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es REGENERACAO NATURAL DO SOBREIRO E CONTINUIDADE DA SUA EXPLORACAO Em Portugal, 0 sobreiro cncontrs-se largamente representado. 0s exemplares adultos que hoje encontramos no Pais sio quase todos pro- ‘venientes de regeneracao natural. No entanto, 2 perpetuaglo da espécie por este processo encontrase, em _mmuitos locais, comprometida. Ao Subericultor levania-se, frequentemente, 2 questo de como assegurae a continuidade da exploracio do seu arvoredo. A.este espeito, importa distinguir duas sitagdes: A) No povoamento de sobro nao existem sobreiros jovens ou estes esto presentes, mas em quantidade reduzida Nese caso sugere-se que, para assegurar 2 continuidade da exploracio, 0 Subericultor: B) No povoamento de sobro existe regeneraglo natural de sobreiro abundante Neste caso sugere-se que, pari assegurar a continuidade da exploraci, 0 Subericultor: (eas ens 9 6 nw et 810, CCermamente que, mas decisBes a tomar, o Subericultor teri interesse em aten- der a aspectos de ordem econdmica. Mas € igualmente importante que: 1) compreenda como se processa a frutificigio do sobreiro € © desenvalvi- mento da suk regenerasio natural por semente; 2) sala por que motivos, em muitis zonas do Pais a regeneracio natural do sobreio por semente nio consegue “vingar"; 23) saiba que, em muitas zonas do Pats com vociglo suberfcola mas cujos solos se encontram em avangado estado de degradacio a regeneracio natura do sobreiro por semente s6 conseguir “vingar” depois de se tavar © proxes- 50 de degradagio do solo e de se efectuarem acgdes de recuperacio do coberto vegetal; saba que, nas mesmas zonas, também 0 sucesso da rege- ‘neragio artificial do sobreito poderi estar dependente deste tipo de acces, 4 compreenda como se processa o desenvolvimento da regeneracd0 natural {do sobreiro por rebentos de toga e saba quis as suas vantagens e desvan- tagens comparativas com a regeneragto natural por semente; 5) perante uma zona com sobreiros jovens, provenientes de regeneraco natu ral, seja eapaz de identificar as caractersticas do local a ter em conta na decisio a tomar, sobre o aproveitamento das jovens ievores. Analisemos cada um destes pontos em separado, 1) Frutificagéo do sobreiro e desenvolvimento natural por semente (© sobreto & uma devore que, geralmente, comeca afrutificar por volta dos “5-20 anos, A sua produgio de fruto, inicialmente escassa, tende a tomnar-se mais abun dante a pani dos 25 anos. sua regeneragio A quantidade de frato produzida ndo & igual todos os anos, sofrendo em "ogra Fontes osclagses [As drvores com uma copa larga produzem, em média, uma elevada quantidade de fraro; contudo, & usual ndo serem estas as érvores com uma maior produga0 {de fruto/m? de projeccio horizontal da copa, Num mesmo sobreiro, a producio de fruto nao é uniforme a0 sedor de teda a ‘copa. © fruto do sobreiro ~ genericamemte designado por glande ou boleta ~ tem um perfodo de queda que se prolonga por varios meses ~ entre fins de Setembro & Janeiro. A gland que cai em fins de Setembro e no decorter de Outubro toma © nome de bastio, a que cai em Novembro e Dezembro € conhecida por la Fonastn st sme tot Annet Spon nso sr Raper At ‘tS te a (Pe scree scr. cmt ott sma {que cai mais tarde, por veres ndo completamente amadurecida, toma a desig: nagio de landisco, Entre estes trés periodos de queda de fruto, aquele a0 qual costuma correspon der uma maior produgio € o de Novembro-Dezembro, £ também este 0 periodo fem que a3 caracteristcas das glandes costumam ser mais interessantes, do ponto de vista da regeneracio da espécie. Muitas das glandes caidas, quando no comidas por animais ou retiradas pelo hhomem, ficam localizadas debaixo das copas dos sobreirosrespectivos; outas hé, porém, que sio deslocadas para distincias consideriveis. {Quando as condigSes sio favorivels a germinasio, esta di-se geralmente piss dos poveos cls. ‘Comesa entdo por se desenvolver uma raiz que, em condigdes de solo propicias, ‘6 penetra verticalmentee vai emitinda razes laterals, a sucessivos niveis de pro- Fandidade, a pare aérea, frequentemente, s6 emerge quando a raiz principal tem ja cerca de 10-12 em, Durante 0 desenvolvimento nical (1* Primavera), a planta vive, basicamente das reservas contidas na glande, Nesta fase, a sua capacidade de sobrevivéncia e o ‘seu crescimento em altura nfo sto, praticamente, afecados pelo facto dela sstar situada num local mais ou menos ensombrado. Contudlo, quando chega o Verio, o maior ou menor ensombramento j comera & influ. Num estudo realizado com jovens sobreiros (até aos trés anos de iad), veriicou-se que, passada a 14 Primavera, se foram dando quebras na sobrevvén- a, sobretudo, das plantas que viviam a0 sol; mas, por outro lado, foram as pla {as que conseguiram sobreviver nestas condigBes aquelas que tenderam a crescer mais em altura. Concluiu-se que, até ao final do periodo considerado, 0s sobreitos ‘melhor localizidos foram aqueles que se encontravam na semi-sombra (sobre- vivencia elevada, sem grande prejuizo do crescimento em altura) CConvém aqui fazer um paréntesis para eferie que, por vezes, durante o Vero as jovens plantas perdem a sua parte aérea, sem que isso signifique, necessira- mente, que tenham morrido ~ é frequente volarem a rebentar de toigs, na Primavera seguinte (© semiensombramento inicial atris referido pode ser asseguraclo de fermas diversas, nomeadamente por outnas plantas (agricolas ou floresais) ou por tubos protectores. Quando é assegurado por = plantas que, a0 crescerem, poderio vir a tapar completamente os jovens obreitos, € necessirio, logo desde o inicio, controlar a altura dessas plantas, por forma a evitar que “asfixiem” os sobreios (quando estes sto cifiairiente Tocaliziveis no meio das outras plantas, convém assinali-los com varas com= pridas) 6 Pun econcmes sic, rin AUAREZ € TORS: GONZALEZ. 6 MONTERO CAMARA M A SUREE Sipe nvpreasr tr atani ban cacy meveciozs cae, ages Gk SEEOSR EB roel Lins sv Fone pt Papo 290" ant 1 OVE = qualquer tipo de plantas, € preciso ter presente que, passados os dois'rés Drimeifos anos, é de esperar que os jovens sobreiros comecem, com els, 4 ‘competir mais acentuadamente por 4gua e nutrientes 0 que, associado a ama também crescente competigio pela luz, retarda 0 crescimento ~ &, pois, altura de ponderar 0 interesse de ir favorecendo 0 crescimento dos jovens sobrecos, ‘em detimento do das plantas que, incialmente, os protegiam de excessos de luz e de temperaturs; = tubos protectores, € preciso ter em conta que estes tendem a contsbuir para a ormacio, em igual periodo, de sobreiros mais altos mas com menor didmrero do tronco junto a0 solo ~ dat, que 0 tubo deva ser mantido mais alguns anos ppara além dos trés primeiros, par dar tempo aos jovens sobreisos de se tomarem mais robustos, com menos hipéteses de se quebrarem, 2) Motivos porque, em muitas zonas do Pais, a regeneracio natural do sobreiro por semente néo consegue “vingar” -Existem locais do Pais onde a regeneracio natural da espécie por semente no consegue “vingar’,apesar do sobrero fruificar normalmente, a queda da glende se dar no perfodo habitual e do homem a nao retina. Varios sio 0s factores que, por tal, podem ser responsiveis. Entre eles, sto de destacar 08 seguintes: ~ as sementes serem comidas por animals, antes de terem possibilidades de ger = as sementes perderem a visbilidade, antes das condigbes do meio serem favoriveis 3 sua germinacio (por exemplo, devido a intensa dessecagio, cau sda por condigdes atmosféricas, ou 20 ataque de fungos ou insectos) — 0s sobreiros provenientes de sementes que conseguiram germinar morerem passado pouco tempo, por: + falta de gua (relativamente frequente quando 2 jovem planta no possu. um sistema radicular convenientemente desenvolvido, por as condligées do sclo 0 rio terem permitido) e/ou excesso de luz ou de temperatura: + danos causidos por animais ou por méquinas; 0s sobreiros, apesar de crescerem bem nos primeiros anos, passarem em segui dda a ter um insignificante crescimento em altura, devido a + concorténcia por gua, nusientes e/ou luz com a vegetaco vizinhas + danos causados por animais ou por méquinas. 3) Travar do processo de degradacao do solo ¢ realizacio de acces de recuperaso do coberto vegetal Em muita 2onas do Pas com vocaglo subericola mas cujos solos se encontram em adianado estado de degradagio, 4 regencragio natural do sobre pot Semente 56 conseguth "vingar” depois de se conseguir tavar o processo de degradagto do solo e de se efecuarem acgoes de recuperaglo do coberto vege- (Panesar corm CORALD, ENE ri gti nae chs Pn Pare Deaepunen Fut Pom Emma #7 pe tal; nas mesmas zonas, também 0 sucesso da regeneragio artificial do sobreito poderi estar dependente deste tipo de acgbes. A referida recuperagio € frequentemente morosa, necessitando de ser desen- volvida “por etapa E, em muitos casos, aconselhavel comegar por reduzir a0 minimo as operagdes de limpeza ce mato e por instalar, a densidades relavamente elevadas, espécies pioneizas ~ por exemplo, pinheiros. ‘56 mais tarde, quando a recuperagio tier sido suficiente, se passari a conduit © pinhal no sentido do favorecimento do sobre obtencio, primeiro de povoi- mentos mistos de pinheiro © sobreiro e, mais tarde © nas localizagies mais favoriveis ao sobreiro, de povoamentos pros desta especie Na altura em que se considere oportuno comecar a favorecer 0 sobreiro, pode-se recorter a0 aproveitamento de regeneracio natural da espécie, quando presente, e/ou a regeneragio artificial; € ento frequentemente necessirio ir corando pi- heirs, por forma a favorecer 0s sobreiros. 4) Desenvolvimento da regeneracéo natural do sobreiro por rebentos de tolga Os sobretos nto muito envelhecidos quando, natural ou artficialmente, perdem 4 sua parte aérea, voltam frequentemente a rebentar de toa, (Os exemplares com esta origem tm, quase sempre, um crescimento inicial supe- slor 20 dos resultantes diectamente de semente. CContudo, ha indicagdes de que, a panir de cena altura (varliveD, 0s sobreiros provenientes de rebentacio de toiga tencem a retardar 0 seu ctescimento € serem ultrapassados em altura pelos resoltantes directamente de semente; hi tam- bem indicagdes de que a sua vida tende a ser mais cura. (© Subericultor pode ter interesse, para garantir a continuidade da exploracio do arvoredo, em aproveitar a capacidade que 0 sobreiro tem de se regenerat nats- ralmente por rebentos de toiga Mas esta hipétese deve ser de considera, sobeetudo, quando se trate de sobreimns ainda relativamentejovens (com menos de 40 anos de idade), provenientes direc- tamente de semente, 0s quais, por qualquer motivo, tenham sofrido danos in>repariveis na sua parte aérea (por exemplo, devide a um incendio) AA utlzagio exclusiva deste método para perpetuar povoamentos em que pre- ddominem sobreiros adultos, com mais de 60 anos, & de desaconselhar(sobretudo quando muitos dos sobreitos presentes sejam, ji de si, provenientes de reben- taco de toiga), Nos casos em que se decida pelo conte de sobreiros queimados, para aproveiti- ‘mento da sua rebentacio de toia, tal operacio deverd ser realizada pouco tempo pds 0 incéndio, mas durante um periodo de repouso vegetative (no caso de incéndio de Verio, esperar pelo Inverno seguinte). (Fam cans asn etar CAEL JORDEHENROUE Ex pape apts Soap ‘ines mn Ens Pourl hain, Se an sel pe Cr Faeconems ain. tr RES A Ow na telat be cemee sap oasaeca oa ion Seis cess ane 8 eee mara Ts 5) Caracteristicas do local a ter em conta na decisio a tomar sobre 0 aproveitamento de sobreiros jovens, provenientes de regeneracao natural Em povoamentos de sobro com uma regeneragio natural de sobreiro abundant, ‘0 Subericultor, para decid se a deve ou aio aproveitar, deverd comesar por pon. erat as vantagens e as desvantagens de o fazer, Algumas das questdes a colocar, para além das de ordem econémica, sto as seguintes A regeneracio natural presente & proveniente de semente ou de rebentacio de toiga? No caso de se tata de rebentacio de toa, os rebentos em questi ofe- recem interesse para garantir a continuidade da exploragie? (ver o que, a este respeito, foi dito no ponto 4) = 0 solo do povoamento € ou ndo favorivel ao desenvolvimento do sobreio adulto = slo previsiveis problemas, por exemplo, de falta de arcjamento das ~ A regeneracZo natural presente tem ou ndo forte probabilidade de condvzir producio de cortica de elevada qualidade? Caso a nao tenha, seri que a aker- nativa de desperdicar esta regeneracio e de recorrer a regeneracao artficla.ofe- rece melhores garantias de qualidade da conica e de boa capacidade de de degradagio do solo? (importante, sobretudo, no caso de terrenos bastante inel- naddos e/ou com graves riscos de erosio) ‘A solugao encontrada € compativel com a mecanizago ou hi que recomrer & trabalho manual No primeio caso, existe maquinaria adequada € pesoal habilitado para a utiliza? E n0 segundo caso, existe mio-de-obra qualifeada isponivel? = Quando hao perigo de animais poderem danificar as jovens plantas, & possi vel encontrar solugdes que o evitem? Quais as implicagbes sociis de um tal procedimento (sobretudo, em pequenas propriedades)? Senhor Subericultor: Se et preocupado com a continuidade da exploragio Jembre-se que a capacidade de regeneraco natural do sobreiro pode ser uma alternativa a no desperdigar. = |

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