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Sumario jo Konder Comparato. Paate | A PROTECAO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS E 0 DIREITO BRASILEIRO Capitulo 1 taped i one ACONSTITUIGAO BRASILEIRA DE 1988 € OS TRATADOS te edingramorio.Cisina Apart Agu de Fes INTERNACIONAIS DE PROTECAO DOS DI ‘Sia do Poe Ui Seas eds hi C6 Sho its to 0 DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS E A REDEFINICAO DA CIDADANIA NO BRASIL 15 19 21 p 8. Conclusio Federal cumpre com seu papel a0 elaborar normas que. em sua | atendem ao objetivo de protecao as pessoas com deficiéncia. © Poder Execut tempo deixa de cumpri: viola os di forca vinculante, um importante meio para fazer com que o Poder Executivo cumpra as obrigacies constitucionais.e intermacionais as quais esté adstito Contudo, este Poder s6 pode agir mediante provocagao. O grande problema, nesta esfera, a existéncia de sérios obstdculos ao acesso a lustica — causa- dos muitas vezes pel Porém, a mai tuldade est na auséncia de conscientizagio da so- ciedade, bem como no desenvolvimento de uma cultura inclusiva, os mals icazes meios de garantir o respeito as pessoas com deficiéncia, Nesse sen: ido, a adverténcia de Cléudia Maximino”. “A luta das pessoas com d cia ndo se restringe apenas as esferas de Poder, & preciso muito mais: com- batero preconceito e motivar a conscientizacdo nao apenas do Poder Pablico, mas de toda a populagao” Presidente da AssociagSo Brasileira de Portadores de Sindrome da Talidorida DIREITOS HUMANOS, ESTADO E TRANSFORMACAO SOCIAL Parte V Carino 18 A RESPONSABILIDADE DO ESTADO NA CONSOLIDACAO DA CIDADANIA* 1. Introdugio Api que tange ao p igaddos os contornos da c ntemporanea de direi zagao do E: nia, Nesse ucdo € obser momento seré investi este trabalho apresentard conc e, cabe afirmarquea imbélico: é ela o Ptulo baseado na tese dot damentais, derativa do Bi Dentre os fundamentos que al termos do art. 18 de da pessoa humana Por sua vez, construir uma sociedade livre, justa e solidria, garant desenvolvimento nacional, erradicara pobreza ea ma S80, red desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos, sem prec aca, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de di mina¢ao, constituem os objetivos fundamentais do Estado, consagrados no art. 38a Carta de 1988 Infere-se desses dispositivos quao acentuada é a preocupagao da Cons- ico de 1988 em assegurar a dignidade e o bem-estar da pessoa humana, 10 um imperativo de justiga social. A busca do texto em resguardar 0 di reito a dignidade humana é redimensionada, na medida em que, enfatica- mente, privilegia a tema 1s fundamentais cam o Estado brasileiro, nos expressos ico, destacam-se a cidadania e dignida- constitucional, tendo em vista que o ta avangada Carta de di- ver, revela a vontade const mentais?, clonal de izar os direitos e garantias funda- Todavia, a Carta de 1988 nao se atém apenas em ional e elevar a cléusula pétrea os direitos ¢ garant individuais. © texto de 1988 ainda inova, ao alargar a dimensao dos direitos © garantias, nao mais se limitando a assegu: tos individuais, Passa a fusos, aqueles pertinentes a determinada classe ou categoria social e estes pertinentes 4 todos € a cada um, caracterizados que sao pela indefinigdo objetiva lidade de seu obj basta comparar a denominacao atribufda ao Capftulo | do Titulo If da Canstituigdo de 1988 — "Dos direitos e © coletivos’ — com a Constituigao anterior, que consa- arava tao somente direitos e garantias individuais! Atente-se, ademais. que a Constituigéo de 1988, no intuito de reforgara idade das normas que traduzem direitos e garantias fundamentais, i © principio da aplicabilidade imediata das normas definidoras de tos ¢ garantias fundamentais, nos termos de seu art. 54, § 18. Inadmissi- vel. por consequéncia, toma-se a inércia do Estado quanto 8 coneretizagao de direito fundamental, uma vez que a omissao estatal viola a ordem consti- tucional, tendo em vista a exigéncia de aco, o dever de agir no sentido de fundamental. Implanta-se um constitucionalismo coneretizae fundamentais. ‘Ao mesmo tempo que consolida a extensdo de titularidade de direitos, acenando a existéncia de novos sujeitos de direitos, a Carta de 1988 também consolida o aumento da quantidade de bens merecedores de tutela, mediante 4 ampliagio de direitos sociais, econdmicos e culturais. Vale lembrar que, a0 longo da histéria constitucional brasileira, as Cartas de 1824 @ 189 IGUEIREDO, Lucia Vale. Dies fuses lets S80 Paulo Revista dos Tibunals. 1989, p11 18. (Colega0 Prime rambbém nosso artigo A atual Constievigo de 1988, Rest da Parador Grado Esato ‘Cf at. 153 da Consttuigdo de 1967, emendada em 1969 universo de direitos sociais, integrando-os na declaragio dos i. Obsere-se em contraparia, que a Carta Const ole tulo dedicado a ordem econd- estado de emergéncia (Capitulos | a ¥ do Titulo II, dedicado & De direitos sociais a educaga ss @, a previdéncia social, a protegdo a maternidade eA aos desamparados, ainda apresenta uma ordem soci verso de normas que enunciam programas, fore Sed pe uidos pelo Estado € pela sociedade. A titulo de exemp! que fixam, dentre os deveres do Estado e direitos do cidadao, a satide (art. 205), a cultura (art. 215), as praticas desportivas (art. ar no art. 6° que S30 moradia, @ seguran- igo de 1988, além de educagao a ciéncia ea tecnologia (ar ‘Aessa ordem social conjuga-se uma ordem econdmica q) valorizago do trabalho humano e na livre inictativa, tem pe todos existéncia digna, conforme os ditames da justica soct % na oart. 170 da Carta de 1988. A ordem econdmica da Constituigso de 1988 tiva e concorréncia (arts, 18, 1V, ¢ 170, IV) com a: bbusca combinar a livre aR Roberto Grau, a quem 0 modelo d a na Constitui- ao de 1988 & um modelo aberto que, a partirde uma interpretagao dinamica, € capaz de instrumentelizar as mudangas da realidacle social, podendo ser descrito como modelo de bem-estart Saliente-se, ademais, que a ordem econémica na Const faz opcao pelo sistema capitalista, que, todavi omodelo de Estado voltado ao bem-estar sot da ordem social dessa mesma Carta. Escl social ndo se confunde com o Estado soc! dade coletiva dos meios de producdo, © com o regime da proprie- ias implica um modelo de Estado que ‘a5, 0 que resulta no desatio de arqui- fiscal condizente com esse modelo —dificul- toso desafio’ que, no entanto, transcende ao objeto desta investigacgo, Aluzda Carta de 1988, reforca-se a ideia de que a participagao estatal é Imprescindivel sob muitos aspectos, particularmente no campo social, sendo hoje impensével um tos, ao tratar do Est iciativa e a criatividade da empresa privada, A esse modelo se dé 0 nome de Estado Social, com isso significando a convivéncia de um Estado provedor em muitos aspectos, mas ainda assim nao castrador do dinamismo da socie- dade. A partir dele sabe-se que o desenvolvimento social nao se pode dar com 8 cosias voltadas para o Estado nem se estabelecer a pureza da sociedade. Aotganizagio desta passa necessariamente pelo Estado. O problema é como tucional de 1988 os delineamen- voltado ao bem-estar social. Consagra-se |, Com o Estado Social, coma observa Paulo Bonavi- des’, o Estado-inimigo cede lugar ao Estado-amigo, o Estado-medo ao Esta- ra Constiuda de 1988; interpretagio e critica 2 ed. Sto p35 face do questionamento do Estado por sus ia © comupgio, ciscurse que ainda inclu a destegl gado de Emendas a Constituigo de 1988, especialmente as promulgadas a de 1995. A andlise deste legado permite constatar que é 0 cédigo liberal que tem inspirado as aludidas reformas constitucionais, com lade a0 Estado-seguranca. As Constituigbes tendema se translormar num pacto de garantia social. Assim, o Estado Cons- ional Den ica com um Estado de diteto formal, reduzido a simples ordem de organizagao e processo, mas visa leg timarse como um Estado de justica social, concretamente realizével. ma, nesse sentido, © esgotamento do modelo liberal de Estado, em face do aumento cle bens merecedores de Este excessivo impeto de reforma da ConstituigSo tem esvaziado e mi tutela, que exige a eficiéncia de um Estado de Bem-Estar Social tigado a forca normativa da Carta de 1988, em particular no nistaeplaneiador sesso de plea das moles i ‘Ao atestar a insueléncla do paradigma Hibera-indvidualsta, fundodo dices do Estado de Bem Esta Soca sob impacto das dete: do pres. no Estado liberal nao interventor e limitado juridicamente, voltado ao resguat~ 0 de globalizacdo econémica. Acentua-se @ abertura da economia tacos do dos dominios da privacidade e & tutela dos direitos ¢ liberdades de cunho ao mercado mundial, com intensos programas de pr 2 Carta de 1988 busca responder a emergéncia de um nowo padi@ ido 0 ‘desmonte do josidade, bem como & exig2ncia de novos direitos fundamentals, Da Constituico de 1988 emerge uma ordem intervencionistas, cuia dindmica est condicionada 8 eficiéncia e competénd 1a obtengao de resultados, que se subordinam & concretizacao de politi publicas © desalio de constitucionalismo inaugurado em 1988 é Implement ‘uma ordem juridica pr6pria dos Estados intervenci marcado pela globalizacao econdmica'” ¢ por politicas neoliberais, Testemt nnha-se, assim, a eradativa redetinicio do papel do Estado, que transita agente interventor para um agente reguladar da ordem econ6mica, em vit dde dos sucessivos processos de privatizagao. A respeito, basta atentar a0 do-confianga, o Estado-h icionais do modelo de Estado consay Estado consagrado pela Carta de 1988 faz-st claro quando do exame das emendas promulgadas'! wee ——ekS ba do etd, cae presen denn eens tem se otientado por reas ditadas no chamado" a do fsado, Cae restr que, a epoicede mot ose eke get drum ser realtor 50 eurinds Dea . ‘Sad don nse Unde or ses ds Fanos dos demas pales Gp su cos bdertes dose otresbacos ntstacnals om 0 Fondo Menai 4 nfo Penev Aam 1955, estes que ee nye _ aipeentalend tt generar tree nto humano, aeducag enfim, entende-se fundamental apontar at fungbes que o Est ene WgB€S que 0 Estado deve assum para asse o a /caminho para responder aos probe ae ea pose leas dbs economies moderns (A pobvera ss Stic fundamental exe em um mundo ue sella’ (como (05 gastos sodas, em prol da at fem agravac odalismo econdmicoe todas desigualdads sociais edo desemprego,eprofundando-se as marcas da absoluta eda exclusto social 7 380 381 direlto basilar e um extenso elenco de direitos econdmi 1s Contornos Juridicos da Cidadania era previsto. 3. Desvendando o: sro t6pico deste estudo, que se volta compres 29s do cancelto de cidad Je dizer, fixado © petilconstitucional do fstado brasileio, obletN2 ‘a concepsio de cidadania acolhida pela Ci Esta reflexdo proporcio ‘quente, dedicadoa respons da cidadania No entanto, antes mesmo de enfocar os conton nia a luz da Carta de 1988, importa primelramente ‘concepcao contemporanea de cidadania. epoliticas, e do outro, direitos sociais, econdmicos Consierando tec Jeo conteno, » Dclrao Unres nos de 1948 nous exon cote ngage uma linguagem de direit ia com cubsidios que orientardo 0 tépico subse ‘dade do Estado no processo de consolidagie juridicos da cidada- tratar da denominada 43.1, Acconcepgio contemporanea de eidadania Jpserva-se que 0 discurso | de uma perspectiva histérica. ol fa entre os valores da liber Ani frentou a tensa dicotomi da cidadania sempre en dade e da igualdade. constituem um complexo direitos estdo necessariament= ‘um discurso liberal da cidas ‘a Declaragao americana de 1776 consat ‘humanos se reduziam ao: pela qual os {ae propriedade, complementados pela resistancia & opressao. Sis do valor da liberdade. com a supremacia cs uséncia de previsao de qualquer direito social, econémico e cull idependesse da intervencao do Estado se porsua ver que. especialmente aP6s * jada do discurso liberal da cidadania,fortalese” Jancias da concepséo maraist@- 10s do Povo Trabalhadlor & Ex: ado da Unidas: “todos os direitos humanos, qual ectopic vn Ree nie * ‘direitos humanos sao universais, ir t-relacionados. A comunidade internacional deve tratar os raver @ 's direitos & liberdade, segura 30 da Acsembleia Geral das Nagdes ma. direitos humanos globalmente de forma justa e equitativa, em global mente de forma jus es lo |usta e equitativa, em péde igualda- de determinada soci jedade, seia por inclu ee ; fein seu elenco ndo s6 Bie palcos metambén cite sc, nomi ca aD ges Us ce Dike Haro de 18 ec erp Asis. ordnea de cidadania, Essa concepctofoi soso posteriormenteendoss cinta Por 9 que se destacar que um now rh 0 componente veio ain Ecco crteporrn de inns, Tose cnchmeda pas ie ; : armada “process piledo do suo de deo”. arr dee o suet de dito aa abstracao e generalidace passa a ser concebido em sua ica, © Estado passa @ Ser ‘eo direito & abstencso do Estado, nesse *yatuacio estatal, com a emergencia dos direios Dacloragdo dos Direitos do Povo Trabalhador ¢ Bes sociais do inicio do século XX (eX: icao Mexicana de 1917 ete.) primas akdade era prestagdes socials. Tanto a Explorado de 1918 como as Constitul igdo de Weimar de 1919, Con im discurso social da cidadania, em que 2 ie ram por con 383 damentais, ois incor ee ivi e politicos) ¢ igualdade ‘20 individuo genérica e abstratamen= a Constituigdo de icado", com base em cate | separar os valores liberdade (direitos tos Socials, econdmicos e culturais). Logo, 188 acolhe a concepedo contempordnea de cidadania no Que diz respeito & Indivisibilidade dos direitos humanos Relativamente ao alcance universal dos di de dignidade humana, como principio fundamental $6, sustentaa concepgio de que os di inerente a toda e qualquer pessoa, sem rago Universal de 1948, so elaboradas a Convengao pi aus " Todas as Formas de Diseriminagao Racial. # Convengio s da Discriminacao contra a Mulher, a Convengao sobre os Di -e outtos importantes inst fernacionais. ‘de direito, conjugado com ain- 10s humanos, vem a doar a ténica contemporanea da concepsao de cidadani 's humanos, o principio. da Carta de 1988, por si tos humanos decorrem da dignidade qualquer discriminacao, O texto en 2 que tados so essencialmente iguais e assegura a inviolabilidade dos tos e garantias fundamentai Além de afl 's humanos, o texto cons- 58a concepgdo, na medida em que realga que os ane Giretos humanos sfo tema de legftimo interesse da comunidade internacio. de 1988 € a concepgao contempor ranscendendo, por sua universalidade, as fronteitas do Estado. Vale dizer, Carta de 1988 acolhe a corrente univer repudiando assim a ideia do 0 de direitos humanos as @nlase extraordindria yrangente e pormenorizado sobre a mat os constitucional brasileira: 0 art. 4° I, € 0 art. 5%, § 28 da igo de 1988, PCO esté embasada na tagdo de dois dispos inetpios a reger o Brasil nas relagées ineditamente o princtpio da prevaléncia dos direi- é er ecompreensao do sistema cons * 4 sta incltinor doa orientar a interpretagao i re na © os direitos fundamentals se orientar pela observancia di te principio a0 taurado em 1988. A dignidade huma ‘nas engtnclectl cionar com os demais Estados da ordem internacional, é porque assume pos costuconat que nereram a extrait #08 direitos humanos so um tema global, de legitimo interesse da comu- ynferindo suporte ax 0 — welores passam a ser dotados de ur ade internacional Ao lado desse io, a éntase nos di levalotes inovadores a guiaro Brasil no contexta intemacional, como Principio do reptidio ao terrorismo e ao racismo, a concessio de a i € a cooperacao entre os povos para o progresso da humanida 48, incisos VII, IX. X). ico nacional. - Nesse cenério, questiona-se se a Constituigao Bras a concepcdo contempordnea de cidadania. megar pelo caréter indi terdependente ¢ int __ Observe-se que, ein uma breve sintese da hist6ria constitucional bra- "s humanos, a resposta 1a, durante aCon cert pftulo pe Ida Republica (Constituicéo de 1891 e seguintes), a preocupagdo se tavam pul los no cai ni Ape da Cota claro 2 afar que os dros sodas so ciretosfi Adefesa da paz.¢ 4 solucdo pacffica dos contflitos; ou seja, consolidadas 384 merece destaque, qual seja, o art. 58, § 28. Ao fim da extensa Declaracdo de 105 enunciada pelo art. 52, a Carta de 1988 estabelece que os direitos € garantias expressos na Constituicao "nao excluem outros decorrentes do re- ‘pios por ela adotados, ou dos tratados parte". A Constituiggo de 1988 ino constitucionalmente protegidos, 05 clonais uma hierarquia especial & fa: a de norma constitucional. Conjugandoos arts, 15,11], 4952, § 28 outra conclusdo nao resta senao a aceitagdo pelo texto constitucional do alcance universal dos direitos hue pitulos dedicados & A crianga, a0 adolescente, a0 idaso e aos indios ‘Ao propor um tratamento juridico especial e diferenciado a esses grupos, a Carta de 1988 demarca 0 processo de especificagao do sujeito de direito, que passa a ser visto em sua concretude e particularidades Conelui-se, portanto, que a Constituigdo brasileira de 1988 endossa a concepgio contempornea de cidadania, por refleti a universalidade ea in- oi idade dos humanos, bem come o processo de especificagao do sujeito de direito. 4. A Responsabilidade do Estado no Processo de Consolidagao da Cida- dania Delineados o perfil constitucional do Estado Brasileiro, bem como a concepgio de cidadania consagrada pela ordem de 1988, importa neste mo= mento analisar a responsabilidade do Estado na consolidago da cidadania. Vale dizer, importa enfocar a responsabilidade do Estado no tocante aos trés elementos essenciais da cidadania: a i lade dos direitos humanos e 0 processo de especificagdo do sujeito de direito. 105 humanos, cabe ao Estado brasi- Ieiro a protecao e defesa dos direitos civis e politicos, bem como a implemen 386 lacdo e realizagio dos direitos econémicos, sociais e « duas categorias de Acredita-se que a ideia da meramente ideol6gica e nao ci equivocada nogio de que uma classe de direitos (os di merece inteiro reconhecimento ¢ respeito, enquanto out (os direitos sociais, econémicos e culturais), ao revés. no merece qualquer reconhecimento. Iha-se, pois, da nogao de que os di ndamentais—sejam ais — so aciondveis e demandam séria e responsavel observaincia Essa afirmagéo tem seu sienificaclo acentuado em face do peril consti- tucional do Estado brasileiro, como jé visto em tépico anterior. A ordem ov de algo que evolu ou se decenvolve fas fundagées de uma imal) 0 fiksofo embra,guslmente. ques fala de principio 0. Vali Hoth. 2-0. Buenos ae nao Imanente da geagio, ou de uma acao (os pais em relagso *Yeja-se, por exemplo,o ensinamento de Ls Roberto Baroe0. 0} ao combate), Assinala, and, que a palava pode ser wad at ‘causa de movimento ou de transformaga0: come, Het ico de modi geral. Ademats. considerou ‘Arrematardo, unk é sempre‘afonte donde detvam imeiea da enistncia de algo" (Funk 1 do Cursode Efetivagio dos Dtetos ‘por sua ver assim ensina: “Princ ce ou de garatia de cetera primeira etmanente do 5 Ed evidentes ov resultantes de evidéncias so a ide conbecimentos, como seus pessupss necessétos Saraiva, 1994, p46 gffos no original (Ora, se a Carta de 1988 rege todo 0 ordenamento com inegadvel prepon- derdncia, aquilo que para ela mesma pareceu fundamental nao pode, em ese algurna, pelo jurista e pelo cidadéo, ser tomado como sup z tomar como secundaria a base mesma do modelo constitucional, corrompe-se como um todo o sistema juridico que a ele nessa meio amolda. Compartilha-se da visio de Celso Anténio Bandeira de Mello pat genciaexatamente por csinira gee eine : ica e Ihe da sentido eno tas juridico pos Compa todofa) estudiosot Iha-se da ligao de J.J. Gomes Canotilho, na expect: sta, “amigo de por parte dos idencl ou seja, a me- levantes para a solugao materialmente usta dos feitos submetidos a decisao judici No dizer de Canotilho: “o direito do Estado de Direito do século XIX e da primeira metade do século XX 0 direito das regras dos eSdie0s: 0 do Estado Constitucional Democratico e de Direita leva a sério 0s princtpies, € um direito de prin {9 bbglco ecorrosto Riva Time constitucional Pata o autor “Estado de direto democritico © 96 sendo-o & que é Estada de direito; 0 Estado Tal percutso, marcado por proficua discussie dogmatica, que envolveu varios dos cnones da mente na seara te, para que, ao final, melhar se compre- enda como se alcancou o atual estdgio do Direito Constitucional 4. A Evolucdo da Tratativa dos Prineipios Juridicos aponta como marco inaugural da chamada ies" 0 surgimento da “Escola Hist6rica do Direito”, que se dew na Alemanha, com a obra primeira de Gustav Hugo", logo superada em rofundidade e divulgaco, com a magistral obra de Friedrich Karl von Savig. ny, idealizador do sistema juridico como algo organico, sumamente ligado & ideia de nagio — Volisgest ve Achamada Escola Hist6rica em muito se aproximou, na an. se fazatualmente, do diteito positivado, jd que sua ligacdo e suas predominantemente rela de Cédigos Civis dis Nesse sentido, $8 presentar histéricamente las funciones legislativas de tado". E os prin- lpios fundamentais da legislagéo, seriam os seguintes: “a. la ciencia legisla to € 36 sendo-0 ¢ que é democitico™ |.) Além disso. 0 Estado CConsttucional sé ¢ consitucional se for democratic (Canatthe. op. cl. 226), Norberto Bobbio, O pos lurilco in Lips fis do dint, trad. Marcio Puglisi Edson Bini Carlos E. Rodrigues, io Paulo: cone. 1999. Franz Wieacker, 2. ed, trad. A.M, Botelho Hespan Heménder “Arelerénca, aqui, € de sua obra Lehrbuch ds Nature ublicada erm 1708, Para aa ue © prOprto Savigy e Thibaut (professor em Het implementar a coliicagio na Alemanhs, @ ‘templo doque fé ocomteraem Franga, em 1804. Naquele episédlo,Savigny propusnava pela nao «efcaczo (no que rest 10 inoreénico, nio pautada pola vontade do poe. Ae Pisdcio, com mindclas. vera obra ce Franz Wieacker Hista do dito pial, tiva es una ciencia histérica; b. es también una ciencia filoséfica; c. ambas deben unirse, deben ser totalmente histéricas y filosdficas a la vez" Do sistematismo de Savigny ainda com a heranca da Escola Histérica de Direito —que, segundo Ferraz Ir. caréter clentifico da Ciéncia do Dit Georg Puchta (sucessor daquele, na cétedra da Univers nalmente. 8 teoria de Rudolf von hering, curiosamente, aluno dese importa para esse icos, Entao, ndo s6 passou o préprio th ny, quer de Puchta™, como a se ‘que o conduziu a uma — até eentao inaugural — paradigma da jurisprudéncia dos interesses. A respeito desta andlise evolutiva, destacam-se as palavras de Willis Santiago Guerta Fillo: “nessa mudanga de. paradigmas, no se pode deixar de assinalar a evolugdo da ideia inicial de até chegar & atual jurisprudéncia das Valoragdes, onde os interesses ‘em geral na Const! por Jhering, para escapar ao determinismo de sua posicao, A jurisprudéncia dos interesses inaugurada por Ihering, segue-se a ju- risprudéncia dos valores, inspirada pela obra de Gustav Radbruch, entusiasta fémera, de 1919-1933), propugnando por Acca, cit, 1.29, "A respeito das {d9 mesmo autor. 4 Teoria da Ni Jodo Mauricio Adeodato coord |. Recife: Ed loofa d dit, trad, Cabral de Moncada, 2 ed, Sio Paulo: Lvrario Acadmica Saraiva & Ca Eaitores, 197, p. 27 vigorar 2, caso contlitasse com 0 direito positivo, aquele primeiro & que deve- tia vingar, e que se deve partir sempre do valor, para se analisarem os fatos, & no aqueles é que fundamentam as valoragSes# Culminando, ainda, Radbru- ch:"a justiga 6 0 nico prinefpio constitutivo da ideia de diteito”™ 1a, com o escopo de permear 0 2s raxbes, porque "as tegras particulares do direito no sao realmente inteligiveis se no s8o postas em relagio aos princtpios dos quais elas descendem”™. Ali, tal revalorizagao do direlto natural cumpriy nte tarefa de realgar a constatacgo de que © direito positive nao celmente, completo, devendo, pois, socorrer se — segundo Del Vecchio = dos principios de direito natural quer para disciplinar todas as situacoes, ‘quer para carregar-se de um substrato ético, sem 0 4} feampliada $30 Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, 2 Fz do dina, it ls. 49. Nesse sentido, confiam-se os apontamentos de ideia de Ditto € o valor conta a que, em algo com sentido, E como a ideia de tivo para que possa, novamente. 20 direito positive retornar —“Hier muss ich also aus dem positiven hinaus, um in das Positive wieder hineizukommen"™ Enaltecerdo os principios gerais de Dit positivado, destacam-se os en: to, em relago ao direito jé }947 e 1948, que deu origer a obra semi rid (Teoria dogmatica). Embora ainda tr incipios na seara esse estudioso assume que possuiriam eles uma carga genética, uma caracteristica de dir pretacdo. A respelto: “clertamente que ‘principios’ designa cualquier coisa que se contrapone conceptualmente @ acabamiento, a consecuencia que deriva y asi a norma completa y formulada, es el pensamiento, la idea germi- io de valoracién que la norma acttia poniéndola en o! desenvolveu a interpetagdo do proprio diteito p Jogica, permeando os textos legals de preceitos No entanto, com os ensinamentos. com maior densidade. Ao reiterar as criticas & pretensa completude do direito positivado, en- sina 0 autor alemao que é 4 0 faz me liante “decisoes segundo pr verdadeira jurisprudéncia de principios. Tal arte, segundo ele, consistiriaem transformar = Taduziéa para o espanhol em 1961, soo tule Pring norma on a aoa jail dl dere ivade, trad, Eduardo Valent Fol, Barcelona: Bos 0s, procedimento pelo a) recomhece-se, firmemente, a forca normativa de principios para as decisdes judiciais a cada caso concrete; b) refuta-se 0 ensinamento de que 0 direito positivo necessariamente contém, in germten, os principios que séo pela 0 exarados. Isto &: nega-se que os principios sejam simplesmente “des- s* do sistema, pols lectica urfdica, en el otorgar a lo positivo ‘ahora que enmascarar la funcién de los principios™. Assim ensinando, aber- tamente assume o autor a possibilidade de riscos ao dogma da seguranca juridica, mas prefere aqueles, em detrimento da mantenga de tal conceito, pois privilegia a adaptacao a vida concreta, mutadvel, em nitida postura asse- melhada ao direito da “common law" Merece ainda realcea seguint ximago com 0 ponto de vista hoje consolidado; “Esta questién n tantos seudoproblemas insol las posici istas, sino que es susceptible de una contestaciGn en todo punto realista, si en lugar de pr zamnos por establecer las pertinentes distinciones. Una solu

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