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A FORMACAO DOLENOR ALTERNATIVAS METODOLOGICAS Este livro é uma tentative de recuperagéio de um longo percurso de pesquisa, néo no senti- do do telato de experiéncias, mas como sis- tematizagao, de tudo 0 que se pensou e com- rovou, num texto de cardter tetrico-pedagd- leo. A partir de reflexes sobre a fungéo so- ial da leltura © 0 papel da escola na forma 980 do leitor, levanta dados sobre as expecta- tivas dos alunos quanto a relagdo literaturae escola, sugere critérios para a seleg&o de tex- tos no 12 e 2° graus, € apresenta cinco dife- tentes métodos de ensino dos fatos Iiterérios nesses dois graus. Coon: Leonardo Mensa Baisto Gomes mpasigdo: Jorge Corton, Revisfo: Rosane Gava Supervisfo: Sis Jacoby : Editor: Rogue Jacoby Copyright de Vora Teixeira de Aguiar eMaria da GiériaBordini, 1988, Impressdo: GrficaEdtora Pollo 82373.3/.5.001 ° Dibiotefri respon osm lashes dos Santos CRB-10/797 Gram oiosoairotosrsanaions QQ) ISDN 85-280-00605 APRESENTAGAO . . 1 —FORMACAO DO LEITOR . -Fundagfo social da 1.2-Leiturae nifo 1.3-Leitura de literatura 1.4 -Papel da escola na formag 2 — INTERESSES DE LEITURA E SELEGAO DE TEXTOS ‘3.1 -Determinagto dos interesses literiios ¢ prazer do texto . . 2.2-Bsoolha dos textos... +++ 3 — NECESSIDADE DE METODOLOGIA 43.1 -Ensino tradicional de literatura: 2 prética € os 3.2-Necessidade da metodologia de abordagem textual « 4 -METODO CIENTIFICO . 4,1 -Fundamentagdo teérica » 4.2 -Objetivos e eritérios de av a 4.3 -Btapes de desenvolvimento: téonicas « 4:4-Bxemplos de unidades deensino - 4.4.1 - Cutriculo por atividades 4.4.2. Currfeulo por dress . « 44.3- Curcioulo por disciplinas 5 —METODO CRIATIVO ... 5.1 -Fundamentagfo tebrica « «+ Objetivos e critérios de avallago . tapas de desenvolvimento: tSenicas Exemplos de unidades de ensino . . . 1urtfculo por atividades ho por dreas ‘* 6 -METODO RECEPCIONAL 6.1 -Fundamentay 0 tobi 6.2 -Objetivos e i 64 -Exemplos de unidades de ensino . 64.1 - Cu ‘culo por atividades . 6.4.2 - Curricul culo por fens 64.3 - Curriculo por disciplinas 7 = METODO COMUNICACIONAL 7.1 -Fundamentagfo tebrica... || 7.2 -Objetivos ecrtérios de avaliaggo 7.3 -Etapas de desenvolvit Et senvolvimento : téenic 74 Examplos de nidades de ensing «| 7.4.1 - Curticulo por atividades 74, 743 - Cusriculo por disciplinas . 2 Currfeulo por reas 8 —METODO SEMIOLOGICO ... 81 9 — CONSIDERAGOES FINAIS . . BIBLIOGRAFIA APENDICE: Obras recomendadas para trabalho escolar Curr Currie Curr Por atividades . por dreas ....., por disciplinas . ; técnica. APRESENTACAO ensino de no Rio Grande do niro de Pesquisas Literirias da Pontificia Universidade — CPL/PUCRS. Concebida de modo a la € ao mesmo tempo trazer des- fo uni se De uum lado, entrevistou 240 alu- professores de escolas pblicas © particulares de 12 2° graus 1983 pelo Catdliea do Rio Grande do Sul dar conta da realidade das salas de nos ¢ 80 ide Porto Alegre, RS, sobre como se procedia 0 ensino d to, que contou com o suporte financeiro prin- sn recursos parcais do Programa de Desenvolvi- ‘eis ao Ensino-Aprendizagem para 0 En- produziu-se um relatorio intitu: eratura no 12 ¢ 2 graus jpresentado ao INEP/MEC em 1985. ste constatavam um desinteresse cres- conforme avangasse 0 grau de esco- ‘os professores quanto & oriria nos vrios curriculos escoares. no mesmo ano, com o apoio financeiro do Progra: Escola de 19 Grau da SDE/SESu/MEC, tedrico-prético, com uma equipe ¥situagSes pro- tico, elaborar algu- 1.0 ensino bisico. Fun. xm sala de aula € 0 es ‘As conclus6es bisicas dessa enque iteratra entre os alunes, bordagem da obra De outro | ma de Integrago Universidade sa, de card tarefas de pésgraduacto dessa e logis attenativas para o onan; Pata 0 ensino de itteratura no 10 se completou, ‘uapio docente e sobre pre ‘fades dotectadas no dia-ndia escolar me como a Ubertindia saa tal de Alagoas, Universidade Catélica do Rio Grane de Bronse de Educaglo, Ciénel ‘as/RS, a Faculda oof, Cn leas em larga escala, originando su eformulagdo, em 1985, ¢ no. va testagem, com a participa fo da SECRS, [hts © Novo Hamburgo, desta vez drctaneare Junto ntéros, que, apés um perfodo de treinamen: claboraram unidades £ ensino com apoio nos msiodes criados ve q aplicaram em suas esco- Finalmente, no ano de 1986, numa se sunda etapa experimental 1986, a lL, Re tal pesquisa chamou-se Metodo. au © abrengen ba dados sobre os feréncias e 7 i. Des fxn, os méiods © tee {proximando mais e mais das necessi- 'va de responder a clas. boro preliminar dos mé- ‘¢ médulos de ensino de 'vulgado os resultados obti. iversidade Fede. @ Pontificia i © a Faculdade Porto-Ale. @ Universidade Fei do Filosofia, Ciénciase Letras de cigar 'm cursos de extensiio, palesizas ¢ 4 professores.vo. des de ltnes foram submetidos apés simp "5 42 ensino concebidas a partir das alternates metodol6gicas em teste revelaram que 294 sujeitos passaram ase interes- sar mals pela leitura e pela literature, porque as atividades eram movi- mentadas © agraddveis ¢ porque as obras estudadas exam melhores do ue as jd conhecidas em estudos anteriores. 31 alunos néo evidenciaram crescimento, por absentefsmo e, segundo seus depoimentos, pouco em- enho nas tarefas escolares. Os 12 profess mento, nas suas av comprovaram que classes de literatura com a adogo dos métodos propostos, iam adequagdo entre o texto lterdrio e as aspirag6es dos alunos e por- que sugeriam priticas docentes mais dindmmicas e mi ‘mentaram a seguranga do professor ao trabalhar co zecer conelusivo da equipe pesquisadora enfatizou pagio do aluno, em termos de interpretagio ¢ crit mento de produtividade, relacionado ao prazer da leitura e dos traba- thos de sala de aula, ¢ a melhoria das interagées aluno~professor dada a linha de ago educacional provista pelas metodologias. Este liv, em vista disso, é uma tentativa de recuperagéo de um longo percurso de pesquisa, nfo no sentido do relato de experiéncias, ‘mas como sistematizagéo de tudo 0 que se pensou e comprovou, num texto de cardter tedrico-pedagégico. A partir de reflexdes sobre a fun- fo social da leitura e o papel da escola na formagfo do leitor (capitulo levanta dados sobre as expectativas dos alunos quanto a relago eratura—escola © sugere ctitérios para 2 selegiio de textos no 19» 2° sraus (capitulo 2). Com base nesses pressupostos, discute 2 questifo me- todoldgica de ensino de literatura, enfatizando a necessidade de uma ‘metodizago das préticas pedagdgicas centrada na natureza do literdrio € na comunicepfo leitor—obra (cepitulo 3), Apresenta, a segulr, cinco métodos de ensino de literatura, com fundamentapio teérica diferen- cinda, of © parimetros de avaliagdo especificos, etapas de matizagio idades em sala de aula © unidades de ensino plificativas para os trés niveis curticulares do 19 e 2° graus (capitulos 44.8), Bm apéndice, arrolam-se autores cagBes bibliogréficas, recomendados para ti los artes referidos. Por todas essas razdes, esta obra néo pertence exclusivamente a suas autoras, mas a todos os participantes das diversas equipes de inves- 1910, trelnamento ¢ experimentagéo, bem como aos alunos e profes- res que se expuseram és metodologies aqui examinadas. A eles, as autoras. manife integrantes da equipe de pesquisa de 1983-84, prof Diana Maria 7 jue efetuaram-o experi- smindrio final sobre o projeto, Noronha, Elisa Avert na Riccardi da 86, profs, Angela da Re Gi Agradecem, também, sos de Pés-Graduagio em Regina Zilberman, pela esc que deram origem a est dhungio da PUCRS, Dr tr bi oe reteHe® Ae Pesquisa © Por Menge lemente, pelo apoio e i “4 sempre concedeu a exis projtos do CPL. @ 20s sore gene we los. 05 pesquisadores envol- 8 coordenadora do CPL/PUCRS e dos Cur. tica © Letras da PUCRS, Prof? Dra Porto Alegre, agosto de 1987, 1 — FORMAGAO DO LEITOR 1.1 — Fungiio social da leitura F através da linguagem que o homem se recontiece como pois pode se comunicar com 0s outros homens ¢ trocar experiénclas ‘condigho prévia para a manifestagfo da linguager: :m grupo huumano, no aul 0 $4 iuo. £, portanto, na convivéncia coniforme as necessidades de intercim- smente um todo homogéneo. Nele ha © grupo social nfo é iversificados mas conver bitam vontades, saberes ¢ gents, que geram as poss lagtes internas e com outros grupos. Através das trocas lingGfsticas, o individuo se certifiea de seu conhecimento do mundo ¢ dos outros homens, assim como de si mes- mo, to mesmo tempo em que participa das transformagOes em todas cosas esferas, jguagem verbal é, as formas de expresso ¢ comuni- -Pode-se afitmar, mesmo, que todas as Linguagens hu fo repassedas ce cada vez mais diffeil coneeber um sistema de imagens ow. jos significados possam existir fora da Linguagem: perceber o que sig nifica uma substéncla é, fatalmente, recorrer ao recorte da lingua: sentido s6 existe quando denominado, e © mundo dos signtficados no outro senfo o da linguagem” (1979: 12). Registrando @ linguagem verbal, através do cOdigo escri 9 documento que conserva 8 expresso do contedido de consciéncia ¢ social de modo cumulative, Ag decifrarthe.o tex- turais que lhe A smpliaeao do conhecimento que dat des mundo mes A soit do ts dos coniats psa, tn sat is outos ndvidus, por meio do eSipe aes Proven comum de Sita. No didlogo que entéo se estabeloce o sujet ate lece 0 sujelto obs Para além dos contatos pes 12- Leitura e néo leitura numa sociedade desigual li Uma sociedade de SES em que interesses di livergentes se le alguns deles sobre os de Assim, a8 sociedades gradualmente ra ‘08 ¢ incultos, tomando como etitério s divider em s0 gmentos cul distintivo o dominio do ala Posture abr ears a ira de escolas piblicas com 0 fm de levar © dial pomor lors ys lavia, embora nascen sfattlzaco eGo reelouie mals un spring ee ulate, trindo 0 seu oie a Pelo fato de que a ese: mee Buea emergent, que cla. As classes traba ae ram nese pojeto de rome ‘pls eames de aaipeton 3€ @ escola publica se puna desde sua a roa faa sl su ongom,enatiase letra dy tone eas ceo a, lo nfo entre. erminando a existéneia do 10 "eRleeraneneerenene esta 6 0 produto que ela oferece, em primeiro lugar. Antes de se operar a diseriminagdo entre alfabetizados e nfo alfabetizedos, aqueles que nfo sham acesso as letras podiam adquirir onhecimentos por transmiss40 ‘ou por experiéneia e nfo eram por isso socialmente desvalorizados, |i que a escrta era de dominio estrito de muito poucos. gio daqueles que no conseguem utilizar 0 e6digo escrito implica conseqientemente o desprestigio de todas as outrasIi- iat, Determina ainda um conceito de ‘embora se possa entender 0 mesmo caltura, seja verbal ou no, em que esté lo € qui implicito 0 exereieio de um cédigo social para organizar sentidos, atra- isto, vestusrio, ia partilham. és de alguma substinci esportes, cozinha, moda, artesanato, jornats, falas, da qualidade de textos, Esse conceito amplo de texto 6 que fundamenta as posigdes de do mundo como entecedente dia feitura da ina “compreenséo critica do ato de ler, que ago pura da palavra escrita ou de linguagem ia do mundo. (..) ‘A compreenséo do.texto a ser alcangada por sua percepefo das relagdes entre o texto e o contexto jas pessoas, desde a infinc toras em fort vez que estfo constantemente atribuindo sentidos as mais di festagbes da natureza e da cultura, Conferindo a escola a fungfo de , destruivese a ogo de texto como representagfo simbélica de todas as produgdes hhumanas, restando o livro como mediacdo para qualquer conheeimento, Passou-se a destacar, assim, o livro por ser este uma produgfo da classe dominante, a ela pertencente ¢ & qual aspiram as classes dominades. esa situagfo de valorizagfo de um objeto especifico configura & cisfo entre ¢ cultura que 0 possui ¢ todas as demais, dando & primeira poder sobre as outs. O conceito de cultura fea deformado, expressando apenss a ver- | dade de uma camada social. Todavia, cultura ndo se assimila a universo | dos letrados, Abrange todas as transformagoes que © homem opera na atureza, o que obriga a reconhecer que qualquer grupo humano possui os culturais que podem ser lidos de forma vélida, Ngo hé culture nem pior: hé culturas diferentes, segundo as experiéncias dos \omens que as produzem. ssa concepgo de cultura, em sua amplitude, nfo supde que se deva desprezar 0 texto escrito, em favor dos demais objetos cultura, ‘como 0 folelore, o cinema ou os quacirinhes. Se todas essas manifestagses © fato € que as cl 45 classes dom flo do saber que thes convémn. nS #° Portante que as cla a rada, sob pena de se lizer que, a0 se valorizar 0 se estépretendendo limita md Ses menos favorecidas evasde precoce que se devem ao modo de ser necessidades das Hodos de férias, 1980 eeorrer a mecanismos declarados de Acrescente-se 10 didos por essa escola otiundos véem 1s POUCO concernem ds classes. baixas, que nao s ontetos cuss coli dos valores do corpo doses eae seo7a™ como aquele que aprenden Silo nivel de compreensto escolar. Os estimulos z que 0 om relagdo as classes trabalhadoras tural. Os textos dos livtos diddticos ¢ outros livros nada tém a ver com as suas aspiragdes, suas necessidades ‘ interesses imediatos e com sua realidade, Dessa perspectiva, ter-se-ia que circunscrever os problemas de tura a um segmento determinado da sociedade, No entanto, sabe-se. que esses fendmennos ocorrem também em outros escaldes sociais, com a ‘mesma initensidade, As causas, porém, sfo diversas. Nao se trata de cistio entro textos e valores representados, ou entre escola e projetos cultu- wa se relaciona a0 fato de que lista, qué Riarginalizao intelectal,tinico agente que nfo geralucro com oi.abjetos que produz. O trabalho intelectual s6 é reconhecido quando reforga 03 aparatos de dominagfo daqueles que detém o capital, Mesmo ‘nos casos em que as obras contestam o sistema, pode suceder que este as transforme em mercadorias, anvlando sew efeito, Por isso, 0 eltor de clases-clovadas,-mesmo-imbu(do.da importincia da leitura nos bancos_, excolares, acaba por abandonéla gradstivamente, a medida qi e para atividades.que-promovem ganhos, paca o pluralismo cultural, ou seja, a oferia.de textos vi conta das diferentes representag&es-sociais..Se as classes “Tamibgin tiverem acess0 @ alfabetizacfo, sexfo.cles no apenas consum- oras passvas, mat produtotas de novos textos, que se acrescentardo aos que circilam na sociedade o atenderfo a seus interesses. ‘De qualquer modo, todos os segmentos sociais, a despeito de suas podem ser mobilizados para a leitura quando tam nas obras © momento expresso. Uma das necessidac ido a itindo € 1.3 — Leitura da literatura 03 favorecem a descoberta de sentidos, mas sf0 os abrangente. Enquanto 0s textos 8, @ atinge, sem davida, um plano de significaggo simbolos lingtist 13 ‘gualmente universal ~ através, porém, de uma reprodugio esmerada do concreto © particular” (Merquior, 1972:7-8). A linguagem literdria -politice-sociais nela representados uma visio tipica da existéncla humana. O que importa no 6 apenas o fato sobre 0 qual se escreve, mas as formas de o homem pensar e sentir esse fato, que 0 identificam com outros homens de tempos e lugares diversos, \ A obra literdria pode ser entendida como uma tomada de cons- ‘léncia do mundo concreto que se caracteriza pelo sentido humano \dado a esse mundo pelo autor. Assim, nfo é um mero reflexo na mente, que s¢_tradua em pal rago ao mesmo avés da media- ssa natureza verbal, pe dentro dos grupos socials, pondo em circulago esse sentido humano, A literatura, como uma das formas de comunicegto, participa assim, do da cult 6 diretamente ao contexto, nfo precisa apontar para o objeto real ide que ele 6 signo, possuindo, portanto, uma autonomia de significa, Por exemplo, uma hist6ria infantil ou um romance criam suas préprias fresas comunicaives, estabelecendo um pacte ate nator 6 |que a presenga do contexto ¢ dispensavel, Ao ler o texto, oleitor entre nese jogo, pondo de lado a sua realidade momentanee, ¢ passa a viver, \imaginativamente, todas as vicissitudes das personagens da cgi, Desse * forma, aceita 0 mundo criado como um mundo possivel para si Essa capacidade do texto literdrio de independer de referentes reais, de forma direta, devese & coeréncia interna dos elementos de que se compde, de modo a tornar auto.suficiente 0 todo assim estruturedo, A obra se efetiva muito mais pela composigio de seus elementos estru. turais do que pela relagto denotativa com o contexto, Esse trago juste 2 @ descoberts da significagfo mesmo em obras que explicitamente romper com a realidade conereta e histérica como as de fiegdo cientfl- ‘a, de horror e de reaismo migico, A estrutura da obra lteréria decorre das linhas de forga estabeleci- das entre seus componentes ¢ fungdes. Essa estrutura, porém, nfo é um todo uniforme, uma vez. que nela se alteram continuidades ¢ desconti- ‘uidades determinadas pelo proprio limite das frdses e periodos lings ticos. Constrdise, na obra literiria, um mundo possivel, no qual os objetos e procestos nem sempre aparecem totalmente delineados, Esse ‘Munda, portanto,enyolye Jacunas que sfo at icamente preenchidas 14 nessa sxperiéncia. [so explica por que se pode ‘novela de cem piginas sem que se percaa srados. A obra apresenta uma série de to atualiza no ato ds io contém indicadores mui- pelo leitor de acordo com sua e? ‘epreseiitar toda uma vida numa: tio de realidade dos eventos nt jicagdes em poténcia, que o su) posi, 0 texto nfo crm en acs ao context do comunstto, a0 & oferse € wargem a livre movimentagto do Ieitor. 2 acre ta tae endo ape Para noe set rd plies, pectin oso em outs txt se pengue cla mobiiza mas ines etl > it ‘a manter-se nas amarras do Wr speenar wh mando et literdria acaba por fornecet a0 7 cs yo eas creado inormases, org o lve pat ues nent de const des, com 30 for realidade concreta, er eran expe pla ent *nguager, Je todo cy Te nga 150 simbOlico que as Ps n att dager ee yor com base nas ivencis pessoas 40 va uma reserva de vida paralela, on- ‘ou nfo sabe experimentar na realida-, nf Wem nid acs, 0 longo dos PO bra também gragasa ela que al rene por amplisr suas real. cotidiano. Paradoxalment pouco determinado, 2 ol i entura fronteiras existenciais sem oferecer os riscos da av 1.4 ~ Papel da escola na formagéo literdria esmo que 8° {Em virtude da autonomia propria da obra literdria, mesmo ave 1a social, a formago do Ik wheca sua génese na vida social, “Spode rnin do tor enc cu pti A tn © rece mento de um sentido, operado e gnos que foram codificados por outrem pera esse tig que Pos ara apontam sio assunto pacifico _ aa vodendo fave, com io, dferengas de enten produggo e na sua reeepgto. do texto na sua | Para aprender a ler 0 texto verbal escrito, nfo basta conhecer as letras que assinalam os fonemas, nem adianta saber que os fonomas $6 fazem sentido quando reunidos em palavras ow frases. Nfo 6 suficiente, também, descobrir ou compreender as regras do cédigo chamado gramé tica, que juntam fonemas em palavras ou palavras em frases, Essas habilidades s#0 apenas operagdes de base para a leitura e, na vida prati- «2, sf0 dominadas por processos mentais de associagio e meméria a par. tir da motivagdo do individuo dgrafo quando ingressa na escola em bus. ‘ea do dominio da escrita A leitura pressupoe « participagto ativa do leitor na const dos sentidos lingisticos, Embora as palavras sejam explicadas no ndrio, nunca exprimem um nico si le leiture consiste em escolher 0 significado mais apropriado para as palavras num conjunto limitado, Vi- 1ém Flusser, pesquisando a etimologia do verbo ler, observa que ver do latim legere, “que significa o gesto do catar (picar gros, como galinhas 0 ‘executam). O que, por certo, impée a questfo do escolha de gros amontoados (. ..). De modo que ‘ler’ significa escolha aleat6ria de elementos tirados um por um do seu contexto; os elemen- a" ou ‘cifta’ ndo passam de casos espe genérico de (4985.27), A sele¢o dos significados se opera por forga de um contexto que ca, Esse contexto 6 0 da experiéneia io © s6 passa a portar significado por . Convencionase que algo é ‘quando corresponde a um valor proviamente estabelecido. © conjunto de valores convencionados é chamado cultura ¢ por isso amente legtvel porque criado pelos homens, A formagfo escolar do leitor passa pelo ctivo da cultura em que ‘sto se onquadra. Se a escola ndo efetua o vinculo entre a cultura grupal ou de classe € 0 texto a ser lido, 0 aluno nfo se reconheve na obra, por- que a realidade representada mio the diz respeito. Mesmo diante de qualquer texto que a escola Ihe proponha como meio de avesso a conhe- cimentos que ele nfo possui no seu ambiente cultural, hi a necessidade de que as informagdes textuais possam sor rferidas « um éackground caujas rafzes estejam nesse ambiente. Portanto, a preparagéo para o ato de ler nfo 6 apenas visual-motora, mas requer uma continue expansto das demarcagoes culturais da crianga e do jover, Diante da leitura outra exigéneia se impOe em iermos de aprendi- 2agem., Os sentidos ndo se esgotam no plano meramente concel fivigfo plena do texto literitio se di na concretizagdo estética das sig: nificagdes. A medida que o sujetto Ié uma obr: vai construindo 6 : fornecidas pel apoiado nas pistas verbals fornecidas ps .m — ¢ também se modificam — lo eseritor © nos contettdos de telectuais, mas também emocionals ¢ volitivos, imagens que se interligam e se completa: ue sua anew edueagto do leitor de semia que & prspr so al, Como os sentidos literdrios . 10 deles como meta a ser ‘fo pode ser, em vista da polis {impositiva ¢ meramente for- iplos, 0 ensino nfo pode des- aleangada pelos alunos. Por ririos ndo resul- io de um acervo de iv ‘cultural, contudo fo mais vasto poss! aK cages a sem a preocupagzo de classificug E ‘no 29 grat que a sistematizagdo tebrica do r ger introduzida, desde que, mesmo entfo, via de textos. Para qui jw escola possa produzir um ensinoeficaz da leltura de deve cumprix certs requis como: dispor ¢& elhada, na érea da literatura, com a iedso,profesores ites com bor fundamentagfo f de ensino que valorizem a lieratura, act demoertza e sética entre alunado & palavras de Ezequiel Theadoro livro, passam por um cespecificamente, 8 | tedrica e metodol | ¢, sobretudo, uma interagdo democratic: fo. de_"bscuseimentontenciona” roe case deveram promover © ro (um tipo d Toramse cada Yo ma Avsetar 0 id =n ecg ste ‘a possibilidade delas exec Wide Plt Pope io) sto novimencarem consign pats © Mina rnposta (et @ vo), 06 objeto” (198363), 2 — INTERESSES INTERESSES DE LEITURA E SELECAO 2.1 — Determinagao dos i i Detorminepfo dos intorewseslterérios #0 prazer Considerando « ando & natureza da literatura, pode Brofewor enti compromstido com uma ra dues, ele encontrano material Iterco iterdrlo 0 recurso mais favordvel 3 parte, os SD Pq ge orn Tonos oun peso sta dope, evo som como am Fo tink de pou, amt lado. A buts freqiens da lentara pea sgl de une atitude conseiente, da disposi ortexto sciote, da disposiego de enfrentar 0 sea oonoton ditaaivenimade caractere teres das personagens, pelos problemas colocados. A far do leitor com a obr posigto para a leitura e 0 conseqiente obra gera predisy denadimmanatoroule i en quando 0 profesor raza o taba com Heratra om 2 ae la Part day enpecttvas ds extudnte, sii ae 6 est ater to aos Mnsges dos mesmos, Por interesse entende-se wma atl favo: roy gorda por una nesesstdade, qe propusions agio (cf rere 341 80-152). 0 interese pela Jeltra ¢, portant, ie favorével em ronda de uma necessidade que pode favor eoiiecmento goério de ocoréncis atl BUT sear repens, nada ivr buono tog satisfagio tro, eee de cater informatio ou eeoatvO, 6 © condi- ej. por wine séie de fatores: os anos fo sueitos iferenciados Saves de cont crt, podese inf qu a aso do cone ts i Fl de rena mete 9 us ss ds aun " A andliso de situa “dnt ae 520 de letra nas dretrzesoficas 1988; 38) pms sgas crest ste sense home au oonino pbc pretend formar. At refende Teseatbt & lortinciae a concept det sponta pane ue lo ato de Jer como posbilidade de cressimonte mento 34 (inmate individual. Contudo, a preocupagdo moralizante evidencia tendéncia a prender o sujeito aot padrdes estabelecidos pela sociedade, em vex de ‘estimuls-io a0 questionamento e & reelaboragio dos valores. Os tipos de textos sugeridos para uso da rede oficial de ensino re- forgam a voz do adulto e atendem aos objetivos de uma educegfo que se propde moldar os jovens segundo os modelos dominantes através de: '2) adaptagGes que empobrecem 0 contedido das obras ¢ desvir- tuam sus finalidades originals; 'b) criagfo de textos pelos planejadores dos curriculos, cuja lin- guagem mostra pobreza vocabular, excesso de diminutivos ¢ precarieds- dle do rimas. Nao retrata a fala infantil, mas aquela que os mais velhos weram da crianga. Os temas procuram despertar sentimentos de sub- mmissf0, como a supervalorizagfo da escola, a idolatria & famitia ¢ & P&- ‘Alguns so de tal forma repetitivos que dio a idéia de estagnacto itemente, impossibilidade de erescer, como Dia ‘As siugestdes metodol6gicas ainda podem ser questionadas quanto (dades propostas. 0 texto liteté- to para o estudo da gramétioa e, se desenca ;culado A experiénoia de vida do aluno, o que afeta seu or de mobilizagfo para o ato de le. [As sugsstoes de trabalho so pouco originais: todas propoem os s tipos de atividades e exorcicios que se fecham nos limites da ‘sem interoimbio com a comunidade, o que torna as aulasestan- « desvinouladas do rel. Tol situago se acentua pelo de wsses documentos. Hé falta de articulaggo entre os 0 + de leitura, 0 que significa que essas diretrizes enfatizam pro- os, fechados em si mesmos, em detrimento do contetdo que ia servir de suporte, formado por um repertério de obras ade- realidade social do estudante e a seus interesses. O que se de- {que tais propostas de educagdo repetem o modelo de estrutu- e-as alimenta, na medida em que no proporcionam a0 alts de participar do debate e de atuar de forma dinimica em ntam a Cotientagdes curticulares, ainda inalteradas, que st scala como reforgo ideologico de um Estado eutoritétio, 35 enceram cn cae fis ete ial para a andlise da situagdo do ensino de li foams a were £0 diegnosticads como defici tans mala da expeincnezalar one an Sena que deve sero He nled prec se cntolado,w tne sey Pedagogicos eo seu Que expla a ndegs cent sla aus por atudesepsiadora, 3.2 — Necossidad leda P Neoma ‘metodologia de abordagem © modeto do aula de tte lade literatura at sire podria ser doses como tne nan menos estiticas, ditadas inclusive pelo ‘ 'm vigor na escola brae de Contedidos literérios ‘ezes se fazem com a érea de Artes Plisticas ou Misc, resume, eft sem mais vines mo ue ats oe et a A repetigto fe ule continuada das mesmas tarefas ndo representa unm: © edceconal Una wee gut nto fa avés de objetivos comuns, o quo se Am brojto que as vince entre serve € af a fe topos ant dos conhecimento, a redundéncttenste fo om que oe meee” Process de aprendiagem aun cirulo vic pam a er 10s s4o permanentemente ensinados ¢ nun, Esse f etn bleed auta de literature tem rfzes na trades 1 a que temontam § pedapog , depois, do Reinado, cane esuttica, Nes escolas uitico, ‘como negar que eacionério com relagfo as orientage ‘poca e anticientifi prc oa co; estruturalmente,estava conde ssa tradigfo hist6rica explica o tratamento dado a literatura que Marisa Lajolo denuncia, observando que Yem situagoes escolares, 0 t0x- to costuma virer pretexto, ser intermedidrio de aprendizagens outras aque nfo ele mesmo. E, no entanto, texto nenhum naseew para ser obje- to de estudo, de disecagto, de andlise. Salvo raras e modemnas excegBes — por exemplo, os textos produzidos de encomends e sob medida para algun livros escolares ~ um texto costuma ser produto do trabalho in- idual de seu autor, e encontra sua fungZo n2leitura individual de um ” (1986: 53) ‘A dimensfo intimista do ato de leitura esbarra com a necessidade de uma educagdo de massas em que 0 livro no é posse de cada aluno e 4 reunio de muitos sujitos, num mesmo espaco, obriga & comunica- a numa atividade coletiva, que tei desfigura as earacteristicas do ato de ler, 0 que @ esco- la acentua ainda mais quando pulveriza a leitura tanto no que se refe- te ao material literétio, qui 1dos de abordagem textual. 'A énfase que se atribui atualmente a produgao moderna 6, sem vida nenhuma, positiva. Contudo, essa opgio apresenta reportagens, ar das em capitulos, estrofes, fragmentos, etc). O recorte do materi ‘ura, bastante comum, desintegrando 0 original, é uma solugéo mu © poptlarizada no ensino de massas, pols permite a reprodugso conerosa, mas atenta ao direito do aluno de conhecer a obra no do. Dois aspectos dat decorrem que sto passfveis de objegio. Em primeiro fugar, 0 trabalho exclusivo com 0 texto modemo impede a vi- so da historicidade da literatura, esvaziando formas, registros lingbist- s © sistemas de idéias de sua relapfo com 0 passado, O ideal seria 0 dde obras de diferentes épocas, para acomparhar a evolueo ¢ mu- s de perspectiva que, de certo modo, também integram o sigifica- texto atual, Em segundo lugar, a utilizagéo predominante de ex- itor um caos de representagbes desarticuladas que nem de Ipnge spondem ou insinuam a proposta de cada original, © acabam por da nogdo de literatura assim construida uma colcha de retalhos em ada tem a ver com nada. Ou melhor, tudo tem a ver com as inten- nem sempre louviveis) daquele que seleciona os textos ¢ 0s recor 37 0s e ae de tratamento deste material literdrio -conyergem todos eee eens a entronizaggo do texto (aliés, do ‘fragment q Samento con pit dn ws ¢ to perfeito origin: cis do pote acy, nein ae ae 1a certas atitudes inflexiveis do Interpretapbes tidas como as melhores modifica ou conetads ples alunos cad based te rows e uma postr histxea eval fae die 7 izagdes ocidentais, es, ote dase em que, ja antes da escrita, a fala tae an a oes ‘8 memoria da coletividade ¢ indagava o desconh i nee I peal eesti be ‘mesmo tempo magica e prit a0 de seus herdis, @ origem de suas muti oon oe rensa com Gutemberg cis- a, enquanto a destitua de seu produpio popular Fredueto popula ea intervene do aunado na constitu Sia uma Yer gus eet pronto e ted verdide __ A nogdo de texto-modelo implica ai ets xt tle ue doom aml dense fo, que esté diante i recone. sis ene tant do uma autrdadepublcamontereonhe. cola dd ites dominante na seagdo © wso da teratura pela es Sto nar slag ae ng ame em fagmento, a média d texts om ten extraida de autores do : sos pete eano odo oman de Doe Co

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