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DO CONCURSO DE PESSOAS Prof. Alan Cruz Advogado Especialista em Direito penal e Processo Penal — ESA (Escola Superior da Advocacia) Introducao Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Fala-se de Concurso de pessoas, portanto, quando duas ou mais pessoas concorrem para a pritica de uma mesma infragao penal. a colaboragio reciproca pode ocorrer tanto nos casos em que sao varios os autores, bem como naqueles onde existam autores e participes. OBS: o art. 29 do CP, aplica-se, como regra, aos delitos unissubjetivos (monossubjetivos), também conhecidos como delitos de concurso eventual, uma vez que para os crimes plurissubjetivos, on de curso i xigirem a presen no minim: mai dependendo do tipo penal, nao haveria necessidade de regra expressa para os autores, ou coautore: tendo aplicagaio no que diz respeito A participagao nessas infragdes penais. Requisitos para o concurso de Pessoas a) Pluralidade de Agentes e Condutas; b) Relevancia Causal de Cada conduta; c) Liame Subjetivo entre os agentes; d) Identidade de Infracdo Penal. Pluralidade INCURSC were a UTS Condutas A ain Relevancia Causal de Cada Conduta Se a conduta levada a efeito por um dos agentes nao possuir relevancia para 0 cometimento da infracio penal, devemos desconsiderd-la e concluir que o agente nao concorreu para a sua pratica. Ex: A pede a arma de B para matar C, e B empresta a arma. Porém, A encontra sua arma, e, nao utiliza a arma de B, logo, a conduta de B é irrelevante. Serd que a conduta de B foi relevante? Liame Subjetivo Se traduz como o vinculo psicolégico que une os agentes para a pratica da mesma infracao penal. OBS: Se nao se conseguir vislumbrar o Liame Subjetivo entre os agentes, cada qual responders, isoladamente, por sua conduta. Ex: A e B atiram contra C, sendo que um deles acerta mortalmente 0 alvo e outro erra, ndo se sabéndo qual deles conseguiu o resultado “morte”, dependendo da conclusdo que se chegue com relagao ao vinculo psicolégico, as imputagdes serao completamente diferentes. Nesse caso, se dissermos que A e B agiram unidos pelo Liame Subjetivo, nao importara saber, a fim de condené-los pelo crime de homicidio, qual deles, efetivamente, conseguiu acertar a vitima. Aqui o Liame Subjetivo faré com que ambos respondam pelo Homicidio consumado. Entretanto, se chegarmos a conclusdo de que os agentes nao atuaram unidos pelo vinculo subjetivo, cada qual deverd responder pela sua conduta. Identidade da Infragdo Penal Isso Significa que os agentes, unidos pelo liame Subjetivo dever querer praticar a mesma infrago Penal. Portanto, seus esforcos devem convergir 20 cometimento de determinada e escolhida infracdo Penal. Ou seja, em sintese, somente quando duas ou mais pessoas, unidas pelo liame subjetivo, levarem a efeito condutas relevantes —_dirigidas_ 20, cometimento de uma mesma infracdo penal é que poderemos falar em concurso de Pessoas. Teoria sobre o Concurso de Pessoas Com a finalidade de distinguir e apontar a infracdo penal cometida por cada um dos seus participantes (autores e participes), surgiram trés teorias que merecem destaque: 1) Teoria Pluralista; 2) Teoria Dualista; 3) Teoria Monista. Teoria Pluralista Pluralista: Discorre que Haveria tantas infragées penais quantos fossem ontimero de autores e participes. “a cada participante corresponde uma conduta prépria, um elemento subjetivo préprio e um resultado igualmente particular” Ou seja, a pluralidade de agentes corresponde a pluralidade de crimes. Existem tantos crimes quantos forem os participantes do fato delituoso. Deste modo, seria como se cada autor ou participe, tivesse praticado sua propria infracao penal, independente da sua colaboracao para com os demais agentes. Ex: se alguém tivesse induzido outras pessoas a praticar um delito de furto, dessa maneira, teriamos trés infracées penais distintas, uma para © participe, e, outras duas para cada um dos agentes Dualista Dualista: Distingue o crime praticado pelos autores daqueles praticado pelos participes. Para essa teoria, haveria uma infracdo penal para os autores e outra para os participes. Se a participagao pode ser principal e acesséria, primaria e secundaria, deverd haver um crime Unico para os autores e outro crime Unico para os chamados cumplices stricto sensu. A consciéncia e vontade de concorrer num delito préprio confere unidade ao crime praticado pelos autores, e, a de participar, atribui unidade ao ato praticado pelos cuimplices. Portanto, teriamos uma infragdo para aquele que induziu os agente a pratica de determinado delito, bem como outra para os coautores. Teoria Monista Monista: também conhecida como unitéria, € a adotada pelo nosso cédigo penal, aduz que todos aqueles que concorrem para o crime incidem nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Para esta teoria, existe um crime Unico, atribuido a todos aqueles que para ele concorreram, autores e participes. Embora o crime seja praticado por diversas pessoas, permanece Unico e indivisivel. “o delito cometido gragas ao concurso de pessoas nao se fraciona em uma séria de crimes distintos. Ao contrario, conserva-se integro, indiviso, mantendo sua unidade juridica a custa da convergéncia objetiva e subjetiva das aces dos multiplos participantes. OBS: embora o CP tenha adotado como regra a teoria monista, o art. 29 aproxima-se da teoria dualista, ao determinar punibilidade diferenciada da participacao. Autoria *2) Teoria Objetivo Material: buscou suprir os defeitos da teoria objetivo-formal. Distingue autor de participe pela maior contribuigdo do primeiro na causac¢do do dano. *Logo, autor seria quem mais contribuiu para causar o dano. Autoria *Teorias a respeito da Autoria: *1) Objetiva — Conceito Restritivo de Autor (Formal): indica que autor é aquele que pratica a conduta descrita no nucleo do tipo; todos os demais que concorrem para essa infragdo penal, mas que nao realizam a conduta expressa pelo verbo existente no tipo serdo considerados participes; + Ex: A e B, agindo com o animus furandi (dolo da subtragao), unidos pelo liame subjetivo, resolvem furtar um televisor existente na Residéncia de C. A tem a fungao de vigiar a porta, bem como de transportar a res furtiva, enquanto B adentra na casa e subtrai o televisor. * Pela Teoria Objetivo-formal, como foi B quem praticou a conduta descrita no nucleo do tipo do art. 155 (subtrair) somente ele seria considerado autor e B participe. Autoria *3) Teoria Subjetiva: Traz um conceito extensivo de autor, pois, procura tragar um critério de distingdo entre autores e participes, valorando o elemento animico dos agentes. *Deste modo, para a teoria subjetiva, o autor estaria realizando a conduta como o protagonista da histéria, jd o participe, ndo querendo o fato como prdéprio, mas, sim, como alheio, exerce um papel secundario, sempre acessé6rio. *Tal distingéo pode, em algumas situagdes, tornar-se equivocada, quando, por exemplo, um matador de aluguel causa a morte da vitima, ndo porque a desejava, mas porque foi pago para tanto. Autoria e CoAutoria Para tratarmos de Autoria, é preciso compreender a Teoria do Dominio do fato. Teoria do Dominio do Fato A teoria do Dominio do Fato é considerada objetivo-subjetiva. Aquele que realiza a conduta descrita no nucleo do tipo penal tem o poder de decidir se ird até o fim, com o plano criminoso, ou, em virtude de seu dominio sobre o fato, isto é, em razdo de ser o senhor de sua conduta, pode deixar de lado a empreitada criminosa. Pode acontecer, contudo, que o agente, em vez de ser o autor executor, seja o homem inteligente do grupo, e a sua funcdo esteja limitada a elucubrar 0 plano criminoso. Ex: é idoso, mas um eximio motorista, sera o motorista da fuga de um roubo a banco. A teoria do Dominio do fato, adotada por grande parte de doutrinadores, traz um dado extremamente importante, qual seja: a chamada divisdo de tarefas. Portanto, é preciso compreender que: somente na presenga de todas as circunstancias se pode estabelecer quem dominou o fato. Ou seja, quem é que tem o poder de decidir que o fato chegard a consumaciio, o qual é correlative de quem pode decidir se 0 fato continua ou se desiste dele. © que possui o manejo dos fatos 0 manejo dos fatos e o leva a sua realizacio, é autor; o que simplesmente colabora, sem ter poderes decisérios a’ respeito da consumacdo do fato é participe. Atencio! —) |_ A teoria do dominio do fato tem aplicagdo nos delitos dolosos, nao sendo cabivel, contudo, quando a infracao penal tiver natureza culposa, pois, a teoria em estudo tropeca nos delitos imprudentes, porque neles ndo se pode falar de dominio do fato, j4 que o resultado se produz de modo cego, causal, ndo finalista. CoAutoria ‘scoAutoria: consiste em que © dominio do fato unitério & comum a varias pessoas. Coautor & quem possuindo qualidades pessoais de autor é portador da decisio comum a respeito do fato e em virtude disso toma parte na execucio do delito, Nilo Batista Assevera: “a idela de divisio de trabalho, situa como reitora geral de qualquer forma de concurso de agentes, encontra na coautoria sua adequacSo maxima, Aqui, com clareza, se percebe a fragmentago operacional de uma atividade comum, com vistas a mais seguro e satistatério desempenho de tal atividade. Por Isso ‘os autores afirmam que a coautoria se baseia no principio da diviso de trabalho. sfssa dlvisdo de trabalho reforga 2 idela de dominio funcional do fato. sso porque ‘cada agente terd 0 dominio no que diz respelto a fungio que Ihe fora confiada pelo grupo. Espécies de Autoria * Autoria Direta: é aquela em que o agente executa diretamente a conduta descrita no nucleo do tipo, ocasiio em que serd reconhecido como autor direto ou autor executor. Autoria Mediata ou Indireta * Autor pode ser aquele que executa diretamente a conduta descrita pelo niicleo do tipo penal, ocasiaio em que sera reconhecido como autor direto ou autor executor; * Ou poderd ser também, aquele que se vale de outra pessoa, que Ihe serve, na verdade, como instrumento da pratica da infracdo penal, sendo, portanto, chamado de autor indireto ou mediato. * Nesse caso, para que se possa falar em autoria mediata seré preciso que o agente detenha © controle ‘da situacao, isto é, que tenha o dominio do fato. Nosso cédigo penal prevé expressamente quatro casos de autoria mediata a saber: + 1) erro determinado por terceiro (art. 20, §22, CP); + 2) coagao moral irresistivel (art. 22, primeira parte, cp); * 3) obediéncia hierdrquica (art. 22, segunda parte, cp); +4) a0 de instrumento impunivel em virtude de condigéo ou qualidade pessoal (art 62, III, cp) *Ex 01: 0 erro determinado por terceiro, podemos citar um caso em que uma enfermeira, aplica em um paciente, a pedido do médico, injegdo contendo veneno letal, sem saber o seu conteudo. — 0 médico que preparou a injecdo para o paciente é autor mediato do crime de homicidio; *Ex 02: Se alguém, em virtude de uma coagao a que nao podia resistir ou em estrita obediéncia hierarquica vier a praticar uma infragdo penal, somente sera punivel o autor da coacdo ou da ordem; *Ex 03: Hipnose, em que o hipnotizado cumpre as ordens que lhe foram determinadas, em decorréncia do seu estado de inconsciéncia. * OBS: Como regra, ndo se admite a autoria mediata nos crimes de mao propria. + Ocorre quando dois agentes, embora convergindo as suas condutas para a pratica de determinado fato criminoso, nao atuam unidos pelo liame Autoria subjetivo. + Ex: Ae B queriam a morte de C. Por mera coincidéncta, os dois se colocam Colateral de emboscada, aguardando a vitima passar. Quando avistam a presenca de Cos dois atiram no mesmo instante, sem que um soubesse da presenga do outro, logo, cada um responderd pelo seu dolo e pelo resultado produrido. Teorias sobre a Participacdo * Existem quatro Teorias: + 1) Acessoriedade Minima (Haverd participacao punivel a partir do momento em gue 0 autor ja tiver realizado uma conduta tipica. Basta para essa teoria, que, autor pratique um fato tipico, para que possa haver a responsabilizacao penal do participe que o induziu, instigou ou o auxiliou materialmente); * 2) Acessoriedade Limitada (Pune a participacao se o autor tiver levado a efeito uma conduta tipica e ilicita. Portanto, para essa teoria — adotada pela maioria dos doutrinadores, 6 preciso que 0 autor tenha cometido um injusto tipico, mesmo que nao seja culpavel, para que o participe possa ser penalmente responsabilizado); * 3) Acessioriedade Maxima (Somente haverd puni¢do do participe se o autor tiver praticado uma conduta tipica, ilicita e culpavel); * 4) Hiperacessoriedade (vai mais além, diz que a participacéo somente sera punida se o autor tiver praticado um fato tipico ilicito, culpavel e punivel); Participagdo + Elmperioso destacar que: se a autoria é sempre a atvidade principal, a participacdo serd sempre uma atividade acesséria, dependente da principal 1+ Aparticipagio ainda pode ser material e moral + 1) Material ~é a partcipago por cumplicidade, ou seja, prestacio de auxlios materias; + 2) Moral ~ 2 participagio nos casos de nduzimento e instigagio. + Induzimento (determina, cri, colocar, fazer brotara idea criminosa na cabega do agente/autor) + Instigagio liita-se a reforgar, estimular, uma ideta criminosa [a existente na mente do autor. A Fungs0 do partici ¢ fazer com que Sua instigagso fortalega a ua Incengao delitva) Autoria x Participagdo *A autoria é sempre atividade principal; *Participagdo sera sempre uma atividade acesséria, dependente da principal; Material *O participe facilita materialmente a pratica da infragdéo penal, por exemplo, cedendo a escada para aquele que deseja ingressar na casa da vitima, a fim de levar a efeito uma subtragdo, ou o que empresta a sua arma para que o autor possa causar a morte de seu desafeto. *Em toda prestagao de auxilios materiais existe embutida uma dose de instigacao. Moral *Essa daqui é dividida em duas: 1) Induzimento: Induzir ou determinar é criar, incutir, colocar, fazer brotar a ideia criminosa na cabeca do agente/autor. — Nessa modalidade de participagdo, o autor nao tinha a ideia criminosa, cuja semente lhe é lancada pelo participe; Instigacdo: limita-se a reforcar, estimular uma ideia criminosa ja existente na mente do autor. A funcdo do participe com sua instigagdo, é fazer com que o agente fortaleca a sua intencado delitiva. Participacdo dolosamente Distinta * Art. 29 (...) + § 2°- Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos arave. ser-ihe:t-aphcada @ pena deste. eso pana sere aumentada ate metade, na fipotese deter sido prévisiver ¢ resultado mais grave * Observe que vai de encontro com a regra do concurso de pessoas ~ Regra: todos os concorrente vao responder pelo mesmo crime na medida de sua culpabilidade; + Entretanto, a primeira parte do §22 esta indicando o contrario, pois, determina que: quem combinou de praticar um crime menos grave, por este deve responder; * Logo, hd um desvio subjetivo de condutas entre os criminosos. Um dos concorrentes pretendia praticar a¢do grave comparada a efetivamente praticada * Ex: “o combinado néo sai caro” — 5 criminosos combinam um roubo, porém, um deles atira e mata a vitima (latrocinio) — logo, quem roubou vai responder pelo roubo, e, quem matou, respondera pelo delito mais grave (que é 0 roubo seguido de morte). Segunda Parte *§2°.essa pena sera aumentada até metade, na hipdtese de ter sido previsivel o resultado mais grave. «Aquele que quis participar de crime menos grave tera sua pena _aumentada__até__a__metade, se, _sabia__da possibilidade/previsibilidade do cometimento_de_crime mais grave por qualquer um dos agentes. *Ex: combinam um furto, porém, um dos agentes comete um estupro. *Aquele_ que sabia dessa_possibilidade, tera _sua_pena aumentada até a metade! Circunstancia Elementares *Art. 30 - Nao se comunicam as circunstancias e as condicgdes de carater pessoal, salvo quando elementares do crime. *Ocorre quando duas pessoas cometem o crime, mas, as circunstancias nao se comunicam entre eles; *Regra: € a incomunicabilidade entre os autores do crime, as circunstancias e as condigdes de carater pessoal; *Excecdo: Apenas haverd a comunicagado quando for elementar do crime; Circunstancias *S8o dados periféricos, acessérios, que somente interferem no aumento ou diminuic¢do de pena. Nao interferem na existéncia em si do crime, ou seja, o crime existe mesmo se nao tiver as circunstancias. *Divide-se em duas: a) objetiva e, b) Subjetiva; *A) objetiva: esta relacionada com o fato delituoso em sua materialidade, (modo de execucao, instrumentos do crime, etc.); *B) Subjetiva: esta relacionada com o agente, a pessoa dele. — motivos determinantes, qualidade pessoal, etc; Elementares *S8o dados essenciais a figura tipica. E sem eles ha uma atipicidade absoluta ou relativa; * Ex: Subtrair para si ou para outrem, coisa alheia movel — se eu retirar a palavra subtrair, simplesmente nao existe mais crime; * Ou seja — 0 video onde a pessoa prova o sapato/ténis, e sai correndo; * Atipicidade Absoluta — nao ha furto; * Atipicidade Relativa — Desclassificagao de crime. Ex: Classico +Art. 61 - Sao circunstancias que sempre agravam a pena, quando nao constituem ou qualificam o crime: *(...) + Il- ter o agente cometido o crime; *(..) * e) contra ascendente, descendente, irmao ou cénjuge; +AeB cometem crime contra a irma de (A) (art.157 Roubo) + Essa circunstancia agravante comunica para B? * Nao, pois, se eu tiro a conduta de irma de (A) o crime nao deixa de existir; Ex: *A (funciondrio publico) e B subtraem um computador na reparticdo publica onde A trabalha. — Art. 312, §12, CP — Peculato Furto. *Ou seja, a condigéo de A ser funcionario publico é elementar e comunica com B? *Sim — porque, caso A nao fosse funcionario publico, ndo haveria peculato furto, teriamos apenas um furto comum. Concurso de Crimes *O concurso de Crimes se divide em trés espécies, quais sejam: * A) Concurso Material ou Real; *B) Concurso Formal ou Ideal; *C) Crime Continuado *Atengdo! Quando falamos de Concurso de crimes, falamos de pluralidades de crimes! Concurso Material ou Real . No caso de aplicagao cumulativa de penas de reclusao e de detencao, executa-se primeiro aquela. *O legislador aqui esta dizendo que: se vocé praticar dois ou mais crimes, mediante mais de uma conduta, seja ela comissiva ou omissiva, as penas desses crimes devem ser cumuladas — somadas! + Ex: A-— praticou roubo, depois furto e depois injuria! Concurso Material * Na segunda parte do Artigo diz: “No caso de aplicagao cumulativa de penas de reclusao e de detencao, executa-se primeiro aquela.” *Significa que na hora de cumprir a pena, vocé vai cumprir inicialmente a mais grave, e vai dai abrandando, como forma de progressao de regime — até sair do Regime Penitenciario e ir responder em liberdade. , para os demais Isso significa dizer que na estrutura do Cédigo Penal ha formas de substituir a pena privativa de liberdade. *Entretanto, quando em concurso material, se uma das penas for incabivel a aplicagao das penas restritivas de direito, sera também para os demais! *§ 2°- Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprira simultaneamente as que forem compativeis entre si e sucessivamente as demais. *Aqui, todas as penas irao permitir, e, o condenado devera cumprir simultaneamente as compativeis entre si, e, as demais sucessivamente. + Ex: Cestas basicas — paga tudo de uma vez! * Ex2: prestacgao de servigos comunitarios! Concurso Material X Concurso Formal *Mais de uma conduta, e mais de um crime. * Concurso Formal, uma conduta e mais de um crime. * Essa é a principal diferenc¢a entre os institutos. Concurso Formal + Art. 70 - Quando 0 agente, mediante . AS penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a acao ou omissao é dolosa e os crimes concorrentes resultam de designios auténomos, consoante o disposto no artigo anterior. +E a regra, é 0 que chamamos de Concurso Formal Préprio — que é a chamada de Exasperagao da Pena. + Ex: Jodo dirigindo 9 veiculo, bebado, na pista, de repente 6 pessoas passam na pista, e sao atropelados, 3 faleceram, e, 3 lesoes corporais. + Atengao! * OBS: sempre_que os crimes forem_culposos, havera_o Concurso Formal proprio, e, sempre que fiver crime culposo com dolo, havera fambem essa modalidade. Concurso Formal Improprio * Esté vinculada_a tea sea do amis 70: odeas a tfnas Conaaariet * Portanto, se eu tenho acdo ou omissao dolosa, e, resultam de des{gnios auténomos, eu aplico a soma das penas, ou seja, a regra do concurso material + Designios Auténomos: Nada mais é do que Dolo sobre todos os resultados. * Ex: Sniper Mo de Vaca — ele quer matar duas pessoas, porém, nao quer gastar bala, espera que elas estejam alinhadas e mata as duas apenas com um Unico tiro — portanto, no da para aplicar a Exasperagdo da pena — nao dé para beneficiar o réu; + Ex2: Euclides Joga gas em sala de aula apenas com Jon, e Penelope, e tranca os dois Id. + Ex3: O STJ entende que — quem Assalta um énibus lotado, comete apenas com uma tinica conduta, porém, fragmentado em varios atos, ele pratica varios crimes materiais, 20 vitimas = 20 roubos. * Portanto, ha dolo — designios auténomos. Concurso Material Benéfico + £ um instituto dentro do concurso formal! + Pardgrafo unico - Nao poderd a pena exceder a que seria cabivel pela regra do art. 69 deste Codigo. + Joao, com intengao de matar, atira em Anténio. Todavia, Manoel, que passava lo local, também foi atingido. Antonio morreu e Manoel ficou levemente erido. Estamos diante de um caso tipico de Concurso formal perfeito. +Se aplicada a repra da exasperacao, a pena do crime mais grave homicidio, reclusao de 6 a 20 anos, sera aumentada de 1/6 até a metade. Imagine-se que, diante do caso concreto, o magistrado sentenciante conclua pela fixagao da pena minima 6 anos majorada também do minimo (1/6), totalizando 7 anos de prisao. + Nessa hipétese, deverd ser reconhecido o concurso material benéfico, pois, fica evidente que a soma das penas minimas das duas infragdes (homicidio e lesao corporal leve) resulta em pena menor (6 anos e 3 meses de prisdo) - Concurso material benéfico. Crime Continuado ou Continuidade Delitiva *Art. 71 - dos crimes, se grave, se diversas, aumentada. em qualquer caso, de um sexto a dois tercos. + Imagine a seguinte linha do tempo: A” realizou 12 furtos em um més, e, o raciocinio do legislador é o seguinte — que todos os demais furtos sao continuagao do primeiro, logo, 6 como se tivesse apenas um furto, aumentado de 1/6 a 2/3. “Ee 0 considerado Crime Continuado Genérico, pois, nao ha violéncia ou grave ameaga. Requisitos + A) pluralidade de Condutas; +B) Pluralidade de Crimes da mesma espécie — 0 mesmo tipo penal, e¢ o mesmo bem juridico; *C) Elo de Continuidade —- das mesmas condigées de tempo - a Jurisprudéncia alerta que nao pode ultrapassar 30 dias, se passar disso, ja comega um segundo crime; + D) Das mesmas condigées de lugar — Segundo a jurisprudéncia, os crimes devem ser praticados na mesma comarca (ou em comarcas vizinhas); +E) Da mesma maneira de execucio —- a lei exige semelhanca e nao identidade; °F) Ouras circunstaéncias semelhantes — agrangendo quaisquer outras circunstancias das quais se possa concluir pela continuidade. Exce¢do — crime continuado especifico , podera o juiz, considerando a culpal antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstancias, aumentar a pena de um s6 dos crimes, se idénticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do paragrafo Unico do art. 70 e do art. 75 deste Codigo. * Ex: Maniaco do Parque — (Fic¢ao Juridica) Ele vai responder por até no maximo 3! Sumula 711 do STF *Mévio, pratica dentro de um més 20 furtos, entretanto, durante o més, entra em vigor uma lei nova, que majora a pena do furto para 2 a6 anos, e nao mais de 1 a 4 anos. * Qual lei devo aplicar? * Quem responde a essa indagagao é a Sumula 711 do STF. . ju ao crime ermanente, *O STF partiu do pressuposto de que o desconhecimento da lei é inescusavel, portanto, vocé é pleno, capaz, presume-se que vocé sabe! Quadro Resumo onda 2oumais crimes Consequtnea Somamse apenas Observacso 2oumais condutas 2.0u mais crimes Concurso Material Pripoexasperagdo (aumento de 1/5 a ‘apna de um dos cimes (085 Possbildade de concise material ‘bento, Impcrio:somamse penas Leondute 2.0u mais crimes ‘Concurso Formal comum: aumento de ‘Ysa 23 Especten: aumento até tip. Exige que os crimes sejam: a mesma espécie; Mesma condiglo de ‘tempo e lugar; Maneira de execucso ce outras semelhantes, Concurso de Infragdes *Espécies de Crimes Aberrantes - nds temos 3 espécies, quais sejam: * Aberratio Ictus/erro na execucao; * Aberratio Criminis/Resultado diverso do pretendido; * Aberratio Causae/dolo geral ou erro sucessivo. Aberratio Ictus + Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execucao, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3° do art. 20 deste Codigo. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Codigo. E um erro de pessoa para pessoa. O agente quer atingir uma pessoa, contudo, por acidente ou por erro no uso dos meios de execugao, vem a atingir uma pessoa diversa. * OBS: o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, produzindo um unico resultado (morte ou lesao corporal). O art. 73 do CP, nesse caso, determina que seja aplicada a regra do erro sore a pessoa, prevista no §32 do art. 20 do Cédigo Penal. Assim, se houver a producgao do resultado morte em pessoa diversa, o agente respondera por um Unico crime de homicidio doloso consumado, como se efetivamente tivesse atingido a pessoa a quem pretendia ofender. Se queria a morte de seu pai e, por erro na execu¢ao, matar um estranho, respondera pelo delito de homicidio, aplicando-se, ainda, a circunstancia agravante prevista no art. 61, Il, e (ter cometido o crime contra ascendente). *Se contudo, ainda agindo com animus necandi — atingir terceira pessoa, fausando-Ihe les6es corporais, devera o agente responder pela tentativa de jomicidio. * Dolo Eventual Aberratio Criminis

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