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Beek Dados nerainsi de Calg Pato (HP DECIFRAR (CAmara Brasileira do Livro, SP Brasil) eee tear cl 0 CORPO Decifar 0 corpo : pensar com Foucault / Jean Jacques Courtine ; raducio de Francisco Moris. - Petropolis, RJ: Vere, 2013. PENSAR COM FOUCAULT ‘Talo orginal frances: Déchillrer le corps: penser | avec Foucault ISBN 978-85-326-4632-3, 1. Corpo humano - Antropologia 2. Corpo humano | Historia 3. Foucault, Miche, 1926-1984 ~ Critica | Bibliografia ‘Traducto de Francisco Moris interpreta 1. Titulo. epp-3064 | saors7e __cops064_| % aa Indices par caalogo sistema vozes 1. Corpo humano Historia: Sociologia 3064 ary Digitalizado com CamScanner dos seres € das coisss, wn ermo vtimo” one a (| Pant Veyne reconecen ond da presen de wma fornay cio dsr, Dete mado 0 ae —* Se eead UMA ARQUEOLOGIA in orpos segundo as Tias ds alos amon. ce eatemomersewomer — C comida detecar no onanism a els de fancionamen teatro dos monstros i mcm ome 0 ome Cre ne ees mn vines ae ial, E 0 caso das classificagies cm roca uma existelt mate fisiognomonicas, assim como do sistema de representagies tem um ‘que se aventurava em meio a labirintos da metomica ot pctrias, ov ainda das regras de civic (Rs Stine Laurent em agosto de 1752 pt a cane aa oe tamu conjune comple #3 SFECHD isla, Numa cana. eae da nen 7% Betts ttadareseus textos), de tecnologias (oes ado de tcdos um tse hoson even cua razto grin), de modelos cognitivs de reconbecine® pr 8 0a ram fxados dos pe dn ee caer: pocepivos mais on nenes epics me] em tenho xe. eae ne, tc es paoomdn seen PO aCe or um urate in mt ders ‘colos de leitura das expressdes faciais ¢ de meee 3 Alig ie dda para descobrir o Petit Pepin, que 4 ont) adas nos qa UH Mier dos smn dee Fan oon se en so nin Pondendy cle XVII Nasido em Venez em 1739, a rare de paes 0 2 Py a Pl ome fan de Ma Cente | ar ejcios de uma Wixi do corp SMPs Saag gy lo de um tae de ety element gic 0 Sceccmemams Tomecwarre | ye 8 aos essen das palavras que os dizer e dos otbares st Zs Seong anes de ade Ee ine aac le pando inseto m0 2G gS, Pl. © eu esque veo aun sea Steel sce comet men de Mis Dp nk pene Protndes dace, 0 cootaOZ PS AA) ALS gg eho doSeal) | asda gage cos matpls RON wh ie ence atl 9 het em Sad, ua infin propane respondem, Nenhuma histori d | araueologia dos discursos € uma £6067 tL ss ni Digitalizado com CamScanner 6s transeuntes nas pragas pablicas, uma morte imediata- ‘mente confiscada pela medicina. A religito, depois a feta, ‘enfim a ciéncia: pressente-se que este destino de um monstro condense as etapas de uma historia geral dos anormais, eas curiosidades que eles suscitam, ‘Ao termo de um longo percurso histérico, com efit, 0 thar curioso que livemente ia entao se divertir com 0 es ‘ptaculo das deformidades humanas perdu Tentamente sta Inocencia e pouco a pouco cobriu-se de objesdes morais le ‘comecou a desviarse, a partir dos dots timos decenios do século XIX, da exbicto dos “fendmenos vivos", que const ‘uaa ainda, no entant, alguns anos ante, uma distracto de ‘massa, ¢ alimentava um lucrative comércio. As causas de Lingo desta forma de curosidade, da eclipse das exbiches teratolgica, da dspersto dos pablicos da monstruosidads ‘20 mltipls complexas. Voltaremos a este ponto. Eas ‘eportam primeiramente a uma transformacao da ampli as sensbilldades que va, sempre mais ntidamente 30 10%8° do séeul XIX, descobrir o homem no monstro e ntti ‘compaixo crescente pelas misérias anatomicas das ruas € 488 fciras. Els paticipam ainda de uma dvisto social cesee* » ‘dos publics, daelaboracdo de uma lista negra e do cont sdministativo de determinadas formas de cultura pop ‘subitamente julgadas obscenas ou vulgares. Elas depende™* afm, de uma incorporacto definiiva pela medica da lao terstolopica, de uma dfinicto tomada centfica d2 OP ‘acto dos monstos humanos. Do ponto de vista dt ‘come daqucles do gosto e da cienca,algumas curiosid™™ olharesindecentes! eS sou pea ee id oc een wine ci senna ae oo eee preemie erent haerman npn eee ‘olhar que participam ainda, mas se desprendem progressva- mente, das formas de admiracio que prevaleciam na cidade sdecm ama nchaesne seaeloha ape ine owe ‘lenominamos popular: quais eram seus dispositivos, sus ¢2- sn a a oom alguns elementos de resposta a tais questbes. cone eee Perspectiva de uma historia dos compos, indissoiivel, jv JU te conju de pont, fete capa «9 pins «Ske tie INE. Le dseohantenent ds mene MARTIN Tange de Cau mow. Gems rene in, 202 RELLO, G UEoPS tnhumain”. tn: CORBIN, A; COURTINE, Jo. & VIG cept®. GG He de op Op No ep 3388 ars SE Ia en Sa ae ae ard ce oe a os chet dere Coma 4, COURTNEY “ap No cog Op st tp wit a Digitalizado com CamScanner ‘mos, da historia dos olhares que os captam, os detalham, os perscrutam, Ej que estas paginas nto medem esforgos pa fazer, a este respeito, um balano da heranea foucaultiana, ne. las frisaremas aqui até que ponto esta heranga foi fundamen tuk: historia da constituigto do olhar clinico, genealogia dos Aispostivos de identificagio e de vigilancia dos corpos er: rminoss, uestionamento dos poderes de normalizagao qe ‘rimeitofsolam e depois distinguem os “anormais", a obrade Michel Foucault desvela sem nenhiuma duvida langos inters de uma histera do olhar, Pretendo, no entanto, suger aqui 'um prolongamento disso, explorando tum dominio que Fou ‘ult poucofrequentou,e sem duvida bastante negligenciado, ‘o curso que cle consagrou aos “anormais", As primeias Ik ‘0s: cstbelecem claramente: dedicando-se a uma espécie de “arqueologia da anomalia™, ele ali mostra como “o grande ‘pedlo".a gua tuelar do anormal que encarnava omonst® ‘aco & Pouco se obscurece, enfraqueceu em uma multile Ge Pequenas delinguencias individuais que uma miriade & Projos disciplinares “Sctlo XIX, pelo desenvolvimento continuo de um “poder & semaine” Ele nests piginas, se distancia de ue ee TSPTessdo ou exclusto, e inscreve a produc? ado da “invencao das téenieas posiivas &® me . D Lo ee * eferas da Medicina, das Ciencias Natura, do DF veer ss alee de rane, 9741079 bh reito€ das institutes curatvas,edvcatvse pens qe the sto vinculadas. Obviamente, ele ocupa realmente rm epsco ‘opcional nos debates medicinas, flstlion e cents que 0 longo do steulo XVII, se perpuntam por soa orig. E constitu outro tanto um problema esencl no domino js ridico a0 questionar, po sua vez, ales Masele niente acabatnos de vé-lo, na sociedad do espeticlo. © 0 ser sem- pre mais até os himos deenios do seulo IX. Entrant. 2 presengainsistente das “euriosidades humana” nas baracas das feras do século XVI, os inconives fenimenos mes" dos paleos e das fests populares do século XIX rextam quae invistveis dente as monstruesidadesevocass por Foul. Como se, para existr, os monstios mio pudeser tr de aver sendo com a citcia€a le. E mio obsant. 3 obse> ‘ago das curiosidades ¢ das diversbes popular forece == terreno privilegiado a esta arguclogi do anormal be For ‘aul haviaem projeto: um vncul geneabio evden cot 4 tradiggo imemoril das maravilhas ¢ potion. == te Proceso de deserantameni que racosiss Fou Co a deforma despjandoa de ua eras ans tum impos de moras corpora gut ces sl 8 ‘pete, poise sbre sa Eis ee HAS tes que cocrgdes sesh ou estupel, sarece nee FSS Saul ve pefetamente os mown gue msc = ‘de anatoy ionam os tratakes jurnicos $6 nmi, que quest re Inga aos preetes ios que poms poses SR nwo: masatamente aus gi agua oa AAS ncaa exquisite a FEE ‘Wats acute ow transute das ian de Seer Digitalizado com CamScanner (Saint-Laurent, ¢ mais tarde as multidges da Feira do hoa, {maginase desde entio a possibilidade de outra hiséria& car, que me parece er fugido& perspectva foucaitiana ca seria| menos aquela dos controles que das diversbes, menos ‘quel dos prazeres buscados que das coergées solids, ds ‘trades antes que das vigiincias, Monstros ¢ maravithas (Os arquivos sto abundantes. Se ¢ verdade que as exibi ‘Rssteatolicas quase mio deizaram rastos nos espeiclt hs ciades anes de suas prmcras mengdes nas eas a came, 8 seule XVI € possivel encontrar, no entant, 3 SABI € no comério das anomalas anatomic, immer Regimes Deste modo, os tatadoseruitos sobre a fe" Poot monstos indiam sta existencia, Em 1429, mA ‘cujo ventresaia outro “ecarregava assim o corpo ene seus bbragos ito marwvithosamente que 0 mundo astemclhavase a tum grande exéreito para vé-lo", (Os tratados de monstrs, prodigose maravihas da nat reza, que regstram formas longinquas de crisidde, razem assim a meméria a existéncia, desde a Epoca mais remot, piso da monstruosida de. Curiosidade largamente compartthad: as mesmas Fontes tum espetéculo © um comérc ‘mencionam intimeros exemplos de interes arsorsco€ cerudito, Seo povo se deslocava em mass para ver 5 vexgin- teas monstruosas, os principe fries levis em domi flo, © mercado ambulante er a regra deste comer, €2 ‘seograia tradicional da exposict publica dis monstrsda des era assim extremamente ocsionaledspers: lugares de arto inscitos, esquinase praca, aglomeracdes ests. todo local onde um sbolo caritatvopodia ser angarad. Aisi da mons como open en € mula de un long devine ds nes a 1 de mages ede ple, come veninnes Par ale das peregrnacbes de curios eco "menos mansrs com eas 4s primeira exibigdes de fendmenos wives, sstematcaen isa ao longo do sca NV, so Beals a es do eat poplar seen pes wl Prulagao nomade, compan de eto ambos ‘Umbancose charles de do geo, 0s tee 79 Le ab EEA. Dsante dpe des atop a Digitalizado com CamScanner dias paisienses por ocasito das feras que ali se realizavam por prviégio rea”, Estas aglomeracdes de origem religiosa, de natureza co: ‘mercial, sempre foram ocasides de diversio popular. A feira € prima do carnaval. Mas elas iriam ser colonizadas sempre ‘mais nitidamente entre 1650 ¢ 1750 por empreendedores de cespeticulos vindos a propor 3s consideraveis multiddes que para ali afluiam toda espécie de curiosidades e dlistrages ‘Assim, no inicio do século XVI, a assembleia de Sain-Ger tmain-des-Présautoriza comediantes a construi barracas so: ‘bre seu terreno e concede permissdes semelhantes para mals barista de cordas, marionetisas,apresentadores de anlmais selvagens ede curiosidades humanas? 1 See ress Anige Reine, PARFAIT, AIT, C Mamas our serv @ The de ets de a Fae pr ‘taf Dol Pr Maan, 183» aoa de Ths Pa ‘Spent ite pies a ees coma espn ‘ts ets St Goma Sau, Tvl Fre oe 8 {Mh de Pos ~ rs Divers vo faa: A Bonde, 17461731, * A ‘mea fines ions pecs fares ashore 4 rcpt vie tae. 6 ale a Vane Dachse PTT » ZEIENT DE MGUUMONTL Minas csp err ae lt aie a ee al tet nent re ny Fen thcmmsgue atertieeee eer Senet te meer Tia seme ees des boulevards et du Palais Royal dept bore ier atin eek tke ete Finan i oD ‘Work Oxo Univer Pre ose et 8 Eh a ‘As cxbigdes ocr. maori dls, onto meno ( 4 fram cabanas lua prs enn is comand pr a Germain Ssin-Lauen, estima miso ond espeticuls como viememtoren sbrigam ua avidade eels e sco sina eas excenitickdades humanasretornavam em province 5 verbs, depois, no invero, olavama Pr prs nemon tar soboespaco lve ene as habia eats yon ¢osTucrs que smente capital Ihe pia proporar Os «spetculos de curosidade se aproveavam dancin do favor do qual se benefcivam eno os tats dae Pois existe incontstavemente, no final do sécul XVIte 1s primetos decnios do séulo XVI, uma dead agi 4 de dversio por prt do public ds grands cides. 0 mcr teatro feiane propriament dito, agile dos irs Alar, surg na Fira de Saint-Germain em 1678 Fouco 8 Poco, supe erates se organiza ee maliphicam,con- ‘oreo com os teatos of, desencadiam com os Co- ‘mediantes Franceses ¢ Italianos uma longa rivalidade que ara longo de todo oséculo XVI Est deg de ds S8es novas, cuja emergéncia observa-se nas grandes cidades, ‘Produ da urbanizagio, do desenmizamento da ext ‘utd citatnas sempre mais mmerss.engendcando formas cule Londres, como rats que thes to pps. Em Pats, teatros, ‘Passatempos ¢ espeticulos proliferam 30 ‘do século XVI, A demanda aumenta,tende tomar tsa extrapolar 0 calendar relgoso que Heidade ea duragao das feiras, a transgredirprivilegios Digitalizado comtamScanner ce tradides que deimitavam um perimetro as distraies, aes tenderse para além das capitas. Advindos de todas as pares, «ede todos 0s contexts sociais, os publicos se comprimiam diame das baracas. ‘Desmembramentos cOmicos ‘© quenos evolve ao Petit Pepin. Sua sorte no tina mada de excepcional: ele teve inmeros coirmdes, monstos “pot defeito™ que asim como ele se davam a0 espeticulo das ‘Osexercicios do homen-ronco da Feira de Saint-Laurent lo tinham, eles tamer, nada de original: els fasta parte ‘uma tradigio burleseasolidamente implant na cultura d+ ‘us, dvetimentos monstruess dos quai encontrames nit ‘mero sts nos ttads eratolgcos nis croicas erates smastmbem nas meméras ornate de oro ‘Ambroise Pare, dentre muitos outros, se recorda asim dé ‘er vito em Faris alguns exemplaesdestas monstruosida® “Por deleto da quanidade de semen", como ele os denom* » ‘em um mundo natural stad sob osigno da analog ' austncia ou a redugdo de membros era a assinatura ma legivel do deficit do sémen masculino. Os homens-trone% ‘So sresem menos, protéipos de uma das grandes dvi as classificacbes teratologicas. Entretanto, ao observar ma de pero suas evoluges ambulantes, ao compreender 08 & ‘cursos que os acompanham, tem-se acesso a uma Logica ™* rofunda e mais gral dos espetaculos monstruosos, comP™ desea matress da atraggue les exereem sobre 0°, ‘Es, vé-se atuar 0s mecanismos do dispositivo da curse aque eles susctam. ae ‘cabo de ver em minh cna ‘mem natural de Nantes nacre toe A, nacido sem be, ‘ue to bem apefekoou ses pes nom no 60 qu Ihe devism pres sts min qu pn Ihe facia exquecer seu of natal Em ‘sua, ele os mea “inh mye com des cle aia, carrega uma psl dsp, eaa uma agulha, costura,esreve, ti 9 bra, se entea,joga buralho © dado € 0 ove com tamanha desteza como qualquer out se normal saberiafx-o; 0 dnb ge Ihe det (it que ele gana avid se mostando) ele © recebeu com seu pe, come nis oem com nossa mio, Vi outo, endo eran, que mans sca uma espada 8 duas mos € wma aus do colarinho dabrado e, mesmo sem tro. lancava-os ao ar € os pega nove ae essay um adagae fia intr Wo bem chleote quanto um care de Frac’ © testemunho de Montaigne o compra: exist asi ‘wna radio popular muito antiga de exbicio dos homens ‘em membros, e um conjunto rtinire de execcios exbicos Publicomente. Em 1562, escreve Ambroise Par, um Bower ‘Ex bros, entretanto forte e robust, se apresentav3 em P3- 2 gual faa quase todas as agdes que um outro Poo we OM Sas mis, a saber: com Seu psueito EE? “a nvstia um macado conta tm pic deme mat® tao outro homem pod fatto com ss Bao erat forma, ee facia iintar um chicote de cate “SIVA ris outras agdes; e com seus pes coma, bebit NGNE fa, 28 Par allman La Pik 1 Digitalizado com CamScanner ‘¢ jogava cartas ¢ dados"", Em 1573, Paré se recorda ainda de ter visto em Pars, no portico Saint-André-des-Ars, uma crianga de nove anos exposta ao publico por seus pais, Este monstro nto tina sendo dois dedos na rio dita ¢o braco era sufcientemente bem formado desde o ombro até 0 cotovelo, mas do «ote a0 dois dos era muito disforme. 0 rmonsto io tinha pernas, mas sa-the da coma leita uma figura incompleta de-um pé, ape rentando quatro dedos: da outra coxa esquer dasa de seu centro dts dedos, um dos quis aquase prea uma verga vii omens sem bragos que realizavam, no obstante iss, 0 aque somente so capazesos que possuem dois: manseat 0 sachado 0 chicte, areas vison simplesmente come ot ber, atvdadesondinias Uma crianga com dedos ato dos ou asenes um ser em menos, gi, no enanto mit lncompletde parece terum ago mas, quase wm segundo flo. Menos que homer, e mais que homer » + exempls abundam sinda no século XVI € segue @ mesmo cenii, Sclenc stra em 1609 sun Historia de "ors com uma figura representando Thomas Schwike scopado em escrevercom ses ps, repro tm poet compost por exe homem sem brags! Lceins obs «1642 em Padova, a feia Santo Antonio, uma erica dE doi anos, sem mdos sem peras, “que se locomovia sob 0.FARE.A Op ce 1B SCHLESCK.36 Menara Hs Frankf: fe 1609, 0.3098 198108, 6 tronco de seu corpo"; uma 2 em tts scorns na om seus pes; ea colcava «em seu bolso a esmola que the davam e descobria facinen te sua eabeca para saudar os que vinham ter com ea, Em Copenhagen, outro destes monstrs, “que tinks » mao sexe «morta, fazia tudo com seus pes. Ele também wsava com destreza 0 machado. Observes semlhantes na Inger 1a Junto a Bulwer ou nas erdicas de Motley". Compilando malstarde anedotas de igual natures Fournel az tona um Breton sem bragos que se dava em espeticulo em 1586 em Paris segundo a mesma lgica de atvdades odin (ele escrevia, lavava um copo, tirava seu chapé, java dados, camas ¢chinguilhos..) ede procss vii (eleatzava com 0 arco, 0 caregava, 0 embrulhava, o desmontaa e dsparara uma pistols), Havia realmente uma coifiaco, de origem obscura e longings, mas constante e quae wriversa, dese sero deexibigto. Eas crOnicsexageram mulls ves m2 descricio dos detalhes anatomicos de corpos que evocam um ‘sbogo de membros ausentes: aqui unas saindo de uma m0 fem dedos, I dos que afloram de um onc sm brags" 4a sind a verga”percebida por Par. Sobre a anaemia de homens incompletos vagueiam membros fntsms, ee em ombros ics, 'BAUICETIUS,F De monstorm cai Pd 1668, 20282 pues js: onde Wil Mat 133 p22 MORLEN. loos of thom Fa ene ae Pros 1% pastes mi er PAfOURNEL vt se Pas Fite eos, pcs Tous Mame, 1 Digitalizado com CamScanner | | A teatralizacao do disforme Eis, portanto, um dos espeticulos que atraia 0s curio. 408 ao terreno das feiras de Saint-Germain, Sainte-Ovide, ou Saint-Laurent: a exposigio da monstruosidade por defeto ali fornecia um numero clissico de diversto popular, e consti- ‘twia um genero consagrado da cultura visual dos mereades das ruas da cidade tradicional. Este burlesco do individuo ‘desmembrado vai assumir uma dimensio nova com a teatr- lizagio dos monstros a longo do século XVIII. Desprende-se deste fato que em Paris, 0 passo que declinavam as firs \radicionais, ¢ que as ruas se enchiam de teatros feirantes, ‘os monstros acabaram se multiplicando nos tablados. Assim, sempre mais frequentemente, andes € gigantes, homens € rmulherestronco, abandonavam as ras onde mendigavam © ‘bolo para se tansformarem em artifice da propria func, cm inameras pegas de teatro poplar, exibidas nos pales Com esse passo mais nitidamente superado da caridade 2° comércio, ainda ¢ um pouco das anigas percepedes rls 18 de monstos humanos que se desfez. As “curiosidades Ihumanas* sem lentamente de um iiverso do assomb—? € do milagre, do furor divino e da manifestagao diabolice para tomar exercer uma fungio confusa, visando a st28° smbigua na esfera da diverso, assim que no século XVtl incontvels andes de paleo sucedem aos anées palacano® Denite os prineiros,o Petit Moreau [Pequeno Morzco]: inte © oto polegadas de altura, ria suplantar seus colem™eS « estrear uma longa casera tetra em 1769 erm Ambigw- etseguiu com sucesso nas Varedades eno Teatro dos JO¥e™ ” Artistas". Os gigantes se ¢ "ONGusLR um sce de seus corpos: no século XVI, um pps senna 1 Pont Neuf concortia,dizem, 6 ee Ps, om 3 eee! curiosidades das fers o cidade dea exter es pp, Ss een See ae trupe de Moliére em seus ine (Os monstres, portato, exereem a func de ators. Mas ‘5 atores, quanto a ele, exibem-se como monsto,¢ deste ‘modo apresentam,«contaro, a confirmacio da exe pe eabiidade do teato, mesmo ofc, exibico monstros ‘4 Comédia Francesa ofreceu em 1709 unt pest em verses em um ato de Le Grand, inivulada A fia de Sin-Law "eM. A atragdo principal era a representaio do “Homem sem Yor aie domi la el ema esol Pia aE ee 125+ FOURNELLY Le wew Pars Opp 32 soutioueopangnsym outa, tne 380° “..1 Bois anos depots, © Teatro dos Grandes Duncans 28 RS Sema eens ee een lel encoders he WsBives del Prefecture dle Poi de Paris: DB 202, “oir de Gib” Digitalizado com CamScanner ‘ragos", que naqueles ans era wma das atracbes tmaores dy sradas 8 promocdo do bicaro? Eis o fein: ¢com os pés que oator tirava seu chap, embaralhava reeset doh eee ne aC com » em San Lawrentem 1752% eatas, toeava 0 xiofone ane ‘Mas iso ainda mo € tudo. A promocto da deformidade do Senor Primcr-Teneme Gel de Poin nvonta nos formas publiciirias, O rumor anuncava out Senhores Senhora, ra presen de um monsto na cidade, ¢ levava os curiosoy Norkus que chegoe a cidade @ to local de sua exibigto, As folhassotas, vendidas em Ilo Senhor Paschal Disco, Veoelano, com um me ‘alos vendedores ambulantes, espalhavarn desde a segunda sine trctade do séelo XVP" a novidade do evento, c 0 situavam Sem cence sab osigno da maldico ¢ do prodigi, em uma cultura onde a en Sha, tn bro a estupefacdodiante do monstro permaneca vinculada 20 as tem brace mos. sui mo oad ‘mor divine. As feiras¢ 38 ruas do século XVIII oferecem 205 ae salva earajomen «hares do habitantectadino um universodiferentemente de Eh fala vis ings erent: be de ose scacantado, onde a deformidades anatomicas se comercial 10, muito simp, pou aan deat as damas que © honeam com 3 sea pesca am ao se vtralizrem, enas quais 0 exercicio da cuiesidade Bedi Range ue opal se inscreve sempre mas em uma cultura da divest. eb tales oni sacs anne este modo as extices se fazem acompanhar doer sem pelo. Ele execu o exec a fm punto. e€ determiadn Dob ses corpo 1c de wma abundancia de cates publctrios, de aning> bd oom pokanpacynen sapoangads publicados em almanaques populares. O que prometem 30 cesalta, mesmo sem beagon Ereoibe do cho aativo destes modos de apresentaco: o dane soft € 2 ime ened wc dem a Pleta do corpo ¢ imediatamente sevida de, eae coal menos qu ec papecn ie cx proves ques deine depen Tuc nis ent, denne pes norma ber comer sce recto the descr aa mehr aber © monstro supers facilmente estes primeirs obsticulos que o recolocam em ‘seu estatuto de individuo como os outros, que garantem sa Integracio nos rituals minimos da sociabiidade, que o lic ‘ram da embaragosa excecto social e da inquietanteexcen- Iticidade corporal que 0 marcam. Mas 0 ser em menos ode fazer mais: dat as proezasvris, as machadadss os exalidos Ao chicote,o ti a0 arco ea pistols, odo este conjunto de ‘Mividades ruidosas e pungentes.€ uma inguietgso de o3- tra matureza que se encontzaentiodisipada pars pablo ‘We sezue as evolugdes do Petit Pepin, baioneta 8 mo: 2 Iultiplicagao das proezas falicas, desde sempre inscia ma ‘ercsnacto dos seres incomplets, di sentido a exbio. Do Ponto narrative, ratase da reparaclo de um dano fnda- ‘mental do qual o her foi vitima. © objeto perdi ft r= iberdo.a arf cumprida busca po interomper se: eit encaminha para un inl fel, Do pont de wists CLA do corpo, que estes dscuras€ ets eines ori sempletud ¢ rencotads, 0 iver ee ag at iteratmente, ea caren € atts toa {Ye 4 €xposigto dos homens sem-membros oferece ¢ 2ublico de curios nas eras pasenses do seculo NVI 'm™ teatralizaao burlesca da castragdo: ela ence ¢ des Digitalizado com CamScanner creve a expressto de uma inguietagdo diante da imagem de ‘um corpo metaforicamente desprovido de seus atributos fe Ticos; em seguida organiza o recalcamento deste medo em ‘uma restauragdo divertda desta mesma imagem. A exibigo rmonstruosa surpreende ¢ inguieta, em seguida tranguiliza; c finalmente diverte, © homem sem bragos faz rr. Lest a uima coeredo. qual o corpo monstruoso deve Yogi de estratur, uma relagdo geneaogica: os amincos ‘Spetculos de monsuos sto um prlongamento, na cult ‘urbana ¢ modema da estupefacio em formacio nas grades ‘ldades do stevlo XVI, das narragoes maravithoss Tea PISE ase divert com os execs do Pet ein € 1 smelanes¢ extremament precios go Ac ton tes, diznos Merc, ¢inegnemente pops <= Speci tetmento devas fotemente uaneado Eas aoe ER anda 0 que acre: sua ocd. nsf 8 condi de vid a creda des gee sua poues PTS Tcente inser ao mundo uo. FOE HoH mayliidade com a diversi de ses eyes Yi anol 5 populago ainda ¢estangeia 9 ukurt scopes Psenss, ainda nd efethamente oka sits da cidade. As origens provincia ses wet Letts, ; = rai 200 tnt te Digitalizado com CamScanner citadinos, desde entao ignoradas, passam a ser perfeitamente legiveis. Cada grupo tem suas formas culturis espectias, oficios, habitos, vestes,linguagem. Estas aderéncias origins ‘dentificam simultaneamente estes citadinos recentes como “transeuntes honestos” que incomodam pela grossera ebru- talidade de seus mods, isso implica, sugere-nos Mercier, urbanizi-los” © mais répido possivel. Mas estas sobrev vencias de culturas trdicionais, empacotadas na trouxa do campones desembareando em Paris, que fazem da capital um ‘mossico cultural de suas provincias, teimam em diferencir tums dos outros. Sea como fo, eles trouxeram em suas bag gens uma heranca comum. E a meméria antiga da terra que conserva o conto popular faz parte disso, suas estruturs thes sto familiares, elas constituem uma linguagem capaz de dat sentido a cultura do inslito que a cidade muliplia Este processo nio faz entio sent seu exdrdio:€realmen” te através da sedimentacio urbana destas estruturas nat tivastradicionais que a cultura da curiosidade continua se onganizar nas estas populares no século seguine; 08 ‘uma cultura citadina da angistia edo medo diante do "m0" tro criminal", feito lobo das cidades, encontrara espontsnes" mente meios de expressar-se na imprensa popular do secu XIX. E exatamente uma transposicio urbana do folelore «ia uma boa parte de sua inteligbilidade a estes discutso8¢* «Stes espeticulas da monstruosidade nas cidades dos eeu XVII e XIX, ‘Ao se transpor, no entant, eta cultura transforms sabranda, se suaviza: nada de lobo na saga das deformidades<° feiraede rua, Quase nio se encontram, nos discursos ave ‘edem os monstros nas cidades, 0 medo ou a cruekiade Indicavarn muitas vezes a presenga de corpos mons! fala compre de ign je deo ets Sea Caom 17 pacers St nb as ne opera sc Ins de compen, tnt sc dopo tno tv eh poe, Se en un renee tie mote ae Sees tne tan manos pean cee Sa [Na metamorfose do homem-javalipodemos lr una mee tafora deste trespass cultural que desloca 0 monsto do car Poa cidade: ainda submetide ao ciclo natural das eagtes, © monstro terricola, uma vez transplntado, acaba se hams nizando. Esta versio popular da obra A bla ea fea icc Portanto, uma gencalogia, mas também uma tranfgurcse: 5 seres incompletos compensavam uma perd iepaisel Por sua habildade: em virude de uma logic similar, amor salva o homem-javali de sua animalidade. Ao mesmo tempo ‘completo e incompleto, homem e fera 38 vezes macho ef ‘mea, adulto ou erianga, © monsto de feira pss realmente. como os herdis do conto ou do mito esta apido de reunit hele as dimensdes simbolicas mutuamenteexchisivssegun- «lo as quai se estratura a imagem do corpo. Esta pea pode plicar-se ao infnivo aos hsspedes das baraca de Sunt Ger ‘main ou as curiosidades das as. 2p np op RTO siatnricea draenei Edom ts gtcumanoe teree sion ox a agus Digitalizado com CamScanner Deste modo a desmesua dos gigantes ¢ redusida as mais hharmoniosas proporgdes: a “grande gigante argelina” ¢ de “tamanho bem proporcionado™, assim como sta coirma a “pigamte™ que, em 1776, alegra a feira de Saint-Germain”, ‘Seus similares masculinos sio semelhantemente humaniza- dos: 0 gigante Roose, “de bela aparéncia, em uma palavra, é Aescrito™, por Mathieu Tomick, como uma grandeza prod siosa, mas “muito bem-feito, excelentemente educado, que fala viriaslinguas e sai-se primorosamente bem em urna con- versagao™, Reducio ¢ urbanizagio dos gigantes, aumento e refina- ‘mento dos andes: 0 que distingue o Pequeno Lapao de trinta ppolegadas de altura, que se apresentava em 1777 na feira de Seint-Germain, » -€ que cle fala vis linguas,disparaeximi- ‘mente arms, dangae canta maravilhosene Ll. Muiosfithos de fmfiadistnta no rece ‘bem melhor educacio que este pequeno indiv duo, ascdo ma exremidade Norte da EXP ‘Rum pais coberto de gelo € neve, ¢ muito mais ‘habitado por ursos que homens”. © séctlo XIX val elevar ao seu auge esta ascensto dos ness de firanaescala da cvilizagto ds costumes: Bar ‘havin perfcitamente captado esta Iogia, pretendendo qU ‘quanto menor o ser, mais ¢ possvel aumenti-lo, 94 Almanah Farin 177.34, 25 76.p 7, 36 tid 1778 p28 Sr thd 776 p rte, 2 Jal dF 23.0979. Almanac Fri, 0 776 p ‘Os empreendedores dos {sPedctlos monsoon anos de 1850 saberio explor = = a esta Vea antiga, qe vemos ( Surg aqui dos sedimentosfolclricos depostados naa, 5 urbana do insta no sculo XVI Ele ivemtaro pow, o, contentando-e em dar a0 fendmeno uma amplitude gor Permitia o desenvolvimento da publicidad de mass, ds imprensa popular, ea industrilizacio progressiva da elers da diversio. Multiplicarse-ao deste modo os “reinos de till Dut", as dinastis, as aliangas, as corte miniaturadas, toda ‘uma teatralidade de opereta eujo objetivo ¢evidente, desde 0 século precedente: dstrair, obviamente, mas alstando a in- uietacio, a impotencia, a fraqueza, a diminuicio de si. que trazem nelas as percepcdes do nanismo, Este rechaco, no co- tagio do dispositive que coloca em cena os andes de fia, € visivel desde o século XVIIL Assim, previne oAlmanague Popular de 1777, convém nao confundir os andes da Lombar- dia, “de figura to grotesca quant bizara", com os outros. [No devemes enfler-los ma case dos vera- deios anes, que nto si imtados: agules és ‘Lombardia sto uma degradacso monstruos dt cspécie humana™ is, portanto,o que exiglam os publicesavides de curio- Sidade, Surpreendei-nos: mostrai-nos os prodigis, a8 mara- vilhas, os erros eas transgressoes das leis da narure=a. Mas 2s- ‘egurai-nos: mostrai-nos gnomos que sam doce pequenos homens, grotescas harmoniosas, doces € inofensivas, sees ‘mutilados que recuperam o seu poder perdido fzeb-nos “inhar os restos de humanidade perdidos sob o pelo da fers E -Ros: que and supere © ano, que o gigante dé wma Mat ae. Digitalizado com CamScanner ‘pausa ao gigamtismo, que cantem as mulheres sem linguas,e {que os manetas as acompanhem a0 violin. E eis, portato, 6 que expunham os apresentadores de cautiosidades, eso que dein de exstir desde o desapareci- sento do teatro de runs Pereebese aqui a natureza das ques: toes que subentende ma historia das exibigaes teratldgicas 1a cultura popular da Europa moderna: como poder diver: ‘ese com uma angistia, irde um pavor alegrar-se com uma ‘epugnancia? Adivinha-s igualmente sentido paradoxal do ‘processoquc leva a multiplicago do espeticulo monstroso 30 seu decinio, depois 20 seu desapareciment: quanto mas ‘© monsto se desvincula do universo dos prodigiose da f- "tanto mas resente-se sua proximidade; quanto mals s€ Perockeo caste mano tanto mais fase necessirio dis- tenctarse dele, imapinar fcobes, fabricar signs, consti ‘eva, semearapurtncis,inventariluséesoticas, que a0 5 ‘Bo tempo poss representtlo ¢colocilo a distancia. Mas ‘sa¢ uma outa hist, 34 que a representagso que ridiculariza o Pett Pépin, ve ‘ido a tara rodopindo, bioneta a mao, fere de una lei? sina oprater dss mulids, hoje ¢ perc com sufice!® GhNSE este tipo de espeticulo tornou-s impossvel 5€4 ‘Sscinago hilariante que reuia os transeuntes a redo ‘eats defi no ocorre mais atualmente, se no exe ‘Aoridades bumanas nas eas, ¢ porque no Pett Pepi 2 ‘ou endo reconhcido como um semelhant,e, sab 408 ‘rioidade descobrase ohadiap seus sfrment uss conclustes tar desta exploragao das firs Pa sens doseulo xv ep non ‘srqueologia da anormalis"?Entrevemos nsso, Pa? * Posie de ours hiss dos norma ea ip eranies Ne dich ge ators Poach as wp {uma outa genealogi dos olares que form powdn nb 38 monstruosidades humanas. A perspectvs lowcseins Se ongantzaefetivamente ao redor de um fore trope ae mesmo tempo bioldgico-medicinalejurdic- aque defines ‘monstro €, antes de tudo, ele set “contranatual “ors d, {et Disso resulta uma historia parcular do olae que fon Pousado sobre a deformidade, feta inteiamente de cxames Iminuciosos, de observacio densa, de discerimento mets. dco no espaco da ciéncia; mas também de categorsagies. de Vigilancia e de controle da lei e dos dspositivos que ama ‘erializam: a historia de um olhat fx, denso de sericdade, ‘estinado a utiidade, preocupado em restabelecer a ondem ‘grande desordem da natureza¢ do dieito encarmado pelo monstro Exist, no emtanto, uma outs historia dos anomas, € tums outra geneaogia dos olarespousados sabe ees Uses storia que no faa ale a epee gue pr 2 p+ {fo monstruoss, que mio interompa shes doc gee Sh Provocs:hstria de unt othr movele noeade seme! Satracdes, que se dina dsr vagabundeia mo epee A080. cratumente Ui onde tiolopcamente. 2 aeB0 etl as pulses curisas ditt 3 arsenic a jenlt seu rum. Aguel isra doar ase incre Ue aberios antes que em unverosfchados ea ee oreo anes que abedece a quadiulados el cua mr rout ou suspen da visa ow ds User Digitalizado com CamScanner antes que o tempo ditado pelo trabalho, Uma historia des we naieeepeacaedeat,cdni. | IV 4 Sop e: anormal propicavam. A NORMALIZACAO pos Havia assim em Paris, nos anos de 1770, um *Café dos ANORMAIS cegos", Praga Louis XN, onde, lembra Victor Fourne, num | Um dispositivo e suas transfor tre compo propio wo cl seguine, dex pols | 1840.1049 maces, fox vende clam tndo bons de papel nas ‘culos de papeio sem lentes sobre o nari, pedagos de mir | oo Se rds dae dls, anand pesiament 3308 owing fra em unone..°* “Nios ea do sucess bilo oo pe esta pra, Em um curt espago de tempo a alent Soma fo grande que fol necessiio clos sens lt ‘dem pet kpc deste cafeacrescentao Almanac Forain de 1773.0 ee ocr Dd XVII, no entanto, fo o momento em que se desenvolvers™ ims peicapargucan _sengiocentfica ea preocupagio moral com as enfermidt | female ec mat pl pr des © momento em que masceram os primelros projets tombe refed cae he | Cena por pete ef de reeducagto dos surdos, dos muds, ds cegos. Mas PO couse em vio nasrnias da era dos teats patios | 0 longo de todo o século XVI, oesboco de uma pereePe™? ‘rqueologta da anomalia Ge celine niga ov una peta de comes2 | nas gy sensids dane do epticlo das deformidades © 8 66° | My 08 SEU do fundumento dese june de iad Fo Hugo que pres com Jase, 20 RDA | Sey ye tl tampouco convict gue“ acm & saan infor de Gwynne 0 seguinte EM | Mogg fh Uma hereto ae 9 ental hoje apamente echaado, da isla 008 | Prcigg A 80 que a acetic do manera ¢ ‘naguele tempo, os anormats faziatn rit Scat, oe a nai ph tig NSE Sonhecer melhor, em contrgurti,€ *© precede, coexiste pe hn te oe & 4 FOURS, ei Fs Opp 336 {12 COMPABDON.E Op cp “ Digitalizado com CamScanner anormal do século XIX, cegand inclusive, s ves, con- fundinse com ele; € que © acompanha to felmente como a ria sombra,e ue le persist a oferecer a nfacio das Tormas naturals eurdcs, ao longo de todo o séulo, are ferencia maior em reagto agi com o qual os desvios €s Alstnciamentos menores deverd ser meds. Mais ands receme que © mont val exerer esta fungho por mais categoria” do monsto natural cede espago a virada dos alo XI eas prineins dads do seulo XX, 8 mons silade “moral” das conduas criminals. E € provavelentt sobre ese pont que generalidade do processo que cond= do mons a anormal, central na compreensio foveal sa da stra dos anormal, deve por sua vez ser cog ‘No que esa generalidad sj, em seu principio, inex sms porque la tende a elimi, ainda, a0 campo 8 cna e do drt, e que © monsto tem realmente 8+ ‘moos de existncla que ees na soiedae ao longo do colo XIX. Foucault pratcamente 9s preocupa, com 6 ‘om transposiio da transgesso monstruosa da domi? deovivnteao dale com a magn da deformidade ana <2 em monsuosidade criminal, E¢ asim que ee vE “o tema de wma nauezamonsruosa de clminalidde ms monsruosdad que assume seus efeitos no cP? condita [1 nto no campo da natrea ela mesma (=! 4 Sear do ermine monsiruoso, a gua do monsto 19% bruscamente vat parecer com uma exuberincia muito 8" ‘0 ial do skclo XVI no inl do secu XIN 2 FOUCALAE M es ammaut Op ‘Temo que esta “arqueologia da anomalia® tenha sofido da press de pssar do mons seo a0 monsto moral continua sendo, com a contsaco da perk meio el 4 visoessencial do cuso dos so 1974-1975. Mas € uma coutra perspetiva sobre astra ds snormas qu aparece se, resistin a esta press, pemancermos um pouco mas Tongamente em compan do monsro fico 2 long de too 0 século. €¢ um outro dispositive = as gral aque one somente se enreruzam a Medicina eo init — ques desenhaentto, um dispositive com ramifcags names © pofundasnasocedae do séeulo XIX singslrment em sua cultura visual, que a presena do mons va asombat longamene ainda , potas, em prieio lga ent fag deste dispositive, que aaves € rigs 2 marr tugs do anormal ente sh, que ets piginas wo er com> ‘grades, Para em sepuida buscar mostrar a trasformaces storicas dauilo que se poderiadenominar “normatccio os norms", ou quanto menos a tentava prada ge Bovamente insse em querer tata, mas socidades dere “rica contemporines, 0 corps one aida pees ‘como monstruoss a manera de aratomis odin sons evar esbgat, pois, dos meas do selo NIX 40s anos de 1040, ura hss da wansformaco ds Pe Petes da defrmidade humana, ds semsibilias 29 Feticulo desta lina, do rataente das indivi go oe ‘So altigids. © que signifi reolcar quotes Fan ete simples, mas uj epost istoricamente ome, te comeeamn a aborts no cpt prectee: Pot w Digitalizado com CamScanner «qual trinsformacio das olhares sobre o corpo outroraviase somente monsirusidade lt onde um belo dia comegou-se a perceher uma enfermidade? Por qual mudanca de peespetiva aprendeu-se em seguida a discerir ali um handicap? Ao ter to de qual evolucio das sensibildades, nds hoje, parecemos dterminados a somente disinguir a dsseminacio infin das diferengas no espeticulo das pequenase das grandes ano- tnalas do corpo human? ‘A formalacio esta destasinterrogagbeso india: t+ ‘se aqu tanto de uma historia do olhar quanto de wina HS tora do corpo, e, mais precisamente ainda, de uma histri «as mutacdes das sensibiidades no campo do olhar pousade sobre o compo. EH que tis quesdesaravessa os objeto ue eunem a presente obra, corp, otha, dscutso, sages ‘process que vamos observaragu muitas vezes foi dese. ‘ poco demasiadamenterépido, como o de uma “me ‘alzaio" dos othares dos discursos sobre 0 corpo. O 4° ‘ecobrita exatamente este tro na redefnigo da div eure corpo normal e anormal desde 1840 até aproxined™ ‘mente 1940, pertodo histérco no qual se produz esta odo olhar? Exibir o anormal ara inciar a esposta,tansportemo-nos para a aris {foal do século XIX Noda de abril de 183 chegs 20 O° {do oder excutvo da capital a equine pee: “™ ‘picts de oss persia realmente conhecia #20 ‘ate pra exer wna das pagan de wns eae € em ua baraca ou (cm um slo, um fendmeno dos mis ‘extraodindros. So dois meninosunids pelo mesmo non 0, Els tem cinco anos de dade e sto vgnos, pres as cbecss, quatro brag, € um nico onc, ds pr "a les nunca foram exibidos em Pars mas vista 5, ‘maiores cidades da lia da Austra, da Sua evra ida des da Franca”, A peigo €assinada por Batista Toc, qe Se apresenta como o pai destes dois “meninosfenomeno. “Toec ple sua monsruossprogenitura aguardam um vere dicto do poder exceutivo, de preletncia “pda evo {Una pequena empresa fair lvaa asim pla Europa ‘corpo monstruoso de um dos suse lca com st ex $4o, Destinada a uma existencla nomad, ela se dslocna 30 Sabor da curiosidade publica por deformidades corporis. Ea letivamentetinha seus locals: barracas ou carrogasambulan- "es de feira 6 mais frequentemente, fandos de sas de ais ‘ palcos teatrais as vezes, saldes particulares para tepresen- {aces privadas mais excepcionalmente. Ocorria-he as vezes Se encontrar, & epoca, eis suspeies, ou mas insspios: ‘€m 1878, um denominado Alfred Claessen, empresirio de ‘monstros de além-Atlintico, quis, a sua chegada a Paris, exi- * uns “meninamacaca da Albina junto 2s anima do ‘domador | Bidel, em meio ao seu mangueirio do Boulevard de Usb" Bem uma meats desavada de te Ed Rnd *Pocirada e: ‘sombria, que Sit Frederick Treves, cirurgito do ton el Pett de Rte de Pi APP. Cte RUIZ. Doe #77 Deer Fomeange? Digitalizado corii’CamScanner hospital de Londres, por primeiro idemtificou, sob escombros cedetritos, John Merrick, “o homem-lefante™. Aprosimadamente um século nos separa da chegada a aris de Giovanni e Giacomo Toei, que a natureza os havia tornado insepariveis. A simples evocacio do espeticulo do «qual eles eram entio os stores involuntiios, parcee-nos, no cbstante td, evacar wm pasiado mais antigo, de uma outa cultura popular, de-um tempo ateico e eruel do exerico ho clharcurioso. far realmente muito tempo que 0 ati tho de sakmbanco da mulher barbada est vazio na Flra {do Trono,¢ que os espectadoresdesertaram as atragdes onde cntem se apinhavam as muliddes, nos "entra esa” do pas ‘cio pico de Vincennes. “En esa” dt-nos ules Valles, got » fex-eeandgrafo dos feirantes ede suas curiosidades humanas: “Denominames assim de teatro, em cortina oem tabled ‘intra ou barraca, os leas em que se apresentam os mon tos, bezeros 08 homens, ovelha ou mulheres A pals € ‘arate. © pablo sobe 0 fenomeno se apresenta, te/om Baldo ou fla, muge ou exteriors. Entrwae st ¢ i880". iso melhor exemplo da banalidade rotineirs J

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