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pecoLHA DE DADOS 265 1. Indicadores, técnicas e instrumentos ', SAO uma série de itens que nao sao Outra coisa que os mesmos indicadores que mas que assumem agora a forma de per- Mentos a registar, etc. Deste modo, 0 ins- trumento sintetiza em si todo 0 trabalho prévio da investigagao, resume as aproximagdes do marco te6rico ao fenémeno que se pretende estudar, e portanto as varidveis ou conceitos utilizados. Expressa também tudo o que tem de especificamente empirico 0 nosso objecto de estudo, pois sintetiza, através das técnicas de recolha de dados que emprega, o estudo Concreto escolhido para a investigagao. E mediante uma adequada construcio dos instrumentos de recolha de dados, que a investigacao alcanga entao a necessdria correspondéncia entre a teoria e os factos. Se numa investigagio os instrumentos sio ina- dequados, iro produzir-se, inevitavelmente, algumas das seguintes difi- Culdades: os dados recolhidos nao servirdo para satisfazer os investigado- Tes iniciais, ou og dados que se obtém sao falsos e distorcidos, porque o instrumento escolhido nao se adequa ao tipo dos fenédmenos em estudo. Em ambos os Casos tera havido, seguramente, um ou varios erros nas eta- Pas anteriores do Processo de investigacao. Serd entao necessério voltar atras € rever as diferentes fases realizadas, até alcancar uma melhor Tesolugio do problema. Passaremos, dados que Sdes assim, a estudar as principais técnicas de recolha de irdo empregar-se, nio sem antes termos feito algumas preci- acerca dos tipos de dados que se apresentam ao investigador. 266 INVESTIGAGAO ~ 0 PROCESSO DE CONSTRUGAO DO cons Cimen, 0 2. Dados primarios e secundarios Ja mencionidmos anteriormente que os dados, segundo as déncia, podem subdividir-se em dois grandes grupos: dados pI dados secundarios. Os dados primérios so aqueles que o in Ua proce. TiMérios ¢ 'Vestigador S Prdprios OU Os seus COS que se LOS escritos mas que ja foram recolhidos e muitas vezes processados por outros investigadores. As téc- nicas de recolha que se empregam numa e noutra situagdio so bem dife- rentes, como € facil de compreender, pois num caso enfrentamos a com- plexa e mutdvel realidade, e no outro vemo-nos perante uma acumulagio de materiais dentro dos quais é preciso discernir criteriosamente os mais pertinentes. obtém dire amente da realidade, recolhendo-os com os seu: instrumentos. Por outras palavras, sio os que o investigador colaboradores recolhem por si mesmos, em contacto com os fa investigam. Os dados secundarios, por outro lado, séio os regist provenientes também de um contacto com a pratica, Os dados primérios e os secundérios nao sao duas fontes diferentes de informagao, mas partes de uma mesma sequéncia. Todo 0 dado secund4- rio ja foi primério nas suas origens e todo o dado primario, a partir do momento em que 0 investigador conclui o seu trabalho, converte-se num dado secundario para os outros. Na experiéncia quotidiana também apelamos constantemente aos tipos de fontes. Suponhamos, por exemplo, que chegamos pela primeira vez a uma cidade, na qual desejamos ir a determinados sitios. Para conse- guir 0 nosso objectivo, podemos tomar nota das ruas que atravessamos, dos monumentos, pracas e comércios principais, de tal modo que foo mos uma ideia capaz de nos servir de referéncia. Também: podemos im rogar os habitantes da cidade acerca dos pontos de interesse, dirigindo- “hos a quem supomos estar melhor informado. Ao utilizar ambos os recut sos estaremos a recolher dados primérios, no primeiro caso, pole técnica de observagdo, no segundo, com o auxflio das entrevistas. também podemos procurar informagao que nos proporcione pane mapas ou guias turfsticos, Neste ultimo caso, as nossas fontes de a serdo materiais previamente compilados e organizados por outras vras, pelo que os mesmos serdo dados secundarios. : : quando Este exemplo nao difere, na sua esséncia, do que ocore recolhemos dados para uma investigagao cientifica. itd 7 aa 267 pecouna DE DADOS w B Recolha dos dados primarios ' Sendo os dados primérios, aqueles que surgem do contacto com a realidade empirica, as técnicas utilizadas na sua recolha reflectirao, necessariamente, toda a complexa variedade de situagdes que se apre- sentam na vida real. Os métodos de recolha de dados variam de acordo com algumas CARACTERISTICAS, que para Polit e Hungler (1995) sao: __ BsTRUTURA. Os dados que se pretendem investigar devem ser colhidos de uma maneira convenientemente estruturada. A infor- magao de toda a amostra € recolhida do mesmo modo, de uma forma compardvel e previamente estabelecida. __ POSSIBILIDADE DE QUANTIFICAGAO. Os métodos: de recolha de dados devem permitir que ela seja feita de uma forma narrativa, para poderem ser quantificados. — OBJECTIVIDADE. Os investigadores procuram que a recolha de dados seja o mais objectiva possfvel. Dentro destas técnicas mencionaremos, em primeiro lugar, a da OBSER- VACAO, por ser fundamental em todos os campos da ciéncia. A observacao consiste no uso sistematico dos nossos sentidos orientados para a captagao da realidade que queremos estudar. Através dos sentidos, os homens captam a realidade que os rodeia, que logo organizam intelectualmente. Foi através das inumerdveis observaces sistematicamente repetidas que, por exemplo, os Maias chegaram a penetrar no segredo dos movimentos de muitos corpos celestes. Os nossos sentidos, que permanentemente usamos, so uma fonte inesgotdvel de captagao de dados que, tanto para a actividade cientifica como para a vida pratica, € de inestimavel valor. Para todo 0 conjunto das ciéncias humanas existe também outro pro- cedimento, muito generalizado e de aplicagdes diversas. Trata-se da ENTREVISTA, que em esséncia consiste na interacgao entre as pessoas, una das quais, o investigador, formula perguntas relativas ao tema em ae Pent e a outra, o investigado, proporciona verbalmente ou por informagao que lhe é solicitada. een também outros processos de recolha de dados primérios, OS quais, os QUESTIONARIOS, 0s testes, as escalas, etc. ae 0 PROCESSO DE CONSTRUGAO D0 CONHECIMENT 0 INVESTIGAGAO 268 4. A observagao cientifica 10 pode definir-se como 0 uso sistemAtico dos nossos sen. procura dos dados necessdrios para resolver um problema de go. Por outras palavras, observar cientificamente € perceber a realidade exterior com 0 propésito de obter os dados que, dos como de interesse para a investigagao, A quotidianamente, como parte da nossa expe- iderada como cientifica, pois nao est4 nao € sistemdatica e carece de s erros que podemos come- A observa tidos ne investig iC activamente previamente, foram defini observagiio que se realiza riéncia vital, nao pode ser consi orientada para objectos precisos de estudo, controlo ou de mecanismos que evidenciem 0: ter quando a realizamos. ‘A OBSERVAGAO € 0 uso dos sentidos com vista a adquirir os conhe- cimentos adequados e necessdrios para 0 quotidiano. Para Fortin (1999), a observagéo é um processo que consiste em seleccionar, provocar, codificar um conjunto de comportamentos € de ambientes que (1999) afirma, registar e esto ligados ao objecto que se pretende estudar. Gil porém, que a observagao ganha cariz cientifico, se: _— servir a um objectivo formulado de pesquis — for sistematicamente planeada; __ for submetida a verificagao e controlo de validade e precisao. Para Wood e Haber (2001), a observacdo, para ser cientifica, tem de preencher as seguintes condig6es: — Ser coerente com 0 objectivo do estudo. — Exigir um plano sistemitico e padronizado. — Ser verificada e controlada. — Estar relacionada com os conceitos e teorias do enquadramento tedrico. om Para Craig e Smyth (2004), a principal vantagem desta t i radica em que os factos sfio percebi 269 gp00unh OF papos (Os mesmos autores referem que a sua principal inconveniéncia reside F de a presenga do observador poder provocar, por si s6, uma alte- a odificagao na conduta dos sujeitos observados, destruindo a De ee dos mesmos e encontrando dados, portanto, pouco fid- eae ‘os seres humanos, a0 saberem que estao a ser observados, & de m naturalmente a modificar a sua conduta, pois ha muitas activida- ss pinides ¢ atitudes que podemos ter em privado, mas nunca quando sentimos que estamos a ser observados. Suponhamos que escutamos uma conversa que dois desconhecidos tém na rua, ou em qualquer outro lugar . publico. Se eles se aperceberem de que estamos interessados em ouvir a sua conversa, 0 mais provavel é que diminuam o seu tom de voz, que manifestem desagrado, ou que cessem em absoluto a conversa. Para evi- tar tais perturbagdes, hd que elaborar dois procedimentos opostos que dao origem a dois tipos também diferenciados de observacao. A observacao deve fazer-se tendo em conta determinadas fases: iden- tificar 0 objecto, situago ou caso que se vai observar; averiguar os objectos de observacao; definir o modo de registar; observar cuidadosa e criticamente; registar os dados observados; analisar e interpretar os dados, e finalmente tirar as conclus6es. Para Rodriguez, Javier e Eduardi Garcfa (1996), um observador deve possuir algumas competéncias: antecipagdo — um bom observador nunca deve ter a pretensiio de observar os aspectos ou pontos que coloquem em tisco a integridade do observador; respeito — nunca deve observar sem antes ter presente os aspectos éticos da observagio (informar previamente 0s participantes); concentragdo — deve concentrar-se nos pontos-chave do Seu estudo e evitar distrair-se com outras acgGes; invisibilidade — 0 obser- vador deve tentar passar despercebido e minimizar 0 impacto da sua pre- Senga; versatilidade — deve desenvolver a sua capacidade de observagio e tor 5 mar discretamente notas do que observa, sem nunca perder os factos observados, Na investigagao cientifica so empregadas varias modalidades de obsery, fi : mai aac! que variam de acordo com as circunstancias. Todavia, na os casos, 0 observador deve observar: ie na OLUGAR. Observar e descrever 0 espago fisico. Fotografar se for ido. Fazer um plano do lugar (mapa ou planta) onde devem itacados os elementos relevantes da observagao. vesri@agko - 0 PROGESSO DE CONSTRUGAO DO CONHECINENTg InvesTiGA’ 270 OAS. Descrever as pessoas nO geral. O investigador deye soas que entram no estudo (0 que fazem no adraio existente nas actividades que Tealizam), AS PESS focalizar-se nas pe seu espago social. P AccAo, Determinar as relagGes entre as pessoas ou grupos, para compreender os seus lagos de comunicagao e de relagao inter-pes- soal. _ DESCOBRIR. As particularidades dos grupos ou pessoas devem ser observadas e analisadas. Todo o processo de observagéo € composto por, pelo menos, trés elementos: o observador, ou seja, aquela pessoa que planeia e utiliza a observagao com o objectivo de recolher informagao (0 investigador); 0 objecto da observacao, isto é, 0 que constitui aquilo que interessa obser- var e de que se quer obter informagao; a percepg¢ao, ou seja, o fruto da interacgdo entre 0 observador e 0 sujeito ou objecto da observagao, em suma, a observacao em si mesma. Nao é recomendavel que a observagao seja a tnica técnica de recolha de dados da nossa investigagao. Os seus resultados devem ser contrasta- dos ou complementados com os dados obtidos por meio de outras técni- cas de investigagao. Contudo a observagao permite-nos: — explorar os aspectos que nao s&o necessariamente recolhidos por outras técnicas, como 0 contexto fisico e social, as caracteristicas das pessoas, a dindmica de grupo e a vida quotidiana; — formular perguntas ou dtividas, que podem ser utilizadas através de outras técnicas para serem aprofundadas; — examinar temas ou problemas de que pouco se fala ou dificeis de serem expressos verbalmente. Em sintese, podemos dizer que os métodos de observagao constituem uma técnica de investigagio social que capta os comportamentos 10 pet ©Mm que eles se produzem e em si mesmos, sem a mediagao de m ‘ na ou testemunho (Quivy e Campenhoudt, 2003). ___ Na observacio, © observador no interroga; nfo se comunica; a informagdes sao registadas no momento em que acontecem; podem set ou nao e Participantes ou nao participantes. RECOLHA DE DADOS 271 4.1. Observaciio estruturada Na utilizagio de uma conhecer muito bem 0 cont vi © Timitada, © investigador depara-se, muitas vezes, S40 muito 42, Observacaio ndo-estruturada A ban Servacdo nao estruturada nao apresenta uma verdadeira estrutura, rma Classica & a observacao participante, em que o investigador IPO a ser estudado através de uma participacao directa e o72 INVESTIGAGAO = 0 PROCESSO DE CONSTRUGAO DO Conneg, IMENT 0 Quase nao é possivel ao investigador tomar notas durante a obse _ 7 TVa- ‘as anotag6es, guiando-se. Por. sua disciplina, que Ihe garantem com. m- edo, fazendo este apenas algumas dis sda sua mem6i s para redigir uma exposigao pormenorizada depois de conclufd, la eda pel a observagiio, constituindo estes registos as notas descritivas. JA as notas analiticas contém as reflexes pessoais do investigador expressando as suas ideias e intuigdes. gf Em resumo, o observador nao sabe 0 que procura e vai simplesmente observar para decidir 0 que pode ser significativo para a investigacao, Este tipo de observagio deve ser evitado (Cohen, Manion e Morrison, 2006). Muitos pesquisadores véem esta técnica como um instrumento para a formulagao de hip6éteses ou para a explicitagéo de indicadores, adqui- rindo, assim, um cardcter exploratorio. Os seus limites e inconvenientes dizem respeito a fidedignidade e a validade dos resultados da observagao, uma vez que estdo estritamente dependentes do pesquisador e da sua visdo do fenémeno. As grandes quantidades de dados que devem ser tra- tados no decurso e no término da investigacao e as influéncias do investi- gador sobre 0 comportamento das pessoas (efeito observador) constituem ; desvantagens. Para contornar este problema, poderia ocultar a sua o de observador, entretanto, tal atitude faria emergir a questo ética e complicaria os registos das notas, j4 que nao deve trair-se. 4.3. Observacao nao-participante e vidvel quando se trata de A observacao nao participante é util Acter conhecer factos ou situagdes que de algum modo tém um certo cari piblico, ou que pelo menos nao pertencem estritamente a esfera das ie dutas privadas dos individuos. E facil conhecer os habitos de compras nos colocarmos estrategicamente junto a um ponto de vendas, revelar = mas de comportamento polftico, mediante a assisténcia a actos oa natureza e conhecer outros vérios aspectos da conduta manifesta 4 a soas observadas: h4bitos de vestir, de concorréncia a lugares piblice etc, jeECOLMA DE DADOS. 2 Quase sempre os dados obtid A —; 7 los apont. ciais ou visiveis da Tealidade Social, ad ce Para spectog Mais sy possuam importiincia Fortin, ggg) S'° N&O quer dizer > SUPerti- mais despercebido que nao aparega como uM sujeito activo, face aos observados, Se mediante um comportamento discreto e cuidadoso, Conseguimos que nos confundam com 0 Puiblico no geral e evita sobre nds, cheg: i que a atengio recaia aremos a observacées fidveis e de b 0a qualidade. 44, Observagiio Pparticipante A observacao participante, por seu lado, implica a neces idade dum Wabalho quase sempre mais dilatado e cuidadoso, pois o investigador deve em Primeiro lugar integrar-se no grupo, comunidade ou ins ae Mm estudo, para, uma vez ai, ir realizando uma dupla tarefa: soot aa Totinas dentro do grupo, como se a ele pertencesse, pieces que vai recolhendo os dados de que De ee Be pitts i pace. See ene one eee bic ctr aatitude de » Como se fosse mais um membro, mas sem a perceber-se as plas cedar, 2000), Com 2 pees rando, também ele formas de conduta dos vérios Perabo, penetando asi m com> : i res que Ripe no fenémeno em estuco. s e dos valores de sentimentos jonal, uma carga idos € I eee te yennto dns dais ODUAOS ora INVESTIGAGAO = 0 PROCESSO DE CONSTRUGAO DO Conye, Cimen TO vel que aquela que se obtém por meio d: las entrevistas, j4 ' S, j4 qu n 4 medida que se produzem e ue os factos tal como se produge, (Polit ¢ Hungler, 1995). Na observagdo participante, € 0 proprio inva gador o instrumento principal de observagao. Ele integra o meio a inves ] 62 se obser tigar e tem o papel de actor social, podendo assim ter acesso as Perspecti- yas de outros seres humanos ao viver os mesmos problemas e as mesmas situagdes que eles. Assim, a participagao tem por objectivo tecolher dados (sobre acgdes, opinides ou perspectivas) aos quais um observador exterior nao teria acesso. A observagao participante € uma técnica de cio qualitativa adequada ao investigador que pretende com. preender, num meio social, um fendmeno que lhe é exterior e que lhe yai permitir integrar-se nas actividades/vivéncias das pessoas que nele vivem, investig: A este propésito, Bogdan e Biklen (1994, p. 68) referem que «Os investigadores qualitativos tentam interagir com os seus sujeitos sem intrusdes nem ameagas. [...] Como os investigadores qualitativos esto interessados no modo como as pessoas normalmente se comportam e pensam nos seus ambientes naturais, tentam agir de modo a que as activi- dades que ocorrem na sua presenga nao difiram significativamente daquilo que se passa na sua auséncia». A observagio participante pode chamar-se NATURAL quando 0 obser= vador pertence, de facto, ao conjunto humano que investiga. Se um estu- dante quiser fazer uma observagio participante entre os estudantes, prati- camente nao necessita de nenhum esforgo para chegar ao que quer, pols jd é estudante e conhece bem a linguagem, os modos de fazer e de com: portar-se no grupo que investiga. Neste caso, o trabalho de observagao € facilitado grandemente, pois 0 observador nao requer nem de uma esta 1égia especial nem de uma conduta de autocontrolo, frente aos actos que 0 mesmo executa. AL, quando A observagao participante, também se denomina ARTIFICL iberado de a integragdo do observador no grupo se faz com 0 objectivo delibe desenvolver um trabalho de investigagao. Quando a distancia social ag © observador € 0 observado 6 pouca, a adequagao nao é dificil. Assim. 4 caso de querermos observar a conduta de um grupo de jovens a _ social média que se dedica ao teatro, poderemos utilizar algum aie dor que também fosse jovem, da mesma origem social € tenha Us suas para a arte, ainda que ndo praticasse especificamente teatro. AS - caracteristicas pessoais facilitariam a sua entrada e integragao 7° pen que seria consideravelmente mais dificil no caso de a sua distinc’? 275 8 coun oF paoo ne quando nio se conseguem observadores que se oot facilidade nos grupos estudados, deve recorrer-se 4 obser- jcipante, Mas s6 quando nao for possivel empregar outra téc- yagio igh e produzir resultados iguais, porque os seus custos podem ser . cae ente elevados. HA etndlogos que passaram perfodos de quatro verdes convivendo com comunidades da selva ou de regides isola- havia outro modo de conhecer a fundo as estruturas sociais rocuravam estudar. or. Nao obstante, ou cinco ar «. pois nao Pals dos povos que Pp! observagio participante pode variar desde uma filiagéo total ao grupo até a participagao limitada e condicionada, tanto em relagao ao tempo como em relagio as funcdes assumidas pelo observador. Nao é necessirio que este exerga exactamente as mesmas actividades que reali- zam os outros membros do grupo: em vez disso pode desempenhar algum papel que seja aceitavel dentro da comunidade e que seja capaz de exer- cer razoavelmente. E sempre importante que se preocupe com todos os pormenores do seu aspecto pessoal — os seus gestos, as palavras e opi- nides que expressa —, para ndo parecer perante os outros como um parti- cipante anémalo, porque isto poderia gerar uma atitude de desconfianga ou um tratamento atipico, bloqueando a informagao que recebe e distor- cendo, até, as actividades que o grupo normalmente realiza. Entre as vantagens da observacio participante, podemos mencionar o rapido acesso aos dados acerca das situagdes habituais de vida dos Participantes, 0 acesso aos dados que sao considerados privados ¢ 0 facto de permitir captar as palavras de esclarecimento que acompanham 0 com- Portamento dos observados. Quanto as principais desvantagens da observagio participante, deve- pibcoetcions as seguintes: 0 excessivo compromisso que adopta © “*etvador frente ao grupo pode chegar a prove de peceeeetere a sua objectividade e distorga a sua percepgo; 0 facto Been dentro do grupo estudado, uma s6 das posigdes Poss ingird a sua possibilidade de captar as actividades de inte- Gado Suas miltiplas facetas; os enormes custos que podem estar a a de tao longa duragao. Nase qui Pouco temos dito ou nada acerca do observador, como s de um s6 individuo, Porém, na pritica, sempre que po Para fazé-lo, € conveniente efectuar as tarefas de observagdo uma maior visio do sucedido ¢ para evitar os posst- ecul A uma identificagao to 276 INVESTIGAGAO = 0 PROCESSO DE CONSTRUGAS 5 > CONK omy eg Veis erros de percepgiio, Os dados podem ser a apés a sua recolha para cortigir erros ou Superar detectar. Quando as acgdes de interesse ocorrem nos ou muito sensiveis, é preferivel reduzir on Pois a presenga colectiva pode causar mais danos Por tiltimo devemos fazer uma distin situagdes produzidas espontaneamente e as que sao realizad, gdes controladas, experimentais e j4 Preparadas. Neste tiltimo CASO toma: -se mais fiicil seleccionar e Tegistar os dados de valor, . ssim onfrontag 98 Vazios Ue se oat dentro de 8tupos —_ lumero de observa : que benefic;, S. a g40 entre as Obsery, bes de ‘8 em condi. O processo de observagiio Participante segue algumas Ctapas essen. roximagao do Pesquisador ao Social em estudo. E um trabalho longo e dificil, de trabalhar com as expectativas do grupo, além de se Preocupar em des- truir alguns bloqueios, como a desconfianga e as reticéncias do grupo. Nessa fase, € necessério que © pesquisador seja aceite no seu proprio Papel, isto €, como alguém de fora, interessado em realizar, juntamente com a populagao, um estudo. Perante isto, pode dizer-se que a verdadeira insereao implica uma tensio constante do pesquisador entre o Tisco de uma identificacao total com a problemitica e a distanciagao necesséria Para assegurar a objectividade na colheita de dados (Richardson, 1999). f grupo Pols 0 observador precisa A insergao € 0 processo pelo qual o investigador procura atenuar distancia que o separa do grupo social com quem pretende trabalhar a aproximac4o, que exige paciéncia e honestidade, é a condigao Wi ve ‘gue © percurso da observagao possa, de facto, ser realizado oe “ dj @fupo com a participacao dos seus membros enquanto protagonist ©omo simples objectos (Milles e Huberman, 1994). i igador em possuit Um M4 na seg etapa, hd o esforgo do investiga : en pst de conjunto da comunidade que se quer estudar. Ess ne docume: com a ajuda de alguns elementos, come ° observagio oficiais, a reconstituigdio da histéria do ae ye grupo) condmicas, , a identificagiio das inst so de da vida fi ientiieagto de pessoas Ne « n ajudar na compr directivas © pelo ca de heart So ina a va ose, nao havet | se penn lies dados obser do local in DE DADOS necou" 277 Caso no seja possivel 0 registo imediato, sugere-se 0 u: filmagens, fotos ou gravagdio audio (Richardson, 1999), Apés & recolha dos dados, passa-se a terceira fase, na qual é preciso sistematizar e organizar os dados, o que Corresponde a uma etapa dificil e delicada. A anilise dos dados deve informar 0 investigador da situagdo real do grupo da percepcao que este possui do seu estado. Se todas essas tapas forem seguidas adequadamente, pode dizer-se que o trabalho tera €xito, favorecendo o conhecimento da realidade social, ou até estimu- Jando o crescimento do grupo de estudo por meio da sua auto-organiza- gio, promovendo 0 desenvolvimento de acgdes conscientes e criativas para a mudanga social (Richardson, 1999), se isso for um dos objectos do estudo, ainda que colateral. so do recurso das Nao ha limite temporal e espacial para a observagao participante, visto que as pesquisas qualitativas se caracterizam pela utilizacio de miltiplas formas de recolha de dados. O tempo, entretanto, sé parece ser excessivo quando comparado com o despendido em pesquisas baseadas na aplicagao de questiondrios. Assim, o tempo é inerente a necessidade de aprender os significados dos factos e comportamentos (Barros e Lehfeld, 1994), Ross e Kyle (1982) preconizam, porém, que 0 periodo de permanén- cia do observador em campo para estudos antropolégicos e sociolégicos deve ser de no minimo de seis meses, embora para estudos na area da Cducagao e da satide esse perfodo possa variar entre seis semanas, a trés anos. © tempo de permanéncia do investigador no campo deve ser determi- nado pelo Proprio objectivo do estudo, bem como pela saturagao dos dados, Para a tealizagio da observagio participante, 0 essay “dquirir algumas habilidades e competéncias, tais como: ser ous uma relagfio de confianga com os Sujeitos; Set Sensive be ae (asio com as pessoas; ser um bom ouvinte; ter fam See ae investigadas, estando bem preparado Reareacoecte to pe tg de estudo ou situagdo que sera observada; ter flexibilli ae 3 inesperadas; no ter press de adquirir p: a ee ano siste- ‘bservados; elaborar um P ; aos fenémenos ee errepsto dos dados; ser aplicar gio dos dados; yerificar & 278 INVESTIGAGAO - © PROCESO DE CONSTRUCAO DO CONHECIMENTo controlar os dados observados; e relacionar 0s conceitos e as teorias Cien- tificas com os dados colhidos. Esse tipo de observagao, por ser um método qualitativo de investiga. gio, é alvo de criticas positivas e negativas (Gil, 1999). Um ponto posi- tivo € a possibilidade de obter a informagao no momento em que ocorre 9 facto e na presenga do observador. Além disso, € 0 meio mais directo de se estudar uma ampla variedade de fenémenos, e a grande maioria dos aspectos do comportamento humano s6 pode ser estudada satisfatoria- mente mediante este tipo de observagao (Richardson, 1999). Outro aspecto positivo é que tal método de recolha de dados € 0 que exige menos dos sujeitos estudados. A observagao também permite comprovar ou nao os seus relatos, porque nem sempre o que eles dizem é 0 que demonstram nos seus comportamentos (Lobiondo-Wood e Haber, 2001). Quando os investigadores da 4rea da satide utilizam esta técnica de recolha de dados, eles imergem na realidade do objecto de estudo. Imer- gir na realidade é essencial, no entanto, deve dominar-se, ao mesmo tempo, © instrumental teérico. Uma atitude de observador cientifico con- siste em colocar-se sob 0 ponto de vista do grupo pesquisado, com res- peito, empatia e uma insercio o mais fntima possivel. Significa abertura para © grupo, sensibilidade para as suas idiossincrasias e cultura, lem- brando-se de que a interacgao social faz parte da condigio e da situagio de pesquisa. Embora 0 método possua todas essas vantagens e traga muitos bene- ficios 4 comunidade cientifica, a observacao participante incorre num risco de imersao total numa realidade que nao a do pesquisador. Esse perigo € frequentemente relatado por muitos investigadores e pode implicar a existéncia de deformagées subjectivas da realidade estudada. Face ao exposto, pode dizer-se que a observagao participant difere das outras formas de recolha de dados porque regista qualitativamente a realidade estudada em didrios de campo, sendo a meméria do investiga- dor a sua principal aliada. Os observadores participantes inserem-se a situagdo de pesquisa e na vida das pessoas que estudam e, embora nas notas de campo os nomes sejam ficticios, os sujeitos da pesquisa sao reais © conhecem-se uns aos outros. Essa técnica é utilizada para estudar fend- RECOLHA DE DADOS a Bes, tentando, no entanto, fazer, sempre que necessério, andlises causais itor, Knauth e Hassen, 2000), 5S. Entrevista 287 count OF pxo0S ae uadrar as perguntas dificeis. Tais questées devem ser See acidad no fim da entrevista, altura em que existe um maior si : ‘ Jima de confianga, pois se provocarem desconfianga, ou uma pea negativa no entrevistado, isso prejudicard a entrevista rea (Foddy, 2000). 5 pePOIS DA ENTREVISTA Registar as observacdes realizadas acerca do comportamento do entrevistado. Registar as observagdes acerca do ambiente onde decorreu a entrevista. ‘Aestrutura de uma entrevista varia conforme o ntimero de entrevista- dos. Algumas delas sao rigidamente estruturadas e apresentam um cardc- ter formal: fazem-se perguntas idénticas da mesma maneira e na mesma ordem para cada um dos participantes. Inclusive, em todos os casos, for- mulam-se as mesmas observac6es introdut6rias e finais. Estas entrevistas sio mais cientificas do que as nao estruturadas, pois 0 enfoque padroni- zado provoca controlos que permitem enunciar generalizagGes cientificas. Entretanto, a entrevista estruturada tem também certas limitagdes: para recolher uniformemente os dados quantificados e compardveis de todos os entrevistados, é necessdrio utilizar critérios rigidos que, em muitos casos, prejudicam a profundidade da investigagio. 6. Questiondrio Para Wood e Haber (2001), os questiondrios sdo instrumentos de st i ¥ os Res ®scritos € planeados para pesquisar dados de sujeitos, através de Ses, @ respeito de conhecimentos, atitudes, crengas e sentimentos. s ee aerate de recolha de dados € necessério ter uma atengao 8untas a Preparacao e na sua OES ENIZAAC. Antes de mais, a) an quem i. extremamente bem organizadas, de uma forma eee cl Tesponde. Deve, também, ser organizado por temiaticas te enunciadas, Assim, a finalidade do questiondrio é obter, de Tegi q 288 INVESTIGAGAO = 0 PROCESSO DE CoNsTAUGAG p © Conne Cle TO mancira sistemati pont se estuda, das varidveis que sio objecto do estudo, Fox (1981) a que que, ao utilizar esta téenica, o investigador tem de considerar os tent metodoldgicos gerais: estar plenamente convencido de que as ra podem fazer-se com clareza suficiente para que funcionem na internal pessoal que supde 0 questionario, preenchendo todos os itens nece fil para maximizar a probabilidade de que o sujeito conteste ou respon ait questdes. Os dados que podem obter-se com um questiondrio Pertencem a trés categorias (Sierra Bravo, 1988): e ordenada, a informagio, acerea da — Factos (dados actuais) relativo ao dominio pessoal dos individuos que formam o grupo social estudado (por exemplo a idade, 0 nivel de escolaridade), factos relativos ao dominio do ambiente que o rodeia (por exemplo, relagGes familiares, relacdes laborais) e ao dominio do seu comportamento. — OpiniGes, as quais se somam os niveis de informacao, de especu- lagao, etc., ou seja, tudo o que se podera chamar de dados subjec- tivos. — Atitudes, motivagGes e sentimentos, isto é, tudo o que impele paraa acgao. — Cogniges, que se traduzem na avaliagao dos indices de conheci- mentos de diversos temas estudados num questionario. O INQUERITO POR QUESTIONARIO pode ser definido como ung inter rogagdo particular acerca de uma situagdo que englobe os individ com 0 objectivo de generalizar (Ghiglione e Matalon, 2001). ros obter dados através do questiondrio, consistindo em apresentat Um por junto predeterminado de perguntas & populagio. O questionsions . fanto, um conjunto estruturado de questdes expressas num papel nado a explorar a opiniao das pessoas a que se dirige. No ental 880, a5 questdes so colocadas oralmente ao inquitido e € © Th, ‘que preenche © questiondrio. A vantagem da aplicagao 40 ne ‘questiondrio ¢ dar a possibilidade de aplicagiio a qualquer UP juzids glo. Mesmo que esta seja analfabeta, a taxa de nio TP de8 cot” pois 0 inquiridor incentiva a resposta, Como desvantagens PP 4g de 08 de das perguntas © 9 Vigo 9 aceites, asijiieamaale 289 rios si de tipo LIVRE, ABERTO ou MISTO. No questiond- do pode responder livremente e como quiser. A princi- a pessoa interrogada dar uma resposta livre € s, essencialmente, no facto de poderem ou ilegiveis, e de serem _ questiond o inquiti m é permitirem desvantage! livte pil yantage! sssoal FS Z origem 4 FSI is de anal ar, em consequéncia da multiplicidade de ;, No fechado (elaborado sem qualquer maleabilidade, ano rigido, no qual a ordem das questées e os e tem a vantagem de permitir canali- grio segue um pli o questo eS eZ s. aus termos Se mantém invarlavels, 9 reacgoes das pessoas interrogadas para algumas categorias muito : . conveniente de ter a ver com 0 rpretar, tendo, porém, o in do questionario). No questionario misto, ha uma combi- dos dois tipos anteriores, com vista a redugao dos seus inconvenientes. Neste tipo de inquérito, as questdes podem ser fechadas, mas da-se a possibilidade de a resposta ser livre. 'STES DE MEDIDA DE ATITUDES E OPINIAO visam o conhecimento quantificado e directo do comportamento do sujeito. As medidas de atitudes e opiniao tém por objecto a ava iagdo da respectiva intensidade, possibilitando a ordenagio dos individuos ao longo de uma escala, Estas técnicas sao criticadas pelo seu cardcter subjectivo e pela auséncia de um padrao estandardizado de medida. As escalas de atitudes e opinides visam superar esse subjectivismo, através da utilizagio de um sistema pré-construfdo de proposig6es, em relagdo As quais 0 inquirido toma posigao. As SONDAGENS siio uma MODALIDADE PARTICULAR DE INQUERITO POR QUESTIONARIO, que visam obter a opiniao dos inquiridos acerca de fen pagunto. Os seus zesultados poderao a get a a firerragg Le vasto. Apesar disto, esta técnica © muito complexa, se conta os passos da sua correcta aplicagao: faceis de intel aspecto técnico nagao das vantagens Por outro lado, os TE! neralizadi ~ Definigdo dos objectivos. >In jack poems Ventariagdio do recursos disponiveis, que permite determinar a oe €xtensio, os limites e a duragao do trabalho a realizar. Nentiticagao do universo e escolha do intervalo de confianga. E pecczsétio, conhecer o ntimero total de individuos do universo priniiio se deseja pesquisar, bem como sua distribuigao por ias (profissio, idade, sexo, regiao). A esta discriminagao iva © quantitativa do universo dé-se 0 nome de breakdown 290 INVESTIGAGAO ~ 0 PROCESSO DE CONSTRUGAO D9 CONHECIMe, NTO do universo, que se torna fundamental para escolher ° cae: intervalo de confianga que se espera atingir com 0 trabalho, — Construgao da amostra. Apresentando, normalmente, 9 Universo uma enorme extensao, € preciso seleccionar uma amostra re Sentativa desse universo, isto é, considerar uma parcela do uni- verso que seja numericamente expressiva, a fim de Tepresentar 9 melhor possivel todo o universo. E importante que os individuos que compéem a amostra representativa se encontrem discrimina- dos, a fim de que a recolha das opinides se Processe nas devidas Proporgoes. A esta discriminagao dé-se o nome de breakdown da amostra. — Elaboragdo do esbogo do questionério, pondo e ordenando as quest6es e os métodos a utilizar. — Realizagao do pré-teste, destinado a assegurar a natureza e a com- plexidade das questdes e a sua adequagio aos objectivos previa- mente determinados. — Elaboragao do questiondrio definitivo, — Recolha da informagio. — Codificagao das respostas. — Anilise e tratamento dos dados. — Elaboragao do relatério final. VANTAGENS DA SONDAGEM: envolvendo, apenas, uma parcela da Populagao total, exige menos recursos as exigidas pelo inquérito exaus- tivo. Os inconvenientes fundamentam-se, sobretudo, com distorgdes que podem ser introduzidas, tanto na fase de identificagao prévia da popula- $40 a inquirir, como na do tratamento dos dados ou nas falhas de infor magao. Habitualmente, um questionério integra varios tipos de pergunta: — PERGUNTAS DE IDENTIFICAGAO — So aquelas que se poe” is svlenticasbisias das unidades de observa, ou set Si ‘Se destinam a identificar do, nao nominalment, 1" - on008 291 pecout Es GUNTAS DE INFORMAGAO. Tém como finalidade obter dados — PER je factos e opinides do inquiridor. PERGUNTAS DE DESCANSO. Muitas vezes sem tratamento poste- 7 rior, serve jntencionalmente para introduzir uma pausa ou mudar es assunt0, ou para apresentar perguntas que oferecem maior difi- culdade. PERGUNTAS DE CONTROLO. Sao destinadas a verificar a veraci- dade de outras perguntas incertas noutra parte do questiondrio (Carmo € Ferreira, 1998). Pretendem, também, assegurar 0 inte- resse, a fiabilidade das respostas dos sujeitos que respondem ao questiondrio. Ex.: Pensa mudar de ocupagao no futuro? A que ocupacao pensa dedicar-se no futuro? Os canais de comunicagdo entre 0 inquiridor e o inquirido (Carmo e Ferreira, 1998) podem ser varios: — CoRREIO — estes questiondrios enviados por correio deverio ser acompanhados por um envelope para resposta, devidamente ende- regado e selado ou com resposta paga, a fim de reduzir as nao res- postas. — AO PORTADOR — so entregues em mio ao inquirido. — POR VIA INTERNET. Um dos grandes problemas dos questiondrios € a elevada taxa de nao eee Carmo e Ferreira (1998) salientam a existéncia de factores ondicionadores do nivel de devolugdes dos questiondrios ba NATUREZA DA PESQUISA. Se a utilidade desta for evidente para 0 inquirido, a taxa de respostas tende a aumentar. — TIPO DE INQUIRIDO. Os inquiridos com maior nivel de habilita- Ges académicas tendem a responder com mais frequéncia. ~ SISTEMA DE PERGUNTAS. Quanto mais simples for o sistema de Petguntas, maior é a probabilidade de aumentar a taxa de respostas. U ee ie S CLARAS E ACESSIVEIS. Quanto mais claras e faceis nstrugdes de preenchimento, mais éxito se prevé no ial 292 INVESTIGAGAO ~ 0 PROCESEO DE CONSTRUGAO 00 ConHEciney To ESTRATEGIAS DE REFORGO. Cartas de antincio do langamento do questionario, cartas de esclarecimento da sua utilidade social ou jo estratégias que normalmente aumentam a taxa de cientif respostas. O questionario deve ser cuidadosamente elaborado, evitando pergun- tas demasiado gerais, confusas ou de duplo sentido, e deve ter uma ordem © mais natural possivel. Segundo o tipo de perguntas que nele inclufdas, estas podem dividir-se em dois grandes tipos: ™ 1. QUESTOES FECHADAS Neste caso, 0 inquirido s6 pode escolher entre um numero limitado de respostas possiveis. Nao importa a quantidade de respostas oferecidas, 0 que € importante € que o inquirido nao pode dar uma resposta que nao esteja prevista no instrumento. Ha que ter muito cuidado na elaboragao destas alternativas de resposta, procurando especialmente que elas sejam inclusivas e mutuamente exclusivas, tal como ocorre na elaboragéo das escalas, evitando, qualquer estimulo para uma resposta num determinado sentido. Para Polit e Hungler (1995), estas questdes subdividem-se, ainda, em: DICOTOMICAS O sujeito apenas tem de eleger uma resposta, colocando uma cruz, circulo ou riscando as vezes a opgao errada. Ja esteve hospitalizado? Sim Nao. MULTIPLAS Algumas perguntas apresentam uma escala qualitativa, correspon” dendo ao ntimero de vezes que se repete uma acgfio, ao grau de concor dincia com uma determinada opinidio, entre outras. Segundo Sierra Bravo (1988), € conveniente e 1 ero par de opcdes, quatro ou Seis: i smentos da nossa amostra possam Tes- forgo de reflexao. __ Pouco importante {_]Nada importante HIERARQUICAS Sao apresentadas varias hipdteses, devendo ser indicada a preferéncia entre elas, recorrendo a uma escala numérica, por an a : Os utentes valorizam coisas diferentes na Prestagio de oe Ae saide. De seguida é-lhes apresentada uma lista de caractet IS ‘ a e técnicas dos profissionais de satide, que costumam ser cinite a se pede aos utentes que nomeiem as qualidades que eles mais valoazanll Indique, por favor, a ordem de importincia que esses valores tém para si, colocando uma cruz (1) no item mais importante e (2) no segundo mais importante, e assim sucessivamente. Simpatico Disponivel Amigo [_]Dedicado Competente "2. QUESTOES ABERTAS espostas, pois estas Proporcionam uma variedade mais ampla de r Podem ser emitidas livremente por quem responde ( Bell, 2004). A sua Claboracdio deve ser muito cuidadosa, para evitar respostas confusas ou errOneas, e para evitar também que elas predisponham 0s inquiridos a Tesponder num ou noutro sentido. Todavia, Rojas Soriano (1981) e Her que estas questdes sio mais faceis Ea - seat tipo de resposta nem investigar acerca da exaustivi se dio das categorias propostas. No entanto, 4 dificuldade apa- ce no momento de tratar a informagao recolhida. ndez Sampieri ef al. (2000) de formular, pois nao se tem 204 INVESTIGAGAO - 0 PROCESSO DE CONSTRUGAO 00 CONHECIMEN TO. E muito dificil reduzir respostas dispares a categorias significativas que permitam reconhecer a informagdo mais relevante, com 0 objectivo de se poder quantificar posteriormente. £ pouco recomendavel utilizar muitas perguntas abertas num questio- nario, Marin Ibafiez (1985) afirma que os inquiridos com baixo nivel de ©, OU que nao tém por hdbito colocar por escrito as suas vivén- cias, se so questdes que nao tenham sido expressadas previamente, que o sujeito ndo tenha tomado uma posi¢ao ou o tenha preocupado especial- mente, deixam muitas vezes os itens em branco ou nao respondem. forme Quadro 2. Vantagens e desvantagens das questes abertas e fechadas Vantagens DUCT urd | « Podem dar mais informacao. * As respostas sao muitas vezes de dificil interpretagao. * Muitas vezes dao informagao | mais rica e pormenorizada. E preciso muito tempo | * Por vezes dao informacao para codificar as respostas. inesperada. * Normalmente, preciso utilizar pelo menos dois avaliadores (ainterpretagao e a codificagao das respostas). | ‘As respostas so mais dificeis de analisar num processo estatisticamente sofisticado, ea andlise requer muito tempo. Abertas | * Maior liberdade na resposta. ‘* Menor influéncia do inquiridor. Por vezes, a informagao das respostas 6 pouco rica. * E facil aplicar andlises estatisticas para analisar as reeposiadl As respostas conduzem + Muitas vezes é possivel analisar | por vezes a concludes de maneira sofisticada os dados. | simples demais. * Direcciona o pensamento. * Induz a resposta. + Facilita a resposta. e fecha- das, existem também as perguntas acerca de factos ou de opiniso- Ainda para Sierra Bravo (1988), além das questes abertas acordo com @ natureza do conteddo das perguntas, estas podem ser de factos, de opinides, de identificagiio, de acgio, de informag intengio, de expectativas, de motivagdo ¢ de crengas e atitudes. jo, de ecoLHA DE DADOS al Segundo Craig e Smyth poragio das questdes: ; Ofisticadas forem 4S palavras de uma pergunta, menos claro €0seu Significado, — Sao muitas as pessoas que tém um Vocabulério ¢ habilitagses literarias restritos, ‘ar O uso de termos técnicos, Mas, sem- pre que 0 seja, devem escre’ Ver-se perguntas Curtas, usar Palavras simples e uma sintaxe clara, Na elaboragao do questionario, o investi; este deve estar de acordo COM Os objectivos igador deve ter Presente que de dados deve abordar OS assuntos aos do estudo, ou Seja, a recolha quais pretendemos dar resposta através do estudo. Para Hernandez Sampieri er al. (2000) é Tecomendavel ra uM Conjunto de perguntas que constituem um Westionario, é necessario rever este uma ou duas vezes para eee da sua Consisténcia e eliminar Possiveis erros ou omissdes. oa = ne *ealizar-se um Pré-questionario, ou pré-teste, que con se em wn ad a Teduzido ntimero de pessoas para determinar a sua duracao, co1 dificuldade, ica a ida ja amostra. ’ € Corrigir og defeitos antes de aplicé-lo a totalidade d: . 6 reenchimento, qu Um uestionario deve possuir instrugdes de aa a “Sclarecem inquiridor acerca do investigador, do i oe i res} er, da s ‘tealizar, dos objectivos, de maneira de ponde Peracaio i et al. 2000). NO preenchimento (Herndndez RE desis como yen a Segundo Zarkowich (1970), estas informagdes sio nee das respos- ° qUestiongrio Pois so um meio de obter uma norm: i h . smas. jectivos nas mes ; jentos subject "*olhidas ¢ de evitarintrodugdes de elem 296 INVESTIGAGAO ~ © PROCESSO DE CONSTRUGAO DO CONHECIMENT, 0 Dissemos, antes, que 0 questiondrio é um instrumento indispenséyey para levar a istas formalizadas, no entanto pode usar- pendentemente destas. Neste p, entreg, nario pa Devido a conside! bo entre’ Se inde- Se ao respondente um questio. a que este, por escrito, consiga por si mesmo as respostas, emelhanga dos instrumentos empregues nesta técnica, ela Pode se como uma derivagao ou uma forma muito particular da nda que obviamente nao se trate duma entrevista, Pois nao existe ali o elemento de interacgao pessoal que a define. entrevista, A principal vantagem de tal procedimento reside na grande economia de tempo e pessoal que implica, pois os questiondrios podem ser enviados por correio, deixar-se num lugar apropriado ou aplicar-se directamente a grupos reunidos para o efeito. Outra vantagem é a qualidade dos dados obtidos, pois eliminam-se as possiveis distorgdes que a presenga do entrevistador pode fazer, quer pelo modo de falar, de enfatizar palayras, de dirigir inconscientemente as respostas, ou quer apenas pela sua pre- senga fisica, que pode retrair ou inibir o entrevistado. A desvantagem esta em que deste modo as reacgGes reais do respon- dente face a cada pergunta. Também as confusdes ou mal entendidos podem multiplicar-se, pois nao existe a possibilidade tirar dividas especi- ficas ou orientar uma resposta. Outro inconveniente é que, em certos casos, 0 respondente pode consultar outras pessoas, e estas influenciarem as suas opinides, com o que se perde a espontaneidade e individualidade imprescindiveis nos questionarios. 6.1. Planeamento da aplicac&o do questionario Podemos dizer que o investigador deve ter alguns cuidados antes, durante e apds a recolha de dados por questionario = ANTES DO QUESTIONARIO Segundo Carmo e Ferreira (1998), duma maneira geral existem alguns elementos préticos a que o investigador deve dar importancia m. utilizagdo do instrumento de colheita de dados, 0 questionério: 1. A apresentagao do investigador deve conter os elementos indispen- sdveis para o credibilizar perante o inquirido. 297 do tema deve ser feita de maneira clara e simpl lor acrescentado que o inquirido pode aad i‘ om as respostas que fornega. jo grafica deve ser tao clara quanto possivel e ade- a See alvo. Por exemplo, nao € conveniente usar qua- ntradas num questiondrio para ser preenchido por e nao esté familiarizada com esse tipo de suporte uma * populagio qu ge informagao- ye ser alvo de uma rigorosa revisao grafica, evi- 0 questionario de Aficas e sintacticos, que naturalmente fazem bai- tando erros ortogra! xara credibilidade do questionario. 5, O mimero de folhas deve ser reduzido ao minimo, para evitar reac- ativas por parte do inquirido. E conveniente goes prévias neg jnformd-lo do tempo médio previsto para a resposta. nario deve-se ter em conta que: —O ntimero de lequado a pesquisa. Se as quest6es forem em numero excessivamente reduzido, podem nao abranger toda a problematica que se pretende inquirir: se, pelo contrario, forem demasiado numerosas, aumenta a probabilidade de nao respostas por parte do inquirido. m versar apenas uma probl — Devem ser tanto quanto possivel fechad: var as respostas e de nao permitir que estas Se} fechar as perguntas. Assim, na elaboracao do questio! questdes tem de ser ad ematica. Um modo de objecti- am ambiguas © — As quest6es deve! — Devem ser compreensiveis para OS respondentes. nao devem ter leitura esso de pe as subj ctivas. — Nao devem ser ambiguas. Isto ¢, tas O exc s gratuitas. do. Devem evitar indiscri¢ melindrosas ou indiscretas deve set eV ita é conveniet dade das respost struir per ~—D, oy evem confirmar-se. Nalguns casos, © nte cons ul ee £untas de controlo, para verificar & vera eT ém de abranger todos os pontos a quest amente & experié ma populagao sobre uma mm as. jonar. ancia do inquirido. — Dev ie ser pertinentes, relativ: wtéria tem sentido questionar w! Ue ests fora do seu campo cognitive: 298 INVESTIGAGAO - 0 PROCESSO DE CONsTAU CAO BO conn ECIME NT 0 — Devem construir escalas de atitudes. Por yezes, ag quests podem ser colocadas sob a forma de uma escala de atitudes, per. mitindo medir atitudes e opinides do inquirido, ™ DURANTE A ELABORAGAO DO QUESTIONARIO Depois de redigido 0 questiondrio, mas antes de aplicado definitiva- mente, deverd passar por uma prova preliminar — 0 chamado PRE-TESTE, Para Gil (1999), 0 pré-teste tem como finalidade evidenciar possiyeis falhas na redacgao do questiondrio, tais como: complexidade das ques- tdes, imprecisdo na redaccao, inutilidade das questOes, exaustio e cons- trangimentos ao inquirido. O pré-teste é realizado mediante a aplicagao de alguns questiondrios a uma pequena amostra de individuos pertencen- tes a populagao do questiondrio (mas que nao fagam parte da amostra seleccionada) ou a uma populagao semelhante (no caso de o questiondrio ser administrado 4 totalidade da populagao considerada). Para 0 mesmo autor uma amostra de 10 a 20 individuos de uma populagao é suficiente para a aplicacao do pré-teste. No entanto, Hill (2002) refere que o pré- -teste deve ser aplicado a pelo menos 50 pessoas, dependendo da dimen- sao da populagao. Salientamos que estes pré-instrumentos de colheita de dados, se nao possuirem qualquer dificuldade de compreensao ou qual- quer erro na sua construgo, poderao ser inclufdos na totalidade da amos- tra do estudo. A testagem do questiondrio serve para verificar se: — todas as questdes sao compreendidas pelos inquiridos do mesmo modo, e da maneira prevista pelo investigador; — as respostas alternativas as questdes fechadas cobrirem todas a respostas possiveis; , — no hé respostas imiteis, inadequadas & informagao pretendida, demasiado dificeis ou a que um grande mimero de sujeitos S° recusa a responder, por serem tendenciosas ou desencadea® de reacgGes de autod — nio faltardo perguntas — os inquiridos nao c 299 APLICAGAO DO QUESTIONARIO jos OS questiondrios devidamente respondidos, deve- 1 leitura pelo investigador, a fim de verificar a « pePols pe en recebid a primeira 5 e de codificar as que resultam de perguntas uma V' fio ser alvo de um : je das respost giabilidad abertas. Seguidamente, proc ; via manual, quer pol sos em que odendo contar-se ainda ao qual se ensina a escl: sam ter OS respondentes. Também € conveniente U recolha de dados quando, devido ao tipo de informagao, se produzam normalmente omissdes OU falsidades deliberadas perante a presenga de um entrevistador. Tais casos apresentam-se em questiondrios de satide, problemas sexuais, experiéncias com drogas, etc. Se preservarmos expli- citamente 0 anonimato dos respondentes, este é 0 método mais indicado. ‘Antes de finalizar, queremos salientar que muitas pessoas adoptam uma stiondrios perdem © interesse por eles, atitude irresponsdvel perante os que: ogque €um outro factor negativo para esta técnica. ede-se ao tratamento € a andlise dos dados 1 via informatica. O questionario € recomen- é facil reunir de uma s6 vez um certo com 0 assessoramento de arecer as dtividas que pos- tilizar esta técnica de ro de pessoas Pp name sss0al especializado, 7, Escalas de medida tistica provem da medi- jdveis, dos para andlise esta Dependendo da natureza destas € do modo como sao medidas, assim resultam diferentes tipos de dados i i ‘i que representam diferentes escalas de medida. 7 afte © problema de investigagao, mesm°? on igum modo um processo de me Os dados que sao utiliza ¢4o de uma ou mais varidveis. stracto, implica s os objec mais abs se tratarmos digdo. Porque, * ato humano seremos tos eae uma espécie vegetal ou um comportame! gados, quanto mais nao seja, # descrever as suas °° cteristicas OU & ar-the associadas. Em todo © telaci ‘ionar estas com outras que podem esti ho, tipo de flor, Caso, . » teremos de utilizar determinadas varidveis: taman e ae ou as varidveis que definem certos comportamentos das Pe ntrar o valor que estas assumem n0 CaS0 em estudo. A ideia de medir é intrinsecamente comparativa. Medi dade ou padra 480, 6 determi P determinar quantas vezes uma certa uni oas 1 algo, neste o de medida, 300 INVESTIGAGAO = © PROGESSO DE CONSTRUGAO 00 CONHECIMENTS cabe no objecto a medir. Para medir 0 comprimento de um objecto fisico, uulizamos uma régua, para observar quantas unidades métricas possuj ° objecto em questio. Ou seja, comparamos 0 objecto com o nosso Padraig de medida, para determinar quantas unidades e fracgdes do mesmo inclui, A medigiio das variiveis nao fisicas resulta, na esséncia, num pro- ‘© idéntico ao anterior. A dificuldade reside em que as varidveis deste tipo nao podem medir-se com escalas tao sensiveis como as lineares e além disso nao existem para a sua comparagdo padrées de medida estan- dardizados. Se desejarmos pesar um objecto, podemos expressar 0 seu valor em gramas, ou em qualquer outra unidade de peso, existindo sem- pre um equivalente fixo e constante. Contudo para medir 0 grau de auto- ritarismo de um chefe nao existe nenhuma unidade nem escala univer- salmente reconhecida, pelo que 0 investigador se vé obrigado a escolher alguma escala das que tem utilizado noutros trabalhos, ou, 0 que é muito frequente, construir uma que se adapte As suas necessidades especificas. Torna-se evidente, assim, que o grau de autoritarismo nao é uma varidvel simples como 0 peso ou 0 comprimento, mas um resultado complexo de uma multiplicidade de acgdes e atitudes parciais. Por esta razao, medir um conceito complexo implica realizar uma série de OperagGes que nao ocorrem no caso de varidveis como 0 peso e 0 comprimento. Assim, € necessdrio definir as dimensdes que integram a varidvel, encontrar diver- sos indicadores que a reflectem e construir logo uma escala apropriada para 0 caso. ce! Uma escala pode definir-se como um continuo de valores ordenados correlativamente que admite um ponto inicial e um ponto final. Se ava- liarmos 0 rendimento académico dos estudantes, podemos associar 0 valor zero ao minimo rendimento imaginavel, e o valor 10, ao maior ren- dimento possfvel. Com estes valores teriamos j4 marcado os limites da nossa escala, Para concluir serd necessdrio assinalar os possiveis rendi- mentos intermédios, com as respectivas pontuagdes. Com isto obteremos uma escala capaz de medir a varidvel rendimento académico através dos indicadores concretos dos trabalhos apresentados pelos estudantes, dos seus exames, provas ou quaisquer outras formas de avaliag’o. Para que uma escala possa considerar-se susceptivel de conter uma {coun OF Davos al 301 4g) FIABILIDADE: € uma medida de Consisténci sua capacidade para discriminar de a en eseala que avalia : de outro, ou seja, quando os mesmogs ettees ‘© Constante um valor dos sempre da mesma maneira, 0S aparecem valotiza. ) VALIDADE: indica a capacidade da escala para as quais foi construfda e nao outra: confusa nao pode ter validade, tal com indiscriminadamente, distintas Variaveis tem validade quando verdadeiramente me: Para medir as qualidades 'S parecidas. Uma escala 10 uma escala que mede, Sobrepostas. Uma escala de © que afirma medir, Existem diferentes tipos de escala, que se distinguem de acord o rigor com que foram construfdas e com 0 proprio ee varidveis que medem. Costuma-se classificd-las em varios tipos, que a os seguintes: nominais, ordinais, de intervalos iguais, de Likert, de rie nagio, de diferenciais semanticos e de quociente ou razao (Fortin, 1999; Gil, 1999). mESCALAS NOMINAIS As escalas nominais sao aquelas em que apenas se estabelece uma equivaléncia entre a escala e os diferentes itens ou valores que assume a variével. E como uma lista simples das diferentes posigées que pode adoptar a varidvel, sem que nela se defina nenhum tipo de ordem ou rela- ¢d0. Se, por exemplo, numa investigagao sobre produgao agricola quere- mos determinar os cereais que se cultivam numa dada regidio, estamos Perante uma varidvel que se designara por cereal cultivado. Os distintos itens que essa varidvel reconhece serdo, concretamente: trigo, centeio, cevada, etc. Entre itens nao existe obviamente nenhuma nee Se pode fazer nenhuma ordenagdo. Pelo contrario, no cso a de todas estas possibilidades, apenas a consideramos ca oe ‘til para medir a frequéncia dos componentes da varidvel, i i Ue posigdo ela toma em cada caso. Nao med Yag0es so simplesmente classificadas em categorias. or le, mas «nomela>- Ex.: masculino versus feminino om esc i ' jderada como escala nominal pode ainda ser consi ae “ as duas i segyyeciével oe ie que duas modalidades- se aprese! ala nominal ou varidvel 302 INVESTIGAGAD - 0 PROCESO DE CONSTRUCAO po CONHEGy MENTS As escalas nominais fornecem dados na forma de free sivel saber as frequéncias de cada categoria. As técnica sio as indicadas para a anilise estatfstica desta varidvel quencias, f S NAO-Paraméty; (Coutinho, 2996) ® ESCALAS ORDINAIS As escalas ordinais distinguem os diferentes valores da vari; rarquizando-os. Estabelece-se que existe uma estratificacao e outro valor da escala, de tal aa) que qualquer deles é maior que o ante. cedente e menor que o seguinte. Por outras palavras, tais escalas esclare- cem-nos somente acerca da distancia que as distintas posigdes guardam entre si. Um exemplo de escala ordinal é a que se pode usar Para medir a varidvel grau de escolaridade. Podemos dizer que uma pessoa que teve dois anos de instrugao escolar recebeu mais instrugio do que quem s6 teve um ano e meio e menos do que quem teve trés. Contudo, nao se pode afirmar validamente que a diferenca entre quem possui 2 anos de instru- ¢ao e quem recebeu | ano é igual 4 diferenga entre quem recebeu 16 ¢ 17 anos de educa¢ao formal. Portanto, como nao podemos determinar a equivaléncia entre as distancias que separam um valor do outro, devemos concluir que a escala pertence ao tipo ordinal. Isto é, nao é possivel medir a magnitude das diferencas entre as categorias. Ou seja, é uma série orde- nada de coisas obedecendo a uma caracterizagéo em termos «mais do que» e «menos do que». vel, hie. ntre um ¢ Ex.: Do mais alto para o mais baixo Do melhor ao pior Num questiondrio, é possivel escrever dois tipos de pergunta Ui zando respostas de escala ordinal, podendo os métodos para analisat respostas podendo ser diferentes. (Coutinho, 2006). = ESCALA DE INTERVALOS IGUAIS A escala de intervalos iguais, além de possuir a equivalé gorias © 0 ordenamento interno entre elas, como no caso ell cla caracteriza-se pelo facto de a distincia entre os seus intervals © ramente determinada ¢ de estes serem iguais entre si, Um a das escalas de intervalos iguais esta bem exemplificado am xi temperatura, Entre 23 e 24 graus centfgrados, por ene com? a diferenga que hé entre 45 e 46 graus. Muitas outras cia de cate pecOLHA DE OADOS 303 as que se utilizam nos testes Psicolégi este tipo. Estas escalas possuem as Seguintes Caracteristi, Ci as: — Todas as caracteristicas das &scalas nominais eo " rdinais, — Organizam-se segundo intervalos iguais, — Indicam nao s6 a ordem das coisas, ma me 's também 0 inte distancias entre os niveis de apreciagao, ea ouag Ex.: Testes de aproveitamento Testes de inteligéncia As distncias aritméticas entre os ntimeros de uma escala de interva- los iguais encontram um Correspondente na realidade do fenédmeno observado. A estas varidveis, j4 podemos aplicar as operagdes de adigao e de subtracgao nos intervalos destas escalas, tendo assim maiores possibi- lidades de tratamento. Possuem as caracterfsticas de uma escala ordinal e uma caracterfstica adicional, pois as diferengas entre valores numéricos adjacentes na escala indicam diferengas iguais na quantidade da varidvel medida (Coutinho, 2006). mESCALAS DE LIKERT As escalas de Likert, para Fortin (1999), consistem na apresentagdo de uma série de proposigdes, devendo o inquirido, em relagao a cada uma delas, indicar uma de cinco posigdes: concorda totalmente, concorda, sem opinido, discorda, discorda totalmente. De seguida, as Tespostas Si0 adicionados scores individuais na escala. Atribui-se 0 score mais clea +2 as respostas concorda totalmente, enquanto € 0 score — 2 aa buido a resposta discordo totalmente. No entanto, se é pon Negativa, a cotag%io tem de ser invertida. De modo a re' ee rae Mento, metade das proposigGes s4o expressas de forma positiva, metade, de forma negativa. ™ESCALAS DE DIFERENCIAIS SEMANTICOS i entagao de As escalas de diferenciais semAnticos enien ee ‘ pon- diversos pares de adjectivos bipolares, ant6nimos, aa bipolar: 1 € a 0s. Os valores de 1 a7 sao escalonados os pe (© inquirido deve sete pacanralezs ae nae atitude relativamente Solocar uma cruz, no intervalo correspo “um determinado t6pico: el 304 INVESTIGAGAO ~ 0 PROCESSO DE CONSTRUGAO BO CONHECIMENs, 0 Aborrecido OOOO _ Entusiasta Descontortavel [ ]{_][ JL JLILJLJ — Confortavel = ESCALAS DE ORDENACAO As escalas de ordenagao, para Gil (1999), so constituidas por uma série de palavras ou enunciados que os sujeitos devem ordenar de acordo com a sua aceitagao ou rejeigéo. Ex.: «coloquemos por ordem 6s itens seguintes em termos do grau de importancia que lhes atribuimos» (atri- buamos 0 n.° 5 ao item mais importante, 4 ao item de importancia seguinte, e assim sucessivamente). Item | Grau de impontnea | Ter trabalho interessante 3 “Ter ordenado alto y 5 Ter chete simpatico 2 | Ter bons colegas ne local de trabalho | 1 | Ter seguranga no emprego 4 Para terminar este ponto devemos examinar duas caracteristicas que deyem possuir as escalas de ordenagio: os seus intervalos devem ser mutuamente exclusivos e as escalas, em conjunto devem ter inclusivi- dade. O primeiro significa que cada dado recolhido s6 pode pertencer 4 uma e s6 uma das categorias da escala. Nunca se deve, pois, comegar um intervalo com o mesmo valor com que se finaliza o anterior, porque nesse caso alguns dados poderiam incluir-se, com igual justificagao, em qual- quer dos dois intervalos. Por isso é um erro elaborar uma escala do seguinte modo: idades — de 20 aos 25 anos e dos 25 aos 30 anos, pois as pessoas com 25 anos podem incorporar-se, indistintamente, em qualquer das categorias apresentadas, O correcto seria colocar: idades — de 20 aos 24 anos e dos 25 aos 30 anos, : Um requisito im Jem qualquer escala é que esta tena im requisito escala € que & is inclusividade, ou sej valores possiveis da varidvel 308 INVESTIGAGAO ~ O PROCESSO bE co; N STRUGAO 06 0 "HEC erese 08 dados de caracterizagio de uma dada “Jos estatisticamente, enquanto as Re y. forma verbal, utilizando a andlise de TAS informa dog to de dados qualitativos. CONtetido oy convert numéricos & trata manterio na sua téenica de tratamen 1, deverd fazer-se uma revisdo sistemiatica de tod: na a info ando a sua qualidade e 0 grau de confiangs ra determinar que parte pode incluir-se, que parte deve i a a modificada {as vezes, podemos nec i de recolher de eh rigid od que parte, devido as suas graves deficiéncias, dever4 ser aca dados) ¢ Neste capitulo ser abordado, de uma forma simplificada, o I mento de dados quantitativos e qualitativos. + © proces Assim disponivel, jul 1. Andlise quantitativa titativa é importante 2 explicagdo causal dos facts: pjectividade, sem juizos de valor do investi= do mesmo. Permite a experimentagio d& a testes rigorosamente COM Na anélise quant observados, dando énfase aol gador ou outras interferéncias um grande numero de amostras, submetidas trolados, resultando daf teorias que permitem explicar a realidade eam estudo e efectuar previsoes. «O método de investigagao quantitativa (ems por finalidade contribuir para 0 desenvolvimento © validagio dos conhe= ibilidade de generalizar 0s resultados; cimentos; oferece também a poss! predizer ¢ de controlar os acontecimentos» (Fortin, 1999, p. 22): A anélise quantitativa permite testar teorias ¢ varidveis especial entre as ¥ estudar as relagdes de causa-efeito & estabelecer relages veis. Sio rigorosos sistematizados, porque siio obj as varidveis, abordam aspectos especfficos & centram dados numéricos, utilizando a estatistica analitica. A sua utilizagio est essencialmente ligada ee fend mental ou quase experimental, o que implica & observagn? de! 8 formulagio de hip6teses explicativas desseS fendmen0s: °° ig wavs alco de sos, 2 verity das hips recolha de dados, andlise uma utilizagio , sujeitos a umd Ta validale ls A sO Y jectiVOs: a inve Se 309 cessAMeNTo DE DADOS on geverminada populagao em estudo a partir da pe ge elagoes de causa-efeito e a previsio dos fenstiete © estabelecimento . x ps Ss. Este tipo de investigacdo também pressupse a elaboraca, um plano ‘ou projecto de investigagao, Para a definicao are Prévia de rocedimentos metodolégicos. Os objectivos da er 10s objectivos ¢ fonsistem essencialmente em encontrar relag aco quantitativa ‘Oes entre as varidvei sae ‘aris as descrigoes, recorrendo ao tratamento estatistico dos dados, veis e fazer ‘A selecgao da amostra deve ser representativa da totali idade Jaco, para que os resultados possam generalizar-se, fs Qs estudos cujos dados sao numéricos podem usar dois tipos de esta. : fe rf esta- tistica: a descritiva, que apenas expoe os dados, e a analitica, : que inter- preta os dados, comparando-os e verificando as hipéteses. 1.1. Estatfistica descritiva A estatistica descritiva consiste na recolha, e exposi¢ao de dados numéricos através da criagdo de instrumentos adequados: quadros, grafi- cos e indicadores numéricos (Reis, 1996). Huot (2002) define estatistica descritiva como 0 conjunto das técnicas e das regras que resumem @ informag’o recolhida de uma amostra ou de uma populagao, sem distor- cao nem perda de informacao. Pretende proporcionar relatérios a partir dos quais se possa extrapolar 4 tendéncia central e que revelem dispersao dos dados. Para tal, devem, a Partir daf, poder ser evidenciados: valor minimo, valor imo, soma dos valores, contagens, média, moda, mediana, variancia & desvio-padrao. tas VEZES. do como A utilidade dos dados estatisticos depende, muitas ver" vines a Sdo organizados e apresentados. A apresentagao dos dados € fei ;gtribuigdes de frequencia- Yeres, através de quadros, graficos e de distribuigocs de frequé objective & descrever © Quando queremos investigar, 9 primeiro éa \ALISE ados € a ANAL fenomeno. Por isso, a primeira fase de tratamento ioe op cdlculo 68s P a0 da éncla ' ARIADA, através da verificagao das frequens”” |” s21 jsolada- i 7 5 a cada Medidas de localizagao central ¢ de dispersdo para © ae rmitem que S© = indicadores que PE™ s AS medidas da tendéncia central s40 a. como se distribuem os jo m\ te ; 4 uma primeira ideia, ou um resume 310 INVESTIGAGAO = 0 PROCESO DE Go, NSTRUG, Ao 09 oma dados de uma experiéncia, informando acerca Cy My varidvel aleatoria. alor (oy Valo res), Geralmente, niio se calculam mais do que as sepui ty 'S Seguintes — As frequéncias absolutas (ntimeros absoluto: Medlidas frequéncias relativas (as proporgdes em perc ‘a S de cad Val entagens), °F) eas — A média e 0 desvio-padrao. — A mediana. — A moda. No entanto, as medidas atrds referidas, nao poderao ser para qualquer tipo de varidvel. Tudo depende da escala de valores de varidvel, pelo que aqui ser importante fazer um pequeno ae classificarmos as varidveis de acordo com a sua escala. @ameapas. classificagao é de importancia crucial para uma utilizacao adequada dg estatistica. Sumariamente, poderemos cla: calculadas ficar as varidveis do Seguinte modo: 1. Varidveis qualitativas nominais: sao aquelas cujos valores nio ten uma relacao de ordem entre eles, por exemplo, 0 sexo ea raca. 2. Varidveis qualitativas ordinais: aquelas cujos valores nao sio métricos, mas incluem relagdes de ordem. E 0 caso da variave peso medida em 3 niveis (pouco pesado, pesado, muito pesado). 3. Varidveis quantitativas: aquelas cujos valores sao medidos numa Fl i ‘i m escala métrica, como, por exemplo, a idade, ou 0 peso medido et gramas. ELATIVAS = INTERPRETAR AS FREQUENCIAS ABSOLUTAS E RI t yor um si le ser representada pe Consideramos que uma varidvel pod ster cl ‘ inadas cara bolo e que assume valores relativos a determinadas © atributos de uma populagao ou amostra. Definimos frequéncia absoluta de um val - ntimero de vezes que esse valor ocorre na amos relativa de um valor da varidvel, como 0 1" absoluta desse valor e o ntimero total de 060) | amostra ou na populagao. rT ticas eno? gvel come S° lor da varidvel ¢° < tra ou ne poruliie ociemte entre * Fs de todos © cessAMENTO DE DADOS pro! No caso de varidveis nominais, calouladas as FREQUENCIAS, E totalmente impossive] Poderaio ser mediana do Sexo, porque a escala desta, Vatifve: ena eis na relagdo de ordem. Repare-se que por vere, as y. mee COMO o SEXO ou a a ne equer uma ‘ e ANaveis Codi nimeros para introdugao No computador, 9 cue Foams com damente médias para varidveis Nominais, e nice Pedir erra_ aie mbora tais 5 temente, ndo tenham significado nenhum, “sultados, eviden No caso de varidveis ordinais OU quantitativas claro é possivel calcular as frequéncias. Por due € também ; xemplo, suponhamos [ue s; o peso, medido em quilogramas, de 1000 Pessoas. Serg ee il as frequéncias de quem tem 40 kg, 41 kg, 42 kg, ..., etc, mas atendendo ao elevado numero de pessoas, sera preferivel junté-las em gtupos com a mesma atitude de intervalo, Por exemplo, grupo A (40-45 kg), grupo B (46-51 kg), etc., de modo a calcular as frequéncias Para cada grupo. Con- yém que a amplitude do intervalo dos di ferentes StUpos seja sempre a mesma, Caso contrario, os resultados poderao confundir-nos, pois tende- Temos a Comparar grupos que nao sao comparaveis. wINTERPRETAR AS MEDIAS, DESVIOS-PADRAO, MEDIANAS, ETC. Para além das frequéncias absolutas e relativas j4 referidas, existem outras medidas geralmente calculadas para varidveis ordinais ou quanti- lativas, tal como se pode ver no quadro seguinte: eT) Dt OTIC CO eer Ce Ordinal ou quantitativa Mediana ‘Amplitude interquart /desvio interquartil Média | Variéncia/desvio-padrao Moda aa jf soe ceet A média aritmética e o desvio-padrao que Ihe aa an ee Seitos que geralmente oferecem poucas diividas. S40 = es significado &M varidveig com a escala quantitativa. Por exemplo, nao 0 peso medido “‘lcular a média para 0 sexo (varidvel nominal) ou par “Mescala ordinal,

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