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Museu do Romance da “Eterna” e a Menina de Dor, a“Doce-Pessoa” De-Um-Amor que nao foi sabido Com um Final de Morte Académica: apresentacao na arte, e na vida, de um uso sdbio da Auséncia, equivalén- cia voluntaria de adocada morte. E um ato prévio de Manobra dos Personagens: de- monstracao de respeito e garantia ao Publico Leitor que pela primeira vez se dedica a ele. Dedicatéria a minha Personagem a Eterna O impeto maximo da piedade sem nenhum elemento vicioso, confuso ou demencial no ato de abnegacao e acudimento, conheci na Eterna: nada do que se recorda ou publica ou comenta ¢ 0 bastante para compreender o impeto de seu Ato de Piedade, fulmineo e total. A mais gentil Prontidao da alma ¢ 0 salto altruistico de socorri- mento ou de alegracao ou consolagao com impeto total e instantaneo com que se movem os passos da Eterna. Em Repente Maior a sublime Presteza achei eu Estava na Eterna; e nem sequer se viu. Nem sequer e em ninguém seu raio se viu. A Realidade e 0 Eu, ou sobretudo 0 Eue a Pessoa (exista ou nao Mundo), sd se cumpre, se da, pelo momento Sits mo altruistico da piedade (e da complacéncia) sem fy. sao, em pluralidade. O ato nao instintivo de Piedade, retendo-se o lticido discernimento de pluralidade, sem confusao do Outro com o Nés, éa finalidade do Exis- tir Algo, do Mundo, e é 0 unicamente ético: ser outro ainda no fazer tudo por um outro. A Pessoa Maxima Capaz de fixar o tempo. De compensar a morte. De mudar 0 passado. E, se genial no Sim, de matar com seu Nao com seu esquecimento com sua comicagéo com seu envergonhar Mas sempre dolorosa de seu passado nao renunciavel, nao desprendivel. eC7-_—— ii _ 3 Oque nasce e o que morre Publicamos hoje o ultimo romance ruim eo primeiro romance bom. Qual ser o melhor? Para que o lei- {oF nd0 opte pelo do género de sua predilecao des- Prezando 0 outro, ordenamos que nao possam ser vendidos Separadamente; j4 que nao pudemos ins- tituir a leitura obrigatoria de ambos, nos resta pelo ™eENOS 0 consolo de nos haver ocorrido a compra aaa ei irremivel do que nao se quer comprar mas que nao € separdvel do que se quer: seré Romance Obrigato- tio o ultimo romance ruim ou o primeiro bom, ao gosto do Leitor. O que nao sera permitido de jeito nenhum para nosso maximo ridiculo é ter os dois como igualmente bons e nos parabenizar por tao completa “fortuna”. O Romance Ruim merece uma homenagem; aqui vai a minha. Assim nao vio dizer que nao sei fazer mal as coisas; que, de talento limitado, nao conse- gui realizar um dos géneros do romance, 0 ruim; no mesmo dia mostro a plenitude de minha capacidade. E certo que alguma vez corri o risco de confundir o ruim que devo ter pensado para Adriana Buenos Aires com o bom que nao acaba de me ocorrer para o Romance da Eterna: mas € questao de que o leitor colabore e os desconfunda. As vezes me vi perplexo, quando o vento fez voar os manuscritos, pois sabe- reis que escrevia uma pagina de cada por dia, e nao sabia que pagina correspondia a qual; nada me aju- dava porque a numeracao era a mesma, a qualidade de ideias, papel e tinta também, jd que havia me es- forcado para ser igualmente inteligente nos dois para que meus gémeos nao quisessem brigar. Como sofri quando ndo sabia se uma pagina brilhante pertencia ao Ultimo romance ruim ou ao primeiro bom! Encarregue-se 0 leitor de meu desassossego e confie em minha promessa de um proximo romance ruimbom, primeirtltimo em seu género, no qual se aliard 0 6timo do ruim de Adriana Buenos Aires com 0 6timo do bom do Romance da Eterna, e em que re- colherei a experiéncia adquirida em meus esforgos para provar a mim mesmo que algo bom era ruim, ou vice-versa, porque precisava disso para concluir um capitulo de um ou de outro. Se « Oautor se refere a Adriana Buenos Aires (iltimo romance ruim), escrito em 1922, tevisado em 1938, concebido para ser publicado junto com o Museu do romance da Eterna, o primeiro bom. [v.t fo a 4 Prélogo a eternidade Tudo foi escrito, tudo foi dito, tudo foi feito, Deus ouviu que lhe diziam e ainda no havia criado o mundo, entao nao havia nada. Isso também jd me disseram, replicou talvez do velho e rachado Nada. E comecou. Umaromena cantou um trecho de mtisica do povoe depois encontrei dez vezes 0 trecho em diferentes obras e autores dos tiltimos quatrocentos anos. E indubitavel que as coisas ndo comegam;.ou nao comecam quando 4 sao inventadas.(Ou o mundo foi inventado antigo. teh 5 Perspectiva Nao hd nada pior que as coisas feitas com pressa, a nio ser a facil perfeicao da solenidade. Este serd um livro feito eminentemente assim, da maxima descortesia que se pode incorrer com um leitor, salvo outra descortesia maior ainda, e (40 comum: ado livro vazio e perfeito. > Fiz o que pude para que na cerzidura de miltiplas pas- Sagens de minha prosa romanesca, que arrasta consigo ha SS _ infatigdveis remendos de revisdo, nao se percebam as costuras; e me orgulho de confessar o que ninguém des- cobriria, porque se algum livro custou trabalho foi este, e creio que toda arte é trabalho, e muito arduo. Mas sei que uma personalfssima imortalidade com- pensatoria me aguarda: passarao as gera¢oes de leitores de vitrine e ninguém comprar. Este vai ser 0 romance que mais vezes terd sido jogado com violéncia no cho, e outras tantas recolhido com avidez. Que outro autor poderia se vangloriar disso? Romance cujas incoeréncias de relato estao cerzidas com cortes transversais que mostram o que fazem a cada instante todos os personagens do romance. Romance de leitura de irritagdo, que como nenhum outro terd irritado o leitor por suas promessas e seu mé- _todo de inconclusées e » incompatibilidades; c que fara fracassar o fmpeto de evasao a sua Jeitura, pois | | produzird um interesse no animo do leitor que o deixar | ligado ao seu destino — que de muitos amigos necessita. | Enfim, tive uma raiva de trés dias pela tiltima orga-' nizacao e revisao da desordem deste romance; nas ca- misas, felizmente, uso punho postigo e havia guardado todos os usados desde que comecei a pensar 0 romance; eram aproximadamente mil as anotagoes, além de mil vezes uma dtizia de cadernetinhas e blocos e folhas sol- tas; joguei tudo num canto do quarto e durante trés dias desde a hora que safa da cama me atirei ao chao: raivava e chorava, e berrava cem vezes: Ultima vez que escrevo para publicar. Se a Eterna tivesse me visto, teria rido tanto que ar- riscaria passar mal porque é ruim rir e nao querer rir, e essa € sua risada diante do Resmungar. Nunca com. preendeu o Resmungo, que criatura desesperadoral, ¢ eu aprecio tanto e me é tao essencial que Ihe comprei_ um caro e ornamentadfssimo bocal de vinagrol, maté- tia que encarreguei que se descubra e solidifique para bocais de fumar resmungos. O trago que supremamente levanta nela o borbotao mortal da Risada é aquele res- mungo mais tipico no homem. “Sapateia!”, exclama, e nao consegue parar de ati¢d-lo. Alguém esteve a ponto de morrer, sufocado de raiva, pela arte e paciéncia com que em uma longa conversa telef6nica, iniciada por ela e que comega com palavrinhas de alivio e condoléncia, leva-o ao ultimo desespero do ridiculo fazendo-o sentir que caiu em algum notdvel excesso de sapateado. Este mistério da Eterna que sd eu conhego é: que vé mais bondade no sentimento do homem que na alma da mulher, e queria corrigir aquele defeito do carater do homem. Dois sao os Mistérios da Eterna: genial em se dar a toda felicidade alheia; genial na percepcao do Ri- diculo até ela e os outros passarem mal, por sua propria Risada. Por isso ela é Mistério, que nunca conheci. Portanto: Toda a dor do humano, sem necessidade de que paie filho se apaixonem por ela, sem que irmao e irma se de- sejem, sem o parentesco, ou a aberracdo, ou a cegueira, oua loucura, fazendo a Tragédia, e Toda a felicidade do humano sem casamento do mi- liondrio com a operdria, sem necessidade de que para que um casal seja feliz a mulher deva ser feia e o marido cego; sem poderios nem gldrias, somente pela certeza da Paixao, Prélogo a minha pessoa de autor O maior perigo que se corre publicando um romance aesta altura da vida é que se ignore nossa idade; a mi- nha é setentae trés, e espero que isso me evite um juizo prospectivo como: “Para ser o primeiro romance bom, até que nao esta mal; e sendo o primeiro romance do au- tor, desejamos a ele um futuro lisonjeiro se perseverar com firme vontade e disciplina em suas inauguragées estéticas. De qualquer modo, esperamos suas proximas obras para concluir nosso juizo definitivo”. Com tal pos- tergacio, fico sem posteridade. E isso seria prematuro. Nao em qualquer idade, nao é justo que 0 critico nos aplique a postergacao de juizo que se concede aos novos e gaste confianga em nosso futuro. Além disso, eu havia projetado que este romance fosse publicado depois dos vinte e dois anos em que se sabe que 0 petrdleo terrestre terd se esgotado total- mente, porque uma adivinha me garantiu que estava escrito na providéncia do mundo que ao mesmo tempo se esgotaria a provisao de bocejos de leitor com que se conta no presente. Mas a Corporacao Universal de Lei- tores se comprometeu a se vingar de certo escritor reser- vando para ele — que anuncia prdxima obra — todos os muito abundantes bocejos de que dispunha para minha nao menos anunciada obra. Vejam os senhores 0 que é asorte de um escritor. Quem nao se langa alegremente a publicidade com essa garantia com que ninguém con- tou até hoje? Também, ah, que simpatico, porque sou autor, esse senhor que disse: “Eu li todos os livros”. Conto com ele muito oportunamente, pois é triste a epigrafe de La Razon: “Sobre a impossibilidade de ler tudo o que se escreve”. Apresso meu livro para que seja publicado antes que essa irritante impossibilidade comece. [a — Andando Célebre romance no prelo, tantas vezes prometido que, uma vez publicado, 0 autor nao lhe apostou nada. Ninguém morre nele — embora seja mortal — pois compreendeu que os personagens, gente de fantasia, perecem juntos ao fim do relato: sao de facil extermi- nio. Tarefa desnecessdria que os autores assumem, com risco de esquecimento e de repetir a morte de algum, de dar aquie ali fim a cada protagonista, como faz o sacris- tao ao apagar as luzes no fim da missa, para ndo deixar o peixe vivo sem agua, 0 “personagem” sem romance. E mais, tenho certeza de que ninguém vivo entrou na narrativa, pois personagens com fisiologia, além de muito perturbados por cansagos e indisposi¢oes — por isso nao se vé protagonistas adoecerem e se afasta- rem para a cura, mas somente representarem adoecer como parte de seu trabalho e continuarem figuragao sao de estética realista, ativa de doentes e moribundos eanossd estética €a inventiva. > Obra de imaginacao repleta de acontecimentos — com risco de estourar a encadernagao — e tao precipi- tados que j4 comegaram no titulo para que caibam e te- nham tempo; o leitor chega tarde se vem passada a capa. Romance em que tudo se sabe ou pelo menos se ave- riguou muito, para que nenhum personagem tenha que mostrar na frente do ptiblico que nao sabe o que acon- tece consigo, que o autor ignora o que lhe acontece ou 0 mantém na ignorancia por falta de confianga. Nao se vé Nossos protagonistas exclamarem: O que é isso, Santo Deus? O que pensar? Que fazer agora? Quando termi- naré este sofrimento? O leitor nao sabe o que responder, nao acerta mortificado, € sé se notifica. Eo que se deve comunicar aos autores: 1. Que nao prometeram 0 bastante seu romance. 2. Que nao sabem redigir “o indizivel” com frase “inefavel”. 3. Que continuam acreditando que as sonatas, os quadros, os versos e 0s romances precisam de titulo. Romance em que 4Impossibilidade, de situagdes e personagens, que é 0 critério para classificar algo como. artistico sem complicagao de Histéria, nem Fisiologia, foi tio cuidada que ninguém, nenhum conhecedor co- tidiano de impossiveis, nenhum a quem lhe sejam fami- liares, poderd desmentir a constante fantasia de nosso relato alegando que tem visto situagdes ou personagens a sua frente ou ao redor. Melhor ainda seria se houvéssemos efetivado “o ro- mance safdo a rua” que eu propunha a amigos artistas. Terfamos esquadrinhado impossiveis pela cidade. O publico olharia nossos “pedacos de arte”, cenas de romance executando-se nas ruas, misturando-se a ‘pedacos de vida”, em calcadas, portas, domicilios, ba- res, e acreditaria ver “vida”; o puiblico sonharia parale- lamente ao romance mas ao contrdrio: para este, sua vigilia é sua fantasia; seu sonho, a execucao externa de suas cenas. Mas precisarfamos de outra teoria além da que temos sustentado, da Impossibilidade como crité- rio da Arte. Romance cuja existéncia foi romanesca por tanto antincio, promessa e desisténcia dele, e sera romanesco um leitor que o entenda. Tal leitor se fard célebre com a qualificacao de leitor fantastico. Serd muito lido. por todos os puiblicos de leitores, este meu leitor. (| —_eeeeeeeeeeeee O autor também fala Preocupado, as vezes me pergunto como poderia ser esquecivel este romance sublime e dificil - agora para o leitor, antes para mim - se nele ha um General assus- tado que, titubeante pelos degraus as escuras do subter- raneo da Casa do Romance, guiado pela Eterna, faz, com seus tremores, com que ela lhe diga: — Mas, general, pegue na minha saia e caminhe tran- quilo, nao vou me afastar. E também se lerd como foi que a Eterna, em um dia sem vento de Buenos Aires, despachou para cruzar toda acidade um mensageiro com um brago com tala e uma mio paralitica, que levava apertada numa contracao dos dedos uma vela acesa, que transportou até se queimar, porque ninguém se ofereceu para sopré-la e o mensageiro nao tinha félego para fazé-lo porque era personagem do presente romance e havia ficado esgotado pelos “esfor- cos” de personagem que imperiosamente lhe exigiam a dignidade e a gloria de figuracdo em romance tao indubi- tavelmente sublime. Feito cinzas heroicas 0 mensageiro ficou em um relicdrio, mas nao porque o portenho nao seja o mais benévolo e apiedado dos homens e sim por- que tanto catedratico, quanto escritor, jornalista, politico, capitalistas, comunistas, novas e velhas religides, penici- linistas, tém os portenhos tao cheios de prometimentos ecarentes de realidades e sinceridades que desconfiaram do mensageiro! Que desconfiaram da Eterna! E ao mensa- geiro mais encantador que jamais houve mesquinharam ominimo, que é um sopro de ajuda. E também se saberd que dei vida a inexisténcia de Deumamor, como a Posteridade tem dado vida a ine- xisténcias ilustres, caso dos autores, fazendo-os do nada para a gloria. Outra inexisténcia a qual se tem dado vida por meio de dperas, romances, poemas €: 0 amor nao cor- respondido, fato que nunca aconteceu (sendo verdadeiro amor). Intimeras coisas que nao existem foram inventa- das: hd todo um mundo de inexisténcias (a subconscién- cia, o dever, a cenestesia, muito “Deus” das “religides”); deixe-me ter uma sé inexisténcia em meu romance: ONao-Existente- Cavaleiro; é dotar uma obra de arte do personagem necessario para que 0s 0 outros ostentem sua existéncia; 0 tinico nao existente personage, que fun- ciona por contraste como vitalizador dos demais. E Deumamor aceita, enquanto lhe dure, pér a dis- posicao de nosso romance 0 total de sua nao existéncia, sem temer arriscd-la ao ingressar no “ser da arte”; este 0 apaixona menos que sua ndo existéncia e a esta prefere a “altruiexisténcia”: a existéncia em outros, ou melhor, o amor; a Unica coisa a que nao se arriscaria é 0 viver por viver ou com aniversdrios, uma longa existéncia, o longevismo. Pretendo, com tao ricos elementos, fazer o primeiro “ro- mance”, nao do dia em que aparega, pela manha, que nisso todos tiveram seu minuto de primeiros; demorei- me demais para chegar na Literatura; urge-me madrugar, pois para algo o atrasado se apressa; para chegar aonde nao seja tarde, e eu vi que no género “romance” ainda nao é tarde: comecard neste género um moroso. Repito: pre- tendo fazer o primeiro romance genuinamente artistico, E também o ultimo dos pseudorromances: 0 mey farg ultimo 0 que 0 preceda, pois nao se insistird mais Neles, Para tudo isso creio, como Autor, ter-me familiarj. zado com as seguintes especialidades em romance: — O Romance que Comega. O Romance Impedido (por vicio redibitério). O Romance Safdo a Rua, com todos os seus persona- gens, em execucao de si mesmo. O Prdlogo-Romance, cujo relato se faz nos prélogos, as escondidas do leitor. O Romance Escrito por seus Personagens. | O Romance Inexperiente, que trata de ir matando | separadamente os “personagens”, ignorando que seres escritos morrem todos juntos em um Final de leitura. | O Romance em Estados. | O Ultimo Romance Ruim - O Primeiro Romance | Bom-O Romance Obrigatério. {- —— Aos criticos O suicidio fez glorioso algum escritor mediocre; an- tes dele, pode-se chegar aquela “segunda edigao” que acalma tanto; o suicidio que espere até ter razao. Porém mais precaucoes tomei contra o verdadeiro suicidio, que € 0 viver depois de fracassar. Corrigir é quase todo 0 Sucesso, € 0 que faz algo genial. Corrigir, corrigir € 0 outro grande Poder; assim este romance comecado aos trinta anos, continuado aos cinquenta e aos setenta e trés, encontrou finalmente o supremo: um sujeito de Bom Gosto como autor, terceiro e corrigido, resultante dos trés outros. Serei, enfim, autor de uma carta aos cri- ticos, a “carta ao delegado” mas de continuar vivendo; 0 suicidio nao € corrigivel. ——— Carta aos criticos Sou o tinico que vos compreendeu, o primeiro que cap- tou vossa definicao essencial: sois os eternos esperadores da Perfeicdo, e os cotidianamente reduzidos a elogiado- res da encadernagao, obrigados pelo frustrar-se um apés ooutro, dia a dia, do poema, do romance, do livro; sois os vinicos que amam e concebem a Perfeigao; os escritores nada disso, publicadores de rascunhos, livros de pressa, de oportunidade, de ir pelos quatro cantos; a Perfeigao vird algum dia em um livro, tal como com razao esperd- veis e concebiveis: até agora nao se viu Perfeicao senao na graca e poder moral de alguns homens e mulheres que todos chegamos a conhecer alguma vez e que nunca aportarao na publicidade histdrica nem cotidiana. Mas fazeis bem em esperar, e estou certo de que o dia em que aparecer em Livro todos aplaudireis undnimes, imensamente agradecidos. Os escritores, os que nado acabamos de entender que hd tempos deviamos haver nos atido a atitude de criti- cos sabendo quao terrivel fadiga é construir um livro em restricao de arte e quao minima a probabilidade de acertar, nao s6 sofremos como murchamos, pois no fa- zemos 0 Livro e na espera de fazé-lo perdemos a graga de esperar encontré-lo nas tentativas de outros. Nao logrei uma execugao habil de minha propria teoria artistica. Meu romance ¢ falido, mas gostaria de 10 11 ser reconhecido como 0 primeiro que tentou usar o pro- digioso instrumento de comogao consciencial que é 9 personagem de romance em sua verdadeira eficiéncia e virtude: a de comogao total da consciéncia do leitor, e nao a de ocupagao trivial da consciéncia em um tépico particular, efémero e precdrio dela, e que com isso e al- guns outros pensamentos formulados no conjunto do livro, fago mais préxima essa Perfeicdo que esperais, e, exemplificando algo também, uma severa doutrina da arte literdria. Se me engano, nao serei o primeiro nem o tiltimo. Podeis sentencid-lo com todo o rigor. Eu bem compreendo que minha obra vos deixard es- perando a Perfeicao, talvez mais intensamente. Se mais intensamente, meu livro serviu. Sou aquele que adivinhou que sabeis 0 que nao éa Perfeicao. Henne | Apresentacao para a Eterna Hesitacao. Como esses dias invernais de tempestade e sol, que trémulos se apagam por instantes e fazem do mundo espetaculo do torcedor da Indecisao, tive alguns, depois de conhecer a Eterna, em que, entre ela e a Arte € 0 Mis- tério, vacilei, em tanta escuridao e desdnimo eu vinha. Totalmente desextraviado, desde entao vivo no achado. De todas as vezes que tive fé em mim, so a dela foi rdpida. Esomente porque ela quer sorrir uma Ultima vez ao seu amor a partir de fora desse amor, a partir da Arte, componho este livro de que nao precisamos. Nao € nada diffcil que ele seja pouco importante, pois o fiz iniciado em ceticismo, nao da Arte, e sim de que para nds a Arte nao guardasse nenhuma consulta. Pdssaro de tempestade nao pairard, nao cruzara nosso amor. Mas aquela sombra do Fim, da ocultaga Quando chegar, nos encolheremos, nossas figuras e nossas roupas recolhendo, que nao as toque o palido pavor que se aproxima. Tudo o que sao tristes seus olhos é alto o meu ser, meu ser de espera. E o instante passa. Mas uma vez, eo farei, haveria de fender essa sombra, que nao vol- tard mais. Ainda nao acreditas. Eu também nao te adivinhava. O impossivel que tu és. O impossivel da Resposta a morte, que eu tenho. O todo-amor que tu és; 0 todo- conhecer que eu trazia. A ti, existas ou nao, dedico esta obra; és, pelo menos, o real de meu espirito, a Beleza eterna,» —_——— Lar da nao existéncia Desejo que me animou na construgao de meu romance foi criar um lar, fazé-lo um lar para a nao existéncia, para a nao existéncia em que precisa achar-se Deumamor, 0 Nao-Existente-Cavaleiro, para ter um estado de efeti- vidade, ser real em sua espera, situando-o em alguma 12 regiao ou morada digna da sutileza de seu ser e da exce. léncia de sua aspiracao para poder ser encontrado em al- gum lugar, em meu romance enquanto espera, e quando sua amada chegar de volta da morte, que ele chamava Belamorta, quer dizer que embelezou a morte com seu sorrir no morrer e que somente teve morte de Beldade: a feita somente de separacao, de ocultacao, a morte que engendra toda a beleza da Realidade: a que separa aman- tes, pois outra morte nao hd, nao se morre para si nem hd morte para quem nao ama; nem hd beleza que nao venha da morte, nem morte que nao venha do amor, pois ela faz toda a exaltagao da Idilio-Tragédia, exaltado o idflio por temor da morte e feita a tragédia em sua dor maior de idilio destrurdo. Quer dizer que meu romance tem o sagrado, a fasci- nacao de ser o Onde, ao qual descenderé fresca a Amada voltando de uma morte que nao lhe foi superior, de que Ela nao precisou para se purificar, e sim somente para inquietar o amor, e por isso descenderé fresca de morte, ndo ressuscitada mas renascida, sorridente como partiu e com apenas um s6 ontem de sua auséncia de anos. As abelhas do pulsar, da Vida, pousardo no novo sorriso do retorno, como o fizeram em seu sorriso do partir achando frescos e unidos ambos os sorrisos por um tempo todo presente, um tempo imarcescivel que alentos nao corrompam. Pura e unida também foi a espera de Deumamor cuja nao existéncia mais pura que a morte pode, “entre iguais”, desposar-se de novo com ela como se houvesse conhecido morte sem confusdo nem macula. rrr ercececrttet rete a Somos um sonhar sem limite e s6 sonhar. Nao podemos, pois, ter ideia do que seja um nao sonhar Tudo quanto é ¢ existe é um sentir e é o que cada um de nds tem sido sempre e continuamente. De onde pode um sentir, uma sensibilidade, tomar consciéncia do que possa ser um n4o sentir, um tempo sem fatos, pois so- mente hd, sé existe 0 que é fato, nosso estado em nossa sensibilidade? Nossa eternidade, um infinito sonhar igual ao presente é certissimo. Mas me dirao que ha sonhos que cessam, que se tor- nam tao rebeldes que nunca os recuperamos: hd os que se ocultam, as ocultagdes dos que talvez existam mas que nao veremos nem reconheceremos mais. Essas ocultacdes sé existem para um Sonhar hesi- tante: hd sonhos que reclamam para voltar a plenitude de nossa alma, uma alma transbordante, uma certeza sem sombra em nossa decisao de sonhé-los. Quem sabe nessa fragilidade de sonhar quantas vezes afastamos 0 sonho dos que voltam, desacredita- mos, negamos a visita plena e inteira que nos oferecia alguém que Voltava da Ocultagao! Aos leitores que sofreriam se ignorassem 0 que 0 { romance conta (Em que se observa que 0s leitores salteados, que pulam paginas, sao, também, leitores completos. E que, quando se inaugura, como aqui ocorre, a literatura salteada, de- vem ler corrido se sao cautos e desejam continuar como leitores salteados. Paralelamente, o autor descobre sur- 13 14 preso que, apesar de literato que pula paginas, gosta tanto quanto os outros que o leiam seguido, e para per- suadir 0 leitor a isso encontrou este bom argumento de que, no fim, aqueles leem tudo, e é ocioso pular Paginas e desencadernar, pois 0 mortifica que se chegue a dizer: “Liaos poucos e aos pedacos; muito bom o romancezinho, mas um pouco desconexo, muita interrupcao nele”,) Nao te pe¢o, leitor salteado — inconfesso de ler de todo e que nao deixard de ler todo o meu romance, com 0 que a numeracao de paginas va para ti tera sido desatada em vao por ti, pois na obra em que o leitor sera por fim lido, Biografia do leitor, sabe-se que se diré o que, desconcertante, ocorreu ao salteado com um livro tao cheio de valas que nao houve alternativa senao lé-lo seguido para manter a leitura desunida, pois a obra salteava antes -, desculpa por apresentar-te um livro inseguido que como tal é uma interrupgao para ti que te interrompes sozinho e estds tao incomodado com 0 transtorno trazido a ti pelos meus prélogos nos quais © autor salteado te fazia figurar e sonhar sobressaltado que eras leitor continuo até duvidar da inveterada identidade do eu salteante. Se has de ler inteiro, nao andes como prognéstico, provando do meu romance aqui e ali para ver: se ja esta pronto, se falta acucar ou fogo; e farias melhor como meu mordomo, que, “s6 para provar”, como diz mansa- mente a cozinheira, amarra guardanapo e pega garfo e faca." Eu te fiz leitor seguido gragas a uma obra de pre- facios e titulos tao soltos que foste por fim encadernado na continuidade inesperada do teu ler. Agora nao poderei mais té-lo contente. JA adiantei to- das as postergacées possivei 40 tenho mais prélogo |S até depois do romance. Quanto me oprime o empenho artistico em que me comprometi; ainda nao tenho nem compreensao verdadeira da teoria do romance, nem es- tética nem plano do meu.”* Pois bem, quanto ao titulo deste prdlogo, quer dizer, quanto ao leitor incomodado por nao saber tudo do romance: Ecerto que “o Viajante entao pronunciou algumas palavras que neste romance n4o foram ouvidas e cum- primentando se afastou” (os viajantes costumam fazer isso). Meu romance também cumprimentou mas ficou muito mortificado de que mesmo ele um de seus per- sonagens nao deixasse ler tudo. Ele esté curioso com 0 que vai contar, leitor dele, ou mais exatamente com sua narrativa, como é inerente a Arte (pela Arte, a Arte) que se ama, ao que se escreve sem saber 0 que acon- tecerd e haverd que escrever mais adiante descobrindo docilmente e resolvendo cada situagao, cada problema de fato ou de expressao. Sou um autor que desespero de meu romance quando demoro a continuar uma cena. Esta apaixonado (e a Eterna nao esta) por si mesmo (também por si mesma nao estd a Eterna: em um desin- teressamento de si, imenso de beleza e que me enche de dor e reveréncia, ignora 0 pedido que lhe faco cada dia de que se ame; é que nem ela nem eu devemos amar- nos nem amar, ou € que um erro supremo desorganiza a visdo que ela tem de sie da altura em que se acha de seu destino? Nao estou enganado; ¢ clarissimo, Eterna, que estamos na paixdo; que tu nao queiras que exista, nao admites nem como possivel na fase atual de tua vida; e nao obstante amas a Arte, sem amar-te) € € r0- mance ao qual ocorrem percalgos e aventuras, indeci- soes de arte, extraviar-se nele, calar, ignorar; enquantg se estao contando fatos, € enrolado por outros, contém acidentes e sofre acidentes, como vemos agora nos bon. des que no interior trazem desenhos-antincios de como um transeunte é atropelado, enquanto do lado de fora seu limpa-trilhos distribui choques e sustos. £ curioso, como esses meninos disfarcados que gritam “Ai vém as mascaras!” disfarcado é que eram como meninos perante todo pu blico. Neles, o andar disfargado é absolutamente um disfarce: o de ser mdscara. Eu, o autor, sou principal- mente publico inclusive agora na publicidade. Muito busco e me falta saber e viver, pois ainda hd um viver que quisera experimentar embora creia jd saber: que a finalidade da Arte é 0 fim da vida, do individual dela: a Tragédia-Idilio que é o Amor, e este é feito de Beldade e as seguem extasiados. O que neles foi jue faz no amor tanto a tragédia como 0 idilio, pois a certeza, no caminho, da destruicao pes- soal dos amantes (também a tém os que nao amam, que ‘tendo morte nao tém Beldade de vida, assunto de individualidade) exalta, faz amor como sua tragé- dia. A morte sé é de amor; a que ha € sé a de outro, sua ocultagao, pois para si nao hd ocultacao. Mas muito me falta saber do amor em exercicio, de como se alimenta emocionalmente sua sede cotidiana, de seu delicado e implacdvel comércio. E de sua apresentacao pela Arte. Assim, pois, a medida que escrevo, indago e espero fatos, da mesma forma que o leitor. E, quando penso no leitor salteado, percebo que devo imaginar 0 que corres- ponde fazer o Viajante sentir depois do que acabava de ocorrer, para deduzir o que provavelmente disse e ndo se ouviu. O que tenha dito serd o que eu vos diga. Nao €improvavel que ele tenha proferido “Sou Viajante em Romance, em um relato em andamento: nao devo, pois, me deter, e nesta cena ja estive demais. Que 0 leitor me veja alcangando o trem ou zarpando a todo momento; hd de me ver partir tantas vezes que nao me conhega o estar e ainda tema que eu saia do romance na arrancada “de uma partida”. : Na verdade o Viajante estava decidido a ficar quando ao avistar 0 leitor se afastou. No intervalo, no momento que faltava para concluir, teve vontade de ficar, sobre- veio o nunca intempestivo leitor. Creio que este ficard satisfeito com a frase que apresento, como se acabasse de sabé-la, pondo-a na boca do Viajante: é tudo o que pen- sou, do qual algo disse e nada se ouviu. Deixo completa a passagem e assim convém ao meu romance que prometeu contar tudo, até o nao sabido, fazendo-o as vezes nele, as vezes fora dele, para o qual lhe arranjei estes arredores amplos dos meus prdlogos. Cada vez tenho mais simpatia por este personagem cuja chegada a narrativa se espera sempre. As palavras que lhe atribuo mostram que diante de tudo preocupa-o cumprir comigo, com seu papel, sacrificando seus gostos, que sdo o de que oucam tudo 0 que ele diz eo de ficador, pois como tal e muito pratico me foi reco- mendado e por escassez de pessoal Ihe foi dado o de viajar sempre; foram tantas as urgéncias de preparacdo desta obra que até as demoras de regressar, de chegar, de responder, de tomar uma decisao, que figuram em todo o relato e tanto o precipitam, tivemos que fazé-las apressadas. Assim demos 0 papel de ir embora sempre, no livro, a um personagem que por ficar acabaria sem nada, Esta frustragao das vocagoes é tao verdadeira na vida que, num romance que nao quer conter verdade alguma, sua mencao nos aflige. Se o leitor ainda encontra alguma imperfeicao na passagem reparada, na presente explicacao lhe Peco apreciar a tranquilidade da leitura que até esta Pagina Ihe resguardei com meus esforgos que nesse momento culminavam para nao deixar entrar no romance o menino da longa vara, que nao se faria de rogado para perturbar tudo, comecando por deixé-la cair sobre al- guma passagem aprazivel deste relato e esgrimindo sempre essa longa catdstrofe por todo o espaco cénico convertido em pista de seu tirantezinho e desimpedido imediatamente a sua aparigao por todos os meus perso- nagens. Ele se deitaria finalmente no sofd e observando nosso cenho: posso golped-lo de vez em quando? — per- guntard moderadamente indicando a vara que carrega consigo, vos pedira desculpas por nao haver chegado antes e permissao depois para ir embora, como se fi- zesse muita falta, andasse muito solicitado com muitos compromissos de estorvar em outra parte; depois da vossa permissao ficard igualmente, corrigird a posicao de algum quadro pendurado que sua vara moveu. Irieis embora, entretanto, pois geralmente quando ele vai em- bora ja nao hd ninguém, sabe-se ld por que coincidéncia. Seu estar contunde, e um genuino nao estar seu nao se conseguiu no planeta. Seu nao estar é ainda perto demais. Lugares onde nao esteja, muito solici- tados, nao se conseguem nem dos revendedores de sua auséncia, e ainda se duvida de que tenha auséncia. E ele também iria embora com tal velocidade como se um ir embora veloz fosse mais ir embora e satisfizesse diminuindo o haver estado e o consumisse tanto que 0 ficado terminasse muito antes. Seu “longe” nao dura nada, e esta sendo feita uma estatistica do quanto é su- portado. Falta-lhe aprender um ficar rapido que todos quiseram inventar e mostrar a ele; sua retirada nao é ir embora ja, mas um ir embora ainda. E até se conhece um contundido atropelado por sua auséncia. E a pre- senca mais ocupadora. Nao condenamos seu brusco partir como tao intem- pestivo quanto seu estar; sejamos indulgentes: deve-se atribuir isso a que “de stibito” pensou que hd no povo- ado uma parede da qual ainda nao caiu e corre a ocupa- Ja em deixar-se cair. O mundo padece de té-lo perto e nao tem bastante lugar de onde expulsd-lo. Mas ele encontrou novo espaco nesse duplo do mundo que é a fantasia de um romance. Eu reflito que se 0 deixo entrar no meu se suspeitard que me valho dele para estorvar aleitura de alguma pagina imperfeita. Além disso sei que nao entrando, ou onde nao estd, se porta bem. Por “Unico romance onde nao isso minha propaganda diz: se deixa entrar 0 menino da longa vara”, “é o romance do menino mantido longe’. : Conviria a um romance que queira ptiblico —o meu se aborrece comigo, gostaria que chegassem visitantes ou de sair para conversar, gostaria de ser lido — come- car sua narrativa por uma batida ou uma boa freada. O publico junta-se imediatamente em tal numero que alguns livros ja quiseram ter 0 de uma freada comum. Desde que sou autor conto com inveja o pubblico das batidas. As vezes sonho que 0 romance teve em certas passagens tal aglomeracao de leitores que obstruiam o andamento da trama com risco de que os transes e ca- tastrofes do interior do livro aparecessem em sua dian- teira, entre os atropelados. Os senhores compreenderao que se o romance tivesse se interrompido um instante, haveria imediatamente inserido um novo prologo no vazio assim produzido na narragao. E faria esse prdlogo dignamente, quer dizer, com tanto cendrio pelo menos de barulho, pressa, insultos, ordens, corridas, campai- nhas, freios, guardas, inspetores e o vigia que vem ler 9 acidente diante da janela da passageira que lé meu to. mance, enfim, com tal soma de homenagens em torno da inverossimilhanga do fato, que dissimularia inteira. mente, como 0 conseguem as “Companhias”, que nunca admitem verossimilhanga dos percalcos ferrovidrios, uma imobilidade justo na locomogao narrativa. Além disso, poria o braco para fora pela portinhola de meu ro- mance para evitar que batam em mim os romances que vém atrds do meu. Nao se distraia 0 leitor com o vigia mencionado; nao é 0 nosso; o do romance estd parado em outra esquina dele. Despecamo-nos do menino acrescentando que, se tem auséncia, é ela tao desprezivel que seu primeiro chegar ja é frequente e como quinta edicao de presenca. % — “Sobremesa muito experimentada é melhor, mas no chega a sala de jantar.” “Ficar na cozinha é, na mesa, convidado e auséncia.” “Comensal invisivel mas aproveitador.” Refrdes de meu engenho para incomodar o leitor salteado que ande dizendo que pode ler meu romance pela metade, deixar de ler a metade salteada, 0 que {a fazer com meu muito deixado e precedido ninguém resisti romance. Tenho o meu leitor salteado tao dominado que serd 0 nico do seu género que teré lido o salteado. ** Nao faltam obras mais dificeis que a minha: quer dizer, hd as que faltam. Entretanto, desde esta manha estou sentindo o canto de pentear-se de Maruca e agora 4 tarde me parece que estd con- cluindo as duas coisas: nem sempre o dificil fica sem fazer.

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