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Fundamentos de usinagem I Metrologia FIEMG DIRETORIA EXECUTIVA Efetivos. Presidente Sistema FIEMG Stofan Bogdan Sale} Vice-presidentes Benjamin Steinbruch, Cyro Cunha Melo, Emir Cadar, Guilherme Caldas Emerich, Jonas Eduardo Porto Carvalho, Luiz Adelar Scheuer, Luiz Alberto Garcia, Luiz de Paula Ferreira, Murilo Araujo, Paulo Sérgio Ferreira, Petronio Machado Zica, Rinaldo Campos Soares, Robson Braga de Andrade, Romeu Scarili, Santiago Ballesteros Filo. 1°Diretor Secretario Olavo Machado Jinior 2 Diretor Secretaio ‘Anderson Lemos Birman 3° Diretor Secretario Luiz Carlos Dias Oliveira 1°Diretor Tesoureiro Edson Gongalves de Sales 2°Diretor Tesoureiro Claudio Arnaldo Lambertucci 3°Diretor Tesoureiro Raymundo de Almeida Vianna ‘Suplentes David Travesso Neto, Edson Batista de Assis, Guilherme Moreira Teixeira, Lazaro Batista de Andrade, Lourival Goncalves Caldeira, Luiz André Rico Vicente, Luiz Custédio Cotta Martins, Magda Regina Zambelli Regatos, Marconi da Silva Santos, Paulo César de Castro, Paulo César Rodrigues da Costa, Petronio José Pieri, Renato Travassos Martins da Silva, Roberto Lago Clark, Roland Von Urban, Rozani Maria Rocha de Azevedo, Silvio Diniz Ferreira, Tarcisio Cardoso de Sousa, “Teodomito Diniz Camargos, Wilson José Rios. Diretores ‘Amaldo de Andrade Guerra, Auréio Marangon Sobrinho, Britaldo Silveira Soares, Celso Costa Moreira, Edgard Danilo Alves da Silva, Elias Arabe Filho, Giancarlo André Rossetti, Heraida Maria Caixeta Borges, Jolmar de Oliveira Martins, José Augusto Bahia Figueiredo, José Narciso Leta, José Perrella de Oliveria Costa, ‘José Roberto Schincariol, Luiz Gampelo Filho, Milson Sebastiao de Souza Mundim, Murilo de $a Albernaz, Odorico Pereira de Araujo, Pedro José Lacerda do Nascimento, Ronan Eustaquio da Silva. CONSELHO FISCAL Etetivos Edwaldo Almada de Abreu Geraldo Jair Lebourg ‘Marcas Anténio Gongalves Salomao ‘Suplentes Leonidio Pontes Fonseca ‘Marco Ant6nio Torres ‘Sérgio Augusto Picol DELEGADOS JUNTO AO CONSELHO DE REPRESENTANTES DACNI Eletivos. Stefan Bogdan Sale| - Presidente ‘José Alencar Gomes da Silva ‘Suplentes Robson Braga de Andrade Santiago Ballesteros Filho Apresentacao 1 - Introdugao ao controle de qualidade Conceito de controle Tipos de controle Diferengas entre controlar e medir A evolugao do controle de qualidade Qualidade Caracteristicas de qualidade Diferenga entre controle de qualidade e inspe An idade do controle de qualidade Atribuigdes do setor de controle de qualidade O custo em fungao da qualidade nspego por amostragem 14 "1 12 13 14 15 15 16 16 7 18 19 20 2. Metrologia 7 23 Definigao Medigaéo. Unidade Padrao Método, instrumento e operador Unidades dimensionais lineares Sistemas inglés e americano Normas gerais de medi¢ao Recomendagdes Regua graduada Paquimetro Micrometro. Relogio comparador Verificador de folgas Goniémetro ios propostos Referéncias bibliograficas 23 23 24 24 24 25 26 a7 27 28 33 47 6 69 n 79| 113 127] Fundamentos de usinagem | Metrologia FIEMG CIEMG SESI SENAT TEL Minas Gerais Belo Horizonte + 1998 Diretor Regional do SENAIe ‘Coordenador de Educacao e Tecnologia do Sistema FIEMG Wilson Leal ‘Superintendente Regional do SESIe ‘Coordenador de Desenvolvimento Social do Sistema FIEMG Maria Thereza Waisberg Gerente do Nucleo Técnico da Coordenadoria de Educagao e Tecnologia Femando Sizenando Gerente de Formagao Protissional Alexandre Magno Lego Coordenacao do SENAI-MG Marina Monteiro Guimaraes Ribeiro ‘Sonia Marilia Moreira Braga Rosas Contetide Técnico Edmilson Leite da Luz Produgao Perfil Editora Ficha Catalogratica ‘SENAI. Departamento Regional de Minas Gerais. Fundamentos de usinagem | : metrologia / SENAI - MG ; elaborado pela equipe SENAI - MG. - Belo Horizonte : O Depar- tamento, 1998. 1286p. : i 1, Metrologia. |. Titulo. sa74 CDD: 389.15 CDU: 389 ISBN 85-86909-54-8 ‘Todos 0g direitos reservados ao SENAI - Servigo Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Minas Gerais. € proibida a reprodugao au duplicagao deste volume, ou parte do mesmo, sob quaisquer meios, sem aulonzagac expressa do SENAL Apresentagao O>....:.: de automovel realiza, freqientemente, a inspegao dos diversos componentes do veiculos de motor de combustao interna. Por ocasido dos servicos de manutengao, esse profissional necessita avaliar se uma pega precisa ou nao de reparos ou, até mesmo, ser substituida por outra nova. Para tomar esse tipo de decisao, ha um procedimento basico a seguir: comparar os valores especificados pelo fabricante com os observados nos componentes do veiculo que ele esta reparando. E com base nessa comparagao que 0 mecAnico de automével ira decidir o que fazer. Essa interferéncia do profissional de mecanica 6 de grande importancia, visto que, bem fundamentada, podera refletir-se na busca de melhoria do padrao de qualidade na industria, forgando uma transferéncia de cobrangas neste sentido até alcangar os fornecedores de matérias-primas, entre outros segmentos. A formacao dessa cadeia de responsabilidades é a esséncia da qualidade, que nao pode se limitar aos programas de inspe¢ao com 0 unico objetivo de impedir o langamento de produtos com deficiéncias no mercado. Todos os esforgos devem ser desenvolvidos para impedir a produgdo e reprodugao da qualidade inferior. Por isso a importancia de se distinglir entre inspegdo de qualidade e controle de qualidade, e também de se saber o ponto ideal da qualidade, sem caréncia nem excesso. Vocé vera como a Metrologia pode atuar como grande aliado dos setores envolvidos nesse processo de busca da qualidade que o mercado atual exige e merece. Introducao ao controle de qualidade Introducao ao controle de qualidade Conceito de controle © controle de qualidade atua em todas as tases do processo produtivo visando estabelecer, melhorar e assegurar a qualidade da produgdo, conformando-a aos desejos do consumidor. Trata-se, portanto, de evitar a produgdo de pegas de quali- dade insatisfatoria, em vez de somente separa-las ao final do processo de fabrica- 40, 0 que acarretaria grandes prejuizos para a empresa. Atualmente, apesar da entrega rapida de determinado artigo ou produto, e de truques promocionais e ou- tros recursos que possam facilitar a sua venda inicial, somente a sua qualidade é que 0 manteré no mercado. O método de inspegao da qualidade para verificagdo de defeitos continua anti- quado em muitas empresas. Ele apenas impede que a mercadoria defeituosa che- gue ao consumidor e nao evita que os defeitos ocorram. Para se conseguir um bom programa de controle de qualidade, tendo em vista evitar a ocorréncia de defeitos e obter a conseqiiente redugao de custos, pode-se fazer a seguinte subdivisao: * controle de projetos novos; * controle do material recebido; * controle do produto: + estudos especiais de processamento, Controle de projetos novos Necessario para previamente estipular a qualidade do produto. E quando se es- colhe a caracteristica, fixam-se os padrées de qualidade, estabelecem-se os parametros e especificam-se os processos de fabricagao capazes de garantir quali- dade ao menor custo possivel 11 12 Fundamentos de usinagem | + Metrologia Controle do material recebido Quando se inspecionam materiais e pegas recebidos de fornecedores ou da pré- pria empresa, e se elaboram as especificagbes e os padrdes que servirao de critério para a aceitagao das matérias-primas, e os transmitem também para o departamen- to de compras. Controle do produto Consiste na inspegao direta do produto durante a sua execugao: usinagem, tra- tamento térmico, tratamento superficial, montagem, acondicionamento etc. visando assegurar a obtencao de qualidade durante o processo de fabricagao. Essa fungao trata desde a decisao sobre a escolha do tipo de equipamento de inspegao necessa- rio até a conscientizagao e treinamento do pessoal para evitar praticas prejudiciais a qualidade do produto. Estudos especiais de processamento Nesse setor, a investigagao tem por fim descobrir causas de defeitos, passiveis de reparagao ou geradores de sucatas, sua freqiiéncia e os meios de evité-los; e, ainda, fornecer subsidios para 0 aperfeigoamento dos produtos, oferecer dados es- tatisticos e estudos que proporcionem realimentacao de informagées corretivas para manter as outras equipes de controle informadas e coordenadas. Tipos de controle Os controles podem ser classificados como no quadro da figura 1.1 GONTROLES CGONTROLE DIMENSIONAL ‘CONTROLE VISUAL (MEDIDA) | ones [ASPECTOS, Ui neo | | CONTROLE FUNCIONAL DIMENSOES A | TEMPERATURA AMENSOES Ancutos | TEMPO EMPERATU DUREZA - LL DIRETAMENTE INDIRETAMENTE (COM CALIBRADORES Fig. 1.1 Fundamentos de usinagem | + Mi ‘As medidas lineares podem ser tomadas: * diretamente; + indiretamente; * com calibradores. Diretamente Tomar a medida efetiva real da pega por comparagao direta com instrumen- tos (também de leitura direta), aparelhos e maquinas de medigao 1. paquimetro; 2. micrémetro etc. Indiretamente Determinar a grandeza de uma pega em relagdo outra, de padrao ou dimensao aproximada, por meio de aparelhos indicadores ou comparadores-amplificadores, que, para facilitar a leitura, amplificam as diferencas constatadas por processos me- cnicos ou fisicos: 1. Relégios comparadores 2. Instrumentos mecanicos. 3. Instrumentos dticos. 13 4, Pneumaticos. 5. Eletromagnéticos etc. Com calibradores Verificar se a pega esta dentro dos limites de tolerancia. Calibradores de limite passa-ndo-passa etc. Diferengas entre controlar e medir Controlar So todos os procedimentos tomados para que o produto ou a pega tenha ou cumpra as condigdes para ele definidas ou dele exigidas, tais como comprimen- tos, ngulos, resisténcias, acabamento, densidade, temperatura, funcionamento, material etc. E somente uma das formas de controle. O conceito de medir apresenta, por si mesmo, uma idéia de comparagao. Portanto, medir @ comparar uma determinada grandeza (que se pretende medir), com uma outra grandeza da mesma espécie, tomada como unidade, por intermédio de um instrumento de medigao. 14 Fundamentos de usinagem I Metrologia Portanto, para se medir um comprimento, deve-se, primeiramente, escolher um outro que sirva como unidade e verificar quantas vezes a unidade cabe dentro do comprimento a ser medido. Uma superficie s6 pode ser medida com uma unidade de superficie; um volume, com unidade de volume; uma velocidade, com unidade de velocidade; uma pressao, com unidade de pressao; e assim por diante. Veja exem- plos de medigao de comprimento na figura 1.2, em que o resultado da leitura é a medida efetiva (real) Fig. 1.2 A evolugao do controle de qualidade No inicio do século, com o grande crescimento das industrias, comegou a surgir a concorréncia entre empresas similares. ‘As empresas comegaram, entao, a se preocupar em desenvolver novas formas, novos métodos de divisdo e racionalizacao do trabalho para, com isso, obter maior produgdo com menor custo e sem diminuir a qualidade do produto. Aumentar sim- plesmente a produgao seria muito facil, poreém acarretaria uma grande queda na qualidade. O controle de qualidade era feito somente pelo operador e se constituia apenas em uma inspegao do produto, o que, entao, satisfazia as exigéncias da pro- dugao. Era preciso, porem, desenvolver imediatamente um processo que o substitu- isse. A mudanga de mentalidade sobre o controle de qualidade deveria ser radical. A partir de 1920, com 0 intuito de resolver os problemas de controle de qualidade, iniciou-se um trabalho nas empresas no sentido de aprimorar os métodos utilizados Comegaram-se a desenvolver as técnicas de prevencdo de deteitos durante a fabri- cago. Passou-se a utilizar a estatistica, apesar de sua complexidade matematica, como principal instrumento para a detecgao e prevengao de defeitos na fabricagao. Com a Segunda Guerra Mundial, as industrias foram muito mais exigidas, pois precisaram produzir mais, em menor tempo e com melhor qualidade, o que exigiu uma ampliacao das técnicas de Controle Estatistico de Qualidade (C.E.Q.) Nos paises industrializados, onde a técnica se aperfeigoa dia a dia, 0 controle estatistico de qualidade @ tido como o melhor meio encontrado para um racional trabalho de prevencao de defeitos e desvios dos padres de qualidade. Fundamentos de usinagem | + Metrologia Qualidade Impor a um produto a ser fabricado uma qualidade inferior a necessaria, como, por exemplo, uma pega que precisa ser feita de aco inoxidavel (porque vai ser ex- posta @ produtos quimicos corrosivos) ser fabricada de aco comum (sua vida sera bem menor e nao atendera as exigéncias do trabalho onde é empregada), é criar uma imagem negativa da empresa perante o consumidor. Porém, quando se impée a um produto qualidade além da necessaria (por exem- plo, retificar superticies onde nao é necessario ou importante o estado superficial, calibrar furos com tolerancia H6 quando a tolerancia necessaria 6 de + 01mm), sera inevitavel o seu encarecimento. Portanto, a qualidade de um material, pega ou equipamento é a condigéio neces- saria de aptidao para a finalidade a que se destina Caracteristicas de qualidade Toda propriedade fisica ou quimica, dimensao, temperatura, propriedade mecanografica (textura), ou qualquer outro requisito utilizado para definir a natureza do produto ou servigo é uma caracteristica de qualidade. Um cilindro metalico pode ser definido, em linhas gerais, expressando-se como caracteristicas de qualidade o tipo de metal, o comprimento ¢ o didmetro. Em uma definigao mais precisa, incluiri Mos como caracteristicas complementares de qualidade, por exemplo, a dureza, 0 tamanho dos gros, os limites toleraveis de impurezas no material etc. Para cada caracteristica de qualidade existe um processo de atividades. (Fig. 1.3) Via a aX SIE » “ey kD) \ a Vf Ey \ InsPEGAO cowpaa SE ne operacho } INSTRUMENTAGAO. TNS F913 15 16 Fundamentos de usina: O projetista especifica a caracteristica: desenho, matéria-prima, tratamento tér- mico, dureza, tolerancias, acabamento superficial etc. Quem dispde do processo técnico de obtencao especifica 0 procedimento a adotar para executar o projeto. Realizada a compra da matéria-prima, conforme especificacdio, so detalhados os instrumentos necessarios para as medigdes ou verificagdes (calibradores, instrumen- tos para medigdes etc.). Os processadores sao instruidos para realizar 0 proceso e manejar os instrumentos de medida ou verificagaio, de modo a realizar 0 produto conforme os desenhos. Os inspetores examinam o produto para julgar sua concor- dancia dimensional ou aparente com o projeto. Os consumidores utilizam, entao, 0 produto, e a experiéncia adquirida com o uso serve de base para as modificagdes no projeto original (relagdes entre o setor de vendas e o consumidor). Diferenga entre controle de qualidade e inspegao Controle de qualidade - E um sistema dinamico e complexo, que envolve direta ou indiretamente os setores da empresa, no intuido de melhorar e assegurar econo- micamente a qualidade do produto final. © controle de qualidade atua em todas as fases do processo produtivo e tem como principal objetivo estabelecer, melhorar e assegurar, em um nivel econémico compativel, a qualidade da producao, conformando-a as exigéncias do consumidor. Aideia do controle de qualidade nao é constatar simplesmente os defeitos, como acontece na inspegao tradicional, mas sim, pesquisar, analisar e combaté-los, evi- tando na medida do possivel que ocorram. Inspegao - E 0 processo de medi, ensaiar e examinar a unidade de produto, ou comparar suas caracteristicas de qualidade com as especificagées. A inspegdo toma conhecimento dos padrées de qualidade para cada caracteris- tica ou medida da pega. Nao é possivel que se exija, em medidas de importancias diferentes, o mesmo tipo de controle. E importante verificar na inspegao final, efetu- ada por amostragem ao acaso, se a medida ou caracteristica esté ou nao dentro do padrao estipulado pelo planejamento de controle. E comum ouvir-se dizer que a produgdo deve fabricar e a inspecdo separar as pegas boas das ruins. Essa idéia so continua sendo valida nas empresas onde nao se conseguiu ainda introduzir um programa de qualidade que defina, precisamente, as responsabilidades e as atribuigdes corretas do setor. A necessidade do controle de qualidade Se for considerada a exigéncia cada vez maior dos consumidores, que, quando nao encontram nos produtos que esto habituados a comprar a mesma qualidade nao hesitam em preferir outra marca (dai a origem da crescente concorréncia entre 0s produtores), rapidamente pode-se entender as raz6es pelas quais 0 controle de Fune qualidade deve ser um programa planejado com o fim de reduzir custos com a dimi- nuigéo de pegas defeituosas e o conseqiiente aumento da produtividade. E preciso, ento, que o supervisor oriente seus subordinados no sentido de que sintam que © problema da qualidade constitui uma de suas responsabilidades. E importante concluir néo somente que uma pega ficou malteita por falta de zelo ou atengao, mas que os prejuizos foram maiores que os observados. E, pois, tarefa importante do supervisor salvaguardar a qualidade, orientando seus subordinados também quanto aos prejuizos financeiros resultantes da ma qua- lidade, citando desde 0 valor da matéria-prima, 0 tempo de execugao perdido, até as conseqliéncias no mercado consumidor. O prejuizo causado ao nome da empresa vai repercutir na venda do produto. Como conseqiéncia, haverd redugdo de produgao, o que poderd levar até ao de- semprego Prejuizos decorrentes da ma qualidade 1. Custo da matéria-prima. 2. Custo operacional: o valor do produto aumenta na proporgao do numero de operagées ja realizadas. 3. Custo de retrabalho ou retoque, quando a pega ainda pode ser aproveitada. 4. Custo de reprogramagdo, horas extras, despesas administrativas etc 5. Custo elevado do refugo quando sé detectado no final da execugao. 6. Prejuizo e descrédito do nome da empresa no mercado consumidor. Portanto, € muito importante que o funcionario: * tenha consciéncia de que, em muitos casos, a seguranga de vidas humanas depende da qualidade do produto; + seja tratado de forma conveniente, que tenha oportunidade e incentivo para fazer perguntas sobre o servico quando tiver duvida; + tenha consciéncia da importancia de seu trabalho e da valiosa contribuigao que ele esta prestando a empresa e a sociedade; + sinta-se também responsavel pela execugdo e qualidade de seu proprio servi- G0, sendo elogiado quando isto for obtido. Atribuigdes do setor de controle de qualidade 1. Elaborar o programa de controle de qualidade. mentos de usinagem | + Metrologia 17 18 Fundamentos de usinagem | + Metrologia 2. Selecionar as técnicas de controle adequadas a execugao do programa 3. Preparar instrugdes e modelos impressos necessarios a implantacao e execu- go do programa. 4, Realizar 0 treinamento do pessoal, a fim de constituir uma equipe competente para a condugao do programa: 5. Orientar os demais orgaos da empresa (projeto, produgaio, compras, vendas e administragéo) no desenvolvimento e execugao do programa, 6. Manter 0 estimulo a formagao da consciéncia da qualidade e a pesquisa para sua melhoria 7. Estabelecer e manter um sistema de informagées sobre a qualidade. 8. Criar e estabelecer um sistema de avaliagdo dos resultados do programa de qualidade. 9. Colaborar na preparacao de especificagdes de projeto e de norma de qualida- de. 10. Elaborar relatorios periédicos, a diretoria e aos demais setores, sobre o de- senvolvimento do programa Como 0 controle de qualidade tem uma atuagao coordenadora, é necessario que sejam bem definidos e divulgados em toda a empresa os objetivos que se tem em vista com a implantagao do programa, bem como as técnicas especiticas a empregar. As instrugdes de servigo devem ser claras e objetivas, fixando detalhes de opera- ao e responsabilidades de cada agente integrado no programa. Quando da introdugao de novas técnicas numa empresa, normalmente ocorrem problemas de relacdes humanas pelo fato de haver mudanga na rotina. E conveni- ente, ent&o, que as novas técnicas produzam a menor modificagao possivel nas rotinas de trabalho na empresa. Além disso, seus resultados devem evidenciar in- contestavelmente as vantagens do novo sistema, seja pela redugao de refugos, seja pela diminuigao dos custos de inspegao. A orientagao e a colaboragao dos demais setores da empresa sao fundamentais para que 0 programa obtenha sucesso. O custo em fun¢ao da qualidade Tem-se um grau otimo de qualidade de projeto, acima do qual o aumento de custo na busca de um grau de exceléncia para 0 mesmo, supera, em muito, o valor comercial do produto acabado. Abaixo do grau timo, a redugao no custo da fabricagao é contrabalangada por uma redugao no valor comercial do produto. Deve-se, entao, escolher o ponto ideal en- tre 0 grau de qualidade e 0 custo compativel da fabricagao. Observando-se o grafico 1 nota- se que, para alcangar o grau 1 de qualidade, tem-se o valor 0,6 na escala do custo; porém, ha de se convir que é um grau insuficiente de qualidade. Para se alcancar o grau 2 de qua- lidade (0 que é uma qualidade superior), sobe- se para 0 valor 2 na escala de custos. Do grau 3 em diante, para se obter uma melhoria na qualidade, os custos se elevarao em propor- go bem maior. Por exemplo, para o grau de qualidade 3, ja se tem o valor 4,3 na escala de custos e, para o grau de qualidade 3,5, tem- se 0 valor 7. No grafico 2 podemos observar a variagao do valor do produto no mercado em fungao do grau de qualidade. Plotando-se as duas curvas no mesmo grafico podemos ob- servar que, para um grau de qualidade 3,5, 0 valor do produto e 0 custo da qualidade sao iguais a 7. (Grat. 3) No caso de qualquer au- mento de qualidade além de 3,5, 0 custo para obtengao da mesma supera o valor de merca- do do produto. © ponto ideal deve ser escothido, portan- to, em fungaio de uma pesquisa de mercado, sempre levando-se em consideragao que as. diferengas em grau de qualidade podem re- fletir-se: + na durabilidade do produto; + no seu aspecto; + no custo de manutengao (e freqiiéncia); + no fator de seguranga; + na facilidade de instalagaio ou de uso; + na possibilidade de adquirir sobrecargas imprevistas; Coste da qualidade 2 Conte d9.qualitade Fundamentos de usinagem I + Metrologia Grau de qualidade Grau de quatcade A i | — 2 3B 4 (Grau de qualcade +e, finalmente, na aceitagao do produto no mercado e no seu valor com 0 decor- rer do tempo Inspegao No proceso, todas as pecas fabricadas sao examinadas, uma a uma, fazendo- se a triagem e rejeitando-se as defeituosas ou que nao estejam dentro das especificagées fixadas. Grat. 4 Grat, 2 Graf, 3 19 20 Fundamentos de usinagem | + Motrol Esse processo de inspegao tem muitos inconvenientes, mas mesmo assim vem sendo utilizado em um grande numero de pequenas e médias empresas, uma vez que ainda se tem a concepgao de que é o mais simples, seguro e capaz de garantir a deteceao de todos os defeitos. Porém, em verdade, é um processo pouco eficiente e de custo elevado. A monotonia do trabalho de inspegao continua e constante resulta quase sem- pre em fadiga e redugao da atengdo, o que torna esse método pouco eficiente e nao tecomendavel para grandes lotes ou partidas. Convém ainda lembrar que a inspegao 100% nao é uma inspegao total. Para se chegar a inspegao total, seria necessario realizar a inspegao a 100% varias vezes, ou muitas vezes, conforme as condig6es. A inspegao a 100% @ normalmente aplicada em: + pegas ou componentes nos quais qualquer defeito possa resultar em conseqtiénci- as ou prejuizos para 0 utilizador final; + quando a produgao diaria € pequena; * quando os equipamentos de produgao, por serem muito usados ou malconservados, nao meregam confianga ou possam produzir defeitos nao contro- laveis, Inspegao por amostragem A inspegao por amostragem elimina grande parte dos inconvenientes dos méto- dos de inspecdo a 100% e permite a redugao do tempo de execucdo e do custo de inspegdo. Nesse método, ao invés de inspecionar todas as pegas de um lote fabrica- do, inspeciona-se somente uma amostra, ou seja, uma certa quantidade de pecas extraidas de um lote Uma vez determinada a porcentagem de pecas defeituosas ou rejeitadas na amostra, 0 resultado ¢ transferido para o lote, que deverd ser rejeitado ou nao. ‘A desvantagem da inspe¢ao por amostragem ¢ a probabilidade da ocorréncia de erros de amostragem. Na selecdo de amostra de um lote contendo somente uma pequena porcentagem de pecas defeituosas, poderia ocorrer, por coincidéncia, que grande parte dessas pecas fosse colhida na amostra. O lote, em conseqiiéncia, seria considerado de baixo nivel de qualidade e rejeitado. Uma situagao contraria também poderia ocorrer, e um lote de baixo nivel de qua- lidade seria aceito em razéo de uma amostra malcolhida, onde, por coincidéncia, fossem incluidas somente pegas nao defeituosas. Essas probabilidades de erro de amostragem sao controlaveis por processos estatisticos. Os planos de amostragem, estabelecidos em normas técnicas, contornam ertos e sao facilmente utilizaveis sem que seja preciso entrar em detalhes matematicos mais complicados. Metrologia Metrologia Definigao Ciéncia cujo objetivo ¢ o estudo sistematico das medidas das grandezas fisicas ¢ das relages que as ligam. Consiste em repartir as grandezas em classes formadas por entes que correspondem a mesma definigao; e em estabelecer, depois, adequa- dos processos de comparacdo entre duas grandezas genéricas de uma mesma classe. O conceito de medir traz, em si, uma idéia de comparagdo. Como so se podem comparar "coisas" da mesma especie, cabe apresentar para a medigao a seguinte definigao, que, como as demais, esta sujeita a contestagées. Medir € comparar uma dada grandeza com outra da mesma espécie, tomada como unidade. Uma contestagao que pode ser feita ¢ aquela que se refere medicao de tempe- ratura, pois nesse caso nao se comparam grandezas, mas sim, estados. A expressdo medida de temperatura, embora consagrada, parece trazer em si alguma inexatidao: além de nao ser grandeza, ela nao resiste também a condicao de soma e subtraco, que pode ser considerada implicita na propria definicao de medir. Quando se diz que um determinado comprimento tem dois metros, pode-se afir- mar que ele 6 a metade de outro de quatro metros; entretanto, nao se pode afirmar que a temperatura de quarenta graus centigrados ¢ duas vezes maior que uma de vinte graus, e nem a metade de outra de oitenta, Portanto, para se medir um comprimento, deve-se primeiramente escolher outro que sirva como unidade e verificar quantas vezes a unidade cabe dentro do compri- mento por medir. Uma superficie so pode ser medida com unidade de superficie; um volume, com unidade de volume; uma velocidade, com unidade de velocidade; uma presso, com unidade de pressdo ete. 23 24 Fundamentos de usinagom | + Metrologia Unidade Entende-se por unidade um determinado valor em fungao do qual outros valores so enunciados. Usando-se a unidade metro, pode-se dizer, por exemplo, qual 6 0 comprimento de um corredor. A unidade é fixada por definigéo e independe do prevalecimento de condigées fisicas como temperatura, grau higroscépico (umida- de), pressao etc Padrao Padréo 6 a materializagdo da unidade. E influenciado por condigées fisicas, po- dendo-se mesmo dizer que é a materializagao da unidade, somente sob condigdes especificas. O metro-padrao, por exemplo, tem o comprimento de um metro, somen- te quando esta a uma determinada temperatura, a uma determinada pressao e su- portado, também, de um modo definido. E dbvio que a mudanga de qualquer uma dessas condigées alterara 0 comprimento original Método, instrumento e operador Um dos mais significativos indices de progresso, em todos os ramos da atividade humana, é a perfeigdo. E a perfeigao dos processos metroldgicos que neles se em- pregam. Principalmente no dominio da técnica, a metrologia é de importancia transcendental. A busca do aumento de producao e da melhoria de qualidade requer um ininterrupto desenvolvimento e aperfeigoamento na técnica de medigao; quanto maiores so as exigéncias, com referéncia a qualidade e ao rendimento, maiores sdo as necessidades de aparatos, ferramentas de medi¢ao e elementos capazes. Na tomada de quaisquer medidas, devem ser considerados trés elementos funda- mentais: 0 método, o instrumento e o operador. Método Medigo direta - Consiste em avaliar a grandeza por medir, por comparacao direta, com instrumentos, aparelhos e maquinas de medir. Esse método 6, por exemplo, empregado na confeceao de pecas-protétipos, isto 6, pegas originais utilizadas como referéncia; ou, ainda, quando o niimero de pecas por executar for relativamente pequeno. Medio indireta por comparacao - Medir por comparagao 6 determinar a grande- za de uma peca com relacao a outra, de padrao ou dimensao aproximada; dai a expressdo: medigao indireta. Fundamentos de usinagem | + Metrologia Os aparelhos utilizados sao chamados indicadores ou comparadores-amplifi- cadores, os quais, para facilitarem a leitura, amplificam as diferencas constata- das, por meio de processos mecanicos ou fisicos (amplificagao mecanica, ética, pneumatica etc). Instrumentos de medigao A exatidao relativa das medidas depende, evidentemente, da qualidade dos ins- trumentos de medigao empregados. Assim, a tomada de um comprimento com um metro defeituoso dard resultado duvidoso, sujeito a contestagdes. Portanto, para a tomada de uma medida, é indispensavel que o instrumento esteja aferido e que sua aproximagao permita avaliar a grandeza em causa com a precisao exigida. Operador O operador é, talvez, dos trés, 0 elemento mais importante. E ele a parte inteli- gente na apreciagao das medidas. De sua habilidade depende, em grande parte, a preciso conseguida. Um bom operador, servindo-se de instrumentos relativamente débeis, consegue melhores resultados do que um operador inabil com excelentes instrumentos. Deve, pois, o operador conhecer perfeitamente os instrumentos que utiliza, ter iniciativa para adaptar as circunsténcias 0 método mais aconselhavel e possuir co- nhecimentos suficientes para interpretar os resultados encontrados. Unidades dimensionais lineares POLO NORTE Historico © metro, unidade fundamental do sis- tema métrico, criado na Franca em 1795, 6 praticamente igual a décima milionési- ma parte do quarto do meridiano terres- tre, esse valor, escolhido por apresentar carater mundial, foi adotado, em 20 de maio de 1875, como unidade oficial de medidas por dezoito nagées. (Fig. 2.1) | 10,000.000m | \ | EQUADOR -- Fig. 2.1 Observagao A 26 de junho de 1862, a lei imperial n.° 1157 adotava, no Brasil, o sistema métrico decimal. 25 26 Fundamentos de usinagem | + Metrologia Atualmente, ha uma definigdo mais precisa para 0 metro, como sendo um com- primento de onda emitido por um isdtopo de Krypton de peso atémico 86, que é cerca de 100 vezes mais preciso. Multiplos e submultiplos do metro Terametro Tm 10"? 1.000 000 000 000 m Gigametro Gm_ 10° 1.000 000 000 m Megametro Mm 10° 1000 000m Quilémetro = Km 10° 1000 m Hectémetro: hm 10? 100m. Decametro dam 10' 10m Metro (unidade) m 10° 1m Decimetro dm 10° 0.1m Centimetro cm 10% 0,01m Milimetro mm 10° 0,001 m Micrémetro hm 10° 0,000 001 m Manémetro nm 10* 0,000 000 001 m Pirémetro pm 10" 0,000 000 000 001 m Femtémetro fm 10° 0,000 000 000 000 001 m Atémetro am 10°* 0,000 000 000 000 000 001 m Sistemas inglés e americano Os paises anglo-saxdes utilizam um sistema de medidas baseado na jarda impe- rial (yard) e seus derivados nao-decimais, em particular a polegada inglesa (inch), equivaiente a 25,399 956 mm a temperatura de 0°C. Os americanos adotam a polegada milésima, cujo valor foi fixado em 25,400 050 8 mm a temperatura de 16 2/3°C. Em razao da influéncia anglo-saxénica na fabricagao mecanica, emprega-se freqiientemente, para as medidas industriais, a temperatura de 20°C, a polegada de 25,4mm. Observagao ‘Muito embora a polegada estivesse com data de extingao marcada, na Inglaterra, para 1975, seré aplicada em nosso curso, em virtude do grande numero de maquinas e aparelhos utilizados pelas inddstrias no Brasil que obedecem a esses sistemas. Fundamentos de usinagem | + Metrologia Normas gerais de medi¢ao Medico 6 uma operagao simples, porém sé podera ser bem efetuada por aque- les que se preparam para tal fim Normas gerais de medigao: + tranqililidade; + limpeza; + cuidado; + paciéncia; + senso de responsabilidade; + sensibilidade; + finalidade da posigao medida; + instrumento adequado: + dominio sobre o instrumento. Recomendagées Os instrumentos de medicao sao utilizados para determinar grandezas. A gran- deza pode ser determinada por comparagao e por leitura ou régua graduada. 27 E dever de todos os profissionais zelar pelo bom estado dos instrumentos de medi¢ao, mantendo-se assim por maior tempo sua real preciso. Evite + Choques, queda, arranhées e sujeira. + Misturar instrumentos. + Cargas excessivas no uso, medir provocando atrito 4 pega e ao instrumento. + Medir pegas cuja temperatura, quer pela usinagem quer por exposi¢éo a uma fonte de calor, esteja fora da temperatura de referéncia + Medir pegas sem importancia com instrumentos caros. Cuidados + Use protecao de madeira, borracha ou feltro para apoiar os instrumentos. * Deixe a pega adquirir a temperatura ambiente antes de tocd-la com o instru- mento de medigao. Fundamentos de usinagem | + Metrologia Régua graduada O mais elementar instrumento de medigo utilizado nas oficinas 6 a regua gradu- ada ou escala. E usada para tomar medidas lineares quando nao ha exigéncia de grande precisao. Para que seja completa e tenha carter universal, deve ter gradua- gées do sistema métrico (milimetros) e do sistema inglés (polegadas). (Fig. 2.2) GRADUAGHO FACE il rai al Fig. 22 Aescala ou régua graduada é construida de ago e tem a graduagao inicial situa- da na extremidade esquerda. E fabricada em diversos comprimentos, como, por exemplo, a de 6" (152,4mm) e a de 12" (304,8mm). Ha varios tipos de régua gradu- ada, conforme mostram as figuras 2.3 e 2.4. 28 Oo REGUA DE ENCOSTO INTERNO REGUADEPROFUNDIDADE Fig. 2.3 vere [EXTERNO (GRADUAGAO NA FACE OPOSTA) a eT) >) | arcmin apts aaa \ENCOSTO INTERNO \.SRADUAGAO INTERNA _ Fig.24 O uso da régua graduada é freqiiente nas oficinas, como se vé nas figuras 2.5, 2.6, 2.7, 2.8229 PT TTT TT (perenne *) MEDIGAO DE COMPRIMENTO COM FACE DE REFERENCIA, MEDIGAO DE COMPRIMENTO SEM ENCOSTO DE REFERENCIA Fig. 25 Fig. 26 Fundamentos de usinagem I + Metrologia O inntnnnn MEDIGAO DE PROFUNDIDADE DE RASGO Fig. 2.7 MEDICAO DE COMPRIMENTO ‘COM APOIO DE UM PLANO Fig. 28 MEDIGAO DE COMPRIMENTO COM FACE INTERNA Fig. 2.9 Leitura em milimetros 29 A leitura na escala de milimetros 6 feita sempre que se quer uma medida no sistema métrico ‘As graduagdes dessa escala consistem em dividir 1 centimetro em 10 partes iguais. (Fig. 2.10) tem 2em ) GRADUAGOES DA ESCALA NO SISTEMA METRICO Fig. 2.10

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