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CONVERSA INICIAL Nosso cérebro é formado por bilhdes de células, os neur6nios, e por trilhdes de sinapses (comunicagao entre os neurénios). Apesar disso, nao somos capazes de analisar todas as informagées disponiveis no ambiente. Em funcao disso, a natureza nos forneceu um mecanismo que permite selecionar os estimulos considerados relevantes. Este mecanismo refere-se ao fenémeno da atengdo. E por meio da atengao que podemos selecionar o que é importante e deixar de lado tudo aquilo que nao nos interessa (Cosenza; Guerra, 2011). Cosenza e Guerra (2011) usam uma metafora para ilustrar 0 mecanismo da atencdo: a metafora da “lanterna na janela”, em que imaginamos uma janela aberta para o mundo, e uma lanterna é utilizada para iluminar apenas os estimulos que mais nos chamam a atengdo e que nos interessam. Entender o funcionamento do fendmeno atengao tem sido fundamental nos tempos atuais, em que as queixas atencionais se tornaram exacerbadas em um mundo tomado por um excesso de estimulos e de informagées. Neste capitulo, serao abordados desde as bases neurobiolégicas da atengao, seus subtipos e a relagdo da atengéo com 0 nosso comportamento. CONCEITOS © fenémeno da atengao refere-se a um conjunto de processos que permite © controle da atividade neuronal com eventos internos e externos, selecionando aspectos que serao processados de maneira prioritaria (Xavier, 2015). ‘A atengdo pode ser considerada como um fendmeno complexo que compartilha limites com habilidades perceptivas (visuais, tateis, olfativas, auditivas, etc.), nivel de consciéncia, memoria e afeto (Lezak et al., 2004). Nesse sentido, podemos explicar a definigdo acima com a metafora da /anterna na janela. Comparando a atengao a uma lanterna, dirigimos 0 foco de luz a um dos nossos sentidos (audigao, visdo, sensagées tateis, olfato e gustagao) para analisar aquilo que é relevante. Ainda, esse foco atencional é influenciado por outros processos, como as nossas preferéncias, necessidades, interesses e pelo nosso estado emocional. A neuropsicologia define a atengo como um conjunto de habilidades que envolvem a concentragéio, 0 esforgo mental, a capacidade de estar alerta, de focalizar alguns estimulos, de inibir outros e de modificar 0 foco quando necessario (Malloy-Diniz et al., 2008). MODELOS TEORICOS E ASPECTOS DA ATENCAO A maioria dos modelos de atengao descritos na literatura incluem fungdes relacionadas aos mecanismos de manutengao, seletividade e mudanga atencional como conesitos-chave (Sohlberg; Mateer, 2010). Esses mecanismos estao relacionados aos diferentes tipos de atengdo que devem ser estudados, para que © processo atencional como um todo possa ser compreendido. Um modelo desorito da literatura, proposto por Mirsky, Anthony, Duncan, Ahoarn 0 Kellan (1991) identifica quatro fatores da atoneao: foco execugtio, manutengaio, decodticago © mudanga. Posteriormente, Mapou (1995) incluiu os componentes de distribuigéo da atencdo, capacidade, resisténcia a interferéncia e manipulacdo mental. (Toazza, 2012, 9, 24) O modelo clinico de Sohiberg e Mateer (2010) mostra-se muito util para a compreensao do fendmeno da atengao. O modelo proposto pelas autoras em questo incorpora muitos dos conceitos tedricos documentados na literatura. O modelo compreende cinco componentes da atengdio: foco, manutencao, seletividade, alternancia e divisao, descritos a seguir: Atengao focada E a habilidade de responder aos estimulos visuais, auditivos ¢ tateis. Pode- se pensar que 6 0 tipo de atengéio mais basico, pois qualquer pessoa que esteja com um nivel de consciéncia em alerta responderé a esses estimulos sensoriais, ativando entao esse tipo de atengao. Exemp! sua pele. fer alguma coisa, sentir um cheiro, sentir 0 toque de alguém na Atengao mantida Envolve a habilidade de manter um comportamento em resposta & duragéo continua de uma atividade. Engloba dois componentes: a vigilancia e 0 controle menial. A vigilancia esta relacionada a capacidade de manutengaio da atengaio ao longo do desenvolvimento da tarefa. JA 0 controle mental envolve a manipulacdo das informages na mente. Esse tipo de atengao também é conhecido naliteratura como atengao sustentada ou concentrada. Exemplo: ler um livro ou estudar, pois exige a manutencao da atencao por um tempo prolongado, ou seja, a concentragao. Atencio seletiva Habilidade de manter o foco atencional diante de estimulos competitivos ou distratores. Nesse aspecto da atengao, devemos considerar tanto os distratores extemos quanto os inteos. Um estimulo distrator externo pode ser um barulho, por exemplo. JA uma preocupagao pode ser considerada um cistrator interno Assim, a atengao seletiva esta relacionada a capacidade de prestar a atengao a uma coisa importante, inibindo as distragées internas e externas. Exemplo: em uma sala de aula, um aluno consegue prestar a atengao a aula sem se distrair com a conversa paralela de seus colegas ao redor. Atengao alternada Capacidade para flexibilizar entre um foco de atengao e outro, movimentando-se entre tarefas com diferentes requisitos cognitives. A grosso modo, 6 a habilidade de alternar 0 foco de atengéio ora em um estimulo, ora em outro. Exemplo: uma secretdria que precisa alternar a atencao ao atender o telefone, digitar algo no computador, anotar uma informagao na agenda e recepcionar um cliente. Atengo dividida Refere-se a habilidade de responder simultaneamente a ciferentes estimulos. Nesse caso, duas ou mais respostas devem ser requeridas, assim como dois ou mais estimulos precisam ser monitorados ao mesmo tempo. Exemplo: dirigir € um 6timo exemplo de atengdo dividida, visto que precisamos prestar a atencdo em diferentes estimulos ao mesmo tempo: sinais de transito, seméforo, pedestres, automéveis ao redor. Além disso, ao dirigir, ainda podemos ouvir uma musica no radio e conversar com alguém que est dentro do carro. Outro aspecto importante sobre a atengdo é descrito por Coutinho, Mattos @ Abreu (2018): nivel de alerta ou de ativagao (alertness ou arousal). Esse aspecto 6 formado por dois mecanismos distintos: 0 tOnico ¢ a ativagao fasica. © tonico diz respeito a um mecanismo mais fisiolégico, relacionado a capacidade do organismo em responder a um estimulo. Refere-se a um mecanismo de controle inteino, 0 qual regula a resposta aos estimulos ambientais, incluindo 0 ciclo de sono e vigilia, o nivel de vigilancia 0 potencial para focalizar. Relaciona-se com a intensidade com que um individuo pode manter-se aleria, acordado e preparado para emitir uma resposta a algum estimulo. Ja a ativagao fasica refere-se a capacidade do meio em produzir alteragées nos niveis de atengao. Pensando nesses aspectos de ordem mais fisiologica ou nao, outros dois tipos de atengio devem ser considerados: a atengao voluntaria e a atengao reflexa. ATENGAO REFLEXA E ATENGAO VOLUNTARIA. Ao pensar nos mecanismos de regulagao da atengao, nos deparamos com dois tipos: a atengdo reflexa e a atengao voluntéria. Para explicar essas duas formas reguladoras, alguns autores utilizam um modelo chamado “de baixo para cima” e “de cima para baixo", também conhecidos por bottom-up e top-down, respectivamente. A primeira delas, “de baixo para cima’, refere-se a atengao reflexa, em que os estimulos periféricos séio importantes. Nesse caso, podemos pensar em uma situagdo em que direcionamos 0 nosso foco de atengéo ao som intenso e repentino de um alarme de incéndio, por exemplo. Nesse caso, o estimulo sonoro éconsiderado periférico, e o foco atencional ocorreu de maneira reflexa (Cosenza; Guerra, 2011). Em relagao a atengao voluntaria — “de cima para baixo”, a regulacao envolve aspectos centrais do funcionamento cerebral (Cosenza; Guerra, 2011). Nesse caso, como o nome ja indica, ha uma intenc&o em prestar a atencao em alguma coisa, por exemplo, procurar um objeto perdido ou manter a ateng&o em uma aula. Xavier (2015) chamou esses dois mecanismos de regulagéo de atengao exdgena e endégena. Para o autor, a atengao exégena é acionada quando pistas periféricas so utilizadas, envolvendo a captura automatica da atencao. Esse tipo de mecanismo esta relacionado as caracteristicas abruptas do aparecimento de estimulos. Assim, esse tipo de atencao corresponde ao que chamamos anteriormente de atencdo reflexa, ou seja, de um mecanismo “de baixo para cima”. Ja 0 processo de orientagao endégeno ocorre quando ha um esforgo consciente e intencional para a busca de estimulos, sendo entéo um processo de atengao voluntaria e, portanto um mecanismo “de cima para baixo". BASES NEURAIS Estudos dos mecanismos cerebrais envolvides no processo de ateneao indicam a presenga de pelo menos trés citcultos: 0 de vigiléncia/alerta, o orientador e 0 executive Circuito de vigitincia/alerta Um aspecto importante que deve ser considerado ao estudar 0 fenémeno da atengao 6 0 nivel de vigilancia ou alerta. A atividade cerebral apresenta variagdes importantes em relagdo ao estado, que podem variar desde um estagio de sono profundo até o despertar. Durante 0 sono, ou mesmo em um estado de maior sonoléncia, os mecanismos atencionais encontram-se prejudicados (Cosenza; Guerra, 2011). E claro que, como vimos no topico anterior, uma pessoa que estd dormindo pode ser despertada por um estimulo periférico (ex.: a ‘explosao de uma bomba), 0 que caracterizaria um mecanismo de atengao roflexa. Porém, a regulagéo da atencao voluntaria requer um estado de vigilncia/alerta. O sistema cerebral que regula os niveis de vigilancia 6 composto por um grupo de neurénios que fica localizado no tronco encefalico. Esse grupo de neurénios tem uma coloracdo azulada e por isso se chama locus ceruleus (local azul). Assim, esse primeiro circuito neuronal 6 chamado de circuito de vigilncia ou alerta (Cosenza Guerra, 2011). Estar acordado e alerta ndo garante o bom funcionamento da atengao. Ao contrario de situagdes de sonoléncia, sabe-se que um estado de alerta extremo, como ocorre em casos de ansiedade, também prejudica 0 processamento da atengaio. Assim, o ideal 6 um estado de vigilancia adequado do cérebro, capaz de focar e manipular os diferentes estimulos sensoriais. Circuito orientador Este circuito envolve o funcionamento do lobo parietal do cérebro. Através dele, ha 0 desligamento do foco de atencao de um estimulo e o deslocamento para outro, Esta agao também permite a mudanga de foco de atengao para outros sistemas sensoriais, como quando privilegiamos um estimulo auditivo ou visual (Cosenza; Guerra, 2011; Coutinho; Mattos; Abreu, 2018). Por isso 6 nomeado pois 6 0 circuito que permite a mudanga do foco atencional. como “orientadot 10 Circuito executivo O Ultimo circuito envolve a estrutura cerebral chamada giro do cingulo e também o cértex frontal. A rede executiva entra em acdo assim que ha uma mudanga de foco. Esse circuito permite que se mantenha o foco por um perfodo mais prolongado de tempo. Também esta relacionado a capacidade de inibir os estimulos distratores (Cosenza; Guerra, 2011; Coutinho et al, 2018). Assim, usamos esse circuito para permanecer atentos a alguma atividade por um periodo maior de tempo. E COMPORTAMENTO. Prestar a atengaéo é fundamental a qualquer tipo de aprendizagem e capacidade de executar acdes. E um comportamento observado desde os primeiros anos de vida e que ganha maior relevancia na vida escolar, visto que é nesse momento que as dificuldades comegam a ser percebidas com maior clareza. Apesar de ser uma dificuldade real, muitas vezes ela 6 confundida com outras situagdes ou mesmo percebida de forma indiscriminada. Isso ocorre porque diferentes circunstancias cognitivas e comportamentais podem alterar 0 nosso nivel de atengao: desde 0 uso de medicamentos e/ou substancias licitas oulicitas, a privagao de sono e de alimentos, questées hormonais, niveis de vitamina, a motivacéo @ o interesse em uma atividade, 0 humor, a presenca de lesdes cerebrais ou de doengas/transtornos mentais Considerando as diferentes situagdes citadas acima, ao pensar em um comportamento alterado ou até inadequado que esteja relacionado ao fendmeno da atengao, 6 importante identificar se esse prejuizo atencional é primario ou secundario a alguma situagao, seja uma doenca ou até mesmo a uma falta de motivagao. Um étimo exemplo para refletir sobre um comportamento alterado ocasionado por uma dificuldade atencional primaria 6 0 tao falado, atualmente, Transtorno de Déficit de Atengao ¢ Hiperatividade (TDAH). Antes de entendermos melhor essa condigao, cabo ressaltar que sim, 6 uma condigao clinica importante, que realmente existe e que pode trazer sofrimento importante para 0 portador e para as pessoas préximas. E importante falar isso, pois muitas pessoas acreditam que € um transtorno inventado pela indiistria farmacéutica, que hoje em dia todo mundo esta sendo diagnosticado com TDAH, etc. Lee cbt Certamente vemos muitas pessoas diagnosticadas erroneamente e fazendo uso de medicagdes sem a necessidade, porém, ao se deparar com pessoas TDAH e que recebem o tratamento adequado, seja farmacolégico ou nao, percebemos os beneficios da intervengéo. Dessa forma, 6 preciso entender que 0 TDAH 6 um transtorno neurobiolégico, que apresenta alteragéo de neurotransmissores e que precisa ser tratado, O TDAH 6 um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, que tem inicio no perfodo do desenvolvimento, que em geral surge antes de a crianga ingressar na escola e 6 caracterizado por déficits que acarretam ‘prejuizo no funcionamento pessoal, social, académico ou profissional” (APA, 2013). Caracteriza-se pela presenga de sintomas de desatengao, hiperatividade e impulsividade. Mas vale ressaltar que esses sintomas nao precisam aparecer juntos. Existem trés formas de classificagao do transtorno: « Forma de apresentacao predominantemente desatenta; « Forma de apresentagdo predominantemente hiperativa/impulsiva; «Forma de apresentagao combinada. A manifestagao da desatengao ocorre através de esquecimentos, distragdo, perda de objetos, desorganizagéo, pouca concentragao e falta de atengaéo aos detalhes. A hiperatividade pode ser caracterizada por um comportamento do atividade motora © inquictago excessiva. Por fim, a impulsividade é marcada pela dificuldade em esperar a sua vez, por respostas precipitadas, intromissao e interrupcao (Costa et al., 2014). De acordo com o DSM-5 — Manual Diagndstico e Estatistico dos Transtornos Mentais (APA, 2013), alguns critérios devem ser observados para que 0 diagnéstico possa ser feito. Além da presenga dos sintomas citados adiante, 0 padrao desatento e/ou hiperativo-impulsivo deve estar presente em pelo menos dois contextos diferentes (exemplo: escola e ambiente familiar). Além disso, os sintomas devem interferir de forma significativa no funcionamento do individuo (social, escolar, ocupacional). Para a investigag&éo do diagnéstico em criangas, podemos utilizar um instrumento adaptado para a populagao brasileira, chamado de MTA-SNAP-IV (Mattos et al, 2006) em que pelo menos seis dos sintomas listados a seguir devem estar presentes (para cada categoria, ou seja, pelo menos seis sintomas de desatengao e/ou seis sintomas de hiperatividade/impulsividade): 12 Sintomas de desatencéo a, Frequentemente nao presta atencao em detalnes ou comete erros por descuido em tarefas escolares ou durante outras atividades; b. Frequentemente tem dificuldade em manter a atengao em tarefas ou atividades kidicas; c. Frequentemente parece nao escutar quando alguém he dirige a palavra diretamente; d. Frequentemente 'ndo segue instrugées até o fim © nao consegue terminar trabalhos escolares ou tarefas; e. Frequentemente tem dificuldades para organizar tarelas ¢ atividades; {, Frequentemente avita, n&o gosta ou reluta em se envolver em tarefas, que exjam estorgo mental prolangado; g. Frequentemente perde coisas necessérias para taretas ou atividades; h. Com frequéncia é facilmente distraido por estimulos extemnos; i. Com frequéncia 6 esquecido em relagao a atividades. (Mattos et al, 2006) Sintomas de hiperatividade/impulsividade: a, Frequentemente mexe as maos ou os pés ou se contorce na cadeira; b, Frequentemente levanta da cadeira om situagdos om quo se espora que permaneca sentado; . Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situagdes em que Isso 6 inapropriado: d. Com frequéncia ¢ incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmante, e. Com frequéncia “nao para’, agindo como se estivesse " ligado", {. Frequentomente fala derais; g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluida; h. Frequentemente tem dificuldade par esperar sua vez; i, Frequentemente interrompe ou se intromete nas conversas. (Mattos et al, 2008) As criangas com TADH costumam ter desempenho académico deficitario, prejuizo na interacao social e familiar. JA em adultos, alguns comportamentos icos do TDAH so (Costa et al., 2014): pior desempenho académico; baixa realizagao profissional; maior nimero de intragées de transito ¢ acidentes automobilisticos; ‘maiores taxas de comportamento sexual de tisco;, ‘+ maior probabilidade de uso de substancias; Os adultos TDAH costumam apresentar menos sinais de hiperatividede, quando comparados com as criangas, entretanto podem apresentar queixas relacionadas a dificuldade para relaxar, para se organizar, para alcangar metas © para estabelecer prioridades. Ja em adultos, de acordo com Costa et al. (2014, p. 166), “alguns comportamentos tipicos do TDAH sao: pior desempenho académico, baixa realizagao profissional, maior numero de infragdes de transito e acidentes automobilisticos, maiores taxas de comportamento sexual de risco e maior probabilidade de uso de substancias". 13 Os adultos TDAH costumam apresentar menos sinais de hiperatividade, quando comparados com as criangas, entretanto podem apresentar queixas relacionadas a dificuldade para relaxar, para se organizar, para alcancar metas e para estabelecer prioridades (Costa et al., 2014). A etiologia (causa) do TDAH 6 complexa, mas sabe-se que ha uma relagao com fatores genéticos e ambientais. Pesquisas na area das neurociéncias evidenciam alteragdes no sistema nervoso central, 0 que fortalece a ideia de transtorno neurobiolégico Em relagéo as dificuldades atencionais decorrentes de condigdes secundarias, podemos pensar em alteragées de nivel de atencéo em funcdo de quadros psiquiatricos, por exemplo, a depressao e a ansiedade. Ha fortes evidéncias de que o humor deprimido, assim como altos niveis de ansiedade interferem na nossa capacidade atencional, na presenga ou néo de um transtorno. Basta pensarmos em diferentes situagdes em que nos sentimos muito tristes, sem motivagéo ou extremamente ansiosos e preocupados. Ler um livro ou estudar quando estamos em uma situagao de luto ou frente a uma ocasiao de extremo estresse é praticamente impossivel, visto que 0 foco atencional e a concentragaio ficam muito prejudicados. Ouitras dificuldades atencionais secundarias seriam alteracdes decorrentes de lesdes cerebrais, por exemplo, uma batida na cabega que ocasionou um trauma cranioencefalico, assim como eventuais dificuldades associadas a quadros de alteragdo hormonal, por exemplo, problemas na tirecide. A dificuldade de concentragao esta normalmente presente em pessoas com hipotireoidismo Por fim, os processos atencionais sao importantissimos para todos os aspectos do funcionamento cognitivo, sendo fundamentais para 0 sucesso do processo de aprendizagem e para a adequada adaptagéio do individuo em diferentes contextos. Assim, entende-se que a compreensao mais aprofundada desse fenémeno torna-se relevante para qualquer profissional, nao importa a drea de atuagao, visto que a identificagao precoce de uma dificuldade pode contribuir para um melhor prognéstico e embasar medidas de intervengéio mais eficazes. Em tempos em que “prestar a atencdo’ esta cada vez mais dificil, entender um pouco mais sobre esse fendmeno pode ser um diferencial. 14 REFERENCIAS APA — American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - DSM-5. 5.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013. COSTA, D. et al. Neuropsicologia do TDAH e outros transtornos externalizantes. In: FUENTES, D. et al, Neuropsicologia: teoria @ pratica. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. COUTINHO, G. et al, Atengdo. In: MALLOY-DINIZ, L. et al. Avaliagaéo neuropsicoldgica. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. COSENZA, R. M.; GUERRA, L. B. Neurociéncias e educagao: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011. GAZZANIGA, M. S.; IVRY, R. B.; MANGUN, G. R. Neurociéncia cognitiva: a biologia da mente. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. KANDEL, E. E. et al. Principios de neurociéncias. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. LEZAK, M.; HOWIESON, D. B.; LORING, D. W. Neuropsychological Assessment. 4. ed. 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