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96 OBRAS COMPLETAS se defrontou com a mais forte oposigao, a0 passo que a Inglat: os Estados afses de moralidade sexual notoriamente e: ‘mostraram-se mais receptivos. A Alemanha ocupa uma posicao média; apés uma oposi¢do violenta, inclinou-se sob a pressio dos fa- tos. Para terminar, gostaria de sublinhar 0 fato de que Freud aboliu alinha de demareagdo muit ciéncias do espirito. A psi ciproca entre médico e paci natureza e ciéncias do espit que renunciar a toda a aut outrora, Comecou fazendo sua a formula de S que todo ser humano deve ser médic A influéncia de Freud sobre a medicina significa uma transforma- cdo formal, um incitamento enérgico ao desenvolvimento dessa cién- cia, A possibilidade de tal desenvolvimento deve ter provavelmente exis- ‘mas para sua realizacdo efetiva era necessério aparecer uma personalidade da envergadura ¢ da importancia de Freud. 4 Saloon — OBeas Gawler Porcawa lise TL. fagdo que car So Bolo | MaeTind Fouts : 4998. Ix Confusado de Lingua entre os Adultos e a Crianga 4A Linguagem da Ternura ¢ da Paixao)! Bra um erro querer fazer entrar & forga, numa exposicdo destina- da ao Congresso, o tema demasiado vasto da origem exterior da for- magéo do carter ¢ da neurose. Contentar-me-ei, portanto, em apre- um breve extrato do que Ihes teria querido dizer. Talvez fosse imei foi que cheguei fessor Freud, falei de uma regr na teoria das neuroses), que me foi imposta por certos fracassos ou Referia-me importancia patogénese das neuroses. O fato de na ite a origem exterior comporta um per: igdes apressadas, invocando a . AS manifestagdes que qualificarei de 98 OBRAS COMPLETAS caleados se impusessem a vida afetiva consciente e pudessem em breve Or fim ao surgimento de sintomas; sobretudo quando a superestrutu- ra de afetos foi suficientemente abrandada pelo trabalho analitico, Lamentavelmente, essa esperanca s6 foi realizada de maneira rm imperfeita e mesmo, em dliversos casos, encontrei-me em grande apu- ro, A repeticao encorajada pela analise tinha sido excessivamente bem sucedida, Podia-se constatar, sem ch ima sensivel methora de cer- tos sintomas; em contrapartida, porém, os pacientes comecavam a queixar-se de estados de angiistia noturna e sofriam mesmo de pesade- los horriveis; cada sesso de andlise degenerava numa crise de angiist analisada de modo consciencioso, o que aparentemente convencia ¢ ava o paciente: 0 resultado, que se esperava duradouro, nao 6 era, contudo, ¢ na manha seguinte o doente queixava-se de novo de uma noite pavorosa, redundando a sesso de andlise em nova repeti- cdo do trauma. Durante um certo tempo, consolei-me dese embaraco dizendo para mim mesmo, como de costume, que o paciente tinha re- sisténcias demasiado fortes, ou que sofria de um recalcamento do qual s6 podia adquirir consciéncia e libertar-se por etapas. Nao tendo ocor- rido nenhuma modificagao essencial apés um prazo de tempo bastante extenso, tive que proceder uma vez mais & minha autocritica. Ficava atento quando os pacientes me acusavam de ser insensivel, frio, até duro e cruel, quando me censuravam por ser egoista, sem coragio presungoso, quando me gritavam: “*Depressa, ajude-me, no me deixe ‘morter nesta angiistia...” Fiz o meu exame de consciéncia para ver se, apesar da minha boa vontade consciente, ndo haveria alguma ponta de verdade nessas acusagGes. E bom que se diga que essas explosdes de c6lera e de furor s6 sobrevinham excepcionalmente; muitas vezes, no final da sesso, as minhas interpretagdes eram aceitas pelo paciente com uma docilidade e um empenho impressionantes, ¢ até com certa confusio. Por fugaz que fosse essa impressao, ela me fez suspeitar de ue mesmo esses pacientes déceis experimentavam em segredo pulsdes de édio e de c6lera, ¢ incitei-os a abandonar toda circunspegao a meu respeito. Mas esse encorajamento teve pouco éxito; a maioria recusou- se de maneira enérgica a aceitar essa excessiva solicitagao, embora es- ‘entemente escorada no material anal co a pouco a convicedo de que os pacientes percebem com muita sutileza os desejos, as tendéncias, os humores, as simpatias ipatias do analista, mesmo quando este est inteiramente ciente disso. Em vez de contradizer o analista, de acusé-lo de fracasso ou de cometer erros, os pacientes i ‘momentos excepcionais de excitacdo histerdide — ou seja, num estado quase inconsciente — € que os doentes podem reunir suficiente cora- CONFUSAO DE LINGUA ENTRE OS ADULTOS E A CRIANCA 3 gem para protestar. De habito, eles nao se permitem nenhuma critica ‘a nosso respeito; tal critica nao thes acode sequer ao espirito, a menos ‘que tenham recebido de nds permissao expressa ou encorajamento di- eto. Portanto, devemos nao s6 aprender a adivinhar, a partir das as- sociagdes dos doentes, as coisas desagradveis do passado, mas tam- bbém obriga-nos muito mais a adivinhar as criticas recalcadas ou repri- midas que nos sio enderecadas. E aj que nos defrontamos com resisténcias nao despreziveis, nio as do paciente mas as nossas proprias resisténcias. Devemos, antes de tudo, ser analisados muitissimo bem, e conhecer a Fundo todos os nos- sos tragos de carter desagradaveis, exteriores ou interiores, a fim de estarmos prevenidos para quase tudo 0 que as associagdes dos nossos pacientes possam conter de ddio e de desprezo escondidos. Isso nos leva a0 problema de saber até onde chegou a andlise do analista, problema que adquire cada vez mais importancia, Nao se de- ve esquecer que a andlise em profundidade de uma neurose exige qua- se sempre virios anos, ao passo que a andlise didatica habitual nao du- ra, com freqtiéncia, mais de alguns meses, ou de um ano a ano e meio, © que pode redundar na situagdo absurda de que, pouco a pouco, os 'n0880s pacientes esto melhor analisados do que nés. Pelo menos, apre- sentam sinais de tal superioridade mas sao incapazes de exprimi-la ver- balmente. Caem numa extrema submissio, em conseqiiéncia manifes- tada incapacidade ou do medo em que se encontram de nos desagra- dar com suas

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