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Thais Cristéfaro Silva Fonética e fonologia do portugués ROTEIRO DE ESTUDOS E GUIA DE EXERCICIOS editoracontexto Capyrigh® 1998 Tha Crtaro Sib “Todos ot iio dest igo resradon 3 ditora Conteno (Editor Pinsky Leda) Digremacie inte Apuride Ross Reve StniaAlesande Proje de cape ‘Anonio Kh Dos Inxernacioras de Catalogo na Plc (cr) (Cimar Brulee do Liv, st, Bes) ‘Siva, Ta Crt Fonds fonelogs do poragu: reco de exudes guia de caercses |The Caro Sa 9. sempre ‘Sto Pao: Come, 2008, Bibligsfia tame 978-85.7246.357-9 1. Pugs ~ Bri 2. Ponts ~ Fone, 3, Pgs ~ Fanatic 4 Porguts~ Forlag 1. Tino 469.15 Tadica par cilogesaertco™ 1. Fonemdie Porruts Lingica 469.15 2 Fomeica + Portus: Lingisia 469.15 3 Fonologi = Paraguts Lingies 469.15 Eorrona Conrexro Dizeor edie Jame Picky Ru De Joo Bin, $20 ~ Ao da Laps 5085-030 ~ Sto Paulo sr awe: (01) 3832 5838 concrGednoracoiete comb roids «reproduc ror ou pati (ites eto proces na fora ek ). “= Para John, Thomas e Francis Agradecimentos Iniciei-me na lingiistica em um curso de linguas indigenas com os professo- res Marcio Ferreira da Silva e Marflia Facé Soares. A eles agradeco 0 incentivo e a amizade. Carlos Gohn guiou-me com sua sabedoria para assumir a lingifstica profissionalmente. O professor ¢ colega Marco Anténio de Oliveira contribuiu (€ Contribui) imensamente para com 0 meu desenvolvimento intelectual. Suas dis- cussdes claras ¢ objetivas, scus comentarios érduos e sua capacidade de compre- censio sio sempre gratificantes. Agradeco sua paciéncia, braveza e confianca. Mario Alberto Perini mostrou-me no curso de “Introdugdo & Fonologia” (mestrado-UFMG), que apesar do interesse e dedicagdo havia uma longa estrada a ser percorrida para que eu comegasse a entender 0s mistérios da fala, A ele agradeco a rigidez acade- mica ¢ a gentileza constante. Meu orientador de mestrado, Luiz Carlos Cagliari, ensinou-me a trabalhar seriamente, com afinco e responsabilidade. Com ele aprendi a ter coragem para enfrentar os desafios impostos por anélises que muitas vezes parecem impossiveis ¢ 0 desejo de aprender sempre mais. Agradeco-Ihe pela con- fianga e amizade. Com Jonathan Kaye aprendi durante a conclusao de meu doutoramento que a obsessdo pelo trabalho pode levar & loucura. Com ele também aprendi a elaborar hipéteses ousadas ¢ a buscar evidéncias para corroboré-las. Certamente ele € uma das pessoas mais brilhantes que jf encontrei Outros tantos colegas compartilharam de diferentes maneiras a minha trajetéria académica. Entre estes agradego a Ant6nio Augusto Farias, César Reis, Bemadete Abaurre, Leda Bisol, Luiz, Antonio Marcuschi, Samivel Moreira da Sil- va, Seung-Hwa Lee eYonne Leite pelo apoio intelectual e a pela amizade. As ddego também aos membros do Department of Portuguese and Brazilian Studies do Kings College London que me acolheram tio bem. Um agradecimento especi- al a David Treece que abriu as portas do Centre for the Study of Brazilian Culture and Society onde este trabalho foi finalmente concluido. ‘Agradego a Marco Ant6nio de Oliveira, Mario Alberto Perini, Luiz Carlos Cagliari, Seung-Hwa Lee ¢ Ester Scarpa por terem lido ¢ comentado parte de versdes preliminares deste livro. Seus comentarios foram muito valiosos para a conclusio deste trabalho na presente forma, As falhas ¢ inconsisténcias ainda presentes nesta versdo final so de minha responsabilidade. Agradeco ainda a Sebastian Jenkins pela producio grafica dos desenhos deste livro. ‘Aos Krenak e aos Kraho agradeco por me ensinarem tanto sobre a diver dde cultural, sociale lingifstica. Em especial agradego a Tehan Krenak e a Krokok Krah6 pela amizade e paciéncia como sabios informantes. Meus alunos da Facul Agradecimentos dade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais e do Department of Portuguese and Brazilian Studies do Kings College London contribuiram com leitura cuidadosa de manuscritos e fazendo os exercicios cuidadosamente. A eles aagradego pelos comentérios extremamente significativos para 0 formato atual dos exercicios. ‘Ao Fabio agradego 0 apoio logfstico em Belo Horizonte durante a minha estada em Londres e por compartilhar sonhos e busca, apesar das divergencias. ‘Agradeco a0 Sanzio pelos comentérios Valiosos da ética de um ndo-linglista. Meus amigos partilharam 0s poucos momentos que sobraram para eles durante a elabo- ragio deste livro. Agradego em especial a Cecilia, Isa, Nice, Zezé e Zina pela amizade constante, incentivo e carinho, Rosingela cuidou com dk € do Thomas quando iniciei este projeto. A ela agradeco os lanchinhos trazidos com tanto afeto. A minha mie e irméos agradego a confianga e amor e pela paci- éncia em falar de lingufstica em momentos muita vezes inadequados. A Lysle em especial agradego por ser uma mie tio original (no minimo!). Finalmente, agrade- 60 aos meus rapazes ~ John, Thomas e Francis - que tantas alegrias me dao por partilharem suas vidas comigo. A John, em especial por ter sido tio companheiro, alegre, bem-humorado e carinhoso nos momentos em que eu nao tirava os olhos da tela do computador. A conclusdo deste trabalho deve-se certamente a pessoas ue porventura esqueci de agradecer aqui. A elas 0 meu apreco. ‘Agradego a André Cavazotti Silva, César Reis, Daniela Mara, Jodo Antonio de Moraes, Lucas Lourengio, Luiz Carlos Cagliari, Marco Ant6nio de Oliveira e Maria do Pilar Barbosa por contribuirem com o material que foi editado em audio. Sumario Introdugao, 11 1. Allinguagem, 11 2 Areas de trabalho, 20 Fonética, 23 Introdugdo, 23 CO sparetho fonador, 24 ‘A deserigdo dos segmentos consonantais, 26 Articulagdes secundérias, 34 ‘Tabela fonética consonantal, 36 Exercicios complementares 1, 42 sistema consonantal do portugués brasileiro, 48 (ubela fonética consonantal destacavel A) 8 A descrigio dos segmentos vocilicos, 66 9. Articulagles secundirias dos segmentos vocilicas, 70 10. Ditongos, 73 UL, Asilaba, 76 12 Atonicidade, 77 13. O sistema vocilico do portugués brasileiro, 78 14. Vogais tOnicas orais, 79 (CFabela fonética vocslica destacivel B) 15, Vogais pretGnicas orais, 81 16. Vogais postdnicas orais, 85 17, Vogais nasais, 91 18, Ditongos, 94 19. Ditongos crescentes, 95 (Tabeta de ditongos destacivel C) 20, Ditongos decrescentes, 98 21, Consoantes complexas, 100 22. Exercicios complementares 2, 101 23, Transcrighes fonéticas, 106 24, Exercicios complementares 3, 108 25, Exerciciofinal, 114 ne wAene Fonémica, 117 1. Introdugdo, 117 2 Afonémica, 118 3. Aspremissas da fonémica, 119 4 Fonemas.e alofones, 126 5. Os procedimentos da analise fonémica, 135 (© SISTEMA CONSONANTAL DO PORTUGUES, 136 1. Fonemase alofones, 136 (Tabela fonémica consonantal destacdvel D) ‘A ESTRUTURA SILABICA, 152 LIntrodugo, 152 2 Sillabas constituidas de uma vogal, 153 3. Consoantes prevocilicas, 155 4 Consoantes posvocilicas, 157 5. Glides, 169 6 Conchisio, 171 (© SISTEMA VOCAUCO ORAL, 171 1. Fonemas voedlicos, 171 2. Alofonia vocilica, 173 (Tabela de alofonia vocilica destacivel E) 3. Conelusio, 180 4. Bxericio final, 181 OACENTO, 182 CONCWUSAO, 185 Modelos fonolégicos, 187 1. Introdugzo, 187 2 Oestruturalismo, 187 3. A fonologia gerativa padrio, 190 4. Omodelo natural, 200 5. Omodelo de silaba na fonologia nfo-linear, 202 6. Fonologia de dependéncia, 209 * 1 & 9 10. Fonologia de governo, 211 Fonologia lexical, 214 Fonologia métrica, 215 Teoria da otimizagéo, 217 1H. Interface fonologia-sintaxe, 223 12. Fonologia de uso, 224 13, Tépicos para pesquisa, 226 14. Concluséo, 229 Respostas dos exercicios, 231 indice remissivo, 257 Bibliografia, 263 Introdugdo 1. Alinguagem Falantes de qualquer Ifngua fazem reflexdes sobre 0 uso e a forma da lingua. gem que utilizam. Estes falantes so capazes de fazer observagdes quanto 20 "'so- taque” as “palavras diferentes” utilizadas por um outro falante. Qual o falante que no se lembra de ter um dia discutido “jeito diferente de falar” de uma pessoa que seja de uma outra regio geogrifica? Pode-se também determinar se 0 falante € estrangeiro e muitas vezes precisar o pafs de origem daquele falante. Qualquer individuo pode “falar sobre” a linguagem e discutir aspectos relaciona- dos s propriedades das Iinguas que conhece. Isto faz parte do “conhecimento comum” das pessoas. Contudo, hd um ramo da ciéncia cujo objeto de estudo ¢ linguagem. {A lingiiistica ¢ a ciéncia que investiga os fen6menos relacionados & lingua- ‘gem e que busca determinar os principios e as caracteristicas que regulam as es truturas das Iinguas. Nas préximas paginas apresentamos a0 leitor os principais termos técnicos da lingifstica que sio adotados neste livro. Pretendemos também indicar 0 objeto de estudo da lingiifstica e apontar dreas de trabalho que necessi: tam de profissionais com conhecimentos lingUisticos, especialmente nas dreas de fonética e fonologia ‘Sabemos que falar uma determinada lingua implica um conhecimento que certamente transcende 0 escopo puramente linguistico. Quando duas pessoas fa- antes de uma mesma lingua se encontram e passam a interagir lingiisticamente, certamente se dé uma interago ampla em que cada uma das pessoas envolvidas passa a criar uma imagem da outra pessoa. Podemos identificar se a pessoa ¢ falan- te nativo daquela lingua. Um falante nativo € um individuo que aprendeu aquela lingua desde crianga e a tem como lingua materna ou primeira lingua. Caso classi- fiquemos 0 falante como sendo nativo, podemos afirmar se tal pessoa parttha da ‘mesma variante regional daquela lingua. Nao precisamos nem mesmo ver um falan- te para determinar a sua idade ou sexo, ctalvez seu grau de educagio. Isto pode ser facilmente atestado quando atendemos a um telefonema. Podemos também precisar seo falante € um estrangeiro que tem a lingua em questo como segunda lingua. Na grande maioria dos casos, falantes de uma segunda lingua tém caracteristicas de sua Iingua materna transpostas para a lingua aprendida posteriormente. Tem-se portanto © “sotaque de estrangeiro” com caracteristicas particulares de linguas especfficas (como “sotaque” de americano, japonés, alemdo, italiano, etc.)

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