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CONCLUSAO Warne A. Gruen Chegamos ao fim do livro, mas obviamente nao se trata do fim do debate. Diferencas importantes ainda nao foram resolvidas. No entanto, os autores compartilham algumas 4reas relevan- tes de concordancia, e é apropriado destaca-las com clareza e dar gracas por elas. AREAS DE CONCORDANCIA 1, Compromisso com as Escrituras. Os autores concordaram entre si quanto ao seu compromisso com as Escrituras como a Palavra de Deus inerrante e autoridade absoluta em todas as questdes que debatemos. Em termos praticos, isso significa que os autores dos ensaios querem reafirmar diante dos que participam de suas respectivas posigées que os cristaéos de- vem estar continuamente sujeitos aos ensinos das Escrituras em todas as areas da vida e do ministério, 2. Comunhdo em Cristo, Os autores expressaram freqiien- temente gratiddo pelo fato de poderem debater essas questdes juntos, como irmdos em Cristo. Um dos resultados relevantes da nossa conferéncia, de dois dias de duracdo, foi que todos nés (e incluo a mim mesmo, como editor) saimos da conferén- cia com maior apreco pelo amor genuino por Cristo e com maior zelo pela pureza da igreja que percebemos naqueles dos quais discordamos. Acho que 0 dr. Saucy falou em nome de todos nds em sua declaracao final, quando disse que “a igreja deve continuar a estudar conjuntamente as demais quest6es em aberto”, Seria justo dizer que, no fim desta conferéncia, todos 360 = Cessaram os dons espirituats? nds saimos com a esperanca de que o Senhor concedera uma experiéncia semelhante, aos que usarem este livro como base para debater essas questées — e que eles passarao a crescer em apreco pela profundidade da dedicacao a Cristo e pelo desejo de buscar o bem da igreja, que se acha no coracdo das pessoas que diferem entre si no tocante a essas questdes especificas. 3. A importancia de experimentar um relacionamento pes- soal com Deus. Todos os autores compartilharam o compro- misso da importancia da experiéncia genuina, vital, pessoal e relacional com Deus na vida crista do dia-a-dia, que inclui a oracao, a adoracao e o ouvir a voz de Deus, que fala tanto ao nosso cora¢éo quanto a nossa mente por meio das palavras das Escrituras, em todas as situacdes especificas da vida. Quanto aos milagres, todos os autores concordam em que o milagre maior e mais maravilhoso que ja experimentamos é 0 novo nascimento em Cristo e que seria bom os cristdos se lembrarem disso com agées de gracgas no contexto de outros debates. Quanto ao poder do Espirito Santo, também concor- damos que 0 crescimento pessoal na santidade e na fé é uma das evidéncias claras da operacdo do poder do Espirito Santo e que essa verdade nunca deve ser negligenciada. 4, Certa medida de concorddncia a respeito de pormeno- res especificos dos milagres e dos dons do Espirito Santo. Em- bora os autores tenham discordado entre si a respeito de muitos pormenores e questdes de énfase e de expectativa, nem por isso deixaram de concordar quanto a certos detalhes especificos nessas questées: a) Curas e milagres. Deus realmente cura e opera mila- gres hoje. b) Orientacdo. O Espirito Santo realmente nos guia (mas sa necessarios mais estudos a respeito de como o Es- pirito Santo emprega nossas impresses e sentimen- tos nessa questao). c) Revestimento de poder. O Espirito Santo realmente re- veste de poder os cristéos para varios tipos de minis- tério, e essa capacitacdo é uma atividade que pode ser distinguida da obra do Espirito Santo na transforma- cao do intimo, mediante a qual nos capacita a crescer na santificagao e na obediéncia a Deus. Essa obra da capacitacao pelo Espirito Santo nao é uma doutrina nova; as gerages anteriores a chamavam, as vezes, “uncao”. O Espirito Santo pode assim nos conceder semelhante Conclusio = 361 revestimento de poder para o ministério, em maior ou menor grau, nao somente na pregacdo, como também na oracao, no evangelismo, no aconselhamento, e nas demais atividades que realizamos na igreja para a pro- mogado do Reino de Deus. d) Revelagdo. Deus, em sua soberania, pode trazer a nos- sa mente coisas especificas, nao somente 1) trazer a mente palavras especificas das Escrituras que atendem a necessidade do momento, como também 2) dar discernimento repentino em relacdo a aplicacdo das Escrituras em uma situa¢do especifica, 3) influenciar nossos sentimentos e emocoes, e 4) dar informacées especificas a respeito das situacdes da vida real, que nado adquirimos através de meios comuns (embora o dr. Gaffin considere essa Ultima categoria tao excepcional que nado deve ser esperada nem buscada; prefere algum termo que nao seja “revelacdo” para descrever esses quatro elementos). Foi nesta questao especifica que ha- via menos concordancia entre os quatro autores. AREAS DE DISCORDANCIA Uma das marcas do dialogo teolégico construtivo é a capacida- de das pessoas que diferem entre si, de consentirem, no fim da discussdo, com a definicdo de quais sao essas diferencas e como expressa-las. Neste sentido, conseguimos um resultado benéfico dos ensaios e debates pois esclarecerem as areas es- pecificas nas quais ainda permanecem diferencas genuinas. 1. Expectativas. Por causa das diferencas em entender o modo de o Espirito Santo operar durante a era da igreja, os autores diferiam, de modo significativo entre si, quanto as expectativas da freqiiéncia com que devemos esperar que 0 Espirito Santo opere de modo milagroso para curar, orientar, e realizar milagres, para outorgar revestimento de poder ex- cepcional para o ministério e para trazer coisas a nossa men- te (ou revela-las a nés). 2. Encorajamento. Por causa das diferengas em entender o que devemos esperar que o Espirito Santo faca hoje, os autores também diferiram entre si a respeito de quanto encorajamento devemos dar aos cristaos para buscarem e orarem pelas obras milagrosas do Espirito Santo hoje. 3. Que nomes devemos dar a essas coisas? Embora os autores concordassem em que Deus possa as vezes trazer repentinamente 362 » Cessaram os dons espirituais? coisas a nossa mente, o dr. Storms e o dr. Oss preferem cha- mar a esse fato dom de profecia, mas o dr. Gaffin, nao; para ele, o dom de profecia esta restrito 4 outorga das palavras das Escrituras — dom que terminou quando foi completado o canon do nt. Segundo o dr. Saucy, Deus pode trazer coisas 4 nossa mente hoje, mas isso deve ser chamado orientacdo pes- soal, e nao profecia. Entretanto, Saucy também deixa em aberto a possibilidade (improvavel) de Deus dar uma profecia “inspira- da” e inerrante até mesmo hoje; mas ainda que isso aconteces- se, nao faria parte do canon, que esta fechado. Embora todos concordassem em que Deus ainda pode rea- lizar milagres (incluindo curas), Storm e Oss sustentam que as pessoas hoje podem possuir esse dom, Gaffin o limita a era apostolica e Saucy, embora tenha a mente aberta para com esse dom hoje, examinaria reivindicacdes de milagres com grande cuidado e cautela (na sua opiniao, do ponto de vista historico, os milagres pareciam se destacar especialmente nas situacgées de implantacdo de igrejas). Quanto ao dom de falar em Ifnguas e sua interpretacdo, se- gundo Gaffin e Saucy, ao operarem juntos, constituem revela- cao com a qualidade de Escrituras, da parte do Espirito Santo. Gaffin acredita que esses dons funcionavam somente durante a situacgéo do “canon aberto”, quando o nT estava incompleto. Quando perguntaram a Gaffin o que esta acontecendo na vida dos cristéos que alegam falar em linguas hoje, ele nao tem cer- teza, mas acredita que essa atividade nao passe, provavelmen- te, de capacidade humana corriqueira de falar silabas sem sentido, Também é receptivo para com quem lhe demonstre, na base das Escrituras, que essa atividade é construtiva para certas pessoas em sua vida de oracao, embora, ainda assim, nao a chamaria dom de falar em linguas. Para Saucy, embora as Escrituras néo excluam as linguas hoje, muitas expresses mo- dernas nao se conformam com a pratica ou proposito biblico. Storms e Oss, por outro lado, sustentam que falar em lin- guas nao é revelacdo da parte de Deus, mas que é uma forma de ora¢gaéo e louvor humanos — trata-se do espirito humano do cristéo orando a Deus por meio de silabas que quem fala nao entende. Storms e Oss acreditam que esse dom continua hoje. Oss acrescenta que as linguas, quando incitadas pelo Espi- rito Santo, também possam ser usadas por Deus para transmitir uma mensagem 4 igreja, embora nao se trate de uma palavra com a qualidade das Escrituras. Tanto Storms quanto Oss tam- bém sustentam que o dom de interpretacdo seja simplesmente

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