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A exposicao (parte 2) — Como esta tudo por aqui? Ja chegaram muitos convidados? — pergunto a minha mae, que esta na portaria ajudando a receber os convidados. — Estao indo muito bem, ja esta bem cheio la dentro. Até a familia da Ver6nica veio de Nova lorque, e alguns outros amigos da sua irma, também, ela esta super feliz. — Que bom que deu tudo certo — falo com certo alivio. Eu sei que a Sara sempre foi muito resistente quanto as frustragoes, mas eu realmente tive receio de dar algo errado aqui, ela ficar m«l e isso repercutir na sua cirurgia. Esses Ultimos meses foram um divisor de aguas na vida da Sara, ela finalmente se entendeu com o seu amor de adolescéncia, sim, 0 Edu conseguiu quebrar a barreira que ela ergueu entre eles, tenho que admitir que fiquei impressionado com a perspicacia dele em saber se aproximar e nao dar a ela a chance de fugir mais. Desde que eles se entenderam é visivel a alegria da minha irma, ela esta mais ativa e empenhada, na sua chance de recuperagao principalmente, e isso também se deve a Jules. Olho a mulher ao meu lado, que conversa alegremente com minha mae e so consigo pensar em uma palavra: gratidao. Acabo rindo da ironia que rodeia isso tudo. Eu sendo grato a mulher de quem um dia eu odiei tanto e quis destruir, e mais, o motivo do meu Odio foi justamente a situagao em que ela deixou a minha irma. Como o destino é um jogador fantastico, nao é mesmo, ele conseguiu reverter uma situagao que para muitos, especialmente para mim, era impossivel ter outro final que nao a queda e sofrimento da Jules, mas aqui estamos nos, Juntos e eu que tanto desejei o sofrimento, estou grato e muito feliz ao lada dela. — O que foi? — a Jules perguntou ao me pegar encarando- a. — Nada. Vamos entrar? — Vamos sim, estou querendo provar o buffet — comentou rindo. Ultimamente ela esta com uma fome monstruosa, mas sempre reclama que esta gorda depois de matar todas as vontades de comer. — Chegaram, a Sara ja estava quase mandando ir atras de vocés — o Edu diz assim que entramos na galeria. — Ela esta te deixando maluco? Sim, porque na primeira exposigao dela la em Nova lorque, ela me enlouqueceu. — Estamos nos virando bem, vocé nao sabia como acalma-la, eu sei — o filho da p**a fala de forma sacana. — Vocé pode, por favor, me poupar desses pormenores, ela é minha irmazinha. — S6 estou te dizendo que nao precisa se preocupar, eu cuido muito bem da sua irmazinha, ela adora — continua rindo, e a Jules ainda completa: — Da para perceber mesmo que ela esta adorando, olha so o sorriso dela. — Vocé também vai comegar? — S6 estou falando o obvio. Olha a sua irma vindo ai, pergunte a ela. — aponta para a Sara que acabou de parar ao lado do Edu. — Estavam falando de mim? — Sim, estavamos comentando o fato de como vocé esta bem, mais bonita e radiante. A proposito, vocé esta linda nesse macacao, combinou tanto com seus olhos — a Jules diz com uma satisfacao sem precedentes, mais para me provocar, mas ela nao perde por esperar, eu me vingo em casa. — Obrigada! Eu estou mesmo muito bem viu, nao poderia estar mais feliz, isso aqui esta sendo um sonho — minha irma diz com brilho nos olhos. E, ela realmente esta feliz. — Viu sé, tinhamos razao — o Edu completa e eu acabo rindo quando a Sara nos encara confusa. A exposicao esta sendo realizada no Instituto Tomie Ohtake, é uma galeria muito conceituada aqui em Sao Paulo, os melhores artistas do pais e até internacionais, expGem suas obras aqui. A arquitetura do prédio, os espacos, a localizagao... tudo aqui é agradavel, vale a pena a visita. O Edu se empenhou bastante para conseguir uma vaga na agenda de exposicoes daqui e esta valendo muito o esforco dele, pois isso aqui esta incrivel. — Samuel, quanto tempo — ouco a voz do pai da Ver6nica atras de mim. — Isso aqui esta muito bonito, a Sara é talentosa — completa quando viro-me de frente para ele. — Boa noite, senhor Arnold. Sim, realmente é muito tempo. Eu agradeco pela presenga de vocés aqui, 6 muito importante para Sara, ja que a VerOnica é sua amiga. — Ficamos felizes em poder prestigia-la, ela 6 uma garota muito especial. Entao, decidiu mesmo ficar no Brasil? — Sim, eu vou manter minha residéncia aqui agora. Essa é minha esposa, Jules, meu amor, esses Sao Arnold e Sabrina, os pais da VerGnica. — Eum prazer conhecé-los — minha esposa, como sempre, é extremamente educada com os dois. — O prazer é nosso. E bom saber que o Samuel encontrou uma pessoa legal para casar, esse garoto é uma joia rara, um menino muito bom viu, vocé escolheu bem — o Arnold também é educado e gentil. E uma pena eles terem uma filha como a Ver6nica, pois sao realmente pessoas boas. — Vou deixa-los conversando e vou vé se a Marina ja chegou. Aproveitem a exposicao, esta tudo lindo — diz, agora para o casal, que lhe sorri. — Tudo bem, vai la — dou-lhe um beijo rapido nos labios e ela se afasta. — Isso aqui esta realmente muito bonito — o Arnold comenta e depois nos comegamos a conversar sobre assuntos aleatorios. Outros empresarios se aproximam e o assunto: negocios surge e se prolonga por longos minutos. — E incrivel como 0 assunto sempre acaba em negocios, né! — a Sabrina fala rindo, depois que os outros se afastam. — Isso € como uma regra em nosso meio, absolutamente tudo remete ao trabalho uma hora ou outra — concordo também rindo. — Ja foram nas outras salas? Tem cinco salas ao todo e todas com decoracao especifica, a minha irma nao mediu esforcos para tornar isso aqui incrivel, e conseguiu viu. — Com certeza, ela conseguiu sim, esta tudo espetacular. E bom ver o progresso dela, eu ainda lembro da menina comegando seus primeiros borrados, quando a VerGnica levava ela la em casa. — Eu lembro disso, foi muito bom o apoio que ela recebeu de todos vocés. Obrigado. — Digo realmente grato, a Sara se empolgou muito mais depois que comegou a frequentar a casa deles. Encontramos a Sara e minha mae, que nos acompanham em diregao a outra sala onde tem mais telas, essa sala tem uma tematica diferente e no momento esta vazia, ou deveria estar, pois assim que estamos mais proximos, ouvimos vozes, que eu conheco bem. — Vocé acha que eu realmente gostei daquela aleijada? Nao! Eu nao gostei — a voz da Ver6nica preenche os meus ouvidos, causando-me um ddio que mel consigo me sustentar no lugar. — Nao fala assim dela! — agora é a voz da Jules. Esta muito irritada. — Ela vai saber quem é vocé de verdade, Ver6nica, eu vou falar pra ela que de amiga, vocé nao tem nada! — Hahaha, vai la, Jules Montez, vai la e conta, mas eu garanto que nao vao acreditar em vocé. Ou vocé acha que so porque a situagao entre vocés esta mais calma, eles vao acreditar em tudo que vocé falar, eu acho que nao. — Vocé é muito cinica! Que alma podre vocé tem. — Nao se sinta tao melhor do que eu, Jules, ou vocé esqueceu que sua alma é podre e bolorenta também. Mesmo eu nao gostando de verdade daquela aleijada inutil, eu a tratei bem. Tudo bem que o motivo sempre foi o irmao dela, eu sabia que o calcanhar de Aquiles do Samuel era a irma e foi ai que eu resolvi defendé-la e deu certo. — Entao vocé so se aproximou dela por interesse no irmao? — A Jules pergunta incrédula. Na verdade eu também estou, mesmo sabendo que a Ver6nica nao tem carater, eu nao pensei que ela fosse tao desgragada assim. — Foi. Porque mais eu teria interesse de ser amiga de uma garota sonsa e que precisa de ajuda para se locomover. E muito cansativo, mas 0 bonus valeu a pena, o Samuel gostou da minha atitude e eu finalmente consegui me aproximar. — Vocé 6 um monstro! — A Jules diz, sua voz esta mais irritada do que antes. — Nao mais do que vocé. Afinal foi vocé que colocou ela naquela cadeira de rodas, Jules, o monstro aqui é vocé. — Eu vou mostrar para todos a sua verdadeira face. — Eu ja disse, pode contar, eles nao vao acreditar — ri vitoriosa. — Entao que bom que nos ouvimos tudo pessoalmente, nao é mesmo, “amiga” — Sara diz, levando sua cadeira até onde elas estao. Sua voz embargada faz cada célula do meu corpo tremer de odio. Ah, mas isso nao vai ficar assim, de jeito nenhum. Verdade revelada JULES MONTEZ “ A vida é uma caixinha de surpresas. Ela pode nos oferecer presentes inimaginaveis, se temos coragem de arriscar." Essa é uma boa descric¢ao para esse momento que estou vivendo. Quem diria que a tao esperada exposicao da Sara, nos traria surpresas tao chocantes. Assim que sou apresentada aos pais da Ver6nica, que parecem ser simpaticos, definitivamente aquela ali nado saiu aos seus, eu dou uma desculpa para me afastar, decidi dar espacgo ao Samuel para conversar a vontade. — Isso aqui esta mesmo divino, Edu, vocé arrasou — digo, aproximando-me dele. — E, valeu a pena, olha sé 0 rostinho feliz da Sara — fala, olhando para a mulher que esta conversando alegremente com um grupo de pessoas, 0 amor é muito visivel nos seus olhos. — Fico feliz por vocés, Edu, feliz de verdade. E incrivel como a nossa vida mudou tanto, pelo menos a minha. Hoje eu sou alguém que eu nunca imaginei ser um dia. — Vocé esta muito feliz, né?! — Sim, eu estou feliz demais. O Samuel esta sendo incrivel comigo, eu vou ser mae e isso — aponto a Sara e o grupo de pessoas — vé-la assim, tao feliz e me dar bem com ela, isso 6 a chance que eu sempre pedi e nao acreditei que teria um dia. Eu estou vivendo um sonho, Edu. — Fico feliz por vocé. A Sara acena para o Edu, chamando-o para apresentar para os amigos e ele vai todo pomposo. Esses dois sao tao lindos juntos, estavam predestinados a ficar juntos. Eu continuo olhando as telas, estou realmente surpresa com o talento da Sara, é cada tela linda, com cores e detalhes dignos de um artista de elite. — Aressa, nao brinca comigo! — A Veronica esta logo a frente, de costas para mim e falando ao telefone — Vocé sabe muito bem que eu nunca gostei daquela aleijada, meu interesse sempre foi o irmao dela. Sinto nojo ao ouvir como ela se refere a Sara, pior 6 que eu estou vendo a velha Jules nas suas palavras frias e sem qualquer sentimento de empatia. Ela ri depois de ouvir o que a pessoa do outro lado falou e responde: — Vocé esta louca! Eu nao vou sair assim tao facil, vocé sabe que eu nao sou de desistir do que eu quero. Eu vou ter o Samuel de volta e sera através daquela insuportavel da irma, vocé sabe, ele é louco por ela. O que vocé pensa que esta fazendo ai? — questiona quando me viu parada na porta. — Esta ouvindo minha conversa, sua v***a! — Como vocé pdde? — aproximo-me dela. Apesar de saber que ela nao presta, eu estou surpresa por ela ouvi-la falar desse jeito da Sara, eu achei que era uma amizade verdadeira. — O qué? Jules, nao me diga que vocé pensa diferente de mim. Eu sei quem vocé é de verdade, afinal nao é segredo pra ninguém quem é que deixou a Sara aleijada. — Eu sei o que eu fiz, mas eu fiz tudo as claras, nao fingi ser o que nao sou. Nos iniciamos uma discussao e, quando estou a ponto de voar no pescoco dela e fazé-la engolir cada absurdo que disse, a Sara aparece. — Entao que bom que nos ouvimos tudo pessoalmente, nao é mesmo, “amiga” — tem dor, decepgao e muita tristeza na sua voz embargada. — Sa-Sara... 0-0 que vocé esta fazendo aqui? — A Ver6énica gagueja enquanto olha para ela. Eu olho para tras e estao todos aqui e assim como eu, todos chocados, a Sonia, os pais da Ver6nica e um Samuel, que tem a pior expressao de todos. Seu maxilar trincado, punhos cerrados, a raiva parece que emana de cada poro, ele encara a Veronica como se nao tivesse mais nada aqui, tem tanto ddio e frieza no seu olhar que parece que criou uma tensao no comodo inteiro. Eo mesmo olhar que ele tinha para mim no inicio de tudo. — E, eu estou aqui, a aleijada — volto minha atengao para a Sara, que falou novamente — hahaha, entao assim como as outras meninas de quem vocé tanto falou, vocé também so estava interessada no meu irmao. — Nao, Sara vocé... vocé me ouviu mel. — Ouvi? Verdnica, sao as minhas pernas que nao prestam, os meus ouvidos funcionam perfeitamente bem. — Mas... — Mas nada, Veronica! O que vocé disse foi... foi nojento demais. Vocé é mesmo minha filha? — O senhor Arnold esta palido, acho que é de tanta decepcao. — Papai, eu... eu nao quis dizer isso. Foi um engano. — Engano, sua maldita! Vocé disse claramente que esta com a Sara so para se aproximar do Samuel, vocé chamou ela de... — a Sénia esta tao nervosa que sua voz chega a falhar. Eu sinto pena quando ela nao consegue nem pronunciar a palavra que deve ser muito dolorosa para todos eles. — Nao... Nao é assim... — Ecomo? — Ahn? — ela olha para a Sara que acabou de questiona-la. — Como é entao? Eu quero saber, VerOnica, como vocé vai explicar o fato de chamar de aleijada com tanta repulsa, a pessoa que vocé disse ser amiga? — Avoz da Sara, apesar de um pouco embargada ainda, agora esta mais firme. — Entao, nao é assim que trata suas amigas? — ela ri, um sorriso triste que $6 mostra o quanto isso doi nela. — Nao, Sara... isso... — Chega! — O Samuel, que até o momento estava calado, diz, seu tom é tao frio que chega a gelar o ambiente. Ele anda a passos lentos até a VerOnica, que esta palida como papel — Entao vocé achou que se a Jules nos dissesse, nao acreditariamos nela, que acreditariamos cegamente em vocé. — Ele ri, mas é so raiva que existe no seu sorriso — Vocé é mesmo muito confiante de si mesma. — Samuel. Samuel, vocé precisa acreditar em mim! — Ela toca o rosto dele e tenta abraga-lo, mas tem seu pescoco preso por ele. — Vocé acha que pode se livrar disso? — questiona fechando a mao — Vocé tem toda razao quando diz que a Sara é meu calcanhar de Aquiles, ela €é mesmo, e vocé tem uma pequena nocao do que eu sou capaz de fazer com quem a machuca, nao tem? — ele olha rapidamente para mim, mas em nada se abala. — Vocé curtiu a aventura de se fingir de amiga da minha irma para vir parar na minha cama? Foi prazeroso, sua filha da p**a?! — Samuel... Sam... — sussurra tentando se livrar do aperto, seu rosto muito vermelho mostra que ela esta a ponto de perder a consciéncia por falta de ar. — Irmao, isso nao vale a pena — a Sara diz tocando as costas dele. — Deixa ela. — Vocé esta com pena, Sara? — Nao estou com pena dela, sd nao quero que vocé se complique por tao pouco. Solta ela e vamos continuar curtindo a noite. Por favor! Depois de ouvir a suplica da irma, o Samuel finalmente abre a mao, a mulher cai como um saco de batatas no chao. — Me desculpe, Arnold, Sabrina, mas eu nao quero mais qualquer tipo de contato com a sua filha, e no que depender de mim, ela nao tera um emprego, vida social e nenhum tipo de mordomia onde eu tiver poder de decisao. — Samuel, eu... nao sei nem o que dizer. Sinto muito — o Arnold diz, seu rosto envergonhado, a decep¢ao, tristeza... eu também vi isso antes, so que a diferenca é que esse aqui 6 um pai de verdade, o meu nao era. — Tira ela daqui! — Falae passa pelo homem, indo em diregao a saida. — Jules, va atras dele, ele nao esta nada bem. — A Sara me diz. Eu estou parada no mesmo lugar, acho que ainda estou digerindo o espetaculo que acabei assisti. — Vocé vai? E que o meu irmao nao age com muita sabedoria quando esta com raiva, e bom... — Tudo bem, eu vou — interrompi-a depois de perceber que sua voz esta falhando de novo, ela esta muito msl. — pode deixar que eu vou Ia tentar falar com ele, fica bem, ta? — Obrigada por me defender. — Tudo bem. Eu falo ja saindo, pois o Edu chega abragando-a. Os pais da Ver6nica também vao arrastando ela para fora e até tapas ela leva da mae. Pelo menos dessa vez nao precisei sujar minhas maos. Eu tenho que praticamente correr, pois o Samuel esta andando muito rapido e ja sumiu na frente. Quando eu o alcango, ele ja esta no estacionamento, ougo um barulho alto e vejo-o socando a lateral do carro. Arrependimento SAMUEL ADAMS “Mais perigoso nao é o lobo raivoso que te ataca de frente, mas o lobo que se disfarga com pele de cordeiro e te cativa fingindo-se de amigo." Nunca uma frase fez tanto sentido quanto essa esta fazendo agora. Odio. Arrependimento. Decepcao. E mais dio. E isso que eu estou sentindo agora. Vontade de voltar naquela sala e arrancar a cabeca daquela maldita fora. Como ela pode fazer algo tao baixo? Tao nojento, c**+l. Sim, porque isso foi muita crueldade. Se aproveitar de um momento de fragilidade de uma garota, fingir uma amizade e no final tudo ser por causa do irmao da garota, so porque ela queria p*u! Eu quero mata-la! Saio da sala desnorteado, sem rumo. Eu estou com raiva, estou me sentindo culpado tambem, afinal tudo isso que ela fez foi por minha causa. No final, eu, mesmo que indiretamente, também acabei machucando a minha irma. Assim que chego ao estacionamento, dou varios socos na lateral do carro, tenho que extravasar minha raiva de alguma forma ou vou acabar tendo um colapso. Eu deveria ter acabado de estrangular a Veronica, mandado ela logo para o inferno, gente como ela 6 um desperdicio de oxigénio, mas a Sara, sempre tem um coracao bom, ela é muito diferente de mim, prefere seguir sua vida a buscar vingan¢a, ja eu, enquanto nao devolvo na mesma moeda ou muito mais caro, nao consigo seguir, minha raiva nao me deixa ficar em paz, foi assim antes e nao é diferente agora. — Oi — ougo a voz da Jules atras de mim. Dou mais um soco, agora tao forte que faz um pequeno corte nos nos dos dedos — Vocé... quer ir para casa? — sua voz baixa, mostra que ela esta tensa e... com medo? Viro-me, ficando de frente para ela. — Vocé deve estar se sentindo vingada, nao é mesmo?! — Falo pensando nas muitas vezes que comparei ela a Ver6nica. Eu usei a Verénica para atingi- la e fiz isso achando que estava ganhando, mesmo com os diversos avisos do Daniel, eu ainda achei que estava fazendo certo, e agora eu vejo o quanto fui o****o, Eu achei que estava usando, mas na verdade fui usado, enganado e feito de trouxa por aquela desgracada. — Eu nao estou. — Suspirou profundamente antes de continuar — Samuel, vocé pode nao acreditar em mim, mas eu nao estou nada feliz com isso que aconteceu. A sua irma nao merecia nada disso, ela é boa e tem um coracao enorme, nao merecia encontrar pessoas como a Ver6nica e... eu, no caminho dela. — E, ela nao merece mesmo, mas tudo, absolutamente tudo de r**m tem sempre que acontecer com ela! — soco novamente o carro. — Nao precisa ficar assim, ela... — Nao precisa? Jules, vocé nao sabe como a Sara tratava aquela maldita, ela tinha ela como um suporte! Vocé nao entende, claro que nao, vocé nunca foi excluida ou ficou sozinha. — Vocé esta enganado, eu sei sim... — Sabe? Nao, vocé nao sabe. Sempre teve amigos, seu grupinho na escola. Nunca esteve solitaria e sofrendo bullying, como a Sara passou a maior parte da vida! Meu estomago chega a embrulhar quando penso em tudo que aconteceu, sinto tanta raiva que ms! consigo me manter racional. — Eu sei que vocé sente raiva, mas nao pode deixar isso estragar esse momento da sua irma. Ela vai superar isso, nos vamos ajuda-la. — diz tocando o meu brago, numa tentativa de me acalmar. — Vocé acha que é tao facil assim? Vocé sempre ficou do outro lado, Jules — acabo falando no impulso, mas me arrependo em seguida — nao foi... — Samuel, nao precisa me lembrar que eu também fiz muitas coisas ruins para sua irma — sorri triste — o que a Veronica fez é nada perto das atitudes que eu tive, é como ela disse la, mesmo mentindo, ela sempre tratou sua irma muito bem, ja eu fiz coisas horriveis e a deixei na situagao que ela esta hoje. — fala e tenta se afastar, mas eu a aperto em um abraco. — Eu sinto muito. Vocé nao tem culpa de nada disso, pelo contrario, vocé estava defendendo a minha irma e eu... eU SOU UM I****a por estar aqui te falando essas coisas — beijo sua testa e depois sua boca. — Desculpa. — Vocé nao tem que me pedir desculpas, eu sei muito bem que eu também tenho participacao nisso. Samuel, eu juro, juro que nunca vou esquecer o que eu fui, eu posso estar vivendo bem com vocés hoje, mas eu sel o que eu fiz, eu nao... — Calo suas palavras com um beijo. Eu sou um grande i****a! Um e******Q GUe Nao pensa antes de colocar as merdas para fora, mas dessa vez eu nao falei para insinuar sobre o que ela fez, eu so quis dizer que ela nao passou pelas dores da Sara, mas ela interpretou minhas palavras de forma errada. Paro o beijo por falta de ar. — Eu sou um e******0 — falo recuperando o félego —, eu nao penso quando estou com raiva e acredite em mim, eu nao quis insinuar nada sobre vocé ou o que passou. Jules, eu so estou cheio de Odio da Veronica, dela, e de mim por nao ter visto suas verdadeiras intengoes. — Dou mais um beijo — Jules, eu... eu realmente nao queria te fazer lembrar dessas coisas. — Esta tudo bem. — Ela responde com um suspiro. Sua voz baixa e triste, acaba comigo. — Nao, nao esta nada bem, Jules. p***a! — xinguei, esfregando meus cabelos — Por que eu tenho que ser tao impulsivo! — Samuel, esta tudo bem, é sério. Eu sei que vocé esta triste e com raiva, nao vou levar isso em consideracao. — Ela me faz olhar nos seus olhos — Nao vamos deixar que aquela lombriga oxigenada — nao consigo segurar uma risada — Agora vocé nao se importar com o apelido, ou melhor, apelidos que eu dei a sua amiguinha. — Ela nao é mais minha amiga, agora é minha inimiga. Ela abre um lindo sorriso. — Bom saber disso, mas eu espero que vocé no resolva se vingar com um novo casamento, porque... — Ai! — Ela solta um gritinho quando eu a coloco de costas no carro, prendendo seu corpo com o meu. — Eu ja sou casado, muito bem casado. Nem pense em continuar o que ia dizer, senhora Miller Adams. — Mas eu ia falar justamente isso, que vocé ja esta casado e eu nao vou lhe dar o divorcio. E melhor vocé encontrar uma nova forma de obter vinganga. — Eu vou cuidar de tudo do Jeito certo dessa vez. — Acaricio seu rosto — Jules, eu sei que eu errei muito com vocé, te fiz muito mel, mas eu juro que tudo que eu mais desejo agora é acertar e te fazer feliz. — Falo sinceramente. A nossa historia comegou do jeito errado, eu fiz muitas coisas que nao deveria ter feito, e hoje estou pagando por isso. Ouvir todas aquelas barbaridades da boca da Verénica foi uma porrada muito certeira no meio da minha cara, e eu mereci. Eu estava tao cego pela minha vinganga que nao me importei com mais nada nem ninguém, e o resultado disso é que a Veronica se enfiou na minha casa, usou a confianga e amizade da minha familia e ainda conseguiu me fazer de i****a, eu fui um patinho que caiu na armadilha dela. — Vocé ja faz isso, Samuel. — A Jules diz, tirando-me dos meus pensamentos. Depois de vé-la defendendo a minha irma com tanta garra, eu sinto ainda mais por tudo que fiz ela passar. O rostinho triste dela, olhando a mesa recheada que eu preparei para receber a Ver6nica, enquanto para ela eu nem sequer fiz um café, seus olhos Umidos e inchados de tanto chorar por ter nos visto com tanta i********e, a noite que a deixei sozinha, mesmo depois de ter passado dias fora de casa em viagem de negocios... foram tantas coisas que nao consigo nem pontuar. — Vamos para outro lugar? — Pergunto, distribuindo beijos no seu pescoco. — Vamos sim, acho que podemos vir prestigiar a exposigao da Sara na segunda noite. — Ela concorda apertando a gola da minha camisa. — Eu acho melhor pedir outro carro, esse vai chamar muita atencgao — comentei, olhando o estrago que fiz na lataria.

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