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16 lieu aie Leu ea Tooes Leva Peeone-Movsés Universidade de St Paulo Resto Flamas {que uma simples adit porque os exits capes de resolve so teos muneose’™ (cel Jnren "Laven dun passa Europe 863, op.) 24 ne Sia ‘unlversalidade do sertio de Rosa, alance metafisico de seu unverso, oconbeck ‘mento do humano em geral, a inventvidade, a orginaliade, a rqueza a bleza de sua linguagem! ‘A preocupagéo maior € com o conhecimento¢ iter-elacionamento das lin- suagens,verbais enfo-verais. No alt de modemizagio, 9 documento se confor ta primazia internacional da mulimidia. © problema nao ests no reonec- mento das grandes mutagSes tenolépicas no campo da infrmagio visual e da informatica, mas numa espécie de dsiumbramento com elas, em detimento de outros meios mais antgos, como o io, Deft, oaluno de hoje esté mas fii ricado com a linguagera visual, e nada impede que se mostre ele a rela da literatra com o cinema, por exemplo. Muiosadolescentes comer por Harry Potro fime, ea partir dele deseobriram oprazer da letra de Harry Pot, oro. Ede Harry Poterpoderio pasa, mais ade, a obras melhores. A énfasecolocada na informatica, no eonjunto do documento se presa a mais confuses, Ninguémn ne- girs. que qualquer pessoa, hojeem dia, necesita da informa, Ma a nformstca 2 tratada a como uma “linguagem”, quando ela é um intrumento, uma feramenta ‘que necessi, prioritaramente,dalnguagem verbal ‘Aconclusto geral merece ser cada Ao ler este texto, mates eduadores perio perguntr onde et ican, a gamit, 1 producto do eto cet, a narmas Or conte tana forum neorpondos por et ‘erecta mir, que 2 linguagem,enendia como um expo dain em gute loco. ‘esse comurizam. Nese senda too coneido tem seepage de estado, deste que posse cobra par a cbjetiacto das competéncisem questo. ponta devs, Gulgae ae, um et ene exes e seri reciado em out ete, ebesvando a socalzgia das formas de [ens age sentir, necessdade de compreenderinguager como pane do conbeclneno desi propa eda clears ea responsabilidad eae ete do so soil d nga ater A cltima frase € solene, mas problematica, A Kinguagem € apenas “parte do ‘conhecimento de si proprio e da cultura"? Que “responsabilidade etica e esttica do uso social da lingua materna” se poders esperar de um aino que tena sido levado a relegar a gramdticae a literatura a um “segundo plano"? Muitas dessas questdes foram analisadas, numa navo documento elaborado pelos professores Enid Yatsuda Frederico e Haquira Osakabe, da Unicamp, em 2004.2 ‘Apos uma excelente andlise da crise do ensino seeundario, ocorida a partir de mea- dos da déeads de 1960, ¢ da situagio do ensino da literanura nesse contexto, 0s autores do documento fazem enticas 0 documento anterior, eriiasfreqaentemente ‘muito préximas das que fiz nos shimos pardgrafos. Com grande capacidade de © Ver em canreportal nec goubeibebptitratr plo, ses pairs foram esenios por mim antes que o novo dectmenofsse divalado. Ache ‘eportuno manit-es porque minha agumestaco, elora concordat, &ilnica 8 des pate. ‘er porque mune demas embra 0% equvocs que pode ext submetiaoensino da can "2. Aexsttnia do documento anterior comprova que muitos profesor de estar pens de ‘ela mani, eo novo document, por enqune, cons wa poral do MEC apenss com texto Prelminar uid em “PCNEM em deste ee Pets Lice pr ns 25, sintese, edacuo clara e enunciacio ponderada, os autores etm os pontos duvidosos ‘cos resultados da visio “populist e“caritatva” que orientava as drerizes de 2001: 2) substi da erature ill por una brats consderada mas ier; ‘by simpifcarto da apeendcager ert a um conjnta de infrmagtes xtra A ob € 408 sabia dos textos origina por simula, tals como proses eresumos.(p 62-63) Com muita propridade, os autores apontar, como casas gras dese estado de costs, as profundasalteraes traxidas pela literatura moderna e contempord. nea, consequent “stolueto de paroes' ea desconfianga nos cones. Segun- does, enquantoo extaoedindro desenvolvimento daingistca fo simi © aproveitado nas diretnizes relatives ao ensno da lingoa portugues, instalou-se ‘ua indefinite, e mesmo un desconinca no quest refete a ensino da ter tara aucrizindo *seu desloearento a wm plan isignificnte nas preocupagoes podagogias do ensino medio", sso pore: “Alem de vera literatura apenas corto Portadora de conteddos euler, sists no carter Kdicoeprazeroso da fui liters, posigto semelhante ao supertve, como adereco que dita (p72). Os autores arabem apontam o descompasso entre aquele docomento e 0 ques pede dos alunos, no Ener e nos vesiblares Na pre fina, nilada pradentemente“Algumas iiss", os autores definem que distingue o texoliterario de oatos ios de texto edefendem, de forma no. normativa 0 ensno do etnone, pois embora rconhecendo que “avid iteraia dentro da hiséia cultural de um pts do erige padrdes eters por isso mesmo no define normativmente quadrosdefinivos de referencia pare posteridade’, “a ¢postvel uma cule sobrevver sem tis padres" (p. 8), Muito importante, a mea ver, € concusto do documento, condenando um descaso que pia, jastemente os alunos ds clase sons desfaveecias da ralgho da lterature ‘Ass, sol, em gel 20 Ensae Medio, em parol, cabe exerce ese papel que Aleve ser ecard io como impoigan crm, me come depoio de wim chance ic, ‘uj acess as exigenclas davies cota ene avd. Aexperieniags tei oma st sin uma exigencies da escla [Nese sent, abet no dae eens iferencsenie fobmseattoes em nome de um eqlvcado democrats pedagogic abi mo de a _yroximagio com um domino da lnguagem eral apas de transforma, pela rquer de tas Aivesides, oan no sujet com que alas sraos aque qus 0 Lee tsa da ngua. fem. eters conzuament sta libertad (p. 78.0)" ° Esa deli final lembea muito as eoloceees de Jean Paul Sane, em "Quest que la ‘verse in Stains I, Ps, Gallimard, 1948), eat ao qual ene definerepeamente pia tei como “exert de berdade”. Quan fang eca do esino iter esrasho, 1s biblopalia dese documents 2 austnca de textos de Antonio Candid, findamentas prs questo, como “Alterra formugo do homem” (i Ts de ren, crs Dans, ‘Sto Paulo, Duss Chad, 2002, p 77-92) €"O dro a eras” (Vrs tery, hed, Sho Paulo, io de Janeiro, Dus Cldades, Ouro sobre Azul, 2004, . 19991) Conde, rn, Geo ‘eato de Roland Barthes mais aequado dicta cra no Le pla du te, demasidamente 26 lier ees Vejamos, agora, 0 que acontece com as diretrizes reerentes ao ensina superior dda literatura, Examninemos as “Diretrzes Curviculres para os Cursos de Letras", parecer CES 492/2001, aprovado pele Conselho Nacional de Educacto/Cémara Superior de Educaczo. em 3 de abril de 2001, homologado em 4 de julho do mesmo ano, adotado ofiialmente em 2002 e, segundo o Portal do MEC, ainda vigente.® ‘A€nlase ¢ posta, desde o inicio, na “amacao no mercado de trabalho”. Ninguém dduvida de que o objetivo principal dos cursos de Letras, como o de qualquer outro ceuso universtério, seja 2 formacdo de profissionais competentese integraveis no ‘mercado de trabalho. Mas em que consiste essa formagio? Resposta: “O objetivo do Curso de Letras € formar profisionais inteeulturalmente competentes, capazes de lidar, de forma critica, com as linguagens, especialmente a verbal, nos contextes oral escrito, e conscientes de sus insergio na sociedade e das rlagbes com o outro” Esse objetivo, sem duvida louvave, parece convir melhor a un curso de Co- imunicagbes, ou de Sociologia, que alinguagem verbal merece apenas um “espe- cialmente’, Por que mancer, eno, a antiga e superada palavra “Letras”? As disci plinas ensinadaseestudadas nos cursos de Letras nfo slo as Linguas, 28 Liteaturas, 8 Lingoistica, a Teoria Literiia, a Tradugdo? Todas elas no tratam da linguagem verbal? Ou a aconselhada “lexbilizacio do curriculo” supse a eaducidade dessas Aisciplins? Quanto a “consciencia de sua insergéo na sociedade e das relagdes ‘com o outro”, essa € o dever de todo e qualquer eidadso, letrado ow nio, ¢ no define especialmente o formando em Letras, ‘Como nos documentos referentes 40 ensino secundério, minimiza-s a aim portincia da linguagem verbal, e mals ainda, de sua expressio mas refinada, @ Interaura, Privlegiase, em vez delas, a palavea “cultura, dando-se “prioridade & sbordagem intercultural, que conecbe a diferenca como valor antropoldgieo ecamo forma de desenvolver 0 esptito critico frente realidade”. O uso atual,e vago, da palavra “cultura” e seus derivados (intercultural, multicultural) vern dos Estados Unidos, onde ocorreu, nos anos 1980, 9 chamado "cultural urn”. Tendo significa- 4o anteriormente, no Ocidente, o conjunto das obras de pensamento e de are que constituiam o patrimOnto das nagbes, passou a designar comportamentos de gra: pos cada vez mais pariculaves © Enfatizamn-se também, nesse documento, “o uso das novas tecnologias"¢ “a utlizago dos recursos da informética”, cuja aprendizagem nao compete 20 curso de Letra e cuja uilizacio € desnecessariamente aconselhada a seus docentes ¢ alunos, todos j usuarios habituais desses recursos. Tambem parecem desnecessi- tas ¢ pouco espectficas as seguintes recomendagdes Peston, mas °Réllxions sue un manue” in Teeigenent de le tre (Callogue de Cay. 1969, Fon, 1971 led. bas: “Helens atespto de tnt” in Roan Barthes, rumor lingua, Sto Pal, Marne Fie, 2001 ‘er canvepotal mes gov bvseiglcesces0492 doe Ler aes: map. oincgentedserso stig ds Terry Exleon Bala encote Bech tblcadooriginameme ra revit New Sstenan etude o caro Mats! te Folkd S Pals (6.12200). Dis Eagleton: “Onde anes ‘ular signers Gch ov Ulza, elas ampli prs ‘ncaa cla da praia acura police aeukrs dos sd, a clara da Merona ar ya cals paged im por dint” Lea Poses va gr ts 27 ( profsional de Leas ever, sind, estar compromisado coma ic, com sponse Tide social edacacinal.€ com as eonseqdeacs de sm asain no mundo do abt Fnalment, devers aliases cio necessro pa cmpernder aorta sea ‘permanente de educate comuadae do deensestent presiond. ‘A menos que se pressuponha, como parece sera opinito das redatoras do pare- cer, que os profisionais de Leras tendem a ser poucoéticos, desprovidos de senso cxftico acomodados a velhas formas de conheclmento e de ensino. Todos esses documentos evidenciam um fato: a Literatura é uma disciplina ameacada. As diretrizes do MEC ndo sio a causa dessa ameaca; sio sintoma. O despresigio progressivo do ensino da “alta literatura” ou “literatura dificil’, repre- sentada pelos textos candnicos dos patsese linguas,€ um fato hstorico universal, Esse desprestigio em numerosas raz0es:vivemios a época da informacao coletiva © rapida,e a leitura literdtia € uma atividade solitriae lena; o relativistao culeural ddominante poe em neque as antgas tabelas de valores, sem as substituir por novas; respostas simples as grandes questdes filosdficase existenciais passaram a ser bus «alas, por aqueles que ainda léem, em manuais de auto-afuda, mas reconfortantes ddo que os textos literrios.” ‘Como institnicio, a “literatura” esta em decliio; como pritica, ela est (como sempre esteve) em mutagio. O que esti em questdo nia ¢ a salvagio da literatura ‘como pritica de escrita e leitua, A literatura, nas grandes formas de fiecdo e poe sia, continua sendo largamente pratcada e consumida, como comprovam as gran- des tragens editorais,o afluxo de um largo pablico aos eventos literdios (cats0s livres, saldes do livro, benais, prémios et). A literatura, como pritica,ndo preci- sade nenhuma defesa especial. Novos generos estio surgindo, e talvez no esteja- ‘mos ainda em condigdes de reconhecé-os, De qualquer maneira, novas priticas $6 podem ser reconhecidas em confronto com as antigas, as quais elas se opdem ou contrapdem, O que esti em questio, por isso mesmo, ¢a salvagdo da Literatura como disciplina escolar e unlversiiria. Aameaca sofrida pela disciplins Literatura tem cariter universal, como comprovam os numerosos debates 2 esse respeito Yea lizados em paises como os Estados Unidos, onde ela fot considerada “finished for good” pela maior associngao literdria americana, a Modem Language Association, em 1995, ea Franca, nas polémicas curriculares de aleance nacional, em 2000. No Brasil, o “deseparecimento” da literatura no ensino, to evidente como naqueles paises, tem causado pouca comogao. ‘A pergumta subjacentea todas essas propostas de diminuigao ou de eliminaco do ensino literirio €aseguinte: por que ensinar literatura? Sintetizando 0 que tem side dito por numerosos teéricos, responderiamos: 1) porque ensinar literatura é ensinar a ler, e sem leitura nao ha cultura; 2) porque os texts lterios sto aqueles fem que a linguagem atinge seu mais alto grau de preciso e sua maior poténcia de signlfcagao; 3) porque a signficacao, no text itersrio, nose reduz ao significado (conoacontece nos textos clentifios,jornalistico, téenicos), mas opera ainteraclo Tati longamentedessas quests em meu leo Ala eratras (So Palo, Cia das Lets, 1996) e em algons anigos: “Em deea da eats” (op ct), "Considers inempestv sobre © esi da itera, n Ia poeta (So Paulo, Compan das Lets, 200, 28 Lieve eile de varios nives semantcos ¢ resuka numa possibilidade teoricamente infinita de ‘nterpretaes, 4) porque literatura € um instrumento de conhecimentoe de auto- conhecimento; 5) porque aficeao, > mesmo tempo que lumina realidade, mostra que outros mundes, outras historias ¢ outras realidades sto possves,libertando o leutor de seu contexto estreto e desenvolvendo nele a capacidade de imaginar, que wm motor das transformagées historicas 6) porque a poesia captaniveis de percep- (0, de fraigto ede expresso da realidade que outros tipos de texto no alcangam* Sendo o texto literario um text tio complexe, por que manter a literatura nos curriculos do Ensino Médio? 1) porque, exatamente por ser complexo, a leitura do texto literitio exige uma aprendisagem que deve ser iniciada na juventude; 2) porque os textos literrios podem ineluir todos os outros tps de texto que 0 aluno deve conhecer; 3) porque a literatura, quando o leitor dispoede wma capaci- dade de leitura que nao é nata mas adquirida, da prazere auto-estma (e a fungi do professor ¢ exatamente a de demonstri-lo}, ‘A pretensa democratizagio do ensino, como nivelacio baseada na *ralidade os alunos”, redunda em injustica social. Oferecer aos alunos apenas aquilo que ja consta em seu repertério € subestimar sua capacidade de ampliar esse epert6ri. ‘Qualquer que seja.a extragto social do aluno, sua inteligéncia Ihe permite a apren- dlizagem da leituraliterinia, Um exemplo disso, que deveria ser levado em conta pelos formuladores das direrizes curricularesoficais,€ 0 caso do escrtor Fertéz, ‘autor de Capa pecado, livro bem recebido pelo public e pela critica, Oriundo de Capto Redondo, um dos bairros mais problemaiticos da periferia de Sto Paulo, ele conta, em entrevista, como a literatura mudou sua auto-estima e como isso pode ‘contaminar toda a comunidade". Ora, a0 ser perguntado que livro mudou sua vida, a resposta fol: Madame Bovary, de Flsubert!®™ Esse caso nos permite refletir sobre o repertrio de autores e obras que deve ‘constar nos curriculos. A excessva preocupagio com 0 *contexto social" e "iden. tidade", que aparece em todos os dozumentos do MEC, assim como o temor de um “elitismo” que caracterizaria 0 ensino dos textos “canénicos”, dew origem a uma esconfianga com relagdo a esses textos no ensino secundatto, Cavou-se ass um bburaco entre o secundario anticandrico eos programas candnicos dos vestibulares O resultado € 0 artificialismo dos esados literarios nos cursinhos, baseados mui tas vezes em resumos de “grandes” obras e de apreciagoes geras a respeito delas (Ora, oensino da literatura, de qualquer nacionalidade, néo€ elitist, mas demo- cratizante. O livro ainda ¢ o objeto cultural mais barato e accessivel,€ 0 texto do Dom Quixote ou de Dom Casmurra &0 mesmo, nurn volume encadermado em papel bibs ou num exemplar de banca de jornal. Além disso, sem o ensino especifico da Teituraliteraia, haveria uma contradicao entre as louvaveisiniciativas governa- ‘mentais € as diretrizes oficiais para o ensino: 0 paradoxo da ctiacio de bibliotecas sem que a escola se preacupe em formar letores, Se os leiores de literatura cons- tituem urna elite, esta é abertaa todos 05 alfabetizados, cabendo aos professores apenas mostrar o objeto sob sua melhor luz. Quanto especializagio ems lteratu "Ver ents ots: Antonio Candido, “A Merson a formagto do home, op. ct “Com as pps mos’ enters pblcadn no suplemento Folate, da Pola de S Pat, “no di 65.2005, tu Pm os ‘loop os 29 tas estrangeiras, ela no consttui necessariamente um afastamento da cultura bra sileira, porque esta €o fruto da assimilacao de muitos aporte estrangeizase sobre- tudo porque qualquer reivindicacio do “autenticamente nacional" € um erro an ‘wopoldgico de base. E porque a boa literatura €, por definigdo, univers ‘Quanto a preocupacio com o *politicamente correo", queleva os professores universities de literatura a preferivem os “estudos culturas® de tipo norte-ame- ricano, dentro dos quais as obras sio escolhidas em razio de sua tematicae nto em razto de sua qualidade esttia, haveria ainda muito a dizer. Alina, ensinar litera- tura € sempre um ato politico, pois, como diz Adorno, quilquer que seja sta temitica,a poesia desvenda o "fundamento qualitaivo" da socedade. Deve-se, se- _gundo ele, “nto fazer abusivamente dos textos poéticaso objeto de demonstragbes socioldgicas, mas fazer de modo que a relagao desses textos com o social desvende algo que Ihes ¢ essencial, algo de seu findamenta qualitatvo". A grandeza da obra dearte~ diz ele ainda —é a de “deixar falar aquilo que aideolcgia dissimla” Muito semethantes a essas colocagdes de Adorno, em Discurso sobre a poesia lirica ea sociedade (1958), sto as de Antonio Candido, em Literatura ¢ sciedade e, especialmente, “O direto literatura", conferéncia de 1988 em que ee situa a litera tura como um "bem incompressivel” a que todos tem dieito, Alteraura, diz Anto- no Candido, *corresponde a uma necessidade universal que deve ser satseita, sob pena de mutilar a personalidade, porque pelo lato de dar forma aos sentimentos ¢ & Visto do mundo ela nos organiza, nos liberta do caos e portasto nos humaniza” Também é apontada, por ele, a inustiga social desea privagio: Paraque a Merstura chamaés eet deine dese pevilégo de pegencs grupos, é precio «que orgaizacao da soledade sj eta de mane gaan un rb eqai dot bens. Em prinpo, 9 mama socteade altri os pods Metros poet cela em bareins, nest domino asia ¢perelamente dria ez pst ome o Bras onde 2 maior da populaao€ alle ox quae eve em condies eo permite» marge de laerindspensivelera Port, mia soiedadeestntifcnda deste ys iso Tera Se esta de manera rapa elenaie Palavrassibias que deveriam provocar reflexio daqueles profesores de litera tra que, desejando ser democraticos, privam os altos dos textos *dificeis”, sux Péstamenteeitistas. Talvez 0 subversive, hoe, seja ensinat 0s “autores canOnicos” (ante, Cervantes, Shakespeare, Goethe, Balzac, Machado de Assis, Guimaraes Rosa, Carlos Drummond de Andrade.., porque a literatura de massa est disponivel aos alunos sem que eles precisem de “Introdueao”,e as informacdes supericiais sobre «realidad contemporinea estao em todos os jornaisetelevsbes, o¥ na internet. Apesar de tado, ainda se ensina Literatura, Intimeros professes, no Brasil e no ‘mundo, dedicam-se com amor competéncia a essa profissto desprestigada € anweacada, inteirando-se das mutagdes contextusis do presente e buscando novas formas de nels ineluir 0 estudo dos texts literitios. E para incentiv-los a resist € 8 continuar que as reflexses deste artigo podem ter alguma utiidade. 2 Theavor W Adoeno, News sw lane, Pans, Champ Flmmatba, 198, p 468. Anonio Candid, "O dri erst" op.

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