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ao mires "node rast Somes odes Seecaae eee ‘one che earapa ¢aowra en Unpoies fotere ps PUCRS, ienlthaptmtntGebvdanecntacnfosmenenters cass anastasia ne Rao) “oun co ene ¢eocacwa /Onts le, Late vig a Gat = ome bs sigh aD Sate am taupe OH Apresentamos, de forina resumida, alguns dos mecanisiaos coesivos presentes nos textos. Analiseremos, a seguir, a coerér. Gia, com énfase nes fatores que estabelecem a coeréncia textual. Coeréncia textual Nesta seedo, objetivamos analisar alguns aspectos da rela- qéo entre coeréncia e texto. Para isso, retomamos duas ques- tées, conforme discutidas por Koch e Travaglia (1993), + Acoeréncia é que dé origem a textualidade? * Ha textos incoerentes? Coeréncia e textualidade ‘Textualidade ou textura € 0 que faz de uma seqtiéneia Tin- giistica um texto e nao uma seqténcia ou um amontoado alea- torio de frases ou palavras” (KOCH; TRAVAGLIA, 1995, p.26). ‘Uma seqiiéncia de frases ou palavras é considerada texto quan- do aquele que a lé ou ouve é capaz de compreendé-la como uma unidade significativa. Nesse sentido, podemes considerar sim que a coeréncia da origem a textualidade. 1 | { i | | __Noentanto, essa concepsio foi antecedida por uma outre Halliday e Hasan (1976), por exemplo, afirmavam que a coeséo é ‘que origina a textura. Através da anilise de textos, foi possivel verificar que essa afirmagéo nao se sustentava empiricamente, visto que aiguns autores comprovaram que hi muitos textos sem. | coesio, apresentando, contudo, coeréncia, sendo considerados .. pelos falantes como textos. Marcuschi (1983), por exemple, ana- | lisou vérios textos sem coesfo, mas coerentes e, por ouiro lado, textos com coesdo, mas sem coeréncia e sem textura, Observe o conto “Domingo”, de Luiz Vilela, que apresenta Pouces elementos de coesdo, mas ¢ um texto coerente com uma unidade de sentide dada pelo titulo e pelo encadeamento se. mantico entre as palavras ¢ as frases. O conto, em si, é uma his- tora fragmentada, descentrada, na qual aparecem varios refe- rentes inter-relacionados. A narrativa € circular: o fim remete ae inicio. O narrador vai devaneando sobre o que faz e Pensa, sem tsar uma sequéncia logica. Palavras soltas, segmentos de. sarticulados, colagens de outros textos, tudo tramado. Bis o do. mingo de uma pessoa do sexo ma: tudo e de todos culine, adulta ¢ enfastiada de Domingo Luiz Vilela ‘Mesa, prato com resto de comida, faca, pedayo de pao na cesta, garrafa térmica, homem sentado com a mao amparando 0 queixo olhando para o ar, quadro impressionista, “depois do jantar” ou “res- tos", ou “o homem e seu domingo”, “domingo e solidao”, “domingo cite horas", domingo, solidéo, eu, as coisas, coisas, coisas, quando era pequeno, conversar com as coisas, ficar assim parado olhando, estranho, as coisas, por exemplo essa garrafa térmica, essa garrafa ai, ESSA GARRAFA, tou ficando maluco falando sozinho comunica- sao com as coisas delirio imaginagao de crianga, a comunicacao com as coisas é impossivel porque elas nao tém subjetividade e a comuni- ‘cago com as pessoas ¢ impossivel porque elas tém subjetividade, falando com uma garrafa, louquinho da silva, conhego um que come- 0u assim, garrafa, garra-fava, {4 dé ré mi fa sol ld si d6 dé d5000000 maluco doido louco varrido psicopata esquizéide esquizofrénico tudo ai meu Deu meu Deus e pronto virou Pelmex? yo soy una desgraciada! Libertad Lamarque cantando Ma-dre-sil-va! Hipécnita! Perdida! eo brasileiro aquela piada € 6 maximo, conhece aquela piada do pato? pato nfo pia seu bobo, um pato botou um ovo na fronteira do Brasil com o Paraguai de quem ¢ 0 o¥0? pate nao bota, seu bobo, quem bota a pata, Ovomaltine um produto Nestlé Maisena Maisena é excelen- te pura e nutniuivae faz bem pra gente Dio mio o miado de Deus Deus esta miando por nosses pecados de noite da tua amargura mas essa é vite do meu bem e eu quero a paz de Nores dormindo e 9 amor de | cana behrha de papel atourura entendends a loucura nesse mora toselene minha pobre cabeca trate mew corasio aue era dewidres se quebrou e nosso amor que era pouco e se acabou nso tem selugie : nao tem nada nao tem nada nao assim ja set onde nao tem probler Vou parar meu Deus ajudai-me help me amor sol 10 desespero nostalgia séo os secos e mo- ‘oentenda Judge tristeza desen: canto angustia afligao vazi am Inados de meu armazém fechado amanha para um balar eu sou um artista eu vejo.o mundo atraves do meu pincenerfs come voce queria que et tic tac tic tac tic tac bum! explodiu a bomba do tempoe la estavas linda Inés lenéz Iphygenia pharmacia escryptorio ¢ saudades que eu tenho da minha casa paterna tao terna minha ncia Freud psicanalise Freud explica porque Freud explica tudo a psicanalise ¢ a metatisica do inferno a psicanalise é o inferno da metafisica o inferno é a metafisica da psicanalise o inferno é a psica- nalise da metatisica minhocas metatisicas pulverizadas com Gesarol- 83 0 creme das multidses cantando os ultimos excessos da tempora- da critica que tem em Bioténico Fontoura 0 seu inais licimo repre- sentante qual por ordem de el rey Miguelim das Merunas de satote e coiote nas regises misteriosas da selva amazonense decreta na fo ma da lei abrir paragrafo minhas emogées sem gramatica meus pen- samentos sem dicionério minha loucura sem cura minha poesia sem po minha vida sempre ida minha dor sem cor meu amor sem flor minha esperanga ranga minha danga cansa minha lembranca balan- sa vem minha pajem minha miragem minha bobagem minha cora- gem minha fé nos altos intestinos da patria amada idolatrada salve salve porque uns fede mais e outros fede menos a f¢ fecunda a fé (..) PARA! stop, quieto, assim, imovel, isso, devagar, comesar tudo de novo, domingo, cite horas, quase, quinze pras oito, ainda da terapo, vou? néo foi para isso que fiz a barba e pus a rou pa? cinema, encontrar os amigos no bar, vocé esté calado, por que vocé esté calado? porque j falei cormgo tudo que tinha para falar com 0s outros € agora néo tenho mais nada para falar nem com os outros nem comigo, Nietzsche dizia que trata-se da gente devorar © préprio coragéo ou de deixar que 0s outros 0 devorem, sinto muito, meus amigos, mas jé devorei o meu, estava com fome, vocés me dei- xaram com fome, nio mataram minha fome, devorei-me para nao morrer de fore, e agora morro de fastio, de nausea, néo, nao vou sair, pra qué? fiz a barba, pus roupa, mas nao vou, néo quero, ndo quero me encontrar com os outros, nao quero falar nko quero ouvir Nio quero conversar com ninguém, quero ficar aqui sentado sozinho, quero apenas 1850, quero ficar aqui sentado sozinho, No bar, Rio de Janeiro: Edigées Bloch. 1968, p.119-21 Koch e Travaglia (1993, p.29) citam 0 exemplo de um texto aque apresenta coesio, mas nao apresenta coeréncia, nao forman. go um texto com uma umidade de sentido: O gato comeu o peixe que meu pai pescou. O peure era grande. Meu pai é alto. Eu gosto do meu pai. Minha mée também gosta. O gato ébranco. Tenho muitas roupas brancas. Andlises como essas trouxeram evidéncias de que acoerén- cia permite estabelecer relagSes entre as frases, tornando-se Coracteristica fundamental de um texto. HA textos incoerentes? ‘Se tomarmos como base o princfpio de que texto coerente é aquele que faz sentido para os usuarios, temos necessariamentea incorporagéo de elementos cognitivos e pragmaticos ao estudo da coeréncia textual. As posig6es sobre a existéncia (ou néo) de tex- tos incoerentes so Variadas. Para alguns, como Beaugrande e Dressler (1981), texto incoerente é aquele em que o receptor néo consegue descobrir 0 sentido, seja pela discrepancia entre os co- 8 U nhecimentos ativados, seja pela inadequacao entre esses conhe- cimentos € 0 Seu universo cognitivo. Em outras palavras, texto coerente 6 0 que “faz sentido” para seus receptores. Do mesmo modo, Marcuschi (1983) afirma explicitamente a existéncia de tex- tos incoerentes. Em contraponto, Charolles (1987 apud KOCH; ‘TRAVAGLIA, 1993) afirma que todo texto tem certo grau de coe- réncia, cujo resultado s6 depende da capacidade de atribuigao de sentido pelo receptor do texto. Toma como exemploocasode tex- tos literrios que se mostram & primeira vista como incoerentes, mas que sao coerentes em uma segunda leitura (KOCH; ‘TRAVAGLIA, 1993). Afinal, ha textos incoerentes? Todas essas discussées levam-nos a defender a posigao de que ndo existe 0 texto incoerente em si, mas que 0 texto pode ser incoerente em/para determinada situagao comunicativa, Assim, sera bom 0 texto quando o produtor souber adequé-lo a situacao, Jevando em conta a inteng&o comunicativa, objetivos, destinata- ‘nos, outros elementos da situagao de comunicagao em que é pro- duzido, uso dos recursos lingiifsticos ete. Por tudo isso, ao dizer que um texto € incoerente, temos de especificar as condicées de incoeréneia, porque sempre alguém poder projetar um uso em que ele nao seja incoerente. Esses fatos tém implicagées no ensi- no de produgao e também de compreensao de textos. Todavia, importa ressaltar que o mau uso dos elementos lingufsticos e es- truturais pode criar incoeréncia, normalmente em nivel local. Se o produtor de um texto violar em alto grau o uso desses elemen- +408, seu receptor nao conseguir estabelecer o seu sentido e o tex- toseria teoricamente incoerente em sipor uma questo de extre- ‘mo mau uso do cédigo linguistico (KOCH; TRAVAGLIA, 1993). Fatores que estabelecem a coeréncia textual ‘Acoeréncia se estabelece através de uma multiplicidade de fatores que afetam o(s) sentido(s) possivel(is) em um texto. Con- sideramos que a coeréncia é um principio de interpretabilidade }e 53 do texto; consequent mente, tudo © que afeta essa interpreta sao tem relagao com o: fatores de estabelecimento da coerén cia. Nessa perspectiva, a coeréncia depende: 2) de elementos lingutsticos (seu conhecimento e uso); b) do conhecimento de mundo, bem como do gran em que esse conhecimento @ partithado pelo(s) produtor(es) « Feceptor(es) do texto; ©) de fatores pragméticos e interacionais Os fatores referidos, obviamente, estao rela siese jonados entre higam a outros, tais como a informatividade, situacionali. dade, nteneionahidade, aceitabilidade, entre outros, que very expheitados nas segoes seguintes. Conhecimento lingitistico O significado de um texto nao supse somente © conheci- mento das palavras ou da sintaxe, embora esse seja um conheci- mento imprescindivel para o estabelecimento da coeréncia. O sigmficado de um texto depende também de nosso conhecimen- to de mundo e de fatores pragmaticos. As marcas linguisticas de um texto - ou Seja, os elementos que vio constituir a estrutura superficial lingifstica do texto eo modo como esses elementos estao encadeados - s40 determina- dos pela coeréncia, Klas fornecem pistas para o estabelecimento do sentido, da coeréncia, desde que haja relagao dessas marcas linguisticas com © conhecimento de mundo e com 0 conheci- mento pragmatico do leitor. Conhecimento de mundo O conhecimento lingillstico é imprescindivel para o célculo da coeréncia. No entanto, 0 estabelecimento do sentido de um | | | texto depende também do conhecimento de mundo dos seus usu- conhecimento fornece aos usudrios os seguin- grios, porque es tes elementos: -aconstrugdode um mundo textual. A esse mundo se ligam crencas sobre mundos pos- stveis na concepedo dos usudrios, 0 que passa pelo modo coma o receptor vé o tex- to; ele esté falando de um mundo real? De ficcao? Etc. Isto influencia decisivamente se 0 leitor vat ver o texto como coerente ou incoerente. Além disso, para haver compre- ensao € preciso que 0 mundo textual do emissor e do receptor tenham um certo grau de similaridade. [...] -relacionamento de elementos do texto (fra- ses, partes do texto), aparentemente sem relagdo, através de inferéncias; - estabelecimento da continuidade de sen- ido, através do conhecimento ativado pe- las expressdes do texto na forma de con- ceitos e modelos cognitivos; ~aconstrugao da macroestrutura. (KOCH; TRAVAGLIA, 1993, p.60-1) Conhecimento de mundo é 0 “arquivo” que temos em nos- sa meméria, compilado em forma de diciondrio enciclopédico do mundo e da cultura a que temos acesso. Varios estudos tra- tam da meméria, classificando-a em meméria seméntica e episédica ou em memsria de longo termo (ou permanente), de médio termo (ou operacional) e de curto termo (ou tempordria). i i O conhecimento de mundo cia cotidiana ou cientifica,em e/ou pesquisa. Pode ser resultado da experién. que 0 usuario interage com textos O texto a seguir exemplifica esse t6pico. ae O arquivo Victor Giudice No fim de um ano de trabalho, Joio obteve uma reducao de quinze por cento em seus vencimentos. ‘Joao era moco. Aquele era seu primeiro emprego. Nao se mos- trou orgulhose, embora tenha sido um dos poucos contemplados. Afinal, esforcara-se. Néo tivera uma sé falta ou atraso. Limitou-se a sorrir, a agradecer ao chefe. No dia seguinte, mudou-se para um quarto mais distante do cen- tro da cidade. Com 0 salario reduzido, podia pagar um aluguel menor. Passou a tomar duas condugées para chegar ao trabalho. No entanto, estava satisfeito. Acordava mais cedo, e isto parecia au- mentar-ihe a disposigao. Dois anos mais tarde, veio outra recompensa. O chefe chamou-lhe e Ihe comunicou o segundo corte salarial. Desta vez, a empresa atravessava um perfodo excelente, A re- dugéo foi um pouco maior: dezessete por cento. Novos sorrisos, novos agradecimentos, nova mudana. Agora, Jofo acordava as cinco da manha. Esperava trés con- dugées. Em compensagéo,-comia menos. Ficou mais esbelto. Sua pele tornou-se menos rosada: O contentamento aumentou. Prosseguiu a luta. Porém, nos quatro anos seguintes, nada de extraordinério acon- teceu. $< Jo&o preocupava-se. Perdia o sono, envenenado em intrigas de colegas invejosos. Odiava-os. Torturava-se com a incompreensio do chefe. Mas nao desistia. Passou a trabalhar mais duas horas diérias, Uma tarde, quase ao fim do expediente, foi chamado ao escri- trio principal Respirou descompassado. Seu Joao. Nossa firma tem uma grande divida com o senhor. Joao baixou a cabega em sinal de modésti — Sabemos de todos os seus esforgos. E nosso desejo dar-the uma prova substancial de nosso reconhecimento. O coracao parava ~Além de uma redugdo de dezesseis por cento em seu ordena- do, resolvemos, na reuniao de ontem, rebaixé-lo de posto. A revelacao deslumbrou-o. Todes sorriam. ~ De hoje em diante, o senhor passar4 a auxiliar de contabili- dade, com menos cinco dias de férias. Contente? Radiante, Jodo gaguejou alguma coisa ininteligivel, cumprimen- tou a diretoria, voltou ao trabalho. Nesta noite, Joao nao pensou em nada. Dormiu pacifico no si- encio do subsrbio. Mais uma vez, mudou-se. Finalmente, deixara de jantar. O al- mogo reduzira-se a um sanduiche. Emagrecia, sentia-se mais leve, ‘mais égil. Nao havia necessidade de muita roupa. Eliminara certas despesas intteis, lavanderia, penséo. Chegava em casa as onze da noite, levantave-se as trés da ma- drugada, Esfarelava-se num trem e dois énibus para garantir meia hora de antecedéncia. ‘Avvida foi pasando, com novos prémios. ‘Aos sessenta anos, 0 ordenado equivalia a dois por cento do 56 mt nm ST vtotal On gatiin Veava alguna tate al aston geo yul waite Aryenee Fetlencuiton, cali tn ne He vue wstgute ae Hac eatin Goma vistonten: O oun po era nun monte de nuytes Votan oe ties, wn cumututide tranmportaveee ao trabalbe Quanto conmpletou quarenta monte perviguy fal eanoead whet eu Joao O sentir acaba te tor nour saldsio eliminate, Nao Travers unain farts, 1 xine Hunde, a partite armaniba, nova a de haw yeast ate thanan NaQUtAL son CO crate nee commprintiy xe, Do athe anuattelacks neo Anguunte (rnwe A bow homer mas nate dine $ Witiny, aint Gortos as olyetivon, Tentoee sor sae Agravtege nbs que feerany ene meu benef, Mas ay vequerer nina qysonenitaiorta O vhefe nay compreentow Mas neu daa, lage agonit que « senbor ent stesassabariarky” Vv and? Denti ale alguns meres fora de pagar Lava vowel pat mr muanerer entnomen quuadian Despezat tial tse? Guarentee dle connvivwe! O sentir atlanta forte, Que achat? A omwogae inpedtin qualquer responta Joao atastou ne Olabio nuieho ae extendeu A pele enn eceu, Aoorlaa A eatatina regtoatin, A cabega trundi ae cong As fo Slosurniuatntzatant se, plantas, conpactas, Nos ladles, hava das ates as, totnontne cineentt Jody transformon se an anguive de metal Sov Lane My CARVALHO, Sergio W de. Comprrensio ¢ © 0 conhocimento dein ienato dha coe Gaeta, pare i jgiinwor o receptor ten de ter conh imadin: one aproximagho vai conntiluar O conkecimento parti Thudo entre on unudrios, 6 qual pode deter trutura imento partilhado sério para o enabeleci texto, No entanto, ido aproxi- ndo 6 nece informacional do Lexto. inter- relay no dexenvolvi almente infortmagio quo nao é recuperdvel no texto i aquola que pode ser recuperdvel. cias narrativas, pode-se pereeber muito facilmen- | toa ump sentido, Por exempl 1 ilo conheeimento partuhade para o célculo do qudneia de tira vitor saiba que Caseéo tem alergia a ban! »aixo é imprescin- > para | reo". i alivel qu entender ee, my 7 Zera Hora, 20 jul 2005. W, tambem, o que implica fazer acupuntura, tratar-se {erapenticamente desta forma, Dai o comentario do acupunturista 0 caso muito serio extge, pois, o Use de Mmutas agulhas! aponta no" W AVISH QUE 0 SED CASO ERA pawtegte ade tents Hetrgpolts, RI Vor MOrrO sinc Zero Hora, 20 jul. 2005. Inferéncias A inferéncia € um outro fator importante para o estabeleci- mento da coeréncia de um texto, vinculando-se a conhecimento de mundo e a conhecimento partilhado, Entende-se porinferéncia © conhecimento mobilizade para estabelecer uma relagao entre elementos linguiisticos nao explicitos no texto. As inferéncias so consideradas operagdes necessérias para preencher as lacunas do mundo textual. Nesse sentido, elas podem resolver os proble- mas de continuidade de sentido em determinados textos. Exemplos: a) Teresa tem a carteira profissional assinada. (Inferéncia: Teresa trabalha!) b) Joao comprou um Gol. (Jodo comprou um carro) c) Maria parou de fumar. (Maria fumava antes) “Psth RADA ARcA ‘Zero Hora, 20 jul, 2005, Conforme a tira acima, Radicci est, como os telefones ce- lulares, fora da érea de cobertura ou temporariamente desliga- do. Isto é, a pessoa que quer falar com ele vai ter de esperar, pois Radicci nao pode atender no. momento. Fatores pragmaticos Fatores pragmiticos j4 foram citados diversas vezes neste © U artigo, pois sao relevantes no estabelecimento da coeréncia tex- tual. Os fatores pragméticos incluem “atos de fala, contextos de situagao, interagio e interlocugao, forga ilocucionéria, intengéo comunicativa, caracteristicas e crengas do produtor e recebe- dor do texto ete," (KOCH; TRAVAGLIA, 1993, p.74). Situacionalidade Relacionada a questo pragmatica, temos a situacionalidade, que se refere ao conjunto de fatores que tornam um texto rele- vante para uma determinada situacdo de comunicagéo. Bastos (1985) assegura que a coeréncia se estabelece pelo nivel de inser- qo do texto numa determinada situagéo de comunicagéo. Assim, alguns textos considerados incoerentes podem perfeitamente fa- zer sentido desde que sejam relacionados a uma situagéo X. Intencionalidade e situacionalidade A intencionalidade parte do emissor no sentido de apresen- tar uma determinada manifestacdo lingafstica, mas necessita da aceitabilidade do(s) receptor(es) para que se efetive e se consti- tua um texto. Intencionalidade e aceitabilidade podem ser to- madas em dois sentidos: restrito e amplo, conforme Koch e ‘Travaglia (1993, p.80): Emsentido restrito, a intencionalidade tra- ta “da intencdodo emissor de produzir uma, manifestacao lingiistica coesiva e coeren- te, ainda que essa intencdo nem sempre se realize integralmente, podendo mesmo ocor- rer casos em que o emissor afroura deliberadamente a coeréncia com o intuito u 6 de produzir efeitos especificos”. Exemplo destes iltimos seria uma situagao em que 0 falante produzisse um texto desconezo para assar a impressdo de que esté bébado, lou- 0 ou desmemoriado. Jé aceitabilicade diz respeito d atitude dos receptores “de acei- tarem a manifestagdo lingiiistica como um texto coesivo e coerente, que tenha para eles alguma utilidade ow relevéncia”. Em sentido amplo, “a intencionalidade abrange todas as maneiras como os emis- sores usam textos para perseguir e reali- zar suas intengées comunicativas”, en- quanto a aceitabilidade “inclui a cceita- 60 como disposicao ativa de participar de um discurso e compartilhar um propésito” comunicativo. Bm sentido amplo, essas das nogées tém a ver com 0 que se vem chamando, na literatura lingiitstica, de argumentatividade. Subjacente aos aspec- tos cognitivos do uso lingustico, existe uma atividade basica: a argumentacéo. E atra- vés dessa atividade que 0s conhecimentos séo selecionados e estruturados em texto, Intencionalidade e aceitabilidade séo duas faces que impli- cam 0 princfpio de cooperagao entre os interlocutores. Informatividade | A informatividade contribui para que o nivel informacional contido no texto seja previsivel ou imprevisivel. Nesse sentido, um texto pode ser menos informativo (quando a informacao for 0 (quando a informagae for te que haja suficiéncia de da- utiidade. previsivel) ou mais informativ jmprevistvel). Torna-se importante gos para uma determinada informacao ter Vejamos os classificados 1 ¢ 2 a seguir e 0 texto “Chinelos”, logo abaixo. Vendas 1 ‘Vendo um carro em étimo estado de conservacao. ‘Vendas 2 ‘Vendo urn Corsa, 2002, prata, R$ 12,000,00, étimo estado. Tra- tar fone 4958321 com Rose. Zero Hora, 18 maio 2001 Chegando & cidade vizinha, onde deveria dirigir uma escola, 0 professor se deu conta de que esquecera os chinelos. Escreveu & mulher nos seguintes termos: ~ Manda-me pelo portador 05 teus chinelos. Escrevo “teus” porque se pusesse “meus” tu lerias “meus” e mandarias os “teus” chinelos. De que me adiantariam os teus chinelos? Por isso eserevo claramente teus chinelos para que leias teus chinelos e mandes os Eden ao diva - Humor judaico, Shalom, 1990. In: Zero Hora, 18 mar. 2001. Focalizacao A focalizacéo tem estreita relagao com a questao do conhe- cimento de mundo e do conhecimento partilhado, e um dos fa- tores que podem determinar certa focalizacdo no texto 60 inte. Tesse © a histéria das pessoas. Um exemplo de focalizagao seria uma novela que tematizasse a questo do aborto, tendo um per- sonagem religioso, um advogado ou um psicélogo. 0 religioso Poderia focainzar a questao moral; advogado aquestao legal e © psicélogo 0s problemas emocionais do aborto. Intertextualidade Intertextualidade € o modo como um texto se relaciona com outros textos tornando, muitas vezes, esse texto dependente do conhecimento de outros textos existentes. Sem o conhecimento prévio de outros textos, 0 leitor freqitentemente néo consegue atribuir sentido ao que Ié. Os textos a seguir ~ “a formiga boa” e “a formiga ma” ~ estabelecem intertextualidade com a fébula “A. cigarra e a formiga’. Accigarra e as formigas Monteiro Lobato I-A formiga boa » _ Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé dum formigueiro. $6 parava quando cansadinha; e seu divertimen- to entéo era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas. Mas 0 bom tempo efinal passou ¢ vieram as chuvas. Os ani- sais todos, arrepiados, passavam.o dia cochilando nas tocas, A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguérn. Manquitolando, com uma asa a arrastar, 1é se dirigiu para 0 formigueiro, Bateu - tique, tique, tique.. Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina. ~ Que quer? ~ perguntou, examinando a triste mendiga sujade Jama e a tossir. —Venho em busca de agasalho. © mau tempo nao cessa ¢ eu ‘A formiga olhou-a de alto a baixo. —E que fez durante o bom tempo, que néo construiu sua casa? Apobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse. ~ Bu cantava, bem sabe. = Ahi... exelamou a formiga recordanco-se. Era vocé entéo quem cantava nessa érvore enquanto nés labatévamos para encher as tulhas? —Isso mesmo, era eu... — Pojs entre, amiguinhal Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos dis- trafa ealiviavao trabalho. Dizfamos sempre: que felicidade ter como vizinha téo gentil cantoral Entre, amiga, que aqui teré cama e mesa durante todo o mau tempo. A cigarra entrou, sarou-da tosse e voltou a ser alegre cantora dos dias de sol. I-A formiga ma Jé honve, entretanto, uma formiga mé cue néo soube compre- ender a cigarra e com dureza a repeliu de sua porta. Foi isso na Europa, em pleno inverno, quando a neve recobria ‘0 mundo com o seu cruel manto de gelo. i sem parar 0 estio ‘A cigarra, como de costume, havia cantado sem parar 0 es inteiro, e 0 inverno veio encontré-la desprovida de tudo, sem casa ‘onde abrigar-se, nem folhinhas que comesse. wv 6 isica de muro o som esiridente daquela cigarre | usa da avareza da formiga. Mas se a usuréria merres- | haja coeréncia, é necessdrio que um texto apresen- de enunciados que possam ser interpretados em tépico discursive. Nesse sentido, “a relevancia nao se ca Lnearmente entre pares de enunciados, mas entre conyuntos de enunciados e um tépico discursive” (KOCH; TRAVACLIA, 1993, p95). Vejamos um exemplo: A €um professor de flosofia recém-formado. Querendo obter eroprego em uma determinada universidade, vai a um de seus anti- 05 professores, B, ¢ pece-lhe que mande uma carta recomendado- © para o emprego a C. 0 diretor da tal universidade. B escreve carta nos sez termos: “A tem excelente caligrafia e até hoje nunca foi preso”. C 1é a carta e conclui que A nio 6 aproveitavel.. ILARI, Rodolfo. Introdugde & seméntica. So Paulo: Contexto, 2001. p.92. texto, pois envolve um process sutores. Tedos 0s fatores re: ma forma, afetam o sentido que ConcLusAo O propésito deste capitulo foi examinar 0 percu a textual, oconceito de texto, os mecanismos que fa tex tam a compreensio de textos, ou seja, a ccesio e a coerénc) tuais. Procuramos mostrar que estudos da LT podem co: forma significativa no ensino da lingua materna, que se refere aos processos de leitura, analise e produgéo textual esse sentido, explicitamos resumidamente a visdo de autores que posevem alguns trabalhos sobre esse tema e algumas das contn- buigdes que a LT forneceu-nos nas ultimas décadas. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS BASTOS, Licia KX. Coesio e coeréncia em narrativas escola- rres eseritas. Campinas, SP: Ed. da Unicamp, 1985. BEAUGRANDE, Robert-Alain de; DRESSLER. Wolfgang U- Introduction to text linguistics. London: Longman. 1381, BROWN, Gilian; YULE, George. Discourse analysis. Cambridge: Cambridge University Press, 1983. CHOMSKY, Noam. Aspects of the theory of syntax. Cambrid; -MIT:Press, 1965. ue FAVERO, Leonor L. Coesio e coeréncia textuais. Sao Paulo, Atica, 2002. FAVERO, Leonor L.; KOCH, Ingedore G. V. Lingiifstica textual: introdugao. Séo Paulo: Cortez, 1983. FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platéo. 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