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SELAEEIS © DARAYHLI NERS 4. BARS E90 11 SNOT EY INN, CULT STRADREO POR UMA HISTORIA DA TRADUCAO TECNICO- CIENTIFICA NO BRASIL DO SECULO XVI AO XIX Dennys Silva-Reis! Mundial tem como principio dinimico a circulagao de objetos ¢ de saber-fazer, Isso indica que, para que os sistemas de proposiges de determinada ciéncia se imponham, & estes sejam confrontados com a experiéncia em todas as sociedades que, uma vez comprovando seu bom funcionemento, legitima as verdades logicas (PRESTES, 1996). E um dos meios de propagacao do saber pontos de vista simbélico, hermenéutico e retirico. Ot cientifico ests amalgamado pel come regras de civilidade respeitadas pel instituigfies em que o saber cientifico é fundamental, Entre nbs, 03 textos tenico-cientiicos tiveram papel funda- mental para um progresso cientifico e teenolégico e, por vezes, cdlucacional ¢ institucional na sociedade brasileira. Portanto, visa-se neste trabalho mostrar como as tradugdes téenicas e cientificas, ou simplesmente técnico-cientificas, eixcularam, foram produzidas ¢ Trade (POS niseregriadomdac ES CoONTEMFORANEAS Suns Cs ESTUDOS DA TRADUAO EFLINO(S# DESEYYOIMIMENTOS 8 FATIR.DO 1 ENCONTHG NACIONAL CULZURA PTRADUCIO recepcionadas ao longo da histéria do Brasil, Para isso, vamos per correr a histéria brasileira sublinhando o contexto, a necessidade ¢ as posstveis consequiincias das tradugSes, bem como tentar esbocar ‘uma possivel tradiZo do pensamento tradutolégico téenico-cientiico brasilei. Cabe lembrar que eshocar uma historia da tradugio de textos técnioo-cientifice (1) buscar a biografia de textos, biblio- tecas e pe analisar a difusio ¢ @ recepeao de conceitos cientificos’ ¢ (3) verificar a cvolugao de instituigGes e organizagBes cientificast. No caso brasileiro, essa parte da Historia da Ciéncia ainda é muito recente porque, por um longo tempo, esse tipo de estudo s6 se voltou para os grandes cientistas universais e as descobertas rey jonarias mundiais, Entretanto, desde 1500 as atividades cienti- ficas estiveram presentes no Brasil com grandes expedigtese via exploratdrias—em particular no que tange fauna e& flora, centro de observagSes astrondmicas por parte dos jesuitas e, no século XIX, a fundagio de instituigSes cientificas permanentes (DANTES, 2005). A primeira constatacio a ser feita € que as tradugécs propria- mente brasileiras—feitasno Brasil —s6 sargiram no séeulo XIX, uma ‘vez que, durante mais de trés séculos, foram as tradugSes portuguesas que circularam e difundiram os conhecimentos cientificos. Ao nos yoltarmos para o século XVI, constatamos que muitos dos couheci mextosniuticos, astrondmicos, astroligicas e geograficos chegaramn a0 conhecimento dos primeiros portugueses desbravadores do Brasil por intermédlio da tradugao, visto que tanto espanhdis quanto portu- _gueses trocavam informagées a respeito das descobertas dos saberes, necessrios ds grandes navegagdes mundo afora (MACHADO, 2015) 3 ris Taher cent del oorno capita otic stare DISCUSS CONTENDORANEAS SOBRE O§ ESTUDDS BA TRADLGAD: PARTE. D0 (7 ENCENTRO NACLONAL CULTURA EFRADUGKO Fino século XVII, a preocupagio de Porttigal em perder terras para os franceses, espanhdis e holandeses era tao grande que houve neste stculo uma atengio maior para coma artilkaria eas fort da colénia, Para tanto, a metropole traton de formar especialistas nativos nestas duas reas, Segundo Beatriz Bueno, [a] partir do século XVII, principalmente durante Unido das Coroas Ibéricas ¢ logo aps. seu fim, nota-se ‘uma politica progressiva de implantacio de “Aulas Ré- gis” ou"Academias Militares” tanto no reino como nes conguistas ultramarinas pare formar quadros técnicos nacionais. Traduzir e principal literatura e lecioné-la em Jingua vernacula aos membros da estrutura do exército com especial talento para tanto tornou-se uma cbsessio «em todas as cortes europeias, pioneirarsente em Portu- gale Expanha, Em ambos os lados, em paralelo as ages Oficais, os jesultas também se envolveram na formago desse tipo de profissional, habilitando-os simultanea- mente a projetar, construir e mapearediffcios, cidades ce terttérios, (BUENO, 2 Logo surgem os cursos de fortificages e arqt Bahia, no Rio de Janeiro, no Recife ¢ em Sao Luis. Com isso, tem-se ‘uma profusio de livros italianos de arquitetura traduzidos em lingua portuguesa na metréopole e que circulavam no Brasil para difundir ‘0s conhecimentos de arquitetura militar, Segundo Felipe Moreau, agentes responsiveis por sustentar projetos de um dos prine tradugao e aprendizagem cultural sobre arquitetura eza a propria Coroa Portuguesa: DIFCUSOES CONTEAORANEAS SORRE Cs EsTUBOS BA TRADUCA: AIRLENDES € DESEWVOL/MUERTOS A PARTIR OW ENCONTC NACIONAL CULTURA TRADUCA Enquanto o rei colecionava maquetes de edificios ro- manos em geral, D, Luis admirava construgSes mili- tares, Este formou em casa um grupo de estudas com ‘© matemtico ¢ commdgrafo-mor Pedro Nunes (anos 1536. , que nessa época produziu os trata 37) € De Crepusculis (1542), além do Livre de — por André de Resencle er 155 Diego de Sagredo (Medides del Romano —trés edigies entre 1541-2, uma com ilustragées e apéndice da versio francesa), Fromtino (De Aqueductibur — por André de Resende em 1543) e Isidoro de Almeida (De Condendis Arbus — provivel tradusio da edicio latina do Método de Fortificacio De Urbicus Condendis de Dither, em 1552), Também era parte da politica da Coroa pagar vingens de instrugio a Itdia a artistas, como forma de investir na formago de pro- fissionais locas ¢ 20s poucos substitair a contratagio de extrangeiros. (MOREAU, 2011, p.69) Para além do aprego pela arquitetura, cabe vessaltar que a tradue ‘do desses géneros vai ao encontro do que sc chara de conhecimento pritico ou téeito (BURKE, 2016, p. 40) eaté mesmo urgente— vista a necessidade de protecao do territério —, 0 que ressalta o cariter ‘io da tradugio para fins especificos no Brasil 4 época e nas demais colénias portuguesas No século XVII, mais textos técnicos, muitos dos textos cientificos, ¢ especialmente das ciéncias humanas, tiveram uma gran- de circulacao no Brasil. Entretanto, saber ler e se informar era um perigo no Setecentos porque as livros cram considerados perigosos ‘odugio, impressio e comercializaco era proibidas na Co- lOniz. Dai a censura, um grande volume de contrabando de livros (nos mais diversos idiomas, incluindo os de lingua portuguesa) ¢ as 18 HOES CONTEMPORAAAS SOBRE OF ESTUDUS DA TRADUCAO: {VOLVMERTOS A PARDO W ANCONTRO NACIONAL CULTURA ETRADEGKO asus ‘tradugdes andnimas feitas tanto no Brasil quanto em Portugal com difusdo clandestina, Carlos Villata (1999, p.16) afirma que nessa época os tradutores nao apenas vertiam os textos estrangeiros para fo vernéeulo, mas ta mente, © que, de certa forma, fazia com que os subversivosa depender de quem os traduzisse, no que voncerne aos saberes cientificos, com informagie: tes a0 Brasil, Dentre os tradutores desta ¢poca, temos © poeta inconfidente io Manuel da Costa (1729-1789), que traduziu 4 riqueza das aagdes de Adam Smith, ¢ Francisco Moniz Barreto de Aragio, tradutor de 0 Orador dos Estados Gerais de 1789 (1789), a Fala de Bolsy d’Anglas 795) © 0 Aviso de Petershungo (1796). Além destes dois individuos, modo um seleto grupa de hamens brasileiros, estu- imbra, que pertenciam & Academia Real de Cigncias de Lisboa (fundada em 1779) e que pri im diversas tradugbes de cunho iluminista ¢ cientificista que circulavam tanto em Portugal quanto no Brasil. Segundo o historiador portugués Péricles Lima, os adaptavam, modificando-os sensivel- ros fossem mais 9s mais pert de‘ a Academia de Cie tminadlos brasileiros”, 0s quals adaptaram suas idelas € sem benefleio da Coroa. Em nossa {nterpretacio flzeram uma releitura, uma reinterpre- taga0 do discurso ilustrado em Fungo das condicdes existentes em Portugal, Associado a isso, deve- considerar as determinagées de natureza historic a expansio maritima portuguesa e a exploragio das colénias, Participaram activamente na “rede de in formagao" que veio a permitir ao Estado Portus Setecentista um melhor conhecimento ¢ abrangéacia cosets Me conhecimento cieni DiCUSNO8s CONTENRORANEAS SoHRE Os BaTEDOR DA TRABLCAO: PSENVOINMENTOS 4 HARDIK DO ENESHCT¥D MACOMAL CULTURA ETMADUGRO de origem brasileira uma variedade de informaySes pode ser verificada sempre préximos da idéia de ma- nutenciio ¢ promogio de um Império Portugués, mas distame de um movimento libertador em ebulicio, (LIMA, 2009, p. 191-192) De fato, “os homens de ciéncia* formados em Portugal e retor- znados ao Brasil foram de suma isaportincia para a criagao de ume ‘tradigdo (1uso-)brasileira do saber cientifico, bem como para funda rmentar as bases das institulgGes cientificas que se consolidariam no Oitocentos. Péricles Lima (2009) nos da 38 nomes de brasileiros que frequentaram as universidades portuguesas e que, em sua mai exerceram os oficios de professor, cientista, médico, deatre outros, em comunhio com o oficio de tradutor, traduzindo do grego, do francés, do inglés, do espanhol e do dutores podem ser vistos como negociadores interculnwrais, uma ‘ver que suas tradugSes foram responsiveis por mudangas ¢ revoltas iais ocorridas 4 época no Bras \do uma parcela de motivagées ligadas as ideias cientificas e filosbficas foram transmitidas gracas 4 teadugio desses livros no, Tais tra- Quanto ao século XIX, este seri sem divide o momento inicial a tradupio técnica e cientifica no Brasil, que se deverd basicamente a trés fatores: fim da censura de impressio, cixculagdo e produgio de 8; criagko das primeiras tipografias brasileiras, e a inavagio do barco a vapor, que muito auxiliou para responder & demancla de papel © confeegao de livros. A maioria das tradupées téenico-cientificas era feita a partir do francés, mas tambéan do inglés e do alemo, quando se tratava de assuntos militares, maritimos e médicos. No inicio do século XIX, existiu a Tipegraphia 0 Arco do Cego (1799-1801), que tinha como objetivo reunir em livros memérias de novas técnicas ¢ culturas desenvolvidas em paises estrangeiros, que pudessem ser liteis a0 progresso do Brasil e da Metropole (HARDEN, 2009, 2015). A tipografta, idealizada por José Maria- no da Conceigio Veloso, produziu centenas de livros tra 20 Duscusdes CoRTEAPORINEAS town OF EsiD08 BA TRADUCKO: EFLEXOES E OESENYOUAKENTOS 4 PART Do WV aNCUWNO HACIONAL CULTURA TRABUCO do frances, inglés, castelhano, alemao e latim, concernentes aos tos. Pretendia ensinar ¢ informar sobretudo 03 's. O recomhecimento do trabalho da tipo- grafia, cuja existéncia foi de apenas dois anos, veio somente apés, sua extingio, Atribui-se comumente o sucesso das provincias de Pernambuco e da Bahia 20s conhecimentos transmitides por muitas dessas traduges. A tradugio com a finalidade de instrug3o nos mais diversos campos do conhecimento cientifico no alcangou somente @ agri- cultura, mas perpassava os mais diversos campos das ciéncias duras. Podemos destacar em particular os médicos tradutores desta ¢poca, que contribuiram para o desenvolvimento ¢ 2 ampliacao da formagio de médicos e da medicina no Brasil, como Pirajé da Silva (1873-1961), tradutor da classica obra do naturalista alemio Von dos indios brasileiros) e Jodo Francisco da Silva Lima (1826-1910), tradutor do Cédige de Ethica Médica adoptado pela assaciacto Médica Americans, ica foi uma das maiores esferas da tradugio 0 Brasil Império, Iniimeros foram os oplsculos, compéndios diditicos, diciondrios, gramaticas, regimentos, colecdes, atlas ¢ tratados traduzidos que beneficiavam. desde o nivel de ensino mais bésico até o nivel superior. A caréncia de livros destinados especificamente ao ensino era tamanha 4 época que drgios responsiveis pela tradugio, adaptagao e produso autoral dos livros tinham papel fundamental no que competia tanto i censure como a difsio destes livros, Além disso, havia gratficagties por parte dallei para tradugbes feitas com o objetivo educacional, especialmente ‘trusao ptblica priméria e secundaria (CASTELLANOS, 2012). Henrique Trentin, ao estudar as tradugdes de compéndios de a DSCUSSEES CONTEMPORAMEAS SomNE O§EsTUDOS DA TRABUCO: EPLENOHS E DESNVOLNINEITOS A ATR Do IY ENCONTHE NACIONAL CUETIRA ETRADUCKO matematica realizadas por Manoel Ferreira de Aratijo Guimardes (1777-1838), afirma: Ostradutoresatuaram como professores, expliitando dos das obras traduzidas 2os leftores com fculdade no entendimento, Nesse sentido, alguns exemplos citadas, as traducdes eram madas em verses que detalhavam, passo a pasto, as ideias nos originais para, segundo eles (tradutores), facilitar a compreensio dos estudantes, (TRENTIN, 201 1, p. 88-88) tear Ouseja, otradutor de obras escolares detinha certo poder sobre o saber cientifico que almejava difundir, tanto de cariter ideolégico quanto ao respeito as leis e as comunidades cientificas a que o texto fazia mengio. Além disso, provavelmente, ao se traduzir tal género de literatura técnico-cientifica no Brasil, essa prética tenha incentivado e até consolidado este tipo cle produgio no pais devido a dois fatores: 0 primeiro €a questo da autoria —o tradutor era considerado, segundo alei, o autor daguele texto em lingua portuguesa ~; ¢ 0 segundo diz Fespeito a estética, ao género ¢ ao formato das obras ~ como néo hhavia modelo para produzir tais ob iasil, a tradugo consti- tuiu o espelho para qualquer tipo de livro do género; por exemplo: ‘um compéndio de matemética “tradu: 20 final o nome do tradutor com ou coautor porque esta “tradugio” era na verdade uma copia-modelo adaptada ao sistema de ensino brasileiro (CASTELLANOS, 2012). ute No Brasil, a maforia dos livras escolaves traduzidos eram ori- ginalmente de lingua francesa, o que, em boa medida, determinava 0 predominio do pensamento cientifico francés, bem como d certa“pedagogia cientifica& francesa, devido a vulgarizaggo cientifica que cabia 2 esses manuais desde os niveis primarios até os superia- res de ensino, O pesquisador Karl Lorenz, ao exanainar a influéneia francesa no ensino de ciéacias no Brasil, alirma; 2 DEUSOES CONTENO EFLEXOES E DESEAVOLNENTOS 4 PAR ura os ssTUDOS PA TRADUGKOS TV ENCONTRO NAGIOAL CULTURA ETRABUGAO Nas décadas que precedlem a instalagio da Corte Portugues no Rio de Janeiro em 1808 c até o final do século,a influéncia da cultura francesa fot um fator predominante no desenvolvimento das institnicdes educacionais brasileiras. No inicio do século XIX, a ‘ctiagdo da Academia Milita, da Faculdade de Medicina eda scola Politécnica tradugio e da publicagio de livros didéticos franceses para uso princtpalmente na Academia Militar. Na area dda matemética, foram traduzidos livros de autores tals como Euler, Monge, Legendre e Lacraixs © para a cigncias naturals, como os de Haity, Francover, La Caille ¢ Fourcroy. A Imprensa Real continuow publi- cando tradugGes até 1831, quando este fico passon para as edisoras, tipografas e livrarias particulares Coma criagio de novas instituigSes ¢ « reorganizacie jd estabelecida, na segunda metade do século XIX, cientistes ¢ adntinistradores franceses contribuiram para o desenvolvimento da infra-estrutura da pesquisa ientifica ¢ do ensino de ciéneias no Brasil, Com esta iniciativa, o Imperador Dom Pedeo Tl de finidade com a cultura francesa ea receptividade as corremies intelectual francesas, Desde suas viagens & 71, 1876 © 1877, 0 Imperador manteve res franceses como Louis Pasteur, Al- phonse de Lamartine, Ary Renan, Victor Hugo, Artur de Gobineau, George Sand, Fércinand Denis, Gaston Maspéro e outros. Foi o Imperador quem fez contato ‘com a Franca sclicitando um apoio des franceses para melhorara pesqui Napolednico na Franca, A Escola al do Rio de Janeiro se transformou na Escola 23 Discuss contentonsvess sou ER exOes = DaSEMVOUNIVENTUS A PRETIR BD FNCONTHO NACIONAL CULTURA F RADLGEO Saint-Biienne e foi admmizistrada polo cientista e pro- fessor francés, Claude Henri Gorceix. O semtimento pré-Franga, nos bastidores do governo imperial, inka lum efetto profundo sabre os respon: culacio e execugdo da p (LORENZ, 2002, p. 1 Com efeito, um ‘ementos culturais franceses que mais fez rimetras grandes tipogra solo brasileiro fossem de franceses ou aprendizes de franceses. CGé- neros editoriais de livros também eram copiados da cultura francesa ~0 folhetim e o folheto, por exemplo. No que tange as ciéncias ¢ a0 seu ensino, além de cantar com professores brasileiros formados no exterior, segundo os moldes do pensamento cientifico francés, outro costume comegou a entrar em voga no século XIX brasileiro: a formagio de bibliotecas especializadas. Embore a culture de bibliotecas tenha chegado ao Brasil com os jesuitas, a populatizacdo doste espaco de socializacéo, vulgarizaeio ¢ leitura do livro sé se deu no século XIX. Como a maic blioteeas pablicas era direcionada para o grande pul demonstrava muito interesse pelas leituras ditas mais elevadas, era- ditas ou de padrio cientifico (FERREIRA, 2001, 2004), as chamadas Dibliotecas especializadas surgiram entre as instituigSes clentificas 6 eram organizadas por profissionais (médicos e advogados, em grande parte) que possuiam acervos de pequeno e médio porte em suas casas. Vale mencionar que o interesse desses profissionais por livros técnico-cientifioos incentivou editoras & Epoca a se dedicarem com afinco a esse tipo de publicagio, que inclufa traducdes em lingua portuguesa (FERREIRA, 2001, 2004). Dentre as instituigdes que mantinham bibliotecas especializa- je-se citar a Academia Real Militar, a Academia de Guardas das, 24 Discuss CONTEMPORANEASSOARE 8 #37UDUS DA TAADUGRO: IPLENGES €DRSENVOL/MMNTOS AMATI IY EXCORTRO NACIONAL CULTURA FTRABUGKO Marinhas, 0 Museu Real, o Jardim Botinico, o Instituto Histérico Brasileiro (todos no Rio de Jancira) e as Acadernias ‘Médico-Cirurgiao (essas no Rio de Janeiro e na Bahia), responsiveis pela capacitacio de mio de obra qualificada, que exigiam a difusia de conhecimentos mais elaborados ~ dai a necessidade da tradugio de obras dessas dreas, Segundo José Carlos de Oliveira (1997, p. 37), todos esses livros ‘Eram manuais a serem usados na Academia Real Militar ena Guarda Marinhe, nos cursos de Cirurgia ¢ Medicina e nas prelegdes avulsas, Fsses mamuais, na quase totalidade tradugGes de obras francesas, onde, no apenas fazia-se a traducio direta, como também comopilavam-se 03 originais, faziam-se alterages ¢, ‘em varios casos, adicionavam-se trechos de outras cobras diferentes daquelas que scrviam de base para a tradugSo. Este fato, no entanto, demonstra a neces sidade de alguma competéncia cientifica para assim proceder. Por isso, pessoas que traduziam as obras io cram meros tradutores: cram professores que adaptavam as obras is necessidades do momento, sa- Wd econ stage pera 0s objetivos propostos pelo governo (estampadas os betes props pl reno sump boragdo doméstica de compéndios ers um passo em .Acesso em 20 ago. 2012 drs Ramos de Oliveira, Br da Conceiglo Veloso, Cadern Hlorianépolis: LFSC, 2009, 2 DISCUSSES CoS UROANEA sePLEXOES EDESEVOLYSIENTOS 4 PART HARDEN, Alessandra Ramos de Oliveira, Portal para a historia da trdugéo: ‘paginas de rosto da Arco do Cego, In: SOUSA, Germana Henriques Pereira (Org). Hiseiria da Tradupio: ensaies de teoria ¢ Pontes, 2015, LIMA, Péricles Pedrosa. omens de cdncia a serige da cored Br (Mestrado cm Historia das Lisboa, 2009. LORENZ, Kal. fist 4 cabertas © expansifo} incesa no ensino de cléncias @ matemtica IX. In: CONGRESSO 2002. 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