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uy Mauro Marini Dialética da dependéncia Colegio A OUTRA MARGEM. Pe nobel II Ose Etado pare que demoeracia? Ei Sader e able Geo (rg) = Gloatizago excldente—Devigualdade,excludo e decent ne ons ordentraatial Pal Gentil (Ore) A guera dos dewes~Relgito epoca na América Latina ‘Mice! Lamy ~Poltica e damocraia em temps d loboiapto Sst Maia Gomer =Dialtca da dependénci. uy Mawo Marit Dina genni on ings ni DIALETICA DA DEPENDENCIA Uma antologia da obra de Ruy Mauro Marini COrganizago © apresentago de Emir Sader ez 2000 { -tPPPPP PEPE CPR ee eee erereaeeeaes SSSSSSSSSSSSSSSHFSe sees eseeeeeeeggaa ©2000, Bite Vom Lie "Ran Frets 10 256.9000 Papo Ieee sores be rsd ‘CLACSO ~ Conse Lane Ameron de Ciacins Socais alo 875 pio 1005 Bae Ais Imuenet hips g prin Lr Latent de Pleas Poe Univeaside do Eads do Ris de aero ‘Rea Franca Nave 24, 2a Hoc ya €03 ‘CEP 20530500 io de lee, “Toso ics resradee. Neth pre eta ba poser “crcl mae amie oon ge ‘acquivada ee qualquer ssema ou bance de dads sem permiss8o ‘Senda ‘Bteraco erg, lerra Rots lang bees Ison 532620990 ‘Be icmp impress la Eos Vanes Lid ‘SUMARIO. Anresentagi, 7 Ty Dialética do desenvolvimento caps no Basi, 11 2 Diattica da dependénea, 105 3 ‘As raztus do neodesenolvimtsmo (resposta a Fernando Henrique Cardoso oa ose Ser}, 167 4, Oconceto de tabalho produto, 243 5. Origa erajetra da scilopaatino-amarcana, 255 6 Processoe tendéncias da globalzagao captafsta, 269 ‘APRESENTAGAO Pity Mase Marin um dos inte ais imporates ida America Latina da segunda metade do steulo XX. "Naseido em Barbacena em 1932, formou-se em Administ ‘fo de Empresas pela Escola Brasileira de Adminstragso Pblica (EBAP),n0 Rio de Janeiro, em 1957, onde reeebeu inglugneia direta de Alberto Guerreiro Ramos em sua forms 0 intelectual Uma bolsa de estados para « Franga perm tiuthe completar essa formagéoe, no retoro ao Brasil, t- ‘mar contato com um grupo que formaia poco tempo depois «Politica Opertia (POLOP),formagio socialist etic do ‘marxismo sovitico eda lin do Partido Comunista Bra leio, Paralelamente, Ruy Mauro Mari desenvolveualivi- dades joralisticas~em O Metropolitano, suplemeato domi- nial ds Unio Metopolitana de Estadates (UME) e na agéncia cubana de noticias Prensa Latina, Participa da ci ‘oda Universidade de Brasilia, em 1962, sob a direc de Darey Ribeiro, inciando assim a sua sividadeacadémica No clima do “desenvolvimentisme” ceplin, dos “vin «gles anos em cinco" de IK eda politica deta antimpeie- ‘sta ¢ atifeudal, em allanga com a burguesia nacional, do PCB, Ruy Mauro desenvelve uma visio ction desis vsbes, ‘etomando opensamento de Mar, de Lenin, de Rosa Liem ‘urgo, slém da conceppo critics formulads por André Gun ser Frank, que abri camino para a teria marisa de depen ‘cis, de que Ruy Mauro se tomari o principal expoeate © golpe de 1964 o leva primeira clandestnidade, em Seguida&prsioetoruras no Cenimare,posteiorment, 10 MELO ROCLELALELLLLLOLLeLe 4 DPEPDPDAIIDADD AA AAAIADADAAADD AAD DD Date de gent casio no Chile eno México, Fazenda parte, junto com pro fessores da Universidade de Brasil, doprimeir grupo con ‘denado pela ditadura militar 15 anos de prisio, Anda no Brasil, Ruy Mauro elaboraa intereretagio mais aftvete nas ‘novas gerapbes de militenes sobre as ries do. golpe de 1964 e sun inser no procesco de soumulgto capitalists ‘no pls, que circlow amplamente em vrias verses, de for- ‘ma clandestina—texto que abre esta antologia No exterior, Ruy Mauro public, entre outras obs, Subdesenvoivimento¢revolugdo, em 1969, Dialética da de- pendéncia, em 1973, O reformismo ea contrarrevolupdo € studs sobre o Chile, em 1976, Dialética da dependencia ontém flcro de sua concepeto sobre o capitalism perfé- Fico, 0 eriticar as imitagdes~ jf videntes nos anos 60a ‘concepeocepalinae formula uma tora que artical a pro- ‘eesso de inseedo das formagdes soins perfriss no sits ‘macsptalista mundial com as modalidades de acumlagdo de explragio a forga de trabalho, Commpetindo em inferio- ‘dade de condigdes, no apenas pel chegnda tarda ao mer ‘ado intemacional, como pelo grau menor de desenvolvi- ‘mento das foras produtivss, as borguesiasperifries bus- ‘am compensar esse dfict coma superexporasio a a= Tho, uma combinaedo da mais vaia absolut com a masala ‘eltvae coma intensifcagSo na explrasso da mio-de-obra. Por outro lado, radicaliza separagio entre a baxa ea alta «sfera do consimo, privilepiando o mercado externo, 0 n- ‘sumo sunturio eas encomendas estatns,deprimindo ainda ‘nse mereado interno.) ‘A convergéacia dsses toes gerao process de depen- ‘cia que, ao coatirio do cataswofismo que passou a carne- {erizar storia provenientes da Cepal ousua verso de inet- ‘dependénca como sada para ese bloqueio, gra um desen- a aso volvimento cada vez mais desigul ecombinado, um desen- volvimento que 6 é possivelaprofandande « dependénca © com graus ainda maiores de desarticulaeSesiteras de toda fondem ~econdmicas, soca, politicaseideoldgieas. Essaconcepeo,aquemaisinfluéncateveno continente sobre o tema, chogou a merecer um longo artigo de citica da parte de Fernando Henrique Cardoso e José Sera, publicado tn Revista Mexicana de Sociologia (em sex nimeroexta0e ‘indrio de 1978), que conn ui a resposta de Ruy Ma 1, inluids nesta antologa'. De volta a Brasil, Ruy Mauro prublicon artigos sobze a plobalizagio e as novas formas da ‘dependacia num pequeno livo,jé espotade, da Editors ‘Seria, porém o gross de sus obra permanscet indo, a sua morte em 1997, Esta antologin busca no apenas finalment, tomé-toco- hecido do piblic brasileiro, como coloear mas suas f808 ‘0 mais importantes intrumentos analltios para a comapre= cso da trajetiria dos dilemas da América Latina ¢ do [Basi eonteporineos. Nel se incluem seu principal stigo sobre o capitals brasileiro, o texto integral da Dialéica dda dependénci, assim como a resposta 8 FHC ea Ser, artigo sobre o conceito de wabalho prodativo que comple- rmenta esse debate assim como tabalhos sobre a origem do pensamento social latino-americano e sobre © proceso de Integragio do capitalismo internacional, A publicago de seus textos no apenas fx justiga a um os mais importantes itcleetusis brasileiro contempori- {a iS inn ek i scope ‘hm mens a ps nota ite peta ‘eos, como coloea uma luz nova na tajtéria do pals do ‘continene, possibiltande, Aqueles que buscam alternativas superadoras do capitalism, instrumentos eseencais de ank- lise e de transformagio social, como se prope toda visio Aialtis revolusioniia sobre a realidad, Dialética do desenvolvimento capitalista no Brasil polpe militar que depo presidente coasttucionsl do Brasil Joio Goulart, em abil de 1964, foi apresentado pelos militares brasliros como uma revolugso © definido, ‘amano depois, porum de seus ports-vores, como uma "ean. tra revolupio preventive”, Por suse repercussBeeintemacio- nas, sobretudo na América Latina, ediante da concessbes cvondmicas que teve paras capitis nort-americanos, mui- {os © consideraram simplesmente como uma intervenjio distargada dos Estados Unidos. Esta opinido € compara: da por certo setore da esquerda brasileira que, no entanto, nunca souberam explicar porque, no momento mesmo emt {que pareciam chegar ao poder, este thes fi arebatado sur preendentemente sem que se dsparasse um nico tr, ‘Annés nos parece que neshuma expliapo de um fen0- ‘meno poltco€ boa seo reduz apenas a um de seus elemen- ‘9s, e¢ deididamentsruim se tomar come chave,justamen- 'e, a um fator que o condiciona de fora. Bum mundo carats rizado pela interdependénciae, mais do que isso, pela inte tgragdo, Ninguém nega a influéncia ds fatores intermacio- rai sobre as qusidesintemas,principalmente quando se esti em presenga de uma economia das ehamadas centri, dominantes ou metroplitanas, ede um pas erferico, sub desenvolvido. Mas, em que medida se exerce esta infuén- ‘a? Que frga tem rete aos fatoresinteros especiices da sociedade sobre a qual aus? DOVER AAAI AAD aHaa Sa aa aaa EE EDIE Dated pets (© Brasil com seus 90 miles de habitantese uma eeo- ‘omia industriamentediversfiada,€ ums realdade social complex, cuj dinimic, ainda que condicionadaeliitada pelo mare internacional em que se inser, confor a iner- Dtagesunilateras. Sem una andiee da problemen bre ir, das relages de forya exstentes ai entre os grupos politicos, dus contradipses de clase que se desenvolviam ‘em base uma configuagio econdmica dada, nio se com. preenderd a mudanga politica que experimentou patr de 1964. Pior do qu ist, nlo se poderdrelacionar ese desen- volvimento politico com a realidade econémico-scial que se enconta em sua base nem estimar as perspectivas provi vis de sua evolugto, Pespectivas qu, sfinal de cont, nfo sereferem apenas ao Brasil, masa fda a América Latina. 1. Politica eluta de classes ‘A histia politica brasileira apresenta, neste seul, jas fases bem caacterizadas. A pimeira, gue vai de 19224 1937, € de grande agitacdo social, marcada por vrs rebe- lies e uma revolugo, « de 1920. Suas eausas podem ser ‘buscadas na industialzago que se produzn pats nadécada 6 1910, grapas,sobresudo, i guerra de 1914, quelevaaceo- ‘omia brasileira a realizar um considerdveleefrgo de subs- ‘imi de importayes. A erse mundial de 1929 e suas re- eteusses sobre o mercado internacional vio manter em vel buix a cepacidade deimportagio do pats © aceleraras- sim seu processo de industalzagto. As transformages que se opera na estutura econdimi- ‘a nesse periodo se expressam,socalment, no surgimento 4 uma nova classe media, isto , de urna burguesia indus- ‘sia diretamente vinculada ao mercado ntema ede um novo Ditto eerie cpio rl proletriado, que passa apressionar aos antgos grupos do- thinantes para obter um lea prprio na seiedade politica, ‘O resultado das lurasdasencadeadas po esse confi &, por incermédio da revolugio de 1930, um compromisso ~ 0 “Batado Novo" de 1937, soba ditadura de Getilio Vargas — ‘com qual aburguesia se etabiliza no poder, em associagio ‘com os latinos os velhos grapes eomerciais, ao mes- ‘mo tempo que estabelece um esquema particular de relages ‘com o proletariao. Neste esquema, oproletariado seria be- -efiinda por toda ura sre de concessbes soca (concreti- 2adas sobretud ma legislag do taba do “Estado Novo") ‘de outa paste, enquadrado em uma etganizapio sindicl Figida, que o subordina. ao govemo, dentro de um modelo de ‘ipo corporaivat, ‘Acoaizao dominant: a primeira esto Com psa mia, apn de ser demands ex 1945 adda de Gute comprmi poli man ‘tov ete te 1980, Comey cto um nov prod in fun polio, an qa ome de Celio (ps ‘ues pdr, stvér degen) 195460 pine fifa es lato opie dr cme ae pipe mar de 1964{Nurate ese Ia encotramos 9 Stare ae bergen ea rn electwo vg t pai o Estado cos recuse eronmicsdapontvel terpndo ou ple ute ung, coma Jopo ures hvienfxado cn 1997Jat ibe, averted, ‘le mus profs asses neve prod, & tor. (aod cones om qe anerem ct ean 0 ees pele ts ecient oc asta epi, etibedaes preeno pine foo slr exteno, Ratan om gue» complements

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