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aM Doi Langley aoe einen eri emg cpp dv apes 129 © cy Toe ona epi 10 © iby Than set ice ae ee ‘ed yamine is Than od tea ae ‘heal iil Goes fabio ome say pe Moers Carls ‘brig de wen pra oda (1914), ouraa dt Dames de Sade Hesmede? “Todaro dino dese rads oro serene? on Raa Rane Pia, 702 32 522.002 — Sic Palo SP “Tefones (11) 3707-3500 Fre (1) 3707-3501 ‘mcompanhindserco br ‘wbleglacompeckincem be INDICE 10 inicio de tudo Gteyos € romanos | Buropa antiga .. | \ Renascenga € 0 século xv: .. } © século xv 6 © século xvut De 1800 a 1850 De 1850 a 1900 .. De 1900 a 1939 : \) A era do individualismo ... Dibliogtafia selecionada . Lista da 50 "4 103 27 155 177 213 252 279 280 1 Ved tepugse Aetna agnate aoge Byundotads praca bein isso. 2 fonds fw as fuelne O INICIO DE TUDO \ roupa, na maior parte da sua historia, seguiu duas linhas \\ijinias de desenvolvimento, resultando em dois tipos eontras- jsotes de vestimenta. A linha diviséria mais ébvia aos olhos mo- \ciiios est entre a vestimenta masculina ¢ a feminina: calgas ¢ J, Mas no € absolutamente verdadeiro que os homens te- Juin sempre usado roupas bifurcadas e as mulhetes nfo, Os gre- os © fomanos usavam tinicas, 0 que quer dizer, saias. Povos de {y\des montanhosas como os escoceses € os gregos modernos usam, jue sio, na verdade, saias. Mulheres do Extremo Oriente ¢ do ‘Ovlente Préximo usavam calcas e muitas ainda o fazem. A divi- jv por sexo acaba nZo sendo verdadeira, Podemos opor oupas ‘ajustadas’’ a ‘‘drapeadas"', as mais nas se enquadrando na primeira categoria, ¢ as da Grécia ships, por exemplo, na outa. Ao longo da historia no houve Inuitas variagées quanto a esse aspecto, € é possivel encontrar ti- pos intermediérios. Talvez a distingdo mais itil seja a estabeleci- {11 pelos antropélogos, entre ttaje "tropical" © “*arcico”’ \s grandes civilizacdes antigas surgicam nos vales férteis do Jiuftates, do Nilo e do Indo, ou seja, em regioes tropicais onde | protecao contra o frio ng pode ter sido o principal motivo pa- Jul se usar roupas, Muitos desses morivos foram relatados, abran- jiendo desde a idéia ingénua, baseada no relato do Génesis, de {jue 0 uso de roupas deveu-se ao pudor, até a nogio sofisticada «Je que eram usadas por motivos de exibigio magica protetora J nuictanto, a psicologia das roupas ja foi adequadamente trata- Ja em outras obras. Neste estado, deixaremos de lado tais com- plicages € nos concentraremos nas questdcs relativas & forma € vo material 7 2-5 Mule de sends eu vimeitas civilizacdes do Egito e da Mesopotamia ji dei- xaram de ser o inicio dessa histéria, Nos dltimos anos totaou-ce disponivel uma documentagdo muito mais primitiva, em gran, de parte gracas as descobertas e a0 estudo das pinturas em Coven, fas. Os gedlogos nos conscientizaram de uma st de eras slaciais, nas quais o clima de grande parte da Europa tomoucse extremamente frio, Mesmo nas tltimas culeuras paleoliticas (isto & culturas cm que as ferramentas ¢ armas exam feitas lascando se pedras duras como o silex) vivia-se junto as grandes geleira que cobriam a maior parte do continente, Em tais circanstan, las, apesar de os detalhes das roupas poderem ter sido determi: nadlos por implicagdes sociais e psicol6gicas, o motivo principal ara se cobrir 0 corpo era afastar o frio, uma vez que a natuteaa fora tio avara com 2 protesio natural do Homo sapiens. Os animais foram mais afottunados, ¢ 0 homem primitivo loxo perceben que podia cagé-los e abaté-los nfo $6 pela carne mas também por suas peles. O uso de peles apresentava dois pro- blemas. Meramente colocada nos ombros, a pele de um animal no 6 tolhia seus movimentos como deixava exposta parte do corpo. Ele, portanto, precisava darthe forma de algum modo, mesmo que, a principio, nao tivesse meios para isso. O segundo, problema é que as peles dos animais, i medida que secam, tor. ‘fam-se duras ¢ dificcis de watar. Bra necessério descobrit um meio de torné-las macias ¢ maleaveis; o mais simples é ura laborioss ‘mnastigicto. Mesmo hoje, as mulhetes esquimés passam parte con- siderivel do dia mastigando as peles que seus matidos trazem da casa. Outro método consiste em, alternadamente, molhat a pele ¢ sové-la com um malho, apés a raspagem de todos os frag: mentos de carne presos a ela. Mas nenhum desses processos ¢ satisfat6tio porque, se a pele ficar encharcada, todo o trabalho tem de ser repetido. Houve um avango quando se descobriu. que 0 dleo ou a gor duta de animais matinhos, quando esfregado na pele. auidara 3 conservé-la maleavel por mais tempo, isto é, até que o dleo se~ casse. O préximo passo foi a descoberta do cuttimento, ¢ é stra. ttho pensar que as téenicas esenciais desse processo, de concep. ‘sao vio ptimitiva, ainda estejam em uso atualmente. A casca de certas drvores, especialmente do carvalho ¢ do salgueito, contém Acido tanico, que pode set extraido ao se mergulhar a casca em gua. Apés ficarem imersas nessa solucio por tempo considera. vel, as peles tornam-se permanentemente maledvecis ¢ & prova agua. Esse processo permitiu que as peles fossemn cortadas ¢ mol cladas, ¢ houve entdo um dos maiores avancos tecnol6gicos da histéria do homem, comparavel em importancia invencio da toda e & descoberta do fogo: a invengio da apulha de mao. Gran- des quantidades dessas agulhas, feitas de matfim de mamute, de ossos de rena e de presas de lego-marinho foram encontradag ‘em cavernas paleoliticas, onde foram depositadas hii 40 mil anos, Algumas sto bem pequenas e primorosamente trabalhadas, Es 82 invengio tornou possivel costurar pedacos de pele para amol. 0 Li-los ao corpo, O resultado foi o tipo de vestimenta ainds hoje ngs eT ped oer a pe ete ae ios foram descobrindo 2 utilizacdo de fibras animais fire iis. E possivel que « feltcagem tenha sido o primeiro as noces0,deseavolvide na Asia central pelos ancestias dos mon- vs, lou péles sf pentcadas, molhados colocados em cama las Sobre uma esteira. Em seguida, enrola-se aesteint com forge © bate-se nela com uma ae = pélos ou a la be pe: ee m cofeltto produzido é quente, maledvel e dusivel, passer eee ri Simian at jetes e tends ‘ 5 laa. a Himitiva, que também utilizava fibras vege iis ene apelin daca de cena rote, cono 43m rita ow a figueira, A casca eta arrancada € merguhada em au. liés camadas eram envio colocadas sobre uma pedia peas doasfibrs da camada do meio dsposs de modo a format in sulos retos com as das outras duas. As camadas cram oe ova das com um malho até que se juntassem € Tee \inta no tecido resultante pata aumentar sua durabilidade. = proceso, muito semelhants ao empregado pelos exipcios anti os para transformar 0 papiro em matetial para escrita, Be ae ser considerado como uma etapa intermediaria entre a fabrica- so de esteiras © a tecelagem, O tecido de casca, entretanto, € dificil de cortar € Gene © as roupas ae ee sao, cm gi nas um revingule que se entola ne oe como Faiam alguns indios amercanos, pesar de no serem to boas quanto outras fibras vegetais, como o linho, ee 0 algedzo, Ets itimas, contudo,exgem calivo «foram, por «ano, pouco was pels pons nomades oa épors paso ses povos possufam ovelhas, ¢ a I parece ter sido vss Neolitica. No Novo Mundo os animais ateis eram o Ihama, ficunha, f ie ioe em grande saa equer um aig faa, uma vez que o tear tende a ser grande e pesado e, portanto, dificil de ra u 5, Assubanpal de Nimrud. Babine, 83-859 4. Tisje masculine cosiindoem {ia ongacor mangsjusas. As anas diagonals casino remade por un sele Fern sobre oor & Ponador de ofetendas pers, de espa, sculo¥ 2. Os pés esto caados com Bots, 0 adoro da cabea & firma por ut tia de pane Portar. A situacdo ideal para’seu desenvolvimento era uma co- Muvidade pequena, estabclecida, cercada de bons pastos para 28 ovelhas. O velo era tosquiado por métodos muito semelhan- fe aos atuais; o monte de fibras resultante era entdo fiado, co fio era tecido em um tear. Uma vez estabelecida a manufetata He tecidos, mesmo que fosse em escala pequena, abriu-se 0 ca- ™inho para o desenvolvimento das roupus como as conhecemos, © método mais simples de se utilizar 0 tecido para o que *€ chama, significativamente, de “‘yestimenta"’ era enrolat um 2 7. Argus pes de Sus, slo Yay a. Tina de eid enamy ize niga, Okabe ute at chee sor pp quent equeno zevdngulo de pano em volta da cintura, fazendo assim lum saronguc, a forma primitiva da sala. Mais tarde, outro qua. drado de pano era enrolado sobre os oxbros e stado por bro. ches. Vestimentas dessa natureza eram usedas pelos egipcios, as- sitios, gregos ¢ tomanos, Na verdade, coupas drapeadas cram a marca de civlizagdo. As que acompanhavamn as formas do corpo gram consideradas “'barbaras"’, ¢ os romanos, em certa &poca, chegaram a condenat 4 morte quem as usisse, Roupas drapeadas exigiam um avango considerdvel na are de tecer, de modo a tomar possivel x prodiasio de retdngulos de tecido em dimensées adequadas para tal finalidade. Mas a tran sisto das peles de animais para o tecido no foi tao simples ou imediata como se supunha anteriormente, Exatuctas ¢ batwosere, {evos da antiga civilizagdo suméria da Mesopotamia (cctceiro mic Jenio aC.) mostram pessoas usando saias compostas de tecidos cm tafos (figs, 2-4), isto €, panos com a aparencia de tufos de {a dispostos simetricamente, as Vezes como uma série de baba- dos. Quando esses tufos, ou tirasindependentes, fotam rclepa. dos as bordis dos cv4ngules de pano, transfermatamse em fra, € esse vestigio pode ser visto claramente em quase todas as vest, mentas usadas pelos assitios € babilénios de ambos os sewos Observou-se que os xales franjados (porque esse seria o modo ‘mais lsonjeiro de aos referitmos a eles) que compaem 2 roupa de, por exemplo, Assurbanipal, como se pode vet em sus ere tua no British Museum (fig. 5), esto drapeados em volta de seu corpo de modo muito mais apertado do que o seria na realidas de, O escultor climinou todas as dobras a fim de evidenciat os desenhos do tecido cstampado. AAs mulheres ¢ os altos dignitdrios continuaram a usar trajes desse tipo, mas eles foram gradarivamente substituidos nas wee. timentas comuns masculiaas pot um tipo de tanica com man. 84s. Acredita-se que as mangas, assim como as botas fechadas, scjam influéncia des povos montanheses que os rodeavam, Am, bas pareceriam desnecessérias no clima bastante quente dos va. les do Eufrates ¢ do Tigre Mi As mulheres raramente aparecem nos baixos-relevos de Ni- vive, apesar de estes setem ricos em reptesentagdes de trajes mas lines. Hii, entzetant, cetas estétuas de deusis que as mos- ‘sam em longas tinicas com babados, E interessante notar que Urn lei tien, de ented 1200/2 G., obripntacas millers essa. a usar véus em publico. Esse € 0 registro mais antigo de um ‘njume que prevalece nesas regides até os tempos moderaos omens e mulheres usavam cabelos compridos. Cabelos ¢ bat- has eram cacheados e, as vezes, entremeados com fios de ean © oene de cabess mescaline tna a forma de um sao over apesar de os guerreitos, evidentemente, usarem elmos que ‘cominavam em uma espécie de agulha sem ponta. 3 roupas prowtoras, a principio, eram de couto e, mais tarde, cobertas com placas de metal para a infantaria pesada ¢ a cavilaria " Os persas dominacam a ciilinasto babii o,sculp vi aC. Como era otiginatios de uma regio montanhosa de cli- due mal fo no atual Turgut, seam tes mas gues ‘nas logo es substituiram pelastinieas fanjadas ¢ os manos do mo congulsido (ig, 7) Alem di edo litho, ahah tune Den ess sed caida Gu Chace pole age dae ate nas, No entanto,conservatam seu adoro de cabega 0 capes macio de feltro que os gregos ene ae fe e que : cer «ade 2 mil anos depois, seria adotado pelos reyolucionatios fran ‘ses como ““o chapéu vermelho da liberdade"” (fig. 6). Também ‘onservaram seus sapatos caracterstcos, uma bota fechacla de cot vo flexivel com a ponta ligeiramente voltada para cima. A inova 20 mais importante foi o uso de caleas, que passazam a ser con sideradaso tae upto eta ee pudermos conta nos patos fegisttos disponiveis, também foram usadas pelas mulheres ‘ Osmedas, que pariparam das onquisas peas, cram da nesma raga ¢ usavar vestments semilhantes, Porem Mauss use ail ala, O adorno de cabega também era diferen+ <6, constindo em um chap edondo de opachata a uz, Havia pouco contraste entre os trajes masculinos € o: Ethos, excel tine aoe ats ne lies, gus exam mai amplos e mais compridos. Mas setia pouco proveltoso, dentio dos 1b 8 Cenade banguerede uma tumba em Teas, vt dinasia, 195541530. Asdangae edttamente vishesauavés do reco dfn da vont 4onga — um explo peimstivo do esto tansparene limites desta breve visto geral, tentar estabelecer as pequenas di- ferencas entre os tajes dos persas e medas ¢ dos povos ainda se. mi ndmades, como os citas, décios ¢ sitmatas das estepes viziolas © vale do Nilo no é mais quente do que o vale do Eufta- tes, mas a vestimenta egipcia era muito mais sumitia e leve do Que as da Assitiae da Babildnia. Na verdade, as pessoas das clas. ses mais baixas ¢ os eseravos dos palicios andavam quase, ou com. pletamente, nus (fig. 8). O uso de roupas era uma espécie de distingao de classe Felizmente sabemos muito sobre a vestimenta do Egito an- tigo através de estaruetas e pinturas em paredes qe, gragas 20 clima extzemamente seco, foram prescrvadas em grandes quan. tidades. A documentacao disponivel € maior do que a de qual. 6 ‘vi diasta,1350-13403.C. Assoupasresis erm diferen. tesla usadas pel ovine cp nin, send de tecido mais fine, com cies bordades ¢ oles de cutee esate V eicidade Cilzacto antiga, sendo o traco mais marcante sua qualidade estitea. Em um perfodo de aproximadamente 3 mil anos. as mudancas fotam minimas. Durante o petiodo conhecido como Antigo Impétio (isto &. antes de 1500 2G), o traje caracrertatico era & chanti.um pe- dago de tecido usado como, tanga ¢ preso por um cinto. Para os Fi ¢ dition ecu pregueado © engomado e, algae ace bordado (fig. 11), Sob o Novo Impétio (1500 aC. - 332 a.C.) os faraés também usavam uma tiinice longa, franjada, chamada ca- ‘ares, QU senda semirangpatente, permits qree vine ey Por baixo. Era feita de um pedago de pana retangular, as vezes fecido-em uma s6 peea — quando usada pelas metrens, produ. 211 tm cftto ajustado sob os scios — ¢ presi 40s onion por alas (Fg. 10), (A aparéncia cxtremamente justa das roupas fe- venenlts fm esculturas ¢ pinturas deve-se provavelmente fe con- Blas.) Umacapacutra 3s vezescobtia os ombios, Gn andhas pes detrando of it#de por uma gola larga, adotnada com joias, detxando 0s scios descohertos. Diferememente de outzos powos antigos, as egipcios faziam Rouco usa dali, uma vez que as fibras aniraais exh eoaantes is impurss. Ap6s a conquista alexandsiog, passer sees da na fabricacto de roupas comuns, mas ante on proibida nos Lezies dos sicerdotes © nos usados em funerals, Park cone €2s0s, exigia-se 0 linho mais fino. (Os seipcios antipos possufam padibes de higiene extrema- mente elevados,c uma das vantagens das roupae de lithe ae, Thanves nite Podiam ser facilmente lavadas. Por motivos seme, 08 homens raspavam a cabeca ¢ usavam um adoro fei- poe a trratuadrado de tecido listrado que circandava as ean, oras e formava pregas quadradas sobte ss oselhin Nas cerimé- con Be eattas,confeccionadas eja com eabelo natural, seja corn fibras dlinko out de palmeira. Eesas penicas fora ere tradas em tambas muito antigas © 0 costes desk ce durou As jovens princesas tetatadas em aftescos também tinkam cahega raspada, mas as mulheres maduras aio, sendlo eat cabe- 18 200 2 Imagina-se que a estampa Mules frends x ti 2094. ain ‘ilo verido jut tena sido composa por wnat Nefari in 0:1330 0. O retusa 0 cha su dinasta, 15504. susotede edie fin prepoaderaaiha ua nkalongace bil amaridanacn risaiotede tec fine pregeader asl ‘ok. Ambos usm golas andes de cont e pedas, ipcios no usavam cha a sados ow ondulades. Os egipcios nZo usavam che se Oe as cabegas dos fads € uma ores, ou mee a at : Norte e a coroa do Sul”, uma de ee eed eacaes Ga clearance foe cap MUR eG fers am ope cetes de metal, Apés a conquista grega, a vestime cetes de metal. Ap . re 6 atiznse| cone Caused, 133045036, ira wodericade ness tiga .e modificando com as influéncias estrangciras, apesat do extre- mo conservadorismo dos egipcios ter preservaclo os costumes an Ligos pelo menos em ceriménias festivas ¢ religic Antes de diseutirmos as vestimentas femos as sutpreendentes roupas so da eivilizacio minoana, pot volta de ano 1400 aC. (Figs. 12-4), Mal se suspeicava da existéncia dessa civilizacao antes das escava oes de Sar Arthur Evans, no inicio deste século, que rev « riqueza de seus artefatos € a forma como seus ttajes borados. sem Creta antes do colap SPPIA fA Creta parece ter sido habitada antes do v1 milénio 2.C,, po- rém foi apenas no infcio do terceito milénio que uma onda de imigrantes das Ciclades introduziu a pratica da navegacfo, o que thes permitiu manter comércio com o Egito ¢ a Asia Menor. Era inevitével que esses dois centtos influencizssem os ctetenses; mas, elo menos a partir de 2000 aC., eles acabatam desenvolvendo um estilo proprio de originalidade marcante, Do ponto de vista da vestimenta, 0 perfodo mais sante € 0 que vai de 1750 aC. a 1400 aC. Toi se construit o palicio de Cnossos, e & das escavacées ali conduz das que deriva a maior parte de nossas informagoes, A documen. taco consiste em alrescos, vasos pintados ¢ estatuetas. Entre eles, 4 Gltima categoria é a mais importante, porque os vasos no so muito numerosos (comparados com a grande quantidade que che. ou até nés do periodo '‘classico”” grego), ¢ os afrescos, natutal. mente, estdo em mau estado de conservagio ¢ nem sempre fo. ram prudentemente restaurados. Entretanto, com as estatuetas de argila, estamos em terreno firme, « elas revelam um grau es. pantoso de luxo e refinamento. De certo mado, trata-se de roupas “primitivas", pelo fero dea vestimenta masculina consist essencialmente em uma tan, 82, deixando 0 tronco nu (fig. 15). A vestimenta feminina apre- senta uma série de babados, cintura bem apertada e corpete que termina sob 0s seios. Mas a forma da tanga masculina eta muito mais variada do que 0 chanti egipcio e podia ser de linho, la ou couro, Para as mulheres, a tanga primitiva havia sido alongada 416 tocar o solo e, através da superposigao de pedacos de terdo, ctiou-se um efeito semelhante ao de algumas modus européias do final do século xix. A cintura exttemamente apertada acen- (ua essa semelhanca, ¢ 0 resultado € do ehique, no sentido mo. derno, que uma das figuras mais bonitas dos afiescos recebeu © apelido de “La Patisienne’’ [A Patisiense’'] Os cintos usados pelos homens algumas yezes eram ador- nnaclos com placas de metal, mas também podiam ser inteiramente tle metal, A cintura muito fina sugere que deviam ser usados lesdea mais tenra infincia. Os metais utilizados eram outo, prata Iwonze, € 0s cintos feitos deles so as vezes ricamente trabalha- Em getal, os homens nao usavam nada na cabeca, apesar | caer, algumasvezes uma epécie de tubants ou goo. \s mulheres, por outro lado, usavam os adornos mais elal por seado os cabelas penteados de varias formas e arrematados los primeizos '‘chapéus clegantes'’ da histéria das roupas. Al- uns sio curiosos precursores dos chepéus reproduzidos nas es- uiuetas de Tinagra, da época de Péticles (fig. 16), Os cretenses tinham paino por cotes fortes, como verme- to, amarelo, aru ¢ oxo, 0 que se pode ver claramente nos aftescos que foram preseryados. Também apreciavam muito assis, € srande quantidade delas foi descoberta em tumbas de homens © mulheres; anéis, braceletes, golas, presilhas de cabelo. Os teas uiswvam colares de lépis-laztli, Agata, ametista ¢ criscal de rocha, interealados com pérolas, © uso mends difundiclo de broches nao uurpreende: comparadas as roupas drapeadas grepas, a8 de Greet cra cortads paras ajustarem ap corpo ¢ abo drapes, cexigindo assim menos presilhas, E sao os antigas trajes “clissi- cos’ que vamos abordar agora. 18 Resende i Come, Ca, 31614506 ‘Or homene crete, bem rom ss ules, eben ume cena sue sontegul om 90 dear ‘int gd deat a itn GREGOS E ROMANOS Os estudiosos perecbem agora que a antiga imagem “clas. da Grécia eta demasiadamente simples. Estava, na verda- «- destinada a petmanecer assim antes da descoberta da civil iw cretense. Mas é verdade que, a partir da época das invasbes vias, em torno de 1200 a.C., surgiu uma nova cultura que, em ‘mos de habitos e vestimentas, mosttou-se extraordinariamen- \« estavel. De fato, até a poca de Alexandre, nZo houve qual- juuct modificagio essencial nas roupas tanto masculinss quanto A roupa grega, durante esse longo periodo, no possuia for- ha em si, Era composta de retangulos de tecido de varios tama- thos, dtapeados sobre o corpo, sem cortes ou costuras. Havia cer- jamente variagdcs considerveis na mancira de ajusté-los ao cor- po, mas as linhas essenciais permaneciam as mesmas. Do século wt ao séoulo 1 .C., homens e mulheres usavam , guéton, o dos homens até os joclhos e o das mulheres até os nozelos, Porém, os homens as yezes o usavam longo, como pode cr visto na famosa estitua conhecida como o “‘Autiga de Del- fos” (fig. 18). O quiton, cra preso por alfinetes ou broches ¢ nor malmente usado com um cordao ou cinto em volta da cintura. Os estudiosos fazem uma distincdio entre 0 guiton détio € 0 j= sio, 0 primeito em geral feito de la e o segundo de linho. Sendo ste um tecido mais flexivel, permitia maior variedade de do bras, ¢ o retingulo de linho eta as vezes maior que a distancia centre os ombros e 0s pés, possibilitando puxaro tecido sob o cinto paca formar uma espécie de blusa. ‘Acteditou-se, em cetta época, que as roupas gregas fossem bran- caso da cor natural da la ou do linho, mas esse etto teye origem Sobre uma ti ? a ton amas on an mo erie 9 bination masculina, Och oP alba aya ate de linho eu I, semelhente so pela senkora era provavelmente fio de que as estatuas antigas, descobertas durante a Renas- Cents, haviam petdido toda acor que algun dia chegaram a ter, Pesquisas postetiores mostraram que 0s trajes gregos cram fre: gienremente colosidos ¢ estampados, exccto, presuime-se. os usa dos pelos pobres. Alguns membros das classes inferiotes tingiam suas roupas chapéus eram, mesmo assim, usados com maior freqdéncia sobre os ombros do que na cabeea, Era de feluo e possuiam abas largas. Entrctanto’as cccuee de i jyayea mostram que, apés a conquista macedonia, muitas mu- Iiveres usavam chapeuzinhos cénicos, bem parecidos com uma cso em miniacura do chapéu chinés, no alto da cabece (fig. 16). (Os gregos usaram barbas até o século v a.C. e, mesmo de- pois, filésofos e outras pessoas sérias mantiveram o antigo costu- me. Os homens mais jovens raspavam todo 0 pélo do sosto, € os deuses mais jovens, como Apolo e Merctiio, sio sempre re- jrresentados barbeados, exquanto os mais velhos, como Japiret © Vuleano, sempre tém batba. ‘Dentto de casa os gregas raramente usavam sapatos de qual- {que espécie, ¢ 0s mais pobres andavam descalgos até na rua. Mes- Ino as pessoas ticas usavam apenas sandélias, embora as das cor- {esis fosser ds vezes folheadas a euro, tendo as solas cravejadas com pregos dispostos de maneita a deixarem uma pegada com 1 palavea siga-rze, (Essa sandilia foi preservada. Fot encontiada no baixo Egito, mas os estudiosos acham-na semelhaate is usa- das pelas cortesis gregas.) As sandilias eram presas aos pés e tor- nnozelos por tiras amarradas de diversas maneiras, como testemnu- ham invimeras estattas 33 Ambosusam anaes ester faci doseseguil Os artistas do renascimento cléssico no final do século xt € principio do século xx estavam convencidos — sem dhivida pe- las numerosas estatuas nuas nos muscus — de que os gregos an- 1igos iam nus para as guerras, armados apenas com uma espada, tum eseudo ¢ um elmo. Na verdade, os soldados gregos se prote- giam com tGnicas de couro teforgadas com placas de metal ¢ usa vam grevas nas pernas (fig. 28). A infantatia pesada — os hopli- tas — © a cavalaria ainda se protegiam com o elmo tipico grego que envolvia quase toda a cabega. As vezes possuia laterais mo. veis, mas nfo tinha visor, sendo simplesmente empurtado para tds quando nao estava sendo usado (fig. 29). A cimeira possuia « forina da crina de um cavalo, sendo em geral desse material O feito cra singularmente marcante € belo, A infantaria leve 1 prevas de couro e rfinicas de feltto duplo ou couro com ino de mecal. Usava também 2 clamide pres a0 ombro durante as batalhas, enrolada no braco esquerdo para aparar pe i Da mesma forma que a arqueologia destruiu a imagem da sia grega aceita ha muito tempo, cla também modificou nos- spinides sobre a vida nz peninsula Irélica durante o ptimeiro lenio aC, Sabia-se tanto sobre a civilizac2o romana que mal petcebia quanto tempo decorreu até que Roma se ttansfor- se em algo mais que uma pequena cidade-estado lutando nnura os vizinhos para sobreviver e, finalmente, para doming. Todos sabiam que Roma teve um rei chamado Tarqutnio, mas iplicagdes disto no eram tao amplamente compreendidas: seja, que os romanos, no inicio de seu desenvolvimento, eram, vwernados pot uma dinastia estrangeita, a dos ettuscos. Quem eram os ettuscos? Os estudiosos ainda estio dividi- ddos em suas opinides. Segundo alguns, eles teriam migrado da Asia, talvez em levas sucessivas, entre os séculos xi ¢ vz aC, See gando outros, cles representavam um grupo étnieo de ofigem ainda mais remota. Os etruscos mantinham ligagées tanto com a Grécia quanto com a Asia Menor, ¢ suas roupas refletem as das iniluéncias. Dessas roupas existe agora uma documentacio consideravel, a maior parte sob a forma de estatuas ¢ baixos-re- levos. Além disso, mesmo conhecendo pouco sua literatura e suua lingua, as escultutas ¢ pinturas em paredes, descobertas receate- mente, tomaram possivel a reconstituigio de uma imagem bas- tante clara de seu modo de vida. Antes de a expansio para o sul da Ixilia eolocar os etruscos «i contato com as colénias gregas da Magna Grécia, seus trajes ‘inka poucos tracos da influéncia grega, Ao conttario, refletiam Luma ligagio mais remota com a civilizacao cretense, modificada pot elementos orientais: suas roupas eram costuradas € drapea: das, Podemos estabelecer uma certa evolucio a partit do que os estudiosos chamam de “‘tinica-veste”’ (fig, 30), caracteristica do Petiodo entre aproximadamente 700 2575 a.C., até um tipa de $3 angering cic, ial Go stele a, wand uma ‘eups ral sayatinosda Terabs dos leopards, Thrguinia, Euavia,primelro quattel de eva og (como a toga romana, que se originou nela) feita de um ini citeulo de pano (fig. 31). As vezes era retangular ¢ formava Luma espécie de capa, Era usada pelos homens, enquanto as mu- Jicres usavam wma veste longa e justa, sem cinto, com meia manga us vezes com uma abertura nas costas, fechada por fitas quan- lo o traje era vestido pela cabeea. Sobre a veste, ebb ‘com lina capa longa e retangular que, quando necessério, podia set puxada sobre a cabeca, ‘A diferenca mais significativa entre 0 vestuatio dos gregos © 0 dos euruscos eram 0s calgados. Até o século v aC., quando \ influéncia grega levou-os 2 adotar sandilias, os etruscos usa- vam uma espécie de bota alta, amarrada, com a ponta virada pa- ‘a cima, obviamente derivada dos calgados da Asia Menor. Mas joda a questo das influéncias teciprocas € um campo de estudo vind patcalmente explorado, Uma ver estabelecida sua heye- monia sobte toda a Italia, os romanos impuseram scu modo de vida e seu vestuatio, e a propria memoria de uma civilizacdo exrus- a anterior desapareceu. No entanto, os romanos tomaram emprestado das etruscos lima peca que viria a se tornar caracteristica de sua civilizacao: 4 toga (figs. 32-3). Com os romanos, ela tornou-se cada ver mais volumosa; exigia uma habilidade considerivel para drapet-la em volta do corpo ¢ realmente impedia qualquer atividade mais vi- sor0sa, Era, portanto, essencialmente um traje para as classes su. Periores, principalmente para os senadores, 08 quais sempre a usavam branca. Até atingir a puberdade, os meninos nuscidos livres usavaan-na com uma borda rosa, comecida assim como fog Praetexta, ttocada em ccriménia por uma toge vinilis branca na €poca adequada. Durante o luto vestia-se uma toge de cor exci. fa, que dis vezes era passada sobre a cabeca, o que também ce fazia em certas ceriménias teligiosas. Por volta de 100 dC. to- 84 comecou a diminuir de tzmanho, passando primeiro a um ballium ¢ depois a uma mera tira de tecido, a estola. No inicio ib 1 Oipeadoe Reptiblica, os homens usavam um saiote simples de linho que rante @ Tepéti, foi substitaldo por uma tne contra wwivalente ao geftomgrego. Eta eita com dois pedagos dle tex lo costuradas,vetda pla cabera ¢ pres com um ps rimento chegava aos joclhos, cxceto em ocisides espec vr eanmetoe, Gunde wai ear ifa usidaatb 4 0p Delis \dotes vestiam somente a lasses superiores; soldados € trabi yen tinica, Quando se acrescentavam mangas até os cotevelos, nnecida como "demic, nome ule continou tet gu .. sob forma ligeitamente modificada, tornou-se uma ct timentas da Jgreja crit. Quando totalmente bordada, eta che mada de sunica palmata. Nos tempos pagios, era usada até um pouco abaixo dos joelhos pelos romanos clegantes, is vezes usavam-se duas tiinicas: por baixo, subacula, e, ‘por cima, tusica exteriodum. Esta foi pradualmente ficando mais lon- 4, chegando aos tomnozelos a partic de aproximadamente 100 dC. Eta conhecida entio como caracallz ¢ em tomo de 200 d.C. havia sido adotada por quase todos Os romanos, com suas rigidas ttadicbes, a principio nfo apto- vavam as calcas curtas nem as compricas adotadas pels tribos barbaras, Mas clas acabaram sendo gradualmente aceitas, em pri- meiro lugar pelos soldados. No inicio, os romanos usavam batba, mas a partit do século ua. comecaram a taspa-las, tornando-se este 0 costume uni- versal sob o Império até a época de Adriano, que novamente in- troduziu as batbas. Os cabelos ram curtos, 0 que nao excluia 3. "Mosa de bigs 5 Sci, sal do cou 46, Osromanae, so ‘one dor rego nose fas mis weracn "upas ster ato serbian mee, \uwoas de scala ©, mostiando varedades de diapeamento, No cemso sac vv vctecenco uma libagao com neva debra droga cobsindo a cabesa 1» luxo considerdvel, com os elegantes anelando 0s cachos com jvingas quentes. Em geral, a cabeca ficava descoberta, mas 3s ve- ‘eram usados chapéus de feltro de varias formas: o sem aba ‘onhecide como pilewr, um chapéu com aba larga copiado dos ‘cyos € 0 boné fro. O cucuus era uma espécie de capuz, pre- 4 capa ou usado como peca separada. As roupas femininas eram, a principio, muito semelhantes ws usadas pelos homens, exceto um tipo de corpete macio sobre © busto conhecide como strophiuen (fig. 34). A ctinica, entee- Junto, eta muito mais comprida do que a masculina ¢ formaya lima veste que chegava aos pés. Era feita primeiramente de Ii, \cpois de linho ou algodao e, finalmente, para os ticos, de seda. \s cores preferidas eram vermelho, amatelo ¢ azal, € 0 traje cos- jumaya ser ornamentado com uma franja dourada ¢ farcamente bordado, a 36-9. Quatro cabeyas mosstzndo ebuscamento cia vex maiot des peatcadas acta romana, A esqueria,cabece dle mule csada ou viva. cltlta, clo grego A stola, usada sobre a ti Ihante, potém com mangas, ¢ da um era uma peca de forma seme. bte ela, em pablico, era drapea- npla capa bastante parecida com a toga, porém de for- ma retangular, conhecida como pelle. Em pablico era comurm cobrit a cabega. Os penteados foram se tornando mais elabora- dose, a partir da época de Messalina, era impossivel uma senho- ra elegante passar sem os servigos de uma ormarrix, que passava horas arramando as mechas em um coque chamado futudis ou emoldurando o rosto com pequenos eachos. Os cabelos loutos ¢stavam em moda e, como aprendemos com Ovidio, as pessoas de cabelos eseuros recorriam aos descolorantes. Fazia-se lafgo uso de cabelos posticos © até de perucas inteiras. Os iniimeros bus- tos-tettatos que sobreviveram ao Gitimo Império mosttam uma enotme variedade de penteados (figs. 36-9), e uma evidéncia da mudanca répida da moda € 0 fato de algumas mulheres manda- rem esculpit suas cabecas em duas pecas para que a parte supe- tior, reptesentande o cabelo, pudesse ser substituida, se desejas- sem, por um penteado mais atual. a svc. cabera mostando inlugrcacgipcia Perfo lenin. A dleia,cabesa her da epoca Ravana, elo n dC judo isso fazia parte de um luxo cada vez maior que auto: witicos como Juvenal apontavamn como evidéncia de dect nacional, Usavam:se cada vez mais jdias de todos os tipos. | as simples para os cabelos foram substitufdas por tiaras de ow prata incrustadas de pedras preciosas e camafeus. Os anéis vin usados por homens e mulheres; as mulheres acrescentaram Iscieas, tornozcleitas, colares ¢ brincos. O poeta Ovidio men- ina brineos feitos de exes carreiras de pérolas. Usava-se esmal- ni ¢ damasquinagem, marfim ¢ camafeus. Muitos desses ador- foram para Roma em conseqiéncia de suas conquistas. An- vjulit e Alexandria eram os principais centros de fabricaglo, mas i cpoca de Augusto muitas pecas jé cram confeccionadas na pré- vin Roma. Os adornos chegaram até 20s calcados, apesar de serem ex- ‘emamente simples a prinefpio: uma sandélia feita de uma s6 jpoga de coure naa-tingido cobrindo 0 contorno do pé € presa jor tiras de couro, Era conhecida como carbating e, em sua for via Higeieamente mais sofisticada, como cafceus, sendo usada pe- 4B la maioria dos cidadios romanos, mas no pelos escravos. Den= tro de casa as mulheres caleavam uma espécie de chinelo chama- do soccus, que podia ser de varias cores ¢ tina as vezes figuras pintadas, sendo até guamnecido com pedras preciosas, como o cae Gews patricius usado pelo imperador Nero. Coturnos, ou bots fechadlas, &s vezes eram usados durante 0 mau tempo. Chama- se gallicae, 0 que € uma evidencia suficiente de que foram tomados de empréstimo aos gauleses Influéncias estrangeiras cle todo tipo tomnaram-se mais apa- Fentes com a expansio do Império, principalmente em ditecio 40 Oriente, até ao haver mais luxo que os patricios romanos nia pudessem adotar, se quisessem. Em seguida, a propria sede do governo mudou-se para o Oriente, com a fundacto, por Cons- tantino, de uma nova capital no Bosforo: Bizincio, K iniciou-se um novo capitulo na histéria do yestuatio romano, Havia uma coldnia de gregos no lado europeu do Bésfoto desde 0 século vi A.C,, mas durante mil anos foi pouco mais do 40, Sucofagn final do séeulo\veiC. Astogus usadas po estescrsos romance sion tw menos amplas de que em séculos anteriores inst de santas de Ravena. Bina, 561 vw uuma cidadezinha de cabanas de palha e fortificagées primi {i\1s, Entdo, n0 ano 330 dC., o imperador Constantino fundou {iv ncio naguele local para ser sua nova capital. Entrevanto, nio jicimaneceu muito tempo como capital de todo o Impétio, que | dividido por Teodésio, 0 Grande, em 395 d.C., em Império \iv Oriente e Impétio do Ocidente, i Quando cait: 0 Império do Ocidente em 476 d.C., Bizain 1, oa Constantinopla, como também era chamada, ficou isola. | daquele ¢ passou a softer cada yez mais as influéncias orien. ‘uly atuantes desde sua fundacao. Dificilmente poderia ter sido \c outta forma, pois sua localizacao transformou-a em enttepos- \o do comércio com o interior da Asia, Isso resultou na evolucio de um tipo bastante diferente de «stuirio (fig. 41), uma mudanga claramente resumida por Ca- volyn G, Bradley: “a simplicidade dos velhos trajes romanos deu lugae ao coloride alegre, as franjas, pingentes ¢ joias do Oriente 45 A idéia de vestimenta nessa época cra esconder 0 corpo!’ (Wes. tern world costume, Nova York, 1934). O proprio Constantino uusava uma roupa bem diferente daquela dos primeitos impera: dores romanos. Sua este de tecido dourado era bordada com desenhos floruis. Presa ao ombro por um btoche de pedras, usa- va uma climide prixputa. Um lengo largo chamado srabea era cruzado sobre 0 peito. A ttinica tinha mangas estreitas ¢, as vee zes, eta substituida por uma dalmatica de mangas largas, ambas incrustadas com jéias bem como o fablion, wma tira oblonga na frente do traje. Em volia da cabeca usava uma tira de tecido amar. tada atris, mas os imperadores que o seguiram substituiram-na pot um tipo de coroa enfeitada com pedras ¢ com fins de pedras pendentes dos dois lados (figs, 42-4). Isso pode ser visto clara: mente nos espléndidos mosaicos da igreja de San Vitale, em Rav vena, Eles mostram, aum friso elaborado, as figuras do impera. dor Justiniano e de sua esposa Teodora e esto entre os docu. mentos mais valiosos que possuimos do vestuario bizantino no auge de sua gloria, o século vi ‘Chama logo a atencio o ar eclesidstico dos trajes imperiais, O imperador eta, de fato, um rei-sacetdote, o vice-rei de Cristo ‘na terra, Ele no tezava missas, mas incensava o altar em cerimé- nias religiosas ¢ eta ele quem convocava os concilios da Ipreja, presidindo-os em alguns casos. Toda a sua vida eta tegida pot eceitos littrgicos, descritos meticulosamente no Livro das ceri. ménias ¢, toda vez que apatecia em piblico, suas toupas eram mais “'vestimentas’” do que um ttaje. De maneira semelhante, as roupas das pessoas da corte e dos criados do palécio eram tigi, dasnente definidas de acordo com o posto e a funsgio, Fim Bizin= cio, como na China imperial, todas as roupas erum “‘hieratqui- cas". O “principio da seducdo" era quase totalmente ausente, 0 “principio da utilidade”” completamente ignorado, Entretanto, além de rei-sacerdote, o imperador era também tum potentado oriental, um eco tardio do tei dos reis Dario e uma antecipagio dos sultdes turcos que mais tarde reinariam em Conse tantinopla. Scu pakicio era uma estranha mistura de mosteiro © haém, tepleto de monges € cunucos 46 : RT| 1010 )\j49 toque oriental era o método de escolher uma impe- pau imiase em uma espécie de concurso de beleza, com Jyc0» Wavilas de todas as partes do Império. Sua posigio social | snio contae e, quando as eandidatas ja haviam sido sele- Sonus € restavam apenas as mais belas, 0 proprio imperador fi) cola final, dando moca uma maga. Tio fantistico possa patecer, foi dessa forma que Justiniano escolheu Jrolor. Ela era de origem humilde, sendo seu pai o tratador hoy isos usados para dear-baiting [Pritica antiga em que se ati- (Ges contra um urso acorrentado "uma estaca. (N. T.)} Mus. no caso de ‘Teodora, havia outra dificuldade: ela era auriz © cating, profissoes que a Igreja teprovava com veemeéncia io ctia leis especiais pare permitir que se casisse com Poi niccessé Justiniano, Una yee elevada & ppura, mostrou-se ums mulher de gran- m ¢ vontade férrea. Foi uma esposa admiravel. Era, evi mente, rodeada de toda a pompa eclesidstica que cercava \snarido, ¢ sua figura, como a dele, esté preservada para a pos: jevdade nos brilhantes mosaicas de San Vitale. Ela usava uma {ica branea, longa, adornada com uma faixa vertical recoberta «lv bordados. Outra faixa, chamada maniaéis, bordada com fios «ic ouro e engastada com pedtas preciosas e pérolas, envolvia seus ‘onbtos. Usava ainda uma veste de mangas eurtas, com cinto en fouado com pedras e franjas na barra, além de uma capa parpu 11 hordada com a figura dos Reis Magos. Na cabeca tsazia um \liulema mais espléndide do que o do imperador, Era o sfephu 1», crayejado de pedras preciosas e com longos fios de ‘nv ambos os lados. Nos pés tinha sapates Fechados de couro, », tingidos de vermelho ¢ enriquecidos com bordados, (Os materiais usados eram rivos e variados, como se pode ob- var em fragmentos preservados, na maioria vestimencas ecle Listicas ou envoltorios de reliquias A 1a, 0 tecido mais usado 119 inicio do Império, foi substituida pelo algodao ¢ pelos linhos linos do Egito e pela seda da China. Esta, a princ cr transportada por caravanas através da Asia, um provesso de- morado ¢ caro, Depois, de acordo com a lenda, dois monges mis- a7 sionftios foram enviados 2 China pela propria Teodora (fig. 44) e voltaram trazendo alguas bichos-da-seda dentro de uma ben= gala oca, Este talvez seja 0 ptimeiro exemplo de espionagem if= dustrial da historia. De qualquer forma, os bichos-da-seda cres- ceram e se multiplicatam, e Bizincio tornou-se capaz de fiar ¢ tecer sua propria seda, dado mais surpreendente sobre as roupas da Nova Roma’ cm oposigde jis da Velha Roma era a cor. O roxo era reservado: para o casel imperial, mas todas as outras cores eram usadas nas roupas dos ticos. Muitos trajes eram farramente estampados com animais, flores e cenas biblicas. H4 0 registro de que um senae dor bizantino tinha em sua toga uma série completa de quadros representando a vida de Cristo, Isso enfatiza uma vez mais a es: tia ligacto, calvez desconhecida em qualquer outto perioda da histéria, entre as roupas eclesiasticas ¢ as civis. # impossivel registrar aqui todas as modificagdes que ocor reram nas roupas bizantinas com o passar dos séculos. Basta di- Zet que quasc todas nos dao a evidéncia de uma oriencalizacio cada vez maior. No século x1, 0 caftan persa foi adotado, bem. como um manto aboroado na frente, A coroa aberta de Justinias no fo trocada por uma coroa fechada chamada camelatikion, Da Assitia veio 0 granatza de mangas compridas, uma veste quc to- cava 0 chdo. A partir do século vi usavam-se turbantes as vezes €, como observaram os estudiosos, entre os séculos vii ¢ 1x hou- ye uma influéncia chinesa nos chapéus. Modificadas por influéncias estrangeitas, as roupas bizanti- rnas foram, por sua vez, muito imitadas em regides vizinhas. Mes- mo apésa queda de Constantinopla, os reis bulgaros usavam rou- pas de inspiracio bizantina e os govemantes da Moseévia conti- nuaram a fazé-lo até o século xvu,- quando Pedro, o Grande, quebrou a tradicdo € volrou a face da Riissia para o Ocidente. E, naturalmente, a Igreja Ortodoxa continua, até o presente, a tealizar suas ceriménias em vestimentas essencialmente pareci- das com as usadas pelos imperadores bizantinos. is jplendor brandi: impenstie Teodorsexeuséquita 500-526, Ada, desquetd vio de Teadors, 0 impersdor Justinian. A EUROPA ANTIGA Ac longo de sua © Estado romano esteve rodeado de povos barbaros que viviam fora das fronteitas de seu dominio, ©, as vezes, as incursdes estes cram realmente ameacadoras, Por volta do século 1 a.C., um exército romano foi detrotado por um desses povos, os teuties, __ Naquela época, os teutéies eram bastante primitivos, Seu uaje Principal parecia consistit em uma téinica exrta formada por dois pedacos de couro costurados. Mais tarde, era feita de la ou linho, Sob a ttinica vestiam calgdes ou calgas largas, 0 que, aos olhos Tomanos, era um sinal de barbaric. Naturalmente os teutdes so- freram influéncias em seus contatos com Roma ¢ pouco a poued adoraram algo parccido com 0 traje romano, mas, em geral, fei- 10 de tecidos mais grossciros, como o cinhamo, No final do século r dC., outea ribo do notte, os godos (de origem escandinava), havia se estabelecido na regido que era, até 1945, a Prisca oriental, € eles também ameacaram a civilizagio romana. Como ostrogodos, rumatam para o leste, onde & atual. mente a Russia; como visigodos, rumaram para o ocste em dite. do i Espanha ¢ outras tegides, saqueando Roma sob o comando de sew grande lider Alarico, no século v, ¢ como longolardos ou lombardos fixaram-se no norte da Iria. Através das descrigdes de historiadores romanos como Sidénio Apolinatio, sabemos que usavam tiinicas de linho com mangas tendo pele nas bordas ¢ se eis sradualmente __ Novas ondas de invasores vindlos do Otiente amea préprias tribos teutdnicas, Os hunos, originarios da Mongélia, em meados do século « dC, haviam chegado 4 Europa, e, no sé. culo 1y, sob © comando de Atila, a propria Roma, Na Franga, os gauleses haviam adotado nfo s6 as roupas € ies romanos, como também a lingua latina, Como os bre- Joe, haviam se tornado (pelo menos nas classes mais altas) com plcvamente romanizados. Mas 2 Galia foi conquistada pelos fran- os (isto €, 08 teutées) que habitavam 2 outta margem do Reno ©, por solta do século v d.C., a dinastia franca dos merovingios dlominava a maior parte do pais yetlamos muito menos sobre as roupas da época mero- vinwia na Franca (481-752) se nao fosse o fato de os invasores fran~ (os, que controlavam o pais, terem o habito de enterrar seus mot- jos, a0 invés de queimar os corpos como faziam os gauleses ro- Jnnunizados. Juntamente com os corpos dos feis das outras pessoas ‘ic destaque, enterravam-se as roupas, as armas € equipamentos Jvilitares que usavam em vida, Escavacdes em Lorena ¢ Le Mans (evlatam espécimes de roupas de Linho fino que, apesar de freg- jncntdtios, mostram que era costume usar uma tiinica pelos joe- jj chamada gonelle, bordada nas extremidades e presa por um (nto, Para a guezta, a Unica era feita de tecido resistente ou de couro € coberta com placas de metal. Os homens dessa época wavam Braies ou calgdes, s vezes até os joelhos, deixando as pet- jus descobertas, as vezes compridos ¢ com ataduras cruzadas. Sabe-se pouco sobre os tfajes femininos dessa época, uma cy que as mulheres esto menos representadas nos entettos. Sa- |scmos, enttetanto, por outras fontes, que em gefal usavam uma hunica longa chamada stofs adornada com faixas bordadas. Os cos ficayam nus. Broches prendiam as roupas 20s ombros ¢ \usavam-se cintos de couro, Uma espécie de lenco chamado pail ta drapeado em volta dos ombros. Felizmente, uma descoberta recente na igreja de Saint-Denis, sevto de Paris, fornece informacses mais precisas. Fragmentos de ccidos da cumba de uma tainha merovingis, Amegonde (590-70), mostram que foi entetrada com uma chemise de linho lino uma veste de seda cor de violeta por cima, Sobre esta, uma \inica de seda vermelba, aberta na frente, com mangas compri- Jas ¢ amplas, Um cinto largo, cruzado nas costas e preso na frente, mantinha a ténica no lugar. Preso 4 tiinica por broches de ouro 31 ricamente trabalhados em esmalte, havia um véu que ia até a cincuta, Os sapatos fechados eram de couto preto com tiras sufi cientemente longas para serem cruzadas nas pernas até a altura da liga. Parece que nem os homens nem as mulheres usavam cha- péus. Ambos tinkam cabelos compridos, sendo que os homens © as meninas os deixayam soltos, ¢ as mulheres casadas os pren- diam em uma espécie de chind. Estas cobriam a cabeca com um ‘véu em forma de turbante ou comprido, cobrindo todo o corpo. Quando os carolingios suicedetam aos metavingios (752-987), as condigées na Franga e na Europa ocidental eram bem mais estiveis, € 0 luxo aumentou. Carlos Magno tornou-se 0 soberano dos francos, controlando, em 771, um tertitétio que praticamence correspondia 3 Franga ¢ a Alemana; em 800, foi coroado impe- mador de Roma, Temos uma descrigfo detalhada de suas roupas ita por seu secretario Eginhard, mas devemos ter 0 cuidado de fazer a distingdo entre seu traje costumeiro e as toupas que se seatiu compelido a user como imperador de Roma. Estas cram de extrema suntuosicade ¢ claramente inspiradas nas yestes da conte de Bizincio. E nao era simplesmente uma questo de cor te: 08 préprios tecidos, é quase certo, foram importados do Oriente Proximo. Ainda ha fragmentos prescrvados das roupas com que foi enterrado em Aachen, e temos tegistros da vestimenta com- pleta, encontrada quando sua tumba foi aberia no século xi. Sobte uma canica cujas mangas tinham as extremidades bor- dadas em ouro, usava uma dalmatica e, sobre ela, varias vestes, inclusive uma de brocado feito em Constantinopla, com figuras de elefantes em citculos floreados em verde, azul ¢ dourado, ¢ uma de pano-de-ouro brocado em quadrados, com um mubi no centro de cada um. Os sapatos eram de couro vermetho borda- dos em ouro e eravejados de esmeraldas. Na cabeca, usava uma espléndida coroa de ouro cravejada de pedras ¢ placas de esmalte. jinhard diz que seu traje castumeiro era muito mais sim- ples, consistindo em uma tfinica de baixo, de linho ou Ii, €, so- bre ela, uma outta téinica com a borda em seda colorida. Por ci- na ainda vestia, presa a0 ombto esquerdo por um broche, uma lz " ira partes do Impéria(slavinia, Getménia, Glia Roma prestanda home- .Oeio ts Adicts, 0 imperado Oxo 0 toro, 997-1000, A ministie mone viv sada na poe (pa curta semicircular fortada de pele no inverno, Usava brates (w calgGes com ataduras cruzadas até absixo dos joclhos ¢, na iheca, um chapéu redondo de tecido com a extremidade hondada, Na Inglaterra, o convemporineo de Carlos Magno, Offa, rei «La Mercia, € os reis que Ihe sucederam, parecer ter usado trajes bastante simples. Sabemos, através de um manuscrito com ilu- nrinuras preservado na biblioteca do Corpus Christi College, em Cambridge, que rei Athelstan usava uma tinica carta, amare- |, com uma borda dourada estreita, capa azul-e meias verme- ‘has, eum documento com iluminuras de uma concessio de ter- s pata a abadia de Winchester, de 966, mostra que o rei Fa vestia de forma semelhante, exceto pelo fato de sua tGnica ser ‘ous curta e suas pernas estarem cobertas por tiras estreitas co: mo grevas, Possuimos informacSes consideraveis, também gracas aos ma- ousetites com iluminuras, sobre as roupas das mulheres anglo: 3

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