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O pensamento politico de Maquiavel Antonio de Freitas Junior é Doutor em Di- reito pela Universidade de Valéncia, Espanha, Procurador Federal, Brasil. Assessor Juridico da Presidéncia da Republica, Brasil. Professor da Faculdade NOVAFAPI Pesquisador do Ins- tituto Intercultural para la Autogestin y la Ai Comunal ~ INAUCO, Espanha, e do Institufo de Iberoamérica y el Mediterrineo ~ IBEM, Espanka. Antonio de Freitas Janior Sumario 1. Introducdo. 2. A busca da verita effetuale 3, A natureza humana para Maquiavel. 4. Pre- destinacao e livre arbitrio, 5. Os fins justificam ‘08 meios? 6. Conelusio, “O destino determinou que eu no seiba discutir sobre a seda, nem sobre ald; tampouco sobre questées de luero ou de pera, Minha misséo ¢ falar sobre a Estado, Sera preciso submeter-me a promessa de emudecer, ow terei que falar sobre ele” Carta de Maquiavel a Francesco Vettori, Embaixador florentino em Roma, em 1513. 1. Introdugio Quando o florentino Niccold di Bernardo Machiavelli nasceu, em maio de 1469, sua Italia estava desfigurada, Dividida edomi- nada por poténcias estrangeiras, a Itiliando existia como Estado nacional. Como uma colcha de retalhos, estava dividida em ver- dadeiros feudos dominados pelo Papa, pe- los Médicis, pelos Aragado e invadida por Carlos VIII da Franca. Crescendo nesse universo, 0 jovem Maquiavel tinha um sonho. O sonho de um. dia ver sua Itélia unificada, sob um governo forte, capaz de pacificar as dissensdes exis- tentes e sufocar'a ambicdo dos aproveitado- res de plantao, que, movendo-se tao-somen- tea custa dos préprios interesses, lancavam_ suas regides em aliangas com poténcias es- Brasilia a, Hn, 174 abr jen, 2007 205 trangeiras contra outras cidades e regides dentro da peninsula itélica Apesar de nao possuir uma familia no- bre ou rica, Maquiavel recebeu uma exce- lente educagao classica e, na infancia, j& do- minava a ret6rica greco-romana, bem como redigia em latim. Como era de se esperar, Maquiavel ocu- pou postos de destaque em Florenca, mas coma vitéria dos Médicis, em 1512, foi for- cado a abandonar seu cargo, além de ser preso e torturado, Durante esse exilio politi co, Maquiavel escreve suas principais obras politicas: O Principe, entre 1512 e 1513; Co- ‘mentérios sobre a primeira década de Tito Livio, entre 1513 e 1519; A arte da guerra, entre 1519 1520. Escreve, ainda, a comédia A Mandri- gora e a biografia de Castruccio Castracani, além de ensaios literdrios e poesias. Sua til- tima obra foi Histéria de Florenga, escrita en- tre 1520 e 1525. Maquiavel falece em 1527. Entretanto, o nome Maquiavel desperta até hoje uma idéia que supera os muros es- tritamente académicos e invade o imagina- rio coletivo. Derivagdes de seu nome exis- temesdo usadas com frequéncia nos meios de comunicagio, como se depreende das expressées maguiavélico © maguiavelismo, ambas de significado bastante pejorativo. Norberto Bobbio (1995, p. 738), em seu Dicionario de Politica, interpreta o verbete ‘maquiavelismo como: “£ uma expressdo usada especial- mente na linguagem ordinaria para indicar um modo de agir, na vida po- Iitica ou em qualquer outro setor da vida social, falso e sem escrapulos, implicando 0 uso da fraude e do en- ‘gano, mais que da violéncia. ‘Maqui- avélico’ é considerado, em particular, aquele que quer se mostrar como ho- ‘mem que inspira sua conduta ou de- terminados atos por principios morais e altruismo, quando, na realidade, persegue fins egofsticos. Esta expres- sao constitui, portanto, na linguagem ordinaria, uma prova da reacao que a doutrina de Maquiavel suscitou econ- tinua suscitando na consciéncia po- pular, e da tendéncia que considera essa doutrina como imoral, Esta expressdo, além disso, pode ser usada também em sentido técnico, para indicara doutrina de Maquiavel ‘ou, mais genericamente, a tradigao de pensamento baseada no conceito de Razao de Estado” Mas, quais foram os fatores que determi- naram a associacao do nome do pensador florentino a termos e expressdes ligados a pensamentos tao mesquinhos e pejorativos? Por que a expressdo maguiavelismo est as- sociada a idéia de velhacaria, traicao, asti- cia, perfidia, falta de escrapulos e imorali- dade? Muitos foram os fatores que ajudaram a popularizar a associacao do nome de Maquiavel e suas acepges com tais idéias A maisimportante, nos parece, surgitunomo- mento em que sua principal obra, O Principe, foi condenada pela Igreja Catélica. A obra foi publicada pela primeira vez. em 1531, ortantoapésa morte de Maquiavel, comau- torizag4o do Papa Clemente VIIL. Posterior- mente, a Igteja Catélica julgou-a “escrita pela mao do diabo" c, em 1557, 0 Papa Paulo IV denunciou o autor como “impuro e celera- do”, culminando com sua colocago no Index, pelo Concilio de Trento. Na época da Reforma Protestante, 05 je- suitas imputaram a alcunha de“ discipulos de Maquiavel” aos protestantes, tamanha era a antipatia da Igreja Catsllica para como pensador florentino. ‘Ademais, popular dramaturgo William Shakespeare, na época vitoriana, chamou Maquiavel de “The Murderous” e identifi- cou-0 com 0 diabo ao denomind-lo “old Nick”, entre outros dramaturgos como Marlowe. Na ligdo de Claude Lefort, citada por Maria Tereza Sadek (1996, p.13-14): *...omaquiavelismo serve a todos os 6dios, metamorfoseia-se de acordo com os acontecimentos, j4 que pode ser apropriado por todos os envolvi- dosem disputa. uma forma de des- 206 Revista de Informagio Legistativa qualificar o inimigo, apresentando-o sempre como a encarnagao do mal” Assim, independentemente do conheci- mento da obra do pensador florentino, seu nome eas variagbes dele sao utilizados das mais variadas maneiras, sempre de forma pejorativaerelacionada a encarnacao do mal, como leciona Claude Lefort (apud SADEK, 1996), No Brasil, basta mencionar o destaque feito por Machado Paupério (1983, p. 92-93) em seus comentérios sobre O Principe: “Ollivro, porém, fez répida fortuna eiinfluenciou desde entao no pequeno mimero de’lideres’ politicos. Napoledo, que assolou o século XIX, apareceu a muitos como a melhor realizacao do principe, segundo Maquiavel. F Mussolini, num auto-elogio em que focaliza o florentino, escrito em 1924 (Prelidio a Maquiavel), encon- tra no fascismo ratzes maquiavélicas, afirmando estar no presente o maqui- avelismo mais vivo que na época de seu aparecimento. ‘Mas qual é, afinal, o retrato do prin- cipe esbocado por Maquiavel? O retrato do cinismo pragmético, por exceléncia, do governante”. Em oposi¢do a essa idéia, bastante difun- dida, surge em defesa de Maquiavel nomes daestatura de Rosseau, Spinoza e Hegel, que © consideram como o grande pensador da liberdade, pois, enquanto lecionava aos ti- ranos, na verdade Maquiavel ensinava ao povo a melhor maneira de nao perder a li- berdade. Vilao ou hersi, o certo 6 que com O Prin- cipe Maquiavel funda a Ciencia Politica e ctiao emprego moderne do termo “Estado”, “universalmente consagrada pela ten nologia dos tempos modernos eda idadecon- temporanea” (BONAVIDES, 1995, p. 62), “para indicar o que os gregos tinham chama- do de polis, os romanos de res publica, e que um grande pensador politico, o francés Jean Bodin, meio século depois de Maquiavel, cha- maré de république” (BOBBIO, 1994a, p. 81) Afastando as idéias teocraticas de cria- 40 do Estado, bem como representando o Estado e 0 Poder como objetos da criagao humana, Maquiavel demonstrou que a po- litica ¢ um objeto humano. Portanto, passi- vel de manipulacio e célculo, Seu pensa- mento politico, assim explicitado, represen- taa génese da idéia do Estado nacional. Nesse sentido, a ligdo de G.D.H. Cole (1987, p. 19-20) sintetiza as andlises poste- riores feitas sobre as idéias de Maquiavel a respeito de seu possivel cinismo, bem como das sementes lancadas para a ctiagdo do Estado nacional: “EL buscaba al pensamiento ya la ac- ci6n politicas una base realista en los he- chos de la conducta humana més que en las Escrituras oen principios morales apri- oristicos, Siel resultado de ello fire un tan- to cinico, se debe a que el autor de El Prin- cipe, siendo lo bastante fuerte para rom- per los ligamenes del pensamiento univer- sal de su época, no fue lo bastante eficaz para encontrar en su mente un nuevo sis- tema de principios positives...) EI Principe, de Maguiavelo, inistien- do en laidea del macionalismo y abriendo perspectivas ilimitadas al poder secular, ‘vino a ser manual secreto de los monarcas ambiciosos que se lanzaron a construir fuertesestados nacionales sobre las ruinas del imperio universal y de la iglesia uni- versal”. 2. A busca da verita effettuale Rompendo coma tradigdo Antiga e Medi- eval que imaginava um Estado ideal toda vez que se falava sobre o Estado, Maquiavel es. creveu sobre o Estado real. Seguindo os méto- dos de interpretacao histérica desenvolvidos por Polibio e outros historiadores antigos, Maquiavel interpreta a realidade das coisase nao busca imaginar reinos ficticios. Destarte, ahist6ria é, para Maquiavel, o verdadeiro li- vro da vida, no qual o homem, verificando e conhecendo o passado, deve tirar as ligées necessérias para prever o futuro de cada Es- Brasilia a, 44m, 174 abr jen, 2007 207 tado, bem como os sintomas e remédios efica- zes, pois basta verificar sua eficécia, para as perturbacdes da ordem instalada ‘Aessa busca da realidade e nao da fic- 40 Maquiavel denominou busca pela veriti effettuale, ou seja, a verdade efetiva do mun- do. Por utilizar-se dessa metodologia, al- guns criticos jé o compararam com Galileu Galilei, que também se utilizou de semelhan- te metodologia nas ciéncias fisicas. Maquiavel, partindo da busca da veriti effettuale, descobre os fatores transitérios € circunstanciais que existem nas diversas ordens estatais, E-cria uma verdadeira “cha- rada” para seus leitores ¢ intérpretes. Toda vez que se Ié Maquiavel, pensa-se algo dife- rente. O enigma maquiavélico ¢ explicado por Maria Tereza Sadek (1996, p. 18-19) nas seguintes palavras: “Tem-se sempre a sensacdo de que énecessario ler, reler, e voltar a ler a obra e que sdo infindaveis as suas possibilidades de formalizacao. Sua armadilha é atraente - fala do’poder’ que todos sentem, mas nao conhecem Porém, para conhecé-lo 6 preciso su- portar a idéia da incerteza, da contin- géncia, de que nada ¢ estavel e que o espaco da politica se constitui eé regi- do por mecanismos distintos dos que norteiam a vida privada. E mais ain- da: 0 mundo da politica nao leva ao céu, mas sua auséncia é 0 pior dos in- femnos, Por outro lado, a forma que usa para expor suas idéias exige atencao. ‘Nao s6 porque recoloca e problemati- za velhos temas, mas sobretudo por- que rediscute-os incessantemente, obrigando o leitor a por sempre em xeque a primeira compreensio. Por isso, qualquer tentativa de sistemati- zar os escritos de Maquiavel é sempre provis6ria e sujeita a novas interpre- tages. Vale assim, para os seus escri- tos,a mesma metodologia que usava para ler a realidade ¢, afinal, de ha muito sua obra deixou de ser apenas uma referéncia de erudicdo ilustrada. elo que significa tem significado nas téticas histéricas ¢ ela propria simul- taneamente um monumento e um ins- trumento politico, retornando sempre ‘como um enigma complexo que 6 pode ser decifrado pela andlise de sua pre- ssenga conereta esua ‘verita effettuale””. 3. A natureza humana para Maquiavel Contrariamente ao pensamento de Rosseau e Hobbes, a natureza humana, para Magquiavel, nao significa necessariamente ‘obem, Para Maquiavel (1997, p. 107), os ho- mens sao geralmente”... ngratos, voliveis, simulados e dissimulados, covardes e ga- nanciosos de ganhos”. Analisando a hist6ria, Maquiavel extrai essas caracteristicas da natureza humana, elementos da mais pura malignidade, econ- sidera-os imutaveis. As paixGes humanas geradas por tais caracteristicas da sua na- tureza més empurram para discérdiaea anarquia. Dai concluir que 0 poder politico deriva da pior parte da natureza humana, ouseja, de sua parte malévola, ‘Assim, além de uma filosofia da hist6- ria, Maquiavel se utiliza de uma segunda ferramenta na construgao de seu pensamen- to politico: a psicologia humana, Enoestudo da historia, aliado ao conta- to com os poderosos de seu tempo, que Maquiavel forma sua compreensao da psi- cologia humana, sintetizada na afirmacao de que os homens sao egofstas e ambiciosos ede que somentea lei poderia bloquear suas paixces. Destarte, o governante que desejasse éxi- to deveria aliar o conhecimento da hist6ria & compreensdo da natureza humana, pois, dessa maneira, conseguiria adiantar-se aos acontecimentos futuros e estaria melhor pre- parado para enfrenté-los. 4, Predestinagio ¢ livre arbitrio Maquiavel acreditava que atividade po- litica era algo dessacralizado, livre de dog- 208 Revista de Informagio Legistativa mas e crengas na predestinacao da vida humana. Para aqueles que acreditavam nes- sas idéias, o homem era mero joguete nas maos do destino, ou seja, nas maos de Deus. O destino seria tracado pela providéncia di- vina, cabendo ao homem ser uma mera vi ma impotente desse destino divino. Concordando em parte com tais idéias, Maquiavel imagina ohomem politico como senhor de, pelo menos, metade deseu desti- no, posto que agiria guiado exclusivamente pelo seu livre arbitrio. Maquiavel, assim, li berta o homem da passividade diante de seu destino, mostrando-the a possibilidade de interferir na hist6ria e no seu futuro. Maquiavel denominou fortuna ametade da vida humana que nao pode ser controla- da pelo homem. E identificou-a nao a algo terrivel, masa uma bondosa deusa, possui- dora da honra, da riqueza, da gléria, do poder, ou seja, possuidora de todos aqueles bens aos quais os homens naturalmente al- mejam. Destarte, por ser mulher, a fortuna precisava ser seduzida, e, para tanto, basta- ria que se apresentasse um homem de virili- dade e coragem inquestiondveis. Um homem_ possuidor de virtil. O homem de virtit éca- paz de seduzir a deusa fortuna, porque sabe ‘momento exato, criado por esta, para agir Assim, para Maquiavel (1997, p. 158-159), somente o homem de virtt poderd seduzira fortuna: “ Acredito que é melhor ser impe- tuoso do que cauteloso, poisa sorte é uma mulher, sendo necessério, para dominé-1a, empregar a forsa; pode-se ver que ela se deixa vencer pelos que ‘ousam, endo pelos queagem friamen- te. Como mulher, ésempre amiga dos jovens - mais bravos, menos cuidado- ss, prontos a dominé-la com maior audacia” Portanto, a combinacao do modo de agit comassutilezas de cada momento seria acha- ve da felicidade humana para Maquiavel, como leciona Carlos Estevam Martins (1996, p.16-17): “O necessério ¢ manter-se a frente dosacontecimentos, procurando impri- mir-lhesrumo ealternativas, dado que ‘fortuna’ é um rio impetuoso e os ho- ‘mens devem prevenir-se coma edifica- do de diques e barragens. A vontade criadora nao passa, assim, de um mé- todo para a acdo, pois o agir humano estd condicionado pela necessidade O carisma da ‘virta’ é proprio da- quele que se conforma a natureza de seu tempo, apreende-Iheo sentidoese capacita a realizar praticamente a ne- cessidade latente nas circunstancias”. 5. Os fins justificam os meios? Uma das comprovacées categéricas da imoralidade e falta de escrpulos do pensa- mento maquiavélico, bastante usual, cons- titui-se na afirmacao de que “os fins justifi- cam os meios”, Entretanto, para a maioria dos nao leitores de Maquiavel, que se utili- zam dessa afirmacao para critic4-lo, 0 des- conhecimento do real contexto em que foi prolatada tal sentenca nao os exime de erro, Maquiavel (1998, p. 93) afirmou categorica- mente na obra O Principe: “Na conduta dos homens, especialmente dos principes, con- traa qual ndo hé recursos, os fins justificam Ennecessdrio nao esquecer o contexto da peninsula itélica na época de Maquiavel e seu sonho de vé-la unificada e livre das po- tencias estrangeiras que a dominavam e ex- ploravamas divergéncias internas. Diante dessa afirmacao, para Maquiavel (1998), ao principe que unificasse a penin- sula itélica tudo seria permitido, pois, para a criagdo e manutengao do Estado, os ho- mens o isentariam de toda a culpa pelo uso dos meios mais absurdos e condenaveis do ponto de vista moral eético cristao. A politi- ca possui, destarte, uma légica e ética pro- prias, eo principe, na execugao do seu pro- jeto de criagao e manutencao do Estado, es- {aria utilizando-as na construgao da “razdo de Estado”. Brasilia a, 44m, 174 abr jen, 2007 208 Ademais, ao apelar ao principe para que este se exponha pessoalmente nos momen- tos de perigo, bem como no conselho para que aquele no se apoiasse nos poderosos, mas diretamente no povo, demonstra uma postura ética que em momento algum é con- siderada pelos criticos de Maquiavel. Para Maquiavel (1998), o Estado, por in- termédio do principe, possufa raz6es que justificavam suas agdes, de uma maneira totalmente diferente daquelas que justificam as ages humanas, baseadas que sio em principios cristaos éticos e morais, pelo me- nos no mundo Ocidental Com sua afirmacao de que “os fins usti- ficam os meios”, Maquiavel (1998) separa a Politica da Moral, da Etica, do Direito e da teologia, criando uma nova ciéncia, tal qual Hans Kelsen procurou fazer como Di- reito, ao desenvolver sua Teoria Pura do Direito. 6. Conclusiio (© pensamento de Maquiavel ainda nao se encontra sedimentado na cultura politi- ca, e muito se deve as interpretacdes diver- sas que sua obra suscitou. Em nossos dias, tem-se procurado interpretar seus escritos nao apenas do ponto de vista ideolégico, mas pelo referencial que tanto a extrema direita, representada pelo fascismo de Mussolini, quanto a esquerda, pelo pensamento mar- xista de Antonio Gramsci, defendem algu- mas idéias de Maquiavel. Mussolini o trans- forma em um precursor do fascismo, en- quanto Gramsci relaciona o principe com 0 partido proletario do Estado moderno. ‘O certo é que, partindo de sua experién- cia pratica da politica, Maquiavel construiu uma teoria politica que se encontra superior aos termos maguiavelisino e maguiavélico. Seu resgate, ainda que no século XVIII feito pe- los pensadores iluministas, que defendiam a existéncia de uma unidade em sua obra, mostraram a existéncia de um Maquiavel amante da liberdade endo apenas o mestre dos regimes absolutistas, Suas idéias de unificacao da peninsula itélica foram lembradas quando do Risorgi- mento, no século XIX, e Maquiavel foi consi- derado um verdadeiro heréi nacional, em re- conhecimento pelas suas idéias precursoras. Considerado o primeiro cientista politi- co empirico, por seus métodos de estudo, atendo-se a realidade para construir sua te- oria, € considerado 0 Galileu Galilei das Ciéncias Sociais. ‘Assim, Maquiavel, atualmente, é um he- 16i da independéncia italiana, bem como um amante da liberdade, pois, ao escrever um. guia para tiranos, mostrou a verdadeira natureza da tirania e ensinou o povoaamar aliberdade. Referéncias cia politics, 7 AZAMBUJA, Darcy. Introdugio & fed, Rio de Janeiro: Globo, 19894, Teoria geral do estado. 26, ed. Rio de Janeiro, Globo, 1989. BOBBIO, Norberto. A teoria das formas de governo. 7. ed. Brasilia: Universidade de Brasilia, 1994a, Dicionério de politica. Brasilia: Universidade Se Braslia, 1994b, iro de politic. 7. ed, Brasilia: Univer Fidade de Brasilia, 1995, BONAVIDES, Paulo, Paulo: Malheiros, 1995. éncia politica, 10, ed, S80 BONDANELLA, Peter; MUSA, Mark, The portable ‘achiavell. 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