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Capitulo 9 Seqiiéncias e séries de fungdes Neste capitulo final fazemos uma breve apresentacdo das seqiléncias e séries de fungdes. Ao lado da integral, elas séo um outro processo infinito muito importante para a definigio e o estudo das propriedades de fungées, principalmente as séries de poténcias. Por exemplo, o leitor jf viu, em seu estudo do Céleulo, que fungSes como sen x € cas:r, possuem as seguintes séries de Taylor: ioe aypaantt Qnty? s (ay 24 Cenil Estas séties podem ser usadas como ponto de partida para a definigSo de senx e cos de maneira puramente analitica, sem a necessidade de recorrer 3 motivagSo geométrica, como se costuma fazer em Trigonometria, Para 0 estudo deste capftulo o leitor poders sentir necessidade de recordar, de seus estudos anteriores de Célculo, 0 chamado “polindmio de Taylor”, ¢ as aproximarées de funcées por esse tipo de polindmio. 9.1 Seqiiéncias de fungoes ‘Vamos iniciar nosso estudo com as seqiincias de fungoes fa, todas com 0 mesino dominio D, Assim, para cada valor de x em D, temos uma seqiiéncia. numérica Jal), & qual se aplicam todos os conecitas ¢ resultados das séries numérieas, ‘em particular © conceito de limite. Aqui, entretanto, esse limite, em geral, depende do valor « considerado — & fungao de 2; daf designarmos o limite de uma seqiiéncia de fungdcs fax) por f(z), justamente para evidenciar que case limite € fungo de =. 215 216 Capitulo 9: Seqiiéncias e séries de fungdes Convergéncia simples © convergéncia uniforme Quundo lidamos com seqiténcias de fungées, hé que se distinguir dois tipos de convergéncia, um dos quais é o de convergéncia simples ou convergéncia pontual, iz-se que uma seqiiéncia de fungdes fa, com o mesmo domfnio D, converge simplesmente ou portualmente para uma fungio f se, dado qualquer ¢ > 0, para cada 2 € D existe N tal que n> N= Ufale) —fl@)] 0, len] N € Vemos assim que, para cada z fixado, encontramas um N; mas esse N varia ‘com o variar de sr; e quanto maior for |x|, tanto maior seré oN, o qual tende 4 infinito com |x| —» 00. Em conseqiiéncia disso, x convergéncia de a/n para vero niio se di de maneira “uniforme” para diferentes valores de x. A Fig, 9.1 ilustra muito bem 0 que se passa: 0 gréfico das fungies y = s/n sao retas, que se tornam tanto mais préximas do cixo dos x quanto maior for o fndiee n. Mas, no importa, quéio grande soja esse fndice, hi sempre valores de x para os quais lfn(2)| supera qualquer nimero positivo, digamos, |f,(z)| > 1. Dito de outra maneira, os gréficos no aproximam 0 eixo dos z de mancira “uniforme em 2” Porém, como a prépria figura sugere, restringindo 0 domfaio das fungies fy, um intervalo do tipo |z| < ¢, onde e 6 qualquer niimero positivo, consoguimos determinar um indice NV, vélido para todos os valores we desse intervalo. Com efeito, neste caso, |r/n| < e/n, de forma que basta faser c/n o/e. Assim, n> N= E> |fa(a)| = © Dizemos entio que a convergéncia é “uuilorme em 2”, visto que eonseguimmos encontrar um N (= c/e) vélido para todo « € [-e, J. B interessante observar também que, se aumentarmos o ¢, teremos de aumentar oN, embora a con- vetgincia continue uniforme em qualquer intervalo |x| < e. Mos observe: ela nfo € uniforme na unige desves intervalos, que é todo 0 eixo real! 9.1. Seqiiéncias de fungdes 217 Figura 9.1 9.2, Definigao. Diz-se que uma segiléncia de fungdes fa converge uni- formemente para uma fungao f rum domfnio D se, dado qualquer € > 0, existe NV tal que, para todo x € D, n>N = [fal = fla)| 0, existe um indice Na par- tix do qual os gréficos de todas as fungdes fy ficam na faixa delimitada pelos sréficos das fungées f(x) +e e f(z)—e (Fig. 9.2). Ao contrério, a convergéncia nao sendo uniforme, existe um ¢ > 0 tal que, para uma infinidade de valores 218 Capitulo 9: Seqiiéucias ¢ séties de fungées _ 1, 0 grafico de f acaba saindo da faixa (—e, ), centrada no gréfico de fb esse 0 caso da segiucia fa(z) = /n, que converge para f(z) = 0 (@ real), mas nfo uniformemente. Entdo, qualquer que seja © > 0, 0 grifico de qualquer Jn acaba snindo da faixa (—€, c), centrada no eixo dos , como se vé na Fig, 9.1 Para neyar aconvergéncis uniforme, nio é preciso que a desigualdade |f,(2) F(@)| <¢ soja violada qualquer que seja € © para todo n, como acontecou no exemplo anterior. Basta que essa violaeio ocorra para algum € > 0 e para uma infinidade de indices n, como ilustra o exemplo a seguir. 9.8. Exemplo. Consideremos a fungao f(x) = e~*”, cujo gréfico 6 siméirico em relagéo ao eixo Oy e que tonde a vero com x + -boo. Sela fy, a seqiiéncia dada por fa(z) = f(x —n). Como se vé, 0 grafico de fy 60 de f transladado ‘runidades para a direita (Pig. 9.3). # ficil ver, entio, que fa(r) —+ 0 pontual, mente, Mas essa convergéncia néo é uniforme, pois f(n) = 1, de sorte quo a condigaa [Jn(z) ~ f{(2)| ¢, Salt) < fale) < exp[-(e—n)?}; ora, esta iiltima expresso pode eer feita menor do que qualquer © > Oa partir de um certo indice N, independentemente de 2, desde que 2 < c r é ‘igura 9.3, 9.4, Teorema (Critério de convergéncia de Cauchy). Uma con- dicio necesséria ¢ suficiente para que wma seqiéncia de funcées fy convirja uniformemente para uma funcio {num domfnio D é que, dado qualquer © > 0, exista N tal que, qualquer que seja x € D, se tenha: n> Ne m>N = |falz)— fnla)| N+ |fale)— f(x) <6, 219 9.1, Soaiiéneins de fangde qualquer que seja x € D, ¢ isso prova a eonvergéncia uniforme de f, para f. (0 fato de havermos perdido a desigualdade estrita nao importa; ce quiséssemos terminar com |fn() — f(z)| < ¢, bastaria comecar com ¢/2 em (9. 1), © que nos levaria a |fa() — f(a) < ¢/2<«.) Deixamos ao leitor a tarefa de provar que a condigao & necesséria Exercicios 1. Prove que, qualquer que seja x, coun nfo tende a zero. 2. Mostre que f(z) = 1/ner —» 0 pontualmente em + # 0, mas néo uniformemente. Prove que convergéncia & uniforme em qualquer dominio do tipo |z| = ¢ > 0. aga os gréficos das fy(2r) para entender 0 que acontece. 8. Prove quo fn(2) = 1/(1-+ nz) tende a zero em z #0, mas nie uniformemente 4, Mootre que as seqiiéncias He) Ee y= ete tendem a zero uniformemente em 2, para todo real 5. Mostre que a seqiiéucia f,(z) 2" tence a 2er0 pontualmente no intervala (0, 1), mas nio uniformemente. Prove que a convergéucia é uniforme em qualquer in. tervalo (0, q com ¢ < 1. Faga.o mesmo no eso des intervalos (—1, 1) ¢ [-<, ¢ Tnterprote sua. andlise geometricamente nos grifieos das fungées J. 6. Faga os grificos das fumgdes da seqiiéncin, se OSr<1/n se n> In ‘Mosize que essa soqtiéneia tende a zero pontualmente em 2 > 0, mas no uniforme- ‘mente. Prove que a convergtncia é uniferme em qualquer setui-eixo z > > 0. 7. Prove que fx(z) = 2*/(1 + nz) tende a zero uniformemente em toda a reba, 8. Prove que a segiiéncia f(x) = 2/(1 4-n2) tende a zoro uniformemente em = > 0. Analise 0 comportamento desta soqiiéucia em 2 < 0. 9. Extude a sogiéneia f(z) = ne/(1-+ ner) quanto & convergéncia simples @ uniforme. 10, Determine o imite da seqiéneia Ju() =nx2/(1-+-na) e prove que a convengéncia 6 eniforme em x > 0. Analise a situagéo em x <0. 11. Mostre que a seqtiéncia f,(2) = e*" tendo a 1 pontualmente para todo 2 real, mes nao uniformemente. Prove que a couvergénela é uniforme ein qualquer intervalo Fee,

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