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c PP Js! [34 oS Fausto dos Santos FILOSOFIA ARISTOTELICA DA LINGUAGEM a An Chapecé, 2002 CG ARGOS Comissdo Editorial Claidio Jacoski (Presidetie): Ad Marinés Garcia; Mary Nei Nedilso Lauro Brugnera: Odilon La Uli Prigol; Volnei de Moi Coordenador Valdir Prigol Assistente Editorial Wilitio Junior dos Santos Assistente Administrative Neli Ferrari Projeto grafico e Diagramagag Paulo de Tarso . Revisao Ana Alice Bueno Fernando R/ dos Santos Capa Hilario Junior dos Santos 100__ Santos, $2371 Filosofia aristotélica da linguagem / Fausto dos Samos. - - Chapecé: Argos, 2002 160 p. ~ (Didaticos) ‘austo dos 1. Filosofia, 2.1 1 Titulo, m~ Filosofia ISON B-75350269 Casing Bias Y : UNOCHAPECO REITOR: Gilberto Luiz Agnatin VICE-REITOR DE ADMINISTRACAO: Gerson Roberts Rower VICE-REITORA DE GRADUACAO: Silvana Marta Tumelero VICE-REITORA DE PESQUISA. EXTENSAO E POS-GRADUACAO. Arlene Renk ene Renk ida Luz: 7 Poli; Val ARISTOTELES EA SIGNIFICAGAO Sendo o homem um animal ‘natur: nente social’ ou ‘politico’, isto & feito para viver em sociedade, nao basta que estejamos habilita. dos a adquirir © conhecimento das coisas, & preciso ainda que Possamos exprimir esse conhecimento externamente; eis por que existe um conjunto de sinais convencionais que se denomina lirt~ suagem, & gracas ao qual os homens comunicam seus pensamen: tos entre st: maravilhoso instrumento constituido de sons articu- lados que atravessam o ar, e que manifesta, na matéria mais décil ¢ mais sutil, o que hi em nés de mais interior e de mais espiritual (MARITAIN, 1989, p.69). Ocullo, por detras da questao da linguagem, estava em jogo losofia, mais éspecificamente; daquela 0 desting|da prépria espécic dé investigacao que Platao considerava a verdadeira filo- sofia, capa de conciliar o uno eo miiltiplo (Cf. Carta VI,326.a), da qual seu ‘imais genuino discipulo” (Cf. Diégenes Laércio, V, 1.) faz uma Verdadeira “profisséo de fé” nos dois capitulos inic ais do livep gama da Metafisica, chamando-a de ciéncia dos pri- ipios e das causas supremus (Cf. Met., 1003.25) mes do relativismo e do ceticismo, inoculados pelos eacavam contaminar 0 Adyos, a mais bela jéia pro- FILOSOFIA ARISTOTELICA DA LINGUAGEM duzida pelo mundo helénico. Aristételes percebet sepsia, para ser completa e eficaz, deveria se efetu dialmente na linguagem. Platao ja havia indicado ¢ como no Critilo e no Sofista. Contudo, desde uma pe aristotélica, os meios utilizados pelo mestre para cq que a as- r primor- caminho, rspectiva bater os Soristas nao eram apropriados, porque ultrapassavim 0 hori- zonte lingitistico no qual se situava e deveria ser col Sofistica. Afinal, ha que se levar a sério as teses! propostal Soas famosas na Filosofia, como as que defendiam e Gorgias. Aristételes, alinhando-sea tradigao filos6! predetessores (CF. Met., 1004 b 5-10), coloca-se -expli contra os sofistas (Cf. Met., 1004 b 20 - 25). Para refufs a dadeiramente, ou seja, de maneira filoséfica, dever-se tar o principio formal de suas teses lingiiisticas. Inseri debate filoséfico concernente & linguagem, o estag poe UM Novo acesso a questo, substituindo os prin fisticos - no fundo pseudo-principios - por outros dos, capazes de fundamentar uma teoria da significagal sua Filosofia da Linguagem. tarefa de expor tal tema, seria em muito fac nosso filésofo tivesse escrito um tratado sobre a que: tal tratado nao existe, pelo menos como exis em, de ria, tratados sobre a Fisica, a alma e a natureza do in Zoologia e mesmo tratados sobre ética. além de outr No ha no Corpus aristotelicum algo como um Iepi A Organunn que encontraremos suas reflexdes lingiiist explicitas, sobretudo no De Interpretatione. Contudo, diz Manfredo Aratijo de Oliveira (1996, p. 26): “At nbatida a por pes- ntistenes, a de seus ‘itamente los v contes: do-se no rita pro- ipios so- ais soli. i 1, base de liteca se do. Mas ua auto- electo, a s tantos, Ov. E no ‘as mais omo nos tdteles, embora sem consciéncia plena do que isso significd, reflete sempre no horizonte da linguagem”. Assim, s @ bem 1 “fese ¢ umn juizo.contririog opinidw comm, emit por ay écontradigao possivel,comp sistentava Antistenes, ou que ladoe move, segundo Herscher oe elisso. Digo famoso, pois constitutia ama estulticino preccupsarionoseon 3¢ professadas por qualquer arvivista"(ARISTOTELES Tipices 111 teles € que sia preocupacio nao fo,emprimeisoligor,deatumere ter ade wim novo acesso problemitica ja levantads, ito tata se, em pein umentode temas, made um novo grate eflexto"(OLIVEIRA, 1986p. 25) nfamosona flosatia, pores 80. jue ape- a io ugar, 80 nas im ARI ISTOTELES E A SIGNITICAGAO icitamente e “[...] de maneira relativamente disper- sa”, conjo afirma Frédéric Nef (1995, P- 20), poderemos locali- zat, No gacao. ‘ sua bat. De fato Gorgias nao estava de todo errado ao d partir di TByoce ser entre tus voci do pelo sua p' sensivel tem son. linguag onjunto de suas obras, elementos para nossa investi- gamos entao os rastros deixados pelo estagirita em ha lingiiistico-filos6fica contra os sofistas. ontra Gérgias Zen - a principio da aderéncia entre linguagem e ser, entre - quie a lingtiagem é um ser-Mais espécificaménte, uni ps seres. Afinal, originariamente a linguagem 6 um fla- rgao da audicao. Encerrando em si, néo apenas a be som produzido na laringe e que pode ser capta- ria materialidade, mas também a sua dependéncia para ser percebido. Ora, os animais também emi- enem por is 0 podemos afirmar que possuem uma m, pelo menos como a entende o nosso sofista, ja cebe como um instrumento facilitador das relages quea cop inter-humanas. Com o que, em linhas gerais, concorda Aris- toteles, Ecla abelhas conhece: woo solitario cn uma dang es abelhas, ue nos diz: Assim, o homem 6 um, 0s outros animais que Vv) 0, ConcedeU apeniar « mal civico, mais social do que as abelhas € em juntos, A natureza, que nada faz em vie v dum da paiavia, qu tes sao apenas a expressio de sensa- Ses agradaveis ou desagradaveis, de que os outros animais sao, como nds, capazes (ARISTOTELES. Politica, 1, 1253.5 10). confundir com os sons da voz. ro que nem Gorgias, nem Aristoteles, conheceram as lo professor Karl von Frisch*, mas, mesmo que as em, é de se supor que subscreveriam a afirmacao de ages memoraveisde K.von Frisch, quando uma abetha batedora descobredduranteo.se icalimento, volta colmeia para anunciat oseu ache dangancio soles alvcolos ‘bronte, e deserevendo certas figuras que foi possivel analisar, indica assim 35 matrisdels,adisténciaea diregio onde se encontea oalimento, Estas voamn. 9 local que fica as veres muitoafastade da colnieia” (BENVENISTE, 1995, p28), 81 FILOSOFIA ARISTOTELICA DA LINGUAGEM Benveniste (1995, p. 60): “Aplicada ao mundo animal, de linguagem s6 tem crédito por um abuso dos termo} nogao Ora, até aqui, o sofista eo filésofo parecem concord Mas param por ai. Pois para Gorgias, mesmo que a lingua priamente dita esteja restrita a esfera humana, nem } deixa de ser, ao fim e ao cabo, meramente um som. Mes um som privilegiadamente humano, continua sendo, 4 um ser a mais entre os seres. Mas, para Aristoteles, ater-si sivamente a intrinseca materialidade da linguagem sq reducionismo tipico daqueles homens que “[...] eviden te se enganam de muitos.modos”, pois “[...] postulam| mente os elementos dos corpes-e nao das coisas incor} que, no entanto, também existem’*. Afinal, como nota boldt (1990, p. 78), “[...] falar com outro nao 6 de modo coisa comparavel a transmissao de um objeto material nosso filésofo, a linguagem, faculdade natural do homer de seu aspecto material - a voz, comum aos outros an possui também uma estrutura formal (Cf. De Generatiol malin, V, 7,786 b 15 - 20). B, “[...] como nao podemos cer melhor as coisas compostas do que decompondo-a lisando-as até seus mais simples elementos”, deve- analisar os elementos constituintes da linguagem (A TELES. Politica, 1, 1252 a 20). No capitulo XX da Poética nosso filésofo elenca e dd “partes que compoem G todo da linguagem’. Sao elas (orotzetor), a silaba (owddapih), 0 conetivo (avvdequos), a at a0 (dpa), 0 nome (6rqHa), 0 verbo (Pua), a flexdo ¢ (7r@o1e) ea frase (Adyoc). Sendo que a letra, a silaba, 0 cc TELES Aetfsicy, 18, 9886 25, Sebem queeno contexto em que surge,a reprovagio aistotd dicecionada aos sofstas, como tampouco a Gorgias, analogamente bem porter servi he, 5 "Vordineé sempre dal irazionaleal razionale: che orasi precisa come passaggio dal semplic al iruno,o per usare termini del Castelvetro (i quale fil primo e forse unico acoglid icoaistoetic). dal ow sigifiatce e non-drcisiiteal significa edible" (MORPUR| p33) 92 m pro- isso 0 que penas, exclu- ia um emen- anica~ reas, Hum- Igum . Para além pois, ISTO- ine as letra icula- P caso etivo ompes, ilevterio OTAGLI ARISTOTELES E A SIGNIFICAGAO ea articulgcao nao so per si, sons que possuam alguma signi- ficagao. I ainda nai (Bremehtos ndo-significativos dler-se-ia dizer que sao 0s elementos da linguagem vinculados a sua inteligibilidade formal, diferenci- ortanto, do nome, do verbo, da flexéo e da frase, os elementos significativos da linguagem’. A leti ra “|...] é um som indivisivel” (Poética, XX, 1456 b 22), elemento lirredutivel de toda fala inteligivel, diferenciando- se, assim, dos sons indivisiveis emitidos pelos animais. As letras se distinguem entre vogais, semivogaise mitdas. A:sila- m som sem significado, composto de letra muda mais uma|com som‘ (Poética, XX, 1456 b 35). O conetivo ou con- jungiio tar mente, st vras dar ficado que sentenga, cuja posigao natural é tanto meio” (Papen, XX, 1457 a). Guardando algo o coneli mes Elem Ao bém nao possui significado proprio v, aproximada- ia um elemento de ligagdo entre oragdes ou pala- “sma oracao’. A articulagiio “|...] 6 um som sem signi- inala o inicio, ou ONjm, ou a divisdo de uma gs extremos como no a semelhanca com e (Prono- , poder-se-ia identificd-la com oN nos significatioas sso estudo - que se propde como uma investigacao filos6fica | interessa, sobretudo, a andlise dos elementos cons- tituintes como ob: 1a linguagem dotados de significado. Na Poética, erva Morpurgo (1967, p. 33), “[...] 0 exame de Arist- teles 6 eqauaen com critério escrupulosamente gramatical” e, “[...] te listing te, poisefet (NEF, 19 ia inferéncia filos6fica acerca da origem e funciona- ls elementos provides de sentido (como. nomes eos veibos) eos desprovidasdete impor vente ca separaastiniadesdodscurso qu tna poten relrencia dase qe p21} 7 -Per giadizio ajncorde dei ilology la definizioneche Arisotcle offre di questo ermine delle pit controverse, ‘eda unsecoloe ipezz0 in qua gl expert hanno cercatoinwano di venirne. capo" (MORPURGO-TAGLIABUE, 1967, p- 4). 83 FILOSOFIA ARISTOTELICA DA LINGUAGEM mento da linguagem é omitida”. Portanto, mesmo qu¢ muito assemelhadas, as definigdes estabelecidlas no De literpr do mais adequadas. Sigamos entao as recomer do estagirita: “Em primeiro lugar cumpre definir o nd verbo” (De Interpr. I, 16 a) Na Poética o nome € definido como “|...] um som compos- to significativo, sem referéncia ao tempo, do qual nehhuma parte tem sentido préprio” (Poética, XX, 1457 a.10). Ja no De luter- pretatione, ha um acréscimo a definigao que nos permite sait do horizonte puramente lingiiistico-gramatical do capitulo XX da Poética, para um horizonte légico-filoséfico. No De Interpretatione Aristoteles afirma o carater ailbitrario da significagao. O nome, a menor parte do Adyos dotadalde sig- nificado®, é um Sonttonvencionalmente estabelecida (gary onpeveuc Ker ouvdiieyr). Vejamos: “O nome & um som, que possui um significado convencional, sem referéncia do tem- po, e de que nenhuma parte tem significagdo propria quando tomada separadamente” (De Interpr, I, 16 a 20). Os nomes po- dem ser simples ou compostos. Nos nomes simples, ag partes que os constituem nao possuem significado algum. Ja nos com- postos, embora ‘as parte tatione lagoes me eo ser-nos consideradas separadamente tam- bém nao tenham significado proprio, elas contribuem | contu- do, “[...] para o significado do todo” (De Interpr., IL, 11 ba 25). Aristételes da um exemplo: como constituinte da palavra Exax sporéaye= que podemos traduzir por batc6-pirata = § nome Kens, que contribui decisivamente para a significagao global do termo, em si mesmo nada significa. Mesmo que considera- do autonomamente - hoje dirfamos, como um lexema } tenha 8” Aexpressio ‘menor parte dotada de significado’ &inyportante. sacl na fingstfia moderna domesino medloguea tsa Aristéteksa saber potaa delimitagioentreessas partes doladas de hi 2 partes de uma seqiéncia sonora que nie possitem significado proprio, Contadodeveese abseevar qu. Aristateles econece apenas nomes e verbos como meter Tingistica nodemaa menor segitnca significativa écaracterizada como morfema, Una palavtal varios morfemas p. es. uma tinea palawea convo “indiferenciivel cont quatro clementos sige “di, forencia'e "Wel (TUGENDHAT e WOLF, 19%, p. 19-20). Jequiéncia sonora significativa e nde todas 28 p 84 sua sig nomes suas pa °o terpr. I referér ARISTOTELES EA SIGNIFICACAO ificagao propria; no caso, barco ligeiro. Portanto, os ompostos guardam em si uma unidade significativa e tes perdem a significagao quando isoladas. erbo, considerado em si mesmo, é um nome (Cf. De In- , 16 b 15), Uma de suas caracteristicas essenciais 6 a a a temporalidade. Vejamos a definicao estabelecida por nogso filésofo: Po fungao predicatioa. O que parece ser 0 ponto “mais de todala definigao” (MORPURGO-TAGLIABU Aristot o verbo, O verbo é 0 que junta ao seu proprio si gnificado o significado do tempo atual. Nenhuma das suas partes considerada separadamente significa seja 0 que for, ¢ indica sempre algo que se predica de outro (De Interpr., 11,16 b 5)" tanto, além da referéncia ao tempo, 0 verbo exerce uma importante E, 1967, p. 62). les insiste no carater predicativo dos verbos: “Por isso, 6 sempre o signo do que se afirma de outro, isto 6, de coisas iherentes a um sujeito, ou contidas em um sujeito”(De Iterpr. nos of das pa Vale a Pagsemos agora a consideracao dos c II, 16 b 10). No capitulo 1V das Categorias o estagirita ece a lista das possiveis determinagées significativas ras, Sao as karnyopiat, as dez classes de predicados ena seguir o texto: As palavras sem combinac3o umas com as outzas significam por si mesmas uma das seguintes coisas: 0 que (a substancia), 0 quanto scinbs (relacael: tquaniidades, 0 come (ustitade), onde esta (lugar), quando (tempo), como esta (estado), em que cit cunstancia (habito), atividade (agao) e passividade (paixao) (ARISTO- TELES. Categorias, 1V, 1825). Poética tncontramos a seguinte definigao: “Flexao © acidente do nonje ou do verbo, que ou significa de (genitivo) ou a (da- tivo) elrelagdes que tais, ou da idéia de wn ou muitos, por Na Petica importante ds ponto devi Nejamos:"Vekv0 éum som composto, com significado, com referéncia de tempo, co qual nent jo. comonocaso dos nomes" (Petien, XX, 1457 1), sentido pry nos uma definicso analog. aspect a filoséfice No-easo, Ai parte eles nao faz meng. 90.6 ter predics FILOSOFIA ARISTOTELICA DA LINGUAGEM exemplo, homens ou homem, ou, com a inflexao do at pergunta, ou uma ordem’(Poética, XX, 1457 a 19). Pu entender os casos como desdobramentos gramaticais porais dos nomes e dos verbos. A nés interessa saber, tudo, que os casos referidos por Aristoteles permiter intarmedeiam, a articulagao dos verbos e nomes na ¢ sigao do Adyoz, Ultimo e mais complexo elemento con} vo da linguagem dA frase Ysyos anjievtuxdc) Passo a passo, todas as defini¢g6es anteriores dos e tos constituintes da linguagem, tanto os ndo-signifi como os significativos, estio agora imbricados na de| da frase, ou como prefere traduzir Pinharanda Gomes, ¢G0. Sigamos pois a definicdo‘dada no De Interpretatione: cugao 6 um som oral com significado convencional, cada parte, separadamente considerada, apresenta um ficado como enunciagao € nao como afirmacao ou ne} (De Interpr, TV, 16 b 25). Como podemos ver, atendo-nos principalmente a p parte da definigao, a frase reproduz as mesmas caracte das partes significativas da linguagem que a constituem © nome como o verbo, assim como a frase, séo-por pr gor ouvbetiy onnevcunr Ou seja, sons que possuem ur aria, SAK almente. O: portante caracteristica comum esta ligada ao valor referer frase, assim como de seus elementos significativos. N zonte puramente seméantico, onde nos encontramos, na feréncia alguma a realidade das coisas significadas. ‘4 , uma cle-se tem- obre- 1, pois. Mpo- tituti- men- tivos inicdo locu- “A lo- que signi- aga” imeira isticas Tanto onuavrixds nao leva em conta a verdade ou a falsidade de seus proferimentos. Arist6teles deixa claro, sigamos 0 autor: como afirmamos, segundo convencao. Por conseguinte, 1 nhuma Toda a locugao tem um significado, ainda que nao organ Es mas, locugio € uma proposigao, 56 0 sendo a locugao em que hal ou falsidade, o que nao sucede em todos os casos (ARISTOTE! Interpretatione, IV, 17 a) 86 erdade LES. De ARID OLELES EA SIGNIFICAGAO Pottanto, se por um lado, a mera frase ou o discurso em ge- ral, nag tem o alcance epistemoldgico da proposigao - que sera contudd, determinante no combate aos sofistas -, por outro, fica resguardada e assegurada a possibilidade tanto do discurso re torico quanto do discurso poético", Pode-se assim, como diz Aubenque (1987, p. 108), “[...] signifi ar s em contradi¢ao o ficti- cio”. Aristételes mesmo cita como exemplo uma quimera, o hir- cocervo, ju m misto de bode e de veado que “[...] significa deveras uma cojsa, mas nao é verdadeiro nem falso, a menos que lhe juntemos que existe ou nao existe, universalmente falando, ou relativamente a um certo tempo” (De Interpr.1, 16a 15)". Na P ¢a.€ a Mada que € citada como.um. exemplo.classico. de. Adévor onan especu Ba bremo ios que, para o estagirita, ela é a arte “| (Cf. Poética, XX, 1457 a 24). Em relagdo a Retorica, lem- J de descobrir tivamente 0 que, em cada caso, pode ser préprio para persuadir” (Retérica, 1, 1, 1355 b 25). Ora, produzir discursos per- suasivos, no requer, necessariamente, a capacidade referencial da proposigao. Tanto a arte poética, como a arte retérica, como observalEnrico Berti (1998, p. 164), t8m “por objeto nao coisas, mas palavras’, o que nao significa d ver que tais discursos sejam total- mente desprovidos de racionalidade ou de valor. Ambos possu- em, no thinimo, uma racionalidade semdntica visto que toda signifi- cacao, ¢ seja, toda relacao simbélica, pressupée a intervencio do espirito, ou quem preferir, da razao. Para Aristoteles a lingua- gem es mais entre as coisa: Cor mir, se lingua sao, po longe de ser puramente um ente sensivel, uma coisa a s, como julgava Gorgias base no que estudamos até aqui, poderfamos assu- sombra de ditvidas, como aristotélica a definigao de m apresentada na citacdo inicial da nossa investiga- Jacques Maritain - de resto, reconhecidamente um aristotélico da gema. Vocé se lembra? O referido autor dizia 10 Para uma thulgin dos discursoe ai Teoria fos Quatro Discursos de Olawo de Carvalho qu resumidaem dina frase pelo proprioantor diz: "|.Jodiscutsohumano é una potenea nica, que se uae! de {quatro manesps diversas: a posts, arti, aden es analtic login) (CARVALITO.T°96,7-29). 1H Ouainds gs AnalticesPosteirsem aelagao ao ficticin.“Poxiemox saber apenano sities ow alocugSo

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