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CONTRIBUICAO DO ENSINO SECUNDARIO LICEAL FEMININO PARA UM MODELO DE EDUCACAO PUBLICA DA MULHER — 1888-1940 CRISTINA ROCHA FACULDADE BERSCELOGIA CIENCIAS DE EDUCAGRO instruc damuther hoje consderada pela opindo universal ‘como wn dos melhores elemento do instrucdo de um pov; povo instruido épovo adiantado en todos os campos da cvlzardo. Borges Grainha «, a importincis que the era atribuidano lice plos diferentes corpos que o compunam, 0 ambiente em que decortiam «et, visto ser em fungo do seu valor educativo que se desartiula 0 Liceu como instiuigéo escolar. Natlia Nunes, efere que a Moral ¢ Religito, Higiene e Puericulura, Lavores ‘Trabalhios Manuais, Canto Coral e Ginéstic,a par da Organizagio Polticae Administa- tivada Nao, ram disiplinas«geralmente consideradasentéodeimportinci secundéria tanto pelos docentes como pos dseentes» ©”, Nao necesita de estudo nem sendo valrizadas academicamente,epresontavam um carte algo sbsurdo a seredade educe- tiva de que eram dotadas, dado ser claro para toda a gente, que nfo ea em seu edor que o Liceu se definia Mais uma vez o licen permite 0 formolar de aspirages nao necessaramente integra- dores.«..A grande maioria das raparigas ndo integram 0 sistema escolar, € as que 0 Jmegram formarem necessaiamente uma dite, difiimenteeatequiz4ve,e or isso nem sempre dail, obedientee artca» Retoma-se assim a ambiguidade incial, sendo feminino nd dexa o iceu de ser lice, Damesma forma que para legislador representa um ideal de vida e cultura esclarecida, sas desinteresada, para as reparigas no dotadas com mes de fortuna, representa uma oportunidad de acedrem uma situgo de ndependéneia segura Umas seguro extudos outas iro tebalher. Para aquclas que buscam nele uma formasso terminal hi que neutalizar saber adqirido dotando-o de género. Cumpre-se assim, suborinada agora familia, a vocagioformativa que o século XTX tha ergido também para mulher. Novas |. M, Borges Grana, (1905) A Insrugdo Secundéria de ambos os sexos no Estrangelro e em Portugal, Lisboa, Tiporafi Universal, pig, 320 (sblinhado nosso), 2. Manuel de Amiga teria exclamado a propésto da reforma da let do ensino secundirio de 80 «se todas os liceus do pas se econtram no estado de Lisboa, no seri ex quem sconselbe jamais 0: chefes de familia « mandarem all os seus hos», Citado por Agostino de Campos, Educar na Familia, na Escola, na Vida, (1919), Lisboa, Livia Ailland & Bertrand pé. 112 43. Vejo-se Atres Adio, (1988), 4 hisréra do ensino secunddrolceal portugues: bolango da imestigagao realzada nas itimas décads, in Encontro de Hiséia da Educapo em Pores, Comunicagbes», Lisbon, Fndagto Calodste Gulbenkian, pig 97-114 4, Fangoise Mayeu, (1977), L'enseignement secondaire des jeunes flles sous la iroisiéme République, Pris, Presses dela Fondation Nationale des Siences Politiques. 5, Blzra Machado Rosa, (1989), Bernardino Machado, Alice Pestana ea edueacao da mulher ‘nos ins do séeulo XIX, Lisboa, Cadernos Condigio Feminina, a 27. 6 ibidem, pig. 12. 282 Citcias de Educagio em Portugal: situacio actual e perspections 7. Veja-se oaigo 13° da Caria de Let do 9 de Agosto de 1888, 8 José Dias eric, ctado por M. Borges Grainha, na obra ita pg. 321 9. Vasco Pulido Valente, (1973), O Estado Liberal e o Ensino. Os Liceus Portugueses(1834- 1930), Lisboa, GIS, pig 56 10. bide, pig. 6 1, Pedro José da Cun, (1916), 0 Ensino Seeundrio do sexo feminino em Portugal, (ADOD- tamnos paras sua historia, Lisboa, Sociedade de Estudos PedagSpicos 12M, Borges Grains, op. ci. pg. 304-205. 13. Mais uma vero lugarestatégicn do Latim apontado por OobltParaalm dabareiraentve, desempents aqui pazao contingent eral das alunas, ua fang8o de inibigdo académicainbidora de outras fangdes, papel derempenhade noutros casos pela Geometria. Ver: Guacra Lopes Cardoso (1986), Prendase Anti-Prendaseducando a Mather Gacha in Bducagioc Realidad, Porto Alegre, vol 11,22, Julho-Dezembo, pig. 25-56 14, Predmbulo, Lei de 31 de aneiro de 1906. 15, Cail, (1892), O que deve sera insrugio Secundéria da Mulher?, Lisboa, Typogatia€ terotpia Mote, pe. 9 16. semelhanga do que vimos sera ntencionalidae esata apés 0 Golpe Militar de 1926 17, Disposigdesleislativasrespetanes is recomendapbes As autordales de Lisboa, Porto «© Coimbra para eriagio dos Insitutos Secundiris da Educasao Feminina de 10 de Margo de 1890, 18, Os excot legs do 1888 e de 1890, referem oxegime de nternato como soluso acess, insti apdsreqeriment dos fundadores(Corporagdes) mediante auproves%o do governo. Veja- ‘se por exemplo ort. 14 § nico e diploma de 1988 e pig 99 do diploma de 1890, 19, Agostinho de Campos, (1919), Educar, na Famili, na Escola, na Vide, Lisboa, Livraria Alla & Bertrand, pig. 102. 20, Frangoise Mayeur, op. cit, pé. 21, Em Caiel © em Borget Grain encontramos crtcas 8 oda eatlo em viger da contra tagio de profersoras esangeiras «Est inflizmente muito gencralzada a ieia de que a mie cPlucndorn.. < ma criago fants, pepe ada colorido as ios de pedagogistas», Cael op cit, pig. 12 °22.M, Borges Grinha, op cit pg. 323-324 23, Lel de 31 do Janeiro de 1966, Preabole, 24. idem 25, «Para as mulheres hablitadas com a instrugosecundéi,parecewsme just dar preferéncia as alunas sas do Licen Maria Pi em igualdade de cirunstincas as coneursos do magiéro riméri e normal, utorgar eso exerceio do magiséio primo paiculare dar-lhespreferénla ‘os eancursos so magistério ou no provimesto de qualquer emprego do mesmo lice. (© ensino dos trabalhos manuals € de grande importincia no quadro dos estudos do Liceu [especialmente a costraelavores] .. E para que ess ensinonio possa deixar e se iar a impor ‘inca de que ele €erder, determina se que nosexames do curso hajasempreuma prova de tabalhos manais, e que o resultado dessa prova entre como factor na spreciaio final do exame>.PretmbuTo Lai de 31 de Janeiro de 1905. 26, Vej-sedecreto 1° 4691 (at. § 1") de 1918. 21, Vejuse Nats Nunes, (1981), Memérias da Bscola Aniga, Lisboa, Didéctice Editor, lg. 5153. "28. Vasco Pulido Valente, op. cit, pig 104 29. idem, pig. 105 Cristina Rocha — 233 30, Catrge, Femando, (1988), 0 laiciomo e a questdo religiosa am Portugal (1865-1911), Andlise Social, vol. XXVI (0), Lisboa, Insiuto de Céneis Socais da Universidade de Lisboa, pig. 211-273. 31. Dec. 1637 de de Junho. A criagiodestecurso,oseucontesoe fins evdenciamemtermos e poltica eucativa uma certandefinigao no que respeita educa feminina. No endo objecto {donosso estudoacrigtocimplementaeodoensinosecundérofeminino em Portugal, contudo, todo ‘oarticalada deste curso nos evaacrer que no seriam hemogtneas a posigdes neste campo dedo que pela na estrutrse foncionamento, em anexo aos lies, este curso Hberaria 0 curso secundévio Feminino da sua componente «ménagren. Estado destinad asec unt «curso médio» «de tlidade posiiva» era como que um lice invertido, send aqui acessécas, a caeirasieérias, onde no ices ‘eramas omésticas. A existénciade cursos comoeste, ibertando dessa ermaciooslizeusfemsinos ‘vsiser detendida por Mara Luts P. Soares, professora doensinoicea feminino,aumacomunicagz0 apresentads a0 Il Congresso Pedagozico do Ensino Secundério Ocal em 1928, pig. 98-105. 132, Dee. n? 4699-1 Nev. co 1918 art. 19, Esta propostasupemos que s6teve existéncia egal reals putic da cago em 1936 da Mocidade Portguesa Feminina e da Obra das Maes pela Edueagi Nacional, endo funcionado, por exemplo, no Liceu Carolina Michaélis mes sem grande sdesto segundo testemunhas da 6poc, 33. Deereto 15938 de 11 de Setembro de 1928. 34. Fonte: Livro de tumas do Lice, 35. Dec, Leia 12425 de 2 de Outro, 36, Maria Lea, Soares, ncomunieagio refer, efereofactodenoLiceu Carolina chats, com 900 alunas,funcionar um curso de higiene, em regime feculsivo, unicamente com ums ‘requéncia de uma dizi de alnas, es despeito de toda a propaganda» '37. Nala Nunes, op ch, pg, 147 38. Maria Bola eoutos (1987), «0 Estado Novo eas Mulhores, in O Esiado Novo das origens no Fim da Awtarcia, 1926-1959. Col6quio sobre o Estado Novo das Origens 20 Fim da Autarcia (1926-1958), vol. I, Lishoa, ragmentes, ig. 269,

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