You are on page 1of 16
Referéncias bibliograticas AUSTIN, JL. Como hacer cosas con palabras. Barcelona: Pal 1, 1008 BHABHA, Homi, 0 terceiro espago (entrevista conduzida por Jonathan Rutherford), Revista do Patrimdnio Histérico © Ar- tistico Nacional, 24, 1996: 35-41 BLANCHOT, Maurice, Lentrotion ini. Pris: Gallimard, 1969, BUTLER, Judith, Compos que pesam: sabre os limites discursivos| do “sens in; LOPES LOURO, Cacia (on). 0 eorpo ede teado. Pedogogias da sexualidade, Belo Horizonte: Auténtica, 1999, 151-172 DERRIDA, Jacques. Limited Ine, Campinas: Papirus, 1991, PARDO, José Las. Elsujeto inevitable, as CRUZ, Manvel (ors). Tiempo de subjetividad, Barcelona: Paidés, 1996: 139-154 SAPIR, Faward. Language. Nova York: Harcourt Brace, 1921 oe. 3. Quem precisa da identidade? ‘Stuart Halt stamos observando, nas limos explosio discursiva em tomo. do conceit de “identi wa o ence emo submis smo tempo scene cle, Conn sepa pea ee pandalenomene? On fetstumesedthmentoso cnet tates ee feta una compl dscns ds perpen | Uurisemumavatiodede ined oa de uma forma ou outra, nade exemplo, a critica do sujeito auto-sustentivel que ‘ti no Sissel eres ae Conceal desis ier ‘politica da localizaca cana sists case Gretna cae Eaton us fn dee samen oe a anes cose om dnc ete dc 1a em sun forma orginal nao-reoonstruida, Mas umavez ave ' nio foram dialeticamente superadas.e que-nio cxistem, gute tinue Meret. quezossan sub ituilos, no existe nada a fazer sendo continuar a se pensar tom cles ones ag rm ss Tors destotlizaas © dleseonsruida, no se trabalhando mals no paradigma no «qual eles foram originlmentegerados (Hal 1095), das Tn cra ae nia ae ls esto conccados nitern, de forma pariosal, qe eles continucr a ser no limite”, como “pensando no interval”, como uma espé Cie de esta dupl "Por meio dessa escrita dupa, press mente esratifeada, deslocada e deslocadora, devemos | também marcar o intervalo entre a inversio que torna baixo aquilo que eraaltol..Jewemergenciarepentina de um novo “ote no se dea nals que Jana se deo — subsumir pelo regime anterior” (Derrida, 1981, p. 42). vovnnalormie sine aera wna gi. no pode ser pens da forma antiga mas smn aqua ets o poem ser sequer pends. ezundo tipo de resposiaexige que cbservemos. nde een relacio a qual conjunto de pecblemas emerge a trredutbifidade do. conesto-de-identidade. Pensa que a posta, suacentralidade paras questio dla agincia! © da.palitica, Por “politics” entendo tanto a ica ~ no contexto dos movimentos politicos em 10s suas formas modernas ~ do significante “identidude” e de su relagéo primordial com uma politica da localizagio, quanto as evidentes dificuldades ¢ instabilidades que {ém afetado todas as formas eontemporiineas da chamada ‘politica de identidade”. Ao falar em “agéneia’, nao quero | expressar nenhum desejo de retornar a uma nogie nao-ime diada ¢ transparente do sujito como o autor centrado da Dritica socil, nem tampouco pretendo adotar uma ahorda gem que “eologque o ponto de vista do sujeito na origem de toda historicidade ~ que, em suma, leve a uma conseidncia transcendental” (Foucault, 1970, p. XIV). Coneordo com Foucault quando diz. que o que nos fila, neste cas0, no é “uma teoria do sujeito cognoscente”, nag “uma teoria da pritica discursiva’, Actedito, entretanto, que que este descentramento exige — como a evolugio do Usabalho de Foucault claramente mostra = € mio um aban ono ou abolicéo mas uma reconceptualizagio do “sujeito” E preciso pensé-lo em sua nova posigo ~ deslocads om des. «centrada~ no interior do paradigma, Parece que é na tentativa derearticular arelagio entre sujeitase priticasdiscursvas que ‘aquestio da identidade—ou melhor aquestiodaidentficagio, ‘as0se prefiraenfatizar 0 processode subjetivagio [em veda, priticasdiseursivas) ea politica de exchsio que essa subj, vvagio parece implicar = volta a apareecr © conceito de “identifcagio” acaba por ser un dos coneeitos menos bem desenvolvidos dk teoria sociale cul. tural, quase to ardiloso ~ embora preferivel ~ quanto o de ‘dentidade”. Ele nao nos di, certamente, nenhuma garan. tia contra as dificuldades conceitaais que tém assolado 9 Sltimo, Resta-nos buscar compreensdes tanto no repertério. discursivo quanto no psicanalitico, sem nos limitarmos a hum deles.‘Trataese de um campo semintico dennasia. ddamente complexo para ser deslindado aqui, mas ¢ itil es. {abelecer, pelo menos indicativamente, sa televaneia pana 108, nen a a ees eee eee ee ee ‘um mesmo ideal. E em cima dessa fundacdo que ocorre 0 sp me el on as ee Biren re neon ee aavammcmpeaie: oma dp ear Se ee Ee, es sa aera ee beatport ale Scorers cai eee Sr sa cert ald eo a se catego, ua ‘identifica pois, um processo de artiulago un sua, arteries. Haseeno sire ting ta at, na ao ete cn atta, Como oe pts denis, ce tats ono” da iffrnce. Ela bedece3igca do ine una vez econo vuporess to ope in difirmee, cla envalve wm teagho oper por meio Were tatthdaar cfc amare Sinha» pod deta de ntl Brn eon tide paces, ela equr ag que € dessa de ora 10 O conceita de identifcago herds, omega cn seu Cosopsicanalitic, um rio legada semantco, Freud cham | de “a mals remota expressio de um lago emoctonel cow Cute pessoa (Feud, 1921/1991, No conteata do compleas dé Edipo, o conceito toma, entretanto, as figuras do pai e da inde tanto como objetos ce amor quanto como abjetos de competigi, inserindo, assim, a ambisaléneta i cent mesmo do process,“ identifiagio,naverdae, ambive lente dese niio” (rend, 1921/1001 p. 13), Em Latoe smelanclia, la na €aqilo que prende alguém am objeto «que existe, as aquilo que pre alguém hese dean dbjeto perdido, Tatase no primeiro easo, do uma "wold: zem de aor com o outro’, como uma compensagto pla pera dos prazeresibidinais do marcisismo primal Elves funda na fantasia, ra projegio na idaltangao, Sex ob) tanto pode ser aquele que é odiado quanta aquele que ¢ dorado. Con mesma freqigncia com que el transpon. } tada de volta a0 eu inconsciente, ela “empurraoeu para fora / desi mesmo”, Fol em regio aide de identieagto que Freud desenvolveu a importante ditingio enlve “ier & ~“ter” 0 outro, Els se comporta “eamo'um derivado da Dre fase da orzanizagio da ibid, da fase ova em eae © objeto que prezamose pelo qual atsiamos €sssnlede pela ingest, endo dessa manera aniuilado como tl (Freud, 1921/1991; p. 135). “As identifcagies vst como tum todo, abservam Laplanche e Ponta (1085), "naa si, de fornia algoma, um sistema relacinal eoorente. Coal tem no interior de uma agéneia como mperego [sipereu, or exemplo, demandas que 880 diversas, conllitiosas ¢ dsordenads, De forma sila o xo ideal ¢ comput de ientifcagSes com ideas ultras mente harmonioss”(. 208), Nio estou sugerindo que todas essas conotagdes devam ser importadas em bloco ¢ sem tradugio a0 nosso pens. ‘mento sobre a identidade”; elas so citadas aqui pura indi uw car os novos signilieados que o termo esti agora recebendo, ‘Oconceito de identidadeaqui desenvolvido nio€, portanto, unr conceito essencialista, mas um conceito estratégico ¢ posicional. Isto é de forma diretamente contréria Aguilo ‘que parece ser sua carreirasemintica oficial, esta concepcao de identidade ndo assinala aquele niiceo estivel do en que ‘passa, do inicio ao fim, sem qualquer mudanga, por todas as vicissitudes da historia. Esta concepcio nio tem como refe- réncia aquele segmento do eu que perianece, sempre e ji, “o mesmo", idéntico a si mesmo 20 longo do tempo. Ela tampouco se refee, se pensamos agora na questio da iden- tidade cultural, aquele “eu coletivo ou verdadeiro que se ‘esconde dentro de muitos outros eus ~ mais superficiais ou mais artficialmente impostos ~ que um povo, com uma histéria ¢ uma ancestralidade partlhadas, mantém em co- mum” (Hall, 1990}. Qu seja, um eu coletivo expaz de esta bilizar,fxar ow garantir 0 pertencimento cultural ow uma “unidade”imutavel que se sobrepde a todas as outras dife- cas — supostamente superficais. Essa concepcao aceita quel identidades nfo sio nunca unificadas; que elas sio, ina modernidade tardia, cada vez mais fragmentadas e fra- turadas; que elas nio nio sio, nunca, singulares, mas mul- tiplamente constiuidas ao longo de discursos, priticas © ‘posiges que podem se cruzer ou ser antagOnicos. As iden- tidades esto sujeitas a uma historicizacio radical, estando constantemente em pracesso de mudanca e transformagio. Precisamos vineular as diseussdes sobre identidade a {todos aqueles provessos e préticas que tem perturbado 0 “cariter rlativamente “estabelecido” de muitas populagdes fe culturas: os pracessos de globalizacio, os quais, eu a rmentaria, coincidem com a modernidade (Hall, 1996), e os ‘processos de mizragia forcada (ou “livre”) que tém se tor ruadlo um Fendmeno global do assim chamado mundo ps-co- lonial. As identidades parecem invocar um origem que residiria em tim passado histérieo com o qual eas continuae 10s, ‘lam a munter una cera conespondéncia. Blas tem aver, "oo ss chan “tomo is rciagao com nossas “rotas”.’ Elas surgem fnaraivizigio do ey, mas a nslurces cen ee [Sion desse proceso nfo dimina def |eficiciadscarsiva material on palien, nese / ssio de pertencimento ow sejaawutagionhster oes | eo da oat 4s identidades surgem, esteja, em parte, no imagine (ssn como no sinbioe, pornos em parte, construida na fantasia ou, a0 menos, no interior de um campo fantasmitico, a , E precisamente a ssariamente fic e forma alguna, sua 0 thistéria” por mesmidade que tudo inclu, una identidade sem eostunes inteiriga, sem diferenciagio interna. : / assim, mais o pro- io do queo signo 109 Acima de tudo, ede forma diretamente contraria iquela pela qual elas sio constantemente invocadas as identidases, Isso imple reeonhecimento radcalmente perturbador de {ue & apenas por meio da relagio com 0 Outro, da relagio com agutlo que no 6, com precsamente aqui qu fala, ‘com aquilo que tem sido chamado de seu exterior constitu- tivo, que 0 significado “positive” de qualquer termo ~ e, assim, sta “idlentidade” ~ pode ser construido (Derrida, 1981; Laclau, 1990; Butler, 1993), As identidades podem Funcionar, ao longo de toda a sua historia, como_pontos de identifieagio e apego apenas por causa de sua capacidade paraexcluir,paradeisar de fora, para transformaro diferente fem “exterior”, em abjeto, Tod identidade tem, sua “mar- Jos so uma lenidade consegue se afirmar é apenas por Inelo da repressfo daguilo que aameaca : ‘fiomem/melierete: Aquila que ¢ peculiar ao segundo tero asim redinide ~ em oposiao dessencialidade Aoprimeiro a fungio deur aeidente. Ocorreamesia coisa coin a Felagho negrofbranco, na qual 0 branco é ‘bviamente, equivtente a "ser humane’. "Mather" « “ogo sip asim, “mares” (et 6, termos marczdos) em contrast con os temas nao-marcados “bomen e "bran fo" (Laas, 1900: p. 33), "6 podem ser lidasacontrapelo, ito refixaojogo da diferencaem uin ponto idade, mas como aquilo que éconstruido, na differance ou por meio dela, sendo constantemente de- sestabilzadss por aquilo que deixam de fora, como pode- nds, enléo, compreender seu significado e como podemos teorizar sua emergéncia? Avtar Brah (1998, p. 143), em s {importante antigo “Diferenca, diversidade ediferenciacio", | levanta uma série de importantes questies que esses novos modes de conceber a identidade colocam: Apesar de Fanon, éainda necessti trabalhar muito sobre ‘questo de como o “outro rcializado & constituido mo domino psigulce. Como se deve anaisarasubjeividade _és-colonial om sua relagio com oyéneo e coms raga?O Drvilgiamento da diferenga seal” eda primers tl lana psicandlise limita seu valor expletive para a ‘compreensio das dimensées psiquieas de fendnwon socials tals como oracoma? De que forma ville scsual”e a ordem socal se artim na prcesso de {ormagio do sneito? Bm outeas pasa cee ora se deve torizaro vineulo entre arcalidale xxi ea eid de pga? (1992p. 1) O que se segue é uma tentativa de comegara responder este conjunto critico mas perturbador de questoes da deologia na reprodgio das relages socias cde prod {anarxsmo) quant a fungtosimbdlica da ideotogt na eons. Lituigio do Sujit (empréstino feito a Lacan). Michele pois, pontos de apego temporari 2s posigies-de-sueito Barvet deu, recentemente, uma importante contruigin _que-as praticas discursivas constroem para nés (Hall, 1995). para essa discussiio, ao demonstrar a “natureza profunda- Fietoanesandesaine bens Giiailageroe thente divide e contraditria do argumento que Althusser “agiolcdorsujeitowofhixo dorliseurso ~ aquilo que Stephen cestava desenvolvendo™, Segundo ela, “havia, naquele en- Heath, em seu pioneio ensaio sobre “sutura’, chamou de saio chiassolugdes separadas,relativamente ao dill pro- “uma interseceo” (1981, p. 106). Uma teoria da ideologia Dlema da ideologia, duas solugies que, desde entio, tm deve comegar nio pelo sujeito, mas por uma deserigéo dos sido atribuidas a dois diferentes pélos” (Barret, 1991, p. 96) OR ee etc por as iserigio de eteivagia da june , Nio obstante, mesmo que nao tvesse sido bem-sacedido, do sujeito as estrutaras de sigifcagio™ Ito, as identida- | Censaio sure ox aparehos ideoldgios de Estado asinalou Teer See ce eaeab coral ota tn omen aanente porate ds dacs, Jace oe ae oe oe ee ae inbangsmn da Moats da cone dqueline Rose, por exempl, argumenta no seu liv Sexta- ciéneia acaba por nos trait), sempre, que elas sio repre= tity inthe field of vision (1986) que “a questio da identidade sentagSes, que a representaio & sempre construfda ao longo de uma “falta, ao longo de uma divisio, a partir do lugar do Outro e que, assim, elas nio podem, nunca, ser ajustadas ~ iddénticas—aos procesios de sujeito que sio nelasinvestidos Se uma suturagio efica do sujeto a una posigio-de-sujeito ‘exige iio apenas que o sujeito seja “eonvoeado”, mas que ‘o sujeitoinvista naquela posigio, ent a suturagio tem que | ser pensaa como uma articulacdo e no como utn processo unilateral. 18:0, por sua vez, coloca, com toda a forge, a ldentificagdo, se nfo as identidades, na pauta teria, As referéncias ao termo que descreve o “chamamento do sujito pelo disenrso ~ “interpelagio” ~ nos fazem lem Ibrar que essa discussio tem uma pré-histria importante © incompleta nos argumentos que foram provocados pelo tensaio de Althusser "Os aparelhos ideolégicas dle Estado” 1971), Esse ensaio introduzin o conceito de interpelagio e a idéia de que a idcologia tem uma estrutura especulat, hima tentativa de evitar o eeonomieisino &o reducionismo ds teorias marsistas elssicas sobre a ideologia, rounindo fem um sinico quadro explicativ tanto a fungio materialist ma = forma como ela ¢ constitufda ¢ mantida ~ 6, portanto, a central por meio da qual a psicandlise entra no ‘campo politico”: Esta[aquestioda dentidade] éumadasazies peas quais a psicandlise lcaniana chegow = vino concete de Mel tin de Althusser e por meio de das trajterns ad fe thinismo eda anise do cinema ~ a vula intel Inglesa 0 femsnismo, porque « questo da Forma come ‘6s individuos se reconhocom a prprios coma mast Iinos ou femininos e-« exigencta de que cles assim fagam parece estar em uma relagioextreunont fi laental com as estruturas de desiallatee sour nnagdo que o feminismo se prope annular. O ines porque sua forge come um aparelho tealigeo rere os mecanismor de identiicag e fantasia sexual dos ‘quis odes nés parecemos participa mas qu, fora da nena so admitidos, na mara das veaes, apenas 10 «i [do steals, Se a Wdeologaéefeas ¢ poraue ola ge nos niveis mals nidimentaves a Wdentidade c dos Itnpalsospsfguios (Rose, 1985, p 5). ntretanto, se no quisermos ser aeusados de absundo- har um redueionismo economieista para eair direta nte us cm um redtcionismo psicanaitico,precisamos aerescentar que se wideologia eficar € porque ela age tanto “nos nveis rudimentares da identidade dos impulsos psfquieos” {quanto no nivel da frmagi ¢ das prea diseursivas que onstituem o campo social; e que & na aticulago desses fampos mutuamente constitutive, mas nfo idénticos, {que se situam os problemas conceituas reais. Q termo “identidade” ~ que surge precisamente no ponto de in- tersecgio entre eles ~é, asim, o local da difeudade Vale apenaserescentar que €improviével que consigamos algurn di, estabelecer estes dois constituints [0 psfquico © 0 social] como exuivalentes — 0 proprio inconseiente age como barra ou como o corte entre eles, 0 que fz do inconscient “un local dediferimento ou adiamento perpé- tuo da equivalencia” (Hall, 195), mas nfo é por ess aio aque ele deve ser abandonado Oensaiode Heath (1981) nos fuzlembrar que fot Michel Pécheux quem tentou desenvolver uma teoria do discitso dle acord com a perspectiva althusseriana © quem, na ‘erdade, registrouofosso intransponfvel entre a primeira e a segunda metades do enssio de Althusser, ssinalando a “forte austncia de una articulagio coneeitual entre aideo- Logi 0 inconscionte” (citado em Heath, 1981, p. 106) Pécheus tontou “deserever 0 diseurso em sua rlagio com ‘os mecanismas pelos quais os sujeitos slo posicionados™ (Heath, 1981, p. 101-2), wtilizando o conceit foucaultiano de formagiodiscusiv,definida come aquilo que “eteri- nino que pode e deve ser dito”. Nainterpretagio que Heath fi do argumento de Péchews JO individuor so constitutdos como suetos pel forms- ‘Sodiscursiva, process desujcigiono qual laproveitando 2 ida do carter especular da constitigso da sujet. dade que Althusser tomow enprestala de Lacan) 0 tndl- vido ¢ ideatificade como sujeito para a formacio Alseursiva por meio do ma estutura de fal reeled | ments osu. spent como soa fete deigbcaos dos usta vrdal,clee mete) & interslago sores omecaniona des esata de as recoecent; mela na verde, © hg do et, no dicot en ids ~o pont esa corstow. dence 8h TOL) Essa “corespondéncis’, entretanto, continuava inco- /modamente nao-resolvida. Embora continuasse a ser usado_ ‘camo uma forma geral de descevero proceso pelo qual 0 sujet 6 “chamado a ocupar seu Inga, 0 conceito de interpelagio estava sjeta & famosa critica de Hirst. A interpelagio dependia—argumentava Hirst ~de um reco nheeimento no qual na verdade, se exigia que o “suelo” antes que tvesse sido constitida como tal pelo discurso, tivesse a eapacidade de air como um seta. “Esse algo que ainda no um sujet deve ter as fauldades neces- sirias para vealizat-o reconbecimento que 0 constituiré como em sueto” (Hirst, 1979, p. 65). Este angumento ‘mostrot-se muito convincenten muitos dos etores subse aqentes de Althusser, levando, na verdade, todo campo de ivestgacio a uma interrupgao inesperada Essa eritica era certamente impressionante, masa inter rupeio, nesse momento, de toda investigagio, mostrow-se _prematura. A ertica de Hirst fj importante, ao mostrar que (todos os mecanisinos que consttuiam o sujeto pelo diseur- |s0, por meio de uma interpelacio e por meio da estrutura Jespecular do falso reconhecimento,descrita de acordo com a fase lacaniana do espelho, eorriun o riseo de pressupor sujet jéconsttuido, Entretanto, uma vezque ninguér ha proposto renuneiar & ideia do sujeito como sendo | constituido no diseurso, como um efeito do diseurso, ainda cera necessério mostrar por meio de quill mecanism seanismo que no fosse vuln pressupor aguilo que queria explicar ~ essa const podia ser ofetuada. © problema fleava adiado, mas nie! rwsalvido, Pelo menos algumas das diffuldades pareciam surgirdofato de se acta sem musta diseussioa propasicio tin tanto sensacionalista de Lacan de que tudo que & conse tiutivo do sujeto nio apenas ocorre por meio desse mecae nismo de resolugio da erise edipiana, mas ocome num ‘mesmo momento. A “resolugio” da erise edipiana, na Tin sagem extremamente condensada dos evangelist laca- nanos, era idéntiea~¢ oeoria por meio de wm mecanisto ‘equivalente ~ 2 submissio & Lei do Pai, A consolidagio da diferenga sexual, & entrada na Tinguagem, & formacio do inconsciente e(ap6s Althusser ao reerutamento as ideolo- as patvinreais das sociedades ocidentas de capitalsmo tardio! A iia wats compleaa de um sujeito-em-pracesso ‘ficava perdida nessas diseutiveis eondensagées © nessas ‘equivaléncias hipoteticamente alinhadas seri. que 0 sujito €racalzado, nacionalizado ou coosttuido como um sujeito empreendedre liberal tao também nesse momento [de resolugio da rise edipiana?) © proprio Hirst parecia pressupor aquilo que Michele Barrett chamou de “Lacan de Althusser”. Entretanto, como diz ele, “o complexe e arriscado processo de formacio de uum adulto humano a partir de urn animalzinho’ nao corres ponde necessariamente ao processo desert pelo mecan tno da ideologia de Althusser.) a menos que a Crianca (.) ‘permanega na fase do espelho lacaniana, ou a menos que 16s forremos o bergo da erianga com pressupostos antropo- lgieos” (Hirst, 1979). Sua resposta a isso & um tanto pet= fnetéra. "Nao tenho nenbum problema com as Criangas, ‘e nfo quero declari-las cegas, surdas ou idiot, simples- mente para negar que elas possuem as capacidades de sijeites filasfiens, que elas tém os atribtos de sujeitos cognoscentes, independenterente de sua formagio e trei- namento como sujeitos soviais”. O que esti em questi, Aqui, 6a eapacidade de auto-reconhecimento, Mas afirmar 16 aque o “also reconhecimento” & um atributo puramen | cognitive (ou, pior ainda, “fioséfieo”) significa expressar | um pressupasto sem qualquer fundamento. Akém disso, & pouco provavel que ele aparega na crianca de um s6 golpe, ccanseterizando um momento claramente mareado por um “antes” por um “depois” Parece que os termos da questio foram, aqui, nexplica- velmente, formulados de uma forma um tanto exagerada, [Nao precisamos atribuir ao “animalzinko” individual a pos- se de um aparato flosGfico completo para explicar a rao pela qual ele pode tera capactdade para fazer um “roconhe- ‘imento falso” de si préprio no reflexo do olhar do outro, ‘que é tudo ode que precisamos para coloearem movimento apassagem entre o Imaginévio eo Simbslico, para utilizar fs termos de Lacan. final, ee acordo com Freud, para que ) se possa estabelecer qualquer relagio com um mundo ex- texno, a catexia bisiea das zonas de atividade corporal © 0 aparato da sensagio, do prazer e da dor devem esta fi “em cio", mesmo que em wna forma embrionstia, Existe, J, ‘uma relagio com uma fonte de prazor(arelagio com a Mie no Imaginario), deforma que deve existir algo que 6 eapaz de“reconhecer”o que € prazer. O préprio Lacan observou, «em seu ensaio sobre o estigio do espelho, que “o filhote do hhomem, numaidade em que, por um curto espaga de tempo, ‘mas ainda assim por algum tempo, ésuperado em inteigén= ia instrumental pelo chimpanzé, jé reconhece no obstante ‘como tal sua imagem no espelho’ Alem disso, a critica parece estar formulada em uma Jogica binavia: “antes/depois”, You isto ou aquilo”.A fase do espelhondo éocomeco de algo, mas aintorrupedo ~aperda, falta adivisdo~ que iniciao processo que “funda @ sujeito sexusalmente diferenciado (eo inconsciente)eisso depend rio apenas da formagio instantines de alguma capacidae ‘coynitiva interna, mas da ruptura edo deslocamentoefeta- dos pela imagem que ¢ refletid peo oli do Outs. Pas Lacan, entretanto, iso ¢jituma fantasia a propria imager ‘que localiza aevianga divide suaidentidade exn cas, Km disso, esse momento s6 tem sentido em relagio com a pre= senga e o olhar confortadores da mie, a qual garante sua realidade paraacrianca. Peter Osborne (1955) observa que, ‘em “O eampo do Outro”, Lacan (1977b) desereve “um dos pais seutrando a criangadiante doespelho”. A eriangalanga uum olhar em diregio mie, como que buseando confirma io: “ao se agarrar a referéncia daquele que o olha num espelho,o sueito vé aparecer: nio seu ideal do eu, mas seu cn ideal” (p, 257 [242). Esse argumento, sugere Osborne, “explora a indeterminagio que é inerente & discrepincis rum lado,a temporalidade da caructerizagiofeita por Lacan ~ do encontro da crianca com sus imagem corpo- ral no espetho como um ‘estigio’ ¢, por outro, o caréter da apresentagio desse encontro como uma cena, ajo ponto dramitico est restrto as relagies entre apenas dois ‘personaxens’ a erianga e sus imagern corporal”. En tretanto, como diz Osbome, das duas ums: ow isso rept: senta um acréscimo eritco ao argumento do “estigio do cespelho” (mas, nesse caso, por que 0 argumento no é dlesenvolvido?) on iso introdur uma liga diferente cujas iimplicagdes nio sio absolutamente discutidas no trabalho subseqiiente ce Lacan, A ideia de que nfo existe ali, nada do sujeito, antes do drama edipiano, constitui uma leitura exagerada de Lacan, Aalirmacio de que a subjetividade nao esté plenamente consttuida até que a erise edipiana tenha sido “yesolvida” io supe uma tela em branco, uma tabula rasa, ow um concepiodotipo “antes edepois do sujeito”,deseneadeada poralguma espéeie de coup de thédre, mesmo que ~ cama Hirst corretamente abservou ~ isso deixe sem solugia a us problemiitica relagio entre 0 “individuo” eo sujito (0 que ‘0“animalzinho™ individual que ainda no é um sujeito? Pode-se acrescentar que a explicagio de Lacan 6. tuma dentre as muitas teorizagées sobre a for subjetividade que levam em conta os processos psiquicos Inconscientes 1 relagdo com o outro. Além disso, agora que © “dildvio lacaniano” de alguma forma retrocedeu © no ‘existe mais o forte impulso inicial naquela direc dado pelo texto de Althusser, a discussio se apresenta de uma forma ‘um tanto diferente. Em suarecente e interessante diseussio sobre as origens hogelianas do coneeito de “reeonhecimen- to" antes referido, Peter Osborne eritia Lacan pela “forma pela qual, a0 abstraf-la do contexto de suas relagSes com 0 outros (particularmente, comamie},cleabsolutizaa relagio da erianga com sua imagem", tornando essa relagio, a0 ‘mesmo tempo, constitutiva da “matriz simbélica de onde emerge um eu primordial”. Ble discute, a partir dessa critica, as possbilidades de diversas outras vaviantes (Kris- teva, Jessica Benjamin, Laplanche), as quais nio estio con- finadas a0 falso e alienado reconhecimento do drama Incaniano. Esses sio indicadores titeis para nos tirar do impasse no qual, sobosefeitos do “Lacan de Althusser” essa discussfo nos tinha deixedo, quando viamos as meadas do psiquico e do discursive escorregar de nossas mios, Bu argumentaria que Foucault também abordaofimpas- sequenos foideisado pelacrities que Hirst az de Althusser, 1ias a pattr da diregZo opesta, por asim dizer. Atacando, | de forma enérgica, o “grande mito da interioridade”, © im- pulsionado por sua eritiea tanto do humanismo quanto da filosoia da conseiéncia e por sua leitura negativa da psiea- nilise, Foucault também efetua una radical historicizagio ita categoria de sujeito. Qssujeitorépreduzidartcomoninr nig iia: Nao existe tampouco nenhumna continudade de osigio-de-sujeito para outra ou qualquer identidade trans- ccondental entre uma posigio e outra, Na perspectiva de seu trabalho “arqueol6gio” (A historia da loucura, O nascimen- toddactinica,As palacras eas coisas, Aarqucologia do saber), 1s discursos eonstroem — por meio de suas regras de forma ‘ioe de suas “modalidades de enunciagio” — posigies-d jeito. Por mais convincentes e originais que sejam esses trabalhos, é Ao deixar de analisar como as posigdes sociais dos indi- viduos interazem com a constrgio de cortas posigdes-de-st- sziss", Foucault introduz uma anti niomia entre as posigoes-de-sujeito ¢ os individuos que as ‘ocupamn. Sua arqueotogia dé, assim, uma descrigao formal do sujeito do diseurso. As po- sighes-de-sujeito discursivastornam-se eategorias « prior, as quais 05 individuos parecem eupat de forma nao-pro- blemstiea (MeNay, 1994, p. 76-7), A importante mudanga no trabalho de Foucault, de um método arqueol6gico para umn método yenealégico, cont Jbuiu muitssimo para tomar mais concreto 0 “formalism” tum tanto “vazio” dos trabalhos inieiais. Em especial, 0 poder, que-estava ausente da descrigio mais formalista do Aiscurso, € agora introduzido, ocupsinda uma posigao cen- tral. Sio importantes, igualmente, as estimulntes passibi- lidades abertas pela discussio que Foucault fiz do duplo cariter ~ sujeicio/subjetivagio (assujettisement) = da pro- ccesso de formago do sujeito. Além disso, a centralidade da jeito discursivas * critica, mas unidimension ‘questio do poder ea idéia de que o proprio diseursa é wana | 0 fonmasioreguativa regulad, a entrada no qual € “deter minada pols (e constitu das) eng de per qu ( permeia o dominio sacl” (MeN, 199, p. 7), teasem a oncepezo que Toca tem da formaciodisatsve para nas pert de algumas das elisseas quests que Asser tenfoudiscutir por melo do concato de "ieologa”~ sem, ‘bviamente, seu rediconismo de clase, sas eonotagbes econcmicistas e seas vinculos com assenges de wera Persistem, entretanto, na drea da teorizagio sobre 0 ((sujeitoe aidentidade, certos problemas. Uma das implica «ges das novas concepgées dle poder desenvolvidas no tra: balho de Foucault & a radical “desconstrucio” do corpo ~0 Sltimo residuo ou local de refiigio do “Homenn” —¢ sua )"reconstrugio” em termos de formagées histiricas, geneae Ngicas dliseursivas. O corpo € eonstruido, mold ‘remoldado pela interseegio de uma variedade de pritieas diseursivas disciplinares. A tarefa da genealogia, proclama | Foucault, “é a de expor o corpo totalmente marcado pela Hhist6ria, bem como a historia que arrafna o corpo" (1984, p. 53), Embora possamos aceilar esse argumento, com todas as suas implicagées racicalmente “construcionistas” (0 cor. po toma-se infnitamente maleével e contingente), nao es- tou certo de que possamos ou devamos ir tio lange a ponto dedeclarar como Foucault que “nada no homem—nem mes ‘mo sett corpo ésuficientemente estivel para servirde base para auto-reconhecimento ou para a compreensio de Joutros homens”. Isso no porque o corpo se consttua em. tum referente realmente estivele verdadero para processo de autocompreensfo, mas porque, embora possa se tratar de um “falso reconhecimento”, € precisamente sob essa forma que 0 corpo tem funcionaddo camo o signficante da condensagio das subjetividades no indtwiduo e essa funcio nao pode ser descartada apenas porque, como Foucault tig bem mostra, ela ndo 6 “verdadeina” bi Alem dso, omeuprprio sentiment ode que apes das afitmagies em contrivio de Foueault, sua invocagio do corpo como o ponto de aplicacio de uma variedade de pri- ticas discipliares tende a emprestar a sua teoria da regulax ‘Go disciplinar uma espéeie de “coneretude deslocada ou tal colocada’, uma materiaidade residual, a qual acaba, dessa forma, por agir discursivamente para “resolver” ou aparentar resolver arelagio, indeterminada, entre 0 sujeito, 0 individuo e 0 corpo. Para dizé-lo de forma direta, essa * waterialidade” junta, por meio de uma costura, ou de uma ~sutura’,aquelas coisas que a teoria da produgio discursiva dle sujeitos, se levada a seus extremos, fraturariae dispersae rin de forma irremedidvel. Penso que “o corpo” adquiri, nt investigagio pés-foucaultiana, um valor totémico, precisa ‘mente porcatsa dessa posigio quase magica. E praticamen- {eo tinico trago que resta, no trabalho de Foucault, de um “signifieante transcendental”, critica mais s6ria tem a ver, entretanto, com 0 proble- ‘ma que Foucault encontra ao teorizar a resistencia na teoria do poder desenvolvida em Vigiare punir ee A historia da setualidade, Tero ver também com a concepsaa do sujeito autopoliciado que emerge das modalidades disciplinares, confessionais ¢ pastorais de poder diseutidas nesses trabalhos, hem como com a ausénecia de qualquer consideragto sobre o que poderia, de alguma forma, inter romper, impedir ou perturbar a trangtilainsergi dos indi viduos nas posigies-de-sujelto construidas por esses dis ‘cursos. Coneeber © corpo como submetido, por meio da “alma”, a regimes de verdade normalizadores, € uma ia nneira produtiva dese repensar a assim chamada “materiali- ‘dade” do corpo ~ una tarefa que tem sido produtivamente assumida por Nikolas Rose ¢ pela “escola da govername talidade”, bem como, de uma forma diferente, por Judith Butler, em Bodies that matter, 1993. Mas édifiell deixar de 2 ‘questionar a concepgio do. préprio Foucault de que us siseitos assim construtdos sio “compos déceis” © todas is ‘implicagdes que isso acarreta. Naorhdemenhuenerteorig sobre-as-rezaes pelas-quais as eorpas ddeveriantesempe-r Além disso, nfo ha nenhuma teorizagie sobre os mecs- plsmos piguics oo process ineroes que podem fazer com que essas“interpelagbes” automiticas seam pro- uzidas ou, de forma maisimportante, que podem fazer com ‘que elas fracassem ou encontrem resistencia ou sejam ne- ociadas. Mesmo considerando o trabalho de Foucault, em ‘divide, como estimulante e produtivo, podemos dizer que, nesse caso, ele “pula, muito facilmente, de uma deserigio do poder disciplinar como uma tendéncia das modemas formas de controle social para uma formulagio do poder disciplinar como uma forca monolitica plenamente instal cda—uma forga que satura todas as elagies socials. Isso leva ‘uma superestimagio da efieseia do poder disciplinar © a ‘uma compreensto empobrecida do individho,o queimped ‘que se possa explicar as experiéneias que escapam ao terrs= no do ‘corpo docil” (MeNay, 1994, p. 104), Que isso se tornou dbvio para Foucault torna-se evden tens nitida © nova mudanga em seu trabalho, representa pelos itimos fe incompletos) volumes da assim chante “Historia da semuslidade” (O uso dos prazeres, 1987; 0 cexidado de si, 1985, e, tanto quanto podemos desi, » volume inédito ¢ importantissimo ~ do critica que acabamos de revisar = sobre Pois, aqui, sem se afastar muito de seu inspirado traball re sure oearter produtivo do process de regulagio norma tva (nenham sujeito fora da Lei, como express Julith Buller, cl tactanentereconhece quenio éruiciente que {Lei convosue, discipline, produc rege, mas que deve favor tambem a correspondent produgio dea resposta =e. portato, a eapacidade eo apaato da subjetividade por pate do sujeito. Em sua itrodugo erica ao io O | todos prazres, Fault fama ist dagueas coisas ave, [riesse momento, poderiamos exporar de seu trabalho Ca | correla entre campos de saber, pos de nomatividade e | Formas de subj" ma itr patil) mas agora ritieamente arescenta asp plas ois oa evan pres tains da bfpby ascdediorsseroncre sf come ded tendo de consign omacertsrlgoguelesperitedeebr Serdar, verde desewser ej ce natal ude Ems ser ade psa nsr oan de {qc mela os inde frum ladon neve sobre Xs inmmoso sobre cr ut. ura homendtce do dogo Teneo 1957 S101, Fuca descreve iso ~ corretamente, em nossa opi “io — como uma “Tercera mudangs, um mudnga que Detmitrin anaisar aquilo que se chama de “o sujet”. Pa feceu-the necessiro examinar quaissf0_as forms © as rmodaldades da relagao com ou plas qua ond se Constitie seeconhece qua sujet, Focal, obvamente, ‘io far ealmente uma coisa ta wg como ade invoca © teri “ientidade”, mas com a “relagio com 0 ev" € & onstituigioe oreeonhecimento desi meso” qua sjit, estamos no aproximandlo, pensoeu, daquele tertorio que, nos termos antriormente estabeleides,pertene,lestc problemtica da identidade rmamente, Este ndo é 0 lugar para explorar os muitos e prodativos insights que suger da anilise que Foucault faz dos jogos wt de verdade, do trabalho ético, dos regimes de auto-regula- € automedelacao ¢ das “teenologias do eu” envolvidas 1a. constituicéo do sujeito desejante. Nio existe, aqui, cer- tamente, nenhuma conversio, por parte de Foueault, que re-instaure qualquer idéia de “agéncia’, de intengao ou de voligio. Mas hi, aqui, sim, uma consideragio das priticas de hiberdade que podem impedir quo esse sujeito se torne, para sempre, implesmente um corpo sexwalizado décil Hi a produgdo do eu como um objeto do mundo, as priticas de antoconstituicdo,o reconhecimentoc a reflesi arelagio com a regra,juntamente com a atengio eserupuis losa 8 regulagio normativa e eom os constrangimentos das gras sem os quais nenhuma “subjetivagio" é produzida, ‘Trata-se de um ayanco importante, wma vez que, sem es ‘quecer aexistencia da forga objetivamente disciplinar, Fou- cult acena, pela primeira vez em sua grande obra, & ceist@ncia dealguma paisagem interior do sujeito, de alguns _mecanismos interiores de assentimento a regra, 0 que livra essa teorizagio do “behaviorismo” e do objetivisma que _ameagam certas partes de Vigiar e puntr. A étiea eas priticas ) doen sao, mnuitas vezes, mais plenamente deseritas por Ro aul nas sss timas obras, como uma “esttiea dacisténcia como umaestiizagao deliberada da vida cotidiana. Além disso, a tecnologias af envolvidas aparecem mais sob a farma de priticas de autoprodugio, de modos espeeificos de eonduta, constituindo aquilo que aprendemos a reconhecer, em ine vestizagdes posteriores, como a de Judith Butler, porexem- plo, como uma espécie de performatiidade, cult J sendo pressionado, pelo eserupuloso vigor de sea préprio pensamento e por meio de una série de mudanczts eonevi- tuais, efetadas em diferentes fases de seu trabalho, a se \ mover em direcio ao reconhecimenta de que = uma vez que 0 descentramento do sujito nio significa a destruigio do © que vemos aqui, pois, na minha opiniio, 6 Ro stjeito euma vez que o “centramento” na pritica diseursiva ‘win pode funcionar sem a constituigio de sujeitos — da regulacio discur- sivae disciplinar com uma teorizaco das priticas de auto- constituigio subjetiva necessirio complementara teoriza ‘widos. Em seus ditimos trabalhos, Foucault fee um avango conserve, ao mostrar como isso sedi, em conenzo cam Priticas dscursivashistoriamente espectias, com auto. relaio normativaccom tecnologia docu. A questo gue fien se nds tambeam precisamos, porasim diet dint o asso entre os dois dominos ist se prcisamos de uma teoria que descreva quai 0 os mecanismos pelos qua os individuos eonsiderades como sueitos se identifica {ou no se identifica) com ss “posigoes” para us quais sao conyoeados: quo desereva de que forma ces moldam, eat lzam, prodzem ¢ exercem” sss posses que explque Dor que ees no ofazem completamente de tna 86 ver © Por todo tempo, ¢ porque alguns naneao fazer, ou estao mum process constant, agonistic, deta con as reutan noriativas on reglatvas com a8 ais so confrontam ¢ elas quai regulama simesmas ~fazendo-hes resist nei negociando-as ow acomodando-s, Ean suma,o que fea é 4 «cxiéncia dese pensar est relagi do sicilo com as formas ses dscursivascomo uma articulado (ols asatiulacen so, mais apropriadament,rlagoes “sem qualquer cures pondencia necessra, sto fdas najuclacontingé ‘cia que “reativa o histérico” [Laclau, 1990, p. 35). E, portanto, ainda mais fascinanteobservar que, quando Foucault, finalmente, ndo dio passo devisivo nessa direcao (00 trabalho que fo, entio, tagicamente interrompido), ele ry ¢ impedido, obviamente, de recorrer a uma das prineipais fontes de pensamentosobre esse negligenciado aspecto, ito é.a psicandlise; ele ¢ impedido, pela sua prépria erica, de ir naquela diregao, a que ele via a psicandlise como sendo simplesmente mais uma rede de relagies diseiplinares de poder: Oqueele produz,em vez disso, éumafenomenologia discursiva do sujeito (voltando, assim, talvez, a fontes e ine fluéncias iniciais, cuja influéncia sobre seu trabalho ele proprio, de alguma forma, subestimou) e una genealogia clas tecnologias do eu. Mas trata-se de uma fenomenologia que corre orisco de ser atropelada por uma énfase exazera- dana intencionalidade — precisamente porque ela nao pode admitir 0 inconsciente. Para 0 bem ou para o mal, aquela [porta i estava, para ele, fechada. Felizmente, ela nio permaneceu fechada, Em Gender trouble (1990) e, mais especialmente, em Bodies that matter (1999), Judith Butler analisa, por meio de sua preacupagdo ‘com “os limites discursivos do sexo” e com as politcas do feminism, as complexas transagées entre o sueito,o corpo ea identidade, ao reunis, em um nico quadro analitico, concepedes foucaultianas e perspectivas psicanaliticas construe le que nao existe qualduersijeitoantes on fora dds Lei, Batler desenvolve o arzumento de que 2 calegort dy rao” & desde inci, normatina: ela sao que Foucault char de “eal vegan” Nesse Seti, pos 0 sexo mn apenas funciona come una norms, mas é prt de uma prin relating prouzo corps ‘ae govera, iste toda orga regulates e com una expécie de poder produto, 0 poder dle pradizir demncar,cbcula diferencia ~ os corps que contra, © constuto ideal que 6 fongosamseate materi és do tompo (Butler, 1998p, _Aematerializagio é>aqui-repensadacomonum-elcitode pvler A visio de que osujeito ¢ prodwzida nocnso de sna wz imaterializagiovestifostemente fndamentada-cn-ua tee siaperformativadalinguagemedosujito, nasa perform tividade despojada de suas associagies coma voligio, com a escolha ¢ com intencionalidade, sendo eelida (contra algumas das intexpretagies equivocadas dle Gender trouble) ‘0 como oato pel qual unm sujeito tz existéneiaaquilo aque cla ou ele nomeis, mas, ao invés disso, como aqucle poder reiterativo do diseurso para produzir 0s fendmenos ‘que le regula e constrange” (Butler 1998, p. 2 (15). A mmidanca decisiva, do ponto de vsts do argumento aguidesenvohido,é,entretantoaligagio que Butler fez do ato de “assumir" um sexo com a questio da idontificagdo © «com os meias disenrsivos pels qaisoimperativaheterose sexual possbilita certs identificagoes sexuadas e impede ou nega outras identificacbes” (Butler, 1993, p.5[155). Esse centramento da questi da identificiio, jantamente com a problematien do sujeto que “assume umn sexo", abre, no trabalho de Butler, um didlogo eitico crelessvo entre Fo cault © a psicanslise que € extremamente produtivo. E verdade que Butler no fornece, em seu testo, um meta-ar- umento teérico plenamente desenwolvide que desereva | como as chs perspectvas, ou a relagio entre o discursive eo psiquico, devem ser “pensadas” de forma conjunta alézn dle uma sugestiva indicagio: “Pode haver uma forma de | sujeitarapsieanalise a uma reelaboragiofowcsltians, mes- ‘mo que o proprio Foucault tenha recusado essa possibilda- de". De qualquer forma, totero asta como pont de paridaakia de Foucault dequeapoderregltiro praduzos jets que conto, «qe oper nie ¢simplesmenteimpost eterarente thas qe fincions como o mc seguro normative Deo qual on mjtor si formas O retonauicndise orient, pois, pea questo de como cats nonnas regulate forename “sexed”, sob condiges tte tomam imporsel se ditinguit entre fonagio lg agin eomporal (1983, . 23) 18 A relevancia do argumento de Butler € ainda mais pertinente, entretanto, porque & desenvalvido no contesto ch diseussio sobre o género ea sexialidade, feta no quadro teérieo do feminism, remetendo, assim, diretamente, tanto as questbes sobre identidarte e sobre politica de identidade {quanto as questées sobre a fimo paradigmatica da die renga sewual relativamente aos outros eixos de exclusio, tal como ressaltado no trabalho de Avtar Brab, anteriormente rmencionado. Butler apresenta, aqui, o convincente arg mento de que todas as identidades funciona por meio da cexelusio, por meio da construgio diseursiva de um exterior constitutive ¢ da produgio de sujeitos abjetos © manginali- zados, aparentemente fora do campo do simbélico, do re- presentivel "a produgio de um ‘exterior’, de um dominio de efeitos inteligiveis” [1993, p. 22), 0 qual retoma, enti para complicar e desestabilizar aquelasforaclusbes que nés, prematuramente, ehamamos de “identidades”. Ela formul esse argumento, deforma efiewz, em relagio & sexualizacao 8 racializagio do sujeito ~ um argumento que precisa ser desenvolvido, para que a constituigio dos sujeitos por meio dos efeitos regulatérios do discurso racial adquira a impor- tinela até aqui reservada para o género e a sexualidade embora, obviamente, seu exemplo mais trabalhado seja 0 da produgio dessas formas de abjegio sexual geralmente “pormalizadas” coma patologicas ou perversas) Como observou James Souter (1995), “a eritiea interna ‘que Butler faz da politica de identidade feministae de suas premissas fandacionais questiona a adequagio de uma po- Titi representacional euja base 6 a universalidade e a uunidade presumnveis de sen snjeito ~a categoria unificada sob o rétulo de ‘mutheres”. Paradoxslmentetaeomeroor= 19) privilegiamento normative das religies heterossexuais it co Essa “unidade”, angumenta Souter, 6 uma “unidade ficticia’, produzida constrangida pelas mesmas estruturas de poder por meio das quais a emaneipacio é buscada’. Signiicativamente, entretanto, como Souter também argumenta, isso no leva Butler a argumentar que todas as nogoes de iddentidade deveriam. portanto, ser abandonadas, por serem teoriea- mente falhas. Na verdade, ela aceita a estrutura especular da identificagao como sendo uma parte de seu argumento, Mas ela reconhece que um tal argumento sugere, de fato, “os limites necessérios da politica de identidade”: Neste sentido, asiantifeagbes pertencem ao imaginisio, lassi esorgos fantasmaticos do alinhament, de elds lye deses- tubiliaam o et; elas slo a sedimentagio do “nds” na constitugio de qualquer eels constuem a ertrut ‘lo presente da altertdate,eontda na formlagio mesma do eu, Az identifeagies ni sio, munca. plenamente © nalmente fet; la sho incesantomenteFeconstituldas 2, como tal esto sults Lge voli da terabiidede ls sio aquilo que @ constantemente areginentado, cmscidado redid, contetadoe,ossonalment, abe ado a capitilar (1903, p. 105) esforgo, agora, para se pensar a questio do carter dlistintivo dalégica pela qual ocorporacalizadloeetaieizado < constituide discursivamente ~ por meio do ideal normati- ‘vo rogulatério de um “eurocentrismo compulsivo” (por falta cde uma outra palavra) ~ nao pode ser simplesmente enxer- tado nos argumentos brevemente esquematizados acima, Mas eles tém recebido um enorme e original impulso desse cenredado e ineoncluso argumento, que demonstra, sem ‘qualquer sombra de davida, quewquestio ea teorizagao da - identidade é um tema de considerdvel importineia politiea, ‘que s6 podera avangar quando tanto a necessidade quanto _ a “impossibilidade” da identidade, bem como a suturagéo 10 dopsiquico edo discursive em suaconsttuicio,forem plewa | ‘© inequivocamente reconhecides. Notas 1 "Aan & aqui wag do tem “guy” amplament wot Inet oo soi ang nines prsdegnarocleents tad ap ‘edd Ver Tomas Tade Sin Ti cela eda, Un coal lips eres Bolo Heart ati, 2000/8 dT) 2, Jogo de plaintive, entre “rcs” “route” tas, com ino ao) 4. Ein inals, “recog” equtalent so fants “mona” t “lasso, em gral, na iets peal po "dsconhesnent Bor onside gue 9 portage “eseoecient no expr» a Bo “ouhecneto™ ov “ecobeclneno” sito ou is que et cone ma alae glna ma ances, fr rrr pho recone Referéncias bibliograticas ALTHUSSER,L. Lenin and Philosophy and Other Pssays. Lone hres: New Left Books, 1971. BARRETT, M. The Politics of Truth, Cambridge: Polity, 1991, BHABHA, 1. The Other Question, The Lacation of Culture. Londres: Routledse, 1995 BRAH, A. Difference, diversity and differentiation, ins DO- NALD, J & RATTANSI, A. (orgs). Rece, Culture and Dif- rence. Londres: Sage, 1992: 126-15, BROWN, B. & COUSINS, M. The linguistic iat, Economy anal Society, 913), 1980. BUTLER, J. Gonder Trouble, Londres: Routledge, 1990 — Bodies That Matter Londres: Routledge, 1998 (0 capftulo Inlrdutéro deste lvroft publicado, em portugues, em Guacira Lopes Louro (ons). Ocorpoeducada,Pedagogias da sexualidade Belo Horizonte: utente, 198: p. 151-172, como title “Com os que pesam: sobre as limites diseumsvos do ‘sexo") DERRIDA, J Positions, Cheagp: Unversity of Chewgo ross, 1981 st POUCAULE M.Dhe Onder of Things. Landes: Tavistock, 1970. 2. Vie Te Archaeology of Ruootdge. Landes: vistack, 19 —. Discipline ond Punish, Harworsdsworth: Penguin, 19; glare puns. Petsipois Vozes, 197 A The History of Seswaity. Volume 1, Harondsworth; Pen- ‘avin, 1981 The Lies of Pleasure, Harmondsworth: Penguin, 1987, (Ouso dos praceres. Rio: Graal, 1985}. (Nas referencias no carp do texto, 0s nimeros entre colchetes reerem-se aa ime das ‘iginas correspondentes di tradugao brasileira, ~The Care ofthe Self Harmondsvorth; Penguin, 1988, etzsche, genealogy, histo ine RABINOW: B (org). The Foucault Reader Harmondsworth: Penguin, 1984 FREUD, S. Group psychology andl the analysis ofthe exo, Ciei- ication, Society an Religion. Vol. 12 Selected Works, Har rmondsworth: Penguin, 1921/1991, GILROY, P The Black Atlantic: Modernity and Double Conse lowes Londres: Verso, 1904, HALL, 5, Signification, representation and ideology: Althnsser and the poststrucuraist debates, Critical Stadies in Mast Communication, 29), 198. — Cultural identity and diaspora: RUTHERFORD, J (ors) Identity. Londves: Lawrence & Wishart, 190, = Gulturl identity in question, ine HALL, 8 HELD, D. & “MeGREW, Tongs}. Modernity and its Futures. Caulidge Polity 1996 intas:identity, polities, im: CARTER, Es DONALD, J. & SQUITES, J. (orgs). Cultural emis: Theories ofPalitics and the Popular: Londaes Lasrence & Wishart. 1995, When yas the postcolonial fi CURTE 1. & CHAMBERS, L (ores)-The Post-Colonal in Question, Lams: Routledge, 1996, MEATHL,S. Questions of Cinema, Basingstoke: Malla, 1982 HIRST, P.On Law end Ideology Basingstoke: anllan, 1979 a LACEAU, E. New Reflections on the Retolution of Our Tine; Tandees Verso, 1999, LACAN, J Brits, Londres ivistock,1977b (Bsoritas. Ri: Jorge alsat: 199). (Nas relerénetas no corp do texto, os ndnneros tenteecoleletes eferemse aa nme das gins corespon dlentes a tradugio brasileira) =. The Four Fundamental Concepts of Paychoanalyss. Londres: Hogarth Press, 977b (Os quatro concetts fundamentais da sicmlise, O Seminiri, Lier 11. Wie. Jorge Zahat, 1958) {Nas releréncias no corpo do texto, os niimeros entre col chetesrelerem-se ao nfimero das paginas correspondentes ‘da tradugao brasil LAPLANCHE, J. & PONTALIS, J-B. Dh Language of Pela neiysis: Londres: Hogarth Press, 1985 MeNAY,L. Foucault: A Critical Introduction, Cambridge: Polity Press, 1904 OSBORNE, P The Poltes of Time. Londres: Vers, 195. ROSE, J. Sexuality in the Feld of Vision Londres Verso, 1986, SOUTER, J. "From Gonder Trouble to Bodies That Mater’ Inédit, 1995. 1st

You might also like