referencia acessivel, vet lad =
‘Thornton, Africa and Africans in the Making of the Atlantic World, 1500-1680, 2: ed. ampliada (New York
Cambridge University Press, 1998), p. 109, i bo,
Em 1535, rermo para campo de exravizalos refugiados nas drcas selvagens e indspitas dailha era mocam a
Palavra evidentemente origindsia de uimbundu; Isabel de Castro Henriques, “Formas de organizacio
intervengio dos afican
d 4 ional de Historia
: Sogn Ss Tomé nos séculs xv e xv, em Actas do 1 Colbquio Internacional.
de Madeira (Funchal, 1990), p. 811,
32Atica Central durante aera do comérciodeeseravizados
__hiren cena crt demise de
do governo portugués na drea, durante a década de 1560, levando a contatos
diplomaticos com os entéo reis dominantes ngola a kiluanje ¢ 20 estabeleci-
mento, em 1575, das bases militares portuguesas na ilha de Luanda (Sao Paulo
g’Assungao de Luanda), logo ao norte da foz do rio.*
Embora no existam estimativas quantitativas para apoiar as conclusdes
que parecem dbvias neste contexto, o ntimero de “angolas” que se juntaram
as geragoes mais velhas provenientes de Benin e do Congo, em Sao Tomé,
certamente aumentou 0 de cativos para varios milhares em alguns anos.
Somente uns poucos teriam continuado viagem para Portugal e Espana ¢ as
coldnias americanas de ambas as nacGes curopeias, entre outros africanos do
‘Alto Guiné. (Veja figura 1.1).
Durante os turbulentos anos de 1570, revoltas em Sao. Tomé interromperam
o comércio ea produgio de acticar na ilha. Em consequéncia, a presenga militar
metropolitana, 2o longo do baixo Cuanza, comecou a desviar uma proporgao cada
vyex maior de cativos, adquiridos depois de 1580, para as colénias espanholas na
‘América, na medida em que a nascente colénia tornou-se objeto da unificagao
das coroas de Portugal e Espanha (1580-1640). Como seca aumentou as afligbes
dos povos que viviam nas colinas acima do Cuanza, nos anos de 1580, as “guerras
angolanas” que se espalhavam apoiadas no desejo de expansio dos ngola a kiluanje
nas crescentes intrusées das forgas militares portuguesas baseadas em Luanda
alcangaram proporgoes grandemente destrutivas.’
Negociantes estabelecidos em Portugal, como stiditos da coroa espanhola,
obtiveram licengas para envid-los como escravos para as Antilhas sob 0 asiento
(dominio) espanhol, explorando ainda mais a agonia ao longo do Cuanza para
comprar até 10 mil centro-afticanos por ano, ki pelo inicio da década de 1590."°
T [im revsio recente desta documentagio, embora sem muita énfase na escravidio, pode ser vista em Ilidio do
‘Amaral, O rina do Congo, Mun ou Abn) wine de Ngo (ou de Angee) presence portuguese
tefinais do sdeulo xv a meados do séeulo X01 (Lisboa: Instituto de Investigagio Cientifica Tropical, 1996).
[Nio tentaci me seferr sistematicamente d literatura a respeito de eventos em Angola; um resumo da minha
abordagem perl (jé obsoleco) pode ser encontrado em “The paradox of impoverishment in the Atlantic zone”,
em David Birmingham e Phylllis Martin, eds., History of Central Africa (London: Longmans, 1983), Vol. 1,
Pp. 118-59; a sintse atual de John Thorncon é “Angola, 1400-1800", em Marila dos Santos Lopes, ed.» O
Imptrie fican (Lisbou Edicoral stamps, n0 pro). (Nowa histéria da expansio portuguesa, vol 9, dis. Joe!
Sermo € AH. de Olvera Marques, brevementresumido como “Kongo-Angola Regions: History”, em John
idletown, ed. Encyclopedia of Afice South ofthe Sahara (New York: Scribner, 1997), ol 2, pp. 472-474),
também, e muito importante, é Beatrix Heintae, Studien zur Geschichte Angolas im 16. und 17. Jabbundert
in Lecuch (Kl: Ries Kopp Vera, 1990) que apresenta0 resultado de numerosos estudos publicados
9» De nmmnente ex alemio, frances, inglés ¢ portugués.
De acondo com o Banco de Dados de Harvard 15 resins bbem-sucedidas da Aftica Central, na década de
90, foram registadas, 30 na de 1600, 47 na de 1610, 27 na de 1620, 21 na de 1630, e nenhuma na de
1640; presumi ih
): presumidamente 0 declinio apéso inicio do século xv complementacresc és jstrados)
usage ese mc ae ace ST
33ai
igor neBes ——————————
ro comércio portugues de escravizados (1510-1560).
Parao
Caribe
34
GIP 20 .
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Figura 1.1, O primei
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ons
GOLFO, 's
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Brasil,
e
Rio Zaire
SdoTomé
Ano Bom @)
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‘| Rio Bengo
Q
a
ye
Do Brasil
e da EuropaAfrica Central durante a era do comércio de escravizados
Os exportadores conseguiam adquirir refugiados capturados a precos tao baixos
que lhesera possivel tolerar osaltos indices de mortalidade inevitdveis, decorrentes
do proceso deempregarestratégias maritimas para carregar grandequantidadede
pessoas na prolongada travessia transatléntica, desde a Africa Central, passando
pelasperigosas calmarias equatoriais, até portos caribenhos da América espanhola,
Cartagena e Vera Cruz.
A principio, a extensdo desses novos mercados transatlanticos perdiam em
une Pi
primazia apenas para as plantagSes de cana emergentes nas capitanias da Bahia e
Pernambuco no nordeste brasileiro. Os agentes bem conectados e estabelecidos
em Lisboa, que cuidavam do asiento espanhol, compravam centro-afticanos
em Luanda ¢ os vendiam em troca de pesos de prata nas cidades da América
espanhola ¢ em outras no rio da Prata, na rota dos centros administrativos das
minas de prata dos Andes, em Lima."
Outros negociantes, geralmente de origem sefardita’ e conectados aos
financiadores holandeses, por trés do negécio do agticar brasileiro, teriam
herdado 0 papel dos tomistas como intrusos nesse comércio regulamentado
pelo governo. Entre os anos de 1580 ¢ 1630, procuraram abrir novos contatos
de comércio em locais distantes do controle burocratico, que os exclufa dos
postos governamentais em Luanda. Estes parecem ter examinado a foz de rios
¢ bafas, a0 longo das costas ao sul do Cuanza, ¢, provavelmente, introduziram
uma terceira drea provedora de centro-africanos, estabelecendo contratos com
fornecedores que exploravam conffitos locais entre os povos abaixo das escarpas
que levavam ao populoso ¢ macigo planalto montanhoso, dentro das grandes
curvas dos rios Cuanza e Cunene."?
Menos da metade de 8 mil a 10 mil cativos enviados a cada ano de toda a costa
ao sul da foz do rio Zaire alcangou o nordeste brasileiro.'? Raciocinando a partir
= "Nota da Tradugio (N-T): De origem judaica europeia, principalmente da Peninsula Ibérica.
1 Bumebaseio nasestimativas genéricas efetuadas por David Elts, Stephen D. Behrendt, e David Richardson, “The
‘volume of the transatlantic slave trade:a reassessment with particular referenceto the portuguese Contribution’,
artigo nao publicado, Conference on Rethinking the African Dispora: The Making of a Black Atlantic Worldin
the Bight of Benin and Brazil; Emoroy University, Atlanta, 17-18 abril de 1998, Para um levantamento recente
do comércio de Angola em portugués veja Joao Medina ¢ Isabel Castro Henriques, eds. A rota dos Exeravos:
“Angola ea Rede do Comércio Negreiro (Lisboa: Cegia, e Luanda: Ministério da Cultura [Angola), 1996).
® Joseph C. Miller, “Angola central e sul por volta de 1840", Extudes Affo-Asidtcos (Centro de Estudos Afro-
sitios, Rio de Janeiro), 32 (1997): 7-54.
Geralmente para a Bahia (embora a estruturadistinta da escravidao em Pernambuco seja pouco represenada
‘na literatura); Seuare B. Schwartz, Sugar Plantations in the Formation of Brazilian Society: Bahia, 1550-1835
(New York: Cambridge University Pres, 1986), caps. 2 e 3; 0s comentirios consolidados sobre 0 tréfico de
cescravizados neste belo estudo extio nas piginas 339 e seguintes, mas eles nfo parecem totalmente consistentes:
“os niimeros [para o comércio portugués como um todo] entre 1580 ¢ 1600 provavelmenteexcederam 2 mil ao
ano”, mas “nas iltimas décadas do século xv1, entre 10 mil e 15 mil escravos provenientes da Guiné, Congo,
Angola desembarcaram anualmente no Brasil
357
Diaspora negra no ="
desse contexto econémico e politico, pode-se chegar & conclusio dequea primeira
geragao de centro-aficanos extabelecidos no Nordeste veo, primeiramente, dss
aon costeias ao Sul do rio Cuanza, juntamente com poucas pessoas do interior
Je Luanda ou da érea do baixo rio Zaire. Elas teriam se juntado aos amerindios
ccravizadoseoutroscativos da Africa Ocidental numa populacio trabalhadorade
origens bastante diversas. Os centro-africanos, portanto, dominaram a populagso
aes inical das Américas no comego do século xv1t, com ntimeros aproximada-
mente iuaisnascidadesespanholas enas plantagées de cana-de-agticarno Brasil"
‘Osholandeses definitivamente interromperam esses fluxosiniciais do século
xv de centro-africanos durante a década de 1640, ao acrescentarem Luanda e
outros portos africanos de dominio portugues nas primeiras invas6es da maio-
ia do Nordeste brasileiro. Essa ocupacio holandesa, das conexGes escravistas
portuguesas no Atlintico Sul, coincidiu com o fim do acesso dos negociantes
portugueses: aos mercados espanhdis em virtude da unio das duas coroasibéricas,
a expansio inicial da producao de agticar nas Américas incluindo 0 Caribe ea
entrada dos ingleses no processo sistematico de escravatura ao longo das costas
ocidentaisda Africa." As forcas portuguesas das regides no conquistadas em volta
dabafada Guanabara, no Sudeste do Brasil, expulsaram os holandeses de Luanda
em 1648 ¢ permaneceram nesse local para promover escravidao intermitente
ao longo das costas sulinas da Africa Central, na foz do rio Cuanza, nos anos de
1660, Gradualmente, consolidaram esse comércio nessa regido numa colénia
de nome Benguela, na baia das Vacas, anteriormente conhecida pelas “vacas”
encontradas pastando nas margens do rio. Nos anos de 1670, passaram a enviar
grupos de cacadores até 0 planalto populoso e obtiveram apoio governamental
num posto militar estabelecido mais ao interior, em Caconda."
Namedidaem que os interesses dos fazendeiros de Pernambuco se tornaram
0 motivo mais importante em restabelecer a presenga comercial portuguesa
em Luanda, nos anos de 1650 ¢ 1660," os centro-africanos da area de Cuanza,
* Bentreo pequeno nlimero de africanos que alcangaram Chesapeake nos mesmos anos; John K. Thornton, “The
African experience of the ‘20. and odd Negroes’ arriving in Virginia in 1619", William and Mary Quarterly,
55:3 (1998): 421-434, elaborado sobre as evidéncias encontradas por Engel Sluiter, “New light on the ‘20
yy ind odd Negroes’ arriving in Virginia, August 1619”, William and Mary Quarterly, 54: 2 (1997): 396-98.
Para o inicio do comércio inglés de escravizados, David Eltis, “The volume and African origins ofthe British
slave trade before 1714", Cahier dudes afticaines, 35, 2-3 ( n. 138-139) (1995): 617-627; e “The British
{amsalancic save trade before 1714: anmual estimates of volume and direction”, em Robert 1 Paquette ¢
ss 5) i er ie Se he ee gn Cpr
b )» PP. a tise of mn i imericas: ‘in Comparative
5 Perspective (New York: Cambridge akc oe 190m) eh apes a
& Miles, “Angola central el por vola de 1840". Ps
Os axbumentos ¢ evidéncias que apoiam este ¢ os subsequentes padrdes de comércio esbocados aqui podem
peed Miles, Way of Daath complementados por argumentos desenvolvidos em “Slaving from
366861) 1 ox sa0995 pn
‘Sus omonemnag por ee
(esd
sipusonyary amp ur
AFRICA
‘COSTADA COSTA
— ALTA GUINE AMINA
LOANGO
MARANHAO
PERNAMBUCO
BRASIL
MINAS
GERAIS
Rio de
Janeiro
°
S80 Paulo
OCEANO
ATLANTICO
Cabo da
Boa Esperanga
Rio Grande do SulDitspora negra no Bra’
de 1660 1690, vieram aportar no Brasil, amaioria
excravizaose a a ene na Bahia."* Aqueles enviados des
em ees Cuanza inclufam uma proporgio cada vez maior de povos
regioes es alto planalto que teriam se juntado as populagdes antigas de nativos
crs eg escravizados no Sudeste do Brasil principalmente em vole,
net Guanabaray cada vez mais conhecida também devido & expansio da
Sioa as suas margens, no Rio de Janeiro. ;
‘Um fluxo bastante distinto de centro-africanos desenvolveu-se das bafas ao
dafozdo rio Zaire,achamada “costaLoango! » paraoutras partes das Américas
eek 1670atéoséculoxvut. Os holandeses, mais ou menosexclufdos apés 1650
nae ao sul da foz do rio Zaire, pelas forgas de vigilancia governamentais
portuguesas, converteram antigos comércios de mercadorias a0 longo da costa
uatorial, ao norte, em fonte de! escravos paraas plancagbes deagticar queestavam
‘Angol is pe rcravizad oS embarcados através de
ae une etree portos de embarcagao designados,
caer, Fe a alencana ‘9 Caribe ea América do Norte a bordo
5 “angolas” que q e
a eee holandeoes ei ses, de 1670 em Parana oe
sua travessia da Passagem do Meio do Atlanticoem St a Cae
Zaire-Mayumba, préximo a Cabo Lope ste ee aN eae te rag
safordorio “Congo” (comoo Zaireeraen' do). c
itn oan eid
“angolas” que levaram de Benguela ¢ rios a0 sul, até Cunene, para as Antilhas. Os
inglesesseintroduziram também na linha costeira reivindicada pelos portugueses,
amaioria ao sul de Luanda, nos anos de 1760 ¢ 1770.” i
Oscarregamentos portugueses de centro-africanos, do sul do Zaire para Bra-
sil, continuaram com os mesmos padres do século xvi atéaextingao do comeércio
brjtinico, Asintrusées das esquadrasbritanicas daAfrica Ocidental na escravizagao
realizada por outras nagoesalteraram essas conex6es do Atlintico Sulapés 1810.Os
negociantes sulistas brasileiros, da cidade do Rio de Janeiro, em franco desenvolvi-
rezes suas atividades em Benguela, no século xvi,
‘mento, multiplicaram muitas
go fornecerem escravizados parao trabalho nas minas deouroe diamante de Minas
Gerais. Desenvolveram uma frota consideravel que carregava pessoas origindrias
cada vez mais do interior das terras montanhosas do sul da Africa Central.
les também substitufram os pernambucanos como os maiores compradores
nos portos governamentais de Luanda. Pernambuco obteve a maioria de seus es-
cravizados por intermédio da Bahia, e secundariamente pelos prdprios recursos no
Alto Guiné, mas somente mimeros modestos origindrios de Luanda, ampliados
apenas pot um breve e infeliz perfodo nos anos de 1760 ¢ 1770 pela Companhia
Geral de Pernambuco e Parafba.” Esses anos de dominio dos negociantes do Rio
3K malo das vngens que os caregn
wa aparece no Banco de Dados de Harvard como originada de “Angola
(112882 vgs pors al ds sis, o 58,39) eo restate Com a Sea 35 ctl
del brai,csitfendos sb una egos rfid "Nore do Congo” desinado a viagen de origens
a Scots deny desa degra) do porte xpeiamenc lita.
aaa ae 2 ena ‘etambém de Manolo Garcia Florentino, im Costas Negras
_ Rate ene a Afica eo Rio de Janeiro (delor xt ex (Rio de Janeio:
Seles pemanecnoo de AwiCari As Compania Poblnas de GPa Maeno
cRemanty Pate nor iio, via (Us: Posen 96, Wa amb Jose Ribeiro Juni
Hucitec, 1976). Para as eapitanias do norte, ce frranred Geral de Pernambuco ¢ Paraiba (Sao Paulo:
Manan (So Paso: Univesidade de io Palo, 7). A Compania Gea do Grit Par ¢
42F [401000
3 |] "escravzadosteno
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i (port, 1066, 0860)
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ie (90 Richardson, 1989)
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Costas ao norte
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Qutras costas ao sul
1650 1660 1660
ose oP ID
ap ebevodss ep eaeunrg yt NBL
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yenwan ey ep ase op FpeANEDE 2
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Diaspora negra no Drast
de Janeiro em Luandae Benguela—durante os quais transportaram entre 15 mil
20 mil cativos para a regio centro-sul do Brasil em pouco tempo ~ consolid, i
os centro-afticanos como o grupo dominante entre os escravizados na cidade dn
Rio de Janeiro e cercanias — junto com os afticanos ocidentais mandados para 8
vale do rio Sao Francisco na Bahia~e contribufram para um total significativo ‘ke
escravizados reunidos nas escavacGes de ouro e diamante em Minas Gerais,
Poucosalcancaram 0 Nordeste brasileiro, onde o ritmo de vida da escravidio
giravaem tornodas origens da Africa Ocidental, regidode ondeprovinhaamaiotia
dos escravizados dali. Pelo fato de os negociantes do Rio remeterem um ntimero
cada vex maior de escravizados para o rio da Prata, durante a década de 1790, as
populacdes escravizadas dos uiltimos anos de dominio colonial espanhol consis-
tiam, em grande parte, de pessoas oriundas da Africa Ocidental (Veja figura 1.4),
Escravistas portugueses ¢ brasileiros nao competiam com os europeus
do norte, ao longo da costa de Loango, no século xvi, mas os dinamicos
comerciantes do Rio se aproveitaram das interrupges dos embarques franceses
¢ britinicos, durante as guerras europeias da década de 1790, Por essa razio,
comegaram a enviar “cabindas” para o Brasil apés 1800, continuando até a
década de 1840. Também ajuntaram pessoas de varias partes de Mocambique
4s populagGes africanas jé estabelecidas e nas regides produtoras de café que
estavam se desenvolvendo em Sao Paulo ¢ no Vale do Paraiba, no Sudeste
brasileiro. Poucos centro-africanos foram para o Nordeste brasileiro, com
excecio, possivelmente, daqueles originérios de Cabinda e Malimbo, quando
navegadores de Pernambuco ¢ Bahia juntaram-se, nos anos de 1810 ¢ 1820, na
exploracio de fontes abandonadas pelos europeus do norte. Todavia, apés 1817,
0 registros a respeito dos numerosos navios que alcangaram a Bahia daqueles
portos subequatoriais podem muito bem ter disfarcado seus comércios habituais,
emborailegais em Ajudé (Ouidah) e em outros lugares das costas que conheciam
como “mina”, numa era em que as esquadras britnicas da Africa Ocidental
estavam se tornando cada vez mais ativas contra os negociantes de escravos
portugueses e brasileiros ao norte da Linha do Equador na Africa Ocidental.””
® David Elis, anomie Growth and the Ending ofthe Transatlantic Slave Trade (New York: Onford University
Press, 1987), permancce coma o ponto de partida para o comércio do século xx. Os baianos conheciam o&
affcanos que compravam em Ajuda (Ouidah) genericamente como “minas” mas eles inclufam proporgbes
‘ariéveis de pessoas de diferentes origens na medida em que as incursGes ¢ as rotas de comércio que serviam
aquele porto se expandiram para o interior durante todo o turbulento século xvit. Para a Costa Escrava
‘no Osste da Afra, ocxtudo clisio éo de Patrick Manning, Saver Colonial and Economic Growth in
Dahomey, 1640-1960 (Cambridge: Cambridge University Press, 1982); um trabalho recente ¢ de Sandra
Greene, Gender, Ethnicity and Social Change on the Upper Lave Coast (Portsmouth, NH: Heinemann, 1996),
¢ “Afican Ethnicities inthe Era of the Atlantic Slave Trade", inddito, Conference on New Perspectives on
Savery andthe Slave"Tade; Rutgers Center for Historical Analysis, 20-21 noverbro de 1997.
44Luanda
OCEANO
ATLANTICO
Benguela
Alteragées significativas ‘Subdivisdo recente
na elevagaio do grupo étnico principalpisspora negra no Bras
Comoa Inglaterra; gradualmente suprimiu oescravismo atlantico Nosanos de
1820¢ 1830, 0s inceresses ccomerciais| britanicos, por trés dese comércio, mudaram
suas atividades ao apoiarem brasileiros e Portugueses na compra de cativos Nos
yortos queantes eles dominavam, o que inclufa Proeminentemente Os centto-afyj_
ae ao norte de Luanda. Trabalhavam nos bastidores — juntamente com nego.
ciantes dos Estados Unidos—ao estenderem essas fontes por meio de Havana, com
ointuito de fornecer trabalhadores escravizados paraa, produgiodacana-de-acticar
‘em Cuba Porto Rico. * Uma porgao significativa e crescente de africanos reuni-
dos no Caribe espanhol de 1820 a 1850 embarcou em navios negreiros nos Portos
de toda costa da Africa Central, do sul do Cabo Lopez até Benguela (Figura 1,5),
A comercializagao de escravizados para o Brasil dos portos Portugueses na
Africa tornou-se ilegal apds 1830. Por isso, os negociantes do Rio de Janeiro,
ativos em Luanda, desviavam suas continuas cargas humanas pelas bafas menos
vigiadas da costa norte da cidade, a maioria na foz do rio Mbrije (Ambriz), e de
Id seguiam os negociantes que serviam Cuba subindo o rio Zaire para Pontos de
embarque disfarcados ao longo das ribanceiras da parte baixa do rio. No final
do comércio escravo transatlantico, nos anos de 1850, no Caribe espanhol os
centro-afticanos formavam a mais recente e numerosa populagio de imigrantes
entreos trabalhadores das fazendas, juntamentecom a populagao escrava urbana
mais antiga ¢ de origens muito diversas. No Nordeste brasileiro, sua Ptesenca
diminuiua proporgées insignificantes entre os escravizados da Africa Ocidental.
Dessamaneirase untaram 3s varias geraces de seus predecessores no maior luxe
de cativos do perfodo numa complexa e crescente mistura de africanos entre
as escravizados do Rio e de outras cidades, e das novas propriedades de café do
Sudeste brasileiro. Dos padrées gerais de negociantes ativos na Aftica Central
€ das viagens registradas no Banco de Dados de Harvard, a tabela 1.1 resumea
mudanga de concentragao de centro-africanos nas Américas.25
Os CENTRO-AFRICANOS
QUE ALCANCARAM 0 ATLANTICO
Os aspectos mais distintos das vidas de centro-afticanos vitimados pela
escravidao, sobre os quais eles podem ter se firmado para se redefinirem no
* Para este comérc “legal
ae 16ja Roquinaldo Amaral Ferreira, “Dos sertbes a0 Atlintico: trifico ilegal de escravos
ines ne ‘em Angola, 1830-1860" (Dissertacio ide Mestndo, Universidade Federal do Rio de Janeiro ~
» Aube desma 888 Socas, Programa de Pé-Graduacao em Histra Seiad 1996.
inser umaamplavaredade de viagensocasnaisdosporten de Ales Cone pratoaras mei
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