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Concordéncia nominal Silvia Figueiredo Brando Concordancia nominal é como, tradicionalmente, se denomina a reiteracio do mesmo contetido morfoldgico (categoria de género e/ou de mimero) de um nome no(s) determinante(s) (artigo, demonstrativo, possessivo), quantificador(es) efou adjetivo(s) a ele inter-relacionado(s) sintdtica e semanticamente, o que funciona, por yezes, como uma marca explicita ou redundante dessa interdependéncia. Na viséo estrucuralista de Camara Jr. (1979: 92), nos nomes, a categoria gramatical de género distribui-se por trés padrées: (a) nomes substantivos de género tinico; (b) nomes de dois géneros sem flexao; (c) names substantivos de dois géneros, com flexao redundante. No caso destes tiltimos, a flexdo se daria por meio do morfema —w em substituigao as vogais tematicas -¢ ou -e — (1a), inclusive em formas tedricas como as dos wacdbulas terminados em /R/ ou /S/— (1b) — ou em aposigao, no caso dos vocdbulas atematics — (1c). (1a) alun(o) > aluna / mestr(e) >mestra (1b) professor(e)+— professora / fregués(e) > freguesa (1c) perut>perua 58 Ensino de gramética Obserya o autor que os nomes adjetivos nem sempre partilham com os nomes substantivas as mesmas regras em relacao a essas categorias, haja vista os casos de grande, valente, potente — de tema em e—, que nao admitem flexao, combinando-se, partanto, com nomes substantivos de ambos os géneros. (2a) Mario é um homem valence, (2b) Esta é uma maquina porense, Jia categoria gramatical de ntimero, consistiria na oposigdo entre os morfemas (0), de singular, ¢ /S/, de plural, como em (3a) aluno(o) —salunoS / mestre(o) > mestreS (3b) professore(o) --+ professoreS No ambito tanto da categoria de género quanta da de nimero, haveria, ainda, alomorfias decorrentes de processos fonoldgicos que atingiriam, por exemplo, formas terminadas graficamente em —éo ou em —/, que nao cabe aqui focalizar (cf. Camara Jr, 1979: cap. x € x1) ‘Numa outra perspectiva tedrica, Mateus et al. (2003), contrariando a visio tradicional, consideram o género uma categoria morfossintitica no passivel de Hlexdo, processo que, no ambite do nome e do adjetivo, se restringiria 4 categoria de niimero. Tal posigao decorre da forma como interpretam a estrutura dos vocdbulos que integram essas duas classes: Para elas, os tradicionais morfemas de géncro dos adjetivos © nomes nio se relacionam com o género nem com a flexdo, mas sim com a classe tematica a que perrence uma determinada palavra (p. 931). A interpretacao das auroras sustenta-se nas seguintes argumentos (p. 930): (a) nao ha obrigatoriedade de existéncia de contrastes de género; (b) quando hd conrraste, a sua realizagio pode ser viabilizada por processos de natureza distinta: (i) processos especificamente lexicais, quer por meio de indices tematicos (vogais remiéticas) - aluno/aluna —, quer por meio de diferentes palavras — homem/mulh processos morfoldgicos, como a derivagio (bario/baronesa) ¢ a composigio (4guia-macho/aguia- fémea). do portugués e, consequentemente, justificariam nao considerd-la flexional, Desse modo, seriam “os valores de género ¢ nimero do nome que determinariam a concordincia de determinantes ¢ quantificadores.e ainda des sintagmas adjectivais e dos apostos” (p. 330). Nessa perspectiva, no que se refere ao segundo constituinte oracional em destaque na frase ‘Tais propriedades distinguiriam o género das demais categorias morfossintiticas Concordancia nominal = 59 (4) O professor conhece bem aquelas alunas atentas, a+(S), pertencente a classe dos nomes ¢ flexionado no plural, determina a scorréncia da forma femininae plural do adjetivo — atenta+{S) — ¢ do determinate — aquela+(S). Repetem-se, portanto, nesses dois termos, as mestnas Categorias morfossintiticas do nome. ‘Da mesma maneira, no primeiro sintagma, professor, como centro da construgio, motiva a ocorréncia do determinante — o artigo — na forma masculina singular. A concordancia nominal de género ca de numero, sobretudo esta tiltima, embora consistam em regras do pornigués, nem sempre sio integralmente atualizadas em determinadas de suas vatiedades, como as do Brasil e mesmo as de Portugal, sendo mids proprliinenteo quese danonihia davegpas varidvels; dependeaney da anuagiode uma complexidade de farores linguisticos e excralinguisticos, Assim, na fala de diferentes grupos sociais, o segundo sintagma nominal de (4) poderia apresentar também uma das escruturas indicadas em (5): (Sa) Aquelas alunas atenta. (5b) Aquelas aluna atenta. sem que, naturalmente, se perdesse a inter-relagio morfassintdtico-semantica entre os constiruintes. A auséncia de marca de ntimero em alguns desses vocdbulos nado deve ser encarada como algo excepcional ou erréneo, nao sé pelo faco de um sistema linguistico implicar diferentes normas de uso, mas também porque, na gramdcica de diversas outtas Iinguas, como a do inglés, por exemplo, sio canénicas construgdes coma (6), em que sé no nome se concentra a indicagdo de niimero singular/ plural: (6) The beautiful girifS). A concordancia nominal (¢ também a verbal) vem sendo bastante discucida por taclos os que se interessam pela histéria de portugués do Brasil. Nas mais tecentes pesquisas, a perda de morfologia flexional ¢ de regras de concordincia vem sendo interpretada como decorrente de um processo de transmissio linguistica irregular. Para Lucchesi (2003), tal fato teria sido desencadeado pelo contato do portugués com as diversas linguas africanas e indigenas que coexistiram no pais a partir da fase de seu povoamento. Jd para Naro & Scherre (2003), consistiria no desenvolvimento de tendéncias existences na deriva da lingua de Portugal. Em ourras palavras: de acordo com a primeira perspectiva, o processo de transmissio linguistica irregular teria 60 — Ensing de oramatica originado, no Brasil, novos processos de variagdo ¢ mudanga, enquanto, de acordo com a tiltima, 0 que ocorreu foi a ampliagio de fendmenos jd previstos no sistema. O que diz a gramatica tradicional: o cdnone Nas gramiticas normativas mais conceituadas e consultadas, a questio da concordincia nominal é focalizada ora como um item & parte (por ex., Bechara, 1999), ora como um subitem da desctigado do adjetivo (por ex., Cunha & Cintra, 1985), Bechara afirma que “em portugués a concordincia consiste em se adaptar a palavra determinante ao género, mimero ¢ pessoa da palavea determinada” (p. 543), sendo a concordancia nominal “a que se verifica em género ¢ mimero entre o adjetivo €0 pronome (adjetivo), 0 artigo, o numeral ou o participio (palavras dererminantes) ¢ osubstantivo ou pronome (palavras dererminadas [sic]).a que se referem" (p. 543). Dentre os gramiticos tradicionais da atualidade, ¢ ele 0 que mais se detém na question — nao sd nas diferentes edigdes de sua gramatica, mas também nas Ligées de portugués pela andiise sintdtica —, distribuindo as regras de concordancia nominal por trés conjuncos: concorddncia de palavra para palavra, concordancia de palavra para sentido © outros casos de concordancia nominal, em que sao arrolados vinte itens especificos (1999: 453-6). Na chamada concardincia de palavra pane sentido, também denominada de ideolégica, o constituinte determinante deixa de adaptar-se a0 género ¢ numero do elemento determinade para concordar com o sentido nele representado, como no exemplo selecionado de Bechara (1999: 547): (7) Acocorada em rorno, wus, a negralhada mitida, de dois a oito anos. Cunha & Cintra (1985) apresentam, de forma deralhada, as regras de concordancia do adjetivo, quando esre funciona quer como adjunto adnominal, quer como predicativo, o que ¢ sintetizado nos quadros 1 ¢ 2, a seguir. Neles se exemplifica o padrio ideal de concordincia, o conjunto de tegtas considerado canénico quando hid adjetivo(s) relacionado(s) a um ou a mais de um substantivo. Tais regras, pautadas numa tradigdo escrira, de natureza literdria, nao sé foge a0 que se observa na fala tanto espontinea quanto formal ¢ mesmo na modalidade escrita atual, mas também demonstra instabilidade, decorrenre, sem diivida, de seu carater varidvel. Concordéncia nominal él No que se refere ao Quadro 2, Cunha & Cintra (1985: 267) fazem duas ressalvas, uma, antes e outra depois de porem em destaque as duas regras que dele constam: (a) “Quando o adjetive serve de predicativo a um sujeito multiple, constituide de substantivos (ou express6es equivalentes), observa, na maioria dos casos, as mesmas regras de concordancia a que estd submetido o adjetivo que funciona como adjunto adnominal.” (b) “O adjetivo predicativo do objeto direra obedece, em geral, as mesmas regras de dbicotdtndle sbeervadae palo adjetivo piediostive de cujeina” Quadro | Regras de concordancic do adjetive adjunto adnominal, adaptado de Cunha & Cintra (1985). Quando hdé mals de uma op¢ao, a primeira sempre coresponde & considerada mais usual ou menos rara pelos referidos autores. Apyetivo Apjunto ADNOMINAL ‘ORDEM Subs TANTIVOLs) Apyerivo(s} EXEMPLOS GENERO. Numero, (Os do subst, mais préxima Alta respeitn « admiragio ‘Géneras iguais Omesma des | Singular ou plural | Um vestide eum Niimero singular subst. chapéu excuro! Géneros diferentes | 1) © do subst. 1) Singular 1) O idioma Adjetivo Numero singular | mais proximo 2) Plural 4 literatura pospesto a 2) Masculino portuguesa substantivos 2) 0 idioma ea liccracura = — povinpcsss Géneros iguair O memo dos Plural ove ‘Alfaguaea Niimeros diferemes subst. do subse, mais civilizagio prdximo ibéricas/ibérica Géneros diferentes | 1) Género do 1) Phural 1) Os idiomas ¢ as Niimer plural subst, mais 2) Plural —_| literaruras ibéricas proxime 2) Os idiomas e as 2) Masculine literaturas ibéricos Géneros diferentes | 1) Masculino 1) Plural 1) Os fallares © a Nuimeros diferentes cultura portugueses 2) Género ¢ mimero do subst. mais | 2) Os falares ea proximo cultura portuguesa 62 Ensino de gromatica © Quadro 1, aparentemente complexo, na realidade, expée dois padrSes bisicos: (a) concordincia do adjetivo com os nticleos dos sintagmas nominais (sws) coordenados, o que redunda no uso do plural ¢, se for @ caso de diferentes géneros, da forma masculina; (b) concordincia do adjetiva com o mitcleo do sw dele mais préximo, o que. no Ambito da gramdtica tradicional, tem recebido o rétulo de concordincia por atragia, Quadro 2 Regras de concordéncia do adjetive predicativo de sujeito composto, adaptado de Cunha & Cintra (1985). ApJenIvo PREDICATIVO DE stErTO COMPOsTO: Suro Suustanrivos Anparrs) Exemrios ENERO NUMERO | Anteposto ou ‘Géneros iguais ‘O mesmo dos Plural Aporta ¢ a janela posposto ao verbo |__Nuimerm sing substantivas estavam abertas ‘Géneros diferentes | Masculino Plural © livre ca caneta Numero sing, “so novos Pospaste a Géneros iguais ou ‘Género € mimero do subst. mais Extava wberta verbo de ligagia diferentes préximo, Verbo no sing, a janela Numero sing, © portio Na realidade, mesmo aquelas gramdcicas que mais se detém na questio da concordancia deixam de mencionar a complexidade de fatores que concorrem para sua implementagao, nelas nao havendo observagées sobre o faro de essas regras, ou mesmo a regra geral prescrita, ndo serem observadas em dererminadas variedades sociais e/ou situagdes discursivas. Concordéncia nominal 63 © que mostram as pesquisas sobre a categoria de numero ‘a modalidade falada popular No Gmbito do sintagma nominal Sobretudo a partir da década de 1980, foram realizados diversos estudos sobre concordincia de némero no sintagma nominal, entre eles destacando-se os de Scherre (1998; 1989a; 1989b;1991; 1992; 1994; 1996; 2005), que sc tem dedicado especialmente ao tema. De partida, o que se observa nessas pesquisas, diferentemente do que faz supor a chamada gramdtica normativa, é a considerdvel variedade de padrées de concordancia, endo em vista o diversificado nimero de constituintes que pode compor 9 sintagma nominal (sn) e, ainda, outros fatores linguisticos ¢ extralingufsticos que a condicionam. A fim de focalizar a questa ¢, portanto, necessdrio levar em conta, para cirar apenas os mais relevantes, os aspectos ligados mais propriamente 4 estrutura do sw, os relativos a alteragdes morfofonoldgicas decorrentes do mecanismo de Hexio, as caracteristicas dos falantes (sexo, idade. nivel de cscolaridade, area de origem ou de residéncia — urbana, rural), 4 situagdo de intercomunicag’a (formal, informal), 4 modalidade de lingua (falada, escrita). Ossn é uma construcao sintatica que contém um elemento central ou nuclear —o Nome, que pode ser seu tinico constituinte, como em (8) —¢ outros elementos, como quantificadores ¢ determinantes, como em (9), ou sintagmas adjetivais, preposicionais ¢ oracionais, como, respectivamente, em (10). (8) Vou comprar disguetes, (9) Algunis alunos nao fzeram a prova, (10a) Indiquei livros diddtieas (10b) Indiquei jivros de dingristiew (10c) Indiquei livros giee mata desse tema. Desses constituintes, interessam, em particular, pelo fato'de apresentarem flexdo de nimero ou indicarem pluralidade, trés classes: (a) a que ocupa, categérica ou usualmente, posigdo 4 esquerda do micleo — a dos determinantés, composta por artigos, demonstrativos € possessivos; 64° Ensine de gramética (h) a dos quantificadorer, que inclui vocdbulos que exprimem diferentes tipos de quantificagao; (c) a dos adjetivas, que pode ocorrer 4 direira ou esquerda do nucleo, como em (11), (1a) Comprei um livro interessance, (1b) Comprei um interessante livro. Pelo fato de esses tipos de vordbulos estarem comprometidos morfossintaticamente com um elemento nuclear (o Nome), por ocuparem uma determinada posigio (lixa ou nao) no sn, por alguns deles poderem coocorrer i esquerda oua direita do micleo, a classe da palevrae a sua posisio linear no sintagma sio vatidveis importantes para o estabelecimento de padrées de concordincia nominal, vistas individual ow conjuntamente. ‘Também imparcante para a compreensio do fenémeno é a maior on menor identidade entre as formas singular ¢ plural dos vocébulos, o que, no ambito das Pesquisas linguisticas, € caracterizado como principio da salténcia fonice, proposto por Lemle ¢ Naro (1977). Para melhor esclarecer a questo, apresenta-se, no Quadro 3, a escala proposta por Scherre (1988; 75-6), em que os itens 1 e 6 representam, respectivamente, o maior €0 menor grau de saliéncia fénica, A imporcdncia desse prine{pio reside no faro de as formas menos marcadas, isto ¢ aquelas em que a diferenca fSnica entre forma singular © plural reside apenas na presenga do marfema de ndmero — como em menin{u} / menin[usf] —, seriam mais suscetiveis a nao apresentar a marca de nimero quando no plural (Elz devon 28 inenine pra escola) do que as mais marcadas — como [o}vful / {olvfusf] ou cora[sé) / coralsojf] — em, por exemplo, respectivamente Comprou os av0s no mercada e Desenhou uns coracées no caderno, Quadro 3 Graus de saliéncia fénica, segundo Scherre (1 988). ; 1, Marca dapla de plural omairinhos, ovos 2 Ttens terminados em 1 ‘Casal casas = 5 3, Trens terminados em ao Inméofirmios; coragiu/coragties ! a3 4. Irens terminados em —r Mulher/mulheres 3 5. tens terminados cm —s Portugués/portugueses 6, Ttens terminados em vogal Fitho/filhos; homen/homens _ oral ou nasal Concordancianaminal = 65. Diversos estudos sobre a concordincia no sw vém procurando testar um outro princtpio, o do panc/elisme formal, que consiste na ideia de que mutrcas levam ameareas e eros levain a zeros, isto é, de que uma vez presente, por exemple, 0 morfema (a marca) ~S, de plural, num constituinte do sm, este poderia condicionar a presenga do morfema no elemento subsequente, omesmo ocorrendo em relacio ao @ — conforme se observa em (12). (12a) TadoS o§ meuS alunoS leram ¢ livro. (12b) — Comentei 0 livro® didatico®. Embora ourras varidveis linguisticas devam scr consideradas para a compreensiio da variabilidade de padrdes de concordancia, tais como tonicidade do item uo singular, contexta fonolagico subsequente, as que anteriormente se indicaram vém se mostrando as mais relevantes para a compreensio do fenémeno. Ja entre as varidveis de natureza extralinguistica, sobressai o wfvel de escolaridade do falante, que, no Brasil, esta intimamente relacionado a seu stats social. Para discutir ¢ melhor ilustrar a questo, tomam-se por base, inicialmente, resultados obtidos por Almeida (1997) ¢ Brandio & Almeida (1999) em pesquisas realizadas com individuos analfabetos ¢ de baixo indice de escolaridade (no maximo a quarta s¢ri¢ do ensino fundamental) em zonas rurais do Rio de Janciro, ¢ trata-se o fendmeno de forma bindtia: presenca de marca formal de ntimero plural x auséneia de marca formal de ntimero plural, j4 que a questao ¢ complexa em decorréncia de diferentes constituintes do sw poderem receber marca (morfema) de nimero. A opsio inicial pelos dois referidos estudos deve-se ao fato de se acreditar que a fala destes individuos serve bem de exemplo de que se denominade norma.oral popular —ada grande maioria da papulacio brasileira —e constitui excelente amostragem dos padroes que chegam hoje as escolas e que vém suscitando tanta polémica, por vezes por falta de compreensio de sua dindmica e sistematicidade. Em seu estudo, Almeida (1997) contou com um toral de 4.784 vocdbulos suscetiveis de receberem marca de niimero, distribuidos por 2.865 sws, dos quais 2.544 formados por dois constituintes — a combinagao mais produtiva. E altissima (8796) a frequéncia de cancelamento da marca de mimero no nticleo do sw, em contraste com os indices referentes a determinantes ¢ quantificadores em conjunto (4%) ¢ aos modificadores — 21% (Almeida, 1997: 78). Pode parecer que esses percentuais por si sés dizem tudo. No entanto, eles tém de ser relativizados, pois indicam apenas uma tendéncia geral que mascara, por assim dizer, uma série de condicionamentos que se entrecruzam e geram diferentes combinagées de itens marcados/nio marcados quanto ao ntimero, 66 —_Ensino de gramética Embora, antes do niicleo, possam acorrer mais de trés constituintes passiveis de flexao, como em (13) Clodos os nossos siltimos bans momentos naquela casa] foram registrados. conforme ji se cbservou, a grande maioria dos sws que constituiram a amostra de Almeida conrém apenas dois elementos, 0 que estd exemplificado em (14). Nesses sintagmas, ora todos os constituintes Mexiondveis apresentam marca, ora apenas o primeiro deles, devendo-se ressalrar que, quando ocorre na posicao pré-nuclear um numeral, é praticamente categérico o cancelamento da marca formal de nimero no Nome. (14a) As escamas sio tipo uma prata, (14b) A gente pesca cm ouinas lagoa. (14c) Ele tem srés barco. Maior complexidade e interesse apresentam os sNs de mais de dois elementos, conforme os exemplos em (15), (16) ¢ (17), que apresentam trés constituintes, eos de (18), formados de quatro constituintes. Além da possibil flexionaveis apresentarem marca, ha outros padres, de significativa variedade. idade de todos os elementos (15a) As espinhas mididas. [(16a) Tados os ponto,|(17a) Dois filho meu. | (1#a} Todos os peixes iguais, (15b) Uns barca novo. {(1.6b) Todos esses dia. |(17b) Tits ourro bareo.| (1b) Cx dois melhor més. (15c) Basses trés tipo, (16) As prdpria rede, (1) Aqueles cantinho mais (15d) Umas nuvens cinzenta| manso. (15c) Aquelas anda perigosa, (184) Nas parse mais batxa, (ISA) As guelra veemetha, (18e} Uns vinte ano passado, (a) No constituinte nuclear, no Nome, a marca de plural ora pode ser implementada, como em (15a), (15d) ¢ (18a), ora cancelada, como nos demais exemplos, que ¢ o que predomina no carpus. (b) No que se refere aos constituinces 4 esquerda do Nome, ha diferentes padrdes: (i) havendo apenas um constituinte pré-nuclear flexiondvel na posigio 1, ele recebe mafca, como em (15a) a (15f) c em (18c) a (18e)}; Gi) ocorrendo dois constituintes pré-nucleares flcxionaveis, o que esta na posigao 1 recebe marca ¢ o que estd na posi¢ao 2 pode recebé-la, como em (16a) ¢ (16b), ou nfo, como em (16c}, embora a primeira seja a opgao mais usual; Se © constituinte pré-nuclear se encontra na posi¢Zo 3, a norma ¢ o cancelamento como em (18b), nos exemplos aqui apresentados. Concordéncia nominal = 67 (c) Nos constituintes 4 dircita do mticleo, isto ¢, pés-nucleares, o padrio é 0 celamento da marca de ntimero, conforme se verifica em (15b), (15d) a (15f), ‘a) e (1 8c) a (1Be). Deve-se, ainda, observar que: (a) havendo um quantificador numérico em qualquer das posigées pré-nucleares, ste condiciona a nao-realizagao do morfema de plural no elemento seguinte — cf. 15¢}; (17a) ¢ (17b); (18b) ¢ (18); (b) estando o Nome na primeira posicdo, ¢ quase categérica a presenga do morfema, como em (19) Tem lugares fundo. Em outro estudo, Almeida & Brando (1999) analisaram apenas os 321 sws de trés © quatro constituinces que ocorreram no corpus do trabalho de Almeida (1997), controlando os dados com base, entre outras, em uma varidvel em que se cruzaram a distribuigdo do constiruinte, sua posigée no SNe 0 tipo de marcas precedentes, varidyel essa gue se mostrou a mais relevance para o cancelamento da marca de ntimero. As autoras verificaram que os constiruinres pré-nucleares tendem a ser enunciados com a marca de numero ¢ os constituintes nucleares ¢ pés-nucleares a nao apresentar a marca, por vezes de forma categérica ¢ independentemente de haver ou ndo marcas formais ¢/ou semanticas anteriormente expressas, Levando-se em conta apenas a distribuigdo dos constituintes, isto'é, a ordem em que ocorrem, seriam obridos, percentualmente, os seguinres indices para o cancelamento da marca: 6,5% nos elementos pré-nuclearcs, 829 nos nucleares ¢ 89% nos pés-nucleares. Tais conclusdes ficam mais claras ao se observar 9 gréfico a seguis,' organizado com os maiores pesos relativos abides em relagio 4 distribuigaa ¢ & posigao dos constituintes nos SNs. 68 — Ensino de grométice Gréfico 1 Escala, com base em pesos relativos, de probabilidade de ecoréncia da marca de nimero nos constituintes pré-nucleares (PréN), nucieares (N) 8 pds-nucleares (PdsN) de SNs de trés 6 quatro elementos, segundo sua posicao. 1 00 90 . 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Pelo grafico, pode-se verificar que o principio do paralelismo formal atua de uma maneira & esquerda do nticleo ~ marcas levam a marcas — e de outra, A sua direita — zeros levam a zeros. Em sfntese, antes do elemento nuclear, og constituinves tendem a receber o morfema de niimero. Depois do niicleo, em geral ndo-marcado, os constituintes tendem a no apresentar © morfema, sobretudo se proximos a ele, por influéncia do préprio micleo. No que se relaciona & aruacio da varidvel nivel de escolaridade, vale a pena comparat o grafico 1 com © gréfico 2 (Figura 1, de Scherre, 1997), que diz respeita ao uso da marea de niimero nos elementos do sw levando em conta a pasicao do constiruinte em sua relagde com o nticleo. Scherte avalia a questao considerando trés grupes de falantes da cidade do Rio de Janeiro: os de 1 a4, asde5a8eosde9all anos de escolatizagao, cm separado ¢ em conjunto. Concordéncianominal 69 Grdfico 2 Elaborado por Scherre para retratar aspectos da concordancia de numero do sn com base em pesos relatives (1997; 4}. Uso da varianie explicita de plural nos elementos do SN em fun¢ao da varldvel posi¢do € relacGo com o nucleo [todos os falantes por anos de escolarizagao). Aesquarca = Aesquerda Nicleo na ‘Noten ma Nacleo nas Aarons Aaaraita so serunlom — dandcleora posi pong demas éomickona —_nicloa nas * posigio 2! posigo (mal. 4 saquerda bosiqhes 2 posigao Smale posigtas “Ja-4 anos de encotarlzagto Pode-se observar, guardadas as devidas diferengas, que a tendéncia é.a de marear os elementos mais 2 esquerda, comportamento comum a todos os falances, em maior ou menor grau. E pequena a diferenga de desempenho entre os individuos menos escolarizados (1 a4 anos) ¢ os mais escolarizados (9 a 1] anos). No micleo em segunda posigia, por exemplo, a diferenca entre os dois grupos é de apenas 0,04, ¢, no ambito dos constituintes 4 direita do nticleo na segunda posi¢go, sda as mais escolarizados os que menos se utilizam da marca, Jana Tabela 1 (a seguir), correspondente a de ntimero 5 em Scherre (1997; 3) € que leva em conta o desempenho dos falantes sem considerar a escolaridade, pode-se. observar, com mais detalhes, aquilo que ficou demonstrado no Grafico 1: qualquer tipo de constituinte 4 esquerda do niicleo tende a ser marcado, inversamente ao que 70 —_Ensino de gramatica ocorre com os posicionados & sua direita. Assim, por exemplo, os determinantes quando pré-nucleares, sua posig’o usual, apresentam majoritariamente a marea de plural (1* Posigio: 98%, p.r, 0.88: 2* posigio: 95%, p.r. 0.86), mas, quando pés-nucleares, posigiio menos usual, o que se observa ¢ a tendéncia ao cancelamento da marca (na 2! posigio: 47%, p.r. 0,21; nas demais posigées: 23%, p.t. 0,09). Tabela | Tabela adaptada da tabela 5, de Scherre (1997: 3}, com percentuais e pesos relatives referentes & presenca do. morfema de numero nos diferentes tipas de constituintes segundo a posigdo no SN. Area esquerda do sx Avea central do sN Area direita da sw Determinante | Adjetivo Niicleo Determinante | Adjetive r e r = ¥ 2 [Demais| 2 [Demais| 2° [Demais Pos. | Pos. | Pos. | Pos. | Pos. | Pos. | Pos, | Pos | Pos. | Pos. | Pos. 98% | 959) | 98% | 91% | 94M | SI% | 61% | 479 | 239% | 73% | 41% O88 | 086 | 0,88 | O67 | 0,64 | 0,20 | O24 | 021 | O09 | O32 | O15 Os padrées de concordancia no ambito de ss de trés ou mais constituintes suscitam algumas reflexdes. Tradicionalmente, costuma-se dizer que, na chamada variedade popular, 0 mecanismo de concordancia ¢ simplificado, econémica, pois se trata de eliminar marcas desnecessirias por serem redundantes. No entanto, do ponto de vista cognitivo, se poderia dizer que é um processo mais complexo do que aquele utilizado pelos falantes cultos, que tendem a aplicar todas as marcas nos constituintes flexiondveis do sn, Para estes ultimos, basta ter a nogao do conjunto — 0 sw como um todo — para acrescentar, mecanicamente, a cada constituinte flexionavel a marca de plural. Para os demais falantes, a operagao é mais complexa: tém nao sé de ter a nogao de conjunto, mas também de nele depreender dois subconjuntos: o que se encontra. a esquerda do niicleo ¢ © que nele se inicia. No primeira, normalmente aplicard as marcas; no ultimo, poderd deixar de aplicd-las, No &mbito das construgées precicativas/passivas A prinefpio, concordam em ntimero (a) 0 particfpio passivo com o sujeito da construgao (20) ¢ (b) ss ou sapys — na fungao de predicativo — com o sujeito (21) ou o objeto (22), em frases como: Concerdancia nominal = 71 (20) Nunca fomos revistados, (21a) Elas eram bem infelizes, (21b) Aquelas meninas sao muimhas primas. (2c) Elas chegaram cansadas, (22a) Encontrou-os muito cansadas, (22b) Julgava-os homens de bem. Scherre (1991) focaliza a concordancia de ntimero em construgées do tipo das exemplificadas em (20 ¢ 21), apontando os fatores relevantes para a presenga da marca de plural, que, no seu corpus inicial de 873 dados, foi da ordem de 46%. Do estudo em foco depreende-se que, messas construgées, que podem ser sintetizadas como em (23), (23) (SN) Vv [ aux. passive V partieipio ligagao SAdj intrans. SN mantém-se a tendéncia a marcar os constituintes mais a esquerda, tanto assim que, entre os farores que se mostram relevantes para a implementagao da concordiincia, esto, em ordem de importancia (Scherre, 1991: 54-64): (a) © paralelismo formal das sequéncias de predicativos/particfpios no discurso (b) as caracterfsticas formais do sujcito {c} as caracteristicas formais do verbo além do (d) tipo de estrutura do predicativo ¢ {c) do processo morfofonoldgico que atuou na formagao do plural do ptedicarivo/partictpio. O paraleliomo formal, que implica repetigao, trago, alias, caracterfstico de discurso falado, mostrou-se, na pesquisa de Scherre, a varidvel mais significativa para a implementacdo da regra. A presenga ou a auséncia de marca de ntimero nesses constituintes da frase esti condicionada a presenga ou a auséncia de marca nas formas que os precedem — cf. (24) ¢ (25) -, exemplos apresentados no referido estudo. ‘Os primeiros clementos da s¢rie tendem a apresentar marca, embora em menor escala do que os constituintes precedidos de formas marcadas. Assim, como primei: elementos de uma série, o que ocorre com 0 vocdbulo diferentes — em negrito em (24) — é mais frequente do que o que se verifica com erence — em negrito em (25). 72 Ensino de gramatica (24) As pessoas eram diferentes, os paiz eram diferentez, os filhoz eram diferentes, né? Eram bem aiiferentes... (p. 55) (25) Eles foram erente que jd cram campido, Eu acho que se eles fossem maiz divagar, talveyz.eles [...] fossem campida mesmo. Mayz elez num fizeram pra sé cempia, purque eles ja foram crente que jd eram, né? (p. 55) Predicativas cm construgées isoladas — cf. (26), (27) © (28) — ¢ os casos mistos, isto é, precedidos de elementos marcados ¢ ndo-marcados, mostram-se eutros em relagao'& presenga da marca. Fundamental para a ocorténcia do morfema Aarses tiporde-conatragie # a -qenen-eorilice 20 Ambltande weidtieneaes oeepaee utililizado por Scherre, se encontra predominantemente anteposta ao verbo, isto é, A sua esquerda. A maior incidéncia de marcas de plural dé-se quando o sujeito esti expresso ou, comodenominaScherre, lexicalizado, stag, representado por um determinado item lexical — capresenta uma das seguintes caracteristicas; todas as marcas de plural (26), os tiltimos constituintes com marca de plural (26) ow a tiltima marca neutralizada (28). (26) As pessoas cram diferentes... (p. 57) (27) Mas o meus filhos num... num... ficaram drfitos. (p. $7) (28) As criancas ja {as crianca[3]a} rio fintasiada desde... (p. 57) Seo sujeito expresso contiver marca semintica de plural (como @ proneme nds ou um #wmenc!) — como em (29) -, ou a marca estiver totalmente neutralizada — cf. (30) =, a tendéncia ¢ nao fazer a concordancia. (29) Trevs sao filho dela... (p. 57) (30) Elas chegam (ela[{Jegam) cansadona e vio durmir... (p. 57) (Ad catrainie que jabvina'piediaphen’s pitianea de mines, no cus de aniaga da varidvel carncteristicas formais do sujeito, sto aquelas em que, no sujeito expresso, nao ocorrem a(s) tiltima(s) marca(s) de plural ou ele se constitui de sws (no singular) coordenadas — como em (31). (31) O Rafizel maiz 0 Frederico sio muito furdo... (p. 57) O sujeito zero, isto ¢, ndo-expresso, apresenta quase tanta probabilidade de condicionara presenga de marca no predicativo quanto sNs com todas as marcas, o que Scherte atribui necessidade de o falante recuperar informagio nao presente no sw. Nao se deve esquecer, no entanto, de que outro elemento & esquerda do predicativo! Concordancia nominal = 73 carticipio, o verbo — de ligacao, intransitivo ou auxiliar — , pode jd indicar o numero, mo se verifica em (32). (32) Esses camaradas hoje estao af. Foru efeito c tal... (p. 57). As earacteristicas formats do verbo, portanto, também sio importantes para a compreensdo do fenémeno, remetendo, mais uma vez, ao principio do paralelismo. Seo verbo no estd expresso, isto ¢, estd eliptico (o que Scherre denomina de zero verbal) — come em (33) — ou estd explicita ¢ Aexionado no plural - como em (34) - € mais frequente a presenca de marca no predicativo. Verbs sem marca de plural levam. a auséncia de marca — cf, (35). (33) As campainhas ld gram istridentes; { @ } fuminosas... (p. 60) (34) As coisas t40 muito mais canas, né? (p. 60) (35) Do jeiro que as coisas 4 canz, num dd mesmo... (p. 60) No que concerne & estructura do predicativo, ha mais tendéncia a presenga de marca quando este é constitufdo por um sw de um sd elemento. Quando o predicativa é formado por sns de mais de um constituince ou por sanjs/formas de participio de um sé constituinte, hd menor incidéncia de marcas quase na mesma proporgio, respectivamente = cf. (36) ¢ (37). (36) Né dizé que sio meninos largade... (p. 61) (37) As criangas ji to fantasiada desde... (p. 57) Ha, por fim, de se considerar o tipo de proceso morfofonolégico que gera a forma plural. Predicativos cuja forma plural ¢ tradicionalmente denominada de irregular (nao decorre de simples aposicao de S) tendem a apresentar marca de plural, diferenremente daquelas de formagao regular. Ao definir essa waridvel, Scherre levou em conta, ainda, o que denominou de plural misto (formas de diminutivo ¢ aumentativo), na verdade, como cla mesma afirma, para medir também o cardcer de informalidade desses itens, jd que nao havia considerado formalidade ¢ informalidade discursivas em separada. ‘Observa-se que o plural misto favoreceu menos a ndo-concordancia do que os de formago regular, provavelmente porque por meio dele se renham medido casos de plural irregular em —do, que apresentam consideravel grau de saliéncia fanica, Quanto aos resultados concernentes As varidveis sociais (género, faixa etdria grau de escolarizagao) levadas em conta em seu estudo, Scherre (1991; 68) afirma que 74 Ensino de gramética apresentam um padrao que poderia ser interpretado como de nuriagite estdvel, nos moldes de Labov (1976), pois a uso das formas de prestigio — as mais marcadas — ocorre com mais frequéncia na fala das mulheres do que na dos homens, senda diretamente proporcional aos anos de escolarizagao (primario, ginasial, colegial) do falance. Além disso, o padro etdrio ¢ curvilinear, isto ¢, as formas de prestigio estdo mais presentes na fala dos jovens (7-14 anos, 15-25 anos) ¢ dos mais velhas (50-71 anos) do que na dos individuas de média idade (26-49 anos). Em resumo Comparando-se © processo de concordancia no sN ao das estruturas predicativas, pode-se chegar, entre outras, a conclusGes de cardter mais generalizante: a) nas estrururas sintdticas em que cabe indicar pluralidade por meio de flexio, a sua area esquerda ¢a que mais predisp6e 4 presenga de marca: (@) nos constituintes pré-nucleares, quando se trata do sw considerado isoladamente; (##) no SN sujeito ¢ no verbo, no caso das construgées predicativas/passivas que obedecem a uma ordem canénica. (b) a presenga/auséncia de marca de plural, incra ou incersintagmaticamente—cf. (a)-(i) e (ii) — parece obedecer ao principio do paralelismo formal e/ou discursivo. (c) formas fonicamente mais salientes aparecem, com mais frequéncia, com marca de plural. (d) no portugués do Brasil, apesar de o proceso de concordancia nominal ser aparentemente simples ou mecanico (de um lado, marcar todos os elementos flcxiondveis da construcao, de outro, eliminar redundancias), ele apresenta significative complexidade, sobretuda nas variedades de menor prestigio, em que diferentes farores se conjugam pata determinar a presenga/auséncia da matca de plural. Tal complexidade, no ¢ntanto, come tudo no dmbito de uma lingua, obedece a principios e € sistematico em sua variagao. Na modalidade falada culta Pesquisa realizada por Campos et al, (1993) com base em amostras representativas da fala de cinco capirais brasileiras (Rio de Janeiro, So Paulo, Porto Alegre, Recife € Salvador) demonstra que o indice referente & auséncia de concordincia nominal € de apenas 3% entre individuos de nivel superior completo. Num total de 3.011 vocdbulos suscetiveis de Hexdo, 2.923, isto é, 97%, apresentam o morfema de ntimero. Entre seus condicionamentos principais, encontram-se a posig¢o do constituinte No SN, a classe a que pertence ¢ a presenga/auséncia de marcas precedentes, a exemplo Concordéncia nominal = 75, do que ocorre na fala popular. Entre os falantes com nivel superior de escolaridade, © vocibulo na primeira posiggo no sn é categoricamente marcado, determinantes apresentam os maiores (ndices de marcas, bem como os constituintes que nao vém precedidos por qualquer elemento marcado, Além disso, quanto maior o grau de formalidade do discurso e do item lexical, maior é a probabilidade de aplicagao da regra. Quanto ao principio de saliéncia fénica, os casos de cancelamento se deram em vocdbulos cuja exo de nimero ¢ do tipo regular (34 casos) e cuja forma singular termina par ~s (3 casos) ou ~do (1 caso). A observacao das 88 formas que fogem ao cinone demonstra que (a) 67 delas se distribuem pela fala de dois informantes, um de Salvador (36), outro de Porta Alegre (31), sendo, portanto, de cardter mais idioletal, isto é, individual, e, ainda, que (b) seria interessante alargar © carpus que conta apenas com trés representantes de cada uma das dreas urbanas, ndo estando todas as células sociais uniformemente contempladas. Sociedade e norma(s) Para uma melhor compreensio da representatividade das pesquisas aqui focalizadas do ponto de vista lingufstico ¢ social, cabe consultar dados estatisticos fornecidos pelo ince e referentes As regides metropolitanas das seis maiores cidades brasileiras, endo sempre em mente que, hoje, cerca de 80% da populacio brasileira s¢ concentra em dreas urbanas, Tabela 2 Populagio com mais de 20 anos em seis regiées metropolitanas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, S30 Paulo ¢ Posto Alegre), Nivers ne INSTRUCEO Porutagio Analfaberos 3.349.774 Sé alfaberzados 3.014.020 Nivel clementar incomplete (I? 4 3* série) 2.811.092 Nivel clementar completo (até a 4° série) 4.121.249 ‘Nivel médlio — 1° ciclo (5* a B* série) 1.229.630) | Nivel médio— 2° ciclo (2° prau) 1.461.667, Superior 970.045 Mestrado ¢ doutorado [ 46.874 TOTAL PARCIAL I 17.074.351 Nip sabe/sem declaragio 6.066.338 Fonte: ince, abril de 1996, 76 Ensino de gramatica A Tabela 2 mostra que, nessas regides, 0 maior contingente dos 17.074.351 habitantes que declararam seu nivel de escolaridade ¢ foram distribufdes por 8 faixas de instrugio ¢ constituido de analfabetos ¢ escolarizados até a quarta série do nivel fundamental (cerca de 79%), 7% ¢ 8% cursaram, respectivamente, 0 segundo segmento do nivel fundamental ¢ o nivel médio, ¢ 6% tém nivel superior (cf, grilfico 3) Grafico 3 Oistribuicdo percentual da popula¢de [com mais de 20 anos) das seis maiores reas metropolitanas brasilelras por nivel de instrugao. Nivel Superior |= Nivel Média Nivel Fundamental (5*série a & série) Analtabatos/Nivel Fundarnantal (ald a 4* série) As pesquisas de Scherre, de Naro, de Almeida, de Almeida & Brandao, bem como as de outros pesquisadores que jd focalizaram o tema, refletem o desempenho linguistico de individuos que viverm em grandes dreas urbanas e em zonas rurais. Como é por meio da fala que se depreendem as regras de uma lingua, a sua gramdtica, ¢ tendo em conta que a grande maioria da populagio brasileira (nas areas urbanas, 94%) se enquadra na faixa que vai do analfabetismo a 11 anos de instrugéo, o que equivale ao atual ensino médio, pode-se dizer que, na gramitica do portugués do Brasil, predominam os padres anteriormente expostos no que concerne 4 concordancia nominal no ambito do sw ¢ das construgdes predicativas/ passivas. Em ourras palavras, essas so as normas de concordancia reais ¢ vernaculares no/do Brasil. Por outro lado, os resultados obtidos por Campos et al. permitem ressaltar alguns pontos que, aum tempo, aproximam e distanciam a variedade culta da popular ho que tange a implementacao da concardancia nominal: (a) as fatores linguisticos determinantes do cancelamento da marca na variedade culta estdo entre os que mais aruam no Ambiro da fala popular, o que demonstra haver, no plano do sistema, uma deriva bem definida; (b) individuos de alto nivel de escolaridade (6% da populacio urbana brasileira), por serem mais sensfveis aos padrdes de prestigio, utilizam, predominantemente, as Concordénsionominal = 77 regras candnicas de concordancia expostas nas gramaticas normativas, veiculadas pela escola, utilizadas na modalidade escrita ndo-informal ¢ reiveradas pela midia. (6) © padriio de marcagio de pluralidade predominantemente & esquerda, embora prevaleca na fala da maioria da populagio (0 que o reforga e dissemina), é um traca considerado estigmatizante pela minoria de falantes que dita as normas sociais ¢ politicas, dentre as quais as linguisticas, constituindo, por esse motive, um dos aspectos mais delicados do ensino de lingua materna ¢, consequentemente, de mais forves reflexos sociais, Nessa perspectiva, no Brasil, o ensino da chamiada norma culta de concordancia nominal (e mesmo verbal) requer métodos muito préximos aos utilizados no ensino de uma lingua estrangeira (a chamada Lingua 2 —L2). Realidade (socio)linguistica e ensino Certifieado de que a vatiagdo é uma caracteristica inerence a qualquer lingua ou a qualquer de suas variedades; ciente de que qualquer individuo, por mais que tenha consciéncia de uma norma idealizada ou que dela saiba se utilizar com maestria, apresenta variagio em seu desempenho linguistica; certo de que todas as variedades sociais ¢ regionais sdo funcionalmente equivalentes por permitirem a intercomunicagio entre seus usudrios; e, por exemplo — para focalizar especificamente o tema aqui proposto —, diante da multiplicidade de facores que podem concorrer para que o falante utilize ou nfo a marca de plural de forma canénica, em sinrese, diante da realidade, o professor se pergunra: como agir na sala de aula? Ao tratar dos métodos de recolha de dados em andlises sociolinguisticas, Labov (1976: 289-90) diz que o pesquisador enfrenta um serio problema, que ele denomina de paradoxo da observador: “a finalidade da pesquisa linguistica na seio da comunidade édescobrir como as pessoas falam quando nao sao sistematicamente observadas; mas a linica forma de conseguir isso ¢ observa-las sistematicamente”. Com base na seu jd célebre axioma, se poderia afirmar que também aquele que ensina lingua portuguesa se vé diante de um paradoxo — 0 panidoxe do professor de Hinguea materna—, que acrescentaria as questOes linguistico-sociais, didatico-pedagogicas ¢ politicas que interferem na dicotomia variago/ensino uma outra, que se poderia classificar de psicossocial. Tal paradoxo consistiria no fato de o professor: (a) saber que qualquer individuo tem internalizada uma gramatica e dela faz uso, com sucesso, em sua comunidade, sendo, portanta, funcionalmente competente; (b) ser um observador privilegiado dos fenémenos linguisticos ¢, em cansequéncia, estar sensivel &s variagdes ¢ mudangas que se vio operand na lingua; (c) rer de privilegiar a norma (qual?) considerada pelo grupo social a mais adequada as situagSes formais de uso, o que implica, em alguns casos, selecionar 78 Ensino de gramética aquelas estrucuras que, a despeico de ainda nfo terem sido objeto de descrigio em manuais de teor prescritivo, vao sendo tacitamente respaldadas pelos falantes; (d) reconhecer, por outro lado, as estrururas que jd nao se mostram frequentes aré na chamada modalidade [?] culta, dando, assim, a impressao de preciosismas ou arcaismos; {e) descrever o funcionamento da lingua de forma técnica, o que pressupde uma, nomenclatura atualizada e, ao mesino tempo, clara ¢ pedagogicamente produtiva. E —aqui reside a outra face do paradoxo — tudo isso sendo ele também um falance da lingua e, como tal, portador de crengas, conceitos € pré-conceitos que, ao longo da vida, foi adquirindo ¢ o fazem julgar, de forma subjetiva, 0 desempenho linguistico do outro — no caso, o do aluno — com base no seu proprio desempenho, que acredita ser espelho da norma ideal, ¢ a essa altura jd civado de artificialismos € de inovagdes que a dinamica da lingua impde. Como bem enfatizou Magda Soares (1999: 40}, assim como nio se pode falar de “inferioridade” ou “superioridade” encre linguas, mas apenas de diferengas, no se pode falar de “inferioridade” ou “superioridade” entre dialctos geogrdficos ou sociais ou entre registros, pois codos tém a mesma validade como instrumentos de comunicacdo. Além disso, ndo hd nenhuma evidéncia linguistica que permita considerat um dialeto mais “expressivo”, “correto” ou “ldgica” do que outro: “todos cles so sistemas linguisticos igualmente complexos, légicos, estruturados”, O palco por exceléncia dos conflitos intersocioletais ¢ a escola, sobretudo a pliblica, para onde convergem, predominantemente, criangas das classes populares. Eglé Franchi (1996: 118), ao relatar sua bem-sucedida experiéncia como professora em escolas' de periferia, afirma que ¢ ilusério admitir que a instituigao escolar ¢ @ espago onde, “operando mediante padres culras”, se igualizam todas as oportunidades, Ao contririo, ao desprestigiar a variedade que a crianga uaz da sua comunidade, ela sé contribui para reprimi-la ¢ discrimind-la, com isso prejudicando, também, 0 prdprio processo de aprendizagem. Como jf havia alertado Labov (1972), naa se comprava que criangas ¢ adolescentes inibidos por uma estrurura escolar centrada nos ideais das classes dominantes sejam linguisticamente deficitdrias, Para Franchi (1996; 121), a solueio para ensinar a norma padrdo sem comprometer o relacionamento da crianga com seu grupo de referéncia é que o processo se desenvolva “com base no saber prévio que os alunos possuem de sua linguagem, sobretudo de sua fala, ¢ na compreensio de suas caracteristicas pelo professor”, Além disso, devem-se comparar as estruturas que tipificam os dialetas, o de base ¢ 0 culto, a fim de que eles compreendam o valor social relative a cada uma delas. O fundamental, em sintese, seria propiciar a liberdade de expresso na prépria linguagem, como comprova o depoimento que lhe fez a mae de uma aluna: “Minha filha tava sempre sufocada, ingasgada. A sinhora como qui bateu nas costa dela e fez cla sorta as palavra, nao sé na boca mas na mao tamein.” (p. 130). Concordancia nominal = 7? Apés tantas reflexdes, cabe repetir a pergunta: como agir na sala de aula? Respeitando o vernéculo do aluno, 0 professor pode: (a) ensinar-lhe, com bom senso ¢ sempre ancorado na realidade, a variedade de prestigio; (b) buscar estratégias que facilitem esse aprendizado ¢ contribuam para evitar que 0 aluno falsamente acredite que a norma lingutstica privilegiad é um bem que nao somente deve possuir, mas que deve substituir o bem linguistico de que ja dispée, crenga, que, segundo Franchi (1996:120) as campromissos idealdgicos da escola sé tendem a perpetuar; (c) descrever o funcionamento da lingua de acordo com suas diferentes situacbes de uso; (d) levar o aluno a dominar a variedade padrao, em especial a da modalidade eserita, que requer estratégias discursivas bastante diferenciadas das utilizadas na modalidade falada, de mado que cle se-instrosmentalize, como diz Magda Soares (1999: 74), para ter condigGes de participar da luta contra as desigualdades inerentes a uma estrutura social que rejcita a sua classe, através da rejei¢ao de sua linguagem. A (dificil/facil) tarefa: o ensino (da concordéncia nominal) Nifo hid formulas quando se trata de ensino, Hd apenas trés requisitos para que 9 processo de ensino-aprendizagem chegue a bom termo: bod formagio, bom senso e boa diddtica da parte do professor. Uma boa formugéa implica estar instrumentalizado no que toca ao tradicional a0 novo, nao sé para cransmitir conhecimentos de forma segura ¢ atualizada, mas também para refletir sobre cada novo faro que observa no desempenho linguistico de scus alunes com espfrito de pesquisador, isto ¢, de forma isenta, sem preconccitos, procurando buscar suas possivcis motivages, que, certamente, serao de natureza linguistica e social. Bone sense consiste, em primeiro lugar, em conhecer a turma (0 grupo social) que estd sob sua responsabilidade durante um dcterminado perfodo, de modo a adaprar os contetidos programdaticos, a formular exercicios c propor leituras adequadas aos seus interesses € 4s suas necessidades. Boa diddsica significa ter clareza na exposigao, adequar recursos metalinguisticos, exercitar a criatividade prépria ¢ a do aluno, chamé-lo a refletir sobre as estruturas linguisticas quer dedutiva quer inducivamence, realgar as diferentes situagies de uso da lingua, weilizando as mais diversas fontes para exemplificagao — textos orais formais ¢ 80 Ensino de gramatica informais, textos escritos de diferentes géneros (selecionados de jornais, revistas, obras literdrias, antincios em lojas, cartas, bilhetes, oficios) - de modo que o aluno veja o ensino de portugués, a aquisi¢ao de outras normas, como uma mancira de universalizar- sc sem, no entanto, minimizar a funcionalidade da gramitica de seu grupo. ‘Um bom caminho para tratar a concordancia nominal seria utilizar, entre outros, os seguintes procedimentos: (a) chamar a arenco do aluno para o fato de haver, em portugués, pelo menos dois padres bdsicas e opostos de aplicagao da categoria de nimero plural no Ambito do sn: (¢) um, redundante,em que se usa a marca (o morfema) em todos os constituintes flexionaveis do sw; (é) outro, simplificado, em que se utiliza a marca no primeiro constituinte, ou nos constituintes pré-nucleares, nao se esquecendo, no entanto, de apontar os demais padrées intermedidrios. Os referidos padrées podem ser observados no quadro a seguir, em que se contrastam dados do Corpus Aperj edo Corpus Nure-nj, representativos, respectivamente, das chamadas normas popular e culra, Corpus Aper) Corpus Niere @_ a gente tira [as expinhas mnddas] (Ge mais parecido com [as receitas estrangeiras Gi) (muitas pessoa] aparece aqui. ii) cles tém [muitos produros] (iii) tem [esses tipo de rede] Gii) cu como [essas frusas assim mais conhecidas] |_Gv) aparece [outras nuvens cinzenta} (av) procuro rirar [as ourras coisas] (eV forma Taquelas onda perigosal (i no gosto dlesses regimes brucas} |_Gi) mostrar [as minhas rede noval (24) wodo tempo € romado n{as minhas atividades} (vii) esse peixe anda nlas parte mais baixal (oti) existem {os peixes mais comuns) n€ (wits) hoje em dia [einquenta mil cruzado (vidi) vem [mil © um curso} | (i) para o barco nlaqueles cantinho Gis) procure tirar [as qucras coisas] re (x) a gente marca [todos os ponta} (x) 0. avo entra em [quase todos os produtos} (b) enfatizar que todos esses padres sao funcionais, isto é, atingem os mesmos objetivos comunicativas ¢, por isso, sfo igualmente vlidos; (c) delimitar as siruagdes dé uso de cada padrao, discutindo, inclusive, com a plicagéies sociacomunicativas; (d) focalizar o tema em conson4ncia com o estudo do mecanismo de flexio ou utilizando exemplificagdes/exercicios que ajudem a fixar formas de plural que, per conta de determinados processos fonetico-fonoldgicos, apresentem maior ou menor grau de saliéncia féinicas turma suas Concordéncia nominal 81 (c) levar o aluno a selecionar ss de textos orais/escritos tipologicamente divetsos, mas, a principio, préximos de sua realidade social, de modo que ele identifique os mecanismos predominantes nas diferentes variedades ¢ modalidades da lingua e, assim, introjete a nogao de norma e, sobretudo, a de pluralidade de normas; (P) desenvolver no aluno 0 gosto e a prética da leitura, incentivando-o a ler jornais, revistas ¢ obras literdrias as mais diversificadas, 0 melhor caminhe para a aqquisicio e fixacio de normas que nao fazem parte de sua variedade de base. $6 para concluir (este texto) Em capitulo introdutério a publicagio sobre a Declianagido Universal dos Direitos Linguaisticas, om que escreve sobre as linguas brasileiras ¢ os direitos lingufsticos, Oliveira (2003: 10-1) observa: Para além da violéncia contra os falantes desses dois grupos de linguas, autdctanes c aldctones, é forte no Brasil a discriminagao dos falantes de variedades nao padrio da lingua portuguesa (Bagno 1999; Silva e Moura 2000), mantida ¢ reproduzida por um stablishment que envolve escolas, midia, repartigdes puiblicas, onde esses falantes veem desvalorizado o contesida do que falam por causa da forma como falam. Certos grupos de intelectuais — gramiticos, académicos — desenvolyeram uma maquinaria de conceitos para manter essa discriminagio, a comegar pelo conceito de ¢ivo, esgrimido para cercear a amplas camadas da populagio husdfona do pais o direiro 4 fala. Sobre isso, entretanto, a Declarapio Universal dos Direitos Linguisticos cala, restringindo-se apenas aos direitos dos falantes de linguas especificas, definidas politico-linguisticamente ¢, deixando a descoberto a regulamentagao de politicas linguisticas dentro dos idiomas, drea evidentemente muito mais polémica e sujeita mais fortemente as tradigées e conjunturas internas de varios pafses. As palavras de Oliveira, sem diivida, espelham a realidace sociopalftico-lingu(stica brasileira: lingua e poder sempre estiveram juntos, ¢ nfo s6 no Brasil, Mecanismos de dominagao sempre implicaram imposi¢io de uma lingua (ou de uma de suas variedades), ‘entre outros motives pelo fato de ela espelhar a ideologia, a psique, a culturado dominador. Nio £2 toa que, aré hoje, outro odlebre axioma, este do século xv — Mngua companheira do império, de Nebrija, autor da primeira gramdtica do espanhol — parega tio atual. A luta pela unidade (este ideal inatingfvel ¢, por certo, empobrecedor) € essencialmente politica ¢ dela nao escapa a lingua. Lamentavelmente, tudo faz parte de um sistema, de estrucuras de poder e hierarquia que se constitufram desde que uns homens se juntaram a outros homens para formar uma comunidade. 82 Ensino de gramatica Nota ‘Para facilizar a comparagio dos dados da pesquisa de Almeida & Brandio cam os de Scherre, reformuloucie o prifico, originalmente organizada com bate na tegra de ni-realizacio da marca de nimero. Referéncias bibliogrdficas Atmerna, E. M. A variagdo da concordancia nominal mum dialeto rural. Rio de Janeiro, 1997, Dissertagao (Mestrado) — Universidade Federal do Rio de Janeiro. Brecuara, E. Moderna gramética portuguesa. 37. ed. revista e ampliada. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999, ——. 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