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A MATRIZ AFRICANA NO MUNDO Coane) EM Dp & 8 DB Elisa Larkin Nascimento (org.) | pea Dados rtraconis de Catalogaio ma Publica (CIP) ‘ ‘Grote 3 SANKOFA | A mes aca 9 mando Elie akin Nascimento, (1) Matrizes Arcaras da Cultura Brasileira ‘io Pol: Slo Neg, 2008, (Sankt: atin sana én tis bras: 2) Bibvopaa , ISON 576-45-67478-324 1. ica Ciao 2 ice it 6a» BT Nsiera tha in ste A MATRIZ AFRICANA NO MUNDO onocese c00-303.482 a - ‘ Elisa Larkin Nascimento (org.) para catlog sistent 2. Cura arcane Inés ra mind: Soiagis 302.682 ampee em ugar oe otocapa. (da eal qe oct pou a fecompensa seus ates 1s coda 3 pod mal sabe otra Incentives etre encomend, wad epubtst ' : ‘tae abe sabe o sev ‘© paga aos livreiras por estocar e levar até voct livros EL patentee RO eal pl cpa indo =~ h sale 9 mata a produo Insecta de se pis 0 A MATRIZ AFRICANA NO MUNDO Copyright © 2008 by autores Direitos desta edigao reservados por Summus Editorial Editora executiva: Soraia Bini Cury Assistentes editoriais: Bibiana Leme e Martha Lopes Capa, projeto grafico e diagramacao: Gabrielly Silva I" reimpressio Selo Negro Edicdes Departamento editorial ua Tlapieua, 613 = 7= andar 0006-000 ~ So Palo - SP Fone: (11) 3872-3322 Fax: (11) 3872-7476 http://wenselonegro.com.br e-mail: selonegio@selonegro.com.br ‘endimento ao consumidor: ‘Summus Editorial Fone: (11) 3855-9890 : Vendas por atacado: Fone: (11) 3873-8638, Fax: (11) 3873-7085 e-mail: vendas@summus.com.br Impresso no Brasil Este volume, junto com os outros que compdem a colegio Sankofi, incorpora nossa homenagem 4 imortalidade de Zumbi dos Palmares, herbida nacao brasileira e dos povos de origem africana em todo 0 mundo. AxéZumbit tima, é l6gico concluir que o tinico obstaculo a aceitagao geral da tese da presenca afticana nas Américas antes de Colombo é mesmo 0 etno. centrismo europeu. Conctusio Alem de fascinante, 0 estudo das antigas civilizagoes afticanas é de pri- ‘meira importancia na recuperacao da auto-estima de um povo conside rado incapaz de contribuir as ciéncias exatas,& civilizagdo e & chamada cultura erudita. O registro das realizacées dos povos africanos precisa ser incorporado a literatura didatica, de maneira a incluir os africanos no cendrio da hist6ria humana como protagonistas de sua propria vida em liberdade e como construtores do progresso humano. Nas pelavras do senador Abdias Nascimento (1991a, p. 26) Para recuperar sua propria identidade e resgatar a divida que tem para com seus cidaddos de origem africana, urge a nagao brasileira ‘mergulhar nas dimensdes mais profundas desta heranga civilizat6ria africana, Essas verdades tém que ser ensinadas nas nossas escolas, para restituir a0 contingente majoritério da nossa gente 0 seu auto- respeito, a sua auto-estima e a sua dignidade, fontes do protago- nismo histérico e da realizagao humana, (© ganho nao seré apenas dos afrodescendentes, entretanto, pois essa heranga africana, bem como a dignidade e a identidade que ela repre- senta, pertence & nacio brasileira e a toda a sua populacao. NoTAS 1] Uma obra de rferéncla para o leitor que quiser aprofundar seu conhecimento so bre ence tema 60 liv de Catloe Moore, Racizmo #ociadade. discussio sobre a identidade racial dos mouros no primeira en 2| Confer tart saio deste wolume. 108 A AFRICA NA ORDEM MUNDIAL* Michael Hamenoo ESTE TEXTO apresenta um panorama histérico da insergao da Africa no contexto mundial, examinando diversos aspectos de seu relaciona- ‘mento com a Europa e com o chamado mundo desenvolvido. A AFRICA E A EUROPA NA ERA DAS “DESCOBERTAS” Antes do século XV, de acordo com 0 gedgrafo grego Ptolomeu, 0 ‘mundo consistia em Mediterraneo oriental, parte da Europa meridio- nal e segmentos do litoral da Africa do norte, ao sul do qual jazia um abismo sem fim, um inferno em que ninguém ousava penetrar. Esse limitado conceito descritivo do mundo e de seu inferno adjacente, semelhante aquele exposto na Biblia, via a se tornar a imagem con- vencional da Africa. Entretanto, seria impossivel negar que existiam civilizagbes - da asteca e da inca até a chinesa, os impérios africanos de Songai, Mali e Monomopata e as culturas budistas, hindu e zen "Texto preparado eapresestado em inglés no curso de exten: fem 1982, Traduaido pela professora Elsa Larkin Nascimento, suniverstira Sanka 109 = que o mundo pretensamente consciente, isto é, a Europa ocidental, ignorava absolutamente. No final do século XV, quando os aventureiros, piratas e bandidos de Portugal, da Espanha ¢ da Italia, armados com a bula papal e, em alguns casos, com o patrocinio de monarcas decadentes,ultrapassaram aqueles limites, taisatos foram batizados como viagens de “descoberta’ de terras e de povos que desconheciam, eles préprios, estarem sendo descobertos. ‘Com esse feito singular, a Europa intervelo na vida dos povos de além-mat, fetivamente aniquilou civilizagbes inteiras e emperrou o desenvolvimento social de muitas outras. Tudo isso em nome de uma auto-outorgada mis- ‘Go eivilizatéria, fantasia da qual muitos europeus ainda nao acordaram. A Africa ao norte do Saara ja recebera sua justa medida de turbu- léncia no contato com o mundo extemno. Desde os tempos mais remo- tos, em varias ocasiges, os berberes, egipcios e etfopes nativos tiveram de conceder relutantes boas-vindas aos romanos, turcos e arabes que ‘ransformavam seu terreno demogréfico em algo diferente. Isso nao significa que precisemos obliterar o pasado para nos con- ciliar com o presente, como tém feito muitos historiadotes europeus na tentativa sutil~ as vezes nao tao sutil - de justficar a si mesmos e a vio- Jenta cultura politica que os acompanha. Mesmo hoje ainda perdura a controvérsia a respeito de ter ou nao sido negra a antiga civilizacao egip- sia. A verdade teria de ficar obscurecida por uma simples razo: para a intelectualidade européia, aceitar a primelra proposicao, téo habilmente demonstrada por Cheikh Anta Diop e confirmada por Martin Bernal, | equivale a desmontar a raiz das construgdes ideolégicas que dio & predo- | mindncia cultural caucésica européide a primazia na histéria mundial. Impértos & ESTADOS AFRICANOS ‘Ao sul do Stara, e com extenséo territorial comparével ou maior que a. do império romano, os antigos impérios de Mali, Gana e Songai foram precursores dos mandé, dogon, mossi, hauca, kanem-bomno, tbo, oyo, fon, anyi/ewe, da confederacio akan ¢ outros. Todos esses Estados autOnomos atingiram altos niveis de organizacéo social e econémica, a0 FIGURA 4.1 [Alguns dos prineipals eos e poves da Aca eeidental (Desenho de Esa Larkin Nascimento.) que 05 sustentaram durante muitos séculos antes de os portugueses _pisarem no solo de Ceuta, em 1415, na regiao hoje conhecida como “Marrocos. Nao poderiamos negar a existéncia dos Estados politicos dos bamileke, mangbetu, zande e fang, da bacia do Congo, ou aqueles dos ‘grandes lagos, como os ganda, nyoro, kikuyu, quando temos em Zimba- bbue o testemunho de uma cidade-Estado completa, construida alguns: séculos antes da chegada dos europeus. mneato> poner MEE. oa ei SUIS A eneesenecosnetssnie co co se ‘Blgons dos prncioas pov ecdades da Aiea central e meridional (Deseno de Esa Lrkin ‘Nascimento,) | INSTITUIGOES POLITICAS E SOCIAIS AFRICANAS MT xas como 0 conselho dos ancidos. Muitos desses Estados desfrutaram de varios séculos de estabilidade, controlados por dinastias com cores aristocriticas e burocracias administrativas cue 0s tomavam compara: veis aos Estados em outras partes do mundo, como na Europa, na Asia ‘enas Américas, Havia, portanto, poucas licdes de governabilidade poll- tica que a Africa precisava aprender. ‘Antes do advento do islamismo e do cristianismo, 05 africanos pos- sufam uma idéia altamente sofisticada de um Deus maior, eriador, dis tante do homem, além de sua compreensao e controle = Olorum entre os foruba, Onyankopon entre os asante ou Mewu entre os ewe. Paraeles, Deus € dotado de alguns aspectos imanentese outros visiveis, manifes- tando sua onipoténcia e presenga mediante os objetos ou seres com os quais as pessoas tém contato didrio, como a terra, as florestas e 0s rios de onde colhem seu sustento. U homem vive, assum, em harmoniaicom anatureza: E curioso que hoje surjam novos sacerdotes, fora davAlrica, pregando ad nauseum anecessidade de preservar 8s florestas, 0s ti0s,08 animais silvestres, a terra e assim por diante, como se ontemoumesmo hoje descobrissem a existéncia dessas coisas Na tradigao religiosa afti- cana, ha também os ancestrais que atingiramr a divindade plenia ou par- cial, herdis miticos que conduziram seu povo na chegada a seus atuais territérios ou fundaram suas sociedades. Ao passar para o outro mundo, esses mortais assumem uma nova Identidade: ficam ligados ao Deus criadorna qualidade de divindades. Os sacerdotes e ancidos da linha- gem-ou do cla sao responsaveis pelo bem-estar dos membros de tum agrupamento social ‘Um elemento central da religiao africana nativa 6 sua cosmotogia, {que conta a origem das migracdes primordiais e explica os problemas ideol6gicos basicos de qualquer cultura, como a origem da morteyana- tureza da sociedade e das relagoes entre'o homem ea mulher; os vivos 108’ mortos. Os valores sociais se expressam na linguagem de mites, lendas, contos, enigmas e simbolos. Assim, entre os asante, 0s simbo- los adinkra estabelecem preceitos que orientam 0 comportamento das pessoas. Os contos populares, a poesia e a misica, por meio da expres: sio oral, dao énfase a essas injungdes morais. Até mesmo os tambores falantes so utilizados para recitar poesias ou transmitir mensagens por a4 enormes distancias. Freqiientemente, o significado aparente das afir- ificado sociol6gico e/ou hist6- ico, obscuro aos forasteiros, em particular aos europeus. As celebragées religiosas e rituais, como os festivais da colheita, si ‘nao apenas ocasides para festangas como também oportunidades de render agradecimentos coletivos 20 Deus criador e as divindades alia- das por seu papel central na doacao da vida. Na visio africanaya'terra evtodas as benesses nela contidas constituem um patsimonio coletivo, vel e inviolével: O:cidadao individual, dentro da sociedade, tem o:direito inerente a-um pedaco de terraem’ que possa trabalhar para o,sustento,de sua familia — enquanto ele e sua familia tiverem energia ata-esse trabalho. Apés esse periodo, a terra é revertidaa‘comunidade ¢ realocada: Mesmovemisociedades que, por feta’de uma palavra mais aadequaday chamamos ndmades, resumidas aos eriadores de gado que se deslocam deum lugar para o outro em busca de pastoem cada estas ‘edo, esse conceito comunitétio de posse da terra esté/altamiente desen- volvido, ASsifn se explica 0 aparente desrespeito as fronteiras colont ‘Bexatamente esse sistema comunitério que seria minado no periodo colonial, com aintrodugao dos sistemas europeus de propriedade indi- vidual de porgves de terra superiotes as ecessatias para 9 Sustento. Tal situagéo gerou conflitos entre, por exemplo, os povos nativos do Quénia a colonia européia: uma verdadeira guerra de libertacao que foi nomead, de forma depreciativa, como Guerra Mau-Mau. Para 0 afticano, 0 meio ambiente sempre foi sagrado. Assim, os novos altos sacerdotes da eco- ‘ogia, que de repente surgem nas sociedades predadoras, em uma ima- ‘gem bastante frejudicada quando pregam as virtudes da preservacdo dda terra, das flotestas, dos rios e da vida selvagem, como se tivessem acabado de desembarcar da Arca de Noé. ‘magoes orais disfarga seu verdadeiro AGRICULTURA E CIVILIZAGRO NA APRIGA SUBSAARIANA A agricultura constitufa a base das sociedades africanas, uma vez que elas eram auto-suficientes em cereais como o sorgo. Criavam gado, cabras, ovelhas, galinhas e outras aves para prover a necessidade de ns protefnas, e suplementavam essas fontes com a caga. Ha registros de exportagio de sal e noz-de-cola, que atravessavam 0 Sara em dire- cdo ao Oriente Médio e até mais longe. Artigos de couro, originérios das regides hoje conhecidas como Mali, Niger e Senegal, chegavam & Europa passando pela Espanha e tendo como intermediérios os co- merciantes marroquinos, cujo nome foi erroneamente emprestado @ esses produtos. ‘A medida que se intesificava procura dsses produtos, os nos aumentavam sua produtividade por meio da especializacao profis- sional. Por exemplo, os sindicatos organizados no setor téxtil em Tom- bbuctu, bem como na indistria de bronze em Benim, alcangaram alta produtividade. O fato de esses produtos serem comercializados em lo- cais bem distantes de sua origem sugere um intercdmbio interestadual ativo, Conforme se desenvolvia 0 comércio, a permuta cedeu & utiliza~ ‘0 do dinheiro, ou seja, metais raros e preciosos como 0 ouro ¢ 0 cobre passaram a ser usados como forma de cambio. como os bronzes de Benim ou as terracotas dos nok, expressam sua Ii- gagdo estreita com o meio ambiente ¢ o divino. Hoje podem ser visita das em museus europeus, destino final da rapinagem. {A Aftica tinha, em suma, instituigdes politicas bem desenvolvidas, valores religiosos e realizagoes intelectuais bem estabelecidos, produ- 16 ‘ao agricola e industrial e comércio comparéveis ao de outtas partes do mundo naquela época. Nao existe, portanto,razdo alguma para pensar que a Africa nao poderia atingir o mesmo progresso social e de desen- volvimento ostentado em outrasregides do mundo hoje. O tnico impe- dimento para que isso acontecesse foi, na verdade, a narureza destrativa ¢ ptedadora dos europeus, com quem o continente havia recentemente centrado em contato. INVASAO # DESPOVOAGAO DA APRIG a Europa a deparar,casualmente, com a Africa é em 1435, os portugue- ses estavam na regiao da Senegambia, comprando téxteis ¢ indigo; em 1470, compravam escravos para exportar as cortes européias. Em 1481, chegaram Gana atual e, mais tarde, a0 Congo. Diego de Azambuja, pioneiro da bandidagem que visia em seguida, construiu no litoral de ‘meu pafs, Gana, a fortaleza El Mina, um entreposto do aventuteirismo portugues ¢ europeu. Mais tarde, dinamarqueses, holandeses e ingleses também construitiam fortalezas na costa de Gana. Seu interesse prin- cipal era oUF, que conseguiam com fatura em oca de rum, gim A chegada dos europeus as Américas desencadeou um processo ‘em que os europeus dizimaram as populagoes indigenas amerindias, deflagrando campanhas de guerra e epidemias. Em seguida, os negros africanos foram transformados em instantaneos bens de capital para exportagio ao Novo Mundo, Cabe perguntar a esse respeito: 0 que ame- rindios e africanos teriam para celebrar em 1992, quinto centendrio de seu priieiro contac com os europeus? 7. ‘0s holandeses se juntaram aos portugueses em 1596, seguidos de perto pelos ingleses, em uma caga insaciavel ao ouro @ aos escravos, destinados a substituir os amerindios como méo-de-obra nas fazendas americanas. Os holandeses ainda surgiriam mais tarde como béeres sul-africanos. De inicio, interessavam-se mais pelo comércio da India oriental. Registraram somente uma parada no Cabo das Tormentas, para tomar agua fresca e se alimentar. Mais tarde, alegaram haver en- contrado uma terra nao habitada, a qual ocuparam. Nao se interessaram em mencionar de quem obtiveram os suprimentos para seguir viagem ‘apés 0 intervalo de descanso nessa terra supostamente nao habitada. A Espanha contratou, no ano de 1676, 0 fornecimento de dez mil wonela- das de escravos. Iniciou-se assim a doutrina do livre comércio, sobre 0 qual tanto ouviriamos falar mais tarde. Desacordo.com estimativas feitas pelos proprios europeus; 2 Europa tinha no ano de 1560 uma populagao d= 103 milhoes € a Africa, cem mi thoes =um justo:equilibrio. Em 1850, duzentos anos depois da alegada proibi¢ao pela Inglaterra do comércio escravista, a populacdo da Africa permanecia estagnada nos cen milhdes, enquanto a da Europa havia pulado para 423 milhoes, apesar da ernigracao massiva paraas Améri- casa Austrdlia @ a Nova Zelandia: Muitos desses emigrantes eram p sioneltos que terminavam de cumprirsuas sentengas no Novo Mundo. “Tratava:se do lixofluruante da populagdo européla: os fugitives das vio- lentas guerras da inquisi¢ao na Europa/os desetdados eos marginaliza- dos pelas Leis dos Pobres, que mais tarde surgitiam como fazendeiros proprietérios nas chamadascoldnias. Esses niimeros disfarcam o milagre demogréfico de uma populacio estagnada, Na verdade, dos trezentos milhoes que faltavam do lado aii ‘catio:da equagao, mais de cem milhdes foram escravizados e transporta- {dos’s Américas € a0 Caribe - para nao falar dos que feneceram na viagem transatlantica'e foram langados ao manpara alimentar tubardes. Muitos mortiam de epidemias ou do abandono.ao tempo inclemente. Outros pe- reciam nas guerras escravistas do continente africano, guerras decretadas ppelas forgas da oferta e da demanda. Outros, ainda, mortiam de doencas antes desconhecidas, trazidas pelos europeus, ou da fome provocada pela {nterrupgdo dasatividades produtivas e econdmicas normais 8 (© A.APRICA NA ORDEM sUNDIAL © O coméncto escravista Desapareciam comunidades inteiras: Os afticanos obrigados a embar- car na viagem transatlantica eram examinados antes da compra para comprovar sua qualidade e satide, Somente 0s jovens fortes e saudéveis, tanto homens como mulheres, inham o preco valorizado. A mulher se- tia utilizada mais tarde, em grande parte, como reprodutora, para fins de formacao de capital. Os jovens, na fase mais produtiva da vida, aban- donavam sua propria comunidade, num éxodo forcado, contribuindo imensamente para a revolugao agréria e, mais tarde, a industrial, no Novo Mundo. Esse éxodo sufocava o desenvolvimento social, politico ¢ econdmico das sociedades africans, trazendo-Ihes sérias e duradouras conseqiiéncias negativas A violencia e a destruigao perpetradas pelos europeus, com seu comércio nefasto, faziam/ que as comtinidades africanas se ‘confron- assem em guerras que minavam os valores essenciais das sociedades africanas. Grupos estaveis fugiam de suas cidades, deixando para tras suas atividades agricolas e comerciais, para procurar abrigo’ seguro ‘onde quer que pudessem encontré-lo. Tornavam-se assim refugiados ‘em sew proprio pais. O comércio escravocrata desestruturava a agi cultura e outras atividades econdmicas produtivas, como as indiistrias de ferro € cobre, que para florescer precisavam de paz ¢ ambiente po- Iitico estavel, Mais tarde, determinaria o destino que osafricanos, contra‘asuavon- ‘ade; sacrificariam mais uma vez.a vida em duas guerras mundiais para, ‘que a Europa se tornasse segura para a democracia € livre do fascismo, = como Se 0 fascismo, com seu componente racista, fosse estranho 20 carter europeu tao nitidamente revelado nas sangrentas aventuras de

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