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EMILE DURKHEIM Biblioteca Durkheimiana, 1 | O Individualismo e os Intelectuais (Edicdo Bilingue e Critica) Organizagao e Edicao MARCIA CONSOLIM MARCIO DE OLIVEIRA RAQUEL WEISS TSP onersnace oe sto auto Reltor Marco Antonio Zag Vice-reitor Vahan Agopyen fear (mE EDTORA DA UnavERSIADE De SHo PAULO CCOMISSAO EDITORIAL Presidente Rubens Ricupero Vice-presidente Carlos Alberto Barbosa Dantes (Chester Lulz Galva Cesar ‘Maria Angela Faggin Pereira Leite ‘Mayana Zatz | ‘Tinla Tomé Martins de Castro Valeria De Marco ditoraassistente Carla Fernanda Fontana fee Chefe Te. Din. Editorial Cristiane Silvestein — Copyright © 2016 by Organizadores Fic ctalogrifien uborada pelo Depastmento “Tenico do Sistema Integra de Bhlteas da ut. ‘Adopts conforme norma da Bie. 0 Indviusism eos Intlectuas / file Due: cufanaase e ego Maca Conon, Mirco de Ova, Roque Wes. Eat binge e etn Sao Paul: Eta do ‘Univesdae de Sto Paulo, 216. 192 p21 em (BllotecaDurkhenon, 1) Inc bioibogra, ince tematic indice onomdstien, {SBN 976-05.316-1595-1 1. Socalog 2, individual, 2, Duin, Eile 05619171 Consol, Marla. lv, Mie dh Wes, Raquel Til, ¥ Série o> 201 Direts reservados & Edusp ~ Feito da Universidade de Sto Paulo Ruz da Praca do Rego, 109-A, Cidade Universitéia (5508-050 = Sio Paulo ~ st ~ Brast Divisto Comerial: Te. 11) 3091-4008 f 3091-4150 wovmeduspcom.br- e-mail: edusp@usp.br Printed Sn Brasil 2016 Fol felt 0 depésit legal Para Bill Pickering Apresentacao da Colecdéo SERGIO MICELI iniciativa da Biblioteca Durkheimiana revela a saudével ZA tiie out eps 10s, Além de tradugées caprichadas de textos da Escola Sociolégica Francesa, os organizadores plangjam edigdes criticas € bilingues. Tal intento consiste em resttuir, em primeiro lugar, 2 histéria do texto, confrontando, se necessério, as varias edigbes publicadas pelo autor em vida. 0 aparato eritico inclui um dossié de artigos produzidos por especialistas e anexos documentais per- tinentes (resenhas, cartas etc). 0 leitor é instigado a assumir uma resposta calibrada, averiguando as escolhas dos tradutores e tendo a disposicdo instrumentos para ir além. Outro ponto digno de nota é o resgate de integrantes menos conhecidos dessa “Escola". Embora reconhecessem Emile Durkheim como patrio e patrono, 0s durkheimianos lograram posigio des- tacada no selo da Universidade Francesa da época por meio de um trabalho coletivo, dimensao a ser resgatada, em vez da reducio fre- quente desse experimento intelectual aos chefes de escola. Evocar novos nomes, bem como trazer a tona outras facetas das figuras 44 conhecidas, permitiré certamente uma visto mais abrangente e circunstanciada do grupo e de seus integrantes. A Biblioteca Durkheimiana recusa a visio uniforme e chapa- da de uma tradigdo intelectual. Longe de catequizar, vendendo 0 “cldssico” como conjunto de formulas no atacado, ela enxerga certa ‘tradigao intelectual como objeto de investigagao. Aqueles brinda- dos por esse manancial caberd a critica da heranca recebida, o que nao dispensa autocritica. Nota dos Coordenadores da Colecéo RAFAEL FARACO BENTHIEN RAQUEL WEISS sileiro de Estudos Durkheimianos (www.durkheim-brorg) ‘Trabalhando em sintonia com o British Centre for Durkhel- ian Studies (Inglaterra), 0 Laboratoire d'études durkheimiennes (Canada) e 0 Centre for the Study and Documentation of Religions and Political Institutions in Post-Secular Society (italia), tal centro ‘em por finalidade promover uma reflexao critica acerca da Escola Sociolégica Francesa, agregando, para isso, estudantes e pesquisa- dores de diversas areas ~ socidlogos, filésofos, antropdlogos, cien- tistas politicos, historiadores e linguistas. A presente Colegao & um dos meios para atingir essa finalidade. Tentando fugir do molde de uma tradugo pura, a Biblioteca Durkheimiana prope ao piiblico brasileiro ¢ internacional edigbes Dilingues ¢ criticas de textos pouco conhecidos ou jé esyotados. Importa aqui, sobretudo, fugir da ideia de um texto univoco, se- dimentado na voz traduzida do autor, e, enfim, “classico”, Afimal, nada mais perigoso para as ciéncias socials que a celebragdo de uma tradigdo que vende formulas prontas para serem aplicadas. Os textos tém uma historia, a qual se manifesta em seu préprio cor- po (nas modificagbes engendradas por seus autores), nos suportes em que foram publicados (revistas, livros) e nas reagdes que Vio aderindo ao original, tal qual um palimpsesto. E nesse cruzamento de diversas temporalidades, invariavelmente influenciado por con- ‘tingencias do momento, que é preciso situar-se para construir uma visio equilibrada e ponderada do que se le. Eis ai 0 motivo para termos preservado 0 original com sua paginacio (0 que permite uma autonomia do leitor quanto a tradugao), inserido anexos de época associados ao texto principal e, enfim, encomendado artigos de especialistas. A Biblioteca Durkheimiana é uma iniciativa do Centro Bra- Agradecimentos les que, direta ou indiretamente, viabilizaram a publicagéo deste volume: Sergio Miceli Pess6a de Barros, Rafael Faraco Benthien, Louis Pinto, Susan Stedman Jones, William Watts Miller, Rhuany Soares Faturi, Ricardo Cortez Lopes, Luiz Henrique Lopes do Santos, Massimo Rosati (in memoriam), Steven Lukes, Alexandre Goffmann, Karen Fields, Alexander Riley, Diego Villar, Stephen Robertson, Mike Gane, Jesse Carlson, Warren Schmaus, William Pickering, Florence Poinsot, da Société de V'histoire du protestan- tisme francais (siPF), Mathias Dreyfuss ¢ a Editora da Universidade de Sao Paulo. O: organizadores expressam aqui sua gratidao a todos aque- Sumario 1. Apresentago do Volume 7 2. Nota sobre a Tradugto ¢ 0 Aparato Critico 35 3. 0 Individualismo e os Intelectuais (Edigao Bilingue e Critica) 37 4, Dossié Critico 67 4.1 Durkheim, o Intelectual como Mandatdrio do Universal 69 Louis Pinto | 4.2 0 Século das “Grandes Revistas” Parisienses: A Revue des deur mondes ea Revue bleve antes do Affaire 75 ‘Marcia Consolim 43 0 Individualismo 85 Susan Stedman Jones 44 Durkheim, um “Intelectual” em Defesa do “Ideal Human” 95 Raquel Weiss 4.5 °O Individualismo e os Intelectuais" de Durkheim 107 William Watts Miller 4.6 Biobibliografia de Emile Durkheim 123 5. Anexos 133 5.1 Apés 0 Processo 135 | Ferdinand Brunetigre | 5.2. A Elite Intelectual e a Démocracia 169 | Emile Durkheim | 5.3 Teonografia 173 | | 6 Sobre Colaborndores 5 | | 7. indices 17 | 7 Apresentagao do Volume MARCIA CONSOLIM MARCIO DE OLIVEIRA RAQUEL WEISS G6 Nos acreditamos que nossas pesquisas nao mereceriam sequer ‘uma hora de nossos esforgos se elas tivessem apenas um inte- resse especulativo.” Com essa frase, apresentada logo na intro- dugao de sua tese de doutorado, Emile Durkheim afirma sua con- vvicgdo de que a sociologia, como ciéncia, pode muito mais do que apenas descrever ¢ explicar o real. Ela pode, inclusive, “ajudar-nos ‘a encontrar o sentido segundo 0 qual devemos orientar nossa con- duta e a determinar o ideal para 0 qual tendemos confusamente™. ‘Se esse trecho no deixa claro em que sentido pode-se dar essa attagao, que transcend um interesse especulativo, nem tampouco de que modo a sociologia pode ajudar no processo de encontrar 0 ‘melhor rumo para nossa conduta, ele ao menos evidencia que esta cra uma questo central para 0 autor. Profundamente marcado pela {nfluéncia de Charles Renouvier, Durkheim situava-se entre aque les intelectuais e cientistas comprometidos com a consolidacio da Terceira Reptblica, Desde 0 inicio de sua trajetdria intelectual, o jovem alsacia- no, oriundo de uma familia judia, esteve profundamente envolvido com as questies ¢ 0s valores republicanos que marcaram o destino da Franga. Ainda assim, foi apenas em 1898, com a publicagdo do texto “0 Individualismo ¢ os Intelectuais", que o engajamento com (0s valores da Terceira Repiiblica foi explicitado, Nesse ensaio, mais ddo que em qualquer outro até aquele momento, Durkheim mobiliza toda sua argiicia ¢ todo seu conhecimento filoséfico e sociolégico para defender aquele que acreditava ser 0 tinico ideal moral valido desejavel para a sociedade francesa da época, ¢, de certo modo, para todas as sociedades ocidentais modernas: 0 ideal do “indivi- dualismo moral", isto é, o ideal da dignidade humana. 1. Emile Duh, Dela dvson du tov oeo, 162, p x0 18 OIniduatome €05 neers # importante ressaltar, contudo, que ele ndo afirmava que esse {deal seria uma “invengao da ciéncia’, ainda que esta tivesse a prerrogativa de fazé-Io emergir com maior clareza. Em Durkheim hhd uma clara consciéncia de que nao é a ciéncia que cria 0 ideal a ser seguido; ela apenas ajuda a mostrar que todos os ideais sto sempre criagées sociais € que alguns deles correspondem as necessidades ¢ estruturas reais de uma sociedade em determinado momento. Eles so, portanto, desejaveis, enquanto outros dizem respeito a um estado de coisas passado ou simplesmente inexis- tente, Esse pressuposto teérico tem duas implicacdes. Por um lado, oferece-Ihe elementos sociolégicos para rejeitar posigdes que pre- conizam a conservagio ou a reestruturagao de instituigdes que foram importantes outrora, mas que jé nao teriam fundamento no quadro das novas condigdes sociais, Por outro lado, permite-lhe fazer uma defesa do ideal humano sem ter de assumir uma postura metafisica que pressuponha que tal ideal seja uma revelacdo de Deus ou da Razio. E por isso que, nesse texto, que tem um cardter propositivo e cientificamente engajado, a sociologia de Durkheim ‘mantém-se como elemento que sustenta todas suas posicdes. Isso resulta em uma argumentacio bastante original, a qual consiste cm dizer que 0 ideal humano é uma criagio social, e que, néo obstante a fragilidade desse fundamento, trata-se do tinico ideal possivel para evitar aquilo que seus detratores pensavam comba- ter, isto & um estado de caos ¢ de anomia, Em suma, Durkheim apresenta nova fundamentagio para o ideal do individualismo moral e, ao mesmo tempo, justifica a necessidade de sua defesa a partir das proprias condigdes de existéncia daquela sociedade, fazendo com que tanto sua origem quanto sua finalidade Ihe se- jam imanentes. 0 ensaio aqui publicado é uma pega singular no conjunto da obra durkheimiana, pois traz & tona elementos do espaco social € intelectual do qual autor fazia parte, de seu engajamento piiblico e de sua teoria social’, permitindo-nos uma compreenséo que vai além das interpretagdes candnicas baseadas exclusivamente nas grandes obras. Esse ensaio condensa as afirmagées centrais de seus textos clissicos, tais como De la division du travail social (1893) Le suicide (1897), e, ao mesmo tempo, prenuncia elementos cru- ciais que vieram a ser desenvolvidos mais tarde, culminando em 2. Osartigs de Louis Pita, Requel Wise Wiliam Wats ile apresentam elenentes que sua veconsri ett conteto ste para uma compeensio mais profundads 3 ‘se reset, ve stents ndeados ra Botbogafa Apresntgio do Vome 19 Les formes élémentaires de la vie religieuse (1912P, constituindo-se como uma ponte que une as preocupacbes iniciais de sua trajetéria académica as teses de sua fase mais madura, f precisamente em virtude de todas essas caracteristicas que escolhemos este ensaio para inaugurar a Biblioteca Durkheimiana. O artigo “Lindividualisme et les intellectuels” foi originalmente publicado na Revue politique et littéraire, conhecida também como Revue bleue', Esse texto de Durkheim veio a piblico ém 2 de julho de 1898 como uma reagao ao artigo de Ferdinand Brunetiére, pu- blicado na Revue des deur mondes em.15 de margo de 1898, e a toda a controvérsia que se seguiu, conforme serd exposto adiante, Embora tal publicago nao tenha provocado nenhuma reagio no Ambito da Revue bleue', sabe-se que ela gerou alguma polémica entre seus pares em Bordeaux’ e, ao mesmo tempo, evidenciou 0 papel de Durkheim ndo apenas como sociélogo, mas também como “intelectual"®, Contudo, embora o artigo tenha produzido grande polémica quando de sua publicagéo, configurando-se como um marco na carreira do autor, com o passat do tempo cai no es- quecimento, permanecendo ausente na literatura até pelo menos © comego da década de 1960, quando, entio, uma nova geragio de pesquisadores inicia um trabalho de recuperagao dos escritos de conjuntura de Durkheim, ampliando 0 horizonte do conheci mento que se tinha a respeito do autor’. A partir dessa década, Arelago ene ese artigo © 05 reeds ros &deidamenteexpiads nos argos de ‘Susan Sedan Jones ede Willa Wats Miler que comgtem oDosirtieo dest volume Para infooages dettnacas Sobre a reste, ver 0 aio de Warde Cnsolin no Dosit Cte deste volume ‘A wage do texto de Brunet const como anexo 0 presente lume Segundo a pesquisa realzads pr Rael aracoBerthien, nos nmerssubsequentes no 1 qualquer mengio 20 artigo de Duthlm, Cumpre ainda esaltar qu esa revista no possula una sepia de 'earas do to de medoque nd posse saber om preside ‘que modo osietoeseagiam a seus agumentos. 7. Resse respite Flue afm o sequin: “0 aga de juho provocu certo baru em Breaux un ceruniado local pe em cause Dut. Uma fh de protest ceuou ene os estudates elevantou assnaturs de numerososestudontes, indus os ces neo René Laeroe, Alocution de 1960 = testemunho confimado po H Durkee Son-Claude Feu, Aci Sorielew Ao, 1875, p73. 18 Sobre osigicado dos ‘inteletais" pagel contest ve as artigos de Lous into Ro- ‘ucla respltodasconseuénces ese eto pra care de Daren em ers -aeneni de conrisances ees ou de sensaton nouvel. Eleesdneie toute es professions art science) et est pour exer ete partelat ‘on en et vena tout aturelementapelrntletue! Tome qui sy consaee Ondeduatone cr Inletuais 39 “O Individualismo e os Intelectuais” questio que hi seis meses divide to dolorosamente o pats _A\ Sittin sme i ples questio de fato, difundiu-se pouco a pouco. A inter- vvengio recente de um conhecido literato' muito contribuiu para esse resultado! Parece que chegou 0 momento de renovar, de maneira decisiva, uma polémica que se prolonga em repetigées intteis. B por {sso que, em vez de retomar a discussdo daqueles fatos, quisemos dar tum salto e alcangar os prineipios: focalizamos o estado de espirito dos “intelectuais” ¢ as ideias que defendem, e ndo o detalhe de sua argumentagao. Se eles se recusam obstinadamente a “submeter seu centendimento & palavra de um general do exércto”, tal ocorre porque cevidentemente se arrogam o direito de julgar a questio por si mes- ‘mos, ou seja,é porque colocam sua razo acima da autoridade, ¢ 05 direitos do individuo Ines parecem imprescrtiveis. Portanto, fot seu individualismo que detemminou a dissidéncia, Mas, entio, ahirmam, se pretendem levar a paz a0s espiritos e prevenir o retomo de seme- nantes discérdias € preciso aferrar-se a esse individualismo. Deve-se estancar de uma vez por todas essa inesgotavel fonte de divisbes 1. Verostgado st Brunt, prs pros na Revue des dex mands de 15 de argo de 1058. 1 omencora tl wansformagie, Durkheim fa refertci qu zo general Georges Gai dePelie( 1242-1200), qu ora, en 198, a novsivesigeao sobre o Casa Naquele treme, o capo Ester, upto de ser overeat o ele de lg r= putado 20 capo fed Orel absoldo provsardoa famosa carta de mie 203 ey Acuso." stray fog ent para Landes ore via 2 falecere 1823 Ve, a est respeto, Pere Sbaum (de) a Porc defor Dreyfus 884 2. Netra evemente qu es awa, bastante cra, ro em forma ura senido imerinente uese heat alcsamente Oneal ngo¢ aque qu em orancio intent ungbessacas em que inci rj recess. Mash agus inde seam tengo, omeioe fin, omsrunena ee ati arees=-senesainie- ig pra lagen, ou para crquct-s comconhesment els 07005 smrmgies Gast otado desis profes fre cc) efor express parlance ‘uesechegou mui ratvainentescarardentéecal harem qua dase da = 40 Cindiinaine tes intel croisade a commencé contre ce fléau public, contre “cette grande ‘maladie du temps présent’. ‘Nous acceptons volontiers le débat dans ces termes. Nous aussi nous croyons que les controverses d’hier ne faisaient qu’exprimer superficiellement un dissentiment plus profond; que les esprits se sont départagés beaucoup plus sur une question de principe que sur une question de fait. Laissons donc de cOté les arguments de circonstance qui sont échangés de part et d'autre; oublions Iaffaire clle-méme et les tristes spectacles dont nous avons été les témoins. Le probléme qu'on dresse devant nous dépasse infiniment les inci- dents actuels et en doit étre dégage. Test une premiére équivoque dont il faut se débarrasser avant tout. Pour faire plus facilement le procés de I’individualisme, on le confond avec Iutilitarisme étroit et égoisme utilitaire de Spencer et des économistes. Cest se faire la partie belle. On a beau jeu, en effet, & dénoncer comme un idéal sans grandeur ce commercia- lisme mesquin qui réduit la société & n’étre qu'un vaste appareil de production et d'échange, et il est trop clair que toute vie commune est impossible s'il n’existe pas d'intéréts supérieurs aux inté-/8/- rets individuels. Que de semblables doctrines soient tratées d'anar- chiques, rien done n'est plus mérité et nous y donnons les mains. Mais ce qui est inadmissible, c'est qu'on raisonne comme si cet in- dividualisme était le seul qui existat ou méme qui fit possible. Tout au contraire, il devient de plus en plus une rareté et une exception. La philosophie pratique de Spencer est d'une telle misére morale qu'elle ne compte plus guére de partisans. Quant aux économistes, sils se sont laissés jadis séduire par le simplisme de cette théorie, depuis longtemps ils ont senti la nécessité de tempérer la rigueur de leur orthodoxie primitive et de s'ouvrir & des sentiments plus géné- reux. M, de Molinari est & peu prés le seul, en France, qui soit resté intraitable et je ne sache pas qu'il ait exereé une grande influence sur les idées de notre époque. En vérité si 'individualisme n’avait pas d'autres représentants, il serait bien inutile de remuer ainsi ciel et terre pour combattre un ennemi qui est en train de mourit ‘ranquillement de mort naturelle. ‘Mais il existe un autre individualisme dont il est moins facile de triompher. Il a été professé, depuis un siécle, par la trés grande Otndonatisno os Itlcuas 41 {ntemas. Uma verdadeira cruzada teve inicio contra essa calamidade piblice, contra “esse grande mal do tempo presente’ Aceitamos de bom grado o debate nesses termos. Cremos tam- bém que as controvérsias do passado exprimiram apenas super ficialmente uma divergéncia mais profunda, pois os espiritos se dividiram antes sobre uma questao de principios do que sobre uma questdo de fato, Deixemos de lado os argumentos de circunstancia ‘rocados entre uns e outros; esquegamos o caso em si € os ti tes espeticulos que testemunhamos. 0 problema que se apresenta diante de nés ultrapassa infinitamente os incidentes atuais e deve ser eliminado. Antes de qualquer coisa, € preciso desfazer-se de um primeiro equivoco. Para criticar mais facilmente o individualismo, confundem-no com o utilitarismo estreito e com o egoismo utilitirio de Spencer" e dos economistas. Iso significa facilitar a questo. Com efeito, & tio fcil denunciar como sendo um ideal sem grandeza esse mercantilis- ‘mo mesquinho que reduz a sociedade a ndo ser mais do que um vasto aparelho de produgao e de troca, pois esta bastante claro que toda ‘vida comum seria impossivel se néo existissem interesses superiores aos interesses individuais. Que semelhantes doutrinas sejam tratadas dde anarquicas, nada é mais merecido e estamos de acordo. Mas 0 que & inadmissivel & que se pense como se esse individualismo fosse 0 tinico existente ou possivel. Ao contréri, ele vem se tomnando cada vvez mais uma raridade e uma excecao. A filosofia prtica de Spencer € de tal miséria moral que quase no tem mais partidarios. Quanto 420s economistas, se outrora se deixaram seduzir pelo simplismo dessa teoria, desde hd muito sentiram a necessidade de temperar o rigor de sua ortodoxia primitiva para abrir-se a sentimentos mais generosos. Na Franca, o st. de Molinari* é talvez o tinico que permanecen in- transigente e, que eu saiba, nao exerceu grande influéncia sobre as ideias de nossa época. Na verdade, se o individualismo nao tivesse outros representantes, seria realmente imitil revirar 0 céu e a terra ppara combater um inimigo que esti morrendo tranquilamente de ‘morte natural. Mas existe outro individuatismo que é mais dificil de ser vencido. Ele é professado, hd um século, por uma diversidade de pensadores Tits sofa e cinta igls Herbert Spencer (1820-1903). lL Referencias economia begs Gustave de Molnar (1618-191, 42 Lindiiduatione ee tellers _généralité des penseurs: ‘est celui de Kant et de Rousseau, celui des spiritualistes, celui que la Déclaration des droits de "homme a tenté, plus ou moins heureusement, de traduire en formules, celui qu'on enseigne couramment dans nos écoles et qui est devenu la base de notre catéchisme moral. On croit, il est vrai, Patteindre sous le cou- vvert du premier, mais il en différe profondément et les critiques qui S‘appliguent 4 l'un ne sauraient convenir & autre. Bien loin qu'il fasse de V'ntérét personnel lobjectf de la conduit, il voit dans tout ce qui est mobile personnel ta source méme du mal. Suivant Kant, {je ne suis certain de bien agir que si les motifS qui me déterminent tiennent, non aux circonstances particuliéres dans lesquelles je suis placé, mais & ma qualité d’homme in abstracto, Inversement, mon action est mauvaise, quand elle ne peut se justifier logiquement que par ma situation de fortune ou par ma condition sociale, par mes {ntéréts de classe ou de caste, par mes passions etc. Cest pourquoi la conduite immorale se reconnalt & ce signe quelle est étroitement lige 4 V'individualité de I'agent et ne peut étre généralisée sans absurdité ‘manifeste. De méme, si suivant Rousseau, la volonté générale, qui est la base du contrat social, est infallible, si elle est expression authen~ tique de la justice parfait, cest quelle est une résultante de toutes les volontés particultres; par suite, elle constitue une sorte de moyenne impersonnelle d’oi toutes les considérations individuelles sont nées, parce que, étant divergentes et meme antagonists, elles se neu tralisent et s'effacent mutuellement. Ainsi, pour Tun et pour 'autre, les seules maniéres d'agir qui soient morales sont celles qui peuvent convenir & tous les hommes indistinctement, c'est-a-dire qui sont {mpliquées dans la notion de homme en général. Nous voila bien loin de cette apothéose du bien-etre et de 'inté- rt privés, de ce culte égoiste du moi qu’on a pu justement reprocher aT'individualisme utilitaire. Tout au contraire, d'aprés ces moralistes, le devoir consiste & détourner nos regards de ce qui nous conceme personnellement, de tout ce qui tient & notre individualité empi- rique, pour rechercher uniquement ce que réclame notre condition homme, telle qu'elle nous est commune avec tous nos semblables. Cet idéal dépasse méme tellement le niveau des fins utlitaires qu'il 3. V. Contato Loh ce ice Oladodnaisna eos Iicecaais 43 bastante grande: 0 de Kant e de Rousseau, o dos espirtualistas™, o que a Declaragio dos Direitos do Homem tentou com mais ou menos sucesso traduzir em formulas, 0 que se ensina correntemente nas escolas ¢ tomou-se a base de nosso catecismo moral. Acredita-se, € verdade, atingir esse individualismo sob a forma de seu primeiro sentido, mas ele difere profundamente daquele e as criticas que se aplicam a um nao podem servir ao outro. Longe de fazer do interesse pessoal 0 objetivo da conduta, ele enxerga em qualquer motivago pessoal a propria fonte do mal. Segundo Kant, estou certo de bem gir apenas quando os motivos que me movem se ligam nao as ¢ ccunstancias particulares em que me encontro, mas & minha qualidade de homem in abstracto’. Inversamente, minha agéo & ma quando encontrajustificativa apenas em minba sorte ou em minha condicéo social, em meus interesses de classe ou de casta, em minhas paixdes etc. E por isso que a conduta imoral faz-se reconhecer quando estreitamente ligada & individualidade do agente e nao pode ser generalizada sem causar espanto. Da mesma forma, se, segundo Rousseau, a vontade geral, base do contrato social, é infalivel, se cla a expresso auténtica da justica perfeita, é porque ela é a resultante de todas as vontades particulares. Por conseguinte, ela constitui uma espécie de média impessoal da qual todas as con- sideragdes individuais so eliminadas, uma vez que as divergen- cias e mesmo os antagonismos se neutralizam e se anulam mu ‘tuamente. Assim, para Kant e Rousseau, as tinicas maneiras de agir consideradas morais so aquelas que podem convir a todos os homens indistintamente, ou seja, que estejam implicadas na nogio do homem em geral Estamos bem longe dessa apoteose do bem-estar ¢ do inte- resse privados, desse culto egoista do eu do qual se pode de fato itario. Pelo contrério, segundo esses moralistas, 0 dever consiste em desviar nossos olhiares daquilo que nos diz respeito pessoalmente e de tudo aquilo que se liga & nossa individualidade empirica, para buscar apenas o que advém de nos- sa condigdo humana e que partilhamos com nossos semelhantes. Esse ideal ultrapassa de tal maneira o nivel dos fins uilitrios, que In. Tintase de um movinentoflossfic tastateinvente no cent itletal rane are mas informagbes a espeto do esptualsmo anc da reaps de Dur com ss escola ver Wen Schmaus, Rethinking Durteim and ni Talon, 2004, Fankin opatio Siva, ements para lnagem Moraldo Homem ra oso ances Final do Stevo 1960. ve Emlatin no ora 3. Ver Contato Seco io cop. Ll 44 Lindotetos fer nla apparait aux consciences qui y aspirent comme tout empreint de religiosité. Cette personne humaine, dont la définition est comme la pierre de touche d'aprés laquelle le bien se doit distinguer du mal, est considérée comme sacrée, au sens rituel du mot pour ainsi dire. Elle a quelque chose de cette majestétranscendante que les Eglises de ‘ous les temps prétent a leurs Diewx; on la concoit comme investie de cette propriété mystérieuse qui fait le vide autour des choses saintes, aqui les soustrait aux contacts vulgaire et les retire de la circulation commune. Et cest précisément de la que vient le respect dont elle est objet. Quiconque attente & une vie d’homme, & la liberté d'un homme, a Thonneur d'un homme, nous inspire un sentiment d'hor- reur, de tout point analogue celui qu’éprouve le croyant qui voit profaner son idole. Une telle morale n'est donc pas simplement tine discipline hygiénique ou une sage économie de Texistence; c'est une religion dont l'homme es, la fois, le fete et le Diu. ‘Mais cette religion est individualist, puisqu’elle a Thomme pour objet, et que Thomme est un individu, par dénition. Méme i n'est pas de systéme dont lindividualisme soit plus intransigeant, Nulle par, les droits de individu ne sont affirmés avec plus d’énergie, puisque Tindividu y est mis au rang des choses sacro-saintes; mulle part i n'est plus jalousement protégé contre les empiétements du dehors, do’ quils viennent. La doctrine de utile peut faclement accepter toute sorte de compromissions, sans mentir & son axiome fondamen- tal; elle peut admetire que les libertés individuelles soient suspendues toutes les fois que T'ntérét du plus grand nombre exige ce sacrifice. Mais il n'y a pas de composition possible avec un principe qui est ainsi ris en dehors et au-dessus de tous les intéréts temporels, I n'y a pas de raison d'Etat qui pulsse excuser un attentat /9/ contre la personne quand les droits de la personne sont au-dessus de IFtat. Si done T'in- dividualisme est, par lui-méme, un ferment de dissolution morale, on doit le voir manifester ici son essence anti-sociale. - On congoit quelle cst, cette fois, la gravité de la question. Car ce libéralisme du xvi siecle qui est, au fond, tout objet du litige, n’est pas simplement une ‘théorie de cabinet, une construction philosophique; il est passé dans les fats, i a pénétré nos institutions et nos meeurs il est mélé & toute notre vie, et si, vraiment, i fllait nous en défaire, C'est toute notre organisation morale qu'il faudrait refondre du méme coup. Oudedutisna eos nletnats 45 cle aparece as consciéncias que o aspiram como impregnado de religiosidade. A pessoa humana, cuja defimigo € como a pedra de toque por meio da qual 0 bem se distingue do mal, é considerada sagrada por assim dizer, no sentido ritual do termo. Ela possui al- uma coisa dessa majestade transcendente que as igrejas de todos 6s tempos emprestam a seus deuses; concebemo-la como investida dessa propriedade misteriosa que cria um vazio em tomo das coisas santas, que as subtrai aos contatos vulgares eas retira da circulagao comum. # precisamente dai que vem o respeito que se ihe destina Qualquer um que atente contra a vida de um homem, sua liberdade ou sua honra, provoca-nos um sentimento de horror, exatamente andlogo quele que experimenta o crente que vé seu idolo ser pro- fanado. Tal moral nao é simplesmente uma disciplina higiénica ou ‘uma sensata economia da existéncia, mas uma religiéo em que 0 hhomem é, a0 mesmo tempo, o fiel ¢ 0 Deus. Contudo, essa religido € individualista, pois o homem é seu objeto, € 0 homem por definigdo é um individuo. Nao existe situa- ‘do em que o individualismo seja mais intransigente. Em lugar algum os direitos do individuo slo afirmados com mais energia, uma vez que o individuo ai esta colocado no nivel das coisas s2~ crossantas; em nenhum ugar ele é mais cuidadosamente protegido das usurpacdes do exterior, de onde quer que veniam, A doutrina utiitarista pode facilmente aceitar todo tipo de compromisso, sem falsear seu axioma fundamental, assim como pode admitir que as liberdades individuais sejam suspensas todas as vezes que o inte- resse da maioria exija tal sacrificio. Mas ndo se pode aceitar um principio situado fora e acima de todos os interesses temporais. Nao ha razao de Estado” que possa desculpar um atentado contra 4 pessoa quando os direitos da pessoa estio acima do Estado. Se, ortanto, 0 individualismo é, em si, um fermento da dissolugéo moral, devemos vé-lo manifestar aqui sua esséncia antissocial. ~ Concebe-se assim a gravidade da quest2o. Pois o liberalismo do século Xvitt que, no fundo, ¢ 0 objeto do litigio, nao é simplesmente uma teoria de gabinete ou uma construgao filoséfica, uma vez. que se transportou aos fatos, penetrou nas insttuigdes € nos costumes, entrou totalmente em nossa vida. Caso nos livréssemos dele, seria preciso, no mesmo ato, reconstruir toda nossa organizacao moral. Durkheim fz referncaapui aartign “Eu Acus" o esstr Emile Zola (1961-1202, ‘ig ao presidente Francs, Fx Fur, publadoem 13d janeiro de 188 joa [Aurore eis das depos da candusi ds nova imvstongte sobre o capo Estey (et ‘ot 6) Ce Ee Zola, oceuse eaves ets sur tare Dry présetés par Philp Ort 1998. 46 insinuate eels " Or, cest deja un fait remarquable que tous ces théoriciens de l'n- dividualisme ne sont pas moins sensibles aux droits de la collectivite aqu’a ceux de Iindividu. Nul n'a plus fortement insisté que Kant sur Te caractire supra-individuel de la morale et du droit; il en fait une sorte de consigne & laquelle "homme doit obéir parce qu’elle est a consigne et sans avoir & la discuter; et si on lul a reproché parfois @'avoir outré autonomic de la raison, on a pu dire également, non ‘sans fondement, qu'il a mis la base de sa morale un acte de foi et de soumission iraisonnees. ailleurs, les doctrines se jugent surtout par leurs produits, cest-i-dire par l'esprit des doctrines qu'elle suscitent: ‘or, du antisme, sont sorties 'éthique de Fichte, qui est déja tout in prégnée de socialisme, eta philosophie de Hegel dont Marx fut le dis- ciple. Pour Rousseau, on sait comment son individualisme est double «une conception autoritair de l socité, A sa suite, les hommes de la Révolution, tout en promulguant la fameuse Déclaration des droits, font fait la France tne, indivisible, centralisée, et peut-étre méme faut-il voir avant tout, dans 'ceuvre révolutionnaire, un grand mou- ‘yement de concentration nationale, Enfin, a raison capitale pour laquelle les spirtualistes ont toujours combattu la morale utilitaire, est qu'elle leur paraissait incompatible avec les nécessités sociales. DDira-t-on que cet éclectisme ne va pas sans contradiction? Certes, nous ne songeons pas a défendre la maniére dont ces différents pen- seurs s'y sont pris pour fondre ensemble ces deux aspects de leurs systémes. Si, avec Rousseau, on commence par faire de individu tne sorte d'absolu qui peut et qui doit se suffire & sol-méme, il est évidem ‘ment difficile d'expliquer ensuite comment l'état civil a pu se consti ‘uer. Mais il s'agit présentement de savoir, non si tel ou tel moraliste a réussi A montrer comment ces deux tendances se réconcilient, mais si, en elles-mémes, elles sont conciliables ou non. Les raisons qu’om a données pour établir leur unité peuvent tre sans valeur, et cette unité fatre réelle; et déja le fait qu’elles se sont généralement rencontrées chez les mémes esprits est tout au moins une présomption qu‘lles sont contemporaines; d'oi il suit qu'elle doivent dépendre d'un méme état social dont elles ne sont vraisemblablement que des aspects différents. Ft, en effet, une fois qu’on a cessé de confondre I'individualisme avec son contraite, est-i-dire avec Iutlitarisme, toutes ces préten- dues contradictions s'évanouissent comme par enchantement, Cette religion de Mhumanité a tout ce quill faut pour parler & ses fidéles sur un ton non moins impératif que les religions qu'elle remplace. Bien loin qu'elle se borne a flatter nos instincts, elle nous assigne ‘un idéal qui dépasse infiniment la nature; car nous ne sommes pas Ofndioaatione os Intervals 47 0 Ora, é um fato notvel que todos esses tedricos do individualis- mo sejam tio sensiveis aos direitos da coletividade quanto aos do individuo. Ninguém insist tanto quanto Kant no caréter suprain~ dividual da moral e do direito. Ele fez disso uma espécie de ordem f qual o homem deve obedecer sem discussao porque é uma ordem, E se por vezes o acusaram de ter exagerado a autonomia da razao, ‘também se pode afirmar, nio sem fundamento, que ele colocow na base de sua moral um ato irracional de fé e de submissto. Als, as doutrinas sio julgadas, sobretudo, por seus produtos, ou seja, pelo spirit das doutrinas que suscitam: ora, do kantismo originaram-se a ética de Fichte, jé impregnada de socialismo, ea filosofia de Hegel da qual Marx se fez discipulo. Em relacéo a Rousseau, sabe-se como seu individualismo vem acompanhado de uma concepgao autoritiria de sociedade, Em seguida, os homens da Revolugéo, ao promulgar @ famosa Declaracio dos Direitos, conceberam uma Franga unificad indivisivel e centralizada, ou se, fizeram uma obra revotuciondtia aque talvez deva ser considerada essencialmente um grande movi- mento de concentrago nacional. Enfim, a principal razio pela qual os espiritualistas sempre combateram a moral utlitéria & que ela Ihes parecia incompativel com as necessidades socias. Pode-se dizer que tal ecletismo € contraditério? Certamente, nfo pretendemos defender a maneira como esses diversos pensa- dores se dedicaram a conjugar esses dois aspectos de seus siste~ mas. Se, com Rousseau, comecou-se por fazer do individuo uma espécie de absoluto que pode deve bastar-se @ si mesmo, & realmente dificil explicar como o estado civil pode se constitui em seguida. Trata-se aqui de saber nao se tal moralista conseguiu mostrar como essas duas tendéncias se reconciliam, mas se em si rmesmas elas so ou nao concilidveis. As razdes que foram dadas para estabelecer sua unidade potiem nao ter valor, ¢ tal unidade ser real, pois 0 fato de coabitarem frequentemente os mesmos espititos indica que elas so contemporaneas e devem depender de um mesmo estado social, do qual so possivelmente apenas aspectos distintos. Com efeito, uma vez. que deixamos de confundir o individua- lismo com seu contrétio, ou seja, com 0 utilitarismo, todas essas pretensas contradigdes desaparecem como por encanto. Essa réligiao dda humanidade tem tudo o que € preciso para falara seus fis em um tom no menos imperativo que as religides que [ela] substitui, Longe de apenas agradar nossos instintos, ela nos atribui um ideal que ultrapassa infimitamente a natureza, pois ndo somos naturalmente 10 Lindisiuaine os inlets naturellement cette sage et pure raison qui, dégagée de tout mobile personnel, légifererait dans Fabstrait sur sa propre conduite. Sans doute, si la dignité de Vindividu Tui venait de ses caractéres indi- Viduels, des particularités qui le distinguent d'autrui, on pourrait craindre qu’elle ne Venfermat dans une sorte d'égoisme moral qui rendrait impossible toute solidarité, Mais, en réalit, ila regoit d'une source plus haute et qui lui est commune avec tous les hommes. Sil a droit & ce respect religieux, c'est qu'il a en lui quelque chose de Phumanité. Cest Vhumanité qui est respectable et sacrée; or elle nest pas toute en lui. Elle est répandue chez tous ses semblables; par suite ne peut la prendre pour fin de sa conduite sans étre oblige de sortir de soi-méme et de se répandre au-dehors. Le culte dont il est, & la fois, 'objet et Pagent, ne adresse pas & I'étre particulier quill est et qui porte son nom, mais Ta personne humaine, ot qu'elle se rencontre, sous quelque forme qu'elle s'incarne. Impersonnelle et anonyme, une telle fin plane donc bien au-dessus de toutes les consciences particuliéres et peut ainsi leur servir de centre de rallie~ ‘ment, Le fait qu'elle ne nous est pas étrangére (par cela seul qu'elle cesthumaine) niempéche pas qu'elle ne nous domine. Or, tout ce qu'il faut aux sociétés pour étre coherentes, 'est que leurs membres aient Jes yeux fixés sur un méme but, se rencontrent dans une méme foi, rmais il n'est nullement nécessaire que Fobjet de cette foi commune ne se rattache par aucun lien aux natures individuelles. En défini- tive, Vindividualisme ainsi entendu, cest la glorification, non du 1moi, mais de individu en général I a pour ressort, non 'égoisme, imais la sympathie pour tout ce qui est homme, une pitié plus large pour toutes les dauleurs, pour toutes les miséres humaines, un plus ardent besoin de les combattre et de les adoucir, une plus grande soif de justice. N¥y a-til pas 1a de quot faire communier toutes les bonnes volontés. Sans doute, il peut arriver que I'in-/10/-dividua~ lisme soit pratiqué dans un tout autre esprit. Certains l'utilisent pour leurs fins personnelles, lemploient comme un moyen pour couvrir leur égotsme et se dérober plus aisément a leurs devoirs envers 1a société. Mais cette exploitation abusive de individualisme ne prouve rien contre lui, de méme que les mensonges uilitaires de 'hypocrisie religieuse ne prouvent rien contre la religion ‘Mais j'ai hite d’en venir a la grande objection. Ce culte de Yhomme a pour premier dogme l'autonomie de la raison et pour premier rte le libre examen. Or, dit-on, si toutes les opinions sont libres, par quel miracle seraient-elles harmoniques? Si elles se for- ‘ment sans se connaftre et sans avoir & tenir compte les unes des autres, comment ne seraient-elles pas incohérentes? Lanarchie O Indndutisne eae tele 43 «ssa sibia ¢ pura razdo que, liberada de qualquer motivago pessoal, Iga stamens abe» prot ens eda 4ignidade do individuo tivesse origem em suas caractersticas indi- viduais ou em partcularidades que o distinguem de outrem, poder- -se-ia temer que ela 0 confinasse em uma espécie de egoismo moral que tomaria impossivel qualquer solidariedade. Contudo, na reali- dade, ele a recebe de uma origem mais elevada que ele partitha com todos os homens. Se ele tem direito a esse respeito religioso é porque te nele algo da humanidade. £ a humanidade que ¢ respeitével e sagrada, mas ela ndo esta exclusivamente nele, pois esta espalhada por todos seus semelhantes. Por conseguinte, ele nao pode tomé-la ‘como objetivo de seu comportamento sem ser obrigado a sair de si ‘mesmo ¢ expandir-se. 0 culto de que ele é, ao mesmo tempo, o objeto € 0 agente, nio se ditige ao ser particular que ele € e que carrega seu nome, mas & pessoa humana, esteja onde estiver e seja qual for a forma em que se encarne, Impessoal ¢ anénimo, tal fim paira muito aacima de todas as consciéncias particulares e pode assim servir-lhes de centro de ligagao, 0 fato de ele nfo nos ser estranho {unicamente Por ser humano) nao impede que ele nos domine. Ora, tudo o que preciso as sociedades para serem coerentes € que seus membros ‘tenham os olhos fixos em um mesmo objetivo e se encontrem numa ‘mesma fé, Mas néo é absolutamente necessério que o objeto desta £€ comum se ligue por algum vinculo as naturezas individuais. Enfim, o individualismo assim entendido é a glorificaglo, nao do cu, mas do individuo em geral. 0 que o move nao é 0 egoismo, mas a simpatia por tudo o que é humano, uma maior piedade por todas as dores e por todas as misérias humanas, bem como uma necessidade ardente de combaté-las e de atenué-las e, enfim, uma maior sede de Justica, Nao se tem af o suficiente para fazer comun- gar todas as boas consciéncias? Sem diivida, pode acontecer que 0 individualismo seja praticado num espirito bem diferente. Alguns 0 utilizam para fins pessoais; empregam-no como um meio de enco- brir seu egoismo ¢ furtar-se mais facilmente aos seus deveres para com a sociedade. Mas essa exploragao abusiva do individualismo nada prova contra ele, assimn como as mentiras utilitras da hipo- crisia religiosa nada provam contra a religio. Mas tenho pressa em abordar a principal objecdo. Esse culto do homem tem como primeiro dogma a autonomia da razio e coro 0 primeiro ritoo livre exame. Ora, afirmam, se todas as opinides slo li- ‘vres, por qual milagre seriam harménicas? Se clas se constituem sem se comhecer e sem ter de levar em consideragao umas as outras, como ‘no seriam incoerentes entre si? A anarquia intelectual e moral seria 50° indian ees elects intellectuelle et morale serait donc la suite inévitable du libéra- lisme. Tel est argument, toujours réfuré et toujours renaissant, que les étemels adversaires de la raison reprennent périodiquement, avec une persévérance que rien ne décourage, toutes les fols qu'une lassitude passagere de l'esprit humain le met davantage & leur mer- Oui, il est bien vrai que I'individuatisme ne va pas sans un certain intellectualisme; car la liberté de la pensée est la premiére des libertés. Mais, o@ a-t-on vu qu'il ait pour conséquence cette absurde infatuation de soi-méme qui enfermerait chacun dans son sentiment propre et ferait le vide entre les intelligences? Ce qu'il cexige, c'est le droit, pour chaque individu, de connaitre des choses dont il peut légitimement connaitre; mais il ne consacre nullement je ne sais quel droit & I'incompétence, Sur une question oi je ne ‘puis me prononcer en connaissance de cause, il ne cotite rien & mon indépendance intellectuelle de suivre un avis plus compétent. La collaboration des savants n'est méme possible que grace a cette dé- férence mutuelle; chaque science emprunte sans cesse a ses voisines des propositions qu'elle accepte sans vérification, Seulement, il faut des raisons a ma raison pour qu'elle s‘incline devant celle d’autrui. Le respect de lautorité n’a rien dincompatible avec le rationalisme pourvu que lautorité soit fondée rationnellement. Crest pourquoi, quand on vient sommer certains hommes de se rallier & un sentiment qui n'est pas le leu, il ne suffi pas, pour les convainere, de leur rappelerce lew commun de rhétorique baniale que la société n'est pas possible sans sacrifices mutuels et sans un certain esprit de subordination; il faut encore justfier dans lespéce la doct 1ité qu’on leur demande, en leur démontrant leur incompétence. Que si, au contraire, il s'agit d'une de ces questions qui ressortissent, par définition, au jugement commun, une pareill abdication est contraire A toute raison et, par conséquent, au devoir. Or, pour savoir s'il peut tre permis 4 un tribunal de condamner un accuse sans avoir entendu sa défense, i n'est pas besoin de lumiéres spéciales, C'est un probléme de morale pratique pour lequel tout homme de bon sens est compétent et dont nul ne doit se désintéresser. Si donc, dans ces temps demiers, un certain nombre d'artistes, mais surtout de savants, ont cru devoir tnitoduatsmo as Ideas 51 assim a consequéncia inevitivel do liberalismo. Tal ¢ 0 angumento, sempre rejeitado e sempre renascido, que os etemos adversirios da razio retomam periodicamente, ¢ com uma perseveranga que coisa alguma faz esmorecer, todas as vezes que um cansaso passageiro do espirito humano Ihes torna isso vantajoso. Sim, é bem verdade que o individualismo niio caminka sem certo intelectualismo, pois aliber- dade do pensamento é a primeira das liberdades. Mas, onde jd se viu que o individualismo tenha por consequéncia essa absurda satisfagio de si mesmo que confinaria cada qual em seu préprio sentimento € criaria 0 vazio entre as intligéncias? 0 que ele exige ¢ 0 direito de cada individuo de conhecer coisas que ele pode legitimamente conhecer, 0 que nao significa consagrar qualquer dreito& incompe- téncia. Sobre uma questio acerca da qual nio posso me pronunciar com conhecimento de causa, nada custa & minha independéncia in- ‘electual seguir uma opinigo mais competente. A colaboracao dos Cientistas sé ¢ mesmo possivel gragas a essa diferenga miitua, pois cada ciéncia empresta constantemente s [suas] vizinhas proposigdes que aceita sem verificar. Tudo o que é necessrio sio apenas raz6es para que minha razio se incline diante da de outro. O respeito pela autoridade nada tem de incompativel com o racionalismo desde que 4 autoridade estejaracionalmente fundamentada. Por isso, quando se exige de certos homens que se agrupam em tomo de um sentimento que nao é o seu, para convencé-los, néo basta lembré-los desse lugar comum da retdrica banal, segundo © qual a sociedade nao € possivel sem sacrficios mituos e sem algum espirito de subordinacao, mas preciso também justificar nese caso especifico” a docilidade que se lhes pede, demonstrando sua incompeténcia. Quando, ao contririo, trata-se de uma dessas {quest6es que mobilizam por definicdo o juizo comum, tal abdicacdo seria contréria a qualquer razio c, em consequéncia, ao dever. Ora, nio ¢ preciso muito esclarecimento para saber se seria legitimo um ‘tribunal condenar um acusado sem ter ouvido sua defesa. Trata-se 4ée um problema de moral pratica para o qual todo homem de bom senso é competente e pelo qual ninguém deve se desinteressar. Se, Portanto, nos ilkimos tempos certo mimero de artistas" e, mais Emit no oil i. Darteim roselnente eee gu anpintres Cue Moet, al Signo Jean-Euard alla 05 eestor Emile Zl, Octave Mbeau, Marcel Proust atl nce ene ‘cues, que adsam 8 cous do capto Ae refs. Os dos its exrtores ehearrn mesmo a extra do Cos reuse gare pssagers em es qu pubicram ent. For outo ido, eves embrar que outros pntres, como Edged Degas Pel Ckzanne ¢ Ptre-Auguste enol ent outa estveram no cam do contri» res aa mais ‘etales ver Pere Brbaun, LAD Lo Rp pi 1834, 52 Lindodvtiome of es inlets refuser leur assentiment & un jugement dont la légalité leur paraissait suspecte, ce n'est pas que, en leur qualité de chimistes ou de philolo- ‘gues, de philosophes ou d'historien, ils satribuent je ne sais quels priviléges spéciaux et comme un droit éminent de contre sur la chose jugée. Mais C'est que, tant hommes, ils entendent exercer tout leur droit dhommes et retenir par-devers eux une affaire qui releve de la seule raison. Il est vrai quils se sont montrés plus jaloux de ce droit que le reste de la socisté; mas st simplement que, par suite de leurs habitudes professionnells, i leur tient plus & cur. Accoutumés par la pratique de la méthode scientifique & réserver leur jugement tant quils ne se sentent pas écairés, i est naturel quils cédent moins facilement aux entrainements de la foule et au prestige de 'autorité, Non seulement l'individualisme n'est pas l'anarchie, mais c'est désormais le seul systéme de croyances qui puisse assurer lunité morale du pays. On entend souvent dire aujourd'hui que, seule, une religion peut produire cette harmonie. Cette proposition, que de modernes prophétes croient devoir développer d'un ton mystique, est, au fond, un simple truisme sur Tequel tout le monde peut s'accorder. Car on sait aujourd'hui qu'une religion n'implique pas nécessaire- ‘ment des symboles et des rites proprement dits, des temples et des prétres; tout cet appareil extérieur n’en est que la partie superfi- cielle. Essentillement, elle n'est autre chose qu'un ensemble de croyances et de pratiques collectives d'une particuliére autorité. Dés qu'une fin est poursuivie par tout un peuple, elle acquiert, par suite de cette adhésion unanime, une sorte de suprématic morale qui Yéléve bien au-dessus des fins privées et lui donne ainsi un carac- tire religieux. D'un autre coté, il est évident qu'une société ne peut tre cohérente s'il n‘existe entre ses membres une certaine commu- nnauté intellectuelle et morale, Seulement, quand on a rappelé une fois de plus cette évidence soctologique, on n'est pas beaucoup plus avancé; car s'il est vrai qu'une religion est, en un sens, indispen- sable, il est non moins certain que les religions se transforment, que celle d'hier ne saurait étre celle de demain. Limportant serait donc de nous dire ce que doit étre la religion d’aujourd'hul. Oludadaatime co Intlstaae 53 ainda, de cientistas*, acreditou dever discordar de um julgamento cuja legalidade Ihe parecia suspeita, no é porque, na qualidade de quimicos ou de filélogos, de filésofos ou de historiadores, eles se atri- ‘buem certos privilégios especiais e um direito superior de fiscalizar a coisa julgada. Mas ¢ que, como homens, eles pretendem exercer todo seu direito de homens e salvaguardar para si um caso que depende ‘exclusivamente da razdo. f verdade que eles se mostraram mais ze- losos desse direito que o restante da sociedade; mas simplesmente Porque, seguindo seus hébitos profissionais, isso significa muito para «les, Acostumados, pela pritica do método cientifico, a suspender seu Julgamento até que se sintam esclarecidos, é natural que nao cedam facilmente aos impulsos da multidao e ao prestigio da autoridade. m Nao apenas 0 individualismo ndo é a anarquia, mas doravante € 0 tinico sistema de crengas que pode garantir a unidade moral do pais. Hoje ouve-se dizer frequentemente que somente uma religio poderia produzir essa harmonia. Essa proposigo, que os modemnos profetas acreditam dever desenvolver em um tom mistico, & no fundo, um simples truismo sobre 0 qual todos podem concordar. Atualmente sabemos que uma religito nao implica necessariamen- te simbolos ¢ ritos propriamente ditos, nem templos ou padies; todo este aparato exterior ndo é mais do que a parte superficial. Essencialmente, ela nao € outra coisa que um conjunto de crengas € de priticas coletivas oriundas de uma autoridade particular. A partir do momento que um fim € perseguido por todo um povo, ele adquire, em consequéncia dessa adesto unanime, uma espécie de ssupremacia moral que eleva bem acima dos fins privados e Ihe con- fere assim um caréter religioso, Por outro lado, € evidente que uma sociedade s6 pode ser coerente quando existe entre seus membros certa comunidade intelectual e moral. No entanto, apés lembrarmos mais uma vez essa evidéncia socioldgica, pouco se avancou; afinal, se é verdade que uma religido é, em certo sentido, indispensivel, nao & menos certo o fato de que as religides se transformam, que essa de ontem no possa ser aquela de amanba. O importante seria entdo dizer o que deve ser a religiéo de hoje. 1% Durtheim provaveimente fz refer aqui intelectual prxinos come Cesta Bovgl oilog}, Cares Segnotoshitrador) eFangls Sand (economist), ma ‘amaem aie Ducaue(quimicol ent ote Bnbaum Afar Dreys- I epubigue npei 1894 Marie hy Les am nen Se mobilser pour Deus 687-108, 2, Ver. enfin, historiador Emmanuel Naguet, que mantem uma cluna com as recent esquises sobre o Caso ne ewe istogue Autonet 11/0r tout concourt précisément & faire croire que la seule pos- sible est cette religion de Vhumanité dont la morale individualiste est I'expression rationnelle. A quoi, en effet, pourrait désormais se prendre la sensibilité collective? A mesure que les sociétés deviennent plus volumineuses, se répandent sur de plus vastes terstoires, les traditions et les pratiques, pour pouvoir se plier & Ja diversité des situations et & la mobilité des circonstances, sont obligées de se te dans un état de plasticité et d'inconsistance qui n’offre plus assez de résistance aux Variations individuelles. Celles-ci, étant moins bien contenues, se produisent plus librement et se multiplient: c’est-&- dire que chacun suit davantage son sens propre. En méme temps, par suite d'une division du travail plus développée, chaque esprit se trouve tourné vers un point différent de I'horizon, refléte un aspect différent du monde et, par conséquent, le contenu des consciences différe d'un sujet & Tautre. On s'achemine ainsi peu & peu vers un ‘état, qui est presque atteint dés maintenant, et oli les membres d'un meme groupe social n‘auront plus rien de commun entre eux que Tear qualité d’homme, que les attributs constitutifs de la personne qumaine en général, Cette idée de la personne humaine, nuancée dif- féremment suivant la diversité des tempéraments nationaux, est done la seule qui se maintienne, immuable et impersonnelle, par-dessus Je flot changeant des opinions particuliéres; et les sentiments qu'elle éveille sont es seuls qui se retrouvent a peu prés dans tous les coeus. La communion des esprits ne peut plus se faire sur des rites et des préjugés définis puisque rites et préjugés sont emportés par le cours des choses; par suite, il ne reste plus rien que les hommes puissent aimer et honorer en commun, si ce n'est "homme lul-méme. Voila comment I'homme est devenu un dieu pour l'homme et pourquoi il ze peut plus, sans se mentir & soi-méme, se faire d'autres dieux. Et comme chacun de nous incarne quelque chose de lhumanité, chaque conscience individuelle a en elle quelque chose de divin, t se trouve ainsi marquée d'un caractére qui la rend sacrée et inviolable aux autres. Tout l'individualisme est 1a; et c'est 18 ce qui en fait la doc- ‘tine nécessaire. Car, pour en arréter lessor, il faudrait empécher les hommes de se différencier de plus en plus les uns des autres, niveler leurs personnalités, les ramener ati vieux conformisme d'autrefois, contenir, par conséquent, la tendance des sociétés & devenir toujours plus étendues et plus centralisées, et mettre un obstacle aux progres incessants de la division du travail; or une telle entreprise, désirable ‘ou non, dépasse infiniment toutes les forces humaines. Que nous propose-t-on, d’ailleurs, la place de cet individua~ lisme décrié? On nous vante les mérites de la morale chrétienne et a DO tnividuatione co tlestoie 55 ra, tudo concorre precisamente para fazer crer que a tmica pos- sivel seja essa religido da humanidade da qual a moral individualista €a expressdo racional. A que, com efeito, a sensibilidade coletiva poderia doravante aderir? A medida que as sociedades se tornam mais densas ¢ estendem-se por terrtérias mais vastos, & preciso que as tradigdes e as priticas, para poder moldar-se & diversidade das situages e a mobilidade das circunstincias, adquiram um estado de plasticidade © de inconsisténcia que no oferece mais tanta resis- ‘éncia &s variagdes individuais. Estas, estando bem menos contidas, produzem-se mais livremente € multiplicam-se: isso quer dizer que cada qual segue cada vez mals seu proprio sentido, Ao mesmo tera~ po, em consequéncia de uma divisio do trabalho mais desenvolvida, cada espirito encontra-se direcionado para um ponto diferente do horizonte, reflete um aspecto diferente do mundo ¢, por conse- guinte, 0 conteddo das consciéncias difere de um sujeito para outro, Assim, caminha-se pouco a pouco em direg3o a um estado que hoje praticamente se atingiu, no qual os membros de um mesmo grupo social no terdo mais nada em comum entre si sendo sua qualidade de homens ¢ 0s atributos da pessoa humana em geral. Essa ideia da pessoa humana, com as diferentes nuances em funcao da diversidade dos temperamentos nacionais, é, portanto, a tinica que se mantém mutavel ¢ impessoal, para além da corrente cambiante das opiniges particulates; € os sentimentos que ela desperta so os tinicos que se encontram mais ou menos em todos os coragdes. A comunhio dos esplritos no pode mais se fazer a partir de its € preconceitos de- finidos uma vez que ritos e preconceitos s20 carregados pelo fuxo das coisas; em consequéncia, nada mais resta que os homens possam amar e honrar em comum, a nao ser o préprio homem. Bis como 0 hhomem se tomou um deus para o homem e porque ele néo pode mais, sem se enganar, criar outros deuses. E como cada um de nds encama algo da humanidade, cada consciéncia individual carrega em si algo de divino, e encontra-se assim marcada por um cardter que a torna sagrada e invioldvel para 0s outros. Todo o individualismo est ais c é isso 0 que faz essa doutrina necesséria, Para parar esse impulso, seria preciso impedir os homens de se diferenciarem cada vez mais uns dos ‘outros, nivelar suas personalidades; econduzi-los a0 velho conformis- ‘mo de outrora, conter, por conseguinte, a tendéncia das sociedades de se fomnarem cada vez mais extensas e mais centralizadas, e criat um obstéculo ao progresso incessante da divisio do trabalho; ora, tal em- presa, desejével ou méo, ultrapassa infinitamente as forgas humanas. Aligs, 0 que nos propdem no lugar deste individualismo de- sacreditado? Os méritos da moral crist nos so vangloriados e 96 Lindluatone ee ileus ‘on nous invite discrétement & nous y rallier. Mais ignore-t-on que Yoriginalité du christianisme a justement consisté dans un remar- quable développement de l'esprit individualiste? Alors que la reli- ion de la cité était tout entire faite de pratiques matérielles dot, esprit était absent, le christianisme a montré dans la foi intérieure, dans la conviction personnel de l'individu la condition essentielle de la piété. Le premier, il a enseigné que la valeur morale des actes doit se mesurer d'aprés 'intention, chose intime par excellence, qui se dérobe par nature & tous les jugements extérieurs et que l'agent seul peut apprécier avec compétence. Le centre méme de la vie mo- ralea été ainsi transporté du dehors au-dedans et individu érigé en Jjuge souverain de sa propre conduite, sans avoir d'autres comptes. ‘a rendre qu’a lui-méme et & son Dieu, Enfin, en consommant la séparation définitive du spirituel et du temporel, en abandonnant le ‘monde a la dispute des hommes, le Christa livré du méme coup & la science et au libre examen: ainsi s'expliquent les rapides progrés que fit esprit scientifique du jour ol les societés chrétiennes furent constituées, Qu’on ne vienne donc pas dénoncer l'individualisme comme l'ennemi qu'll faut combattre & tout prix! On ne le combat que pour y revenir, tant il est impossible a'y échapper. On ne lui ‘oppose pas autre chose que Iui-méme; mais toute la question est de savoir quelle en est la juste mesure et s'ily a quelque avantage & Je Aéguiser sous des symboles. Or s'il est aussi dangereux qu’on dit, on ne voit pas comment il pourrait devenir inoffensif ou bienfaisant par cela seul qu'on en aura dissimulé la nature veritable & I rétaphores. Et d'un autre c6té, si cet individualisme restreint quest Je christianisme a été nécessaire ily a dix-huit sigcles, ily a bien des chances pour qu’un individualisme plus développé soit indis~ pensable aujourd'hui; car les choses ont change depuis. Crest done tune singuliére erreur de présenter la morale individualiste comme Yantagoniste de la morale chrétienne; tout au contraire, elle en est dérivée. En nous attachant & la premiére, nous ne renions pas notre passé; nous ne faisons que le continuer. (On est maintenant mieux en état de comprendre pour quelle raison certains esprits croient devoir opposer une résistance opinia~ ‘re & tout ce qui leur paralt menacer la croyance individualiste. Si toute entreprise dirigée contre les droits d'un individu les révolte, ce n'est pas seulement par sympathie pour la victime; ce n'est pas non plus par crainte d'avoir eux-mémes & souffrir de semblables injus tices. Mais c'est que de pareils attentats ne peuvent rester impunis sans compromettre existence nationale. En effet, il est impossible ‘quis se produisent en libert€ sans /12/ énerver les sentiments qu'ils O ndadualioe es Itlectaais 57 convidam-nos dscretamente a nos associat a ela Ignora-se, pox rem, que a originaidade do cristianismo consist justamente crn uum notavel desenvolvimento do espiritoindividuaista? Quando a religio da cidade era inteiramente feta de priticas materiis nas quals o esprit estava ausente,o crstanisino mostrou na fé interior, na conviegdo pessoal do individuo, a condigéo essencal da piedade. Ele foi o primeio a ensinar que 0 valor moral dos atos deve ser medido pela intengao, coisa intima por exceléncta, que se exime, por natureza, de todos os julgamentos exteriors que s0- mente o agente pode apreciar com competéncia.O proprio centro da vida moral foi assim transportado do exterior para o interior ¢ @ individuo transformado em juiz soberano de seu proprio com- portamento, sem ter contas a prestarsendo a ele mesmo € 0 seu Deus. Enfim, consumando a separagao defintiva do espirital edo temporal, e abandonando o mundo as disputas entre os homens, sto entregou-o ao mesmo tempo a ciénciae ao livre exame: t=, sim se explicam os répids progressos que o esptitoeientific fer a partir do dia em que as sociedades crisis se constituram. Nao venham, portato, denunciaro individualismo como o inimigo que se deve combater @ qualquer prego! Seria combaté-lo para tle retornar, pos €impossivel dele escapar. Nao Ihe opdem outra coisa a nao ser ele mesmo; mas toda a questao consste em saber qual 6 a sua justa medida e se hd alguma vantagem em distargélo sob simbolo. Or, se ele € to perigoso como se diz, nfo vemos como ele poderiatornar-se inofensivo ou benéhico simplesmente porgue teriamos dissimulado sua verdadeira natureza com metifores. Por outro lado, se este individualismo restrit, que ¢ eistianismo, foi necessério hi dezoito séculos, ha bastante chance de que um individualismo mais desenvolvido seja indispensvel hoje pos as coisas mudaram desde ento. F, portanto, um erro singular apre- sentar a moral individualist como antagénica t moral erst pelo contrrio, ela deriva dela, Ligando-nos a primeira, nosso passado; o que fazemos ¢ apenas continual. Estamos agora em melhores condigdes de compreender por qual razio certs esprit creem dever opor urna reisneiarelutane a tudo 0 que Ihes parece ameagar a crenga individualist, Se qualquer iciatva drigida contra os direitos do indviduo os revolta, nao & apenas por simpatia para com a vitimas no € tampouco por temor de também poderem, cles mesmos, sor njustiga semelhantes Mas 6, sim, porque semelhants atetados no podem far impunes sem comprometer a exsténcia nacional, Com efit, éimpossiel que eles se produzam livremente sem iitar os sentimentos que eles violams 50 Lindovoeme et es intectls violent; et comme ces sentiments sont les seuls qui nous soient commun, ils ne peuvent s‘affaiblir sans que la cohésion de la so- (en soit ébranlée. Une religion qui tolére les sacriléges abdique tout empire sur les consciences. La religion de l'individu ne peut donc se laisser bafouer sans résistance, sous peine de ruiner son crédit; et comme elle est le seul lien qui nous rattache les uns awe autres, une tele faiblesse ne peut pas aller sans un commencement de dissolution sociale. Ainsi 'individualiste, qui défend les droits de individu, défend du méme coup les intéréts vitaux de la société; car il empéche qu’on n'appauvrisse criminellement cette derniére réserve d'idées et de sentiments collectifS qui sont I'éme méme de la nation. Il rend & sa patrie le méme service que le viewx Romain rendait jadis & sa cité quand il défendait contre des novateurs té- iéraires les rites traditionnels. Et s'il est un pays entre tous les fautres oi Ia cause individualiste soit vraiment nationale, c'est le notre; car il n’en est pas qui ait aussi étroitement solidaris¢ son sort avec le sort de ces idées. C'est nous qui en avons donné la formule la plus récente, et c'est de nous que les autres peuples l'ont regue; et c'est pourquoi nous passions jusqu’a présent pour en étre les représentants les plus autorisés, Nous ne pouvons donc les renier aujourd'hui, sans nous renier nous-mémes, sans nous diminuer aux ‘yeux du monde, sans commettre un véritable suicide moral. On s'est demandé naguére s'il ne conviendrait pas peut-étre de consentir & tune éclipse passagere de ces principes, afin de ne pas troubler le fonctionnement d'une administration publique, que tout le monde, ailleurs, reconnait étre indispensable a la streté de I'Etat. Nous ne savons si 'antinomie se pose réellement sous cette forme aigué; tnais, en tout cas, si vraiment un choix est néeessaire entre ces deux maux, ce serait prendre le pire que de sacrifier ainsi ce qui a été jusqu'a ce jour notre raison d’étre historique. Un organe de la vie publique, si important qu'l soit, n'est qu'un instrument, un moyen fen vue d'une fin. Que sert de conserver avec tant de soin le moyen, si l'on se détache de la fin? Et quel triste calcul que de renoncer, pour vivre, a tout ce qui fait le prix et la dignité de la vie. Et propter vitam vivendi perdere causas! wv En vérité, nous craignons qu'il n'y ait eu quelque légérete Gans la fagon dont a été engagée cette campagne. Une similitude O Inridualisme os uectuals 50 8 que nos sio comuns, eles niio podem se enfraquecer sem que a coesio da sociedade ae Jada, Uma regio que tolera os sacilégios abica do impéro sobre a5 consciéneias. A religido do individuo no pode assim se deixar ultajar sem resistncia, sob 0 rsco de armunar seu ero; como ela € 0 tinico elo que nos liga uns aos outros, tal faqueza caminha junto com o comego da dissolucio social. Assim, o individualist, ‘que defende os direitos do individuo, defende, em consequencia, o¢ {nteresses vitais da sociedade; pois ele impede que se empobrega cri- rinosamente esta itima reserva deideiase de sentimentos coletives gue sio a propria alma da nagio. Ele presta & sua patria o mesmo sergp gue o antigo romano prestavaoutora sa cdae quando lefendia os ritos tradicionais contra aqueles temerério inovadores, E se hi um pais, entre todos os outros, no qual a causa indivdualista 6, seja, verdadeiramente nacional, € 0 nosso; pois nao ha nentam outro que tenka vinculado to fotemente seu destino & sorte dessas ideias, Fomos nés que criamos sua férmula mais recente, ¢ foi de nds que 05 outros povos a receberam; ¢ € por isso que até o presente Somos consierados seu representante mais autrizado. Prtanto, atualmente nés nio podemos renegaresss ideias sem renegarmos a 1s mesmo, sem nos diminuirmos aos olhos do mundo, sem cometer um verdadero suciio moral 4 nos perguntamos se nio sera tlvez conveniente nos permitir um eclipse passageiro desses princpios pra nfo pesurbar 0 fincionamento de uma administesto pub Ce ett ais econkecem ser indapensive b sgurangn do Esto, Mio Sabena sea antnomi se cloca ealmente de foma 0 incisiva; mas, em todo caso, se uma escolha entre esses dois tales é verdadeiramente necesséria, a pior escolha seria sacrficar aquilo que foi historicamente, até hoje, nossa razio de ser. Um érgio ae vi idl, por mals importante qu sj, ops de un ins mento, um melo tendo em vista um fim. Para que serve conservar com tanto cuidado o meio se nos desligamos do fim? E que edleulo triste seria renunciar, para vive, a tudo aquilo que constitu o valor a dignidade da vida. Et propter vitam vivendi perdere causas wv Na verdade, receamos que tenha havido certa precipitagdo ana maneira como foi iniciada essa campanha®, Uma semelhanga 3 "E para vive perder as rants de ies Em atm ne gral 3 Durem efere-saqui zo movimento pla ascii do canto Dreyfus. 60 Windiduaiome es eters verbale a pu faire croire que "individualisme dérivait nécessai- rement de sentiments individuels, partant égoistes. En réalité, la religion de l'individu est d’institution sociale, comme toutes les re- ligions connues. C'est la société qui nous assigne cet idéal, comme la seule fin commune qui puisse actuellement rallier les volontés. Nous la retirer, alors qu'on n’a rien d’autre @ mettre & la place, Crest done nous précipiter dans cette anarchie morale qu'on veut précisément combattre' Il s'en faut toutefois que nous considérions comme parfaite et éfmitive la formule que le xvi sidcle a donnée de I'individualisme cet que nous avons cu le tort de conserver presque sans change- ‘ments. Suffisante il y a un siécle, elle a maintenant besoin d’étre Alargie et complétée. Elle ne présente l'individualisme que par son cOté le plus négatif. Nos péres sétafent exclusivement donné pour tache d'affranchir I'individu des entraves politiques qui génaient son développement. La liberté de penser, la liberté d’écrir, la liberté dde voter furent done mises par eux au rang des premiers biens qu'il fallait conquérir, et cette émancipation était certainement la condi- tion nécessaire de tous les progrés ultérieurs. Seulement, emportés par les ardeurs de la lutte, tout entiers au but quills poursuivaient, ils finirent par ne plus rien voir au-dela et par ériger en une sorte de fin demiére ce terme prochain de leurs efforts. Or la liberté politique est un moyen, non une fin; elle n'a de prix que par la ‘maniére dont elle est mise en usage; si elle ne sert pas @ quelque chose qui la dépasse, elle n'est pas seulement inutile; elle devient dangereuse. Arme de combat, si ceux qui la manient ne savent pas employer dans des luttes fécondes, ils ne tardent pas a la tourner contre eux-mémes. Et clest justement pour cette raison qu'elle est aujourd'hui tombée dans un certain diserédit, Les hommes de ma génération se rappellent quel fut notre enthousiasme quand, il y a une ving~ taine d'années, nous vimes enfin tomber les dernitres barritres qui contenaient nos impatiences. Mais hélas! le désenchantement vint vite; car il fallut bientdt s'avouer qu’on ne savait pas quoi faire de cette liberté si laborieusement conquise. Ceux & qui nous la devions 44 Veabconmentonpetsnscontratn endviaste tutendesntque igi etn Produ dca soc, lus u'll en ex la cause. Cest que invidutsmehi-maéme est Ui pout socal, comme toutes es morales et toutes es regions, ivi eit de Sock meme ies croynces moses Qi le dnt Cestce que Kant e Rousseau fot as compris sont vulu dedi eur morale eval, non del sac, ais fon de nd nl entrepise ait impossible dei vennent es contractions Tepaues deleussystimes. Otndvduatome eos torus 61 terminoldgica levou a se acreditar que o individualism deriva tas, Na realidade, a religdo do individuo provém de uma insttuigao social, bem como todas as religides conhecidas. E a sociedade que nos atibui este ideal, como a nica finalldade comum que atval: mente pode congregar as vontades. Reirar isso de nds, enquanto ha nada hi para pdr em seu lugar, significa precipitar-nos nessa anarquia moral que queremos precisamente combater! Todavia, ainda falta muito para que consideremos como per- feita e defintiva a formula do individuaismo que o século xvit estabeleceu, ¢ que equivocadamente conservamos quase sem s- dancas. Hi um séeulo, ela era suficiente, mas agora precisa ser ampliada e completada. Ela apresenta o individualismo apenas a partir de seu lado mais negativo. Nossos pas se atibuiram excla~ sivamente a tarefa de lbertar 0 individuo dos entraves politicos que atrapalhiavam seu desenvolvimento, A liberdade de pensay,d cscrever € a liberdade de votar foram entlo colocadas por eles no nivel dos primelros bens que se devia conquistar, e essa emanc Pagio foi certamente a condigio necessria de todos os progressos Posteriores. Contudo, evados pelo ardor dessa lua, inteiramente entregues 20s objetivos que perseguiam, eles acabaram por nada ver além disso, erigindo & categoria de fim iltimo este termo que estava mals préximo de seus esforgos. Ora, aliberdade politics € tum meio, endo um fim; seu valor advém da mancira como ela € colocada em pritica; se nio serve para nada além de si mesmn ela nko € apenas init; ela se torma perigosa. Como uma arma de combate, se aqueles que a manejam nao sabem dela se servir Jntas fecundas, les acabam por vird-la contra simesmos. _E € justamente por esta razio que ela caiu hoje em certo des- crédito. 0s homens de minha geragto se recordam qual foi nosso entusiasmo quando, faz uns Vinte anos, vimos finalmente cait as “ltimas barreiras que continham nossas impaciéncias. Mas que pena! 0 desencanto chegou depressa; pois pouco logo depois fol preciso confessar que nao sabiamos o que fazer com essa lberdade t20 pe nosamente conquistada. Aqueles a quem nds a deviamos, dela se SSeS Serena ettemeenentanpe cotton Ste pr nia ots ses es isda A empress ereimpossel vim dal as contadghes ges ae ae oe

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