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1 CONCEITOS INTRODUTORIOS Zoe 2 pessoas precisam de informacio,seja para se locomover, compear ali- prectesnig at um camino, ou qualquer outra coisa. Para cade deccto een é Freie ormasto. Tl como os individuos, as organiagSes,sjam eae escolas,hos- preci t nn X cugenbaria ou de qualquer rea de negécos, sem encorde tear, Precisam de informacdo, Zerece ficil explcar dessa maneira, pois se todos precisam de informagio, por Sent encts todos slo usuirios da informasto, oném, logo se percebe que nic é tio simples assim, As pessoas precisa de informacdo sim, mas cada ser humano é um univers nico vive de modo diverso o seu ciclo devia. Em cada dade ngs Profissio, cm cada momento, as pessoas podem precisar de informacSes difereane Muitos ediferentesexemplos poderiam ser lembrados e ainda asin correriamos dade ne Present uma lista exaustva, Por esse motivo, a questo da necessi- dade de informacao exige nossa compreensio [om 1974, Maurice Line, da antiga British Library Lending Service, hoje British Li- brary Document Supply Centre, chamava aatenclo pata fate fe ue a literatura sobre termes, piates dos usuiios era confus, em consequéncia do uso imprecoe ta alguns de mpa, Destacava que 0s estudos demonstravam preocupasio com re necessidades informasio, quando deveriam volts para o exame dorveo on de demandas de informacto. De modo exemplar Line (1974, p. 87) estabeleceu as seguintes definigces: Necesidade € 0 que oinividuo deve te para desenvolve o seu wabalho suas pes: 44 MANUAL DE ESTUDO DE USUARIOS DA INFORMACKO = Cunha, Amaral Dantas concebida como uma contribuigéo para uma finalidade séria, nlo frivola. Entetanto, ‘uma necessidade de lazer pode serio necesséria quanto uma necessidade educacional, as duas podem estar em conflto — por exemplo, fiero popular pede ser educacional- _mente perigosa O conceito da necessidade 6 inseparivel dos valotes da sociedad. Uma ‘necessade pode ou nfo ser identiicada como um desejo; uma necessidade identificada para uma pesquise poderia ser reconhecida como umn desejo, enquanto uma necessida- de de crescimento pessoal de lazer identificada poderia muito bem estar em conflito ‘cam um desejo expresso. Uma necessade é uma demands em potencial Desejo € 0 que oindividuo gostaria de cer seo desejo for ou néo realmente traduzido fem uma demanda a uma biblioteca. individuo pode necessitar de um item que ele ‘io deseja ou desejar um item que ele ndo necessita ou mesmo nio deveria te. Um, desefo, como uma necessidade, 6 uma demanda em potencial Demanda é 0 que o individuo pede; mais precisamente, um pedido para um item, de informacio que o individuo acredita desejar (quando satiseita, a demanda pode provar ou ndo ser um desejo depois de tudo). O individue pode demandarinformacko de que ele nfo necessitae, certamente, pode ter necessidade e desejo por informacio que ele nfo demanda. A demanda € parcialmente dependente da expectativa, que, por sua vez, depende parcialmente da provisio de uma biblioteca ou dos servigas de informasio para satsfazé-la. Uma demanda & wm uso em potencial ‘Uso & 0 que o individuo realmente utiliza. Um uso pode ser uma demanda satsfita, ‘01 pode sero resultado de uma leitura casual (browsing) ou ocasional (por exernplo, de luma conversa). A informagao é reconhecida como uma necessidade ou um desejo quan- do recebida pelo individu, apesar de no ter sido manifestada como uma demanda. Os individuos podem utilizar somenteo que esta disponivel, portanto, o uso é fortemente dependente da provisio e acessbilidade da biblioteca e dos servicos de informasio, Geralmente, 0 uso representa uma necessidade de algum tipo, apesar de uma neces sidade poder estar em conflito com outra (da mesma maneira, 0 uso de heroina pode representar uma necessidade psicolégica, embora seja psicologicamente prejudicial). Usos podem ser indicadores parciais de demandas, demandas de desejos e desejos de ecessidades. A identficacio torna-se progressivamente mais dificil, desde o uso real até identiicagdo de uma necessidade muitas vezes nebulosa e no aticulaa. ‘Requisito é um termo itil de ligacdo: pode significar o que é necessério, o que é dese jado, ou o que & demandado e pode, portanto, ser empregado para cobrr todas as tres ‘ategorias, Multos estudos de necessidade tém sid, de fato, estudas de requisites. Em nota de rodapé explicativa sobre a definigio de necessidade, Line (1974, p. 87) complementa sua l6gica de raciocinio: Estritamente, uma necessidade 6 algo necessitio,alguma coisa que a pessoa nio pode ficar sem. Porém, quem pode afirmar o que & necessério para si proprio ou para outra pessoa? © dizer “alguém necessita informar’ ~ se confunde com 0 dizer “alguém necessita tomar bano". Tanto informacdo como banho sio Gteis, mas nem sempre absolutamente essenciais. Nice Figueiredo (1994, p. 34-35) interpreta as definig6es apresentadas por Line (1974, p. 87) de necessidade, desejo, demanda e uso. Para ela, desejo & 0 que um individuo gostaria de ter, mas ele também pode necessitar de algo que nao deseja e dlesejar algo de que no necessita. Demanda € 0 que os individuos pedem, com base em seus desejos ou necessidades. A pessoa pode demandar algo nio necessério, ou desejar e ter necessidade de algo, apesar de nio expressar essa demanda, Uso é 0 que € realmente utilizado pelo individuo. Os usuarios podem desejar informagées de que rng necessitam, ou no pedir informagGes necessérias. Podem também utilizar uma Jnformacdo demandada, ou encontrada casualmente, sem que a necessidade por essa informagio tivesse sido expressa em uma demanda. Para Chen (1982), a necessidace de informacdo 6 uma construgio abstrata wtli- zada para representar por que 2 pessoa busca, encontra e usa a informa¢do. Na opinido de Crawford (1978), necessidade de informagao é um conceito mui to dificil de ser definido ou mensurado porque implica em processos cognit vos que podem operar em diferentes niveis de consciéncia e, portant, podem inclusive no estar claros para o proprio usuario. Westbrook (1997) define as necessidades de informacio como qualquer expe- rigncia de um individuo associada 4 busca de informagio. Pode ser uma experién- cia interna, como por exemplo, pensamentos ¢ motivagées do individuo; ou externa, quando o individu consulea um catélogo. A experiéncia pode também no estar re- Iacionada a biblioteca ou qualquer outro sistema de informacio, como 6 0 caso da cexperiéncia no intercimbio com um colega. Além disso, as experiéncias podem ser frustradas, quando, por exemplo, a decisio de que uma necessidade ni é suficiente- ‘mente importante ao empreender o esforgo para satistazé-la Em evisio de literatura sobre necessidade de informacio, Eugenia Bettial (1990) relata que as pesquisas a respeito dessa tematica tiveram seu inicio por volta de 1960, como indicam Hogeweg-De Haart (1984) e Wood (1971). Para Bettiol (1930), ne- cessidade de informagao é uma preméncia de saber, compreender ou descrever um Geterminado assunto, preméncia surgida de uma motivacdo, com o objetivo de obter tuma visio mais clara, mais eficiente de uma realidade existente no meio ambiente sécio-palitico-cultural que afeta o individua, Entretanto, Wilson (1981) alertava que muitos, mas ndo a maioria dos pesquisa dores da Ciencia da Informacdo, s40 uma espécie de clinicos no trabalho da informagao ‘ou no gerenciamento de sistemas de informacio e buscam estudos das necessidades de informasao, como orientagSes a respeito de aspectos do projeto, desenvolvimento « operacio de sistemas, Tal fato gera uma confusio sobre o que é pretendido acerca das necessidades de informagao e que € esperado de tais pesquisas. Como conse- quéncia, podem ocorrer falhas na obten¢lo dos recursos financeiros para vabilizar 6 MANUAL OF €STUDO DE USUARIOS DA IFORMACKO Cunha, Amarale Dantas 4 pesquisa se nko fiar claro para os investdores quais os resultados pretenldos na Dritica pelo pesquisador Na opiniso de Wilson (1981), hi outa confusf, possvelmente mais bisia, na assocacio das palavrasinformacioe necessidade. Essa assocasotraz o conceit resul tance com as conotages de uma necessidade bisica qualtaivamente similar a outas necessdades humanas bisicas. Entretanto, ao examinar a litratara sobre a8 neces sidades humanas, o autor descobre que esse conceito é divide pelos pscblogos em tes categorias: (a) necssidaes Fisiogics: necessdade por comic, égua,seguranca exe (b) necessidades afetvas,algumas vezes denominadasnecessidaces psicolégicas cu emocionas: necessidade de atengo,necessidade de dominagio, entre otras (2) ne- cessidadescognitivas:necssidade de planejr de aprender wma habla ete importante para Wilson (1961) dexar claro que essa categorias de necesidades se incer-elacionam. A fisiobgicas podem gerarnecesidadesafeivas e/o cognitivs. {As afetvas podem fazer aflrarnecessidades cognitivas, e os problemas relacionados 8 satisfao ce nocessdades cognitvas podem resultar em necessidades afetivas. ‘Anos mais tarde, Wilson (1997, p. 853) expresss sua opin, de modo radical, 20 afimar que 2 necessidade de informacao¢ algo intangivel, porque uma experincia subjtiva que ocorre apenas na mente da pessoa em necessdade e,consequentemente, nio € diretamenteacessivel a um observalor. A experiéncia de necessdade apenas pode ser descoberta por deducio através do comportamento ou pelos relatos das pessoas que possuem anecesidade Porém, quando Ramos etal. (1999, p, 160) estudaram o comportamento do usus- ro na busca de informacio automatizada em linha ¢ em CD-ROM, consideraram que, para inferir © dominio do comportamento do usuatio, é preciso saber que "ter uma, necessidade de informacZo” é um comportamento afetivo, “conhecer onde e como en- ‘contrat informa¢do”, um comportamento cognitivo, e “executar os caminhos fisicos”, de dominio psicomotor. ‘Thomas Daniel Wilson (1999, p. 249) é bastante claro ao afar que o termo «em inglés, information behaviour, “se refere aquelas atividades que uma pessoa pode se cnvolver quando identifica suas proprias necessidades de informagio, pesquisa algu- rma informacio de algum modo, use ou transfere aquela informagio”. Wilson (1999, . 263) considera information behaviour como seu campo geral de pesquise, que abran- £€ dois subcampos: information seeking behaviour, dedicado aos métodos utilizados pe- Jos usuarios para descobrire acessarinformacdo como alterativa para estudar as necessidades de informagao; e information search behaviour, dedicado as interagdes entre 68 usuarios eos sistemas de informacio computadorizados, Case 2007, p. 5) concorda com Wilson (1999, p, 248) em rlarHo a terminologia em ingles ao explicar com outras palaveas que o comportamento informacional Concetesintoautéios 7 ‘engloba tanto a pracura ativa de informagio, como a totalidace de outros comporta- mentos passives ou nfo intencionais (como encontro acidental de informasio), bem ‘como comportamentos intencionais que no envelver a busca, como o esquivar-se ativamente da informagio. ereebemos que ainda exist certaconfasto terminogica que resulta no pensa- mento de alguns estudososbrasileros de que os estas do comportamento forma: cional no seram consierados estados de usrios. Essa confusio parece renstar da inadequagio datracugio do termo em ingles, information behaviour, praticamentesceito internacinalmente, Em espanhol, as expresses cnpotanant inforatv ecm in formative parecem traci melhor ede forma mais adequadao trmo em ings Acreditamos que a forma de os autores se expressarem na lingua ingesa est perfeita a considera a concisio da propria lingua. Porém, quando o tetmo en inglés 6 tradorido para 0 portugues como comportamentoinformaciona, essa tacasio parece estar gramaticalmente equivocaa, levando exclséo do usurio enquanto sjito da ao comportamental relava a informagio. A tradugio pratcamente ignora ousué- Fig como elemento humano, principal ator no ato de se informa 20 identfear suas réprias necessiades de informacSo, a0 procurar ou buscar a informacio, pesquisa, usar etransferirnformaso. esse sentido, a traduglo também deixa de maner fidedignidade a concepo de Wilson quando, por exemplo, o autor se refere & busca de informasio utlizando © termo em inglés, information seking. Tata-se dem termo téenico E claro que mio st erada a tradusio, mas também & claro que existe uma diferenga na iterpretagdo téenica até porque em ingls exist a expresso information search, que se rads como pesquisa de informacio e coreesponde busca da informacéo com base na estratéga de buseaespecfica.Exemplificand: ao procura informasio no Google, a pessoa pre- cisa escolhero ermo ou termos que uilizard para encontrar ainformagio que precisa, ov ej, a estrategia de busca da informagso, Emibora em nivel internacional as expressdes information behaviour einfrmation seeking behaviour sejam amplamente aceitas, Gonzalez-Teruel (2005, p. 34-35) destaca aque na Espanha, nos trabalhos especializados dessa tematica que so publicados, os autores usam as expressbesexudo de usutris ou estu de recessidaese uso de informa $0, indistineamente, A principal base de dados espanhola especalzada er: Biblio- teconomia e Documentagio usa as expressbes como descritores, que também sio usados nas denominagSes de discplins nas universdades espanholas que oerecem cursos nessas reas do saber Dessa forma, a pesqusadora jusifica que os estos de ustirios e os estudos de necessidade e usos da informacio englobam os estudos de conduta informativa (information behaviour) dos usuarios com relacao a informagao de ‘maneirageral, bem como a conduta de busca de informacio (information sekingbeka- viour) de modo mais concreto. [2 MANUAL DE ESTUDO DE USUARIOS DAINFORMAGAO = Cunha, Amaral e Dantas ‘Além da expresso em espanhol conducta informativa, alguns autores utilizam comportamento informative quando se referem 20 comportamento do usuario para se informar, como € 0 caso de Juan Jose Calva Gonzilez, pesquisador mexicano em suas pesquisas sobre o fenémeno das necessidades de informacio, TD. Wilson, em artigo publicado em 1981, comentava que aquela época, as Pesquisas sobre necessidades de informacio eram o assunto mais debatido nos estu- ddos de usuarios, embora ele percebesse certa confusdo nos debates apresentados. Por essa raxJo, escreveu o artigo com o objetivo de dirimir aquela confusdo, apresentando definigdes de alguns conceitos e chamando a atengao para propor como base a teoria cde motivagao do comportamento de busca por informacio. Mais tarde, Wilson (2000) reforga a sua visfo da abrangéncia dos estudos sobre information behaviow, a0 esclarecer que 0 ‘omportamento informacional é a cotalidade do comportamente humana em relagéo as fontes e canais de informagio, incluindo a busca de informacio ativa e passiva, além do uso da informa¢do. Ou seja, inclu a comunicago face a face com os outros, como também a recepedo passiva de informacio como, por exemplo, assist a anti: cos de televisio, sem qualquer intengIo de agir com a informagio dada. Pettigrew, Fidel e Bruce (2001, p. 44) entendem que information behaviour rata de “como as pessoas necessitam, buscam, entregam ¢ usam a informacio em diferentes contextos Fundamentado em Mutshewa (2007), Matta (2012, p. 40) afirma que a expres- so comportamento informacional (information behaviour) “foi alvo de discussio entre os pesquisadores da érea”, o que é natural quando novos termos surgem no meio cienti- fico. Alguns pesquisadores argumentam que © termo seria gramaticalmente incorreto, pois falar de comportamento informacional seria dizer que € 2 informasio que possui um determinado comportamento, o que no & ‘0 caso, pois quem possui um comportamento si0 os seres humanos e no informacao, Diante da polémica terminolégica, Matta (2012, p. 40) reconhece que a expres- io comportamentoinformacional human (human information behaviour) melhor represen- ‘aria gramaticalmente o campo de estudo. Isso porque o comportamento de busca de informacZo (information seeking behaviour) foi considerado termo restrto, por reduair © comportamento a simples busca de informacio. Além disso, a expressio compor: famento informacional information behaviour) tem siclo adotada com frequéncia pelos Pesquisadores da drea e vem se firmando como expresso padrio, Matta (2012, p. 43) resume que as pesquisas sobre o comportamento informa- ional englobam os estudos de uso ¢ busca de informacio, adicionando novos aspec- {08 a serem investigados, como: hébitos, cognicZo, sentimentos, busca ativa e passiva de informacao, Faz mengio a Fialho e Andrade (2007, p. 20) quando explicam que tais estudos abrangem Conceosintroditérios 8 ‘© estudo da interagio entre pessoas, os varios formatos de dados,informao, conhect- ‘mento e sabedoria, nos divetsos contextos em que interagem. © carapo da conduts in formacional humana remete 2 conceitos como contextos informacionais das pessoas, ne

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