Pesquisa de Ação

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— BRIDGET SOMEKH e CATHY LEWIN (orgs-) Teoria e Métodos de ta * rr he oy ALN VOZES 51087 ne ro & agp "opment Dados Internacionais de Catalogacao na Publicacao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Teoria e métodos de pesquisa social / Bridget Somekh, Cathy Lewin (organizadoras). — Petropolis, RJ : Vozes, 2015 Titulo original : Theory and Methods in Social Research Bibliografia ISBN 978-85-326-4900-3 1. Ciencias sociais — Pesquisa 2. Pesquisa — Metodologia 1. Somekh, Brid : | Bridget 11. Lewin, Cathy. n 14-09826 cpp-300.7" Indices para catalogo sistematico 3 1. Pesquisa social : Ciencias sociais 300.7 Il Pesquisa DE ACAO Bridget Somekh, Institut le Pesquisa ional ¢ S Iniversidade Met it 0 'tsa Educacional e Social, Universidade M lade Metro Resumo re ] * Inter-relagdo entre pratica e teoria. | * Pesquisa dentro de um contexto social | * Dimensdes da pesquisa de acao: profissional, oes: | soal, politica * Pesquisa de acdo critica/emancipatoria + Metodologia que se adapta e desenvolve em rela-~ | cdo aos valores dos participantes. © Principais tedricos e autores: | -Mary Brydon-Miller - Wilf Carr | = John Elliot - Stephen Kemmis | = Susan Noffke - Bridget Somekh 5 _ Conceitos fundamentals j a Jo € uma ampla familia de praticas. Como na maioria das familias, nesta hi diferengas e conflitos. Ha diversos ressupost quanto aos objetivos dos processos ¢© pesquisa eco er ain eerie de Breseubos os aa A pesquisa de ac: dade de Educagdo, Universidade de fllinois em Urbana-Champaign, politana de Manchester, © Universidade de Canterbury, Nova Zelandia, Ihados (EDITORES, 2009). A pesquisa de acao en- cara diretamente ¢ problema da divisdo entre teoria € pritica, supondo que ambas esto entrelacadas e nenhuma ocupa uma posigao superior. Em lugar de ser um processo linear de geragao de conhecimento que depois é aplicado a contextos de pritica, a pes quisa de ago integra o desenvolvimento da pratica 4 construgdo do conhecimento, num processo cicli~ co. A pritica gera conhecimento, inclusive teoria, e esta pode ser nfo sé aplicada como testada na pratica. Em lugar de ser pesquisa sobre um contexto social e as pessoas dentro dele, esta é uma pesqui- sa feita de dentro desse contexto ¢ realizada quer pelos proprios participantes. quer por pesquisado- res que trabalham em colaboragao com eles. Na maioria dos casos ela consiste num proceso ¢o- laborativo que transcende as distingdes entre pes~ quisador(es) e sujeito(s). O proposito ¢ ter impacto imediato na pratica, mediante sua ligagdo integral com 0 trabalho cotidiano. Muitas formas de pes- quisa de agai também dio éntase ao potencial de geragao de conhecimento e incorporam novos pro- cessos para estabslecer padrdes éticos € de quali- 141 dade. Além disso, ganharam maior importineia as formas de pesquisa de ago que salientam uma for- te ligago com 0 contexto social mais amplo onde Itando questoes de inserida: as praticas es justiga social e econdmic Multiplas formas de muiiltiplas fontes A busca de uma forma de pesquisa que ligue 9 estudo cuidadoso com o impacto nao so no de- cenvolvimento da pratica como em grandes ques- tee sociais remonta ao desenvolvimento das cién- tins sociais, no inicio do século XX, e tem origens feministas ¢ antirracistas. Embora a maior parte da literatura historica se refira aos Estados Unidos, 6 surgimento desta forma de pesquisa tem raizes mundiais em lutas sociais (BRYDON-MILLER et al. [no prelo)), incluindo muitos projetos em con- textos pos-coloniais. Estas formas de pesquisa de agdo enfatizam seu papel na luta sociale salientam a importancia do conhecimento local e da geragao de conhecimento para esses fins. Essas raizes es- to inteiramente ligadas ao desenvolvimento da pesquisa de aco participativa (PAR, sigla em in- lés) em contextos organizacionais e ao trabalho de organizagdes nao governamentais (WHYTE, 1991), mas esto especialmente ligadas a contextos pés-coloniais. Ha uma tradigdo de PAR originada ha América do Sul e influenciada pelo trabalho de Paulo Freire e outros que trataram de teorizar e praticar uma forma de pesquisa visando a fins de emancipagao. Comegando como um movimento surgido do povo e levado a cabo em pequena escala em contextos locais de “educagao popular”, a PAR tornou-se um movimento “em busca de um novo tipo de trabalho cientifico além de ativista/eman- cipatorio (cf. BORDA, 2001). O trabalho mais recente que segue estes lineamentos di destaque as vozes de jovens para compreender 0 contexto social e criar meios de mudanga social (CAMMA- ROTA & FINE, 2008), para ee com mais frequéncia par a pesquisa de ao ext no tabatho realize do por Kurt Lewin nos anos da Segunda Guera tart le tablhou nos Estados Unidos abo prios de tempos de guerra, c a mudanga da dieta familia oe ir para usar novas fon- 142 tes alimenticias, mas também tratou de questdes processos democraticos © proble, ras como preconceito. Influenciado por Lewin, ‘Trist trabalhou de maneira similar no Instituto Ta, vistock, em Londres, dedicando-se na década de 1950 ao trabalho experimental em organizagies para ajudi-las a lidar com seus problemas praticos TA Teoria de Pesquisa de Acao de Lewin divide 9 trabalho em etapas dentro de uma série de ciclos, comegando pelo “reconhecimento” € prosseguindy com a coleta de dados, anilise ¢ desenvolvimento de “hipéteses” para orientar a agdo. Em seguide jsto conduz ao segundo ciclo, no qual se procede g testar as hipdteses na pratica € avaliar as mudancas, O processo ciclico da pesquisa de agao ndo chega a uma conclusao natural, embora em algum momen. to seja preciso encerré-lo ¢ divulgar os resultados de alguma maneira, Esta énfase na estrutura ciclice do processo de investigagao tornou-se um elemen- to integrante de muitas formas de pesquisa de aca, ‘Nos Estados Unidos, a pesquisa de aco em educagdo floresceu brevemente nos anos de 1950, mas depois atraiu criticas de pesquisadores estabe- lecidos e minguou. No Reino Unido, ela primeito ganhou importéncia na educagao em razio do Pro- jeto Humanidades de Stenhouse e do Projeto de Ensino Ford de Elliott, nos anos de 1970 (ELLIOTT, 2007, STENHOUSE, 1975). Para Stenhouse, a pesquisa era um componente neces: sirio do trabalho de todo professor, ¢ sua defini- ga do curriculo como um conjunto de process0s, principios e interagdes em lugar de uma especr ficago de contetido de temas de estudo conven ceu-o de que era impossivel desenvolver 0 cut culo sem a participagaio de professores no pape! de pesquisadores. Na Australia, Stephen Kemm's Robin McTaggart e colegas partiram de um nM mero considerdvel de professores pesquisador® para desenvolver pesquisa de ago na Universi de Deakin (CARR & KEMMIS, 1986) © dep receberam influéncia do trabalho da PAR, em © pecial 0 de Fals Borda. Na Europa, por © mpl na Austria, por meio do trabalho de Peter Posehé colegas na Universidade de Klagenfurt, a pesd™ de ago teve impacto significativo na politica 2” vernamental para a educacao. relacionadas a a tem ressur $s desde mead eee eados da década eles ‘ais Tecentemente, em muitos outros | area tem sido o desenvolvimer Ml uma tradigfo constante de pesquisa do era cor visando methorar © enxno © 6 apeaniny ( > N-SMITH & LYTLE, 2009), i recentemente uma tradi¢ao de pee " auto cadores de professores (LOUGHRAN yon és HRAN etal Também aumentou substancialmente o fn 2004). quisa de a¢4o em distritos de ensino locais térios da educagao nacionais, dentro de seu de desenvolvimento profissional, Para alguns, a pesquisa de ago ¢ feita profissionais ~ quer num grupo especifico ou ae universidade — para entenderem e melhorarem sua propria pratica. Em muitos casos esta tradigio da importancia a um facilitador de fora que sabe apoiar aos profissionais-pesquisadores. A relagao entre o facilitador e as pessoas “de dentro” — por exemplo, enfermeiras, assistentes sociais ou pro- fessores — € sumamente importante, mas suscita questdes éticas com relagao a seu diferente poder. As vezes, pessoas de dentro realizam todo 0 pro- cesso de pesquisa (identificagaio do problema, co- leta e andlise de dados, redagao e apresentagdo em conferéncias € publicagdes). O foco de pesquisa dos facilitadores é de “segunda ordem”, consisten- te em melhorar sua pratica como facilitadores e nao 0s problemas de “primeira ordem” da pritica. Em outro enfoque quem dirige a pesquisa de ago ¢ um participante que, vindo de fora, se coloca na situa gio de pratica € negocia os limites € pardmetros do estudo com os participantes, incluindo-os como copesquisadores sem pretender que cles assunian’ quantidade significativa de trabalho en ibe pessoa “de fora” pode ser um profission! neg rou aluno de pés-graduacéo ou pesquisador We do em uma universidade e trabalha em um Pr dotado de verba. Aqui, mais uma vez, Rave TT quilibrios de poder e controle ¢ Se Pee EM ciar a relagdo de trabalho com muito ae pea todos os casos se reconhece eee i ae questoes de suseitadas tm relagao intrinsect Tg prec poder e vor. Para resolver ee PT condo um so, com frequéncia, elaborar °° cédigo de pratica que assegure da pes- e minis- s planos tais quest0es de poder ¢ ética sejam discutidas e tratadas com antecedéncia. Trabalhos recentes (CAMPBELL & GROUNDWATER-SMITH, 2007; EDITOR! 2006) levam as questées éticas mais além, mos- trando como a ética da pesquisa se entrecruza com a ética da pratica. Existe grande variedade de enfoques de pes- quisa de agiio, O Sage Handbook of Educational Action Research (NOFFKE & SOMEKH, 2009) agrupa esses enfoques em trés dimens6es: a profis- sional, a pessoal e a politica. A primeira se propde a melhorar e acrescentar a base de conhecimento profissional para a pratica, ao passo que a segunda cuida de desenvolver nas pessoas 0 autoconheci- mento € a sua pritica, Embora todas as dimensdes sejam consideradas politicas, a terceira lida direta- mente com pesquisa voltada para a ago social que uta contra a opresstio. © Handbook apresenta estas categorias como sendo de niveis iguais e interli- gados, enquanto a categorizagao anterior feita por Grundy (1982) propde uma hierarquia de niveis: 0 “técnico”, 0 “prético” e 0 “critico”. Baseado em trés tipos de conhecimento, na Etica de Aristoteles, © nivel téenico visa fazer um produto melhor (p. ex., uma pratica mais eficiente e eficaz), 0 pritico visa desenvolver 0 “julgamento pratico” do par- ticipante-pesquisador com base em experiéncia e introspecgio, e 0 critico leva & pesquisa de ago “emancipatoria”. Este altimo, para o qual Grundy recorreu a teoria critica de Habermas, envolve re- flexdo e agdio em grupo para libertar os participan- tes do poder coervitivo das tradigdes € suas pro- prias concepgdes anteriores. Incluindo os trabalhos ja mencionados, um considerivel corpo de literatura sustenta 0 desen- volvimento da pesquisa de ago, teorizando suas semelhangas e diferengas com outras formas de pesquisa ¢ estudando 0 valor especial da geragao de teorias como parte integrante do trabalho 7 ande desenvolvimento em contextos sociais. Em parte, esta literatura focaliza a natureza do conhe- Pimento do profissional e sua contribuigao espacial para a pesquisa (p. eX COCHRAN-SMI TH & LYTLE, 2009). Muitos autores estabelecem uma cstreita relagdo entre a pesquisa de ago € o con- eito de “pritica refletiva”, com raizes no trabalho de Dewey (1933) € Schén (1983). © Ultimo tem 143 conceitos de influenciado o desenvolvimento de sreflexdo em agao” e “reflexdio na ag butos essenciais da pritica profissional especiali- zada. Se bem & verdade que OS pesquisadores de ago necessariamente fazem pratica reflexiva, nem todos os profissionais reflexivos So pesquisado- tes de agao, Um elemento crucial da pesquisa de ago € o processo de coleta € andlise de dados que proporciona a0 profi ‘onal alguma objetividade @ certo distanciamento. permitindo-Ihe olhar para sua pratica de outro ponto de vista, as vezes trazen- fo a baila mais de um tipo de dados num processo de triangulagao. A diferenga da aprendizagem na agdo, focada em grupos que apoiam a reflexdio com ese nas percepgoes e lembrangas de pessois, a pesquisa de agdo baseia-se também na considera- gio de dados colhidos durante a pratica. "A pesquisa de agdo sempre se arraiga nos valores dos participantes. Somekh (2006) observa que os lagos estreitos com os valores da pratica im- plicam, em geral, que a metodologia da pesquisa de acio se adapta e desenvolve de maneiras bastante diferentes em diferentes grupos sociais. Por exem= plo, a pesquisa de agdo com enfermeiras é muito influenciada pela necessidade de criar credibilida- de comparavel a da pesquisa da profissaio médica ¢, portanto, ela tende a se adequar mais @ padrdes de rigor tradicional (HARDY et al., 2009). No Reino Unido, muitas das pesquisas de agao em educacao tém abordado o desenvolvimento profissional de professores ¢ educadores de professores. Nos Es- tados Unidos, uma corrente importante da pesquisa de ago participativa originada no movimento dos direitos civis dos anos de 1960 surgiu do Highlan- der Center, que contribui significativamente para a acdo social em prol da justiga social, centrando-se no papel da coleta de informagao como elemento importante da construgao dessa ago social. Martin Luther King incentivou pesquisadores a ligarem es treitamente a pesquisa social aos problemas sociais, qs a empertaam em err ma tadilo dee treita ligagao entre os métodos (c ee cae eee ete s (coleta de dados) de Bee pe eae Ae al pressio na época do * como atri- » 144 apartheid vem sido muitas VEZ" abertamente po, thea, com forte enfase em questo de justiga soci (ROBINSON & SOUDIEN, 2009). Para 08 autor, que adotam uma postura feminista (MAGUIRE ¢ BERGE, 2009).a pesquisa de asco t Zit COMO yp ‘os problemas das mulheres, meio para examinar implicagdes Para O projeto de pesquisa ‘Nem sempre a pesquisa de ago comega con um tema a pesquisar. O impulso € antes uma von tade de mudanga/inovacao. O proceso de projete “aces” (intervenzoes na situagdo social) aprofun, da nos participantes a compreensio dos process sociais € desenvolve novas estratégias para indy, sir methorias. O foco recairé em algum aspect dy contexto social em que 0 trabalho tem lugar, mas ‘0 ponto jnicial pode ser um tanto impreciso, comp um sentimento Ue insatisfacdo sobre cuja raz2o nig se tem certeza, ou uM deseji ‘0 de compreender mais em profundidade algum aspecto da atividade Para comecar sera preciso tomar algumas decisoes gerais. Primeiro, quem ha de participa’ Isto dependerd de que a pesquisa de agdo seja un estudo da pratica de uma pessoa num ambiente cla- ramente definido, como uma ala de hospital, ou un estudo de mudanga organizacional feito, por exem plo, em uma escola ou um hospital. Em qualgue caso, depender muito de quem estiver dispose participar como voluntario. ‘Um parceiro preparado para agir como observador sera de inestimavel lor, por oferecer um ponto de vista diferente ¢ Ps sibilitar a triangulacdo de dados. Com frequent pesquisa de agdo participativa procura atrair cad vez mais pessoas para dentro do proceso conte me o trabalho avanga. Na pratica, este enfoque ® © propésito de fazer com que as pessoas de for se tornem desnecessarias ao projeto. Isto pode desagradavel para o pesquisador externo. ™* essencial para o desenvolvimento de esfors?® : pesquisa-mudanga autossustentaveis. __ Acolaboragao nunca ¢ facil, pois previanet te é preciso identificar problemas éticos © estabele cer principios de trabalho de comum acordo P salvaguardar os interesses de todos. Jun oo este, a analise de dados & 0 aspecto mals ciel’ também 0 mais interessante do trabalho. 1" a eae de stad de ego analise qualitativos, em muitos casos a pesquisa de agdo envolve métodos quantitativos, « No projeto da pesquisa de ago & impor- taste lembrar que & 9¢80 € um fitor undamesel fe que influencia os métodos. Quando a meta da pesquisa é influenciar politicas, ha nos dados um de equidade; por exemplo: feminismo, teoria a mentos sobre essa pritica, Muitos pesquisadores de agdo entendem que ha mais um componente no pectos globais ¢ também intengdes globais. ‘mas também do c4 lo com rete col is de la pesquisa | Historias do campo i ‘A pesquisa de agdo pode comesar em Jer sos ambentese com muitos tipos de partiiPan Estas “historias do campo” si rePre de como um mesmo tema de pesquisa de ago = fenvolvimento dos pais na educagao de eriangas escolares ~ pode surgir de diferentes pontos de Vista que, por sua vez, influem tanto no processo tanto nos resultados da pesquisa, Fim cada his Aoria, 6 processo de pesquisa € ciclico ¢ focado ‘em acrescentar conhecimente e idealizar medidas que atinjam diretamente a situagdo social em que © problema se apresenta, E temporario e também acumulativo, Esta série de pequenas “historias” foi extrai- da de experiéncias reais. A teoria desempenha um papel, tanto académico quanto resultante dos an- seios e sonhos das pessoas que esto mais ligadas A pritica. A meta é mudare assim melhorar a situa ‘20 social presente, além de conseguir una melhor ompreensio do contexto social ~ portanto, ay80 € pesquisa, Anistoria dos professores Muitas concepgdes de pesquisa de ago €o- ‘megam abordando os problemas de um determina- do professor, para depois prosseguir com projetos colaboratives: Eu me questiono a respeito de alguns de reus alunos que nioestio se saindo 0 bem ‘quanto poderiam, Se 05 pais fossem mais “parceiros” no processo educacional, essas crangas poderiam se sai muito melhor na escola Depois de um didlogo entre colezas e @ adi nistragdo € uma busca de parte da literatura perti= heme, o grupo plangja um Jevantamento para reunit informagio sobre as opinides de pais e professores ‘quanto & questio da particpeso. Os resltados do Fbvantamento so muito reveladores no que tange is anitudes do professor. € pequenio o nimero de pals que respondem, sendo pine palmente aqueles que ji esto envolvidos em ativiades da escola, Para alguns professores esta reagio “prova” a sti cOn- ego de que “estes pas stmplesmente nl $e 4 peta. Para outros cue coecem pais € pessoas ti comunidade Fora do ambiente escolar, certamente tno & bem assim Nao faz sentido os pais no quete- fem que seus filhos se saiam bem na escola 145 No seguinte ciclo eles elaboram um proto- Colo de grupo em foco, recorrem a seus Pessoais € convidam pais para conversar em locais da comunidade do lugar, em horirios nos quais os Pais possam comparecer. Haver quem cuide das criangas e também anche. Desta vez ha ampla par- ticipagdo. Da analise das notas tomadas em campo surgiram padrdes que embasaram o desenvolvi- mento do pessoal, mas os resultados foram com- partilhados com outras escolas da regiao. contatos A historia de um administrador Um administrador de escola tem uma preocu- pagao paralela: O pessoal da escola é altamente qualificado € fem muito sucesso com muitos dos alunos, em especial aqueles provenientes de ambien- tes similares ao seu. Contudo, eles sempre se referem a pais ¢ filhos de um jeito que a meu Ver mostra que no compreendem a cultura da comunidade local. Eles procuram explicar lacunas e pontos fracos, em lugar de achar qualidades para sustentar o desenvolvimento. Juntamente com a comissao de conselheiros da escola, composta por professores, profissionais auxiliares, pais, outros membros da comunidade local ¢ participantes do programa de educagao de professores de uma universidade local, eles dis- cutem maneiras de aproximar mais os diversos segmentos do pessoal e da comunidade. Decidem adotar “comunidade” como tema de trabalho de projeto para o ano. A equipe de cada série da es- cola projeta atividades nas quais familias ¢ pessoas da comunidade terao oportunidade de contar suas historias e a da localidade. Conforme o trabalho vai surgindo, 0 pessoal da escola comega a ver pais € criangas de um modo diferente e mais positivo, especialmente colhendo informagao ao longo do tempo (entrevistas, trabalho dos alunos, comenta- rios dos pais, registros de presenga e rendimento escolar) e usando-a como tema central das discus- sées da equipe sobre planos de aprendizagem. Uma histéria de pais e comunidade Uma meta semelhante parece um tanto dife- rente de um ponto de vista de pais e comunidade: 146 Sei que nosso filho poderia se sir meth escola, mas tenho dificuldade em deseo, como ajudar. Os relatérios sobre Fesulado, as entrevistas com professores slo itis, n,. em geral eu acho que, desde que meu fi, no esteja dando problemas na aula, é poy, © que se oferece para ver realmente 9 gy, ele pode fazer. Parece que para os profess, res uma nota média como C indica que ty, esté muito bem. Mas ele precisaré mais 4 que isso se quiser fazer uma Faculdade, nay é mesmo? ‘A mie fala com amigos e outras pessoas dy comunidade e inicia um grupo em foco, que se re. ne em uma igreja da localidade. Ela descobre gy. muitos tém as mesmas preocupagdes. Juntos, eles formam uma rede de pais para compartilhar preocu. pages e preparam um plano para se aproximarem de uma compreensiio mais profunda da natureza dy problema, bem como de medidas coneretas para mudar a situagdo. Os professores conhecidos pelo seu sucesso € que tém grandes expectativas sobre 0s alunos sfio convidados a participar. Ao longo do ano seguinte, eles se retnem regularmente, cole tam dados mediante entrevistas, notas de reunito € de campo, fazem discusses de grupo em foco com pais ¢ professores e analisam documentos é escola. Assim, 4 medida que eles vaio selecionando € analisando seus dados, sua interpretagio do “et volvimento significativo dos pais” vai surgindo Professores e pais assumem posigdes de liderang! € todos adquirem habilidades para a pesquisa. Di fundem suas descobertas mediante um folheto 4! outros grupos podem usar para avaliar as relay familia-escola em suas respectivas escolas, co” sugestdes de medidas para todos os sete pontos suas descobertas (Tellin ’ Stories Project, 2000). Uma historia de organizagio comunitirit Um grupo comunitirio ativista e de pescus? interessa-se ha muito tempo em enfrentar oP” blema amplamente reconhecido das diterens#* rendimento entre diversos grupos raciais/éinie sociveconémicos. Baseando-se em antigas '*" goes de organizagao comunitaria, com la¢0s ai tos com as ideias de pessoas como Myf ¢ Saul Alinsky (dois organizadores «). muito conhecidos nos Estados Unidos trabalhou no desenvolvimento da partite cA rental num sentido amplo, incluindo nae oP atengao ao curriculo € © ensino no nivel mas participagao na formulayao de polit processos orgamentarios, Um grupo desse tipo que trabatha em Chic go, nos Estados Unidos, observou o seguinte: 's Horton unitarios © grupo JO apenas da escola, icas e nos Muitos educadores dizem nao poder fazer sozinhos 0 trabalho de educar criangas, em especial quando se trata de eriangas de bai. xa a moderada renda e criangas de cor. In- felizmente, ha poucos mecanismos por meio dos quais os pais e pessoas da comunidade de bairros com baixo nivel de renda possam desempenhar um papel importante na educa- do de seus filhos... O ponto de vista comum que os pais sdo gente que larga seus filhos na escola, faz campanhas de arrecadagao de fundos e de vez em quando se dispoe a gastar algum tempo em uma sala de aula, A organi- zagao comunitaria quer mudar essa dindmica (GOLD et al., 2002: 4). Grupos como 0 deste projeto “Bairros fortes, escolas fortes” partem do pressuposto de que as escolas piiblicas nao sao equitativas nem eficazes a de outras iniciati- para todos os alunos. A diferent vas atuais, focadas em “padrdes” € testes de efeitos determinantes, estas comegam com a formacao de uma grande base de membros com relacionamen- tos estreitos e responsabilidades compartilhadas. Assim, a lideranga nao surge apenas da comunt- dade profissional, mas de residentes do bairro que se encarregam da educagao de seus filhos mediante Processos democraticos. Destarte, os esforgos de organizagio sio também esforgos educativos. que consttoem uma base de poder para as comunidades Vinculando conhecimento ¢ ago. __E muito importante o papel da coleta ¢ * formagdo, pois os pais compartilham preocupacces € fazem perguntas como “Par que nossos filhos 1%) de beber de bicas de chumbo ¢ brincar na fer"? Por que algumas comunidades tém melhores insta- eta de in- lagdes e mais programas do que a nossa?” Em vez de se encerrar com a lista de queixas, © proceso mostra uma necessidade de pesquisar as perguntas, documentar as disparidades, analisar or¢amentos, fazer planos para apresentar as conclusdes as auto- ridades etc. Fsses dados servem para compreender melhor os problemas, mas também para planejar medidas estratégicas visando a melhorias. Uma histéria de aluno Alguns projetos de pesquisa de ago educa- cional abordam problemas do ponto de vista dos alunos. A voz de um aluno também pode iniciar um projeto de pesquisa de agao: E muito chato, mas também muito confuso. Acho que sei 0 que eu deveria estar fazen- do ¢ aprendendo, mas ai os testes parecem nfo ter nada a ver. Quero me sair bem, mas sempre que eu estudo parece que nao da cer- to. Quando aprendo coisas em casa, com @ minha familia, tudo fica bem claro. Eles contam historias, me mostram como fazer coisas, deixam que eu pratique e curtem os resultados quando terminamos. E trabalho de grupo, nao s6 eu sob os holofotes. Trabalhando com um grupo pés-escolar e seu lider, um aluno de pés-graduagao, as criangas con- tam suas historias, percebendo que elas sao simila- res e que ha um denominador comum: suas fami- lias ajudam-nas a aprender e 0 fazem de um modo diferente que a escola, Elas querem saber mais do que seus pais acham da aprendizagem em casa e na escola. O grupo prepara uma lista de possiveis ca- minhos a seguir e resolve comegar com um projeto de “hist6rias da familia sobre a escola”. Os alunos aprendem a desenvolver protoco- los de entrevista e usam gravagiio de audio e came- ras digitais para registrar as opinides dos pais sobre aprendizagem e escolas. Quando as entrevistas vio ficando prontas, os alunos aprendem a analisar 0 material em busca de temas e padrdes recorrentes. Com estes, por sua vez, eles redigem textos para divulgagao, incluindo vinhetas de “momentos de aprendizagem” em familia, cobrindo um amplo le- que de habilidades ¢ contextos, como trabalho do- 147 MEstico, cuidado infantil, construgdo, servigos au- tomotivo artes; em igrejas, bibliotecas, empresas. Os dados mostraram uma tendéneia ao traba- tho conjunto em uma tarefa conereta com beneti- Cios MUtos, onde os alunos aprendiam enquanto trabalhavam. Mostraram também a muitas manei- ras de as familias ajudarem no en No entanto. ino de seus filhos. surgi outta questo quando os pais passaram das conversas coneretas sobre aprendiza- gem as recordagdes de suas proprias experiéncias escolares. Muitos pais — em sua maioria de cor ou Vindos de familias pobres — contaram historias que falavam de alienagao, de momentos em que, sendo criangas e ainda hoje, eles sentiram desrespeito e falta de consciéncia cultural no pessoal da escola. A raiva e a magoa deles vieram a tona como sinais Vigorosos de seu compromisso com a educagdo de seus filhos, colaborando com eles e encorajando-os a despeito dessas experiéncias. Quando a pesquisa foi apresentada ao pessoal da escola, houve diversas reagdes. Alguns ficaram zangados e se disseram “fartos de ser chamados de Tacistas”. Mas outros quiseram saber como pode- riam aprender a ensinar de outras maneiras, como ter uma intera¢ao diferente com as comunidades. Um pequeno grupo disse: “Até que enfim. Talvez agora possamos progredir”, Cada uma destas historias focaliza diferentes comunidades de pesquisadores e encarna diferen- tes valores que, por sua vez, tém relagdo com di ferentes orientagdes ideologicas. Todos os projetos tém em comum o interesse em uma determinada agenda politica, embora um grupo entenda que se trata de um interesse profissional e outro o ex- presse em fung&o de seu senso comunitario, Do mesmo modo, todas as “hist6rias” envolvem uma dimensao pessoal porque todas nos demandam re- Pensarmos nossas ages no mundo e reavaliarmos seu mérito e sua eficdcia. Os linearmente de questoes de nas de definig&es académic Projetos nao surgem Pesquisa derivadas ape- s de assuntos pesquisa- veis. Antes, eles lidam com questées integralmer eles | nte vinculadas a pratica, resultam da necessidade de mudanga que € impulsionada por novo conhe- cimento e que também o gera, pesquisa feita “de dentro”, mas mostram como, no decorrer dos NO proceso, Sao ao mesmo tempo ciclos da pesquisa, 148 0s participantes definem © muitas vezes rede, quem & considerado de dentro © quem de foray das as historias buscam também uma nova fy de relagao teoria-pratica, em alguns casos con® inclusio de formas de conhecimento “popyla,,, e “académicas”. Referéncias anotadas BRYDON-MILLER, Mi KRAL, Ms MAGUIRE.» NOFFKE, S. & SABHLOK, A. [no prelo}. “Jazz ani, banyan tree: Participatory action research”. In: py, ZIN, N. The Sage Handbook of Qualitative Resear ed. Thousand Oaks, CA: Sage. [Trata da historia + priticas de Pesquisa de Aco Participativa.} CAMMOROTA, J. & FINE, M. (eds.) (2008), gon, lution ng Education: Youth Participatory Action pe, search in Motion. Nova York: Routledge. 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