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3, COMPLEXO DE EDIPO E ESTRUTURAS CLINICAS E possivel que eu tenha logrado éxito, recentemente, em ter um primeiro vislumbre de uma coisa nova. O problema que me confronta é o da ‘escolha da neurose’. Quando é que uma pessoa fica histérica, em vez de paranoide? Em minha primeira tentativa grosseira, feita numa época em que eu ainda estava tentando tomar a cidadela 4 forga, achei que isso dependia da idade em que ocorria o trauma sexual — da idade da pessoa na época da experiéncia. Disso, desisti ha muito tempo; mas fiquei entéio sem nenhuma pista até poucos dias atrés, quando vi uma ligagéo com a teoria sexual. Sigmund Freud! oo Carta de Freud a Fliess de 9 de dezembro de 1899. In: Correspondéncia com wwleta de Sigmund Freud para Wilhelm Fliess (1887-1904), op. cit., p.391. 93 itulos anteriores, procuramos mostrar como as teorias sobre Nos capi exo de Edipo, tanto em Freud como em Lacan, apresentam a X o comple concepga0 partit da cast ordenagao, & é essa Ol identidade sexual. A realizagdo da sexualidade depende do plano da ides de um sujeito marcado pelo universal da castragio.? E a ago que a sexualidade infantil encontra um ponto de rdenagao que oferece condigdes de construgdo simbélico, € @ teoria do Edipo é uma das maneiras de descrever os caminhos dessa realizacao. A seguir, procuraremos fazer algumas consideragdes a respeito da psicopatologia do ponto de vista psicanalitico e, aasis especificamente, considerando ai a importancia do complexo de Edipo. Haveria diferentes maneiras de posicionar-se no Edipo? Seria possivel relacionar diferentes formas de posicionar-se no complexo de Edipo com a possibilidade de uma estruturagao neurética, perversa ou psicdtica? Estariam essas possibilidades de estruturacao ligadas a saida do complexo de Edipo? Lembremos que no caso do Edipo feminino, por exemplo, Freud snumera trés saidas possiveis diante da incidéncia do complexo de *Em Freud, 7 » Mostramos como esse universal da castragao é pensado em termos orden, agdo da posigao Sexual, promovida pelo complexo de castragao; em a ‘can, Mostramos que esse universal da castracdo tem incidéncia sobre o sujeito Pant da castragio matema, enquanto falta ordendvel pelo campo do Outro. ee 95 castragao: “uma conduz a inibigao sexual ou q ney, Tos, modificagao do carater no sentido de um comple: > Oy PIEXO de mac... ta, 4 a terceira, finalmente, 4 feminilidade normal.” Também ‘lida Ty 80 4, Edipo masculino, Freud sugere a existéncia de Outras py Cagy Ssibj}; dade além daquela que ele considera a saida normal, Nessas diversas maneiras de posicionar-se em Telagdo a C€Strags é necessério distinguir 0 que ¢ absolutamente particula, (de € de Pend BNificant, : We pog relacionado a estrutura clinica como forma generaliziye] de “t Te assim, da forma singular da relacao de cada sujeito com os si que o marcam) daquilo que aparece como estrutural (e SPOst Lacan, mo de ao Real, como veremos adiante). Essa distingao, devemos a cuja teoria permitiu organizar a psicopatologia freudiana emt trés grandes estruturas clinicas: neurose, perversio e psicose, A seguir, retomaremos cada uma dessas estruturas Clinicas procurando relaciond-las com o que foi desenvolvido até aqui sobre complexo de Edipo, para que possamos nos ocupar, mais adiante, das questées clinicas relativas 4 psicandlise com criangas. a. Neurose Em “Dissolucao do complexo de Edipo” (1924), Freud descreveo declinio do Edipo nos seguintes termos: “Nao vejo razao para negar 0 nome de ‘repressao’ [Verdrdngung] ao afastamento do ego diante do complexo de Edipo (...) O processo que descrevemos ¢, porém, mais que uma repressao. Equivale, se for idealmente levado a cabo, a uma destruicao e aboligao do complexo. Plausivelmente podemos supor que chegamos aqui a linha fronteiriga — nunca bem nitidamente tragada- bos 7 x 1 entre o normal e o patoldgico. Se o ego, na realidade, nao consegt! 3 FREUD, Sigmund. Obras completas, op. cit., v. XXII p. 155. wt 96 ‘49 mais que uma repressao do complexo, este persiste em estado muito -aconsciel : ince segundo Freud, portanto, o recalque é um dos destinos possiveis do plexo de Edipo, havendo duas possibilidades diferentes de ocorréncia com nte no id e manifestaré mais tarde seu efeito patogénico.”™ desse recalque. Ou ele é um recalque “eficaz”, idealmente levado a cabo, queleva completa destruicao do complexo de Edipo, ou o Edipo persiste 10 inconsciente manifestando seu efeito patogénico, o sintoma. Assim, Freud nao deixa de considerar a hipétese de uma saida normal, @ hipotese de que, ao final do Edipo, tenhamos sua completa aboligao, seu total desaparecimento, efeito de um recalque bem-sucedido. Como ele diz em “Algumas consequéncias psiquicas” (1925), “em casos normais, ou melhor, em casos ideais, 0 complexo de Edipo nao existe mais, nem mesmo no inconsciente.”* Entretanto, é ele mesmo quem afirma que a fronteira entre 0 normal e o patolégico nunca pode ser nitidamente tragada; e sendo a normalidade o efeito de um recalque eficaz, isso significa que mesmo a ideia de normalidade em Freud parece indissocidvel do conceito de recalque. Em Lacan, encontramos um equivalente dessa concepgao da eficdcia do recalque no Seminario 4, no qual esta presente a ideia de uma fungdo paterna que daria conta completamente de, ao substituir-se ao desejo materno, livrar 0 sujeito da necessidade patolégica dos sintomas. Retomaremos esse ponto mais adiante. Essa concep¢ao leva 4 conclusio de que quando o recalque nao é idealmente levado a cabo, quando a fungiio paterna nao opera de forma completamente eficaz, o que ocorre é a neurose, na qual os sintomas tevelam, de forma simbélica, os efeitos patogénicos que persistem no inconsciente. Para Freud, os sintomas nao sfio nada mais que a expressao deformada do desejo infantil que sucumbiu ao recalque. eat “Idem, ibidem, v. XIX, p. 221-22. “Idem, ibidem, p, 319, 97 a al E no texto “Interpretagao dos sonhos” (1900), a Part de representagfo, que Freud descreve os mecanismogs qu Yoga : x * e fe desejo recalcado uma expressao deformada, incompreensive dy proprio sujeito. No lugar dos desejos sexuais infantis Tecaleag 0 08, ap Atrio, atuam ng x Lys ANifesto E esse processo de deformagao, caracteristico da passagem do oy. uma nova representagao, aparentemente sem conexao com a devido aos processos de condensagao e deslocamento que passagem do contetido latente, recalcado, ao contetidg m 4 F 5 . ted, latente ao contetido manifesto, que da as formagdes do inconsoj Clente y carater enigmatico para o proprio sujeito, que desconhece 0 Sentidg daquele sintoma que o representa. Segundo Freud, “(...) apenas impulsos sexuais impregnados ts desejo oriundos da infancia, que experimentaram repressio (ey durante 0 periodo de desenvolvimento infantil, so capazes de ser Tevividos durante periodos de desenvolvimento posteriores (...) e acham-se assim aptos a fornecer a forca motivadora para a formagaio de sintomas (28 O infantil ¢ 0 que fica sob a barra da censura, e esse infanti) nao é sendo o sexual, para Freud sempre traumatico. O sintoma aparece no lugar do trauma sexual, e nisso as articulagées iniciais de Lacan nao fazem senao retomar Freud. Como decorréncia dessa articulagdo freudiana do recalque, a andlise adquire a dimensfo de uma reconstrugao da histéria sexual infantil. Em “Algumas consequéncias psiquicas” (1925), Freud afirma: “em meus proprios escritos e naqueles de meus seguidores, sempre mais énfase é dada a necessidade de que as andlises de neuréticos lidem de modo completo com 0 periodo mais remoto de sua infancia, a época da primeira eflorescéncia da vida sexual.”” Para Freud, ess © FREUD, Sigmund. A interpretagao dos sonhos (1900). In: Obras completas, op. cit., v. V, p. 644. 7 Idem, Obras completas, op. cit., v. XIX, p. 309. 98 et see reconstrugao da historia sexual infantil, a0 Testabelecer © sentido Ultimo de um sintoma, teria 9 Poder de elimina-lo Em “O sentido dos sintomas” (1917), Freud afirma: “o Sentido de um sintoma, conforme Verificamos, Pos; Sui determina . . da conexaio com a experiencia do paciente, Quanto m:; '@ Sem sentido e uma acao despropositada, a situagdo passada €M que a ideia ge Justificou ea agao serviu a um propdsito,”8 Entretanto, ha uma dificuldade deco Trente dessa Concepcao, que é a de circunscrever 9 sentido “{ltimo” de um sintoma, 0 desejo lexto “Interpretagdio dos esta presente, ao lado da Concepeao de que os sonhos tém um sentido, a ideia da existéncia de um umbigo do sonho, sonhos” (1900), “ponto ecido.”? |» Freud chega a conclusdo de que, em um certo sentido, toda recordacao infantil é encobridora, o que central do sonho, o ponto de onde ele mergulha para o desconh Em “Lembrangas encobridoras” (1 899), Significa que é necessario “reduzir a distingao (...) entre as lembrangas encobridoras e outras lembrangas derivadas de nossa infancia” uma Vez que “pode-se questionar se temos mesmo alguma lembranga —_ "Idem, Conferéncias introdutérias sobre psicandlise, conferéncia XVII: 0 Sentido dos sintomas (1917). In: Obras completas, op. cit., v. XVI, p. 319. "Idem, In: Obras completas, op. cit., v. V, p. 560. 99 ee proveniente de nossa infancia: as lembrangas rejg, tivas 4; seja tudo o que possuimos.”"° Como esses, ha muitos outros pontos que aponta = . im presenga de um brecha na questo da diregio da anal emp Se com "Uda b toma "seg proporgdes com a formulacao da pulsao de morte em “ya Maiony de um sentido ultimo do sintoma, uma brecha que principio do prazer” (1920) e com a segunda topica, is alm, to (1937), Dor exe I _ . . © de tomar COns¢j ‘ o que estd reprimido (no sentido mais amplo da Palavra) i No texto “Analise terminavel e interminave]” Freud considera que “o efeito terapéutico depend . . No ld ainda assim admite a existéncia de pontos que Permanecem iho my pelo trabalho de anilise.'” dos E Lacan, entretanto, quem sii essa questo, ampliando o limite da andlise para além do Edipo e situando-a em relagao ao fantasma, yy | qual a posicao do sujeito articula-se a do objeto a. Aliados 4 Dogo de gozo e a ideia do real como um resto nado completamente Tedutivel ag simbélico, esses conceitos permitem a Lacan situar o final da anialise para além da busca do sentido ultimo do sintoma, No Semindrio Il, Lacan afirma: “a interpretago nao visa tanto o sentido quanto reduzir os significantes a seu n4o senso, para que possamos reencontrar os determinantes de toda a conduta do sujeito.”'? Retomaremos esse ponto no proximo capitulo. Mas mesmo admitindo um “para além do Edipo” no trabalho analitioo, aneurose é, para Lacan, a estrutura clinica que se caracteriza pela presenya do recalque e de seu efeito patogénico no inconsciente, os sintomas. "© Idem, ibidem, v. III, p. 286-287. 1 Idem, ibidem, v. XXII, p. 271. 2 Idem, ibidem, p. 262. '8 LACAN, Jacques. Seminario 11: os quatro conceitos fun psicanilise, (1964). Rio de Janeiro: Jonge Zahar Editor, 1979, p- 167. 100 ! damentais 4 segundo Lacan, “a estrutura de uma neurose é trutura de uma questao Para ele, “o que esta em cialmente a est q essen 9 nosso suj giscussio jagio de set é um signi © foi reanimada como simbélica, e nao reativada como imaginaria, sO desencadeada a descompensagao de sua neurose, e que seus i jeito é a questo Quem sou eu? ou Sou eu, éuma ificante fundamental. E na medida em que essa we foi sintom: atueZ2, 0 material a que ¢ gereformulagao, mesmo de insisténcia, dessa questao.”"* O sujeito adquire ere assim a dim No texto oextensividade do desenvolvimento do sintoma e de sua resolugao cl as foram. organizados. Sejam quais forem as suas qualidades, a sua Jes recorreram, estes tomam valor de formulagao, ensiio da resposta do ser 4 questo: quem sou? “Instancia da letra” (1957), Lacan afirma: “(...) Na urativa revela-se a natureza da neurose: fobica, histérica ou obsessiva, cl aneurose é uma questao que 0 ser coloca para 0 sujeito ‘la de onde ele estava antes que 0 sujeito viesse ao mundo’.”' Nao por acaso, no Seminario 4, Lacan faz referéncia, para situar essa questdo, a frase que Freud utiliza para “explicar o complexo de Edipo a Hans.” Mas qual a relacao entre essa pergunta, quem sou?, que para Lacan € caracteristica da neurose, com o complexo de Edipo? Entendemos que trata-se de uma pergunta que revela, de forma bastante evidente, a articulacao pelo sujeito da falta no campo do Outro e de sua queda na posi¢ao falica, o que s6 é possivel a partir da instauragao da castragao. E somente porque a crianga perde a ilusao de ser o falo materno que ela pode perguntar-se sobre o que ela é para o Outro. E a quebra dessa ilusio que engendra a questo: entdio o que sou? Questdo que, segundo Lacan, Tetoma para 0 sujeito articulada a um o que quer o Outro de mim? oma eee “em, |, Semindrio 3, op. cit., p. 199-200. “Idem, ibidem, p.196. rem, } A instancia da letra no inconsciente ou a razio desde Freud (1957). In: Scritos, op.cit., p. 524, 101 Pe Mostramos, anteriormente, a incidéncia da castragaig so no segundo tempo, no qual a percepgao da Privagig a Tian concomitante 4 queda da identificagao falica. A Privagig ma 4 que faz situar um enigma, um x, em relagao a0 desejo da mie § & enigma que tem 0 efeito de colocar em questdo a posigiig fica day A falta tem incidéncia, em primeiro lugar, sobre 0 Outro mater essa incidéncia que tira a crianga de sua identificagao imaginisig won O que nos parece importante ressaltar é que 0 efeito da Consus, da privacao materna nao é diferente caso se trate de um mening Oude uma menina. Pela privagao materna do segundo tempo, ambos, menin ou menina, deixam de ser o falo. Para Lacan, independentemente ‘. sexo da crianca, é necessario que, em relagao ao falo, a crianga “aceite té-lo e nao té-lo a partir da descoberta de que ndo 0 é."" fa partir da descoberta de que nao € 0 falo, que a crianga pode, na etapa seguinte, situar-se em relagao ao ter. E somente no terceiro tempo que essa questao toma uma dimensio importante e decisiva no tocante a identidade sexual, com o retorno da questao falica sobre o prdéprio sujeito. E no terceiro tempo que a incidéncia da privacdo materna toma diferentes rumos, levando 0 sujeito a posicionar-se de maneiras distintas conforme o real de seu sexo, uma vez que 0 dado anatémico exige da crianga situar-se em relacao ao que tem ou nao tem. E nesse ponto que se pode pensar em diferentes solugdes edipicas a partir da significado dada pela crianga a distingao anatémica entre os sexos. Assim, embora a incidéncia da privagao materna seja a mesma sobre a crianga do sexo feminino e masculino, o destino que ¢ss# incidéncia tem no terceiro tempo parece ser diferente em cada caso, uma vez que diferentes significagdes sejam dadas 40 dado . f " LACAN, Jacques. A dire¢io do tratamento e os principios de se poder (1958). In: Escritos, op. cit., p. 649. 102 —_. «oo, Como bem nos mostrou Freud, embora a questo anat6mi @mico- gnat0! mica ‘nico determinante da posi¢&o sexual do sujeito, é sobre esse ja 0 0 ej. 0 do corpo que inet : oo de Edipo. Conforme o destino que 0 sujeito dé a essas exo ide a significagao falica em torno da qual se ordena o comp! significas ¢ obsessiva- Jes & que se pode situar a particularidade das posig6es histérica ai. Histeria e neurose obsessiva Ha varios aspectos que podem ser ressaltados para definir a histeria ea neurose obsessiva como duas formas cistunies de neurose. Quando essa definicao baseia-se no complexo de Edipo, costuma-se evocar a passagem do ser ao ter. No texto “A significagao do falo” (1958), Lacan afirma que “(...) atendo-nos a fung&o do falo, podemos apontar as estruturas a que serao submetidas as relacdes entre os sexos.”"* Para ele, “(...) essas relagdes girario em torno de um ser e de um ter que, por se reportarem a um significante, 0 falo, tém 0 efeito contrario de, por um lado, dar realidade ao sujeito nesse significante e, por outro, irrealizar as relagdes a serem significadas. E isso pela intervengao de um parecer que substitui o ter, para, de um lado, protegé-lo e, de outro, mascarar sua falta no outro (.)7? Joél Dor, em seu livro O pai e sua fungdo em psicandlise, distingue a histeria da neurose obsessiva pelas vertentes do ser e do ter. Para ele, “assim como convém designar os sujeitos histéricos como militantes do ter, 0 obsessivo ja se apresenta como um nostalgico do Ser, que comemora, incansavelmente, os vestigios de um modo particular de telago que a mae manteve com ele.” Idem, In: Escrit i » in. Escritos, op. cit., p. 701. dem, ibidem, ° Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991, p. 63. 103 Pe Segundo Dor, toda a questao obsessiva reside Nesgq "OStalgig de ; x ar Obsegci, em que 0 interessado nao se remeta a esse Privilégio ge 0 te ser 0 falo materno, uma vez que “nao ha romance famil pressentido como o filho preferido pela mae.”?! Poy outro | T Sidg . copes ‘ado, entende que “é justamente porque 0 histérico se Sente inju, + Dor Stamente privado do objeto do desejo edipiano — 0 falo — .. Mica do que a din; desejo vai essencialmente ressoar ao nivel do ter, A partir de nossas articulagdes anteriores sobre os tras t ‘*Mpos do Edipo, entendemos que seja possivel afirmar que na ney rose, qualquer que seja ela, histérica ou obsessiva, esta Sempre presente essa “nostalgia do ser” mencionada por Dor, uma vez que toda neurose implica a queda da identificagéo imaginaria com 0 falo matemo, 4 queda da posi¢ao falica, que Lacan situa no segundo tempo do Edipo, € 0 que abre a hiancia na qual pode ser introduzida a Pergunta: 0 gue sou para o Outro? E com base nessa nostalgia do ser que, no terceiro tempo, 0 sujeito vai posicionar-se pela vertente do ser ou do ter, a partir do retorno da questo falica sobre si mesmo, que faz com que seja dada uma significagao ao dado anatémico. E por isso que tanto Lacan como Freud sugerem que haveria dificuldades maiores para a mulher nesse momento, pois se a anatomia oferece ao menino a ilusao do ter, mulher falta, no real do corpo, algo que forneca uma significagao sexual diferente daquela da castragao, da auséncia, da falta. Em “A significagiio do falo” (1958), Lacan afirma que, no caso da mulher, a interpretagao da castracdo é “especialmente espinhosa.”” O falo, entretanto, nao ¢ o pénis. Embora a nogio de falo se apoie ma anatomia, ela a ultrapassa. Em 1923, Freud ja afirmara que a primazia 2' Idem, ibidem. Idem, ibidem, p. 69. * LACAN, Jacques. In: Escritos, op. cit., p. 693. 104 é uma primazia dos 6rgiios genitais, mas uma primazia € = (...) 140 a file nt Entretanto, a ; . go f@ 0. ades para distinguir 0 conceito do érgao que mas alg" giadamente ssall certas passagens da obra freudiana trazem dificuld: o representa. - ressaltara disting0 da castragao nas vertentes simbdlica 0 Lacan, : jnaria, permite es especialmente em rel e a inveja do pénis s6 pode ser pensada como castragao qu clarecer alguns pontos enigmaticos da obra de imag Freud, afirma ~ oS dera a castracdo como uma falta imagindria. Entretanto, yando se consi . ; ; q Seminario 4, Lacan ressalta a necessidade de situar a falta também el > lagado ao Edipo feminino. Com efeito, Lacan ja no - a . : vertentes real € simbolica, como privagdo e frustracao. nas a ~ ope No caso da menina, o retorno da incidéncia da questo falica, no terceiro tempo, deve ser entendido pela via da privagao pois, no real do (el corp’ ; auséncia do pénis no real do corpo s6 pode adquirir o sentido de uma o da menina, 0 imaginario s6 faz apontar a aus€ncia. Entretanto, a faltana medida em que se trata da falta de um objeto simbélico —o falo no lugar do pénis que falta, mas que nunca esteve 1a. No caso do menino, nao é a vertente da privacao, e sim a da castragao que é ressaltada, pois a anatomia lhe oferece maior condigao de manter-se na ilusao de ter o falo. Se o menino tem 0 pénis, a falta é uma possibilidade simbdlica, que se revela no temor da perda. Podemos, portanto, supor que o fato de a anatomia levar a um privilégio da vertente da privagao no caso da mulher e da castrag4o0 no caso do homem, tenha alguma relacdo com a ocorréncia mais frequente de histerias femininas e de neuroses obsessivas masculinas, embora essa ndo seja a regra. / No Seminario 3, Lacan remete-se a Dora para situar a questio da histeria: “que diz Dora através de sua neurose? Que diza histérica-mulher? ‘ FREUD, Sign und. oe . cit XD . ‘ ‘A crpmizagdo genital infantil (1923). In: Obras completas, » 105 Sua questio é a seguinte: O que é ser uma mutheyrs 4, Lacan afirma que a questdo “(...)assume, na histeri, 0 Sey ait ‘0 as: o que é ter 0 sexo que eu tenho? 8S 9 form: q q O que quer ds en " sexo? O que quer dizer que eu possa, mesmo, me oy orm questéo? Com efeito, devido a introdugao da dimensig 5 Ulay ei homem nao é simplesmente um macho e uma féme Mi necessario situar-se com referéncia a algo de simbolizaay § &he que macho e fémea.”** O enigma que a histérica se coloca amy impossibilidade de simbolizagao do sexo da mulher como tal cep dy x we ne Uy que o imaginario fornece apenas auséncia. meer A questio da neurose obsessiva é apresentada 01 POF Lacan to a, ela ge relaciona com isso de maneira ainda mais dramatica na Neurose ob. Sessiva, Seminario 4: “Se a neurose se relaciona com 0 nivel da existén Ci na qual esta em jogo nao apenas a relagdo do sujeito com o sey SeXo, mas sua relago com o proprio fato de existir. E assim que 5 obsessivas as questées: O que é existir? Como sou om von = Nia dquele que sou sem o ser, jd que posso, de alguma maneira, dispenséclo, distanciar-me dele o bastante para concebé-lo como morto?” ‘ E nesse mesmo sentido que Porge afirma que, segundo Lacan “o mito retirado de Sofocles se situa na vertente da histeria enquanto que aquele do Totem e tabu na vertente da neurose obsessiva.”* a.2. Fobia A fobia merece aqui um destaque especial. Em primeiro lugar, porque 0 objeto de nosso trabalho é a clinica com criangas, e a fobia consiste n° *SLACAN, Jacques. Seminario 3, op. cit., p. 200. 6 Idem, Seminario 4, op. cit., p. 403. 27Idem, ibidem. % PORGE, Erik. Os nomes do pai em Jacques Lacan. Rio de Janeito: Com de Freud, 1998. 106 1 ypantia tologias da infancia. Em segundo lugar, porque embora io estrutura clinica comumente relacionada a neurose — a histeria e a neurose obsessiva — 0 proprio Lacan a ngrio 16 (1968-1969)”, como uma “placa giratéria” entre e, 0 sv ea histeria, 0 que parece indicar a necessidade de diferenciado, mesmo entre as neuroses. p ia Sei , tamente CO J efi ce obses a lugar gar-lhe ‘ ade Freud, 0 tema da fobia aparece com destaque no texto Na ob 5, Em “Inibigao, sintoma e angustia” (1926), Freud o caso Han: . «, sobre do a fobia como um sintoma. Segundo ele, “se Hans, retoma-O» definin do apaixonat . . “ algum de dizer que ele tinha uma neurose ou fobia. Sua reacao diretto do pela mae, mostrara medo do pai, nao devemos ter cional teria sido inteiramente compreensivel. O que a transformou ee neurose foi apenas uma coisa: a substituigao 7 Pai por um cavalo. E esse deslocamento, portanto, que tem o direito de ser denominado de sintoma (...).”3! E 0 que leva a esse deslocamento, que faz surgir 0 sintoma fobico? No Seminario 4, Lacan refere-se ao aparecimento da fobia como uma necessidade do sujeito. “A partir de que momento a fobia se torna necessaria? A partir do momento em que a mie falta o falo.”>? Para Lacan, diante da falta do falo materno, a fobia impde-se como uma necessidade do sujeito. Vimos, anteriormente, que a auséncia do falo materno remete ao segundo tempo do Edipo. Segundo Lacan, essa auséncia adquire, para acrianga, o valor de privaciio, a falta real — a mae nao tem o falo — de um objeto simbélico — a crianga nessa posi¢4o de falo materno. ‘te eases, » LACAN, Jacques. Semindrio 16: de um Outro ao outro (1968-1969), Seminario inédito, nfio publicado oficialmente. » ‘ | FREUD, Sigmund. Andlise de uma fobia em um menino de cinco anos (1909). i; Obras completas, op. cit., v. X. * an In: Obras completas, op. cit., v. XX, p. 125. ‘AN, Jacques. Seminario 4, op. cit., p. 74. 107 No Seminario 4, Lacan antecipa a Telagao entre a 8 ele chamara, no ano seguinte, o segundo tempo do E ipo, Bey Me “Existe inicialmente uma dupla decepciio ima, initia _ be pela crianga do falo que lhe falta, depois, num segundo tempo, ~ zag, de que 4 mae, a esta mie que estd no limite do Simbélicg edore, eps, lo feito pela cri al, fata também 0 falo. Segue-se 0 apelo feito pela Crianga g um , , he 0 | Sustente esta relagao insustentavel. E entio 4 eclostio da fobia Que ant ae 4 CO) surgimento desse ser fantasistico C..), que aqui intervé; ™ ™ como, fala quele que Monde nto da Situagag g propriamente, o responsavel por toda a Situagio, a aquele que castra, aquele gragas ao qual o conju pensavel, vivencidvel simbolicamente, 40 menos po; um term © que a crianca parece insustentavel, apelo aquele que 7 UM Petiogy 10 que Sustente Entao se toma, provis6rio.” A fobia toma lugar como apelo a como afirma Lacan, responsavel por toda a Situagio. “OQ que esti em uma fobia, que Se daquilo que, Por um viés qualquer, vem se Tevelar 8 crianga como a Privagdo fundamental com que é marcada a imagem da mae. Essa Privacdo é intoleravel, ja que, afinal de contas, ¢ dela que depende 0 fato de a crianca aparecer, ela mesma, ameagada jogo a cada vez que lidamos com 0 aparecimento de € aqui manifesto, trata- da privagio Suprema, isto é, de nao poder de jeito nenhum satisfazera le RA — . ‘ea mae. Eéa essa Privagao que o pai deve trazer alguma coisa. E exatamente com esse quadro que, no Semindrio 5, Lacan caracteriza 0 segundo tempo do Edipo, no qual a entrada do pal Corresponde a uma necessidade imposta pela privagio materna. 0 pth embora esteja Presente desde 0 inicio no discurso matemo, s6 om lugar a partir dessa necessidade da crianga, a de dar uma sige ouum significado, & falta do falo na mie. B porque o pai fica invest Idem, ibidem, p, 81, “Idem, ibidem, p. 399, 40 segundo tempo, dessa significacao, que ele adquire a caracteristi geum pai imaginério, privador e onipotente, sca O que Lacan afirma no Semindrio 4 6 que, No caso da fobia, nao pa elemento que sustente um lugar terceiro de intermediagio nessa relagio de duas faltas. Para Lacan, 0 objeto fobico aparece para suprir a caréncia desse elemento barca, situando-se no lugar onde falta o pai. Uma vez que 0 sujeito fobico se depara com a falta, ele apela a fobia como organizador dessa falta para a qual nao ha outra forma de organizagao possivel (devido a caréncia do pai). Devemos notar, entretanto, que se relacionarmos a descrigao da fobia do Seminario 4 4 do segundo tempo do Edipo, toma-se evidente que tanto 0 pai privador do segundo tempo, quanto o objeto fobico, constituem uma necessidade da crianca, necessidade que se impée diante da percepcao de que a mie falta o falo. Segundo Lacan, “por ocasiao de um momento particularmente critico, quando nenhuma via de outra natureza esta aberta para a solugfio do problema, a fobia constitui um apelo por socorro, o apelo a um elemento simbélico singular.”*’ A privacdo materna pode tanto levar a um apelo ao pai como, na falta do pai, a0 objeto fobico. Mas ento é a presenga ou caréncia do pai que leva a uma ou outra forma de apelo? Para Lacan, como para Freud, sim, é a necessidade de colocar um substituto simbélico onde falta o pai, que leva a fobia. O objeto fobico é um substituto simbélico do pai, quando este se encontra ausente. Mas se hd caréncia do pai, se ele nado operou, como entender a necessidade da crianga de apelo a esse terceiro? Oubem considera-se que a crianga apela 4 fobia por julgar insuportavel asituagao de assujeitamento ao Outro materno no primeiro tempo (0 que daa esse apelo um carter auténomo em relacao aos elementos estruturais a "Idem, ibidem, p. 57. 109 js adiante), OU entio é necessérig se : “apelo”, &s54 specessidade” de um elemento terceiro & ¢, Edi a cia privagao materna n0 segundo tempo do Edipo, diante a the fbico consistinia uma das formas possiveis de apelo ag — obj : ¢ atribui essa Prv aque Si . : re . roprio objeto fébico seria a marca da reseng da falta do pai — pois 0 P patema — mas do fato de que esse pai tenha, para a crianga, um care, imaginirio e, portanto, aterro esse aspecto imaginario que caracteriza 0 pal privador do segundo temp, o que faz pensar que ha uma equivaléncia, nao entre 0 objeto fobico ¢ inoperancia do pai, mas entre 0 objeto fobico eo apelo ao pai privador do segundo tempo. Dessa forma, a fobia no corresponderia a auséncia da fungo paterna, mas 4 uma ocorréncia relativa 4 passagem do estatuto imaginario ao estatuto simbdlico do pai, uma passag\ por Lacan no semindrio do ano seguinte. Esomente a Squeé possivel que falta 0 pai como elemento simbolico (esse que encontramos na saida do terceiro tempo do Edipo), mas nao o pai enquanto elemento imaginario, esse que Lacan descreve no segundo tempo do Edip fobico é a versio mais evidente. No segundo tempo do Edipo, o pai é um elemento terceiro, um elemento que se cristal sendo a fungao do pai castrador transferi agaio. Nesse sentido, a fobia nao seria decor te rizante. Ora, COMO Vimos anteriormente,¢ ye em que s6 € desenvolvida partir do Seminario afirmar, em rela¢ao 4 fobia, 0 como privador e onipotente, do qual o objeto mas iza e se personifica em um objeto, ida para esse objeto. Nesse sentido, @ fobia nao seria uma caréncia do pai, mas a caréncia do pai na passagem ao lugar simbélico do terceiro tempo. Na fobia, o que parece estar em do tempo, um elemento jogo, é a versio imaginaria do pai do segun m de se haver com a imaginério ao qual a crianca recorre quando te! privagdo materna. Lembremos que ha certas fases na infancia em que sio comuns os medos, os temores passageiros, que parecem estar, de alguma forma, 110 relacionados 4 exigéncia de encontrar no mundo um agente que dé conta do temor relativo a privagao Matera, que caracteion, um: determinada etapa do desenvolvimento da ctianga. E nesse senti i, quea fobia pode ser considerada 0 paradigma das neuroses infantis Também nesse sentido parece ser Possivel situar a fobia como uma neurose “em suspensao” e, portanto, como uma “placa giratéria” entre a histeria e a neurose obsessiva. Na fobia ha Castragao, ha pai operante, mas a castragdo nao encontra seu enderecgamento tranquilizador na figura do pai simbélico do terceiro tempo. Pela falta desse enderegamento ao pai, a crianga articula a privacao matema a um elemento imaginario, 0 objeto fobico. FE isso que possibilita um contraponto importante entre a fobia e a Perversao, constantemente evocado por Lacan no Semindrio 4, como veremos a seguir. b. Perversao A perversdo € um tema recorrente em Lacan, e aparece varias vezes nos seminarios 4 ¢ 5, articulado ao complexo de Edipo. No Seminario 4, Lacan afirma que “(...) nenhuma estruturagao perversa, por mais primitiva que a supusermos (...) € articulavel sendo como meio, cavilha, elemento de alguma coisa que, afinal de contas, nao se concebe, nao se compreende, nao se articula senao no, pelo ¢ para o proceso, a organizacao, a articulagdo do complexo de Edipo.” Lacan se opde, assim, as concepcdes de que a perversio “(...) atravessaria, de certo modo, intacta, toda a dialética que tende a se estabelecer no Edipo.”3” Segundo ele, essa seria uma ma interpretacdo da afirmacao freudiana de que a perversio ¢ 0 negativo da neurose,** pois a perversao “Idem, ibidem, p. 122. Idem, ibidem, p. 114. * Essa afirmaciio estA presente em diferentes pontos ao longo da obra de Freud, por exemplo, nos “Trés ensaios sobre a sexualidade”(1905), p. 168. 111 tem, como a neurose, intima ligagdo com 0 Edipo ¢ g com, " le castragao. ®X0 de O fetichismo é 0 paradigma das formas de Perversag e pay . fobi sentido de que ambas se caracterizam por uma captura itginae no aia da frequentemente no Seminario 4 como um Contraponto da crianga em posigao de falo materno. Mas 0 que diferencia a fobia da perversio? Uma leitura CUidag do Seminario 4 permite notar que, para Lacan, trata-se de duas stag distintas de identificagao com o falo no complexo de Edipo, ss A identificagao ao falo 6, como vimos, a posic&o da Crianga no primeiro tempo e, como tal, é considerada por Lacan Como uma via normal. Por isso, Lacan refere-se, no Semindrio 5, Posicio da criangg no primeiro tempo como uma “perversao priméria no plano imaginario.”»° Essa perversao que Lacan denomina priméria, ligada 4 identificagao imaginaria da crianga ao falo materno é, como Jahaviamos observado, uma etapa estruturante da qual depende até mesmo a conquista do corpo proprio como uma unidade pela crianga. Trata-se, entretanto, de uma etapa que deve ser superada, 0 que, como vimos anteriormente, s6 pode ocorrer 4 medida que a crianga percebe 0 desejo da mae como estando articulado a algo para além dela mesma, ou seja, a medida que a propria crianga tem de lidar com a constatagiio denio ser 0 objeto tnico do desejo materno. E dessa forma que a crianga é introduzida, no segundo tempo do Edipo, no universo da castragio. Esse é 0 dado que, como afirma Lacan, a crianga “(...) aceita ou nao aceita, e, na medida em que nao aceita isso o leva, homem ou mulher, a ser o fal.” E nessa posi¢ao falica, definida pela recusa de x . ne . ‘ 0 nao ser 0 objeto tinico do desejo materno, que Lacan situa a pervers# * LACAN, Jacques. Seminario 5, op. cit., p. 205. 4 Tdem, ibidem, p. 193. 112 como strutura clinica, aquela “que est intima, lente ji omplexo de Edipo.”! Bada a Conch Para Lacan, portanto, “todo 9 Problema m conceber como a crianca, em sua rel doc ‘si das Perversieg consiste a¢a0 com a Mie, (..) -gentifica-se com 0 objeto imaginario q . identifica esse desejo, na medi edida em que apr pria mae o simboliza no falo,»2 Assim, Lacan propée pensar essa identifi relagdo a posigao falica do primeiro tempo, mas go terceiro tempo do Edipo, ©a¢a0 perversa nao em ‘passagem do Segundo Como vimos, éna passagem do Segundo ao terceirg tempo que ; . . Ocorre aentrada efetiva do pai no complexo de Edipo. O pai entra ditando a lei a * : ~ a mie, uma lei que se impde como uma “mensagem sobre uma mensagem,™3 Essa mensagem do pai sobre a mensagem da mae é 0 que Tevela 4 crianga que a mae est4 submetida a uma lei que nao é.a dela. No caso da perversao, entretanto, ocorre uma inversao pela qual amée é quem dita a lei ao pai. Segundo Lacan, “é a mie que mostra ter sido a lei para o pai num momento decisivo,™# Se, no segundo tempo, 0 que é esperado € a entrada do pai como aquele a quem a crianga faz a atribuic&o da privagio materna, no caso da perversio isso nao ocorre. Nao € o pai, mas a propria mae, que aparece como a detentora da lei a partir da privagdo materna. Para Lacan, “(...) no momento em que a intervengdo proibidora do pai deveria ter introduzido o sujeito na fase de dissolugio de sua telagao com 0 objeto de desejo da mie, e cortado pela raiz qualquer possibilidade de ele se identificar com o falo, o sujeito encontra na estrutura da mie, a “Idem, ibidem, p. 205. / * Idem, De uma questo preliminar a todo tratamento possivel da psicose (1958). In: Escritos, op. cit., p. 561. “Idem, Seminario 5, op. cit., p. 209. “Idem, ibidem, p. 215. 113 ao contrario, o suporte, o reforgo que faz com que essa crise nig No momento ideal, no tempo dialético em que a mie deveri apreendida como privada do adjeto, de tal modo que o sujeito ji ° nao soubesse mais para que santo apelar a esse respeito, ele depar, te contrario, com a seguranga dela.”*° Ou seja, a crianca se mantém % sua posigaio de identificagao falica, e isso na medida em que ela ereonty na propria mae, o suporte que faz com que essa crise nao ocorta, No caso da perversao, a privacao materna nao leva, como se Poderig esperar, a um apelo ao pai. Nao ocorre, como na neurose, 0 envio dessa questo a um terceiro. Disso resulta que 0 sujeito perverso Tetomna ao que Lacan chama a seguranga materna. “Isso permite aguentar o traneo perfeitamente, por ele ter experimentado que é a mae que é a chave da situagdo, e que ela nao se deixa privar nem despojar.”° Entretanto, — ¢ isso nos parece fundamental para compreender a perversio — g Mie nao se deixa privar em um contexto em que ela ja foi percebida como faltante. Isso implica, portanto, a negacao da privacao percebida, uma negacio que é caracteristica da posi¢do perversa. No texto “Fetichismo” (1927), Freud descreve de maneira bastante clara essa negacdo que caracteriza a perversdo. Segundo ele, a denegagio (Verleugnung) da castracao pelo fetichista néo é uma simples falsa-crenga na presenga do falo na mulher, tal como 0 que ocorre durante a fase da premissa falica. Para Freud, ha uma crenga inicial na presenga do falo na mulher, mas essa crenga é confrontada com a percepgao de que a mulher nao tem o falo. E sobre essa percepgao que incide a negagao perversa. “Nao é verdade que, depois que a crianga fez sua observacao da mulher, tenha conservado inalterada sua crenga de que as mulheres possuem um falo. Reteve essa crenga, 45 Idem, ibidem, p. 215-216. 45 Idem, ibidem, p. 216. 114 st amber a abandonou. No conflito entre © peso cagradavel e a forga de seu contrades da le: ej va ° chegoy npromiss0, tal como S6 € possivel sob 9 domini co! . © das leis in — 0S processos rios. Sj 7 pensamento Pp primarios, Sim, em sua me, “Se a um Conscientes eve vm pénis, a deepal de tudo, mas esse Pénis nao ¢ a Mulher geantes. Outra coisa tomou seu lugar, foi indicada como son ean por assim dizer, e herda agora o interesse anteriormente agian tuto, ees sor.”*” O fetiche é esse substituto, é 9 objeto que toma ; . seu ja suposi¢ao da presenga do pénis na mulher. veer d E nese beat que Hue afirma que a Ver leugnung, que incide sobre a percepcao da castraco materna, nao Pode ser considerada uma simples negacao, tal como o que ocorre na €scotomizacio, «Bscotomizagao” Parece-me {uma palavra] Particularmente inapropriada, por sugerir que a percepgao & inteiramente apagada, de maneira que 0 resultado € 0 mesmo que sucede quando uma impressio visual incide sobre 0 ponto cego da retina.’ Na Verleugnung, 0 que ocorre ¢ a nega¢ao de uma percepgo que houve, e que é, em seguida, negada. Ha a constatagao da falta do pénis na mulher e, em seguida, hdanegag’o disso que foi constatado. E nisso que o fetiche “permanece um indicio do triunfo sobre a ameaga de castragao e uma protecdo contra ela.” Ao mesmo tempo em que nega a castragiio, é o que mostra que ela teria operado e que, por isso, é preciso negé-la. Nos termos em que Lacan descreve a privacdo materna, nao se trata, portanto, da nao constatacao dessa privacdo. Trata-se de uma Verleugnung dessa constatagio. No caso da perversio, o que esté em jogo nao é a percepcao ou nao da privagaio materna, mas o mecanismo do qual o sujeito perverso me Sigmund. In: Obras completas, op. cit., v. XXI, p. 181. cone 115 Sa se utiliza para lidar com essa percepea0. Nao ha envio ag pai 7 elemento terceiro, mas um retorno para a propria mae. Um ttn, que s6 é concebivel apartir da ideia de negagao, porque s6 pela teens, € possivel buscar, justamente naquele a quem falta, um elemento um garantia, da inexisténcia dessa mesma falta. om Ao supor na mae um porto seguro que lhe permita evitar Aconstatacs, de uma falta na propria mae, a crianca faz, de sua elei¢ao do porto se to, apropria negacaio daquilo de que ela tem que se proteger. Como Supor que amie possa ser referéncia para negar uma falta que, afinal, foi Constatada nela? Trata-se de um paradoxo que s6 a posi¢do perversa pode Sustentar, A mie, que nao tem 0 falo, dita a lei como quem 0 tem. E essa g denegagao perversa, que nao situa a mae nem como aquela que nig temo falo, que é castrada, nem como aquela que 0 tem, que é filica, A mie é aquela que nao tem mas... dita a lei como se 0 tivesse. E por isso que Lacan afirma, retomando 0 texto freudiano, que “o pénis de que se trata nao é o pénis real, é o pénis na medida em que a mulher o tem - isto é, na medida em que ela nao o tem.” Assim, no caso da perversdo, a negacao e a afirmagao da falta recobrem o mesmo ponto. E um curto-circuito que reenvia a crianga 4 mae, no momento em que ela deveria fazer um apelo ao pai. Esse é um dos pontos que marca a diferenga entre as posigdes fobica e perversa. Enquanto na fobia 0 sujeito encontra seguranga localizando em um elemento terceiro — 0 objeto fobico — aquilo que 6 temido, na perversdo a seguranga é encontrada no retorno a0 curto-circuito falico da relagao com a mae. Por causa desse retorno, o pai perde sua fungao de enderecamento da atribuigao da privagao materna. “Em outras palavras, o pai pode continuar a dizer 0 que quiser, que isso para eles LACAN, Jacques. Seminario 4, op. cit., p. 154. 116 nem cheira.”*' Para Lacan, eM elaNID, “isso ng GUer dizer 80 fede nao tenha entrado em jogo, ai | que sez do Lacan, esse retorno ap circu; tO falicg da x de aparecer de varias Maneiras: no pode fetichismo, n ae ismo, « mat alguns casos, no homossexualismo em @, ica, ou que 0 falo seja Colocado no ‘, falica, : seja fal 0. Sendo preciso que ela realize em ichismo. fetich do falo com a mie, sem a gual nada 40 jung lagi com a © tavestismo Sendo Preciso que a mae lugar da Mae, teremos 9 si Mesma, intimamente, a nela poderg Satisfazer-se, Sujeito Pde em Causa Ma mulher, ™as com uma 0 travestismo,.”3 “No travestismo, 10S terem' lo. (...) O sujeito se identifica com u seu falo. (. tem um falo, apenas ela tem um, na Medida que Cculto, e A mulher qu aliza 0 objeto.»ss (...) E pela existéncia das roupas que se materi, Epela Nota-se, portanto lece, entretanto, uma questo em Telacdo 4 Perversio no Permanece, an indri fala da Mexisténcia do ini Seminario 4, Lacan f; jeito feminino. No sujeito Afinal, uma das trég Saidas or Freud & como vimos, a Ao disso? fetichismo na mulher.’ Qual a Tazo disso? fet ‘ "Idem, Seminario 5, op. cit., p. 216, "Idem, ibidem, p. 216, “Idem, ibidem, p. 298, : lem, emindrio 4 0p. cit, p. 197-198, "dem, ibidem,p. 156-157 117 e fosse um homem.”** A homossexuali ‘ aria assim ligada 4 jdentificagao masculina na ilher assagert pelo pai. Em ve2 de configurar-se um tec dentificagao que implica, necessariamen, , arece € uma i a falta, uma vez que ¢ uma identificagao com ond al comportar-s como 8 feminina ¢ momento de p' pelo pai, que ap: anegacao da propti m 0 falo. enquanto aquele que te tores nos levam rntretanto, alguns fa ta daquela que descrevemos como a saida perversa, Em se ha uma identifi a considerar essa posicg 0 como distin' cago com 0 pal, é porque ele est primeiro lugar, um terceiro, 0 que implica a saida do curto-circuito colocado ai como que mostramos est: falico com @ mae, Jo, no caso de homossexualidade feminina assim descrita, nio saida ar ausente na perversio, A nega¢: incide s sobre o prorio sujeito, um retorno caracteristico da passagem. Dessa forma, essa posigao seria um correspo! mas da saida homossexual do homem (no sentido de da privagdo materna nfo énegada), aquela que Freud e L 0, Para Freud, essa inversao menino com a figura mat ou mesmo sobre a privacao materna, mas sobre o retorno da questio falica que discutimos no capitulo das neuroses como do segundo ao terceiro tempo. ndente, nao do fetichismo, quea constatagao acan atribuem a.uma inversio ao final do Edip poderia ligada tanto a identificagao do emma, 1m excessivo interesse narcisico pelo p estar roprio pénis, mpreensao de que a Seminario como aul ao sexo feminino, decorrente da co! 57 Lacan, no auma aversao feminilidade seria 0 equivalente da castragao. 5, também fala da possibilidade de produzir-se uma inversao, menino buscaria fazer-se amar por esse que tem O falo, determinand? e seria um indicio & na qual 0 assim a posicao homossexual. Para Lacan, ess' “FREUD, Si a UD, Sigmund. Algumas consequéncias psiquicas da distinga0 anat6mi otha es (1925). In: Obras completas, op. cit., V- XIX, p- 314-315. , Sexualidade feminina (1931). In: Obras completas, P- cit. V- xXxIP- 263-264. us Mm a identificagao do menino com 9 Pai no terea: como sé send os jmples, nao sendo essa a tinica forma Possive] gio e simples, de p; eM ao ; Mas se estamos considerando que o fendmeno homossexual ~ que Pode ser €ncon 0 ersdes COMO Nas neuroses e Psicoses — ¢ Si rv pe 'M a p giante da castragao, entao a homossexualidad, OSigzo do Sujeito ja ela femining ou medida em que ha, e, sej asculina, $6 pode ser considerada Perversa na mi mad identificaco com o portador do falo ~ Sej enquanto objeto imaginario através do qual a Cas negada a0 mesmo tempo. 0 pai ou a mae — stragao & afirmada e c. Psicose O caso Schreber, publicado Por Freud e ™ 1911 como as “N psicanaliticas sobre um relato autobiografi Otas ico deum Caso de Paranoia,”5® e baseado no estudo do texto Memérias de um doente de nervos (1903), de Daniel Paul Shreber, nos ofer €ce uma ampla visio da teoria freudiana sobre as psicoses, Freud oc ‘upa-se do delirio Psicdtico da mesma forma que do sintoma neurdtico: ao invé manifestacao patologica a ser eliminada, sentido. Dedica-se, Portanto, a uma andlise delirio de Schreber — Confiado a missaio salvi Nova ra¢a~o que lhe p uma defesa contra ah Cuidadosa do conteiido do que se cré perseguido por Deus, que lhe teria adora de se transformar em mulher € gerar uma ermite formular a hipotese de que o delirio seria omossexualidade,® : Idem, In: Obras completas, op. cit., v. XII. sera retomada por Lacan, que ira mostrar que os conteiidos Ss tém, na Tealidade, telacdo com a dificuldade de inscrigao do sujeito Sse campo essencialmente simbélico que é 0 da sexualidade humana. 119 88a tese MOssexuai: Psicéticg ne irio de Schreber nao deve Ser ¢ ‘ : Ong; teuma manifestacéo patolégica, mas uma tetatiy ity . ad : mos ser le delirante, que presum! he Oproduto Patoogigs i tabelecim realidade, uma tentativa de res . ento, um Proce, n astrugd0 160 Q delirio € concebido como uma tage 0 reco! " . . ates caracteristica do mecanismo da Verwerfung, proprio da PScig, i i 0s “(..) 0.que foi abolido no interior, volta do exterior »1 8 ty a o caso Schreber nos anos 1955-1956, 20 sen icoses.” O texto “De uma s : psico: questa Prelim “a formagao qual Lacan retom: dedicado ao tema das i i ” (1958 i a todo tratamento possivel das psicoses” ( ), escrito entre ating asegunda parte do Seminario 5, étambém dedicado a estrutura Dig £m ambos 0s textos, Lacan retoma a concep¢ao freudiana das Psion a partir do mecanismo da Verwerfung freudiana, denominania, forclusion. O termo, de origem juridica, indica 0 uso de um ditt tis exercido no momento oportuno® e € utilizado por Lacan para descreyer aquilo que falta ao sujeito psicotico: a castragao enquanto ordenadora gy campo simbélico e, consequentemente, de suas relagdes coma Tealidade, Enquanto na neurose, a castracao sofre recalcamento e na perversio, ela é denegada, na psicose, ela permanece forcluida para 0 sujeito, Segundo Lacan, isso ocorre porque fracassa a operagao metaférica que introduz 0 sujeito no campo simbélico, a operagao por meio da FREUD, Sigmund. In: Obras completas, op. cit., v. XII, p. 94-95. Tdem, ibidem, v. XII. Vale ressaltar que 0 termo Verwerfung € utilizado pot Freud em acepgées bastante variadas ao longo de sua obra. A utilizagio do termo Verwerfung para definir um mecanismo proprio da psicose deve-st, portanto, a Lacan. “LACAN, Jacques. Seminario 3, op. cit. ® Deacordo com Elisabeth Roudinesco, no Diciondrio de psicandl Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. p. 245. Os termos foraclusdo 0. utilizados em nossa lingua, constituem, na realidade, neologis™ correspondente do termo em nossa lingua seria 0 que encontral Vocabulario juridico como preclusdo. | 120 ) lise, Riod? forclusi, 10s. Um mos 1° yal, como vimos anteriormente, 0 Nome-do-paj Vem substituir. Se al , “op x “SE ao gesejo mateno. “E (...) na foraclusao do Nome-do-pai no lugar 4 lo © apontamos a falha que M a estrutura quea separa outro, € 0 fracasso da metafora Paterna, qui , onfere & psicose sua condigao €ssencial, co c 9964 da neurose. 0 havendo metéfora paterna, 0 pai nao ; P . Nao ha Pp > © pal nao intervém Como lei: “pa mbélica (.) 6 precisamente, verworfen. Por causa disso, nao exi mediante o qual o pai intervém como lei.” psicose, 0 Nome-do-Pai, 0 pai Como fungao gi Ste'(...) aquilo E por isso que, para Lacan, a Psicose decorre fundamentalmente da caréncia do pai. Entretanto, como ele explica no Seminario J, essa caréncia nao deve ser entendida como a caréncia do pai na familia, e sim como a caréncia de uma fungao,® Para Lacan, “é perfeitamente possivel, concebivel, exequivel, palpavel Pela experiéncia, que 0 pai esteja presente mesmo quando nio esta, o que ja deveria nos incitar a uma certa prudéncia no manejo do Ponto de vista ambientalista no que concerne a fungdo do pai. Mesmo NOS casos em que o Pai nao esta presente, em que a crianga é deixada sozinha com a mae, complexos de Edipo inteiramente normais — normais nos dois sentidos: notmais como normalizadores, por um lado, e também normais no que se desnormalizam, isto é, Por seu efeito neurotizante, por exemplo — se estabelecem de maneira exatamente homéloga a dos outros casos,”®” Enesse sentido que a presen¢a ou auséncia concreta do pai na familia nao é suficiente para definir a caréncia de sua fungao. O pai de Schreber, Por exemplo, longe de ter sido um pai ausente, ficou conhecido pelo “LACAN, J ‘acques. De uma questo preliminar a todo tratamento possivel da Pricose (1955-1956). In: Escritos, op. cit., p. 582. diem, Seminario 5, op. cit. p. 211. 5 Idem, ibidem, p.173, Idem, ibidem, 121 ee carater tiranico e extrema rigidez pedagdgica, tendo sido . ~ . aut tratado que visava a educagdo infantil por mej 0 da « de terapéutica”. Para Lacan, portanto, “nunca se sabe em gy Nastigg ‘Or e ji carente,”* © Daj é Assim, 0 que esté em jogo na psicose nao éa Presen, $8 OU auss do pai na familia, mas uma “(...) posi¢éo subjetiva em que ay Tig Delo 4 0 Pois ssa Bificante Nome-do-Pai corresponda, nao a auséncia do paj real auséncia é mais do que compativel com a presenca do si mas a caréncia do proprio significante.”® “A. Verwerfung sexs ‘ 4 co. Ta ti por nés, portanto, como foraclusdo do significante. No Ponto em ida que, . Pai, Pode, pois responder no Outro um puro e simples furo, 0 qual, pela carci a 10 veremos de que maneira, é chamado 0 Nome-do- efeito metaforico, provocaré um furo correspondente no lugar da significagao falica.”” A consequéncia dessa Verwerfung da fangs 0 paterna é 0 retomo, no real, do que ficou forcluido, cuja manifestacig clara é a alucinacao. Para Lacan, “tudo o que é recusado na ordem simbolica, no sentido da Verwerfung, reaparece no real.””! Uma outra evidéncia clinica bastante comum da forclusao sao os distirbios graves de linguagem presentes —principalmente em criangas? — que, muitas vezes, revelam a dificuldade de mobilidade no interior da ordem simbélica, com a qual o sujeito pscicdtico parece ter dificuldade de operar (como consequéncia da auséncia da significagao falica, produto da metdfora paterna). Assim, observa-se, frequentemente, nos casos de psicose infantil, demoras na aquisi¢ao da fala, e mesmo usos bastante 6 Tdem, ibidem. © Idem, Escritos, op. cit., p. 563. Idem, ibidem, p. 564. 1 Idem, Seminario 3, op. cit., p. 21. P. P. : Sothhedes : evelam uma ” Obviamente, nem todos os distirbios de linguagem ™ sents en mateiil orer ‘ i estruturago psicotica, os distirbios de linguagem podem estar PI igualmente na neurose e na perversdo. 122 omuns da linguagem, como os Me encontramos nas criangas ine 3 gutistas.” ; Se, por um lado, tais conceprdes acerca da , Psicose Permitiram Jimitar mais precisamente a €specificidade de deli ua Clinica, por outro mpreensiio da Psicose quanto uma neurose “malsucedida” — no Sentido de que a Psicose en ja uma estrutura clinica na qual faltaria o que na neurose est4 sera mplexo de Edipo em pode prestar-se a tal compreensiio — Pois sendo o primeiro tempo Lacan Edipo aquele no qual a logica necessaria 4 articulacdo da metafora do a ndo esta colocada para o sujeito, entao a analogia entre esse patern: sente. A propria teoria dos trés tempos do co: presente. rimeiro tempo € a estruturagao psicdtica pode levar asituar a ii wna uma “etapa anterior” a toda neurose, bem como a compreensio is psicose como uma estrutura clinica “menos evoluida” quea elo, As consequéncias clinicas de tal compreensio serao discutidas mais adiante, assim como o tema da psicose na crianga, i ideram que o autismo ” Ha psicanalistas, como Alfredo Jeruzalinsky, que considera , - asm . ‘ tre as psicoses, mi : > (1996) EI itui um quadro particular ent psicoses weoses”( oi iu Nak - “Para uma clinica psicanalitica das P re eat lewai ne if a: “(...) nfo se inclui dentro das icone outros que se afirma: “(... h r ni ea mais uma delas. Considero — junto on vi ita varedaile tt i Ou seja, 0 aut ma varieaad’ iqui eee iza¢ao psiquica. ituras psiquicas difer ; organizacio p 3 . vis os ms soe ie ae outros essa questo. ( Fal és ‘i ica, anon. 1 p.146). Mais adiante, dis Estilos da clinica, ni. 1, p. 123

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