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IND abe MENTAIs EI stitial « p ‘al Constitucig. 58 502 conen, lo rico catdtogs 4 proporcions, " ordindtia dg constituir um © pata os seus Deen 80 eee Proessor ds Facuiede de Deo de Universdada ta Lisbos Modernizacao do Contencioso Administrativo* 1 A expresso Contencioso Administrativo perfaz por esta al- tura dois séculos de existéncia. Ela d4 0 nome a uma instituig3o de Direito Publico que representa um dos frutos da consolidacao do Esta- do Constitucional no rescaldo da Revolugo Francesa. A contemplagio do tempo decorrido permite concluir sem esforgo que o Contencioso Ad. ministrativo se tem caracterizado pela constante dindmica evolutiva © pela tendéncia para ganhar alguns contornos proprios em cada uma das ordens juridicas nacionais que o acolheram. Mas também parece eviden- te que, ndo obstante todas as mudangas, o Contenciaso Administrative continua # representar, em todo o lado onde existe, aquilo que de essen cial o marcou logo no primeiro momento. Desde sempre, preencheu uma necessidade que se mantém actual: a conjugagao da tutela jurisdicional das posigdes individuais em face da Administracao Pablica com o respei to das competéncias adminiscrativas pelo juiz. Continua hoje a caber ao Contencioso Administrativo aquilo que sempre The coube: fazer das situa- ges decarrentes do exercicio da fungao administrativa objecto da cognigao do juiz, sem com isso retornar a indiferenciagao entre funcao jurisdicional ¢ fungio administrativa caracteristica do periodo pré-liberal. 2. A lei cabo-verdiana do Contencioso Administrativo (Decreto-Lei 1n.® 14-A/83, de 22 de Marco) tem neste momento vince e trés anos de idade. Trata-se sem divida de um perfodo de vigencia longo para um diploma sobre esta matéria, numa época que marca uma viragem de sécu- loe de muitos padres juridicos. O Direito Comparado evidencia travar- *oracto de sapience proterda no Insts Supevorde CldncioeJuiseasw Sodas, ral, Cabo Verde, Se Dezembro de 2086. | VINVGVGID ® OLITHIG eet ca RI IN | DIREIYO e CIDADANIA 8 MODERNIZAGA | MODERNIZACAO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO [ener EEE rio. Significa isto, em prim se de uma fase da Histéria da Justiga Administrativa em que muita cose tem mudad depressa, E ineyavel um reejustamenco da pasigao decde eS do na arquitectura do Direito Administrativo, onde ele figura cadeney Ce menos como mero objecto ou destinatdrio passive do exerc{cio dos pode. deverd deter perante 0 reconher res piblicos e cada vez mais como um dos sujeitas de direitos e devereena tunidede de primeiva regulagto ¢ caem sob a sua competéncia. E relagdo jur(dica administrativa e, nessa medida, colocado ao mesmo nf, cio da discricionariedade e de vel do que a Administragdo, As transformagdes assim operadas no ambi. a to do Direito Adminiscrativo substantivo ¢ procedimental no poderiam conferidas pelo legislador & Ac deixar de desencadear reflexos no processo administrativo. Delas —entre controlo de juridicidade, e nao utras causas menores ~ deriva um sentimento mais vivo da necessidade conweniéncia. de alargar o leque dos meios processuais, a fin de melhor ajustar os tipas das proniincias jurisdicionais e a tramitago que as antecede a um multifacetado elenco de pretensdes e de causas de pedir, cada vez menos cingido a simples anulagao de actos administratives com fundamentoem 5.A par das duas teferidas guiralgumas densificagies, out algunas das reformas a conct ilegalidade. papel que o legislador quetra paradigma da repartigdo de coi 3.Seria, naturalmente, da nossa parte, uma mostra de estulta presun- Nao eondtieracerts a pene io vir tirarde repente da cartola as bases de uma reforma do Contencioso notocante & escolha da pris . visto eminentem Administrative eabo-verdiano. Faltam-nos, para tanto ousar, o indispen- com uma visi sdvel conhecimento dos problemas e do ambiente sécio-juridico com os uais se tem defrontado a Justiga Adminiserativa no vosso Pais a vivencia Pratica e a reflexao tedrica sobre as suas realizagdes e os seus insucessos. Aquilo que eventualmente me serélicita¢ factivel é ~enquanto académico oe que tem, ao longo dos anos, estudado o Direito Comparado do exercicio locais. A verdade, porém, € qu da jurisdigao sobre os litigios juridico-administrativos —confidenciar-vos 7a por Napoleo,e, em Port tama stimula de reflex6es pessoais. Tratar-se-d fundamentalmente de pro- «ates jectar sobre o sistema configurado na vossa Lei de 1983 alguns parimetros Base aiprimetra insrincia doc de andlise extraidos de metas concretizadas ou defendidas como desejé ral que, quando tiver lugar em veis noutros sistemas da actualidade. se venha a alargar o leque dos civil, com excepgao apenas d corridas. Noutras paragens, t seja, na superagao da exclusiv da igualdade de armas que 6, direito fundamencal a um pre suceder, haveré naturalment' Contencioso Administrativo cias detidas pelo Supremo Tr entre poderes. Limitar-nos-en A primeira cem a ver co verdiano reserva ao Supremo contencioso de anulagiio de act 4.Falando a este titulo, diremos, em primeiro lugar, que so prove: velmente duas as frincipais ideias-forca que regemn a evolugao da Justiga ‘Administrativa nas ordens juridicas da familia tomano-germanica: em Primeiro lugar, a da efectividade da jurisdigo, visando primacialmente, ™mas ho apenas, a plenitude da tutela das situagBes juridico-administratioas subjectivas. Mas, como contraponto desta, avulca a ideia da contengao da jurisdigio sobre as causas administrativas no perimetro do seu dmbito funcional Cy que muita coisa vosigdo do cida. figura cada vez ‘cicio dos pode. tose deveres na > a0 mesmo nié- radas no ambi- Ino poderiam >. Delas—entre da necessidade ajustar os tipos ntecede a um ada vez menos undamentoem esculta presun- o Contencioso sar, o indispen- uridico com os ?ais, a vivéncia eus insucessos. nto académico lo do exereicio nfidenciar-vos (mente de pro- ans parmetras como desejé- jue sio prove- sho da Justiga ermAnica: em macialmente, administrations x contengiio da nbito funci MODERNIZAGAO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO os rdprio. Significa isto, em primeiro lugar, que 0 necessério alargamento do poder decisdrio do juiz para além do tradicional campo da anulagao (ou declaragio de nulidade ou inexisténcia) do acto administrative se deveré deter perante o reconhecimento tendencial a Administracdo da opor- tunidade de primeira regulago das situagées individuais e concretas qué caem sob a sua competéncia. E significa, em segundo lugar, que o exerci cio da discricionariedade e de outras formas de margem de livre decisao conferidas pelo legislador & Administragao s6 poderao ser objecto de um controla de juridicidade, e ndo de um controlo de métito, oportunidade ou conveniéncia. 5.A par das duas referidas ideias-forga, das quais comentaremos a se- guir algumas densificacies, owtras directivas poderao vir também elas ditar algumas das reformas a concretizar. Sera esse, por exemplo, 0 caso do papel que o legislador queira reservar a cada classe de tribunais enquanto paradigma da repartigao de competéncias em primeiro grau de jurisdico. Nao consideraremos em pormenor este tema, que se prende — pelo menos no tocante 8 escolha da primeira jurisdigao para as acces impugnatérias ~com uma visio eminentemente politica do tipo de interdependéncia entte poderes. Limitar-nos-emos a fazer duas observagées. A primeira tem a ver com a verificag3o de que o legislador cabo- verdiano reserva ao Supremo Tribunal de Justiga a primeira instincia do contencioso de anulagio de actos administrativos dos Orgdos das autarquias lbcais. A verdade, porém, & que, desde a criagao dos Consethos de Prefeitu- ra por Napoledo, e, em Portugal, pelo Decreto de 1832 de Mouzinho da Silveira, se consolidou a tradigao de deixar aos érgos jurisdicionais de base a primeira instancia do contencioso autiirquico. Parece, alias, natu tal que, quando tiver lugar em Cabo Verde uma reforma do Contencioso, se venha a alargar o leque dos meios de prova admisstveis aos do processo civil, com excepgao apenas do depoimento de parte das autoridades re- corridas. Noutras paragens, tem-se reconhecido em tal alargamento, out Seja, na superacao da exclusividade da prova documental, um imperative da igualdade de armas que é, por seu turno, uma das concretizagoes do direito fundamental a um processo equitativo. Mas, quando assim vier @ Suceder, haverd naturalmente que transferit pata os cribunais de base do Contencioso Administrativo ao menos uma parte das actuais competén- ®ias detidas pelo Supremo Tribunal de Justiga em primeiro grau de juris VINVGVGID ® OLIaut DIREITO e CIDADANIA 138 MODERNIZAGAO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO a aoe digo, a fim de nao onerar este tiltimo com o tempo requerido pelas dil. géncias de produgo de prova A segunda observagdo € a de que 0 Direito Comparado nos mostra que, também no ambito material do Contencioso Administrative, o pa- pel dos Supremos Tribunais tende a ser, tanto quanto possivel, o do jui de revista, que apenas julga de direito ¢ sobretudo vela pela melhor apli cago e pelo progresso do Direito. 6.Voltemos, porém, aquelas que nos pareceria deverem constituiras duas principais linhas de forga de uma reforma de todo e qualquer Contencioso Administrative, comegando pela ideia do reforgo da efect- idade da jurisdigto A cfectividade consticui um objectivo um valor que devem presidir ao desempenho das diversas fungdes proprias ce urn Contencioso moder- no € nao apenas ao desempenho da sua fungo subjectivista. Também importam a efectividade do controlo objectivo de legalidade e ada tutela de interesses metaindividuais qualificados. No quadro, porém, de uma Constituigo que, acima de tudo, coloca a Repiiblica ao servigo da digni- dade da pessoa humana e da inviolabilidade e inalienabilidade dos direi- tos do homem, a efecrividade da jurisdigsio administrativa significa em ptimeiro lugar a efectividade da tutela juridica subjectiva, ou seja, da turela jurisdicional das situagbes juridicas subjectivas dos particulares em face da Administragaio. A efectividade da tutela constitui hoje um prinefpio nuclear do pro- cesso administrativo. A garantia constitucional de acesso & justiga admi- nistrativa perde muita da sua instrumentalidade em relacio & preservagao € promogao da dignidade da pessoa humana se apenas possibilitar a0 ou- tro sujeito da relagao juridica administrativa controvercida figurar como parte num processo contra a Administrago, sem curar de saber se 8 org2- niizagio legislativa desse processo permite a quem tenha razdo ver a sua pretensé coneretitada no plano existencial da sua situaglio de vida. ‘A cefectividade significa uma exigencia de plenitude e de sobreposigao da materialidade & formalidade da tutela: 0 acesso aos tribunais para ob- ter o exercicio da jurisdigao administrativa no basta por si proprio; a$ regras processuais ndo poderao constituir uma barreira absoluta a reinte- gracdo possivel de certos direitos ou interesses legalmente proregidos que tenham sido ofendidos. As exigéncias de ordenamento do proceso de ecm pe acordo com val cursos ese 08805 dade da emissi turmo, esta pror tencial do titul: arealidade de f dito pelo julgac artigo 24 lifiea expressan ou interesses le A posigio doc éverdadeirame processo nao efectvidade nai principio incer que isso, ela co damental que, Go, tema nav tigo 25.8 da Ci 7.No toca traglio, © prit subjectividade, baseamento de fo entre o pe juidicas, em ¢ aetivas. A pos do respeico do deexigir), nen em cuja obser Nao parec cional um sist cesso visem 2 objective e, at das sicuacéies j Daqui rest tituigdio de C: wisTRaTIVo » tempo requerido pelas dili- ito Comparado nos mostra acioso Administrativo, 0 pa ito quanto posstvel, o do juiz tudo vela pela melhor apli receria deverem constituir as eforma de todo e qualquer rela ideta do reforgo da efect- um valor que devem presidir sde um Contencioso moder- go subjectivista. Também vo de legalidade e a da tutela No quadro, porém, de uma epablica ao servigo da digni- e inalienabilidade dos direi- administrativa significa em subjectiva, ou seja, da tutela vas dos particulares em face 1m prinefpio nuclear do pro- nal de acesso a justiga admi- ade em relagio a preservagao se apenas possibilitar a0 ou- controvertida figurar como sem curar de saber se a orge- ‘quem tenha razio ver a sua da sua situagao de vida. plenitude e de sobreposigao icesso aos tribunais para ob- nfo basta por si proprio; as a barreira absoluta & reinte- s legalmente protegidos que denamento do processo de Sear CARRE ane AT acordo com valores como os da seguranga e da utilizag#io racional de ceutsos escassos no poderdo sobrepor-se desrazoavelmente A susceptibil dade da emissio de uma prontincia sobre o mérito da causa. E, por seu tuo, esta prontincia nao poderd deixar de ser projectada na posi¢ao tencial do titular da situago juridica subjectiva ofendida de modo a que arealidade de facto passe a corresponder aos termos em que Direito fo: dito pelo julgador. artigo 241.°, linea), do texto constitucional cabo-verdiano qua lifica expressamente com o requisito da efectividade a clefesa dos direitos ou interesses legitimos a que se destina 0 acesso & justiga administrativa A posig&io do constituinte 6, pois, a de que a justica administrativa nao 0 Everdadeiramente quando as insuficigncias na organizacao legislativa do processo nao permitam dar efectivagao as pretensdes fundadas. A efectividade nfo exprime, assim, nem apenas, nem principalmente, um principio interpretativo das regras do processo administrative. Mais do que isso, ela constitui um elemento essencial do conterido do direito fun damental que, consagrado no artigo 241.2, alineas e) a g), da Constitui 60, tem a natureza de dirciro andlogo a direito, liberdade ¢ garantia (ai tigo 25.° da Constivuigio). 7.No tocante & defesa das posigées individuais em face da Adminis raga subjecrividade, ou principio da tutela jurisdicional administrativa subjectiva. O baseamento da Reptiblica na dignidade da pessoa humana passa pela liga go entre o portador do poder piiblico e o individuo através de relacdes juridicas, em cujo ambito a pessoa é também titular de posigdes juridicas activas. A postura supraordenada da Administragio niio a dispensa nem do respeito dos direitos dos cidadaos (respeito esse que estes t€m o poder deexigir), nem da sujeicho a regras disciplinadoras do exercicio do poder, em cuja observancia os cidados rém um interesse legitimo. Nao parece satisfatoriamente sintonizado com esta filosofia constitu- ional um sistema de jurisdigao administrativa em que os meios de pro: esso visem to s6 a reposigtio da integridade do ordenamento juridico objectivo e, apenas por arrastamento, de um modo reflexo, a reintegragao das situacdes juridicas subjectivas ofendidas. Daqui resultaria, muito possivelmente, a insuficiéncia, a face daCons- tituigdo de Cabo Verde, de um modelo de Contencioso Administrative © principio da efectividade conjuga-se com 0 prinetpio da | VINVOVGID ® OLIZuIG MODERNIZACAO BO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO Tat) aetna | | ” preenchimer que, tal como aquele que vigorou em Portugal pelo menos até 1985, ape. tos, ou pedir | thas assentasse num recurso contencioso meramente cassatério ¢ em aigu- ministrativor mas acgdes de plena jurisdig80 mas cingidas a um cutto elenco de objec- fefeionitios, tos: os litigios sobre contratos administrativos e responsabilidade civil icecae cc extracontratual por actos de gestiio piblico. Se o baseamento da Repibli- Balicigice res ca na dignidade da pessoa humana (Constituigao, artigo 1%, n.® 1) passa tratos abrang ~ como parece que tem de passar ~ pelo carécter relacional da situagio Pero delint juridica do particular em face da Administragao, entdo todas as posigdes ‘Adininiscrac activas com que a relagdo se estrutura tém de consticuir objecto de tutela eae idk jurisdicional. Compreende-se assim que, pelos preceitos conjugados do sigbes de din artigo 241.2, alineas e) ag), e do artigo 25.°, a Constituigo da Republica lode ilegall de Cabo Verde assuma uma decisio fundamental de tutela jurisdicional ee are administrativa subjectiva como um todo. isso, eliminar O legislador do estatuto do Contencioso Administrative de 1983 West peiicen interpretou, no entanto, correctamente essa visio constitucional de uma fiaidisos'e d tutela jurisdicional compreensiva de todas as situagdes subjectivas juridi- etesipat cas administrativas activas ao explicitar, no artigo 2.*, as relagdes juridi Padtdd pedic cas administrativas como Ambito arquetipico da jurisdigfio administra facaltagSo tc va e ao configurar, ainda que um tanto esfingicamente, no artigo 6%, Renee de uma accdo processual administrativa destinada a reintegrar situagées juridi- db juis, toda cas subjectivas lesadas. Existe, no entanto, um problema, em virrude de relagao juridi se cingir a lesfio susceptivel de constituir causa de pedir aquela que seja Pel eabegurds provocada por acto administrative um controlo ligado de ur: < 8.Sao de diversa indole as técnicas de que o legislador contemport dices. | neo deverd langar mao para vinear o cardcter subjectivista da tutela %& | jurisdicional administrativa. 9.Em seg = Em primeiro lugar, cumprir-Ihe-4 assegurar a possibilidade de neutra~ bém densific By | tizacdo de todas as formas de lesdo de direitos ou interesses legalmente eee 5 | protegidos gracas no principio da atpicidade do pedido, iso 6, & abertura do NE piScesees @ | Proceso & dedugaio de quaisquer pretensdes substantivas susceptiveis de corresponda se inscrever numa relacao jurtdica administrativa. Para além da clissic® Rete © | anulagto ou declaracao de nulidade ou inexiseEncia de actos administra administratis ES | civos, poders, por exemple, pedir-se o reconhecimento de situagtes sub- de. Nelas, a p Be | jectivas directamenre decorrentes de normas juridico-administrativas 08 designadame Be | de actos juridicos praticados ao abrigo de disposicdies de direito adminis ee nae © | trativo, ou pedir-se 0 reconhecimento da titularidade de qualidades, do 140 pec- 40008 ent STRATIVO OSE MANUEL SERVULD CORRELA pelo menos até 1985, ape- rente cassatcrio ¢ em algu. um curto elenco de objec- vs € responsabilidade civil obaseamenco da Repabli jo, artigo 1.8, n.* 1) passa Zter relacional da situagéo Jo, ento todas as posiges onstituir objecto de tutela 's preceitos conjugados do onstituigo da Repiiblica atal de tutela jurisdicional ) Administrativo de 1983 isfio constitucional de uma ituagées subjectivas juridi- igo 2.8, as relagdes jurfdi da jurisdigao administrati agicamente, no artigo 6.°, reintegrar situagbes juridi- n problema, em virtude de sa de pedir Aquela que seja © legislador contemporé- cter subjectivista da tutela a possibilidade de neutra- 5 ou interesses legalmente redido, isto 6, & abertura do sbstantivas susceptiveis de tiva. Para além da classica éncia de actos administra scimento de situages sub- urfdico-administrativas ou ssigbes de direiro adminis- laridade de qualidades, do MODERNIZACAO DO CONTENGIOSO ADMINISTRATIVO eT preenchimento de condigdes ou do direito & abstengao de comportamen- tos, ou pedir-se a condenagao da Administrago na prética de actos ad ministrativos legalmente devidos ou no correcto exercicio de poceres cis cticionérios, ou a respectiva condenago no pagamento de quantias, na entrega de coisas ou na prestago de factos. A par das eléssicas resoluico de litigios respeitantes quer a incerpretacio, validade ou execugio de con. tratos abrangidos no ambito da jurisdigao administrativa, quer ao paga- mento de indemnizagées, poder deduzir-se o pedido de condenagio da Administragao na reintegragao natural de danos. A par da classica decla- ragdo jurisdicional da ilegalidade de normas emitidas ao abrigo de dispo- sigbes de diteito administrativo, poderé admitir-se 0 pedido de declara- ‘s80 de ilegalidade por omissio de normas cuja adopedo pela Administra: Ho seja necessdria para dar exequibilidade a actos legislativos e, com isso, eliminar prejuizos resultantes da situago de omissio. Poder-se-4 tam- bém pedir em geral a condenagaio da Administragao na pratica dos actos juridicos e das operagées materiais necessérios ao restabelecimento de sicuagées jur(dicas subjectivas desvirtuadas ou recusadas. E também se poderé pedir a intimagio da Administragio & prestacio de informagdes, facultagao do acesso a documentos ou passagem de certidées. Tratar-se-4, em suma, de possibilitar ao administrado satisfazer, através da proniincia do jul, toda a pretensto insatisfeita que se inscreva no conterido de uma relago juridica administrativa de que seja titular. S6 deste modo o rribu: nal asseguraré uma cutela jurtdica subjectiva, em vez de efeccuar to s um controla jurfdico objectivo, au seja, um controlo de juridicidade des: ligado de uma directa reincegracao das posigdes juridicas subjectivas ofen: didas. 9.8m segundo lugar, 0 princfpio da subjectividade da tutela deverd tam bem densificar-se no principio da curndabilidade de pedidos. Se bem que a cada meio processual administrativo especifico, ou seja, a cada categoria de processo apenas préprio do exercicio da jurisdigao administrativa, conesponda um pedido tépico, este deveré ser considerado como pedido principal, e nfio como o tinico pedido admissivel. As relagdes juridicas administrativas tendem, hoje em dia, a caracterizar-se pela complexi de, Nelas, a posigio do particular desdobra-se em pretenséies conexas que, designadamente nos processos impugnatérios, nao ficam desde logo to: das automaticamente satisfeitas pela simples desconstituigse ou declara- VINVGVGID ® OLIZNIG 141 | DIREITO e CIDADANIA MODERNIZAGAO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO 7 gio de nulidade do acto ilegal. H14, pois, por exemplo, que permitir que, com 0 pedido de anulacao do acto administrativo, se cumule ode conde, nagio da Administracdo no restabelecimento da situago que existiriase © acto ndo tivesse sido praticado, incluindo, por vezes, a condenacio 4 pratica do acto que deveria ter sido emitido em lugar do acto anulado, E, com aquele pedido principal, deverd também poder-se pedir a condena. do da Administragao na reparagao dos danos causados pelo acto ilegal. Esta tiltima 6, alids, j4 hoje uma cumulagso de pedidos expressamente admitida pelo artigo 21.°, n.* 5, do Decreto-Lei n.# 14-A/83. Um modo paralelo de promover a plena reconstituicao, através de um s6 processo, da relagfo juridica administrativa a favor do seu titular privado sera a flexibilizago da modificagao objectiva da instncia. Naqueles ‘casos em que 0 procedimento adminiscrativo tenha continuado a desen- rolar-se a par da tramitagSo do processo administrativo, sera necessario que 0 objecto do proceso possa ser ampliado & impugnago de novos actos que venham a ser praticados no Ambito do procedimento. Designadamente, quando o acto impugnado seja relativo & formagio de tum contrato € este vier a ser celebrado na pendéncia do processo, seré necessario que, por iniciativa do autor, a cognigSo do juiz possa desde logo abranger também a validade do contrat. Em suma, a funedo subjectivista do processo impugnatério demanda 0 abatimento de todos os entraves de ordem processual a plena reposigao em todas as suas facetas da situagao juridica subjectiva ofendida. Sem cumulabilidade de pedidos ¢ modificabilidade objectiva da instancia, a prontincia jurisdicional continuaré a deixar insatisfeitas pretensbes de~ correntes da relacao juridica administrativa controvertida vista no seu todo: 10.Como decorre das consideragies anteriores, 0 legislador s6 pode- +4 assegurar uma tutelajurisdicional administratiea simultaneamente subjec- iva se dotar o juiz dos processos especificamente administrati- vos dos mesmos poderes de promincia que se encontram presentes na ceo comum do proceso civil. Enferma de lacunas de protecgio um sistema confinado & simples impugnagao cassatéria de actos administrati- vos e & condenagio da Administrag&o em prestagées sobretudo de abjec~ to pecuniario € em campos materiais restritos, como os dos contratos ad- miniscrativos e da responsabilicade civil excracontratual. As lacunas dé pecs MODERNIZAG pe um tal sistema s6 serdo arre atipicidade dos pedidos e das pr mninistrativas nfo poderé, poi nados & anulagdo de actos constitutivas, ele deverd pode tivas e proniincias condenare ficardo, por seu turno, limita deactos administrativos, oud das pela Administracao. Pelo mento de quaisquer situagée exemplo, de qualidades ou de gas de condenagao proferidas como objecto possivel presta facto ¢ a entrega de coisas. decis6rios do juiz conferiré a dirimir todos e quaisquer litig tomaterial. Esta omnicompreensividad cao abandono de formas de um pedido ¢ uma decisio ju recurso contencioso. Mas are hada de duas inovagSes. Po clatagio de nulidade ou ine: mais 0 Gnico pedido admissfs tio cumular-se pedidos da condenatérios pela sentenga vérsia possam ser simultaneat meios processuais do Contel acgdo comum, na qual se poss: Asolugzo de litigios juridico-e tum meio processual espect Em suma, sem um sistem: Prontincia jurisdicional sobre Seja ~ emergence de um litte Administrative nao teré atin Sonsentaneos com a visio cor no estaré suficientemente si Decora Eservito cones permitir que, ede conde. ue existiria se ondenagéo co anulado. E, ira condena- lo acto ilegal. xpressamente 3. fo, através de do seu titular cia. Naqueles uado a desen- ordi necessério go de novos ocedimento. 2 formagao de proceso, serd it possa desde io demanda o ‘ena reposigio vfendida. Sem fa instancia, & rretensoes de- a vista no seu lador sé pode- mente subjec- administrati- \ presentes na prorecgao um sadministrati tudo de objec scontratos ad As lacunas de pec 008 MODERNIZAGAO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVC ose HANUEL SERVULO COREL tum tal sistema s6 serfo arredadas gragas a perfilhag3o do principio da atipicidade dos pedidos e das pronyincias jurisdicionais. OQ juiz das causas ad- mministrativas no poder4, pois, ver os seus poderes decisdrios quase confi- nados & anulagio de actos administrativos. A par destas sentengas constitutivas, ele devera poder genericamente emitir proniincias declara- tivas e prontincias condenatérias. As decisdes judiciais declarativas no ficario, por seu tumo, limitadas as questéies de nulidade ou inexisténcia deactos administrativos, ou & declaragao de ilegalidade de normas emiti- das pela Administragao. Pelo contratio, elas poderio impor o reconheci- mento de quaisquer situagSes subjectivas juridico-administrativas, por exemplo, de qualidades ou do preenchimento de condigdes. E as senten- gas de condenagio proferidas contra a Administrago nfo terdo apenas como objecto possivel prestagies pecuniarias, mas também prestagies de facto e a entrega de coisas. $6 este cardcter irrestrito da gama dos poderes decis6rios do juiz conferird a jurisdigao administrativa a virtualidade de dirimir todos e quaisquer litigios que possam emergir no respecrivo Ambi- to material. Esta omnicompreensividade das situagées juridicas tutelaveis nao impli- cao abandono de formas de processo administrativo caracterizadas por um pedido e uma decisto jurisdicional especffica, como € 0 caso do velho recurso contencioso. Mas a respectiva continuidade deverd ser acompa- hada de duas inovagées. Por um lado, o pedido de anulagao (ou de de- claracao de nulidade ou inexisténcia) do acto administrative nao sera mais 0 tinico pedido admissivel, mas um pedido principal, a0 qual pode- Bo cumulat-se pedidos da produsdo de efeitos declarativos e, ou, condenatdrios pela sentenca, a fim de que todos os aspectos da contro- vérsia possam ser simultaneamente dirimidos. Por outro lado, a gama dos meios processuais do Contencioso Administrativo devers incluir uma aso comum, na qual se possam formular quaisquer pedidos respeitantes, Asolugdio de litigios juridico-administrativos para cuja cogni¢o nao exis- taum meio processual especifico. Em suma, sem um sistema de meios processuais que providencie uma Prontincia jurisdicional sobre qualquer pretensio por muito atfpica que seja ~ emergente de um litigio juridico-administrativo, o Contencioso Administrativo no tera atingido os niveis de subjectividade e efecrividade consenténeos com a visdo contemporanea do Estado de Direito. A cutela io estard suficiencemence subjectivada, por néio atender a situagées em Dre 2405) | VINVavalD oLIauia DIREITO e CIDADANIA —=— MODERNIZAGAO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO, que a pessoa é portadora de uma precensio carecida de proteccéo juridica, | Endo sera plenamente efectiva, por se no providenciar em todas as hipé. teses a soluedo requerida pelo pleno restabelecimento da paz juridicaeda situagao subjectiva devida. 11. Dito isto, convém acentuar que ndo existe uma receita tinica para a composigiio do leque de meias processuais proprios do exercicio da justiga administrativa Em certos sistemas nacionais — como, por exemplo, 0 francés e 0 alemao -, 0 legistador procura enquadrar toda a actividade jurisdicional administrativa por meios processuais dela préprios. Noutros, como so 0s casos de Portugal, do Brasil e da Inglaterra ~ ainda que em termos assaz diferentes entre si—, combina-se a adopgiio de meios processuais espectficos com oemprego de meios do processo civil. Besta também a solugao perfilhada em Cabo Verde, visto que 0 artigo 41.° do Decreto-Lei n.° 14-A/B3 re- mete as aceSes em matéria administrativa para os termos do processo ci- vilsumério, do mesmo passo que no diploma se estabelece uma disciplina specifica para o recurso contencioso dos actos administrativos. Sem excluir que possa existir, no conhecemas qualquer caso, mes- mo entre os sistemas nacionais que optam pela unidade jurisdicional, em que a justiga das causas adminiscrativas se aplique apenas 0 processo civil. Na medida em que seja possivel uma sintese, dir-se-& que o processo civil se adequa, sem prejuizo da necessidade de algumas regras especiais, causas onde se discutem relagGes juridicas administrativas paritérias, 20 asso que as formas especificas de processo administrativo tendem a en- quadrar as controvérsias sobre 0 exercicio do poder de império pela Ad- ministrago, ou seja, aquelas que derivam da prética, recusa ou omissio de acto administrativo ou da emissio ou falta de emisstio de normas pela Administrago. A separaco entre 0 dois blocos processuais nao tem de ser absoluca- Em Porrugal, como hoje em dia em Cabo Verde, aplicam-se subsidiaria- mente as normas do processo civil tramitagao dos meios processuais especificos. Em contrapartida, pelo menos em Portugal, a sujeigao da ae do administrativa comum e dos recursos das decisdes jurisdicionais & 0 205 disciplina do processo civil entende-se feita sem prejuizo da sufi rinefpios proprios do processo administrarivo, como o da promocao do aces 50 justia, em cujas termos as normas processtiais devem ser interprets” pec MODERNIZA ETS das no sentido de promover pretensdes formuladas (Cod vs, artigo 7.*), 12.Nao poderfamos de f eos respeitantes ao delineat processuais espectficos do Con adois, que so, porventura, junto. O primeiro ponto tema meios processuais principais via. No processo administrati do & ideia de que processos Ora, em certas situagées, com Ainformago administrativa sitiva ou negativa da Admini ‘til de um direico, liberdade « fectividade da tutcla represe Pésito, destacamos 0 contenci tervengao correctiva do ji #0, ou seja, da conclusfio do te.Este um ponto a propésit te no plano da globalizagio com as suas Direcrivas sobre ‘ages internacionais cdo div métcio, o Banco Mundial e sentido da generalizagio de be ‘aso priblica, que passam pel toesteja celebrado e, até, an! contratual, um remédio juris contratagao sobre os devidos « Corréncia, transparéncia € tconémicos interessados na c Um segundo tépico respe da acedo de condenagao a prati Sua tevisio de 1997, a Const un dos. ingredientes da efecti Ey go juridica, codas as hips. 2juridicaeda ita tinica para icioda justiga o francés ¢ o jurisdicional 5, como sioos 1 termos assaz unis especifcos ‘lo perfilhada 9 14-A/83 re- 0 processo ci ma disciplina ser caso, mes- isdicional, em processo civil processo civil + especiais, 8s paritérias, 20 tendem aen- >ério pela Ad- ssa ou omissi0 le normas pela le ser absoluca se subsidiaria os processuais sujeigao da 2c arisdicionais 2 da sujeigao a0s ogo do aces ser interpreta pec MODERNIZAGAO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO das no sentido de promover a emisséo de prontincias sobre 0 mérito das pretensdes formuladas (Cédigo de Processo nos Tribunais Administrati- vos, artigo 7.2) 12. Nao poderfamos de forma alguma tocar aqui c agora todos os t6pi cos respeitantes ao delineamento de um subsistema completo de meios processuais especificas do Contencioso Administrative. Limitar-nos-emos adois, que s20, porventura, os mais importantes para uma visio de con- junto. O primeiro ponto tem a ver com a possibilidade de distinguir entre meios processuais principais de tramitagdo urgente e de tramitagao ordind- ria, No processo administrativo, esteve-se durante muito tempo vincula- do a ideia de que processos urgentes sfo tho s6 os processos cautelares. Ora, em certas situagées, como as do contencioso pré-conttatual, do acesso A informagaio administrativa e da indispensabilidade de uma conduta po- sitiva ou negativa da Administragao para assegurar 0 exercicio em tempo ‘til de um direito, liberdade ou garantia, a urgéncia pode set necessaria a efectividade da tutela representada pela prontincia de mérito. A este pro- Pésito, destacamos 0 contencioso pré-contratual, destinado a permitir a ir tervenco correctiva do juiz ainda antes da pratica do acto de adjudica ho, ou seja, da conclustio do procedimento de escalha do co-contratan- te.Este é um ponto a propésito do qual se nota uma evolugaio convergen- te no plano da globalizagio do Direito. Nao apenas a Unio Europeia, com as suas Directivas sobre a contratago piiblica, mas também organi- ‘agdes internacionais tao diversas como a Organizagfio Mundial do Co- mércio, o Banco Mundial e a OECD tém desenvolvido iniciativas no sentido da generalizagao de boas préticas nacionais no dorninio da contra- ‘glo pablica, que passam pela possibilidade de obter, antes que o contra- ‘westeja celebrado e, até, antes do encerramento do procedimento pré- contratual, um remédio jurisdicional que reponha, no caso concreto, a ontratagiio sobre os devidos carris juridicos em matérias como as da con- corréncia, transparéncia e igualdade de tratamento dos operadores econsmicos interessados na contratacao. Um segundo répico respeitante aos meios processuais especificos é 0 ‘la acgto de condenagao pratica de acto administrativo devido. A partir da Sa revisio de 1997, a Constituiga0 portuguesa passou a impd-la como 4m dos ingredientes da efectividade da cutela jurisdicional administrati- Decor =| vINvaval 2 OLIYIG MODERNIZAGAO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO, LEE om va, E, desde o inicio de 2004, ela figura no elenco dos metos processiais especificos dotados de regime proprio. Inspirada na figura alema da osdevam ser ju Verpflichtungsklage, ela descina-se a tutelar 0 cidadio cujo requerimento cionar todos de um acto administrativo positivo haja sido indeferido, ou considetado processual nac insusceptivel de apreciagdo, ou nao tenha sido seguide da tomada de uma A tendén: decisio dentro do prazo lega cautelar 08 pri Esta solugio processual corresponde ao postulado — que se afigura correspondent cautelar pode poderes do jui Quando assim. critério de nec Sbvio —de que, perante a inércia ou a recusa da Administrago, 0 patti- cular se defende muito mais eficarmente se puder pedir desde logo a con- denacio na pratica do acto pretendido, quando este seja devido. A salu- fo alternativa ~ ainda vigente ao nivel da lei ordinria —em Cabo Verde | —€ada anulacao jurisdicional do acto administrative expresso de indefe- bre o tipo de rimento ou de recusa de apreciagao ou, em caso de inércia, da anulagéo de um presumido acto técita negativo. Mas este remédio processual obti- 14. Ainda ga 0 particular que o tenha obtido a tudo recomegar de novo ém face da ea n Este €, na ‘Administracdo, 20 passo que uma sentenga condenatoria deixa esta des- de logo sob a injungao de corresponder de um certo modo & pretensio do interessado, No seu artigo 241.2, alinea e), a Constituigfio de Cabo Verde prevé agora 0 direito processual do cidadio a «imposicao da pratica de actos administrativos legalmente devidos». Irse-é, por certo, estabeleceracon- sonfincia da lei processual administrativa com o preceito constitucional. incerdependa que a Constit aspara todasa quer auroridac nibilidade, pe para a vida ve deverd ser od: 13.Um outro factor crucial de efectividade da tutela jurisdicional de varios. As && | adminiscrativa reside na disponibilidade de uma eucela cautelar adequada se revelarem (Constituigao, artigo 241.*, alinea e), in fine). providéncias Z| diversificaga Z| A classica suspensiio jurisdicional da eficacia do acto administrative iversificagac | -contemplada como incidente na Lei cabo-verdiana de Contencioso Ad- cipais. & | miniscrativo (artigo 24.) — nao corresponde hoje, sequer, a todas as ne- Duas not 3 | cessicades que se poderso suscitar no fmbito do recurso contencioso de como o Direi o anulagao. Ela é, com efeito, uma forma de tutela cautelar conservatéria ® primmel No entanto, perante um acto administrativo, pode também revelar-se nea dos | conveniente a tutela cautelar antecipatdria. Mas a insuficiéncia da sus- de uma quar Fi | pensio de eficécia revela-se total em face dos restantes meios processuais mite estabe Bz | principais que tendem hoje em dia a enriquecer a pandplia das acedes Assegunc a | *dministrativas especificas. Na Unifio Europeia, o Tribunal de Justiga © juiz constit tem vincado o dever do juiz dos Estados-Membros ~ sempre que os litigi- gerados por P 146 cucao da sen DMINISTRATIVO MODERNIZAGAO DO CONTENCIOSO A Ean cm os processuais ' osdevam ser julgados de acordo com o Direito Comunitsrio ~de propor- ra alemd da ‘equerimento cionar todos os meios de tutela cautelar adequados, mesmo quando a lei tconsiderado processual nacional os nao contemple A tendéncia vistvel é, pois, hoje, a de estender também a tutela mada de uma cautelar os principios da atipicidade ¢ da cumulabilidade dos pedidos e das tue se afigura correspondentes prontincias. © critério da adequagdo da providencia ago, 0 parti- cautelar pode encontrar-se ainda na base de um outro alargamento dos | Je logo a con. poderes do juz gragas & faculdade de decidir ultra perita ou extra petita vido. ASE Quando assim seja, 0 juiz pode substituir ao do requerente o seu proprio Cabo Verde critério de necessidade/proporcionalidade, decidindo oficiosamente so- sso de indefe- bre o tipo de protecgao cautelar a conceder. 1, da anulagao Gestlee 14. Ainda um outro factor essencial da efectividade da jurisdigao ad- vo ent ee ministrativa reside no elenco das providéncias de execugdo das sentengas. Este 6, naturalmente, um ponto delicado do sistema de separacao interdependéncias dos poderes do Estado. Mas, a partir do momento em | que a Constituigao proclama que as decisdes dos tribunais sio obrigat6ri aspara todas as entidades publicas ¢ prevalecem sobre as cecisdes de quis quer autoridades (artigo 210.*, n.* 7), a consequéncia I6gica é ada dispo- ribilidade, por parte dos tribunais, dos poderes necessérios para transpor para a vida real os efeitos das suas sentengas. Também aqui o principio ddevers ser 0 da atpicidade dos poderes de prontincia, nao obstante atipificagaio Jeixa esta des- 1 pretenséo do 2 Verde prevé fitica de actos} tbeleceracon- onstitucional a jurisdicional de varios. As providencias serio aquelas que, em face das circunstancias, ue se revelarem necessérias para a execugao da sentenga. E o leque destas providéncias executivas teré de desdobrar-se em correspondéncia coma | administrativo diversificagao dos poderes de prontincia do juiz nos meios processuais prin- | Sy ntencioso Ad- cipais. iT a todas as ne- Duas notas, apenas, quanto a duas figuras de proa neste dominio, tal | = ronrencioso de como o Direito Comparado no-las revela. ° conservatoria. A primeira é a da sanedo pecunidria compulséria, consistente na con- | © bém revelar-se denagao dos titulares dos drgios incumbidos da execug’io no pagamento a cigncia da sus: de uma quantia pecunidria por cada dia de atraso para além do prazo | & ios provessind limite estabelecido. & plia das acgies A segunda figura a assinalar consiste na sentenga substitutiva, pelaqual | 5 anal de Justiga © juiz constitui os efeitos de direito que, em princfpio, deveriam ter sido | Se re que os litigt- Betados por acto administrativo de conreiido vinculado em sede de exe- | 5 a Cusdo da sentenga, mas nao o foram dentro do prazo fixado. Trata-se de pec-00 a DIREITO e CIDADANIA MODERNIZAGAO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO um modo-limite de intervengo dos tribunais no exercicio da fungi ad- ministrativa, a reservar aos casos extremos de incumprimento de senten. a condenatéria de pratica de acto administrativo de contetide estrita- mente vinculado. 15. Até aqui, temo-nos pronunciado a propésito de dois eixos estru- turantes da modernizagao dos Contenciosos Administrativos, que sio a subjectividade e a efectividade da tutela. Convém, no entanto, sublinhar que a modernizagho nfo significa a perda, pelo Contencioso Administra- tivo, de uma paralela funedo de controla juridico objection, ou seja, de con- trolo da legalidade pela legalidade, independentemente de saber se o acto ilegal feriu sicuagSes juridicas subjectivadas. Também quanco a esta fun do de controlo juridico objectivo vale a exigéncia de efectividade, ou seja, da reunio dos requisites processuais de reposigao da legalidade conside- tada como um valor em si mesmo. ‘Num conjunto de ordens juridicas nacionais em que enfileira acabo- verdiana, destaca-se a adequasao do Ministerio Puiblico & tarefa de activa- gio do controlo juridico objective. A essa luz, no pode passar desperce- bida a directris que se desprende do n.* 1 do artigo 222.* da Constituigao, quando tefere a competéncia do Ministéria Pablico na defesa da legalida- de democritica. No seu exercicio, € a propria lei, ou seja, a efectividade dos preceitos juridicos, o objectivo a salvaguardar. Nio significamos com isto que o controlo juridico abjectivo, enquanto fungao da jurisdigo administrativa, se deva confinar & acgio prblica do Ministério Pablico ou, sequer, 8 acgao publica em geral, A figura da acgao publica promovida pela Administraga0, autora de um acto administrative que no passa revogar (artigo 15.*, n.21, alinea a), do Decreto-Lei n.* 14-A/83), € uma figura interessante, que desapare- ceu do Direito portugues aplicével na entio «Metrépole» nos anos $0.0 Século XX, a0 mesmo tempo que se concedeu aos Srgaos administrativos competéncia revogatéria dos seus actos constitutivos de direitos, desde que com fundamento em ilegalidade ¢ dentro do prazo de um ano. Haver 14 que ponderar, & luz da experiencia cabo-verdiana, se funciona satisfa- toriamenteo método do recurso contencioso, interposto pelo préprio autor do acto em vez da pratica de um acto administrativo revogatério. Se © método actual proporciona resultados satisfatérios, nfo deverd ser afasta do s8 porque constitui hoje em dia uma solugao rara no Direito Compa Ee rado. A jurisd um factor de« face de padro 16.Mas « nas pela acca que possam d tivas, promos prevengfoda dos, como as Constituigao como objecte sintéticos, qu: amplo, ainda Contencioso sobre tudo. A daentio «Me Administratis direito de qu ilegais, dos 6 recenseado, s no provimen Administratis fente fruto hi ultrapassado. 17.Sio h des sistemas Referimo-nos deuma tutela das competén do pensament necessidade d jit ¢ dos érg Mente perant independénci Sho prossegue NISTRATIVO, MODERNIZ/ O CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO Ey | rado. A jurisdiversdade um valor a preservar sempre que nfio represente um factor de discriminago da qualidade de vida juridica dos cidadaos em tis no exercicio da fungao ad. | face de padrées alheios mais performativos. | de incumprimento de senten. strativo de contetido estrita- 16.Mas 0 controlo juridico objectivo pode ser prosseguido nao ape nas pela acco publica, mas também pela acgdo popular. Serve esta para que possam desinteressadamente os cidadaos, ou associagées representa tivas, promover a reposigSo jurisdicional da legalidade, ou a cessagio ou prevencdo da ofensa ilegal de certos interesses metaindividuais qualifica- des, como a satide publica, o meio ambiente ou o patriménio cultural. A Constituigo da Repiiblica de Cabo Verde estabelece a acco popular como objecto de direito fundamental de participagao em termos muito sintéticos, que ndo inibem o legislador ordinério de o fazer de modo mais | amplo, ainda que com as cautelas necessdrias para que se ndo gere no Contencioso Administrative uma situagio em que todos possam litigar sobre tudo. Ao contririo do que se dispunha no Cédigo Administrative daentao «Metropole», a velha R.A.U. cuja Parte V, sobre Contencioso Administrativo, o Decreto-lei n.° 14-A/83 revogou ~ nao consignava o | direito de qualquer eleitor impugnar as deliberagBes, por ele tidas por propésito de dois eixos estru- xs Administrativos, que sfo a onvém, no entanto, sublinhar alo Contencioso Administra. ico objectivo, ou seja, de con- Jentemente de saber se o acto Também quanto a esta fun- igéncia de efectividade, ou seja, osig&o da legalidade conside snais em que enfileira a cabo- io Priblico & tarefa de active- ue, nfo pode passar desperce- | artigo 222.° da Constituiga0, Piblico na defesa da legalida- ria lei, ou seja, a efectividade uardar. ‘ojuridico objectivo, enquanto ‘a confinar & acgdo publica do ilegais, dos orgaos das autarquias locais da circunscriggo onde se recenseadlo, sem para o efeito ter de provar um interesse directo e pessoal no provimento do recurso. Em sede de uma reforma do Contencioso Administrativo cabo-verdiano, seria por certo de ponderar se este apa. rente fruto histérico de uma discriminagao colonial no merecetia set lica em geral. ultrapassado. 9 ela Administrasio, autora de sein bs a sgat (artigo 15. n1,alines 17.Sa0 horas de terminar € todo um outro plano da modernizago | FFI ra interessante, que desapare dos sistemas de Contencioso Administrative se encontra por tratar. | st (Gvaeopaienncenaistce Refetimo-nos aos cuidados a ter para que 0 indispensével aprofundamento | eu aos érgdos administrativos deuma cutela subjectiva efectiva nao redunde no sistemético destespeito | atitutivos de direitos, desde das competéncias administrativas pelo juiz. Uma das principais herancas | fol ptato dain no! Haver de pensamento politico-juridico do Século das Luzes é a consciéncia da | verdianutac funciona sali! Recessidade de n¥io manter a medieval indiferenciagao entre os papéis do | 3 interposto pelo préprio autor Iuiz€ dos érgos administrativos. A Administracdo responde politica- | $3 linistrativo revogatério. Seo Mente perante as assembleias electivas, enquanto que o juiz julga com | Se atérloe, ro de werd seroma independéncia. Embora sujeita aos ditames da legalidade, a Administra- | $e ugao rara no Direito Compe Sho prossegue também objectivosde politica administrativa, cuja defini 149 DIREITO e CIDADANIA MODERNIZACAO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO —_______— g80 € execucio envolve margens de liberdade de apreciacao e decisio, Pelo contrario, o juiz decide apenas segundo parimetros juridicos =a jus teza das suas decisdes € objectivamente revisivel com o emprego de uma metodologia teorético-discursiva de carécter juridico, Destes posculados, cumpre extrair dois tipos de ilagdes. Por um lado, s6 em circunstancias muito cuidadosamente tipificadas deverdo legislador relativizar o principio do respeito das competéncias admi- nistrativas pelo juiz. Este princ{pio nao impede (esta bem de ver!) a impo- sigdo jutisdicional de jutidicidade nas condutas administrativas. Trata-se sim, em primeiro lugar, de delimitar aquelas situagdes em que o tribunal se pode antecipar ao exercicio de competéncias decisérias da Adminis- traciio. E certo que o juiz nao tem de ficar absolutamente circunscrito ao desempenho de um papel reactivo perante uma prévia regulagio do.caso concreto pela Administragao. Em vez disso, é vis(vel, nosdias de hoje, no plano do Direito Comparado, a tendéncia para criar novos momentos de direcgdo jurisdicional injuntiva do exercicio, pelos Srgéos da Adminis- cra verd caracterizar estas situag&es to rigorosamente quanto posstvel, limité- las aquilo que se mostre esttitamente indlispensavel A solugao efectiva dos litigios guiar-se pelo abjectivo de nao privar 0 procedimento adminis- trativo do papel de momento central da regulacao conformativa das rela- Ges juridicas administrativas. 10, dos seus poderes de actuagao administrativa. Mas o legislador de- 18.Esta questo entrelaga-se, por seu tuo, com as da naturezae am- bito da sindicdncia jurisdicional da discricionaridade administrativa. Nos nossos dias, dir-se-ia inconstitucional o artigo 14.° da Lei cabo- verdiana do Contencioso Administrativo, em cujos termos o exercicio dos poderes discriciondrios s6 pode set atacado contenciosamente com fundamento em desvio de poder. Os desenvolvimentos no Direito Cons- titucional e no Direito Administrativo revelam-nos hoje outras reas de juridicidade, em torno do micleo discricionatio da decisao, para além do fim legal do poder. E 0 caso de principios, como os da igualdade de trata mento, da imparcialidade e da proporcionalidade, cuja aplicagao no dita, em geral, um certo sentido da decisio administrativa discriciondria, mas cuja inobservancia vicia o iter cognoscitivo e valorativo que aquela con” duz, deixando em aberto a possibilidade de a decisdo ter sido ourra se tals principios houvessem sido respeitados. MODERNIZAC ee B, também, se a deciséo panderago administrativa d concreto, ela serd invélida p inguficientemente considera Estamos convencidos de entre os campos das determin, do da decisao discriciondria seg nos da Teoria Geral do Direi vagdies conhecerd nas préxin vel que, entretanto, para alés no quer transformar em ad fornecer algumas directivas gio de valorages exclusivan nistrativa. E verdade que na dedoutrina juridica e que, qt proprios da livre valoragao a deré ir além do emprego de ¢ encanto, essa uma maneirad dicial numa densificagio coi poderes adequado ao Século rm, 05 ajus. prego de uma ante tipificadas tPeténcias adi. ever!) a impo- ativas. Trata-se que o tribunal sda Adminis- circunserito ao ulagio do caso lias de hoje, no smomentos de 1s da Adminis- > legislador de- ossivel, limit Bo efectivaidos tento adminis- vativa das rela natureza e am- ativa * da Lei cabo- 0s 0 exerc samente com Diteiro Cons- sucras dreas de , para além do dade de trata- agao nao dita, iciondria, mas te Aquela con- lo outra se tais bec MODERNIZAGAO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E, também, se a decisio discricionétia resultar de uma inadequada ponderacio administrativa de direitos fundamentais em colisio no caso Concteto, ela sera invélida por violago directa do direito fundamental insuficientemente considerado. Estamos convencidos de que a definigaio metodolégica de fronteiras | entre os campos das determinantes juridicas e da autodeterminagia do senti do da decisao discriciondria segundo critévios metajuridicos ser um dos pla: nos da Teoria Geral do Direito Administrative que mais profundas ino- ‘ages conhecerd nas proximas décadas. Seria até por isso muito desejé. vel que, entretanto, para além da prudente autocontengao do juiz que se go quer transformar em administrador, possa a lei processual passar a fornecer algumas directivas sobre a reserva a Administracao da formula- gio de valoragées exclusivamente préprias do exercicio da funcao admi- nistrativa. E verdade que nao constitui papel do legislador a elaboragao de doutrina jurfdica e que, quando este delimitar em abstracto os campos s, dificilmente po- administraciva das situag proprios da livre valorago dera ir além do emprego de conceitos juridicos indeterminados. Sera, no entanto, essa uma maneira de colaboragao do legislador com 0 poder ju dicial numa densificago concretizante de um principio de separago de poderes adequado ao Século XXI. VINVGVGID ® OLA

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