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Samuelson Nordhaus Os Fundamentos © MiG CAPITULO. da Economia A Era da Cavalaria acabou; sucedeuthe a dos sofistas, dos economistas e dos contabilistas. Edmund Burke A.INTRODUCAO ‘Ao iniciar 0 seu estudo, estara provavelmente a pensar: estudar economia, porqué? De facto, existem varias rages que levam as pessoas a fazé-to. Muitos decidem estudar economia porque esperam vie a ficar ricos, Outros receiam ser considerados analfabetos se no conseguirem compreencler as leis da oferta ¢ da pro- Outros estao interessados em conhecer como os computadores ¢ a revolugio da informacio estio a mol dara nossa sociedade ou porque razdo nos tiltimos anos ‘a desigualdade na reparticao do rendimento tera au- mentado tio acentuaclamente Por Quem os Sinos Dobram ‘Todas estas razées, ¢ muitas outras, tém sentido. Con- tudo, como teremos de reconhecer, existe uma razio fundamental para aprender as licdes basicas da eco- rnomia: durante toda a sua vida — desde 0 bergo até a sepultura — iri confrontarse com as verdades crueis da ‘economia, Como eleitos, ind tomar decisdes sobre ques- tes que niio poderia ser compreendidas até que tenha dominado os rudimentos desta matéria, Sem 0 estudo da economia nao poderd estar completamente infor- ‘mado sobre o comércio internacional, sobre o impacto ‘econémico da Internet ou sobre o conflito entre infla- io € desemprego. Escolher a sta profissio sera a decisio econdmica ‘mais importante que ira tomar. O seu futuro depende ‘no s6 das suas capacidades mas também da forma como as forcas econémicas que estio fora do seu controlo afectam os seus salirios. A economia poder ajudi-lo também a investir 0 que poupou dos seus rendimentos. Claro que 0 estudo da economia nao fara de si um génio. ‘Mas sem a economia, os dados da vida estarao marcados Nao ha necessidade de insistir no assunto. Espera- ‘mos que venhaa descobrir que, além de til, aeconomia Gem si mesma um terreno fascinante, Geragdes de est antes, quase sempre com surpresa, tém descoberto ‘como a economia pode ser tao estimulante. Escassez e Eficiéncia: Os Temas Gémeos da Economia (© que éa ciéncia econdmica? Ao longo do viltimo meio século, o estudo da economia expandiuse de modo a incluir um vasto leque de temas. Quais sio as principais 3 4 definigdes destes assuntos em desenvolvimento?! As mais importantes slo as de que a economia + Explora o comportamento dos mercados financei- +s, incluindo taxas de juros e cotagoes de acces: ‘© Analisa as razdes porque algumas pessoas ou paises tém rendimentos elevados enquanto outros S40 pobres, e stugere formas para o aumento dos rendi: ‘mentos dos pobres sem prejudicar a economia; «© Estuda os ciclos econémicos — os altos e baixos do desemprego e da inflacio — assim como as politicas para os moderar: + Estuda o comércio e as finangas internacionais ¢ os impactos da globalizacio; © Observa o crescimento nos pafses em desenvolvi mento e propée medidas para melhorar 0 uso eft. iente de recursos; ‘© Questiona como as politicas governamentais podem ser usadas para atingir objectivos importantes tais ‘como um rapido crescimento econdmico, 0 uso efi ciente de recursos, 0 pleno emprego, a estabilidade dos precos © uma reparticao justa do rendimento. uma boast e, no entanto, poderia ser ainda mais Tonga. Mas em tod estas definiges podemos ident- ficar um tema comum: “Aeconomia é 0 estudo da forma como as sociedades ‘utilizam recursos escassos para produzir bens com valor como os distribuem entre pessoas diferentes. Na base desta definicao estio duas ideias-chave em economia: que os bens sio escassos e que a sociedade deve usar 0s seus recursos de forma eficiente. Efectiva- mente, a economia é uma matéria importante devido A existéncia da escassez e 20 descjo de eficiéncia. Pensemos num mundo sem escassez, Se pudessem ser produzidas quantidades infinitas de qualquer bern, ‘ot se os desejos humanos fossem completamente satis feitos, quais seriam as consequéncias? As pessoas nio se preocupariam em ampliar os seus rendimentos limita- dos porque teriam tudo 0 que quisessem. As empresas nao necessitariam de se preocupar com o custo do tra- batho ou com os cuidados de satide; 0s governos nao necessitariam de se preocupar com impostos, despesas "Esta lita contém virios termos espeetficos de economia. Para domninar o assunto vai necessiar de compreender 0 seu signi Ficado, Sendo ext familarizado com algurta palma ou frave deve ‘consultar 0 Glossrio no fim deste livro. O Glossirio contém a” maior parte dos principas termos técnicos econdmicos usados neste lio. Todos os tertos que parece a negrto slo definidos no Glossrio CAPITULO1 + OS FUNDAMENTOS DA ECONOMIA ‘ou poluigao porque ninguém se importaria, Além disso, ‘dado que cada um poderia ter tanto quanto lhe apete- cesse, ninguém se preocuparia com a repatticio do ren- ddimento entre os diferentes individuos ou classes. ‘Num tal paraiso de abunelancia, todos os bens seriam livres, tal como a areia do deserto ou a agua do mar na praia. Todos os precos seriam zero ¢ os mercados des- necessarios. De facto, a economia deixaria de ser um assunto com interesse. ~ ‘Mas nenhuma sociedade atingiu a utopia das possibi- lidades ilimitadas, O nosso mundo é um mundo de ‘escassez, repleto de bens econémicos. Numa situacio de fescassez, os bens sio limitados relativamente aos desejos. ‘Um observador objectiva terd de concordar que mesma apés dois séculos de ripido crescimento econémico, a producio nos EUA nfo € suficientemente grande para satisfazer os desejos de todos, Se o leitor somar todos os desejos, descobriré rapidamente que nao existem bens ce servigos suficientes para satisfazer mesmo uma pequena pparcela dos desejos de consumo de todos. A nossa pro- dlucdo nacional tera de aumentar muito antes que 0 americano médio possa viver ao nivel médio de um _jogador de basebol da primeira liga ou de um médico. E fora dos EUA, em especial na Africa ¢ na Asia, cen- tenas de milhdes de pessoas passam fome e privacio material. Dada existéncia de desejosilimitados, € importante {que uma economia faga o melhor uso dos seus recursos limitados. E isso leva‘nos 4 nogio fundamental de eft- ciéncia, Eficiénecia corresponde a utilizacio mais efectiva dos recursos de uma sociedade na satisfaga0-dos descjos ‘¢ das necessidades da populacio. Em contraste, con- sidere uma economia com monopilios sem controlo, ou com poluicao insalubre ou com corrupeao governamen- tal. Uma economia assim produzira menos do que seria possivel sem a existéncia desses factores, ou prodwira ‘um conjunto distorcido de bens, o que deixara os con- sumidores numa situacdo pior do que a que existiria se tal nio ocorresse — porque cada uma das situagdes € ‘uma afectacio ineficiente de recursos. SH [A cigncia econémica diz que uma economia esta a produzir eficientemente quando nao pode aumentar 0 benestar econémico de um individuo sem prejudicar ode um outro individuo qualquer. ‘A-esséncia da cigncia econ6mica é compreender a realidade da escasser ¢, de seguida, prescrever como deve a sociedade organizarse de um modo que corres: ponda ao uso mais eficiente dos recursos. F nisto que reside a contribuicio especifica da ciéncia econémica, OMG Ha ALOGICA DA ECONOMIA Microeconomia e Macroeconomia ‘Adam Smith € habitualmente considerado o fundador ddo campo da microeconomia, o amo da economia que actualmente trata do comportamento de entidades in viduais como os mereados, a8 empresas ¢ as familias. Na obra A Riguca das Nagies (1776), Smith analisou como cada preco era estabelecido, estudou a determinacio dos precos da tera, do trabalho e do capital cinvestigon os pontos fortes efracos do funcionamento do mercado. Mais importante ainda, ele identificou as propriedades notdveis de eficiéncia dos mercados e observou que © beneficio econdmico deriva das actividades egofsta dos Individuos. Actualmente todas estas matérias perma- necemn importantes e ainda que 0 estado da microeco roma tenha avanado muito desde a a época, A. Smith ainda continua asercitado tanto por politicos como por economists (© outro ramo importante da nossa matéria éa ma: roeconomia que tem a ver com 0 desempenho global da economia. A macroeconomia nem sequerexistia na sua formulacao moderna antes de 1986 quando John Maynard Keynes publicou a sua obra revolucionéria Teoria Geral do Emprogo, do Jura do Dinheiro. Nessa €poca, a Inglaterra e os EUA ainda se debatiam com a Grande! Depressio dos anos 50 ¢ mais de um quarto da poptr, lagdo activa norte-americana estava no desemprego., Nassua nova teoria, Keynes desenvolveu uma anise das | causas dos ciclos econdmicos com perfodos alternados } de desempregoe elevada inflacio, Actualmenteamacro- ‘economia examina uma grande variedade de assuntos tais como a determinagio do investimento € do con- sumo globais, como os bancos centras fazem a gestio dda moedae das taxas dejo, o que causa ascrses finan ceiras internacionais © porque razio alguns paises se ‘esenvolvem rapidamente enquanto outros estagnam. Embora a macroeconomia tenha progredido imenso desde a suas primeirasandlises, as questBes abordadas por Keynes ainda continuam a delimitar 0 estudo actual {a macrocconomia. (Os dois ramos —microeconomia ¢ macroeconomia —convergem para formar o cere da moderna ciéncia A Légica da Economia ‘A vida econémica é uma enorme e complexa colmeia de actividades, com as pessoas a comprar, a vender, ‘a negociar, a investir, ea persuadir. O objective final da ciéncia econdmica, € deste livo, € compreender essa ‘complexidade. Como procedem os economistas no seu oficio? © MeGrmet Os economists usam wma abordagem centifie para compreender a vida econémica. Iso envolve a obser- vacio dos acontecimentos econdmicos ea elaboracio de tstatstiease de registoshistéricos. Para fendmenos com plexos como os impactos dos defices orcamentais ou 25 ausas da inflacso, a investigacio histrica tem sido uma fonte importante de conhecimentos ‘Acconomia baseia-sefrequentemente em andlises€ teorias, As abordagens tedricas permitem aos econo- mists proceder a amplas generalizacdes, como a5 rela tivas is vantagens do comércio internacional e da espe- Gializago eas desvantagens dos impostos alfandegirios ¢ das quotas de importacio, ‘Alem disso, os economists desenvolveram uma téc- nica especializada conhecida por econometria que aplica as ferramentasestatisticas aos problemas econdmicos Com o uso da econometrn, 0 economists podem tatar grandes quantidades de dados para extrair relagdes simples (Os economistas principiantes devem também ser alertados para as fatcias comuns do raciocinio econ6- mnico, Dado que as relagées econsémicassio muitasvezes complexas, envolvendo muitas variaveis diferentes, facil ficarconfundido sobre a raz exacta que esti na frigem dos acontecimentos ou sobre o impacto das po Iitieas na economia, De seguida apresentam-se algumas das facias mais comuns encontradas no raciocinio eco a a + A falc do posthoc que tem a ver com a inferéncia da causalidae. A fldce do posthoc ocare quando, pelo acto de um aconteimento orrrer antes de outro aconte Cimento, aditimos que oprimeiroacontcimentoéa causa do sxgundo2, Um exemplo desta sindrome ocorreu durante a Grande Depressio dos anos 30 nos BUA Alguns economists tinham obscrvado que pesiodos dde expansio econémica cram precedidos ou acom- panhados do aumento dos precos. A partir disso con- {luiram que o remédio apropriado para a depressio tera o aumento dos precos e dos salaros, Esta ideia originou un grande niimero de leise egulamentos para impulsionar os saris eo: precos de um modo Inficente. Estas medias promoveram a recuperacio econémica? E praticamente certo que nio, Pelo con trio, elas provavelmente abrandarama recuperacio a qual ndo ocorreuaté que a despesa global camecou. Pot hoc uma abreviatura de posto, eg prope hoc. Traduzido, o latin a expressio completa significa -apés isto, portan recessariamente devido isto» a aumentar & medida que 0 governo aumentava as despesas militares na preparacio para a II Guerra Mundial Fatha em mantero resto constant Uma segunda arma- dilha é 0 esquecimento de manter o resto constante ‘quando se pensa numa questao. Por exemplo, pode- remos queter saber se o aumento das taxas dos im- postos faré aumentar ou diminuir as receitas fiscais, Alguns tém defendido o argumento sedutor de que podemos comer 0 nosso bolo orcamental ¢ conti niuar a dispor dele. Argumentam que o corte nas taxas dos impostos fard 20 mesmo tempo aumentar as receitas fiscais e reduzir o défice orgamental Apontam 0 corte nos impostos de Kennedy-Johnson cin 1964 que diminuiw drasticamente as taxas dos Impostos ¢ que foi seguido de um acréscimo das receitas fiseaisem 1965. Portanto, argumentam eles, reduzir as taxas dos impostos leva 20 aumento das receitas. © que esté errado neste raciocinio? Este argue mento esquece o facto de que a economia cresceu «em 1964 e 1965. Dado que os rendimentos das pes- soas anmentaram nesse period, asreceitas do Estado também aumentaram ainda que as taxas dos impostos tenham diminufdo. Estudos detalhados indicam que 2s receitas teriam sido ainda maiores em 1965 se as taxas dos impostos nao tivessem diminuido em 1964, Deste iodo, aquela andlise falhou 20 nao manter 0 resto constante (designadamente 0 rendimento total). Lembrese de manter 0 rst constante quando estiver 4 analisar o impacto de wna varidvel sobre o sistema eco A ficia da agregagao. Por vezes admitimos que 0 que é-verdade para uma parte de um sistema também & verdacdle para o conjunto. Em economia, contudo, ‘erficamos com frequéncia que o todo € diferente dasoma das partes. Quando admitir que o que verdade para wma parte étaibém verdade para o todo, etéa cir na facia da agregacda Seguemse algumas declaracies verdadeiras que 6 poder surpreender se ignorase a fakicia da agre- ga¢io: (1) Se um agricultortiver uma colheita invul- gar o seu rendimento aumentarse todos os agricul tores tiverem uma colheita recorde o rendimento agricola diminuira, (2) Se um tinico individuo rece- ber uma grande quantidade de dinheiro, esa pessoa ficard muito melhor; se todos receberem uma grande quantidade de dinheiro, a sociedade provavelmente ficard pior. (3) Se for fixado um elevado imposto alfandegério sobre o produto de um dado sector, 60s produtores deste sector irio certamente lucrar; se forem fixados elevados impostosalfandegériosem todas as incistrias, a maior parte dos produtores € dos consumidores ficaré prejudicada CAPITULO 1 * OS FUNDAMENTOS DA ECONOMIA Estes exemplos nao tém qualquer truque ou mé- gica. Sao antes os resultados de sistemas de indivi- duos que interagem. Frequentemente 0 comporta- mento do agregado apresentase mnuito diferente do_/ \gregado apt de, comportamento individual, Menciondémos estas falicias apenas de uma forma breve nesta introducio. Mais adiante, a medida que apresentarmos os instrumentos da economia, daremos ‘exemplos de como o esquecimento da légica em eco- nomia pode conduzir a erros por vezes graves. Quando, ‘chegar a0 fim deste livro, podera olhar para trés ¢ ver porque razio cada um destes exemplos paradoxais é verdadero, Cabecas Frias ao Ser’ de Coragdes Ardentes ‘Ao longo do iitimo século, a economia transformouse de planta frégil numa 4rvore frondosa, Nos seus ramos ‘em expansio, encontramosexplicagdes para os benelicios do comércio internacional, conselhos para areducio do, desemprego e da inflagio, férmulas para investimento de fundos de pensies e mesmo propostas para a venda de direitos de poluicao. Por todo 0 mundo, os econo mistas promovem a recolha de dadios e 0 aperfeicoa- ‘mento do nosso conhecimento sobre as tendéncias eco- O lecitor poder com razio perguntar: qual a fina: lidade deste exército de economistas que medem, ana lisam e calculam? O ajectivo limo da ciéniaecondmica é ‘melhora as condicbs de vida da sociedade no seu di-dia ‘Aumentar o produto interno bruto nao € um niero jogo de nsimeros, Rendimentos mais elevados significam uma boa alimentacio, habitacdes confortaveisesgua quente. Significam gua potivel e vacinas contra as pragas que sempre afectaram a humanidade ‘Rendimentos mais elevados permitem mais do que alimento e alojamento. Os paises com renclimentos ele yados tém recursos para construir escolas, de modo a {que os jovens possam aprender a ler € a desenvolver 4 competéncia necessiria para operar com tecnologias Le computadores modernos. Amedida que orendimento aumenta, os paises podem desenvolver investigacées, Cientificas para determinar as téenicas agricolas ade- {quadas a0 clima e solos respectivos ou para desenvolver vacinas contra doengas locas. Com os recursos gerados pelo crescimento econémico, as pessoas tem tempo livre para actividades culturaisea sociedade dispoe de tempo de lazer para ler € ouvir miisica. Embora no exista um padrio inico de desenvolvimento econémico € as cul- turassejam diferentes volta do mundo, alibertacao da fome, da doenga eda submissio aos elementos da natu- reza é uma aspiracio humana universal OMe dit ay (CABEGAS FRIAS AO SERVICO DE CORACOES ARDENTES Mas séculos de hist6ria da humanidade também rmostram que 0s coracdes ardentes por sis6 no matam aafome oucuram a doenca. Um mercado livre e eficiente rio gera neceSariamente wma distribuigao de reni Tito que seja socialmente aceitével. A escolha do me- Thor caminho parao progresso econémico ou para uma distribuicio equitativa do produto de uma sociedade cexige cabecas frias que objectivamente ponderem os ceustos € 08 beneficios das diferentes abordagens, que tentem, tanto quanto € humanamente possivel, manter aanilise livre da macula do espirito ardente, Por vezes, 6 progresso econdmico exige deitar abaixo uma ftbriea obsoleta. Por vezes, como quando os paises ex-socialistas adoptaram os prinipios do mereado, a8 coisas pioram em vez de melhorarem. As escolhas sio especialmente dificeis no campo dos cuidados de saiide, em que os recursos limitados envolvem literalmente a vida ea morte. Ja deve ter ouvido a expressio: «De cada um de acordo com a sua capacidade; a cada um de acordo com asia necessidade». Os governos tém aprendido que ‘ienhhima sociedade pode funcionar por muito tempo na base deste principio ut6pico, Para manter uma eco- nomi saudivel, os governos tém que preservar os incen- tivos para que as pessoas trabalhem e poupem. As soci dades podem apoiar durante algum tempo quem fica desempregado, mas se o subsidio de desemprego é atri- buidoa muitos € durante muito tempo, as pessoas passam a depender do Estado e deixam de procurar emprego. Se comecam a acreditar que o governo Ihes deve a Sua subsisténcia, isto pode enfraquecer o fio agucado do espitito empreendedor. Embora os programas gover- | namentais derivem de bons designios, isso nao significa que nio devam ser aplicados de forma cuidadiosa¢ eft ciente : A sociedade tem que encontrar o justo equilibrio entre. disciplina do mercado ea generosidade dos pro- sgramas sociais dos governos. Ao usar cabecas frias para informar os nossos coracdes ardentes, a ciéncia econd- mica pode desempenhar o seu papel para se atingir uma sociedade préspera ¢ justa. B.OSTRES PROBLEMAS DA ORGANIZACAO ECONOMICA Qualquer sociedade humana —seja um pafs industrial avangado, uma economia de planeamento central ou uma sociedade tribal isolada — tem que defrontar resolver trés problemas econémicos fundamentais. OMe il 7 Qualquer sociedade tem de possuir um modo de deter. tminar quaisos bens produvir, comosao produzidos esses bens e para quem sio produzidos. De facto, estas trés questdes da organizacio econé- mica —o qué, como e para quem — sho tio cruciais actual- mente quanto 0 foram no inicio da civlizagio humana, Analisemo-las mais de perto: * Quaisos bens a produzir e em que quantidades? Uma sociedade tem de determinar quanto deve produzir de cada um dos intimeros bens e servicas possiveis e quando deverio ser produzidos. Hoje deveremos produzir pizzas ou camisas? Poucas camisas de alta qualidade ou muitas camisas baratas? Iremos utilizar (0s recursos escassos para produzir muitos bens de consumo (como pizzas)? Ou iremos produzir menos bens de consumo e mais bens de investimento (camo fornos para pizzas) que permitirio ampliar a produ- 40 e 0 consumo no futuro? ‘+ Como sio os bens produzidos? Qualquer sociedade tem de determinar quem irs produzir, com que recur sose de que forma tecnolégica. Quem cultivaa terra e quem ensina? A electricidade sera obtida a partir do petréleo, do carvao ou da energia solar? As fi- bricas serao dirigidas por pessoas ou por robots? * Para quem sio os bens produzidos? Quem usufruira do fruto da actividade econémica? Ea distribuicao do rendimento ¢ da riqueza justa ¢ equitativa? Como € repartido 0 produto nacional entre as diferentes familias? Existem muitos pobres ¢ poucos ricos? Devem os rendimentos elevados pertencer aos pro- fessores, aos atletas, 20s trabalhadores por conta pré- pria ou 20s investidores em accdes? Deve a sociedade proporcionar aos pobres um minimo de consumo, ‘ous pessoas se quiserem comer devem trabalhar? Economia Positiva vs. Economia Normativa ‘Ao raciocinar sobre questées econé- micas devemos distingur as questes de facto das questées de juizo de valor. A economla, positiva descreve os factos de uma economia lenquanto que a economia normativa envolvejulzos de valor. ‘A-economia positiva trata de quest6es do seguinee tipo: Porque razo os médicos ganham mals do que os porteiros? © comércio livre faz aumentar ‘ou diminuir 0s salérios da maior parte dos norte- -americanos? Qual 60 impacto dos computadores na produtvidade? Embora sejam difceis de responder, todas estas questées podem ser resolvdas com bess recurso A andlise ea dados empiricos. Isto coloca-as no &mbito da economia posiciva. ‘A economia normativa envolve praceitos ‘éticos e normas de equidade. Deve ser exigido aos pobres que trabalhem para que possam receber ajuda do extado? Deve o desemprego aumentar para assegurar que a inflagio no acelere? Devem os EUA dividir a Microsoft porque violou as les ont-nust” Nio existem respostas cereas ou erradas para estas questées porque, em vez de factos, envolvern principios éticos e valores. Apenas podem ser resolvidas com debate ¢ decisées polticas, nfo tunicamente pela andlise econémica Economias de Mercado, Dirigidas e Mistas Quaissioas diferentes formas de uma sciedade respon- deras questbes de o qué, como, para quem? As diferentes Sociedades esto organizadas em sistemas condmica alter natias ea economia esta os virios mecanismos que ‘uma sociedade pode usar para aplicar os seus recursos Em geal, distinguimos duas formas fandamentais de organizar uma economia, Num extremo, 0 governo toma a maioria das decsdes econémicas, aqueles que testio no topo da hierarquia dio directivas econsmicas 405 que estio na escala inferior; no outro extremo, as ecisbes so tomadas nos mereados, onde os indviduos fas empresas ajustam voluntariamenteatroca de bens feservicos, normalmente através de pagamentos em di- nheiro. Examinemos brevemente cada uma destas das formas de organizacio ‘Nos EVA e de forma crescente na maior parte do rthundo, a maioria das questbes econdmicas sto resol ‘das pelo mecanismo de mercado. Por iso, ete sistema tcondmico édesignado de economia de mercado. Una tconomia de mereado € aquela em que 0s individuos ¢ as empresas privadas tomam as decies mais impor tantes sobre a producio e o consumo, Um sistema de precos, de mereados, de lucroseprejuizos, deincentivos € prémios determina o qui, como, e fara quem. As em- ~presas produzem as mercadorias que geram os maiores Tucros (oqud), com ténicas ce producao que sio as me- nos dispendiosas (0 como). O consumo é determinado pelas decisdesindivduais sobre como aplicar os sarios £05 lucros gerados pelo trabalho e pela posse de patri- rménio (o para que). O caso extremo de economia de mercado, em que o governo se exime a tomar decies econdmicas, é designado por economia de laissexfaire, CAPITULO 1 » OS FUNDAMENTOS DA ECONOMIA Pelo contrério, uma economia dirigida é aquela em ‘que governo toma todas as decisdes importantes acerca dda producio e da distribuigio. Numa economia ditigida, tal como funcionou na Unido Soviética durante a maior parte do século Xx, 0 Estado possui a maior parte dos meios de producio (terra e capital); também possui ¢ ditige a actividade das empresas na maior parte dos ramos de actividade; é 0 empregador da maioria dos trabalha- dores e quem comanda a sua actividade; e decide como ‘a producio da sociedade deve ser dividida pelos diversos bens e servicos. Em resumo, numa economia dirigida o ,governo di a resposta as principais questes econémicas através da posse dos recursos ¢ do seu poder de impor as decisses, ‘Nenhuma sociedade contemporanea se enquadra completamente numa destas categorias extremas. Em ‘vez disso, codas as sociedlades sio economia mistas, com clementas de mercado ¢ de direcgio central. Nunca houve uma economia de mercado a 100% (embora a | Inglaterra do século XIX se aproximasse dessa situacao). Actualmente a majoria das decisbes ocorre nos mer- cados. Mas o Estado desempenha um papel importante nna supervisio do funcionamento do mercado; 0 governo publica leis que regulam a actividade econémica, pro- move 0 funcionamento de servicos de educagao, de policiamento e de controlo da poluigio. Actualmente ‘a maior parte das sociedades funciona numa economia mista. sore C.POSSIBILIDADES TECNOLOGICAS DA SOCIEDADE Cada espingarda que é fabricada, cada barco de guerra que é lancado ‘ao mar, cada missil que € disparado significa, em tiltima insténcia, ‘um roubo a quem tem fome ‘endo tem o que comer. Presidente Dwight D. Eisenhower Qualquer economia tem um massa de recursos limitados = trabalho, conhecimento tecnol6gico, falbricas e fer- ramentas, terra, energia. Ao decidir 0 quée como devern as coisas ser produzidas, a economia est na realidade ‘decidir a forma de aplicar os seus recursos em milhares © MC A FRONTEIRA DAS POSSIBILIDADES DE PRODUGAO de diferentes bens e servigos possiveis. Que parcela de terra sera semeada de trigo? Ou utilizada para constru- cio de habitagdes? Quantasfabricas produzirao compu- tadores? E quantas produzirao pizzas? Quantas eriancas aprenderio a ser desportistas profissionais, ou a serem economistas profissionais ou a programarem compu- adores? Confrontada com o facto indesmentivel dos bens serem escassos relativamente ao desejado, uma econo- mia tem de decidir como funcionar com recursos limi- tados, Tem de escolher entre diferentes conjuntos de potenciais bens (0 qué), seleccionar de entre as diferentes técnicas de produgio (0 como) ¢ decidir no final quem deve consumir os bens (0 para quem). Factores de Producio e Produgdes Para respondera estas trés questdes, qualquer sociedade tem de efectuar escolhas acerca dos factores de pro- ducio e das produgdes. Os factores de producio (inputs) so bens ou servigos utilizados para produzir bens servigos. Uma economia usa a tecnologia disponivel na ‘combinacio dos factores de producao para gerar as producées, As produgdes (outputs) sao 0s varios bens ou servigos titeis que resultam do processo de produgao que ou sio consumidos ou utilizados numa produgio posterior. Considere a «producio» de uma pizza. Dize- -mos que 08 ovos, a farinha, 0 sal, 0 calor, 0 forno € 0 trabalho qualificado do cozinheiro so os factores de producio (ou inputs). A pizza apetitosa é a producai (ou outputs). Na educacio, 0s factores produtivos s40 0 tempo de leccionacio, os laborat6rios ¢ as salas de aula, | os livros, etc., enquanto que as producoes sao cidadaios, informados, produtivos e bem pagos. - 3s factores de producio podem ser classificados em {és grandes categorias: terra, trabalho e capital * A tera — ou mais genericamente os recursos natu- ais — representa adadiva da natureza para os Ross0s ~processos produtivos, Consiste na terra utilizada na agricultura ou para a implantagao de habitacdes, fFabricas ¢ estradas; nos recursos energéticos para ‘combustivel dos nossos automéveis e para aquecer as nossas habitagdes; e nos recursos nao energéticos tais como minérios de cobre e de ferro ou areia, Actualmente, num mundo congestionado, temos de alargar o Ambito dos recursos naturais para incluir ‘98 nossas recursos ambientais tais como o ar limpo ea agua potivel. + 0 trabathoconsiste no tempo despendido pelos indi- viduos.na producao — a trabalhar nas fabricas de ‘auroméveis, a lavrar a terra, a ensinar nas escolas © Meret ‘ou a cozinhar pizzas. Milhares de servigos ¢ tarefas, 1 todos os niveis de competéncia, sio desempenhados pelo trabalho. E ao mesmo tempo o factor de pro- dugio mais comum € 0 mais crucial para uma eco- nomia industrial avancada, © © capital é formado pelos bens duriveis de uma cco- nomia, produzidos com vista a produzirem outros bens. Os bens dé capital ineluem maquinas, estradas, computadores, martelos, camides, altosfornos, auto- méveis, maquinas de lavar e edificios. Como veremos mais arde, aacumulagao de bens de capital especia- lizados é essencial para 0 objectivo do desenvolvi mento econdmico. Voltando a apresentar os trés problemas econémicos ‘em termos de factores de producio ¢ de produgoes, ‘uma sociedade tem de decidir: (1) quais as producoes ‘cem que quantidade; (2) como produzilas, isto é, com que téenicas devem os factores de produgio ser com- bbinados para gerar as desejadas producdes; € (8) para ‘quem devem as produces ser criadas e distribuidas. A Fronteira das Possibilidades _, de Produgao t Os paises no podem ter quantidades limitadas de todos cos bens. Estiolimitados pelos recursos e pela tecnologia {que possuem, A necessidade de escolha entre oportuni- dadeslimitadas tornase ainda mais importante em tempo de guerra No debate sobre se os EUA deviam avancar para.a guerra no Traque, as pestoas queriam saber quanto ivia custar a guerra. O esforco de guerra iria retirar 50 mil mithdes de délares, ou 100 mil milhdes, ou mesmo mais, para ocupar e reconstrur 0 Traque? E, A medida {que 08 niimeros aumentam, as pessoas naturalmente perguntam: porque estamos nés a policiar Bagdade em yez de Nova Torque, e a reparar o sistema eléetrico no Médio Oriente em vez de no Midwest dos EUA? Como a citacio anterior do Presidente Eisenhower indica, ‘quanto mais produgio é aplicada a actividades militares ‘menos € 0 que fica disponivel para consumo e invest mento civ Dramatizemos esta escolha considerando uma eco- ‘nomia que produz apenas dois bens econémicos, espin- gardas e manteiga. As espingardas representam, claro, 2 despesa militar ¢ a manteiga corresponde A despesa vil. Suponha que a nossa economia aplica toda a sua energia a produzir o bem civil, a manteiga. Ha uma ‘quantidade maxima de manteiga que pode ser produzida por ano. A quantidade méxima de manteiga depende a quantidade e da qualidade dos recursos da economia da eficiéncia produtiva com que os mesmas sao utili- 10 Poseibilidades de producdo alternatives Manteiga Espingardas Possibilidades (milhdes de qullos) _(milhares) amooo> QUADRO 1-1. Recursos escasos limita obrigum balan ear a producio de mantigs ede espingardas Como os recursos tecnologia so limitados obrigam a que aprodugao de espingardase manteiga sea imitada, Ame dda que nos deslocamos de A para B..atéF, estamos a transerir trabalho, miquinas e terra da indstria de arma- mento paraaindvstria da manteiga ¢ com iss0 podemos sumentar a producio de manteiga eres e"L jz gL :, | & D ra A Pe i 7 - c f, oS Manteiga (miles de quilos) FIGURA 1-1. As possbilidades de producio em grafico Esta figura apresenta as combinacdes alternativas do par de produces a partir do Quadro 1-h RN zados, Suponha que a quantidade maxima de manteiga, que pode ser produzida com a tecnologia e os recursos existentes € de 5 milhées de toneladas. No outro extremo, imagine que todos os recursos sio 40 invés aplicados na producio de espingardas. De novo, devido as limitagdes dos recursos, a economia pode pro- uzir somente uma quantidade limitada de espingardas, Para este exemplo, admita que a economia pode pro- duzir 15 milhares de espingardas de um certo tipo caso nado seja produzida qualquer manteiga, CAPITULO 1 * OS FUNDAMENTOS DA ECONOMIA Estas sio as duas possibilidades extremas. Entre clas cexistemn muitas outras. Se estivermos dispostos a pres- cindir de alguma manteiga, poderemos ter mais algumas espingardas. Se estivermos dispostos a prescindir ainda mais de manteiga, poderemos ter ainda mais espin- gardas, ‘© Quadro 1-1 apresenta uma fungao das possibi- lidades. A combinacio F indica 0 extremo em que é produzido o miximo de manteiga ¢ nenhumas espin- gardas, enquanto a combinacio A representa 0 extremo ‘opasto em que todos os recursos vo para espingardas, No meio —em B, D, Ce B—quantidades crescentes de ‘manteiga sao sacrificadas em troca de mais espingardas ‘Como pode um pats transformar manteiga em espn gardas? A manteiga é transformada em espingardas nao fisicamente mas pela alquimia do desvio dos recursos ‘econémicos de uma utilizacéo para outra. Podemos representar as possibilidades de producto «da nossa economia de forma mais expressiva no grafico representado na Figura L-l, Este grafico representa a manteiga ao longo do eixo horizontal ¢ as espingardas sxe ARERR ‘A fronteira das possiblidades de producto 2 Espingardas (rihares) o + 2 8 4 8 Manteiga(mioes de quilos) FIGURA 1-2, Uma curva regular une 0s pontos marcados das possibilidades numéricas de producio Esta fronteira mostra a curva ao longo da qual a sociedad pode substituir espingardas por manteiga. Pressupoe um dado patamar de tecnologia e uma dada quantidade de factores de producio. Os pontos exteriores&fronteira (tals como o ponto 1) sio impraticaveis ow inatingiveis. Qual ‘quer ponto do interiar da curva, como o U, indica que a economia no atingiu a eficiéncia produtiva, que ocorre ‘quando o desemprego é elevado durante a fase depressiva dos ciclos econdmicos. Neca A FRONTEIRA DAS POSSIBILIDADES DE PRODUCAO, no eixo vertical. (Se o leitor est inseguro quanto aos diferentes tipos de grificos ¢ como passar de um quadro para um grifico, consulte o apéndice a este capitulo.) Marcémos 0 ponto F, contando para a direita no cixo horizontal 5 unidades de manteiga ¢ subindo, no eixo vertical, 0 unidades de espingardas; de forma similar, ‘obtém-e Eavancando para a direita 4 unidades de man- teiga e subindo 5 unidades de espingardas;e finalmente, ‘Aobtém-se avancando para. direita 0 unidades de mai teiga e para cima 15 unidades de espingardas. ‘Completando todas as posicdes intermédias com outros pontos representativos de todas as diferentes combinacées de espingardas ¢ manteiga, teriamos a curva continua indicada como a ronteira das possibilidades de producdo, ou FPP, na Figura 1-2. > |) Afronteira das possibilidades de produgao (ou FPP) representa as quantidades méximas de producao que podem ser obtidas por uma economia, dados o seu conhecimento tecnol6gico e a quantidade de factores de producio disponiveis, A FPP representa o menu de escolhas disponivel para a sociedade. W A FPP em Acsao A FPP da Figura 1-2 foi elaborada para espingardas & ‘manteiga, mas este conceito apliea-se a uma larga varie- dade de situagdes. Assim, quanto mais recursos o governo usar para produzir bens publicos, como auto-estradas, _menos restaro para produzir bens privados, como habi- tages; quanto mais consumirmos em alimentacio, me- nos poderemos consumir em vestudrio; quanto mais a sociedade decidir consumir no presente menor poder serasna produgio de bens de capital de modo a ter mais bens de consumo no Futuro. (Os gréficos das Figuras 1-8 a 1-5 ilustram algumas aplicagoes importantes da FPP. A Figura 1-3 mostra 0 efeita do erescimento econémico nas possibilidades de producio de um pais. Um crescimento dos factores de roducao, ou 0 progresso do conhecimento tecnoldgico, permite a um pais produzir mais de todos os bens e servicos, deslocando a FPP para fora, A figura também ilustra como os paises pobres tém de aplicar a maior parte dos seus recursos na producio de alimentos en- ‘quanto que os paises ricos podem usufruir de mais bens de luxo A medida que o potencial produtivo aumenta. (a) Pais pobre ) ba \_, ‘Bens de primeira necessidade (alimentos, ...) Bens de luxo (cartos, aparelhagens de som {b) Pats com rendimento elevado Bens de luxo (caeras, apareihagens de som ‘Bans de primelra necessidade (alimentos, ...) FIGURA 1-3. 0 crescimento econdmico desloca a FPP para fora (a) Um pais pobre antes do desenvolvimento. Tem de aplicar a maior parte dos seus recursos na alimen- tagio e possui poucas infraestruturas, (b) O crescimento dos factores de producio e 0 progresso tecno- 6gico fazem deslocar para fora a FPP. Com o crescimento econémico, o pais move-se de A para B, expandindo pouco o consumo alimentar comparado com o crescimento do consumo de bens de luxo, © pais pode aumentar o seu consumo de ambos os bens se o desejar OMGrawt 12 CAPITULO 1 * OS FUNDAMENTOS DA ECONOMIA (2) Sociedade pobre de ploneiros (& Sociedade urbana moderna Pu pu i i 3 4 3 3 § i 2 2 XN é rn a \ N Pr Pr Bar pad (olmeroe ens vedo lenin.) FIGURA 1-4. As economias tém de escolher entre bens piblicos ¢ bens privados (a) Uma comunidad rural isolada vive ao nivel de subsisténcia poupando pouco para bens piblicos, como auto-estradas ou sate piblica. (b) Uma economia urbana moderna é mais abastada e decide despender ‘uma maior parcela do seu maior rendimento em bens piblicos ou servicos do estado (estradas, proteccao do ambiente, educacio). ene cS ESSE SESS Investimento em capital (@) Escolhas do presente (b) Consequéncias futuras Investimento em capital Ay Ae po Naw ag ‘Consume presente L i ‘Consumo futuro FIGURA 1-5. 0 investimento para consumo Futuro exige 0 sarificio do consumo presente ‘Um pais pode produzir tanto bens de consumo (pizzas e especticulos) como bens de investimento (fornos para pizzas e salas de especticulos). (a) Trés paises partem empatados. Tém a mesma FPP, indicada no ‘grfico da esquerda mas com diferentes taxas de investimento. O Pais I nao investe para o futuro (apenas Substituindo méquinas) e permanece em Ay, O Pais 2 reduz moderadamente © consumo ¢ investe em Ap ‘0 Pafs 8 sacrifica muito o consumo actual e investe fortemente. (b) Nos anos seguintes, 0s paises que investem mais fortemente tomam a dianteira, Assim, o Pais 8 que foi poupador deslocou muito para fora sua FPP enquanto a FPP do Pais 1 permaneceu estitica. Os paises que investem mais tém no futuro investimento e consumo maiores. OMG ie 'A FRONTEIRA DAS POSSIBILIDADES DE PRODUGAO A Figura 1-4 ilustra a escolha entre bens privados, (comprados com um prego) € bens paiblicos (pagos através de impostos). Os pafses pobres podem suportar poucos bens priblicos,tais como saiide puiblica censino Superior. Mas com 0 crescimento econdmico, os bens puiblicos bem como a qualidade do ambiente passam a fcupar uma parcela crescente da produgio. ‘A Figura I-5 mostra aescolha de uma economia entre (a)bens de consumo corrente e (b) bens de investimento ou de capital (méquinas, fabricas, etc.). Sacrificando consumo corrente ¢ produzindo mais bens de capital, ‘economia de uim pais pode crescer mais rapidamente, tornando possfvel um maior consumo de ambosos bens (de consumo e de capital) no futuro. © Balancear (tradeoff) do Tempo A fronteira das possibilidades de producio pode igualmente ilustrar balenceamentos (tadeoff) fora do mercado fe que encontramos no dia a da. Uma das decises ‘mais importantes que as pessoas tomam & como sar 0 seu tempo, As pessoas tém um tempo disponivel limitado para desenvolver diferentes actividades, Por exemplo, sendo estudante pode ter 10 horas para estudar para os préximos testes de ‘economia ¢ hseéria. Se estudar unicamente histéria ‘obteré nesta disiplia uma boa clssificagio mas, obterd uma ruim em economia, vice-versa Considerando as clasificagdes dos dois testes como a eprodusio» do seu estudo, represente sraficamente a FPP das classifiacées, dados os seus recursos mitados de tempo. Em aleernatva, se as duas produgBes do estudante sio «notas» « adivertimentop, como desenharia esta FPP? Onde se colocaria nesta fronteira! E onde se situariam (0s seus amigos preguicosos? Custos de Oportunidade Avida estd repleta de escolhas. Dado que 0s recursos so fescassos, temos que pensar constantemente o que fazer ‘com o tempo € 0 rendimento limitados que possuimos. ‘Quando decide se vai estudar economia, comprar um auitomével ou ir para a universidade, em qualquer dos casos deve ponderar qual o custo da decisio em termos de oportunidades perdidas. O custo da alternativa per- dida € 0 custo de oportunidade da decisio. (© conceit de custo de oportunidade pode ser ilus- ‘ado uilizando a FPP. Observe a fronteira na Figura 1-2, ‘que mostra o balanceamento entre produzir espingardas © Microw it 13 ‘ou manteiga. Suponha que o pafs decide aumentar as suas compras de espingardas de 9000, em D, para 12 000, em C. Qual & 0 custo de oportunidade desta decisio? Pode calculé-lo em termos monetirios. Mas em econo- tia precisamos sempre de «levantar 0 véu» do dinheiro para analisar os impactos reais das decis6es alternativas. Na sua esséncia, o custo de oportunidade de passar de D para Cé a manteiga de que se prescinde para produzir espingardas adicionais. Neste exemplo, o custo de opor- tunidade de 3000 espingardas adicionais é de | milhao de quilos de manteiga perdida ‘Ou considere o exemplo da vida real do custo de abertura duma mina de ouro perto do Parque Natural de Yellowstone. O promotor argumenta que a mina tera apenas um custo diminuto dado que as receitas de Yellowstone dificilmente serio afectadas. Mas um eco nomista responderia que as receitas monetarias sio uma medida muito restrita do custo. Deveremos questionar se as qualidades preciosas e tinicas do Parque Natural de Yellowstone serio prejudicadas com o funcionamento dda mina, com os inerentes ruido, poluigao da égua e do ar ea degradacio do aspecto aprazivel do lugar para os visitantes. Embora 0 custo monetario fosse pequeno, co custo de oportunidade da perda da vida selvagem seria de facto muito grande. Num mundo de escassez, a escolha de uma coisa significa prescindir de qualquer outra coisa, O custo de ‘oportunidade de uma decisio € o valor do bem ou do \~ servigo de que se prescinde, Eficiéncia Em todas as nossas explicacdes até agora, admitimos implicitamente que a economia esta a produzir eficien- temente, isto é, esta sobre a fronteira de possibilidades de producao, e nao no seu interior. Recorde que a efi- ciéncia significa que os recursos da economia estioa ser usados da forma mais efectiva possivel para satisfazer as necessidades e os desejos das pessoas. Um aspecto im- portante de toda a eficiéncia econémica é a eficiéncia produtiva. ‘A eficiéncia produtiva verificase quando uma eco- ‘nomia nao pode produzir mais de um bem sem que pro- ‘duza menos de um outro bem: isto significa que a eco- nnomia esta sobre a respectiva fronteira de possibilidades de producao. ‘Vejamos porque razio a eficiéncia produtiva exige {que se esteja sobre a FPP Partamos da situacio indicada pelo ponto D na Figura 1-2. Suponha que 0 mercado exige mais um milhio de quilos de manteiga. Se ignorés- semos a restricéo representada pela FPP, poderiamos 14 pensar que era possivel produzir mais manteiga sem reduzir a producio de espingardas, movendo-nos, por exemplo, para o ponto I, para a direita do ponto D. Mas o ponto Festa para além da fronteira, na regio «impra- ticével». A partir de D, nao podemos ter mais manteiga sem prescindir de algumas espingardas. Daf 0 ponto D ser eficiente enquanto que o ponto J é impraticavel Um pont adicional acerea da eficiéncia produtiva pode ser ilustrado com 0 uso da FPP: estar sobre a FPP significa que produzir mais de um bem exige inevi tayelmente o sacrificio de outros bens. Quando pro- duzimos mais espingardas, estamos a substituir manteiga| por espingardas. A substituigdo éa lei da vida numa eco- nomia de pleno emprego, representando a fronteira das possiilidades de producao 0 menu de escolhas da socie- dade, Recursos Desaproveitados ¢ Ineficiéncia. Meso os observadores menos atentos da vida moderna sabem que a Sociedade tem recursos nao aproveitados sob a forma de trabalhadores desocupados, flbricas paradas ce terras abandonadas. Quando hé recursos nao wiiliza- dos, a economia nao esta seguramente na sua fronteira de possibilidades de producao mas algures no seu interior CAPITULO 1 + 05 FUNDAMENTOS DA ECONOMIA ‘mantelarem os seus sistemas de planeamento socialista ce adoptarem os mercados livres. Devido as rupturas nas organizacies e nos padres de producio, a producao caiu e o desemprego cresceu com a reacgao das em- presas A mudanga dos mercados € as novas regras do capitalismo. Em nenhum period pacifico da historia se observou um declinio tao persistente da producao como © dos «ciclos econémicos reais das economias post- -socialismo. Contudo, embora esta transicdo fosse dolorosa para ‘o mercado, para a maior parte das economias postsocia lismo a regressio foi apenas temporaria. As economias ‘que iniciaram mais cedo as suas reformas ej realizaram as mais profundas, como a Polénia c a Fslovénia, inver teram a marcha mais cedo ¢ jé ultrapassaram os seus niveis de produgio de pré-transicao. As suas FPP estio de novo a deslocarse para fora. As economias reformistas relutantes, como a Ucrénia, e paises a sair da guerra, | como Sérvia, vem visto um declinio continuado do seu produto real ¢ do nivel de vida. Ao concluirmos este capitulo introdut6rio, retome- | mos brevemente 0 nosso tema inicial: Porqué estudar | economia? Talver a melhor resposta a questio sefa uma | resposta famosa dada por Keynes no final de A Teoria Geral Na Figura 1-2, o ponto U'representa um ponto no inte—’ do Empreg, do Juro e do Dinu rior da FPP, em U, a sociedade produz somente 2 uni- dades de manteiga e 6 unidades de espingardas. Alguns recursos estio desaproveitados e se 0s aplicarmos pode- vemos obter uma maior producio de todos os bens. A-economia pode deslocarse de Upara D, produzindo mais manteiga e mais espingardas ¢ assim melhorar a eficiéncia da economia. Podemos ter as nossas espin- ‘gardas e comer mais manteiga também, Durante 0s ciclos econémicos ocorre uma fonte de ineficiéncia. De 1929 a 1933, durante a Grande Depressio, 0 produto total nos BUA reduziuse quase 25%. Isto ocorreu nio porque a FPP tivesse regredido ‘mas porque varios abalos reduziram a despesa e empur- raram a economia para o interior da FPP. Posteriormente, © rearmamento para a II Guerra Mundial expandit a procura e © produto cresceu rapidamente a0 mesmo tempo que a economia regressava FPP. Situacdes simi- lares ocorrem durante as recessbes dos ciclos econd- micos. Quando o produto (otal na economia dos EUA regrediu em 1982 ou em 1991 —ou quando economia Japonesa estagnou na década de 1990 —a produtividade dessa economia nao regrediu subitamente nesses anos Foram friccdes €a reducao da despesa global que empur- raram temporariamente a economia para o interior da FPP nesses periodos, As depressdes do cielo econémico nio sio as tinicas razdes para que uma economia posta estar no interior dda FPP. Um dos mais expressivos declinios na producao ocorreu no inicio da década de 1990 apés os paises des- As ideias das economistas ¢ dos filésofos politicos, tanto quando estio certos como quando estio errados, sio mais poderosas do {que vulgarmente se julga. De facto, 0 mundo governaclo por poco mais. Os homens priticos, {que pensam que estio completamente livres de ‘quaisquer influéncias intelectuais, sfo geralmente ‘8 escravas de algum economista morte. Loucos por autoridade, ouvindo vozes no ar, destilam ‘a sua loucura a partir de algum escritor académico de hi poucos anos atris, Estou certo que o poder dos interesses ocultos é demasiadamente cexagerado quando comparado com a gradual vitdria das ideias. Nao imediatamente, de certo, ‘mas apds tum certo intervalo, Porque no terreno da economia ¢ da filosofia politica poucos sio influenciados por novas teorias apés terem atingido os vite cinco a trinta anos, de modo aque nio é provavel que as ideias que os funcionérios piiblicos, ou os politicos, ou até ‘mesmo 0s agitadores aplicam em relacio aos acontecimentos actuais sejam as mais recentes. Mas, mais cedo ou mais tarde, para o bem om para ma ergot so 8 ideas, nfo (05 interesses ocultos.» [Em tiltima instncia, a razdo porque estudamos eco- ‘nomia é para compreender como as ideias poderosas da iéncia econdmica se aplicam 4s questdes centrais das sociedades humanas. © MeGraw tit CONGEITOS PARA REVISAO 15 — SUMARIO A, Introducio O que €a economia? A economia € 0 estudo da forma como as sociedades decidem a utilizacio de recursos produtivos escassos susceptiveis de usos alternativos, para produzir varios bens e reparti-los entre os dife- Fentes grupos. Estudamos economia para compreender nnio s6 © mundo em que vivemos mas também muitos rmundos potenciais que os reformadores nos estio cons- tantemente a propor 2. Os bens sio escassos porque os individuos desejam muito mais do que a economia pode produzi. Os bens feconsmnicos sio escassos, nao sio livres, e a sociedade tem de escother os bens limitados que podem ser pro- uzidos com os recursos que tem disponiveis. 3. Amicroeconomia trata do comportamento de entida- des individuais como mercados, empresas ¢ familias. ‘A macroeconomia observa o desempenho da economia, ‘como um todo, Em todas as quest6es econdmicas man- tenha-se atento as fakicias da agregacdo ¢ do post hoe ce lembre-se de manter o resto constante |. Os Trés Problemas da Organizagaio Econémica ‘Qualquer sociedade tem de responder a trés questdes Fundamentais: ogué, como, e para quem? Quetipo de bens fe servigos, de entre o vasto leque de possibilidades, ‘e que quantidades, deverd produzit? Como deverio os recursos ser utilizados na producio desses bens? E para ‘quem levemn 0s bens ser produzidos (isto é, qual devera sera reparticao do rendimento ¢ do consumo entre os diferentes individuos ¢ classes)? 5, As sociedades responciem a estas questdes de formas diferentes, As formas actuais mais importantes da orge- nizacdo econémica sio a dirigaea de mercado, A eco- noma drigida funciona sob o controlo centralizado do ‘governo; uma economia de mercado funciona através de um sistema informal de precos e Iucros, no qual . Possi a maior parte das decisdes é tomada pelos particulares, individuos ow empresas, Todas as sociedades tém com- binagdes diferentes de direccio e de mercado; todas as sociedades sio economias mistas, jlidades Tecnolégicas da Sociedade ‘Com determinados recursos e tecnologia, as escothas de producio entre dois bens tais como manteigne espin- igardas podem ser resumidas na fronteira das possibile ddades de produrao (FPP). A FPP mostra como a produca0 de um bem (tal como espingardas) € balanceada com fa produgio de outro bem (tal como manteiga). Num ‘mundo de escassez, a escolha de uma coisa significa prescindir de qualquer outa coisa. O valor do bem ow servigo perdido é o custo de oportunidade. ‘A eficiencia produtiva ocorre quando a producio de ‘um bem nao pode ser aumentada sem a reducio na, producio de outro bem. Isto € ilustrado pela FPP. Quando uma economia esta sobre a sua FPP apenas poders produzir mais de um bem se reduzira producio de umm outro bem. ‘A fronteira das pssibilidades de producto ilustra muitos processos econémicos basicos: como 0 crescimento fecondmico faz expandir a fronteira, como um pais fescolhe relativamente menos alimentos ¢ outros bens de primeira necessidade & medida que se desenvolve, ‘como um pais escolhe entre bens privados e bens piiblicos e como as sociedades escothem entre bens de ‘consumo e bens de capital que aumentam o consumo, futuro. [As sociedades estdo por vezes no interior da sua fron: teira de possibilidades de producio. Quando 0 desem- prego € elevado ou quando a revolucao ou a regulacao ineficiente do governo restringe a actividade econd- ‘ica, a economia é ineficiente e funciona no interior dasua FPP, FF CONCEITOS PARA REVISAO Conceitos Fundamentais escasser e efici bens livres vs, bens econémicos ‘economia normativa us. economia positiva laissefaire falicia da agregagio, falicia do economias mistas ost hoo sananter o resto constante> Cabecas frias, coracdes ardentes Mec Problemas Centrais da cia (Organizagao Econémica 0 qué, compe para quem sistemas econémicos alternatives direccio central vs. de mercado Escolha entre as Possi de Produsao actores de producio (inputs) fe producdes (outputs) fronteira das possibilidades ‘de producio (FPP) cficiencia produtiva¢ ineficiéncia custo de oportunidade | CAPITULO Mercados e Governo numa Economia Moderna Cada individuo esforca-se por aplicar 0 seu capital de modo que a sua producto tenha o valor maximo. Geralmente nao tem intengdo de promover 0 interesse piiblico nem sabe sequer em que medida 0 estd a fomentar. Pretende af a sua seguranca, apenas 0 seu proprio ganho. E assim é levado por uma mao invistvel @ promover um fim que néio fazia parte das suas intengées. Na prossecucdo do seu proprio interesse, promove frequentemente o interesse da sociedade de uma forma mais efectiva do que quando realmente 0 pretende fazer. ‘Adam Smith ARiquesa das Nagées (1776) OMG it A Economia Mista Este livrofoca principalmente as economias de mercado dos paises industrializados modernos. Antes do surgi- ‘mento da economia de mercado, regresando aos tempos Imedievais, a aristocracia e as corporages das cidades dirigiam grande parte da actividade econémica na Europa ea Asia, Contudo, ha cerea de dois séculos, os, governos passaram a ter cada vez menor poder sobre os, precos e 0s métodos de produicio. Gradualmente, 0 feu Galismo foi cedendo aos mercados, ou ao que chama- oso «mecanismo de mereado> ou o «capitalismo con correnciab» ‘Na maior parte da Europa e da América dé Norte Lo século X18 fora era do Iaisexfaire Fsta douurina, que * significa «no interfiram» sustenta que o governo deve nas possivel nos assuntos econdmicos © ‘atomadade decisio li ds compradoies ¢ veidedores. Muitos gover “hos seguiram esta filosofia econémica em meados do século XIX Contuso, hi cerca de um século, com numerosas experiéncias de excessos do capitalismo — ineluindo corrupeio, produtos perigosos e pobreza — a maior parte dos paises industralizados comecouaabandonar 6 lass fain puro, O papel do governo expandirse con- tinuamente, regulando os monopdlios, eabrando im- postos sobre o rendimento e comecando a assegurar Seguranca social aos idosos, desempregados e pobres ‘Neste novo sistema, designado Estado-Providéncia, os mercados comandam 2s actividades econ6micadirias espeeifcas enquanto que os governos regulam ascondi- Goes sociaise proporcionam pensées,cuidados de sate outros apoios as familias pobres No final do século XX, a maré mudou outra ver, A medida que os governos conservadores em muitos paises comegaram a redir os impostos e a eliminar a Fegulagio do Estado sobre a economia, Muitas indis- tris detidas pelo Estado foram «privatizadas», as taxas dos impostos sobre o rendimento foram reduzidas € fiminatua generosidade de muitos programas de apoio Social cle modo a que os governos pudessem contrariar Oo ripido crescimento das despesas. — Aviragem mais radical em direccio a0 mercado oco™ reu na Rsiaenos pases socialists da Europa de Lest. | |Apos décadas a elogiar a vantagens ce uma economia dirigida pelo governo, por volta de 1990, estes pafses ‘omecaram a abandonar 0 planeamento centrale ini- Ciarem a dificil eransicao para uma economia de mer | cado descentralizada. A China, ainda que governada | pela ditdura do partido comunista, gozou de uma ex- pansio econdmica nas ikimas trés décadas ao permitir {que empresisprvadas estrangeirasfuncionassem no seu terrtéro. Paes anteriormente pobres como a Formosa, 2 Taildndia eo Chile beneficiaram de um erescimento | 25 26 CAPITULO 2 + MERCADOS E GOVERNO NUMA ECONOMIA MODERNA ripido do rendimento ao optarem pelo capitalismo e 20 reduzirem o papel do Estado nas suas econémicas. Esta hist6ria condensada das fronteiras oscilantes entre Estado e mercado levanta muitas questoes. O que € exactamente uma economia de mercado € 0 que a torna um mecanismo to poderaso de crescimento? O que é o «capitals no «capitalismo»? Que controlos governamentais s40 necessatios para fazer com que 08 ‘mercados funcionem de forma efectiva? Chegou o mo- mento de compreender 0s principios que estio subja- centes economia de mercado e rever o papel do Estado na vida econémica. Some A. © QUE E UM MERCADO? ‘Num pais como os EUA, a maior parte das decisbes eco- ‘n6micas sio tomadas através do mercado, de modo que iniciamos por ai o nosso estudo, Quem resolve as trés questées fundamentais — o qué, como e para quem — ‘numa economia de mereado? Pode ficar surpreendido ao aprender que nenhum individuo, onganizagto ou o Estado, é responsével pela resotucdo das problemas econémicos numa economia de mercada.Pelo contrério, milhdes ce empresas constumidores envolvem-se na actividade econémica voluntariamente, coma inten¢ao de melhoraras préprias situagdes econdmicas, sendo as suas acces coordlenadas invisivelmente por um sistema de precos e mercados, Para ver como isto € extraordinario, considere a) cidade de Nova Iorque. Sem um constante fluxo de bens) para dentro e para fora da cidade, os nov-iorquinos ficariam @ beira da fome numa semana. Para que Nova Torque possa sobreviver é necessério dispor de muitos tipos de bens. Das zonas limitrofes, dos 50 estados e dos ccantos mais recénditos do mundo, os bens viajam dias’ e semanas tendo Nova Torque como destino. ‘Como é possivel que 10 milhées de pessoas possam dormir sossegadamente 4 noite, sem viver num terror profundo do colapso dos processos econdmicos complexos que 0s sustentam? A resposta surpreendente é que, sem coer ou direccao centralizada de ninguém, estas activi- ddadles econdmicas sio coordenadas através do mercado. ‘Qualquer um nos EUA conhece o quanto 0 Estado faz para controlar a actividade ecandmica: coloca porta: _gens nas pontes, policias nas ruas, regulamenta os medi- camentos, cobra impostos, envia exércitos pelo mundo, ce assim por diante. Mas raramente pensamos no quanto dda nossa vida econdmica daria ocorre sem a intervencion do Estado, Milhares de mereadorias sio produzidas por rmilhdes de pessoas todos os dias, voluntariamente, sem direccdo central ou plano director, \ A Ordem Econémica, nao 0 Caos (© mercado aparenta ser uma confusio de vendedores ecompradores. Parece quase um milagre que os alimen- tos sejam produzidos nas quantidades adequadas, sejam transportados para o local apropriado, e cheguem de ‘uma forma apetitosa & mesa de refeiges, Mas a obser vacio mais pormenorizada da economia de Nova Iorque, ‘ou de outras economias, é uma prova cabal de que um sistema de mercado nao é nem o caos nem wm milagee. E um sistema com a sua l6gica propria, E que funciona. ‘Uma economia de mercado @ unr Mecanismo elabo- rado para coordenar pessoas, actividades e empresas através de um sistema de precos e mercados. E um sis- tema de comunicacio para por em contacto o conheci- mento eas accties de milhares de milhdes de individuos diferentes, Sem servigos secretos ou computadores cen- tralizados, resolve os problemas de producio e distri- uicdo que envolvem milhares de milhes de varisveis e relacdes desconhecidas, problemas que esto muito para além da capacidade do mais répido supercompu- tador da actualidacle, Ninguém concebeu 0 mereado €, no entanto. funciona notavelmente bem, Numa eco- nomia de mercado, nenhum individuo ou organizagio é isoladamente responsavel pela producto, consumo, distribuicdo ou fixacio de precos De que modo 0s mercado determinam os precos, 0s salirios eas produgSes? No inicio, o mercado era efec- tivamente um lugar onde os compradores € as vende- dores se podiam envolver numa negociacio face a face. A praca do mercado — atuthada de blocos de manteiga, de pirimides de queijo, de cestos de peixe fresco ¢ de pilhas de legumes — costumava ser um quadro habitual em muitas aldeias ¢ cidades, para onde os agricultores traziam os seus produtos para venda. Actualmente nos EUA ainda continua a haver mercados importantes ‘onde muitos comerciantes se retinem para negociat, Por exemplo, no Chicago Board of Trade, io transaccionados trigoemilho, na New York Mercantile Exchange sio transac- cionados petréteo ¢ platina e no Diamond District, também na cidade de Nova Iorque, sio negociados diamantes. De um modo geral, os mercados sao locais onde os compradores e os vendedores interagem, trocam bens e servicos e determinam os precos. Hii mercados para quase tudo. Pode comprar pecas de arte de mestres anti- gos em leiloeiras em Nova Iorque, ou licengas de po- luigdo no Chicago Board of Trade, ou medicaments ilegais em distribuidores em muitas das grandes cidades. Um mercado pode ser centralizado como o de titulos, Pode ser descentralizado como o do trabalho. Ou pode existir apenas electronicamente como € cada vez mais 0 ¢aso do comércio electrénico na Internet. ‘Um mereado é 0 mecanismo pelo qual compradores € vendedores interagem para determinar os precos € ‘wocar bens ou servicos. onc il

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