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Universidade Tecnolsica Federal do Parané- UTFER (Comous Poona Grosea Pann Brel ISSN 1808-088 11a. OL-p O12 DOF 103895/p: Hil 1802 Revista Gestio Industrial ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS METODOS FMEA E HAZOP APLICADOS A PRODUCAO DE BIOETANOL COMPARATIVE STUDY BETWEEN HAZOP AND FMEA METHODS APPLIED TO THE PRODUCTION OF BIOETHANOL Marcelo Giroto Rebelato'; Leonardo Lucas Madaleno”; Gustavo Borba Ferrari’; Andréia Marize Rodrigues*; "Universidade Estadual Paulista Jilio de Mesquita Filho ~ UNESP - Jaboticabal - SP — Brasil mgiroto@fcav.unesp.br 2Centro Estadual de Educagio Tecnologica Paula Souza - FATEC - Jaboticabal ~ SP ~ Brasil leoagro@ gmail.com *Universidade Estadual Paulista Jilio de Mesquita Filho - UNESP — Jaboticabal — SP — Brasil borbagustavo@hotmail.com “Universidade Estadual Paulista Tilio de Mesquita Filho —- UNESP — Jaboticabal — SP - Brasil andreiamarize@fcav.unesp.br Resumo 0 objetivo deste trabalho consiste em apresentar um estudo comparativo entre os métodos FMEA e HAZOP aplicados ao anbiente de fabricagao do bioetanol. O trabatho desenvotve, na forma de indicadores caregéricos congruentes com a légica fundamental dos chamados “métodos de andlise de causas ratzes de problemas", oito critérios com vistas ao confronto entre FMEA versus HAZOP. Em seguida, ponderam-se quantitativamente os critérios desenvolvidos. Por fim, comparamse os dois métodos sob 0 panorama de cada um dos oito indicadores desenvolvidos. O trabatho de ponderacao dos critérios e posterior confromacao entre FMEA x HAZOP foi realizado por meio do ‘método Analytic Hierarchy Process (AHP). Os julgamentos necesséirios ao método AHP foram realizados por uma equipe de especialistas oriundos da indiistria sucroenergética paulista, O teste de consisténcia mostrou que os valores atribuidos as prioridades relativas podem ser julgados consistentes. Como resultado, 0 método HAZOP foi considerado cerca de duas vezes ¢ meia superior ao método FMEA dentro do contexto estudado. Palavras-chave: método FMEA; método HAZOP; método AHP: produgao de bioetanol. 1. Introdugio © processo de producao do bioetanol carrega um alto risco inerente, pois envolve a fabricagdo de um produto facilmente inflamavel. Enquanto as ignigdes sto um sério risco a qualquer industria, em uma planta produtora de biocombustiveis estas podem causar ineéndios e explosdes com prejuizo de algumas centenas de milhares de délares a0 produtor, alm de mortes e/ou lesdes permanentes aos operarios. Ademais, 0 processo produtivo do etanol é do tipo continuo puro. Isto significa que, em caso de interrupco de qualquer uma das etapas produtivas, por falha humana ou defeito em equipamentos, toda a linha produtiva pode ser paralisada por um periodo de tempo indefinido, Panes operacionais, portanto, podem resultar em perdas humanas e significativos prejuizos econdmicos (SMALL, 2008) Embora a principal preocupagio, em uma planta de bivetanol, seja com relagio ao processo de destilagio, onde altas concentragdes de alcool sto produzidas, a area de armazenamento de combustivel é também considerada de alto risco, pois faiscas elétricas, relampagos, impactos de veiculos e outros eventos extemos podem iniciar a queima do combustivel. Além disso, o etanol & uma commodity internacional amplamente negociada entre importadores ¢ exportadores, © que lhe impse especificacdes técaicas regulamentadas mundialmente, pois é por meio destas que se garante a qualidade minima necessaria ao seu correto desempenho. Falhas operacionais no chao de fabrica podem comprometer as propriedades do produto final e resultar, ao fabricante, em imputagdes de responsabilidade direta por danos causados aos consumidores (SMALL, 2008). Os distirbios ou falhas presentes em um sistema de fabricagio tm como resultado uma série de incidentes indesejados. A primeira providéncia para prevengio aos incidentes indesejados sao as chamadas “medidas de prevengao de falhas” (BELLINI, 2008). Estas envolvem a anilise de falhas do sistema as quais, por sua vez, dependem primeiramente da identificagao de perigos ou riscos na instalagao produtiva, dado que nenhuma agio pode ser tomada para evitar ou reduzir os efeitos de riscos nao identificados. Seguidamente, a prevencdo da falha tem como meta a consideragdo de possiveis cenarios que levem a consequencias indesejaveis (GOULD, 2000) Neste contexto, FMEA (Failure Mode and Effects Anahysis) e HAZOP (Hazard and Operabitity Studies), sto dois métodos de andlise e prevengio de falhas muito populares na esfera industrial e no Ambito académico. Ambos sio aplicveis ao ambiente de fabricagao do bivetanol, e ambos tém como resultado o planejamento de agdes a fim de mitigar ou eliminar riscos eminentes a0 processo. Porém, cada método possui seu nivel de particular de detalhamento, estruturagao e sistemitica. Partindo da hipétese de que o proprio esforco de prevengio de falhas também tem potencial para descuidos, ineficacias, eros ou omissdes ¢ que estes desvios sto em grande medida dependentes da abordagem metodologica de prevencdo que esta sendo utilizada, a questo de pesquisa que se delineia é qual dos dois métodos, FMEA ou HAZOP, é mais eficiente na identificagao, anilise e mitigagao/eliminagao de falhas no processo produtivo do bicetanol na indiistria sucroenergética? Desta forma, o objetivo deste artigo é realizar um estudo comparativo entre o HAZOP ¢ 0 FMEA aplicados ao processo de fabricacio do bioetanol. Por tratar-se de uma commodity, o produto apresenta uma baixa rentabilidade, o que exige um processo produtivo sem desperdicios, vale dizer, sem falhas. Revista Gestéo Industrial © trabalho ¢ relevante na medida em que se debruca sobre a fabricagdo do bioetanol de cana, produto que se destaca pela sua sustentabilidade ambiental em um setor critico para a economia mundial, o setor energético, sendo o Brasil © maior produtor de etanol de cana-de-aghear do mundo ¢ ocupando posigdo de lideranga nesta tecnologia de produgio. O artigo contribui também com o conhecimento sobre as falhas operacionais na industria sucroenergética e com 0 esforgo de selegtio de técnicas a serem aplicadas no incremento da confiabilidade em sistemas de fabricagao continuos em geral 2. Metodologia trabalho foi conduzido em cinco etapas metadologicas, a saber: 1) Mapeamento das etapas produtivas da producao do bioetanol ~ nesta etapa realizou-se a identificagao e o estudo das operagdes unitérias de transformagio do caldo extraido da cana em bivetanol com reconhecimento dos principais pontos criticos em termos de efeitos indesejados provenientes de falhas; 2) Estudo do HAZOP e do FMEA — nesta etapa estudaram-se ambas as metodologias para 0 conhecimento em detalhe de suas caracteristicas particulares, estruturas e mecanismos de fancionamento; 3) Seleco de critérios de comparagao — em conformidade com Gano (2003), com vistas a realiza¢ao de uma comparacao fidedigna entre os dois métodos foram desenvolvidos indicadores coerentes com a logica fundamental dos chamados root cause analysis (RCA) methods ou “métodos de andlise de causas raizes de problemas”. Oito critérios, na forma de indicadores categéricos, foram criados para comparar FMEA versus HAZOP. Eles sto: a) Eficdcia na descoberta das falhas — esse critério permite comparar os dois métodos em termos da eficacia na descoberta do maior mimero de falhas, desvios, ou vulnerabilidades (iscos potenciais) do processo produtivo do bivetanol,; b) Eficicia na descoberta das causas das falhas - este critério se presta a comparar os dois étodos em fungio capacidade de identificagio exaustiva das causas dos eros ou falhas; ©) Eficacia na descoberta dos efeitos das falhas — por meio deste critério € possivel confiontar os dois métodos com relagio & capacidade de descoberta dos efeitos ou consequéncias provocadas pelos desvios no sistema; 4) Eficacia na descoberta da frequéncia de ocorréncia das falhas - este critério permite identificar qual dos dois métodos ¢ capaz de levantar com maior preciso a frequéncia de incidéncia das falhas identificadas; Revista Gestéo Industrial 3 e) Eficicia na mitigacao/eliminagio das causas das falhas - este critério compara o resultado final da aplicagao dos métodos, ou seja, permite determinar qual método tem capacidade superior de incrementar a robustez e estabilidade do sistema de fabricagao do bioetanol de modo que as causas das falhas deixem de existir ou sejam mitigadas; £) Adaptabilidade ao ambiente de fabricagao do bioetanol - 0 bioetanol é um produto de baixa diferenciagao, Os dois principais combustiveis produzidos pelas usinas sio o bioetanol hidratado e o anidro, Estes so produzidos em uma linha de produgao do tipo “dedieada”, a qual utiliza equipamentos muito volumosos, estiticos ¢ inflexiveis como rolos de pressio, esteiras, tanques, colunas de destilacdo, trocadores de calor, caldeiras, fornos, bombas, compressores, redutores, motores elétricos, turbinas a vapor, ete. Dentzo disso, por meio deste critério, deve-se avaliar qual dos dois métodos em estudo adapta-se melhor ao ambiente de fabricagio do etanol; g) Conhecimento gerado — por meio deste critério podem-se comparar os dois métodos em termos da riqueza de conhecimento gerado aos funcionarios e a empresa sobre as falhas, suas causas e efeitos que afetam o pracesso produtivo do bioetanol; hi) Efi econémicos materiais e imateriais, ou seja, dinheiro, tempo, equipamentos e pessoas que so ncia econdmica — através deste critério compara-se 0 montante de recursos necessirios a cada um dos métodos para chegar-se 4 eliminagao das mesmas falhas no sistema de fabricagao do bioetanol. 4) Ponderagao quantitativa entre os critérios selecionados — nesta etapa priorizaram-se as importincias relativas de cada critério desenvolvido na etapa anterior. Conforme Saaty (2010), a priorizagdo envolve 0 desenvolvimento de julgamentos em resposta as questdes de domindncia de um elemento sobre outro quando comparados com relagio a certa propriedade. Para isso, utilizou-se © método Analytic Hierarchy Process (AHP), uma ferramenta flexivel que & preparada para levar em conta os diversos critérios para 0 processo de decisio (SAATY, 1991). O AHP é um método que permite a manipulagdo dos fatores intangiveis de julgamento de meneira simples e compreensivel, sendo adequada a problemas de definicdo de prioridades, avaliagio de custos x beneficios, alocagdo de recursos, benchmarking, analise de decisio sob-tiscos, entre outros (SAATY, 2008); 5) Comparacao entre os métodos FMEA e HAZOP - com o desdobramento do método AHP, iniciado na etapa anterior, chegou-se naturalmente 4 comparagao entre o FMEA e 0 HAZOP. As avaliagdes necessarias ao AHP, tanto na Etapa 4 quanto na Etapa 5, foram realizadas por uma equipe de cinco especialistas (Tabela 1) pertencentes & cinco empresas sucroenergéticas e com conhecimentos praticos sobre os dois métodos em anilise. Revista Gestéo Industrial 4 Tabela 1 — Formacio da equips de especialistas no trabalho de comparacao a ‘Tempo de experiéncia na Cargo Formagio indistria sucroenergética Gerente da Qualidade Engenharia de Producto 12 anos Gerente de Produgtio ‘Engenharia Agrondmica’ 15 anos Supervisor de Processos — Satin Engenharia Mecénica 6 anos Supervisor de Produeao Engenharia Quimica D anos Tecublogo em produgao Supervisor de Produedio nualeoaleina 10 anos Fonte: elaboragio propria Estes especialistas foram selecionados por convenigucia em cinco usinas produtoras de bioethanol localizadas no Estado de Sao Paulo, O tratamento matemitico necessirio 20 AHP foi realizado por meio da aplicagio do sofware Make It Rational (ttp://makeitrational.conv features), Existem no mercado diversos softwares de apoio A decisto que utilizam o método AHP. Este sofware se destaca por conter uma interface grifica bastante amigével e por pemnitir que a avaliagao multi critérios seja realizada por diferentes participantes, calculando automaticamente a Razio de Consisténcia (RC) da anilise hierérquica. 3. A fabricacio do bioetanol ¢ os principais pontos criticos do processo produtivo A descrigdo das etapas produtivas do bioetanol so baseadas em Rebelato et al (2012) e Rebelato et al (2013). A fabricag2o do bioetanol inicia-se apés a colheita da cana-de-agicar e seu transporte para a unidade industrial, A matéria-prima que chega a usina & enviada ao setor de pesagem e amostragem. Geralmente, 30% do material que chega & amostrado por sondas obliquas ou horizontais. A qualidade do material amostrado é aferida por meio de anslises em laboratério e junto com a pesagem (mensuragtio da massa de cana + impurezas) tem-se o total de agticares que serio transformados em produtos finais. projeto de uma planta de bioetanol é desenvolvido para que o miximo do agiicar contido na matéria-prima seja transformando em agticar ¢ alcool. No entanto, mesmo no melhor proceso industrial as perdas de acicar ocorrem (perdas aceitveis) ¢ existem ainda as perdas que no si0 contabilizadas por serem impossiveis de serem mensuradas. Os produtos finais so fabricados determina-se a eficigncia do processo pela quantidade de agiicar que adentrou a fabrica e quantidade de produtos finais obtidos. Nesse contexto, © proceso na unidade fabril se inicia com o preparo da matéria-prima por meio da passagem da cana por conjuntos de facas ¢ desintegradores, cuja fungao ¢ abrir as células da cana e expor seu contetido para que seja submetida a alguma forma de extragio de caldo: por moenda ou por difusor. A extrago por moenda ¢ realizada por pressiio, enquanto a realizada por difusor é feita através da lavagem do material (osmose e lixiviacao). Os dois métodos possuem Revista Gestéo Industrial extragdo aproximada de 98% de sacarose no caldo e a perda aceitivel de agticar no bagago (ptimeiro residuo do proceso) é de até 2 % de Pol. A Pol é a medida da quantidade de sacarose aparente no caldo e é realizada por um aparetho denominado polarimetro. Com 0 proceso de extragio obtém-se 0 caldo primario (produgiio de agticar) e secundaio (produgao de bioetanol), que podem ser submetidos ao tratamento para retirada de algumas impurezas que os acompanham, Esse tratamento ¢ opcional, porém caso seja empregado, utilizam- se de métodos fisicos por meio da peneiragem (peneira rotativa) para retirada do bagago misturado a0 caldo e, quimico através da mudanca de pH ¢ temperatura, que faz com os materiais que sfio soliiveis torem-se insoliveis e possam ser removidos. Para 0 tratamento quimico aplica-se 20 caldo hidroxido de Ca(OH)2 (processo denominado caleagem) que faz com que o pH aumente de 4,5 a 5.5 para 6 a 6,5. Apés isto, 0 caldo caleado & submetido a um aumento rapido de temperatura (100 a 105°C), promovendo a floculagio primaria (transformagao de substancias soliveis que tornam-se insoliveis). © caldo (caleado e aquecido) passa por um balio de flash (equipamento responsavel por eliminar gases incondensaveis que preudicam proceso de sedimentacfio de impurezas) ¢ adiciona-se polimero para promover a floculagdo secundiria. Nesta, os flocos primérios se agrupam tornando-se mais pesados, 0 que facilita a separacdo. Apés a aplicacdo do floculante o caldo entra no equipamento decantador, cuja fungdo & separar 0 caldo clarificado do lodo (ou borra), O caldo clarificado segue para a producao de aciicar ou bioetanol e 0 lodo é encaminhado 0s filtros de recuperagio de sacarose (filtro rotativo ou filtro prensa). Apds a passagem do lodo pelo filtro tem-se, por um lado, 0 caldo filtrado que volta ao processo de tratamento do caldo e, por outro, a torta de filtro, que & destinada & lavoura para adubacdo da cana-de-agticar na drea agricola, Nesta torta, a perda aceitivel de sacarose & de at 2 % de Pol. Esse é um dos locais que mais se perde acticar na produgdo sucroenergética por erro operacional de regulagem dos filtros. A proxima etapa € 0 preparo do mosto. Neste processo pode-se utilizar o caldo, 0 caldo clatificado, © xarope (obtide por concentragio do caldo clarificado) ou © melago (subproduto da produgao de acticar). Neste preparo busca-se a concentrago ideal de agticares (em torno e 18% de ART — agticares redutores totais), de nutrientes (P e N), da temperatura (em torno de 32°C) e pH (45), assim como a redugio de agentes contaminantes (bactérias ¢ leveduras selvagens) para que o processo de fermentacio do mosto, que ocorrerd em seguida, seja otimizado, Ao mesmo tempo em que o mosto é preparado, ocorre o tratamento do fermento (pré- fermentagdo), que nas indiistrias brasileiras, é utiliza-se a levedura que ja foi usada em fermentagdes anteriores. O fermento é separado do vinho por método de centrifugagao e, em seguida, submetido a um tratamento de diluigao com gua e aplicacao de acido sulfiirico para abaixar o pH para 2,5 ¢ assim evitar a reintroducdo de contaminantes no processo. Revista Gestéo Industrial 6 ‘Nas domas de fermentag3o o mosto e o fermento so misturados e permanecem por periodo de aproximadamente seis a oito horas no biorreator. A fermentagao & proceso bioquimico gerador do bioetanol. As moléculas de sacarose, glicose e frutose, presentes no mosto, so transformadas em bioetanol pelas leveduras. Estas produzem, por um lado, o alcool etilico e, por outro lado, © gas carbénico, entre outros residuos em menor quantidade As usinas brasileiras se dividem na utilizagio do processo fermentative em batelada (proceso Melle Boinot) ou fermentagio continua. No primeiro tipo, a fermentagto ¢ realizada em dornas separadas. Ao final do periodo fermentativo tem-se © vinho levedurado que submetido ao proceso de centrifugacao para separacio do levedo do vinho. O vinho delevurado, que possui concentracdo alcoélica de 8 a 12% de etanol, segue para a doma volante e, em seguida, para 0 processo de destilacao No processo continuo, a fermentacao inicia-se numa dorna e segue passando por outras trés dornas. Entretanto, cada usina possui um modelo de processo continuo, no qual varia a quantidade de dornas. Ou seja, a fermentacao ¢ realizada em domas interligadas com tempo suficiente para que ocorra 0 proceso até o final. O vinho levedurado segue os mesmos passos da fermentagio em batelada, Em qualquer um dos métodos a temperatura & controlada em toro de 32°C, com auxilio de trocadores de calor. No processo de destilagao, 0 método usado & continuo (sistemético), sendo dividido em trés fases: destilaglo, retificagao (Figura 1) e desidratagao, Na destilagao, que é feita em colunas A (destilagiio ou esgotamento), Al ou A’ (epuragaio do vinho) e D (concentragio de produtos mais voliteis), ¢ introduzido o vinho aquecido na coluna AI e esse desce através de siffes (ligagao entre as bandejas das colunas) perdendo o dlcool na forma de vapor e chega a base da coluna na forma de vinhaga (0,02% de etanol) (Figura 1). No topo da coluna A retira-se 0 denominado “flegma de baixo grau” (50% de etanol) que & encaminhado para a coluna de retificagio para ser redestilado, Na coluna D realiza-se a concentraciio dos produtos de cabega e 0 vapor que sai no topo chega aos condensadores (Re R1) € se transforma em liquide, Parte do condensado retoma para a coluna (denominado reflux ou retrogradagio) e pode ser também levado a coluna de retificagao na forma liquida e, parte pode ser separada em forma de alcool “de segunda”, Algumas unidades optam por no separar 0 alcool de segunda (condensado que possui produtos de cabeca e etanol) ¢ a coluna D deixa de ser utilizada Neste caso, todo condensado é encaminhado para a coluna de retificagio. ‘Na Figura 1, verifica-se a coluna de retificaco (processo de retificagio) composta por colunas B (concentragio) e BI (esgotamento do flegma). Neste equipamento o flegma é fracionado em etanol hidratado (97% de etanol, o qual sai proximo ao topo da coluna) ¢ residuos/subprodutos: a) flegmaga (base da coluna); b) éleo fiisel; c) alcool “de segunda”. O dleo fiisel (denominado Revista Gestéo Industrial 7 produto de cauda) é submetido ao processo de decantagao para recuperagao do etanol que sai no momento em que o éleo é retirado na lateral da coluna. © etanol recuperado retorna para a coluna de retificacao. Figura 1 — Conjuatos de colunas de destilagto e retificagdo e acessérios (condensadores e decantador de leo fisel) para ‘produgdo de etanol hidratado von Peonaca Colunas de destiiagao e Colunas de retticagao e ‘acessérios ‘acessorios Fonte: Adaptado de Stupiello (2012) © etanol hidratado pode ser submetido a0 processo de desidratacio, o qual pode ser realizado por varios métodos, sendo os mais empregados, 0 extrativo (uso de monoetilenoglicol — MEG), 0 azeotrépico (utilizacao de ciclohexano) e peneira molécular (ze6lita). Por meio de todos estes processos obtém-se etanol anidro 99,9%. Em seguida, os dois tipos de etanol (hidratado ou Revista Gestéo Industrial 8 anidro) podem ser armazenados, 0 que geralmente é feito em tanques. A principal utilizagao do etanol hidratado é como combustivel em automéveis movidos a gasolina ou etanol (veiculos flex), enquanto o etanol anidro € utilizado em mistura A gasolina entre 20 e 25%, conforme estratégia governamental. Conforme visto, a produgtio do bioetanol emprega transformagées fisicas, quimicas biolégicas da matéria-prima, Hé diversos pontos criticos em termos de oportunidades de falas desvios. A Tabela 2 identifica as etapas do processo de produgio do bioetanol e as principais falhas que podem ocorrer em cada um delas. Tabela 2 —Etapas de fabricagao do bioetanol ¢ principais pontos crticos Etapa de Pontos criticos fabricacao 1. Falta de vapor ou cletrcidade para 0 funcionamento das moendas; 2. Ranhturas dos rolos de extragio da moenda inadequadas: 3. Realizagio da embebigso de modo nao adequado em moendas edifusores: Extragio do 4, Pensa rotativa (proceso fisico de tratamento do ealdo) entupidas caldo 5. Contaminagio provocada por assepsia mio adequada do processo: 6. Perdas de sacarose e outros agiieares no hagago pela extragdo deficiente de moendas ou difusores: 7. Se for empregada extrac2o do caldo por difusor: embebigdo para extrac do caldo inadequada e entupimento da tela que sustenta o “colchao” de cana preparada, 1. Erro na dosagem de hidréxido de calcio Ca(OH), aumentando o pH além do nivel recomendado;, 2, Perfuragao da tubulagao de aquecedores de caldo e perda de sacarose no vapor de aquecimento; Tratamento do | 3. Temperaturas de processo nio alcaugadas que levam a menor degasagem no balio de flash caldo 4. Erro de dosagem de polimero: 8. Decantadores mal operados (vaziio de entrada de caldo no aparelho com velocidade elevada); 6. Separagdo defeitiosa do lodo do caldo clatficado (caldo clarificado que coatém lodo que nio fi separado} 1. Problemas no sistema de filtragao do lodo para recuperagio da sacarose ¢ outros acucares. 1. Etro na dosagem da quantidade de agicares para a fermentagdo. Os agicares redutores totais ‘devem permanecer por volta de 18% para se obter producdo de etanol proxima de 8 a 12% de teor alco6lico no vinho: Preparo do 2. Temperatura do mosto muito elevada (acima de 35°C) que levam a menor eficigneia das mosto leveduras na conversto dos agticares em bioetanol: 3. Falta de nutrientes (por erro no processo de tratamento, materiais como melago que contém. enor teor ea adubacdo nfo adequada da lavoura). Os nutrientes servem para a formaca0 de novas leveduras e manutengdo do fermento, que nas Usinas so reutilizadas. 4, Contaminagio elevada, Presenga de microrganismos (bactérias e leveduras selvagens) que disputario 0 agicar presente no mosto 1. Falha no controle da cepa de levedura utilizada, pois pode haver modificagio da populagio de leveduras (introdugdo de leveduras selvagens e reprodugio sexuada que leva a modifieagio do DNA) ¢ diminvir o rendimento de producio de etanol Preparo do Revista Gestéo Industrial fermento 2. Como o fermento ¢ reutilizavel, apés o término da fermentagio & separado do vino & encaminhado para o tratamento. Pode haver erro na dilui¢ao do fermento (aumento de chance de ‘contaminacdo por bactérias e/ou da toxicidade dos produtos que ficaram junto com o fermento ‘que causa estresse para a levedura e pode diminuir 0 rendimento do processo). 3. Eiro na aplicacao de H,SO, para abaixar 0 pH para 2.5 (buscando eliminago das bactérias). 0 ‘pH muito baixo leva a perda de viabilidade do fermento;, 4.Falha no controle no tempo do tratamento do fermento, que pode ser insuficiente para que reduza a contaminagio por bactérias: Fermentagio 1. Falha no controle do tempo de fermentagio (deve haver tempo suficiente para que quase todo ART seja transformado em etanol): 2. Velocidade inadequada de alimentagao da doma de fermentagio (quanto mais lenta melbor a adaptagio do fermento): 3, Falha no controle Temperatura da dorna, que deve ser mantida em tomo de 32°C; 4. Falla na velocidade de centrifugagao apés 0 término da fermentagao (evitar formagao de produtos indesejdveis como o dcido acético (atraso de centrifugagio) e a perda de vinho n0 fermento ou de fermento no vinho): Centrifugagao do vino levedurado 1 Entupimento dos bicos de separagao da centrifuga: 2. Falha na regulagem da velocidade de centrifugagao (permite melhorar a separagdo dos ccontaminantes que saem junto com o vinho) Destilagio 1. Falta de energia na destilaria — 0 processo de cogeracilo de energia utiliza caldeira e o bagago dda cana-de-agiicar como fonte energia, gerando vapor em alta pressdo e alta temperatura que através de uma turbina a gés movimenta um gerador. Esse procesco garaate a energia para o fancionamento da destilaria, portanto qualquer problema de caldeira pode prejudicar 0 fomecimento de energia no processo, 2. Regulagem do vapor de aquecimeuto das colunas. Pouco vapor (aquecimento) leva a0 aumento da perda de etanol na vinbaga e na flesmaga; 3. Falta de gua no processo ~ este fato pode gerar problemas nos condensadores. Com isco haveria perda de etanol no vapor. pois com a falta de dgua no processo os eondensadores no conseguitiam converter o vapor para liquido: 4. Variagdes de pressdes ~ falas no processo produtivo de etauol de mudaneas das pressdes, por ddiminuigao ou aumento do vapor adicionado ao processo que podem aumentar as perdas de etanol nos residuos: 5, Possiveis vazamentos na destilaria ~ pode ocosrer em varios pontos por falhas no processo & falta de manutengao nos equipamentos. Podem ocorrer problemas operacionais nas colunas de destilagao que resultaria em perdas de ctanol no processo; 6. Temperaturas altas nos condensadores - este problema pode ocasionar perda de etanol por evaporagiio eos gases carregados dé etanol sto langados a0 ambiente: 7. Bombeamento, tubulagdes e linhas de envio do etanol de etanol para armazenamento — uma falha nesta etapa do processo poderia condenar toda a produgio de etanol por causa do ‘vazamento e perda do liquido antes de chegar aos tanques: 8, Tanques de armazenamento - falas na manutengio destes equipamentos podem gerar infecgdo destes depésitos, além de desperdicios de etanol e tltimo caso resultar em um grande isco de vazamento ¢ explosio. Fonte: elaboragio propria 4. FMEA e HAZOP. O FMEA é um método voltado identificagio de falhas atuantes e potenciais e seus efeitos em sistemas e processos com 0 objetivo de definir condutas para reduzir ou eliminar o risco associado a cada falha identificada. © método avalia a severidade de cada falha relativamente ao Revista Gestao Industrial 10 impacto causado aos usuarios, sua probabilidade de ocorréncia, e sua possibilidade de detecsao. Com base nestas trés informag6es, severidade, ocorréncia e detecgdio, 0 método FMEA leva a anteposigao de quais modos de falha provocam os maiores riscos ao cliente € que, portanto, so dignos de maior atengao (PUENTE et al, 2002). De acordo com Femandes e Rebelato (2006) as etapas para a execugtio de FMEA (Figura 2) a) Identificar modos de falha (eventos que resultam em redugo da fungo e dos objetivos de desempenko do sistema) conhecidos e potenciais; 'b) Identificar os efeitos de cada modo de falha ¢ a sua respectiva severidade ou gravidade sob o ponto de vista do usuario; ©) Identificar as causas possiveis para cada modo de falha e a sua probabilidade de ocorréncia; 4d) Identificar os meios de controle atuais do modo de falha e sua probabilidade de detecgaio (probabilidade de que a falha seja constatada antes que o produto chegue ao cliente); e) Avaliar o Nivel de Prioridade de Risco (NPR) de cada modo de falha; £) Avaliar se o patamar do NPR é aceitavel ou nao; g) Em caso de NPR em nivel inaceitivel. definir medidas para a eliminagao ou reducio do NPR. Isto & conseguido por meio de agdes que aumentem a probabilidade de deteccdo ou reduzam a probabilidade de ocorréncia da falha; h) Definir 0s responsaveis pela implantagao das melhorias, a acompanhar a implantagdo e recalcular o NPR; i) Se 0 novo NPR estiver em nivel ainda inaceitavel, deve-se replanejar novas medidas de melhorias. Para determinar-se 0 risco associado a cada modo de falha multiplica-se a pontuagio da severidade (S), pela ocorréncia (0) e pela detecgao (D). Para classificar os riscos, pode-se ter, por exemplo, uma escala que vai de 1 a 1000 pontos, sendo 1 um baixissimo risco e 1000 um isco ctitico a0 usuario. Revista Gestao Industrial u Figura 2 - Fluxograma de desenvolvimento do FMEA Identificar os possivels modos de falhas e seus efeitos Pe (0) para cada fatha Eri eee ees cen ‘Acompanhar aimplantago Com ofim da implanta teen eer ay eee Fonte: elaboracio propria Analogamente ao FMEA, 0 HAZOP é uma metodologia qualitativa estruturada e sistemitica para exame de sistemas (produtos, processos, plantas, atividades) e andlise de riscos. Presume que eventos de risco sto causados por desvios de projeto ou falhas operacionais. A identificagao dos desvios 6 facilitada pela utilizagao de desvio de “palavras-guia”, que funcionam como uma lista sistematica de perspectivas de desvio (PQRI, 2014). Antes da wtilizagao das palavras-guia devem ser destacados do processo os pontos especificos que so localizados nos fluxogramas do sistema estudado, Estes so denominados “n6s” e so individualmente analisados. As palavras-guias stio confiontadas com os parémetros do processo (temperatura, presstio, nivel, etc.) gerando os possiveis problemas a serem estudados. A Tabela 3 oferece exemplos possiveis de associagdes das palavras- guia com os parimetros (BRITSH STANDARD INSTITUTION, 2001). Revista Gestao Industrial D Tabela 3 — Exemplos de pardmetros, palavras-guias e desvios pars HAZOP Parimanr wena | Mancow viaro (wees 4] Nota everso Fluxo Reverso Temper Contaminac3o en fessso Mais, Pressdo Alta cppuuag | are | Tamper Be Temps Mais Temperatura Alta Vienos | het tate NWwel Mais Nivel Alto Heros | Visine Sus Miscosidade Mais Vicosidade Alta Nenhurs Menhurve React Monon | tons incmiet reao | “tase |poncionercontetaa Torben | recto secmcaie Fonte: Aguiar 2014, p:16) ‘A Figura 3 apresenta um fluxograma do método HAZOP em um processo produtivo. A aplicagao inicia-se com a selecio de um né de estudo (um ponto critico) do subsistema e identificagaio um pardmetro presente nesse n6. No préximo passo, gera-se um desvio através da aplicagio de uma palavra-guia a um parimetro do né. Com a definigiio do possivel desvio, determinam-se as causas ¢ 0s efeitos. Nessas etapas, a experiéncia pritica dos participantes é de extrema importincia, Em seguida, & necessério analisar a existéncia de meio de deteccdo do desvio, assim como meios de salvaguardas preventivas e mitigadoras. Definidas as recomendagdes e ages de melhoria, analisam-se as suas prioridades por meio de critérios como custo, risco, facilidade de execucio. Por fim, atribui-se um responsavel para a aio de correciio do processo e acompanha-se a efetividade da implantagio. Revista Gestao Industrial B Figura 3 — Flusograma de decenvolvimentodo HAZOP Sco Selecionar um pardmetra de proceszo (ex ‘mesmo parimetrede processo re eT Ses ees par errs coer Peery eer ey den eed ed ee eee ‘Acompanhar a eetividade da ago de corregio Fonte: elaboragio propria 5. O método AHP A estruturagio de um problema AHP se inicia com o estabelecimento do objetivo desejado. A partir desse definem-se os critérios numa estrutura em Arvore invertida (Figura 4), sendo o objetivo principal a raiz desta arvore. A medida que se afasta da raiz, tem-se os fatores mais especificos (as “folhas”), os quais representam os critérios de avaliagao. Para cada gmpo de critérios semelhantes que possuem um mesmo “pai”, uma matriz de comparagdes paritirias (MCP), contendo os niveis de anteposicao obtides por confiontagao de um fator com outro, deve ser construida. © principio do AHP & a geragdo de um vetor de prioriades pelo cilculo do maior autovetor de cada MCP do problema inteiro (SHIMIZU, 2010). ‘Revista Gestdo Industrial 4 Figura 4 ~ Estrutura de decisto hierarquica no método AHP. Obietivo Critério 1 Criterio 3 ‘Alternativa 1 Alternativa 2 Alternativa 3 Alternativa 4 Alternativa $ Fonte: elaboracao propria, ‘As comparagdes paritirias no so feitas em escala absoluta devido 4 condigao dos componentes de uma decisao nmilti critérios. Dado que frequentemente o problema é impalpavel, isso impede que isoladamente os componentes sejam mensurados usando a mesma escala. Na comparagio paritiria, quando © tomador de decisio manifestar sua preferéacia por um atributo X, como sendo muito mais importante do que 0 atributo Y, por exemplo, estara atribuindo para o atributo X peso 5. Caso 0 tomador de decisio considere que os dois critérios possuem a mesma importancia, estara atribuindo o peso 1. A Tabela 4 define e explica 0 conceito dos pesos utilizados no método AHP (OLIVEIRA et al , 2011). Tabela 4 —Farores do AHP para as comparagdes paritérias Intensidade de importancia Peso Explicagao (peso) 1 ‘Mesina importincia | Os dois atributos contribuem igualmente para o objetivo 3 Tmportincia pequena de-um | A experiénciae o julgamento favorecem levemente um sobre o outro aiributo em relagio 20 outro S Tnportincia grande ou | A experiéocia e o jlgamento favorecem fortemente uma essencial stributo em relagio a0 outro ‘Um atributo ¢ fortemente favorecido em relagto a0 7 Tmportineia muito grande | outro; sue dominagao de importincia & demonstrada na pritiea ‘A evidéneia favorece um aributo em relagio a0 outro ° Importincia absalvis com o mais alto grau de certeza 2.4.6.8 | Valores intermediarios entre | Quando se procura uma condigdo de compromisso entre * 0s valores adjacentes dias definigdes Fonte: OLIVEIRA etal (2011, p.6) Saaty (1991) e Naves (2008) apresentam a modelagem matemitica do AHP. Dado que A seja uma MCP genérica, n(n-1)/2 € o mimero de julgamentos paritirios necessarios & construgdo de A, onde n é 0 ntimero de elementos da matriz. Nesta, ay indica o julgamento quantificado do par de ctitérios (C,, G) e « 0 valor da intensidade de importincia. Os elementos de A sto: Revista Gestao Industrial is Va; 1 a Vay Vay 1 Se ay =a, entdo a= Va, a #0. Se C; é julgado como de igual importancia relativa a C;, ento aj = todo i. Normaliza-se A por meio da expresso: ViGai) Onde: n = numero de altemativas comparadas; Vila) = valor normalizado, obtido dividindo os valores das colunas pela soma dos valores das colunas. Em seguida, calcula-se o vetor de prioridade W da alternativa i em relagao ao crit determina-se a média de cada linha dos valores normalizados. 2, — aj we via) = )'Vi> & ‘Onde: W ow Vk (Ai) ~ Vetor de prioridades. Entao, calcula-se o autovalor (Asx) por meio da express m5 Onde: Amex = autovalor procurado; W = vetor de prioridades; Aw = vetor resultante entre matriz A multiplicado pelo vetor de priotidades. Em seguida, calcula-se o indice de Consisténcia (IC): IC = (Amax - n)/(n—1) Onde: Anee = autovalor procurado; priximo passo o caleulo da Razao de Consisténcia: Ic cA RC= Onde: CA ¢ 0 indice de consisténcia aleatéria (CA), apresentado na Tabela 5, Revista Gestao Industrial 16 Valores de CA em Fungo da Ordem da Matriz o]1[/2]3][4]s][e¢][7[s[s]o] nu] e[ a] 4] 6 CA_| 0,00 [0,00 | 0.58 | 0.90 | 1.12 [1.28 | 192 | 1.47 | 1.45 | 1.49 | 151 | 148 | 156 | 1.87 | 1.59 Fonte: Saaty (1991, p27) Considera-se aceitavel uma razao de consisténcia menor que 0,10. Por fim, determina-se 0 nivel de preferéncia das altemnativas. Estas devem ser comparadas par a par em cada um dos critérios, de modo andlogo ao descrito para a obtengao da importincia relativa dos critérios, Efetua-se a valoragdo global de cada uma das alternativas, de acordo com a expressiio: va) = ¥ pivila) Onde: V(a) corresponde ao valor global da alternativa analisada; pj a importancia relativa do critério j; ¥j a0 nivel de prefergncia da alternativa analisada no critério j 6. Resultados ¢ discussio Em um primeiro momento, cada membro da equipe de especialistas selecionada confrontou, em pares, todos 0s critérios de comparacio desenvolvidos conforme as diretrizes da Tabela 4. Os dados de cada preferéncia, de cada avaliador, foram introduzidos no sofware citado. Este caleulou a média das avaliagbes feitas por cada membro da equipe, para cada critério, conforme apresentado na Figura 5, Figura 5 — Resultado da avaliagio para grau de importincia relativa de cada critério foa.e6ze) Etcdci na migacdo/eiminacso es cousas des fahas Eficécia na descoberta a trequéncia de ‘corréncia das fahas °7% 9.2% 13.52% Eficiéacia econdmica Efictcia na descoberta as fahas 7m) Adaptablidade ao ambiente de tabncacéo do buetanol 7.03%) 14.03% CConhecimento gerado Efecica na descoberta roa os efetos das fahas Efecicla na descoberta das ccausas das fahas Fonte: Elaboragio prépria Revista Gestao Industrial i Conforme Tabela 6 os resultados da ponderagdo entre os critéries podem ser divididos em cinco categorias, divididas com base no patamar médio dos critérios. Eliminar eficazmente as causas das falhas (23,86%) e descobrir efetivamente quais sfo estas causas (19,49%) so os critérios ligados aos fatores que provocam as fallas, os quais sfio os mais importantes, sob o ponto de vista dos especialistas (em amarelo). Na segunda categoria (em verde) aparecem os critérios eficdcia da descoberta dos efeitos das falas (14.03%) e eficacia na descoberta das fallas (13,52%), ambos aos ctitérios relacionados ao esforgo de detecgiio dos desvios. Na terceira categoria (em Toxo), aparecem os critérios eficiéncia econémica (9.20%) e eficdcia na descoberta da frequéncia de ocorréncia das falhas os quais, apesar de nfo tem possuem uma légica similar, exibem uma pontuacdo bem proxima. Na quarta categoria (em laranja) tem-se o conhecimento gerado & empresa (7.03%) ¢ na tiltima categoria (em azul), ¢ como critério menos importante, a adaptabilidade ao ambiente de fabricacao do bivetanol (4.17%). Tabela 6 ~ Critérios de ponderacdo divididos em cinco eategorias Critério Peso relative (2 Fonte: Elaboragdo propria Conforme Saaty (1991), uma taxa ou razdo de consisténcia de 0,10 ou menos ¢ considerada aceitavel. Foi calculada, neste caso, uma taxa de consisténcia RC = 0,026. Sendo assim, os valores das prioridades relativas esto consistentes. Em um segundo momento, cada membro da equipe realizou a confrontacao entre HAZOP e FMEA sob o ponto de vista de cada critério, levando em consideragao 0 contexto do sistema produtivo do bioetanol, 5 dados foram inseridos no software e, como resultado médio tem-se que em sete dos oito critérios 0 HAZOP apresentou maior eficacia em relacao a0 FMEA quando aplicado a0 processo produtivo do bioetanol. O FMEA apresentou maior eficdcia em relagio a0 HAZOP somente no critério de eficigncia econémica de desenvolvimento. Isto pode ser visualizado pelo grifico tipo radar apresentado na Figura 6. Nos demais sete critérios de comparagio 0 HAZOP foi julgado superior ao FMEA sob 0 ponto de vista da equipe de especialistas. O resultado de ampla superioridade do HAZOP pode ser visto na Figura 7. Revista Gestao Industrial 1s Figura 6 — Resultado da comparagao HAZOP x FMEA em grafico tipo radar ‘Adap. amb. fabr. bio HazoP FMEA Eficén. economi ‘onhec. gerado Efi. mitig elim. ¢ fic, dese. causas F fic, dese. frea. of fic dese. falhas Fonte: Elaboragio propria Figura 7 — Resultado da comparagao entre HAZOP ¢ FMEA em grificos de barras @ Conhec. gerade G Eficién, economica ruea | @ Adap. amb. fab. bio G kfc. mitig/eim. © @ Efe. dese. fea. 0¢ GD ee. dese. efet. @ Eric. dese. cousas f Gi Efe, dese. falas HazoP. 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 SO 55 60 65 70 Alternative utility [%] Fonte: elaboragto propria 7. Conclusdes © desenvolvimento de medidas de prevengiio de falhas em usinas sucroenergéticas & conduta de grande interesse das usinas produtoras de bioetanol, pois as falhas ¢ desvios no sistema de fabricagiio afetam diretamente a produtividade da fébrica, Neste contexto, este artigo teve como objetivo analisar comparativamente FMEA x HAZOP aplicados ao ambiente de fabricagio do bioetanol de cana-de-agiicar. Revista Gestao Industrial 19 A partir do grau de detalhamento dos fatores atuantes no sistema operacional que é demandado pela aplicagio de ambos os métodos analisados, pode-se inferir que tanto o FMEA quanto o HAZOP requerem um alto nivel de compreensio do sistema em que se esti atuando Como primeira consequéncia, exigem-se funcionirios gabaritados com larga experiéncia na fabricagao para poderem trabalhar com estes métodos. Como segunda consequéncia, ambos os nétodos stio dependentes da subjetividade da equipe de desenvolvimento, j4 que ha aprecivel nivel de suposigdes relativamente aos efeitos e as possibilidades de corregio/prevengao. Para lidar com a complexidade do objetivo tragado, aplicou-se 0 método AHP, © qual ¢ interessante quando os elementos constituintes do proceso de tomada de decisto so dificeis de quantificar ou comparar, ou quando o relacionamento entre os elementos é dificultado por terminologias ou perspectivas nmito distintas. A utilizacio do método AHP envolven a sinopse matematica de varias arbitragens sobre © problema de decisio. A questio central do AHP esteve calcada nao apenas na determinagao do peso com os quais os fatores individuais do nivel mais baixo da hierarquia influenciaram o fator maximo, o objetivo geral, mas também na avaliagio confrontativa entre os dois métodos sob o ponto de vista de cada especialista e, sob balizamento de cada critério de comparagao criado, Entre os oito critérios de comparaco, os pesos dos quatro primeiros somados correspondem 2 71% do total. Estes resultados demonstram certa légica sob o panorama da prevengao de falhas na indistria, pois se relacionam 4 (na ordem): 1) eliminagao das causas das falhas, dado que nao se pode eliminar um problema sem aniquilar suas fontes geradoras; 2) descoberta da causa da falha, jé que nio é possivel eliminar as causas sem antes identificd-las; 3) descoberta dos efeitos das falhas, dado que é por meio do reconhecimento dos efeitos que se pode chegar 4 dimensio da severidade do problema; 4) descoberta da falha, visto que é reconhecimento da falha que inicia todo 0 transcurso rumo & sua prevengao. Como resultado final, 0 método FMEA apresentou, sob a dtica da equipe estabelecida, desempenho superior a0 HAZOP apenas sob a luz do ctitério “eficiéncia econdmica de desenvolvimento”, Em todos os demais critérios, 0 HAZOP foi considerado superior a0 FMEA. Desta forma, péde-se concluir que, no ambito da fabricagdo do bicetanol, enquanto o FMEA exibiu desempenko relativo de 29% o HAZOP teve desempenho de 71%. Ou seja, no tocante ao contexto estudado, 0 desempenho do metodo HAZOP foi considerado aproximadamente duas vezes e meia superior ao do método FMEA. Abstract The objective of this work is to develop a comparative study between the FMEA and HAZOP methods applied to bioethanol manufacturing environment. The work develops, in the form of categorical indicators congruent with the fundamental logic of so-called root cause Revista Gestao Industrial 20 methods, eight criteria in order to balancing FMEA versus HAZOP. Then, weigh up quantitatively the developed criteria. Finally, the two methods are compared in the overview of each of the eight indicators developed. The job of weighting the criteria and subsequent confrontation between FMEA x HAZOP was conducted by the Analytic Hierarchy Process (AHP) method. The judgments required to the AHP method were performed by a team of experts from the Sio Paulo ‘sugar energy industry. The consistency test showed that the values assigned to relative priorities can be judged consistent. As a result, HAZOP method was considered superior to about two and a half times over FMEA method within the context studied. Key-words: FMEA method; HAZOP method; AHP method; bioethanol production. Referéncias AGUIAR, L. A. Metodologias de anzilise de riscos APP e HAZOP. Rio de Janeiro, Disponivel em: “. Acesso em: Tan. 2014, BELLINI, V. Metodologia para anilise dos modos de fatha aplicada & seguranga de condicionadores de ar Florianopolis, 2008. 53p. Dissertacio (Mestrado em Engenharia Mecanica). Universidade Federal de Santa Catarina, BRITSH STANDARD INSTITUTION. BS TEC 61882:2001: hazard and operability studies (HAZOP Studies) - application guide. UK, 2001, 57 p. 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Sertiozinho, agosto de 2012 Dados dos autores: Nome completo: Marcelo Giroto Rebelato Filiacdo institucional: FCAV — UNESP - Jaboticabal Departamento: Economia Rural Fungo ou cargo ocupado: Professor Endereco completo para correspondéncia (bairro, cidade, estado, pais e CEP): Via de Acesso Prof, Donato Castellane s/n ~ 14884-900 — Jaboticabal - SP e-mail: mgiroto@ feav.unesp.br Nome completo: Leonardo Lucas Madaleno Filiagao institucional: Centro Paula Souza - FATEC/Iaboticabal Fungao ou cargo ocupado: Professor Endereco completo para correspondéncia (baitro, cidade, estado, pais e CEP): Via de Acesso Prof, Donato Castellane s/n ~ 14884-900 — Jaboticabal - SP Telefones para contato: 16 32026519 e-mail: \eoagro@gmail.com Nome completo: Gustavo Borba Ferrari Filiacdo institucional: FCAV — UNESP - Iaboticabal Departamento: Economia Rural Endereco completo para correspondéncia (bairro, cidade, estado, pais e CEP): Via de Acesso Prof. Donato Castellane s/n — 1484-900 — Jaboticabal - SP e-mail: borbagustavo@hotmail.com Nome completo: Andréia Marize Rodrigues Filiacao institucional: FCAV — UNESP - Jaboticabal Departamento: Economia Rural Funcdo ou cargo ocupado: Professora Enderego completo para correspondéncia (bairro, cidade, estado, pais e CEP): Via de Acesso Prof, Donato Castellane s/n ~ 14884-900 — Jaboticabal - SP Revista Gestao Industrial » e-mail: andreiamarize@ feav.unesp.br Submetido em: 30/01/2014 Aceito em: 18/12/2014 Revista Gestao Industrial

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