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Anténio Garcia (Org.) | Estudos de FILOSOFIA | MEDIEVAL Aobra de Raimundo Vier Proféslo do Cordeat . Paulo Evariste Arms ee eee iS sata Boga ISBN 85-936-1000-0, 919.1906 Gora, etl Ar Pol rr 192 Liu caun | te, I Ally Indices para ctélog steric: 1 Fla meal osdentsl 169 iF Peuapote © 1997, Editora Vozes Lida Ru Frei Luis, 100 5689-900 Petropolis, Interet: ip: /nvone com br Bras USF - Universidade Soo Francisco ‘Av. Sa0 Francisco, 218 2900-000 Braganca Paulista, SP Editora de UFPR Rua Amintas de Barros, 333 '80060-200 Curia, PR cv sepa in Mt ISBN 85.326.1803-0 “Src elt, 10 Porat WB Co 28607 900. SS ta ie ar la to ee Sumario Apresentagie: Roimundo Vie Prof. Antonio Garcia. Dez anes depois, 7 Prefécto, 15, Cordeo!D.Poule Evaro Arms 1. A esséncia da lberdade na doutrina de Jodo Duns Beate, 19 2. Da certeza do conhecimento de Deus om Séo Boa: venture, 38 3. Vida @ obra de S. Boaventura, 49 4. A Renascenga: uma pégina gloriose ne histéria do filosofe portuguesa, 70 5. O.ideal boaventuriane da sabedoria cist, 77, 6.Da possibilidade de uma clencia do real em Guilher- me de Ockham, 88 7, Rogério Bacon: sua carer académico-centifica © sou contribute @ recepsto de Aristotales, 97 8. Filosofia no Brasil, 111 9.4 *Navalha de Ockham’, 121 10. Guilherme de Ockham ~ Flbsofo tesloge fran- scone, 135 11. Sdo Boaventura ~ Clencia ef, 160, 12, Sao Francisco o pensamento medieval, 183 13, JoBo Duns Escote, 215 14. Fronescanizme e persenalidede, 238 15, Ockham e os tempos moderas, 256 ‘Apéndice {) Brove nota biogrico, 304 8) Bibiografia de Raimundo Vi APRESENTACAt Roimundo Vier - Dex anos depois He vides que mergulham fundamente em prin pies © volores, de que do permanente exomplo de fidelidade criadora e de que s60 a rigor auténticas explieagses. ‘Assim foi a vide do soudoso mestre Raimundo Vier, que durante mais derinta e cinco anos se devotou ao tentino, & educagdo e & cule. Raimundo Vier & um dos maiores expoentes do pensamentofleséfico bra- Sileiro no século XX. E um educader, um humanista exemplar Socerdotefranciscano dos mais avtetics, profes= sor da Universidade Federal do Porond, onde exerceu (of cargos de vice-diretor do Setor de Ciéncias Huma: ros, Letras e Artes, © diretor do Departamento de Flosofe. Foi 0 principal responsvel pela conversso & 6 catdica do tambem professor da UFPR, Newton Frei- Maia, renomedo centista brasileiro de projesio internacional. Na Universidade Cotdlica do Parans, hoje PUC-PR, dda qual foi professor fundador, ledonoy Lingua @ Uteratura Ingles, Introdugéo a Filosofia, Btica e His- tia do Filosofia, de 1951 0 1966. Em zuma, Frei Raimundo Vier desempenhou ume notavel e fecunda afvidade docente, dando aulas, proferindo conferéncia,orientondo dssertagSes, par Jicipando de congressos © neles apresentond 0 fruto ‘de suas reflonses pessocis Foi ainda um dos fundadores da Sociedade Bro leira de Filgsofes Catélcos e seu vice-presidente pare { Regigo Sul durante uma década, endo apresentade ‘omunicagées relevantes em todos os congress in- ternacionais de filosofia que a entidade realzou: =A esgéncia da liberdade no doutine de Jogo Duns sctol; Da certeza do conhecimento de Devs em S Boaven- =De possible de uma cisncie do reolem Guilher ime de Ockham TTrogério Bacon: sua careira acodémico-lentfica © Seu coniibute 8 recepedo de Artes" Sua produsaefiloséficaabrange trabalhos publico dos om diversas revistos: Presence Flossie, Revista de Culture Vozes, Vida Franciscana, A Ordem, Humanitos, Revista Eclesdstica Brasileira, © na Colagdo Os Pensa doves, al. Vl, Sa0 Pavlo, Ed. Abril Cultural, 1973, ‘Tradutor eximio (inglés, aleméo, latim e grego}, poligotaefigsofe, um dos grandes humanistas de que © Parand tem legtimo orgulho, ao lado de um Bento Munhor do Rocha Neto, da um Euro Brando, de um Joss Wanderley Dias, entre outros Por certo 0 sua obra mes importante & a traducéeo da Histéria da flosofia cris, desde os origans até Nicolay de Cuso, de Ph, Boehner © Etienne Gilson, verso portugueta sobre a 2+ed, lems, de 582 pag nas, editada em 1970, ‘Autor de indmeras resenhas, publicadas na revista Voros ¢ na Revit Eclesidtica Brasileira, Particpou também com dversos verbeles em enc- dopédias e livres, tals como Philosophy in Braz Flo sofia no Brasil, contibuigse & New Catholic Ency- lopedia, da Editora McGraw-Hill Book Co,, Nova lor- ‘que, 1967, vol. 8, Weltanechavung, Realpoli Sturm Und Drang, ete. In: Singulaidades do lingua oem, ed FPR, 1981. Josef Seifert, relatando os trabalhos do Simpéxio {da Academia Iniemacional de Flosofe, realizado em LUechtenstein om 1984, escreve: “€ importante reconhecor aqui a grande riqueza reveloda durante os debates que acontecerom, pare Teles as conferéncias mais signiticativas. Porcipantes de quatorze diferentes paises rouxeram conbibuigbes texctlentes,Talver o debate mais viride tonhe aconte €ide depois da apresentagce do trabalho do professor Bochenski sobre a questoo entre a Wellanschavung © flesofa ne que tange @ fe. A definigéo de Weltans chovung de Bochensk, sem boxe raciona subjacente, (2 proclamagao do fim da flosofia sintlica@ do uma fea de valores livres ~ uma “flosofia analiica” no- Universal reaultou num vive debate. O ponto principal ddesto debate fio reguinte: se qvolqver julgomonto de valor, revindicagéo de verdade, © qualquer tentative do alcangar algume compreenso total do ser 2 da realidade estavam necessariamente ligades @ uma bote iracionel, tel como o professor Bochonshi atribui ‘8 Wellanschawung em contradistingéo @filosofa, como cle sugere om sua afrmatva” Parece-nos oportune agora Wranscrever aqui 0 pri- moroso enscio-verbele de Frei Raimundo Vier que veio G lume no livre Singulordades da lingue ole, publi= ado elgum tempo antes do su folecimento: ‘Wellanschovung: Composto do Welt, mundo, © Anschouung, infuigdo, contemplagse, concepsbo. Si- rnonimos: Wellzchou, Wellansict, Welsch, Concopsao ‘do mundo, mundividéncia, cosmovisdo. O term, id ‘emprogode por Immaniel Kant (1724-1804), genero- Trouste desde a primeira metade do seculo XX. Em vista da riquera do seu significado © das mtiplos Conotogées que se Ihe asrociaram, néo possui equiva Tonle em outros idiomas, zo pela qual se costuma CGtalo om alamo mesmo. Das tentativas de traducbo para © portugués, 0 fermo cosmovisdo parece ser © mnenes feliz, dado o sentido restrto de cosmos, tradi- Gonalmente emproged pare designar o univers fisi- 2 ov vsivel, Assim sendo, a polovra cosmovisdo cor fesponde antes oo que os elomées chamam de Welt. Dild, imagem do mundo, i. 6, a representagdo que os homens se fazer do universo como um sistema bem rdanede », em expecial, de sua estrutura astral, Tal \tmogem pode ser mois ou menos ingénua ov primitive (p. ex, a representagdo de mundo como enorme fen- do, ov moradla, endo a ferra como assoalho e o céu como tote) ou, entéo, produto de acurado trabalho Sontfica tl como. sistema astronémico dePlolomeu, {endo como centr a Terra, ov 9 sistema copernicane, hie contr 6 0 Sol). Por Weltanschauung entende-se algo muito mais brangente, mais origingrio fundamental isso por. {que cla ince, para olém de uma imagem de mundo {sico, toda ume concepgde da vide humana e do seu 10 sentido, no interior desse mundo, ov mesmo para cm dele, Uma Wellanschavung 6, pos, ao mesmo tempo, ‘me Lebensenschavung, uma concepgae da vida Concepg6es do mundo deparamo-las em todos os tempos © em fodor of poves, tenhom ou néo uma imogem centfea do universo ov uma flosofic, no sentido téenico do termo, E que eles nascem, pore: dizer, da propria nalureza do homem coma ser dotedo dd espiitoe, portanto, da capacidade de conhecer 0 ‘mundo em qua vie, no apenas em funcée de sues preciséesfisicas ou biolégieas, come também, e sobre- ido, em fungao dat suas optideese exigéncios espri- fuels e omocionals, Na verdade, aimensa maior dos homens néo sente a necersidede de uma filosfio entific, nam de um conhecimento centifico do mun: ‘do. Mat todo homem porsuieprofessa— com palavras fu sem elas - uma Wel: und Lebensanschovung, uma Visdo do mondo ¢ da vida, E é rolaivamente focl Sescobri-a, alas do seu modo de ser © agi, pe coisar que admire ov detest, pala linguogem que Uiliza, pelos livros ou jomais que ls, pelas omizodes {que cul, pelos hersis que venera os vilbes que ‘borrece, fm sumo, no comportamento concrete de ‘Uma pessoa revela-se 0 que ola pensa e sone, om (geral a rexpeito dar coisas, dos acontecimentos, dos omens, de sentido da vido, tc. 6 com base nesse mad globe de julgar, de ogire reage as cosas © 00s fcontecimentos que costumamos attbuir és pessoas {come também a grupos intros ov comunidodes de [pessoas] uma Weltonschouung espiitvalste ov mate Falist, idoalista ou realist, ofimista ov pessimist, feligiote ov irrligiora, oc. €, por outro lado, as nossas Felagées com as pestoos serdo determinades, em boa porte, pelar nosso afnidades ou diferengas em mats Fig’ de Welt und Lebensanschavung. 0 que bem ‘xprimia GK. Chesterton ao declarer que para ume: dona de pensto # muito mais importante estar infor tmode sobre a Welaschavung dese locatrie do que {bre a sue sivegte financsra ©, pora um general, & trols importante conhecer]@ Welrschouung do que © omero dos us rimigo®” 'Na érea do pensamanto luso-brasileiro pd Rt rund Vier une ver mais demonsrr sua iwugar Culture, destecando sempre um Pedro da Fonseca {1526-1599 que pendou por a verter escofist, tim loo de Sato emer (1589-1847), eminentodo- ttinicne portgués considerodo no consenso uni ‘Reon Hitorodors enve er mores omar do poco; um Pere span, que chegou oo ron pe feo com o nome de Jobo 20, fésofe e medica, Eonhecdo coma im dor mores Iegiees da Idode dios esobrtudo ume verdadeira eal de pews ‘lores Francscanosiiderados pao combative oominen {oFroncece Moved, que lstrou a caedrade Flos inclusive nos Univeridodes do Roma e de Polvo Tradutor exim A tradugto da obra eléssiea de BoehnerGilson sobre 1 filosofia medieval foi ouspiiosa pois veio preencher uma lacune da bibliografa de lingua port ues, qual soja, @ aussncia de um fete alvalizado © {edequado ao ensino de pensemento medieval. Nao se rele todevie de um manval elementor, assume as ddimensges da obra cenifiea especialzada, nbo ape- has pele volume como pela qualidade. Mos apesar de Suascaraceristicae de fratado, 6 vazada numa lingua ‘gem claraelimpida,volorizada pla raducdo do lustre redieviste Dr Raimundo Vier, om dos raros especais- {os brasileiros sobre o periods, Frei Reimundo Vier traduxi ainda Immanuel Kant {ecigao binge), Petropolis, Vozes, 1974; Mestre Eek- 2 hart A mistca de sere de ndo er; Jodo Duns Escoto ~ Pode-se provar a existéncia de Deus? (introducto, tradugoo.e nota}; Colegdo Os Ponsadores, vol. Vil, S40 Paulo, Ed. Abil ultra, 1973. Reimundo Vier, ilésofo,psicslogo, educador,teS- ogo, poliglote, humanista, # um dos moiores expoen- {es om filosofia medieval, além de especialista em Patio Aristételes, Nascou 008 19 de novembre de 1919, om Luzerne, municipio de Joogabo, Santa Caterina, Admitide na ‘Order Franciseana, em 1937, tomou as ordans ne dia 28 de novembro de 1953, Becharelou-seem Ciéncias Medieves pelo Instituto de Estudos Modievais,fllado & Universidade de Man- freal, Canad, Possu!o titulo de Master of Ars pela Universidade de Soint Bonaventure de Nove lorque © ‘de Dovtor em Filosofia apée a defesa do tere Eviden- {2 and ts Fundions according to John Duns Scotus que fei publicade em Nova lorque, no ano de 1951 Enre 0: seus numerosos estudos publcades, des- facam-se: "Ockham o 05 lempos modemes" (1954), "0 problema de indugio segundo Jogo Duns Excoto” (1954), “Philosophy in Braz 1967)" [Na revista Vazes e na Revista Eclesstica Brasileira ceparecam numerosas apreciagées bibliograficas assi- rradas por 1H 10 anos, FreiReimunde aleceu em Curitiba, dia V4 do ogosto de 1986, Tae pt 1 oe Sra, Ppl, ey, 954 {rant Ao 3, Cte, UCP, 158 1a © prefacio néo poderia ter melhor autor de que o confrade de Frei Reimundo, Sua Eminéneia © Cardeal do Séo Paulo, Dom Paulo Evarsto Ams; como bispo @ cardeal da cidade de Sé0 Pavio, empliow sua obra de ‘eminente intelectual» pastor, que jé exercia nes anos anteriores, como simples frade menor. Através destos dois nomes, Cordeal Ams Frei Raimundo, © penta: mento @ 0 rosto de Séo Francisco ¢ dos Froncscanes 52 tornou mais brlhante no Brasil Prof Antnio Garcia Rio, 15 de agosto de 1786 “ PREFACIO Este vo se destina a um péblico ainda nd fami- liarigado com a vida ea obra de um grande filesofo 6 ‘educador brosileira do sco XX ‘Temos em mira especialmente a jwventude que nos Lnversidedes se prepare para patiipar da vida sod cferecendo-the uma selegao dos melhores trabelhos do saudoso Frei Raimundo Vier Professor de Filosofia na Universidade Federal do Ferané @ na Pontificia Universidade Catélica de Para- 1g, durante longos anes, era um verdadeire meso, de grande copacidede pedagégieaeciontfice,exprto ebero, integre, notavel eloguéncia didatica, simple. dode © erudigao, que seduziam os elunos. Muitos dos seus discpulos foram se destacando no ‘motistrio superior e alguns tornaram-seflésoos de- renome nacional, entre outros, Ubiraton Borges de Macedo, jé autor de vérias obras sabre floscha © pallice, © professor de mestrado.e dovtorado em duas Universidades do Rio de Janeiro Frei Raimundo Vier era conhecedor profunde da filosofia groga © da flosofia medieval, especilmente dos obras de Guilherme de Ockham, 1 Duns Esco, Rogério Bacon e Séo Boaventura, Mas, como bom professor de Histéria da Filosofia, conhecia todes ar correntes filossficase todos os autores do século XIKe do séeulo XX Asa fecunda produgdo filosfica —toses, comuni- cages, ensaios ~ foi send publicada exparsaments, 15 i om revistas especializadas do Rio de Janeiro, Séo Paulo, Curitiba e Petropolis (© presente lvr resulta de ume investigacto per sistonte do professor AntSnio Gatcia, membro ftvlar dda Acodemia Brasileira de Ciéncis Mores e Poticos do Rio de Janeiro, ¢ amigo pessoal de Frei Raimundo, Edessa perquiea fez surgr uma das figuros exponer dais do pensamento ssfico brasileiro, ‘Alvalmente, a figura de Guilherme de Ockham & do seu movimento conhecem ume eerta reablitocéo. Dovemes reconhecer que 0 ackhamismo, no émbito dos suas lendéncios mois acentuadas, enfrou na his fia do pensomento, & qual levou perspectvas muito Fecundas. Todos os campos de saber senfram a sua presenga 6, afuclmenta, 6 a epecuiagso sabre a lin= [Buagem que o tora referénciafrequente Jodo Duns Excote gozou de muito prestigio © avto- sidede no Universidade de Paris; insereveu-se no his- {ria do pensamento floséfico em termes do "es- fotismo”, 'e orte conslitiu-se por vezes em “escola tscolisto" lias enquadrada dentro da prépria “escola franciscona”. © excofisme, movimento filoséico de contecdo muito denso, opresenta coordenodas de um mundo inamic, vatiade, movimentonda-se na histéria, um mundo, real, mas posivel de outras relidades. Néo, por exemple, 0 mundo da Fisica de Aristteles, mas © Se cultura erst, Nos seus tests, Frei Raimundo Vier ppromove um regresso segure @ sua obra genvina [Nao faltam teres excoistas que prenunciam mo- dornidade, como 0 valor do individu, a infinitude, @ Supremacia da vontade, 0 personalism.. Tudo isto & possivel respigar na su0flosofia, tendo, porém, como lasireinconfundivel a melaisica, que 6 exatomente a lacuna da modernidade. 6 Raimundo, a educagdo & um humenism: © groporonance a le nom por ntreza, nem poses nom por aloe bid, fondam.10;1: Vp. %. Como s0 v4 9 prove pla experince intro, por imesiatavindubiterel que sea, no mplice «riven Gos, rule mince, iertieago da elma com Sea“ho mesmo tmpo em que efrma presens ov Pransncis do Devs & elma, Booventura fsa 500 atin anscendincia sino , foro efogo ser ook Segunda e tercelra vies ‘A segunda via - ou, mis exctamente, 0 segundo cestagio do cominho ~ que nos conduz ® existéncia ‘ndubitével de Deus 6 0 que passa pelo mundo ciado: “lode verdade que ¢ prociemada por toda crictura & verdade indubitvel; mas toda erature prociama que Dour existe; logo” (a easléncia de Deus uma verdade indubitavel: ibid, fondam. 10; 1, p. 4). “Que toda cratura proclama a exstencia de Dous 0 demonsira(estandiir) por dez propriededes © 3y- posighes evidentes” (ibid), que carocerizam a propria Exsencia ontolégica de toda criatura, sem excecéo, Code uma destos dez propriedades figura como @ pameira parte de uma consequencia ou ilagoo, na qual 2 50 infere, imediatamente, o correlative da referida propriedade: "Siest ens pesterivs est ons privs.; sist fneab alo, ext sens non ab aio. i ert ene possibile, test one necessarium..:si est ens diminutum sive secun- ddum quid, est ons simpliiter..; si est ens propter aud, fest ens propter se ipsum. si est ens per paticipaio ‘nem, et ens per exsentiam... est ens in polenta, est ‘sin acu. seat ens compositum, esters simplex; Feat ens mutobile, est ons immutabile. (bid, 11:20;1.\,p. 462) Por outs palaveas:"o que dencta defeito, participagio, derivagse, limitacéo, potencia dade, composigao..., ndo tom om sia sua razéo de se; Se, néo obstonte, & ou erie, neceesério se toma: ‘ditt a existencia de um ser que ena em sie por si plenitude do sere da pereigdo. Um al zor nfo pode ter sendo Devs" (G. Bonofede, Il pensiea francescano hel seco Xl, Palermo, 1952, p. 3103). "Logo, sogu te necottariamente que a eistencia de Dous 6 uma verdade indubitavel” (De myst. Tin. q. 1,9. 1,fondam, 20;1.V,p. 47}. Convérm notar que, para Boaventura, este racioc- rio, embora parega ser a posterior, na verdade nao o 4; ou, pelo manes, ndo 6 puramente a posterior. 18 tivemos ecasiéo de observar que, no sistema booven: turiano, @ argumentagae o partir da realidade sensivel no reveste umvalorauténamo. Com efeio, seonosso tespitito 6 capar de leverse de visivel ao invisivel, do Serpor outra a0 ser por fc, isto se deve 20 fato do {étrazermos em nés,anteriormente atoda axperisncia, { idéia de um fol ser. Em outros formas, 8 sempre ‘través da alma que nos elevamos @ Deus, mesmo ‘quando partimos da realidade sensivel E, Finalmente, 8. aventura mostra a indubitabil ode do existéncia de Deve mediante 0 argumento de 5. Anselmo. Com efit, “toda verdade que été certo que.o seu opesto ndo pode pentar-2e, & uma verdeds ry indubitavel; mas o existincia de Deus ¢ uma verdade deste género; logo” (a exsténcia de Deus ¢ uma verdade indubitovel; ibid, Fundam. 20; + ¥, p. 47) ‘Também este argumento néo deve ser visto inde- pendente ov itoledamente de todo 0 modo de pensor de 5, Boaventura. Se 0 nogée de Deus 6 inato, ent6o 0 célebre orgumento assume um sentido novo, Com tito, dizer que temos uma nogso de Deus 6 admitr com S. Agostinho a presenga da mesma Verdade & ‘nossa mente. Tanto astimque "nenhuma verdade pode {er contomplada senéo por meio da verdade primeira; mat a verdade pela qual toda outraverdade & contem- lode a verdode indubitével (ou certa) em grau maximo; logo, a existéncla de Deus no s6 6 uma ‘erdade cert, sendo que nenhuma ovire mois erta pode pensor-se; logo, 6 uma verdode de fal notureza fue ndo é possivel pensar que néo ej (bid, fundam. 25;4.V p. 47}. ‘Ao mesmo resultado nos conduz a anélise de con- ceito de Devs; Dovs 6 0 proprio tr, ser em sentido Torte, ov ser existente: “Cum dies, Deum esse, esse dictum de Deo es idem omnimo quod Devs, quia Deus fect ipsum esse suum: ergo nulla (propositc)veror ef tvidenfior es lla, qua dicitur Deum esse": “Quando digo que Deus existe, 2 eisténcia que de Deus se predica 8 identica @ Devs, porque Devs 6 sua proprio txstencia; logo, nenhuma proporigo é mois verdadei- fae evidente do que oquela em que se diz que Devs tzt; logo, ninguém pede pensar que soja fsa, nem coloct-la em divide" (bid, fundor. 28; V,p. 48). Se, em Boaventura, a segunda via (pees criaturas) perde’o tou cardter puramente apesteriorsico, © or ‘Gemento antelmiano perde o seu earéler puramer Oprioristic que (pelo menos na aperéncia) 0 vciare no Proslogion. Com efeito, como observa Bochner (History of the Franciscan Scheel, pro ms: St. Bonaventure, 44 Nova lorgue, 1947, p. 105), ndo pode haver questéo ‘aqui de um salto ilegtime de uma ordom a outa "Poe canocessidade com que se penta a enstencia deste ser ‘méximo se impée 00 nosto inflaco ("Ie forced upon cur intellect"), ndo sendo, em absolute, uma const fo abstrata de necestidede, Come se mostrou na explanagée da teria da iluminagSo, é no préprio ato de pensor as verdades itimas com carteza, que algo de transcendente a nés mesmos penetra em nozto cto do pensar, regulando-o. O que se provou om relogso {as nogses @princpios supremo, valeigualmente para {2 vordade: Deus exist: Item, quanto vertes est prior tt universlior,fontenetior: quanto mais uma verdade 6 anterior @ mais universal, tanto mais evidente ela 6; ‘mat averdade pela quale diz queoser primeira existe a primeirade todas as verdades, ndo 6 na ealdade, ‘mas também ne conheciment (sil note-se a inverséo do raciocinio anselmianel); logo, necessariament ‘eerlisima ¢evidentssima. Masa verdade dor axiomas ‘4 primeirosconcstos do entendimento& Yao evident por eausa de sve prioridade, que nao é possivel pensar {que no sejam; logo, enum enfendimento pode pensar que néo exista 9 verdade primeira, © nem £2 ‘Quer pésla em divider (bi, Fundam. 27;1., p48) ‘A quem the objeta que, ndo obstante, ha sempre ‘lgum idiota que pensa em seu coragio: Devs nao ‘iste, S. Booventura responde: "tal divide origina-se cde um defeito da raz50, como 6 a do entendimonto, insensato que, abscurecido por suas préprias eva, no 6 capar de efetvar uma redugdo (rescluic) com: Pleta.., nem de compreender intogralmente o signifi ‘ado da palovra Devs, Pois © mesmo entendimento clispée em si de lz sufcient, por sua propria cons ‘uigto, mediante a qual podera liberor-se desta div dda'e soir da insensater” Donde se toque que, nesta ‘considerogéo defetvosa do insensato,o entendimento 45 peca antes voluntariamente do que por coagéo (‘pots Soluntorie deficit quam coocte'), ndo por causa de “lguma defiiencia por parte do objeto conhecid, mas for causa de sua propria deficincia® (ibid, soltio Sbiectorum, a. 11. ¥; p50) Pressupostos intelactuals, moras e relighoses do conhecimento de Deus Esta observagde & preciosa, pois langa um raio de luz sobre o senfide dequela doutrina fundemental do inatismo da nogdo de Deus. Embore primeira por inatureza, néo 8, em absolute, primeira na ordem do ompo. Emibora presente & alma, ela pode permanecer Seale & conscience, Aquela espécie de intvigéo ime- ata « que nos conduz 0 método fenomenclogico-r Gate 6.0 resultado de um trabalho penoso 0 de fnorodo, de um esforgo de inlriorizagdo a que 56 oveas espiios se aubmetem, S, Boaventora chama a EfengBe pera ofatode que, adespeito de sua.evidéncio Shjolva, @ pessivel duvidar do existénda de Devs, Sevido a defiencias subjetivesvérias, no s6 de pare {doventondimento como também da vontade (Néo disse Slguem que, pare que as proves da exstancia de Devs fedhom eficcio, 6 preciso comegar por querer ave Devs ensta?).© Dovior Sordfieo destaca oimpedimen- {otondamental,asaber, a tendéncia do “entondimento Comal" a deter-se a meio cominho no processo de ‘FSrolugée ov reducto do realidade ot@ aos seus prin ‘Shice Srimoiros: 00 invés do ponetrarcté os rocessos ae Cine [onde Deus ze manifesta co enfendimenio epirtual come o Ser por excelncic), © entendimento SEinal née sobe resolver endo cig os colasevidentes (208 sentidos" ‘Em sumo, pora chegar até Deus, otéo Devs verda deire fe nde & um mero Idole: cf. Sol. object. nV, & {mproscindivel que @ homem se ompenie com todo o 46 ser rion nan ree, een iniiginia #eoscdneo tinerrtim, cop. 8:1 1.297 Erie os pressupotonndipratveis da orcen- Zao Bove figs com Jestoque ( pr do exaretogso pela clon) «exigent de pera do corato: “aque. ue quer slevarse a Devs deve evar pecado que Gesigure @ noturesa? (ncinando-o ora fora © ‘fosandosIe o evi: idm. 7;1.¥, p.297s) Como sv, “cogntio qucedam De exprimen- tals? noose corfunde, om Boovenr, com uma #60 {écilou expontines, Tl conhesimento 6 sor 00 con frat, 0 porto de chegoda de um nereivn 08 tejo, do um proceso de rflerdoinfrorzadoro, de ‘me Socerchat de td or potencies do ma. € 56 to cabo devia cominhode nada foci que 0 espelo ‘Sitordpreparado e daposto over o que ones nso vi, ‘om era copar dover Devs inimamenta presente Same [Néo 6 do esronhar, pols, que “estendo Deus t60 prin de nana. povee jm a homens ue contemplam em si mesmoso Primero Principle. A ‘Cabo deso, ds Bosrentra, fol de se compreender ‘elmo humane, dstaida pelos preocuposoes da vido, ‘no entra om s mesma pela meme... no se recolhe msi meuma por moto da rtligeni.” nfo volo moi [mesma palo desejo da doquraietrior« de logria ‘Siprtluc_ Asin, toda imeraa nas cols conavels, or tes impotente pore enconror em si mesma aime Sem do Bovs (Herero, cap. Ay. 1;1-¥ . S06) Teologia pesitiva ‘A mansira boaventuriana de abordar esolucionor ‘ problema de conhecimento de Deus permite acons- trugde de ume feologia morcedamente postva © afr- a spc teste Spi inant: eee masnten eaes siregeaniatrenaemtee Biromos unt inti ¢oedlan da rocenr re mioerieate ee Soca an 48 3. VIDA E OBRA DE'S. BoAVENTURA 1 Fontes “De S. Booventura, mais ainda tlvex do que de S. Tomds de Aquino, se pode dizer que © homem dese. Barece por detrés da obra” (E. Gilson, La Philosophie ‘de Seint Bonaventure, 2° e., Pars, rin, 1943, p. 9), Com efeito, a despeito da fama imense que gozou entre os seus coevos ~ como um dos mesttes mols ‘elebrados da Universidade de Paris, come Minera Geral de uma das maiores Ordens do tempo, come Pregador popularissimo, como cardeal « bape, come ‘rganizader do Conctio de Lyon, como legot pont, ficio junto a0 mesmo concti~, ndo possulsnos une so bicgrafia contemporéinea deste lumtnar da lgeie, de teologiae da flosoia do século XII. A Unica browrafa bropriamente dita de Boavantura, escrita esse sseuls, de que se tom noticia, 6.0 de um corte Jobo Egidhe Zamorr, franciscano espanhol, autor do lio De Vine ilustribus ou Historia canonica st civil. Intelsat, sta obra parece estar iremediavelmente pordide, & Possivel,contudo, reconslivir os flos prises de vide do\grande dovier, com base nos seur propros crits, nas alos oficiais da Ordem ¢ da lgroie. ron fonicas conventvais e, notadamente, na cronies des XXIV Gerais. Possuimes, também, alguns dads formas dos polos autores que esereveram nes diimos anes so século Xi ov no comeso do saculo XN, ts come “Pde ogres am vis arcane, eden, Yrs, 19749 9 Salirbene, Uberino de Casale, Francisco de Fabriano, “omas Eccleston ¢ Angelo Clareno, Dentro as Vidas escritas nos culos seguintes, cabo tum luger de destaque & do célebre histriador Lucas Viadding, freneiscanoirlandés do sécvlo XV, outer da ‘bra Serptores Ordinis Minocum e dos Annales Oris Frotrum Minerum, Merecem ser mencionados, fam- bem, o2 trabelhos de loGo Jacinto Sbaralen(m. 1763), [Gotor de Supplementum et eastigato ad sriptores rium Stdinum 8. Francis), bem come as Acta sanctum dos Bolandistes, com suas biogrofias de Boaventura, data dor do sécule XVI 8, enfim, 0 Prodromus ad Opera ‘Omnia Sancti Bonaventvrae, de Benito Bonelli da Co- allot fm. 1773). No live il do Prodromus, este autor Wale "De via ef gestis Sonefi Bonaventuroc”. Este ‘tudo 6 considerade como o mais notavel ne género, Stes da Vito Serophici Dodteris per modum annalivm ‘Shorrata dos Elfores de Quaracchi,ineluida na edigoo Tica dos Obras Completes, t. X, Complementum,p. 139-73, e datada de 1902. Msmo esta dima, porém, nao pretend ser @ polavra definitive sobre a vida do doutor Serco Segundo decleragde expressa dos Elitores: “nabs mi ioe fe) propestum mato silo difusoque vitam propre infelleclam conserbere". Querem apencs ofe- Freer em forma de anois, um breve conspecto da vide ‘Set obrot de Booventura (bid, p. 396). A tarefa de {racer 0 peril pscelogico do grande biografado, oles tmadestomente a detam aos estudioros do future {Uma tenttiva interestanteneste sentido aempreen- ove eminente medievista Eienne Gilson, no mogni- fice biogratia que abre o 200 lvro Lo Philosophie de Seint Bonaventure (Capitulo I: "Homme et le milieu, p. 9-75). 50 2. Data eluger de nasiment In ‘Ordem Fronciscana 2" snr Wotan eo ea acon Siesta aeamenmer empo nos permite concluir, com razodvelcertzo, we Joaventura nasceu em 1217 ou 1218, a sabe ° relgipso definide pelos Consttuigaes Gere de OF nesta matéra sao raras, 0 6 facil descobrirthes os tragos nos documentos pontificios. ane mat btm rcsbewo nome dese pi, ldo. Sa ine chomarase Maid isle Wargarel © py, {Govan a Fedanee, segundo tstemuntos basen gos, eercev a profiroo de medica. Noo obs ‘isso, “sabemos que nao foi 4 sua arte que Boavent 4 iulgovs dever arbi o foto defor contervada'a vid An rea fname dor meleni ue or lembranga de confrlo @ um médice mais podorces invocando aS. Francisco de Assis, 9 menino recupe, toy sade” (Goon, op” ch, p10) O foto nat & lee, om vr cee, prop avr {legunde meter § Foci, al. 81 Vil 9 35, Legends minor 5. Franc, Vly p. £79; De Fare Noto Francie ermal p-589) Segundo rd, «cur tera sido efevadaporintervengao diets 51 _ Jo. Cone-s sind, qv Fon, oan or ote, fi ramos" bone ve fect dende ” me pelo qual entraria para sas Sign coneme pl gel enn Fore el setaasecannarcvesebece 00 a log ‘dev depois da morte do Povere | : en ecen ya “entrou na adoles- cae to, pre Dome oie See Seatac joa re ceri oe coven de — a nin dred encanrorrmsi de ciate or eames tere um “aro ibe ect debe aonb. 14 Vl 7 Pe fa dn cr rss ren 8 rence] enor sid, no princi, milo smpes 5 ovied ego ng roa ore eterno oar samamere So Tee neds Francie sla se assemelha ao. sie sre fae youu se emenate bs "2 6 perteigdo da Igreja que, depois de ioe ‘lar cam une percadores mut simples, proto pro! tre os doutores mois ilustras © peritos. ae 1esmo ocorrey com a Ordem do bem- Sronturedefrancaco, Desa forma bis Devs motor aa pela prudéncia dos | fo 7 esse hocmaam, oe Paneer so, tres presperom (quia oper Christnen defi, retreat te Sete cet corse connate ood or do fesoia nos do ue ofr Dever de Tsao ser tants ve son aoe dee es primar nace reared su code ‘Tatol, entre 1225 © 1235. Por volta de 1236 0 icrem TSiodante encontra-se em Peis, onde irs curser, {ue nde folinventada 2 1236 @ 1242, as tradicioncis disciplines liberas, na Faculdade de Ares. Na mesma Facutos Arum iniciou-se também no estudo dos grandes fidsofos do passodo e” notade, mente, no de Arstoteles. Encontra-se definitvomente desacreditada, hoje, « lenda que via em Boaventora lum adversario encarnigado do Estogiite. Este supocto hostilidede ao “Filésofo", assim continua a lenda, teria ascido de sua ignoréncia da verdedeira dovisinu do Arisételes, que fri sido descoberta¢ volorizada so. mente por Alberto Magno e Tomas de Aquino, Nao 96 isso: com esta aftude host ao aristotelisma, Beavers tura sora o continuador fel da mertalidede implant dda na Escola Franciscano de Paris pelo. pensador raciondrio, onservador e “agestinisic”, Alexandre do Holes. J6 no ono de 1923, 0 Pe, Jules dal (Saint Bonaveitre et les luttes docrinales de 1267-1277, Pera) protestava contra esta imagem fala « dosfigu: ‘ado da evolugto doutrinal do eéevle XII. Mots recon temente, Ferdinand Van Steenberghen admits qo Albi ‘a raison lorsquil constate que les promos Franciscans ont accueil Arstote oll pilosoptie avec lus d'empressemont et moins ehhesiotions que lee remiors dominicins, du moins & Paris (Van Steen. berghen, La philosophic av tle sitele, Loveina/Perk, 1966, . 169), embora dircorde de’ rclerdo outer vando afiema que os mestres fanciscanes inaugura. ram "e movimento de integragae do peripatelisme” na Universidade de Pars. “Muito antes da chegade dele, 5 auloridades teligiosa tivram de moderor 9 206 des artistas por Aristoteles; © a corrente expecslatve om teologiarecebera um vigoroso impulse da parte do bispe ¢ do chanceler, antes de fundasae da citedra franciscana" (id, ibid). Mas, por outro lao, o propria Yan Steenberghen ndo deixa de recenhocor fe Slo Glossa (de Alexandre de Holes) represente lot modes, 53 tes débuls de la théologie spéculctive & Paris et ses premiers contacts avee arstotlisme” (fn. 0p. cP 1166) Sem dovida, a Glossain quatvor libros Sententia rum Per Lombardi foi eset ontes do entrade de ‘Aloxandre pora a Ordem Franciscano; contudo, a ver- ade & que "0s primeiras contatos" da teologia espe- Golotiva come orstotelismo dever-se 00 futuro fondador da Escola Franciscana de Paris. Adem, 0 famosa’ Summa Fratrs Alexandr, redigida, em suo trator parte, entes de 1245 (data da morte de Alexan- ro), “Conhece a obra integral em gerade Aristtoles, todas ot obras principas deste flesofo so freqven- emente clades" (Philotheus Boohmer, The History of the Franciscan School, Porte |: Alexonder of Holes, St. Bonavenlure, Nova lorgue, 1947, proms. p. 20), Pode Suporse que este fato contribuiu decisivemente pare ‘Siminar os preconceitos que heviom provcado nada nenos de res condenagdes solenes de certas obras de ristoteles o,sobretudo, dos Libri Naturales @ de Me- {aise om 1210, em 1215 © om 1231. Depois, na Summa Holensis,s6 28 conhece uma nova condenacie a faixada, oo ave tude indice, mais “pre forma” do que Tome propssito serio de implomenté-la -a de 1236 Guo, come era de £0 esperar, ficou sem efeito. Ete 0 Spinigo de Van Steenberghen, 0 mois abalizade bisto- Fedor do erstotelisme escolastico,orespeito da inter Giedo de 1245 (que estendia « Tolosa a probigao de \ehos Libri Netureles de Arstteles, promulgada em 1231) e da de 1263: "Pour ma par, fe suis de plus on pus convainev que lesinterditons de 1245 et de 1263 Front aucune portéerélle; & provavel,comefeto, que 1 proibigéo renovada om 1231 “est tombe en désus- ude, & Pars, apres la mort de Grégoire IK" (22 do fagotto de 1241} (op. et, p. 146). Sutra efeito, isto sim, trabalho pioncir (pele menos na Faculdade de Teolagia) de Alexandre e do 54 ee menor duvida. Aliés, como provou Theodore ley (Roger Bacon, The Problem of he Soul in he Poa, i Smtr ga fc cpr akon s, a Fisica, a sca, © Psicologia de Aristoteles niece Marea oat & posive, até provael, que os prim! magistério de Bacon em Fors cobeidiram com os stimos anes’ de estido’ de Booventura na mouse Foculdade de Aries ondo agus, afore, coma era de seu estilo, desafiava as proibigses antiavstola lcs de 1251, comentande som especial inserts Fico gy Metfce,noninginete erage fe inconcebivel que Booventura teste perdido @ opertunidede do our o forse mesite ingle, Vax Steenberghen 8 sr quas cre que Boosrra so re, pelo menos ume ver, @ Rogério Bocon numa passage imported Cement Sefenga i wo Ud pe yen 1, g. 2) tf pe 22 Srenbarhen op Sp! 236 nta'76) areal rceriones sri: Phorum de Bacon Ope. 1a hactonus inet Roger Bacon, fase. il ps E. 20001. ters, precnomentey de vine ds Sorat comentadcs por Bacon om Pais, no tompo ann Boaventura ali estudava a filosofia, we ‘Ademes, ¢ esudo da Login erste de 1215, da Bica a Ncomecs (actors seoeeee mente palo chanceler Roberto de Couron) fase parle integrate do curiclo normal Se Artes ndo tendo ide shite de gular prise, nem nin nem pon Ja ergnizogdo da Universidade, Pare dar on te folded do Bsavenure com aah gone completa de Aristotle (65 Ihe ora dosconhosa @ 55 Folica, que cinda no foro trode, omames Toerdode de inci ume statis, compilda por. ovgera oduct 8 étude de Sint Bonventre, Desde C, 1961, p. 63s. ho todo, contarrse 920 Ghose de Aten nos bon do ogo erica de Soest tea2- 1902) numero este que dover ele- eee mais de 000 com odescobarte dvérios Wires insiten, As 990 clogoos ditibuer-se assim Shlos varias sbres do Esti Lago (tus ef ro), Bae Shceges; Meoface, 101 ctogse: Fisica, 123 hacen De hnmolin enero vr orc) 39 FeEEeEi Degeneration et coroptone 36 ogee De SEES mondos #1 closes; Bica @ Ncdmace, 115 ‘Sreceen etwota, 11 hagaes; Mogne Moral, 9 co- fel, Ecos Edema, 1 clagdn; Relic, 10 ctoxses, {ibe de cowie eoament outdo Arsttle), 47 stogies. ‘vista dso, o prprio tonne Gison a despite de Aa ese cls mute daconda ~ de que fe ne Seiaehas ds Sentongaro ooo seria para Settor Serco mo Sowing condenode” (ka Pil Cipla de’ Bonavertre p13), verso contrangido @ listo “Sto Boovenira noo ignore a dovtie de Sets’, sonao que, eo conrrio, "pele eso Aegbcnlomente sum awordade” op-ch,p. 11) Sem SS, pode ve duet como de fas cute sobre SINUS oprresde ou reprovagia) de Booveure ‘eco d Artois, Toe depande do que se quite STiender por “astotlame"= Uma cosa, pore, Mitcotwel se Boorenura fax reserves, = reser “Sor overios ens fndomenisit do Estogita—e em TESEgYS poste (que one veldode uma novesea) Bees Bouter Serco donunca como forte detodos sewn do Flovelrftimo:nos& is {ho do dovtina dr lis rnscandenis, o, come Serie prefore expr, do “exemple — 56 it dove, 8 0 sa spore ono do penta: ‘manto autenico de Aristtees, sim, 8 sve comcgao profndo de qu atese do um “erstcaomo cies & Sima coneayso ner termes. Com aloe gui soube. desvendar a verdodeira origem histvea do cvereiamo natalia corals sue spr Son meodos do séevlo Xl comegou a emecgar 8 vsso it do mondo de homer oon sono 3 Stturclnmo es metesin fl de pronto raat ite E vole 0 pena lombrar esse cnteno, que ox ‘Se! motores de scam a cnn plenamente, a visdo boaventuriana do “Philosophus" (ct Werner eeger Arse. Fundamentls ofthe fsto- Wyott Deroprent Pad, Onions Unvrsy Pres 7060, m 287 a possn). “Conementos Boor scat Atle el om empl ecto o sos ingosgstn mer ae nen tenpo pueabes snes 12% tor Ronen, Ne poder pot, criderlo Como otpo do hemam siento spre, @ sche o maior do flrfesposaucdores ns Jomo Sor esos dst foe, pom rr vi, tcades, ¢ estos com ot modo Seifcos May Arto, istnde 46 mutts impertce ce monde mes eal tt ovsconde odaro enncs screw Ps Bose troop sm Sen Se Pi a anette am a Iatencta i douttne dali stresses, esi css ove da cence ea), hates ‘ao fot menos itera oi detre-e'e camino So enca, nigensande oda sebedora, amber Strode por Pleo "Est pores at Bose, sor gue ere ov fluofos Mee rocobeu Sermo senistae', Aces, orem, somo sanan” Fels equelsatentora preiplmente pres soos Superren sane pinpultente penn nfo? (Chnaur ones omom magi, some ne 18,1 ce ater sermo 1871 57 Mas votemos 20 curiculo de vida e de estudos do notte biogrofado, Depots de condi curso de Artes, © five Booventure pode aumprr,finaimente, 0 deseio ‘Simenlado desde inféncia: vestr © habito do sev ‘Yenerado benfitor © admirado ideal e modelo de vido. Erantim, no ono de 1243, ingressou nos fisiras dos irméos Menores, em Pari, como se pode verfiar, com pastonte ceriera, 8 mo de vrios festemunhos datados ‘de secul Xl (Lan Armas, Vida de Son Buenevertu- {om Obras de San Buenaventura, Madi, Biblioteca de ‘Rutores Crisionos, 1, 0d, 1955, p. 7) Enlee os enos de 1243 e 1248 Boaventure estuda ‘a teclogia ne Escola dos Fronciscanos de Paris, sob @ foyoncia do celebrado "Magister Alexandre de Hales” {etd & morte deste om 1245) , provaveimente, fom- Bom de lode de la Rochelle, co-rogente ou assstente ide Alexandre, De 1246 a 1248 tora estudado sob @ rientogds des mestres Guitherme de Melitona e Eudes Rigaud, embos saidos do escola do grande fundador Be thomade Antigo Escola Fronciscana de Paris, a Quem Boaventura coslumava referirse como aseu Pai eyes” Alexandra, por 4ua ver, comprazi-se em Coraclerizore sev bilhantediseipulo como um homer Smrque Adée parecia ndo hver pecado, Sem dovido So mnogo dstinguiam [a a agudezo da inteligénca, 6 modesto do porte, a zerenidade do alma assim come Upurea da vida © @ fervor da devogto que néo eram ‘dior usuois dos estudantes doquelo ou de quelaver Sot tempo" [Mesquita Pimentel, Escritos espirtuais de Booventure, escolhides e traduzidos por S. Schneider, Petropolis, Vores, I Série, Introduce, p. 10). 3. Bacharelades ¢ devtoramento No eno escolar de 1248, apés a condluséo dos cinco anos entoo prescites de estudo possvo, Booven {ure 6 promovide ao primeite grou academico da Fa- 58 culade de eco, od "bahar be" C de “acharl iia, Comot frlodone coroner” she om sunita Bi dere sun nessa bel i =—rs—h—d 9p, not 28), ones dee ou Sotongn, deve et | = ‘se odmitindo dispensa disso, a qualquer pretexto". Pare joven ldlogo Beever, tl “deve” rs sido, no um moro obldelo sar toned, "relers ‘Slav om domanda do megane lulgto fpr ts i ont go's om rans tab re do erect qe ferns squalene unas sane {tars mere Sapede Earn dutins rv ind, com lt, e conde tae ive, ne Bia Sorode came decarer mas herd, no pegs 26 Beri and aa Sa rd Sawer oc pre, ues helo dicitur’ (t. ¥, p. 201). Netter Fore aula @ importance que © Dover Ser fico ligava & Biblio, no estudo da teologia, snipe iso proceder a outra estatistica, Mas née nes consta Gus clguemampreandense ct bole contagem des Shen erences ao ie soe Soa a pore um computor slseies, igor ape. (sua 959 clges do sels cabom em Douce mats do duos colnos do inderLocorm F266a} odo Bilis poncho 927 cokes , Pie; ten-ae4y Deters period de nine dao Comet tiogo rongebo de® Lacs (1248-1252) Mat tore, is fate Mata, atcwaré indo ce comentran 26 Exesonten oo tie de Seed (1250-4 oo re tho de 5 Joo 1389-4 Sobre o quar evngalho Prononou, lem dio, ina tee coferdaie ctaanesn Br learns (1598 59

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