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De Povos Indigenas no Brasil Fundagao Nacional dos Povos Indigenas (Funai) Desde 1967, a Fundacdo Nacional dos Povos Indigenas (Funai) é 0 érgao indigenista oficial responsavel pela promogao e protegdo aos direitos dos povos indigenas de todo 0 territério nacional Histérico Acriagao da Funai no contexto da ditadura militar Embora projetada pelos intelectuais do CNPI para superar os antigos impasses do Servigo de Protecdo aos Indios (SPI), a Funai acabou por reproduzi-los. Sua criagdo foi inserida no plano mais abrangente da ditadura militar (1964-1985), que pretendia reformar a estrutura administrativa do Estado e promover a expansdo politico-econdmica para 0 interior do Pais, sobretudo para a regido amazénica. As politicas indigenistas foram integralmente subordinadas aos planos de defesa nacional, construgao de estradas e hidrelétricas, expansdo de fazendas e extragao de minérios, Sua atuagao foi mantida em plena afinidade com os aparelhos responsaveis por implementar essas. politicas: Conselho de Seguranga Nacional (CSN), Plano de Integragao Nacional (PIN), Instituto Nacional de Colonizagao e Reforma Agraria (INCRA) e Departamento Nacional de Produgao Mineral (DNPM). ‘Aagdo da Funai durante a ditadura foi fortemente marcada pela perspectiva assimilacionista. O Estatuto do Indio (Lei n° 6.001) aprovado em 1973, e ainda vigente, reafirmou as premissas de integrago que permearam a histéria do SPI. Por um lado, pretendia-se agregar os indigenas em tomo de pontos de atragao, como batalhdes de fronteira, aeroportos, coldnias, postos indigenas e missées religiosas. Por outro, 0 foco era isola-los e afasté-los das areas de interesse estratégico. Para realizar este projeto, os militares aprofundaram o monopélio tutelar: centralizaram os projetos de assisténcia, satide, educagao, alimentacao e habitagao; cooptaram liderangas e facgdes indigenas para obter consentimento; ¢ limitaram 0 acesso de pesquisadores, organizacées de apoio e setores da Igreja as areas indigenas (M. Santili, 1991). Aestrutura do orgao. 0 érgao foi concebido em bases semelhantes as do SPI. Até 1991 se manteve vinculado ao extinto Ministério do Interior, que sempre exerceu grande ingeréncia sobre suas agdes. Os presidentes nomeados entre as décadas de 1970 e 1980 eram, em grande maioria, militares ou politicos de carreira pouco ou nada comprometidos, e até mesmo contrérios aos interesses indigenas. A administragao foi centralizada em Brasilia. Os postos indigenas foram mantidos e as inspetorias, transformadas em delegacias regionais. Outras instancias — ajudancias, superintendéncias, administragées executivas, nticleos locais de apoio — foram criadas e extintas ao longo do tempo. A despeito destas modificagées, a Funai se estruturou aos moldes do SPI, de modo mais ou menos centralizado, com grande rigidez burocratica, em trés niveis espaciais: nacional, regional e local (Souza Lima, 2001). Apesar das irregularidades que levaram a extin¢ao do SPI, seu quadro funcional foi transferido para a Funai, Com recursos escassos e mal contabilizados, a Funai continuou a operar, assim como 0 SPI, com profissionais pouco qualificados. Nao se concretizou a proposta de se realizar planejamentos antropologicamente orientados, conduzidos por profissionais de formagao sélida, bem Pagos e comprometidos com o futuro dos poves indigenas. O érgao foi permeado, em todos os niveis, por redes de relagdes pessoais, clientelistas e corporativas, que remetem ao paternalismo e ao voluntarismo que dominaram o velho SPI. A criagao da Funai foi marcada pela ineficiéncia, desinteresse e dificuldade de operagao, o que levou o érgao a limitar sua intervengdo a favor dos indios a situagées altamente criticas, conflituosas e emergenciais, consequentes dos planos de colonizagao e exploragao econémica que chegavam aos extremos do pais (Oliveira, 2006; Souza Lima, 2002) Aemergéncia da questao indigena no cenério nacional Neste contexto desfavoravel, a questao indigena comegou a emergir no cenario politico nacional. A maior parte das organizagées de apoio aos povos indigenas se estruturou na década de 1970. Entre elas destaca-se: as comissées pré-indio (CPIs), as associagées nacionais de apoio ao indio (ANAls), © Conselho Indigenista Missionario (CIMI), 0 Centro de Trabalho Indigenista (CTI), a Operagao ‘Amazénia Nativa (OPAN), 0 Centro Ecuménico de Documentagao e Informagao (CEDI) e o Nucleo de Direitos Indigenas (NDI). Estas duas tiltimas se juntaram para fundar o atual Instituto Socioambiental (ISA). Criadas por intelectuais e clérigos envolvidos com a questo indigena, estas entidades passaram a realizar importantes trabalhos como: o questionamento fundamentado as Politicas oficiais, a interlocugao entre indigenas e Funai, bem como a formulagao de alternativas coneretas para 0 indigenismo brasileiro (M. Santill, 1991; Souza Lima, 2002). Na década de 1980, diversas manifestagdes indigenas passaram a ganhar visibilidade nacional. Também neste periodo comegaram a se estruturar suas primeiras organizagées formais de base comunitaria ou regional. Em Ambito nacional foi criada a Uniao das Nagées Indigenas (UNI), que jd no existe mais. Conhega as organizagdes indigenas compiladas pelo ISA. Os povos indigenas e o marco juridico atual Com as mobilizagées indigenas e das organizagées de apoio, a Constituigao de 1988 acabou por conferir um tratamento inédito aos povos indigenas. Pela primeira vez foi reconhecido seu direito a diferenga (Art. 231), rompendo com a tradicao assimilacionista que prevaleceu até entdo. Foi garantido o usufruto exclusivo de seus territérios tradicionalmente ocupados, definidos a partir de seus usos, costumes e tradigdes (Art. 231). A Unido foi instituida definitivamente como instancia privilegiada das relagdes entre os indigenas e a sociedade nacional. Através do artigo 232, os indigenas e suas organizagées foram reconhecidos como partes legitimas para ingressar em juizo em defesa de seus direitos, o que incentivou a expansdo e a consolidagao de suas associacées. Para isso, foram definidos canais diretos de comunicagao entre os povos indigenas, o Ministério Publico e o Congresso Nacional. Com estas medidas, 0 conceito de “capacidade relativa dos silvicolas” (Cédigo Civil, 1917), e a consequente necessidade do “poder de tutela” perderam validade e atualidade. Estas vitérias constitucionais precisariam, entretanto, ser regulamentadas e consolidadas politicamente Em 1991, uma Comissao Especial foi instaurada para rever o Estatuto do Indio (1973) a partir do enfoque inovador da Carta de 1988, Foram abordados temas como: a situagao juridica dos indigenas e as responsabilidades assistenciais da Funai; os direitos de autoria e a propriedade intelectual; a protegao ambiental e a regulamentagdo do uso e exploracdo de recursos naturais; 0s procedimentos de demarcagdo de terras indigenas. A tramitagao do projeto, entretanto, foi paralisada em 1994. A descentralizago do indigenismo oficial No inicio da década de 1990, houve amplos debates acerca do papel do érgo indigenista oficial a partir do novo marco juridico. O Ministério do Interior foi extinto e a Funai foi transferida ao Ministério da Justiga. Blocos parlamentares anti-indigenas propunham fechd-la, sem substitui-la por nada novo, o que provocaria um grande vazio administrative. Mobilizacées indigenas e organizagoes de apoio defendiam que a reestruturagao do érgao fosse feita concomitantemente 4 aprovagao do texto do Estatuto. Em 1991, 0 governo Collor realizou, por meio de decretos, uma ampla reforma das atribuigdes da Funai. As responsabilidades sobre satide, educagao, desenvolvimento rural e meio ambiente foram descentralizadas, e passaram a ser exercidas pelos Ministérios da Satide, Educagao, Desenvolvimento Agrario e Meio Ambiente. As agdes extra-Funai decretadas por Collor tomaram rumos distintos e impactaram de modos diferenciados os povos indigenas do Brasil. Durante os anos FHC estas politicas passaram a adquirir contornos administrativos mais precisos. Algumas ONGs e associagées indigenas passaram a participar ativamente do processo de implementagao das politicas publicas. Com os decretos de 1991, a Funai, esvaziada em suas atribuigées, passou a se concentrar nas politicas de regularizagao fundidria. Em 1996, o governo FHC modificou as regras para a demarcagao de Terras Indigenas visando destacar a necessidade da participagao indigena e o direito a contestagao das partes afetadas (Decreto 1775/96, Portaria 14/96). O desenvolvimento dos projetos participativos Também em 1996 passou a operar o Projeto Integrado de Protegao as Populagées e Terras Indigenas da Amazénia Legal (PPTAL), resultado da parceria entre a Funai o Programa Piloto para a Conservagao das Florestas Tropicais do Brasil - PPG7. Embora direcionado a demarcacao de terras, o PPTAL se propés a criar alternativas concretas e de longo prazo ao modelo tutelar. Sua proposta se baseou no estimulo ao controle social e a atuagao indigena qualificada na estrutura da Funai e do Estado de modo mais abrangente. Em seu dmbito, a partir da experiéncia dos Wajapi do ‘mapa, foi criado o modelo de “demarcagao participativa”, que tem como premissa basica a parceria e a co-responsabilidade dos povos indigenas na formulagao das politicas que Ihes afetam diretamente, Neste modelo, a prépria demarcagao é tomada como apenas uma das etapa do processo mais abrangente de gestao sustentavel das Terras Indigenas. Trata-se de uma proposta baseada no didlogo intercultural, que apenas se realiza enquanto politica publica com o pleno envolvimento e concordancia dos povos interessados (Mendes, 2002) ‘Aexperiéncia inovadora do PPTAL estimulou a criagdo em 2001 do Projeto Demonstrative dos Povos Indigenas (PDP!), desenvolvido no ambito do Ministério do Meio Ambiente em parceria com o PP.G7. Este projeto voltado ao financiamento de iniciativas de valorizagao cultural e desenvolvimento sustentavel elaborados e geridos pelas populagées indigenas e seus parceiros. A Funai e as novas demandas por reconhecimento indigena Em 2002, a ratificagao pelo governo brasileiro da Convengao n° 169 da Organizagao Internacional do Trabalho (OIT) sobre “Sobre Povos Indigenas e Tribais em Paises Independents” (1989) aprofundou a sustentacdo juridica as demandas de povos antes tomados por aculturados e integrados, que atualmente reivindicam, em diversas regides do Brasil, seus direitos indigenas diferenciados. Cada vez mais numerosas, estas reivindicacdes trazem novos desafios a atuagao da Funai, responsavel pela demarcagao das Terras Indigenas no pais. Avalorizagéo dos conhecimentos tradicionais Na virada do milénio, os conhecimentos indigenas e tradicionais passaram a ganhar destaque na agenda nacional e internacional. As discusses se concentram na criagdo e aprimoramento de mecanismos legais que impegam que estas populagées sejam expropriadas de seu rico patrimanio intelectual, produzido ao longo de geragées. O problema é evidente no caso dos conhecimentos associados a biodiversidade que tém sido alvo de intimeros casos de biopirataria. Embora acordos internacionais como a Convengao da Diversidade Biolégica e a Agenda 21, criadas no contexto da Eco-92, tenham destacado a urgéncia do problema, apenas em 2002 o Brasil iniciou, através de decreto presidencial (n° 4.339, de 22 de agosto de 2002), uma politica nacional de biodiversidade, que, entretanto, precisa ser aprimorada em diversos aspectos (J. Santill, 2000, 2002). Também neste Ambito e neste periodo, o Instituto do Patriménio Histérico e Artistico Nacional (IPHAN), vinculado ao Ministério da Cultura, passou a realizar agées de protegao, valorizagao e salvaguarda do patriménio cultural material e imaterial de povos indigenas e tradicionais. Estas ages decorrem do esforgo de regulamentagao da Constituigao de 88, que em seus artigos 215 e 216 formaliza 0 valor imaterial dos bens culturais. No ano 2000 o decreto 3.551 instituiu os mecanismos oficiais de valorizagao e prote¢ao do patriménio cultural no Brasil. Estes instrumentos, entretanto, se encontram em fase inicial de consolidagao e sao alvo de pesquisas e debates entre especialistas. Até mesmo no campo internacional as propostas neste sentido sao recentes, Data de 2003 a Convengao da UNESCO para a “Salvaguarda do Patriménio Cultural material’ O desafio da consolidagao do paradigma participativo Desde a Constituigdo de 1988 0 indigenismo oficial passou por diversas e significativas mudangas, voltadas, de modo geral, ao reconhecimento e a valorizacao da diferenga cultural. As politicas Piblicas direcionadas aos povos indigenas tém se tornado cada vez mais descentralizadas e realizadas no 4mbito de diversos ministérios que atuam em parceria com agéncias de cooperacdo internacional e organizagées ndo-governamentais. A premissa elementar do conjunto das agdes 6 0 estimulo a participagao e a co-responsabilidade indigena na gestao das politicas destinadas a eles. Entretanto, o sucesso destas politicas depende de sua plena consolidacao juridica e institucional em todos niveis, do local ao governo central. Afinal, o poder tutelar, o assistencialismo eo assimilacionismo ainda sao uma realidade fortemente enraizada em diversas praticas do relacionamento entre o Estado e os povos indigenas. Em relagdo a consolidagao juridica deste novo momento, é notavel que o Estatuto do Indio de 1973, de bases integracionistas, ainda esteja vigente. Entre 1991 e 1994, foi apresentada uma proposta de substituigao ao texto que jamais foi votada pelo congresso. Em marco de 2006, o governo federal criou a Comissao Nacional de Politica Indigenista (CNPI). Em sua agenda, foi estabelecida a prioridade da atualizagao do Estatuto, com vistas a apresentar uma regulamentagdo integrada dos diversos temas da agenda dos povos indigenas: o patriménio e os conhecimentos tradicionais, a protegao e a gestao territorial e ambiental, as atividades sustentaveis e o uso de recursos renovaveis, 0 aproveitamento de recursos minerais e hidricos, a assisténcia social, a educagao escolar e 0 atendimento a satide diferenciados, Em julho de 2009, a proposta - construida com a participagdo de representantes indigenas - foi apresentada ao Congreso Nacional e aguarda votagao. Neste contexto, o atual CNPI e a Funai tem a tarefa de articular e integrar o conjunto das agdes estatais de defesa dos direitos indigenas, com vistas a promover o paradigma participativo e superar definitivamente seu papel tutelar. Com este objetivo, o érgao indigenista oficial tém realizado esforgos para atualizar suas praticas e modos de funcionamento. Reestruturagao da Funai Em fins de 2009, 0 governo Lula anunciou, por meio de decreto presidencial (n° 7.056, 28/12), um amplo plano de reestruturacao da Funai, que pretende oferecer maior capacidade de atuacao onde vivem os povos indigenas. As Administrages Executivas Regionais (AERs) e Postos Indigenas (P!s) foram substituidos por Coordenagdes Técnicas Locais e Regionais, formadas por técnicos qualificados, que passardo a desenvolver acées participativas junto aos povos indigenas envolvidos. Nesta estrutura, esta planejada a criagaio de Conselhos Consultivos, nos quais os indigenas e as organizagées parceiras participam diretamente na formulagao, implantagao e gestao das politicas Piblicas a eles destinadas. Além disso, esta prevista a criagao de 3,1 mil cargos a serem preenchidos até 2012. Esta nova estrutura pretende, conforme sua direcdo, superar os impasses histéricos do érgao indigenista oficial. Apreensivos, diversos povos se posicionaram contra as mudangas e reclamaram de falta de consulta prévia prevista na Convencao n° 169 da OIT. Galeria dos presidentes da Funai Ahistéria do controvertido érgao indigenista oficial, a Funai (Fundagao Nacional do Indio), pode ser contada através da sucessao de seus 40 presidentes ao longo de quase 50 anos, de 1967 a 2017. Presidentes Franklimberg Ribeiro de Freitas mai. de 2017] Antonio Fernandes Toninho Costa {jan. de 2017 a mai. de 2017] Agostinho do Nascimento Netto [set. de 2016 a jan. 2017] Artur Nobre Mendes {jun. de 2016 a set. 2016] Quem é | 0 que fez O general do exército Franklimberg Ribeiro de Freitas assumiu interinamente a presidéncia da Funai apés a exoneragao de Anténio Costa. Em julho de 2017, foi plenamente empossado. Franklimberg é militar da reserva, tendo ingressado nas Forgas Armadas em 1976, e antes de ser nomeado para a Funai exercia o cargo de assessor de relagées institucionais do CMA (Comando Militar da Amazénia), sediado em Manaus (AM), ‘Assume a presidéncia da Funai poucos dias apés um massacre realizado contra indios Gamela, no Maranhao e em meio a uma intensa crise politica desencadeada por investigagdes de corrupgaio no governo Temer. Dentista e pastor evangélico de Luizidnia (GO), jé atuou como assessor parlamentar. Interessante notar o contexto da decisdo de sua nomeacao como novo presidente da Funai. Segundo a reportagem da Globo News, 0 presidente da Republica, Michel Temer, em reuniao com ministros sobre obras de infraestrutura, foi informado sobre impasses e confltos com indios, que estariam impedindo a continuidade das obras, e que a Funai estava com um presidente interino. Ele entao solicitou ao ministro da Justica que resolvesse a questao — provavelmente com a expectativa de conseguir a aprovacdo da Funai para as obras paralisadas. Dentro da Idgica de loteamento a base aliada, Temer aceitou a indicagao do Partido Social Cristao (PSC), cujo presidente 6 o Pastor Everaldo e que ¢ integrado por Jair Bolsonaro e Marcos Feliciano. Costa ja trabalhou com povos indigenas na Secretaria Especial de Satide Indigena (Sesai) e na Missao Evangélica Caiua — antiga missao que prestava assisténcia aos Guarani em Mato Grosso do Sul e hoje atua em diversos Distritos Sanitarios Especiais de Satide Indigena (DSEls) através de convénio com a Sesai Assessor especial do Ministério da Justiga desde junho de 2016, desconhecido do movimento indigena e indigenista, foi nomeado Presidente substitute da Funai em setembro do mesmo ano. Durante sua curta gestao, ele aprovou a TI Pindoty/Araga-Mirim, no Vale do Ribeira (SP), no dia 29 de dezembro de 2016, com 1.030 hectares. Funciondrio de carreira da Funai, o antropélogo Artur Nobre Mendes assumiu a presidéncia dé érgao em substituigéo a Joao Pedro Gongalves, exonerado pelo governo interino de Michel Temer. Artur Nobre Mendes ja fora presidente Joao Pedro Gongalves da Costa fun. de 2015 a jun. de 2016] Flavio Chiarelli Vicente de Azevedo fout. de 2014 a jun. de 2015) da Funai entre 2002 e 2003 e no momento ocupava o cargo de diretor de Promogao ao Desenvolvimento Sustentavel. (Veja mais abaixo informagées sobre 0 seu primeiro mandato) Em 2016, permaneceu no cargo de presidente substituto por aproximadamente 4 meses. Em sua curta interinidade, Artur publicou, em agosto de 2016, a identificagao de trés Tls Guarani no estado de Sao Paulo: Djaiko-aty com 1,216 ha, Ka'aguy Mirim com 1.190, e a Amba Pora com 7.204 ha. Foi exonerado em Setembro, poucos dias apés a Funai criticar a organizagao dos Jogos Paralimpicos Rio 2016 por terem afirmado, na apresentagao da menina Igani Suruwaha, que a menina e a mae tiveram que deixar a comunidade onde viviam para “evitar o infanticidio indigena”. Em nota de reptidio, a Funai disse que a informagao do Comité Organizador dos Jogos promove “ofensa e desrespeito aos povos indigenas do Brasil, referindo-se ao ‘infanticidio ou homicidio, abuso sexual, estupro individual ou coletivo, escravidao, tortura, abandono de vulneraveis © violéncia doméstica’ como 'praticas tradicionais' indigenas. A Funai entende que tal posicionamento revela uma total incompreensao sobre a realidade indigena no pais, refletindo uma visdo preconceituosa e discriminatéria sobre esses povos, suas culturas e seus modos de vida.” Foi deputado estadual,, vereador e senador suplente do estado do Amazonas. ‘Também trabalhou como superintendente estadual do Instituto Nacional de Colonizagao Reforma Agraria no Amazonas Assumiu a presidéncia da Funai no lugar de Flavio Chiarelli Vicenti de Azevedo, que foi presidente interino durante 8 meses. Segundo nota aA Critica (14/06/15), sua indicagao “foi uma costura de parlamentares petistas do Norte com o argumento de que 0 Governo Dilma precisa dar mais espagos a politicos da Amaz6nia assim como Lula fez quando pés Marcus Barros no Ibama, e Marina Silva, no Ministério do Meio Ambiente.” Seu mandato coincidiu com os titimos meses antes de a Presidente Dilma Roussef ser afastada do cargo e nesse curto periodo buscaram reverter a paralisia de demarcagées que até entéo marcara esse governo. Durante seu mandato foram aprovados pela Funai os estudos das terras: Cobra Grande (PA) dos povos Arapiuns, Jaraqui e Tapajé; Kaxuyana-Tunayana (AM/PA), dos Kaxuyana, Tunayana e outros; Jurubaxi-Téa (AM), dos Baré, Tukano, Baniwa ¢ outros; Sawré/Muybu (PA), dos Munduruku; Sambaqui (PR), Pakurity (MS), Peguaoly (MS) e Cerco Grande (PR), dos Guarani Mbya; Ypoi-Triunfo (MS), dos Guarani Klandeva; Dourados Amambaipegua I, dos Kaiowaa e Nandeva; e Mato Castelhano-FAg TY KA (RS), dos Kaingang. Foi chefe da Procuradoria Federal Especializada da Funai. Assumiu a Presidéncia interinamente, em substituigao @ também interina Maria Augusta Assirati Permaneceu os 8 meses de sua gestéo como presidente interino. Nesse periodo apesar das determinagdes do governo de paralisar 0 reconhecimento das Terras Indigenas (Tls) - conseguiu aprovar e publicar no DOU em janeiro Maria Augusta Boulitreau Assirati {jun. de 2013 a out. de 2014] Marta Maria Azevedo [abr. de 2012 a jun. de 2013] de 2015, os estudos de identificagao e delimitacao da T! Riozinho, dos indios Ticuna e Kokama com 362.495 hectares, nos municipios de Jurud e Jutai no Amazonas. Criou trés Grupos Tecnicos (GTs) para estudos de novas TIs: uma para os Ticuna, em Fonte Nova/Amazonas, outra em Paraty no Rio de Janeiro para os Guarani, e a pela primeira vez a Funai criou um GT para reconhecer uma TI no no Rio Grande do Norte, no municipio de Baia Formosa: a Sagi/Trabanda. Em junho de 2015, com a nomeagao do novo presidente da Funai, Jodo Pedro Gongalves da Costa, Flavio Chiarelli foi nomeado assessor especial do Ministro da Justiga. Segundo ele, o governo tem um olhar ndo-indigena para os povos tradicionais, ‘achando que eles sao os causadores de problemas. Quando, na verdade, a gente deveria parar para olhar o lado deles e enfrentar a real causa do problema". (Greenpeace, Jun/15) Advogada, dirigiu 0 Departamento de Promogo ao Desenvolvimento Sustentavel (DPDS) da Funai e assumiu a Presidéncia interinamente, com a exoneragao de Marta Maria Azevedo. Mesmo mantida em interinidade durante um ano e quatro meses, em um governo que primou pela paralisia das demarcagées de Terras Indigenas, ela conseguiu aprovar e publicar trés estudos de identificagao das Tis: Tapeba com 5.838 hectares, no Ceara; da Herareka Xetd com 2.686 hectares, no Paranda; e a ampliagao da TI Xakriabé com 43.357 em Minas Gerais. Maria Augusta pediu demissao por conta de um curso de doutorado em Portugal, mas segundo 0 jornal O Globo, de 25 de setembro de 2014, alguns dos motivos principais seriam as divergéncias envolvendo a construgao de hidrelétricas e a disputa enfrentada pela propria Funai, no interior do governo, para realizar sua tarefa primordial: a demarcacdo de terras indigenas. A interferéncia politica do governo sobre a atuacao da Funai foi apontada pela ex:presidente em entrevista na Agéncia Publica, de janeiro de 2015: Aorientagao é no sentido de que nenhum processo de demarcaco em nenhum estagio, delimitacao, declaragao, ou homologagao, tramite sem a avaliagao do Ministério da Justiga e da Casa Civil Isso é, nada mais, nesse momento, “depende apenas da Funai’.” (APUblica, Jan/2015) Professora e pesquisadora do Niicleo de Estudos de Populacao (Nepo) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marta Maria do Amaral Azevedo é antropdioga, demégrafa, e autora de um dos primeiros trabalhos de pesquisa sobre demografia dos povos indigena. Nascida em Sao Paulo, formou-se em Ciéncias Sociais em 1978 pela Universidade de So Paulo (USP). Em 1980 integrou o grupo de Educagao Indigena da Comisséo Pré- Indio de Sao Paulo (CPI-SP) e atuou como colaboradora do Programa Povos Indigenas no Brasil do Centro Ecuménico de Documentagao e Informacao (CED)). Também foi colaboradora do ISA, do Nucleo de Historia Indigena e do Indigenismo da Universidade de Sao Paulo — onde ajudou a fundar o Grupo Mari de Educago Indigena - e do Conselho Indigenista Missionério (CIM), no Marcio Meira [abr. 2007 a abr. 2012] Mercio Pereira Gomes {set. 2003 a margo de 2007] inicio da década de 1990. Participou da equipe de demégrafos que, em conjunto com o IBGE, Funai e especialistas de varias e diferentes instituigdes, aprimorou a coleta das informagdes sobre os povos indigenas para o censo brasileiro de 2010. Suas investigagdes envolvem temas como educagao indigena, seguranga alimentar e satide das mulheres indigenas, os quais contam com o comprometimento de Marta em sua gestao. Em um ano e dois meses no cargo, Marta aprovou os estudos de identificagao de 14 Terras Indigenas. Destacamos algumas: a TI Iguatemipegua | com mais de 41 mil hectares, para os Kaiowa, localizada em regido de intensos conflitos com fazendeiros, no Mato Grosso Sul; também aprovou os reestudos de duas terras guarani em S.Paulo, a Jaragud (com 532 ha, na capital) e a Boa Vista do Sertao Pré-Mirim (no municipio de Ubatuba com 5.520 ha); seis terras mura tiveram seus estudos de identificagao aprovados nos municipios de Borba, Autazes, Carreiro da Varzea, Manaquii e Careiro, todos no estado do Amazonas, somando 72.631 ha. A ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, exonerou, a pedido, Marta Maria do Amaral Azevedo da presidéncia da Funai em Junho de 2013. Formado em Histéria pela Universidade Federal do Para (UFPA), com mestrado em Antropologia pela Universidade de Campinas (Unicamp), o atual Presidente da Funai pesquisou os povos Warekena, da regido do rio Xié, um dos afluentes do rio Negro, no Amazonas, no inicio dos anos 1990, £ o autor da tese "No tempo dos Patrées", sobre o regime de aviamento que ainda vigora nas relagées entre extrativistas e comerciantes no interior da Amazénia. Sua atuagao com os povos indigenas, porém, é anterior e data desde sua participacao na luta pelos direitos indigenas na Constituigdo Federal de 1988. Foi também responsdvel pelo GT da Funai de identificagao das Terras Indigenas do Médio Rio Negro, localizadas nos municipios de Sao Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel do Rio Negro. Meira foi um dos interlocutores das organizacées indigenas na equipe de transicdo do governo Lula, em 2002 Sua gestao foi responsdvel pelo processo de reestruturagao da Funai, que renovou 0 quadro funcional (com 425 novas contratagées) e a estrutura administrativa do érgao. Também foi resposavel pela inauguragao do Centro de Formagao em Politica Indigenista em Sobradinho/DF. Apesar de ter priorizado a participagdo do movimento indigena e de ter implantado a Comissao Nacional de Politica Indigenista (CNPI), ao final da gestéo Meira ocorreu um rompimento da bancada indigenista com a comissao, no qual entidades ligadas a Articulagao dos Povos Indigenas do Brasil (Apib) decidiram deixar a CNPI Dirigiu 0 IPARJ (Instituto de Pesquisas Antropoldgicas do Rio de Janeiro) e participou da politica carioca quando do governo de Leonel Brizola (1991-95), na condigdo de subsecretario de Cultura e Projetos Especiais. Foi também assessor de projetos especiais da cidade de Petrépolis. Depois de Roque Laraia e Artur Nobre Mendes, Mércio Gomes ¢ 0 terceiro antropdiogo a assumir a presidéncia da Funai. Foi professor de antropologia na Unicamp, UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Macalestes (EUA) ena UFF (Universidade Federal Fluminense). Membro efetivo do Diretério Estadual do PPS, partido da base aliada do governo Lula, Mércio Gomes ja era cotado para a presidéncia da Funai na campanha eleitoral de 2002 em um eventual governo Ciro Gomes. Eduardo Aguiar de Almeida {fev. de 2003 a ago. de 2003] ‘Artur Nobre Mendes [ago. de 2002 ajan. de 2003)" Primeiro presidente da Funai do governo Lula, Eduardo Aguiar de Almeida ficou apenas seis meses no cargo, tendo sido exonerado em 15 de agosto de 2003, por meio de portaria da Casa Civil. O ministro da justiga declarou-se insatisfeito com o seu trabalho a frente da Funai em mais de uma ocasiao, em que observava a “falta de sintonia" de Almeida com os interesses do Ministério. Os rumores sobre a sua substituigéo comegaram a circular hé pelos menos 2 meses desde que ele assumiu a pasta. Em entrevista a imprensa, Almeida atribuiu sua demissao a forte pressdes oriundas dos setores anti- indigenas da politica nacional, citando diretamente os nomes dos senadores Ant6nio Carlos Magalhaes (PFL-BA) e Romero Jucd (PMDB-PR) e dos governadores Blairo Maggi (PPS-MT), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC). Almeida tomou posse oficialmente no cargo mais de um més apés 0 inicio da nova gestao do governo brasileiro, em 03/02/2003. E natural do Rio de Janeiro, jornalista e membro fundador da Sociedade Brasileira de Indigenistas (SBI). Jé trabalhou na Funai como assessor da presidéncia entre janeiro e agosto de 2000. Desde janeiro de 2002, atuava como consultor do Ministério do Meio Ambiente. Em sua gestao, Almeida concentrou parte de seus esforgos na preparagao da Conferéncia Nacional de Politica Indigenista, um dos itens mais relevantes na pauta petista para a questo indigena — ja expresso no documento de campanha de Lula a presidéncia, intitulado Compromisso com 08 Povos Indigenas - e cujo objetivo é 0 de criar uma instdncia de articulagao entre os setores governamentais que tém responsabilidades para com as demandas indigenas, representantes dos indios e outros setores da sociedade civil. No ambito das reivindicagées territoriais, Almeida criou Grupos de Trabalho (Gts) para identificar 17 novas Terras Indigenas e reestudar os limites de outras dez. Uma decisao inovadora da gestéo de Eduardo Aguiar de Almeida foi a determinagao do critério da "auto-identificagéo" como instrumento fundamental para que se reconhega como indigenas os grupos que reivindiquem esta condigdo, adequando as agdes do Estado brasileiro & Convengao 169 da Organizagao Internacional do Trabalho (OIT) Funciondrio de carreira da Funai, o antropélogo Artur Nobre Mendes foi o nono presidente do érgao indigenista em oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso. Na Funai desde 1983, Mendes sempre havia atuado na area fundidria. Foi chefe do Departamento de Identificagdo e Delimitagao (Deid), coordenador de Projetos Especiais e coordenador técnico do Projeto Integrado de Protegao as Populagées e Terras Indigenas da Amazénia Legal - o PPTAL, que, ligado ao Programa Piloto de Protecao as Florestas Tropicias do Brasil (PPG7), tem por objetivo demarcar 160 terras indigenas. No momento em que assumiu a presidéncia da casa, ocupava a diretoria do Departamento de Assuntos Fundiarios (DAF), posto em que estava desde a gestao de Glénio da Costa Alvarez. Artur Nobre Mendes foi formalmente apresentado no novo cargo em 31/07/2002, juntamente com a equipe recém-constituida por Paulo de Tarso Ramos Ribeiro, 0 oitavo ministro da Justiga a assumir a pasta ao longo das. duas gestées FHC. Mendes permaneceu a frente da Funai até janeiro de 2003, quando, jé entao no primeiro més do governo de Luis Inacio Lula da Silva, pediu demissao. Otactlio Antunes Reis Filho (jun. a jul 2002] Giénio Alvarez [mai. 2000 a jun. 2002} Roque de Barros Laraia [abr, a mai, de 2000) Assaida de Giénio Alvarez levou a presidéncia da Funai Otacilio Antunes Reis Filho, antigo funciondrio do érgao, entao no cargo de diretor de Artesanato. Reis Filho, que ja havia sido diretor de Planejamento na gestéo de Romero Juca a frente da Funai, dirigiu a Fundacao por 46 dias, entre junho e julho de 2002. O geslogo Glénio Alvarez, funcionério da Funai ha 14 anos, é 0 27° presidente do orgio indigenista oficial desde sua fundacao, em 1967. Foi administrador regional do érgao em Boa Vista (RR), em 1994, periodo de demarcagao da TI Yanomami. Aescolha de Alvarez, gaticho de Santa Maria, encerrou a interinidade do antropélogo Roque de Barros Laraia, que ocupou o cargo desde a saida de Carlos Frederico Marés. Alvarez assumiu dizendo pretender implantar programas conjuntos com governos estaduais. Seu principal desafio seria contomar a falta de verbas para desenvolver os programas previstos para 2000. No inicio de junho de 2002, a publicagao no Diario Oficial da Uniao da exoneragao de Glénio Alvarez pegou a todos de surpresa. Ele, inclusive, que no quis se manifestar logo apés 0 ocorrido. Por meio de seu assessor de imprensa, declarou que "havia feito seu trabalho corretamente a favor dos indios no Brasil". A queda de Alvarez aconteceu dois dias depois que o presidente da Comissao de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Camara, deputado Pinheiro Landim, retirou de pauta o Projeto de Lei da Mineracao em Terras Indigenas. A Funai havia se manifestado contraria & aprovagao do projeto, de autoria do senador Romero Juca. Com a demissao de Marés, o entao presidente substituto, o antropdlogo Roque de Barros Laraia, assumiu a presidéncia da Funai em regime interino. Foram 29 dias até que Glénio Alvarez fosse nomeado presidente pelo ministro José Gregori. Laraia é formado em historia, mas optou pela antropologia. Foi parte do corpo docente do Museu Nacional (UFR\) e, a partir de 1968, da UnB. E integrante do Conselho Indigenista desde que foi criado, em 1967. A época, esse conselho representava 0 poder maximo no érgao, O antropélogo tem experiéncia de pesquisa com os Terena e os Surui do Para. Durante a gestdo de Marés, Roque Laraia foi o responsavel pela Diretoria de Assuntos Fundidrios. Em entrevista exclusiva ao Isa, confessou que os maiores problemas por ele enfrentados em sua curta gestao na presidéncia, foram o esvaziamento dos quadros profissionais, a escassez de recursos e a pressao constante de grupos indigenas, como os Xavante e os Fuln Segundo ele, "nao é possivel administrar a Funai com os Xavante do jeito que esto". Para ele, a maioria dos Indios continua desassistida, ao passo que uma etnia acaba consumindo o tempo da administragao e tmando a maioria dos recursos parcamente disponiveis. Carlos Frederico Marés [nov. de 1999 a abr. de 2000] Marcio Lacerda {fev. a nov. de 1999} Nascido em Unido da Vitéria (PR), Carlos Frederico Marés de Souza Filho & professor de Direito Agrario e Ambiental da PUC-PR. Foi procurador do estado do Parana entre 1991 e 1994, e secretario da Cultura do municipio de Curitiba, entre 1983 e 1988. Colaborou, na Assembiéia Nacional Constituinte (1987-88), na formulagao do Capitulo VIII, "Dos Indios", e foi um dos coordenadores da campanha "Povos Indigenas na Constituinte". Em 1989, fundou 0 Nucleo de Direitos Indigenas (NDI), e, em 1994, 0 Instituto Socioambiental, do qual foi presidente e conselheiro. Marés 6 também autor de seis livros, 0 tltimo deles - "O renascer dos povos indigenas para o Direito" - é resultado de sua dissertagao de doutoramento apresentada, em 1988, a UFPR Marés foi indicado para a presidéncia da Funai pelo ministro da Justiga, José Carlos Dias, que advogou em seu favor, providenciando a regularizagao de sua situagao no Brasil, quando de seu retorno depois de nove anos de exilio. Antes de assumir o cargo, Marés apresentou 13 propostas para o ministro como condi¢do para poder assumir a presidéncia da Funai (ver artigo Descascando 0 “abacaxi", nos "600 anos” do Brasil). Entre elas, estava a homologagao da reserva indigena Raposa/Serra do Sol. O curto periodo em que Marés esteve na Funai foi marcado por atos polémicos. Logo no inicio de 2000, declarou publicamente que nao haveria o que comemorar no dia 22 de abril, aniversario de 500 anos do "descobrimento” do Brasil. "E uma festa da chegada das caravelas, festa dos brancos. A maior parte dos indios brasileiros tem contato com a civilizagao branca ha bem menos de 500 anos", disse ele. A gestdo de Marés foi marcada pela negociagao em torno da apresentagao da nova proposta para o "Estatuto do Indio". Em 17 de abril de 2000, Marés apresentou a proposta do governo "Estaluto do indio e das comunidades indigenas" as liderangas indigenas que se reuniam em Monte Pascoal, em ocasido da marcha de protesto contra as comemoragGes dos 500 anos. Isso se deu antes mesmo da proposta ser submetida ao Legislativo, Em 22 de abril, apés presenciar uma ago da policia contra a marcha dos indios que iam de Coroa Vermelha a Porto Seguro para protestar contra as comemoragées dos 500 anos, Marés anunciou que pediria demissdo. "Nao posso permanecer num governo que faz agressao fisica ao movimento indigena organizado", afirmou apés ter decidido, em carater irrevogavel, apresentar sua demissao ao ministro da Justiga José Gregori. José Marcio Panoff de Lacerda tomou posse na Presidéncia da Funai em 22 de fevereiro de 1999. Foi deputado, senador e vice-governador do Mato Grosso. Em seu discurso de posse, prometeu investir na aprovacao de um novo Estatuto do Indio, "que reflita uma politica realista, voltada para proporcionar as sociedades indigenas o legitimo direito de explorar em bases racionais os recursos naturais existentes em suas terras”. Sua atuagao foi marcada pela defesa de parcerias entre o estado e os municipios para melhorar os atendimentos as sociedades indigenas Sulivan Silvestr [ago. de 1997 a fev. de 1999] Julio Gaiger mar. de 1996 a jul. de 1997] Em 31 de maio, Lacerda foi retirado a forga do prédio da Funai por 51 guerreiros xavante, que se revoltaram devido ao afastamento do diretor da AER de Nova Xavantina Agestdo de Lacerda teve de enfrentar, a partir de maio de 1999, os inquéritos por ocasido da CPI da Funai, promovida por parlamentares que visavam investigar 0 relacionamento do érgao federal com ONGs, admissao de antropélogos e aplicagao de recursos. Nesse periodo, tornou-se cada vez mais pliblico 0 caos orgamentario da Funai. Em novembro, por pressdes dos indios, de varias instituigdes e de ONGs, colocou 0 cargo a disposigao. Na ocasiao, ele admitiu que enfrentou conflitos interes, principalmente com o médico Oswaldo Cid Nunes da Cunha, ‘exonerado da chefia do Departamento de Satde na Funai em Brasilia, que classificou Lacerda de "incompetente". Lacerda acusou o médico de deslealdade ao condenar publicamente a decisao do governo de transferir a drea de satide indigena para a Fundagao Nacional de Satide. Sulivan Silvestre, paranaense, funciondrio do Ministério Publico de Goias, tomou posse em 22 de agosto de 1997. Formado em Direito pela PUC de Goids, Silvestre era especialista em meio ambiente. Desconhecido entre indios ¢ indigenistas, seu nome surpreendeu, jé que estavam cotados para ocupar 0 cargo antropélogos e funcionarios da Funai conhecidos pela comunidade. Sua nomeagao comprovou o poder de fogo do ministro [ris Rezende, que conseguiu colocar no comando um apadrinhado politico sem nenhuma experiéncia com a politica indigenista. A indicago politica desagradou 0 funcionalismo da Funai, que torcia pela nomeagao de um técnico dos quadros da Fundagdo e algumas organizagées nao-governamentais. Em seu discurso de posse, Silvestre afirmou ser a demarcagao de terras a prioridade de sua gestao. Além disso, enfatizou a necessidade de uma aproximagao entre a Funai, os indios e as demais entidades de apoio. Procurou estruturar 0 Conselho Deliberativo e Participativo das Liderangas Indigenas, promovendo o dialogo entre a Funai, os representantes indigenas, as ONGs, 0 Cimi e o Capoib, sempre em defesa da descentralizagao do érgao indigenista Em 1 de fevereiro de 1999, Silvestre morreu em um acidente de avido. O bimotor Séneca, que o levaria de Brasilia até uma reuniao com os indios Fulni- 6 Pankararu, caiu a poucos minutos da pista do aeroporto de Goidnia. O acidente ocorreu por volta das 21h30. Pouco depois da queda, 0 aparelho foi consumido pelo fogo. Renan Calheiros, ministro da Justiga na época, afirmou que iria acompanhar as investigagdes sobre o acidente. O advogado gaticho Jiilio Gaiger foi nomeado presidente da Funai em 12 de margo de 1996, ocupando o lugar de Marcio Santill, Ligado a questéo indigena desde 1977, quando dirigiu a Associacao Nacional de Apoio ao Indio Marcio José Brando Santilli [set. de 1995 a mar, de 1996] em Porto Alegre, Gaiger foi assessor juridico do Cimi até 1991 e trabalhou como assessor na Comissao de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Camara. Foi indicado pelo ministro Nelson Jobim, com quem trabalhava desde meados de 1995 na formulagao do polémico Decreto 1775, que prevé a revisdo de reas indigenas ainda nao registradas. Essa indicagao causou imediatos protestos de organizagées indigenas e de apoio. Em junho de 1997, apesar dos apelos dos Xavante pela saida imediata de Gaiger, 0 novo ministro da Justia, Iris Rezende, bancou a sua permanéncia. Mas, em 17 de julho, Gaiger entregou o cargo, alegando que 0 governo nao teria se empenhado na implementagao da politica indigenista e que Ihe teria faltado apoio politico para levar adiante a reformulagao administrativa do érgao. “Ressinto-me, na Funai, da auséncia de decisées estratégicas que escapam do nosso alcance", escreveu em sua carta de demissao. Em entrevista, disse que vinha sofrendo pressées dos Xavante, de funciondrios da Funai e de grupos politicos vinculados aos indios e aos servidores que, na sua opiniao, tencionavam desestabilizd-lo para que nao reformulasse o érgao. Indicado por FHC, um dia depois de uma reuniao ocorrida no palacio da alvorada em 03/08/95 entre o presidente, o ministro da justiga e um grupo de antropélogos, Santilli nao era o preferido de Jobim. Entao secretério executive do Instituto Socicambiental em Brasilia, Santilli demorou um més para aceitar a indicagao, periodo em que indicou outros nomes ao ministro Jobim. Consultou previamente varias ONGs do campo indigenista sobre a oportunidade de encarar o desafio de administrar uma Funai sucateada e enfrentar um novo decreto sobre demarcagao de terras indigenas, medida jé decidida pelo presidente FHC. Formado em filosofia, Santilli foi deputado pelo PMDB de SP (1982-86) e integrante do grupo politico do atual presidente FHC. Durante seu mandato parlamentar, foi membro da Comissao de Relagdes Exteriores e da Comissao do indio, na Camara dos Deputados. Entre 1987 e 88, foi pessoa-chave na ligagao entre a Coordenagao Nacional dos Povos Indigenas na Constituinte - que reunia indios e organizagées civis de apoio - e o Congreso Nacional. Em 1989, juntamente com um grupo de indios, antropélogos e juristas, fundou e dirigiu o NDI, uma ONG com sede em Brasilia, que teve destacado papel na aplicaao pratica dos direitos coletivos dos indios, através de demandas judiciais paradigmaticas. Em 1994, foi um dos fundadores do Instituto Socioambiental. © Cimi considerou a sua nomeagao como “uma tentativa do governo para criar condigdes politicas favordveis para mudar 0 procedimento administrativo de demarcagao das terras indigenas". Além da Igreja Catélica, Santilli ganhou muitos inimigos internos com a demissao de funcionarios corruptos das Areas Kayapé e Xavante, o corte de diarias de caciques xavante em Brasilia, 0 fechamento de Administragdes Regionais, e 0 antincio de uma grande reforma administrativa. Dinarte Nobre Madeiro [set. de 1993 a set, de 1995] Claudio dos Santos Romero [mai.a set. de 1993] Enfrentou varias rebelides regionais e seqiiestros de funcionarios por indios articulados com segmentos de mafias funcionais e o seu préprio gabinete em Brasilia foi invadido por um grupo de Xavante, acompanhado da Rede Globo de TV. Santili pediu demissao alegando falta de apoio do Ministério da Justiga, que ndo buscava ampliar as verbas da Funai e retinha os recursos que ele conseguira diretamente do Tesouro Nacional, além de nao garantir a investigagao policial a respeito das mafias funcionais. Dinarte assumiu interinamente a presidéncia da Funai, no dia 03/09/93, e acabou permanecendo dois anos a frente do érgao. Hé 23 anos funcionario da Funai, ao assumir 0 cargo era assessor da Presidéncia do érgao para a regiao Norte e Nordeste, e estava em Boa Vista coordenando a retirada dos garimpeiros da Al Yanomami. Defendeu a necessidade do érgao retomar 0 poder de policia para ter mais autonomia e mobilidade no combate aos garimpeiros que invadem terras indigenas. Madeiro foi mantido no cargo com a mudanga de governo e, no conjunto, teve uma gestdo discreta, sem denuncias de improbidades administrativas. Apesar disso, Dinarte foi publicamente desprestigiado pelo ministro da Justiga Nélson Jobim e pelo préprio presidente FHC. Chegou a pedir demissao alegando suas divergéncias com o secretario-executivo do Ministério, Milton Selligman, na questao das demarcagées das terras indigenas, principalmente sobre a area dos Xavante, a Suié-Missu. O ministro nao aceitou a demissao. Afastado das deliberagdes sobre os rumos da politica indigenista oficial, colocou seu cargo a disposigao mais de uma vez e manifestou sucessivamente seu apoio a manutengao dos procedimentos administrativos constantes no Decreto 22/91 Claudio Romero ocupava o cargo de Diretor Geral de Assisténcia da Funai, quando foi nomeado para presidir o érgao em 20/05/93. Funciondrio de carreira do érgao,desde meados da década de setenta, coordenou o Projeto Xavante que tinha como principal objetivo a demarcacao do territério xavante ocupado pela frente colonizadora, além de projetos de educagao e desenvolvimento comunitario. Foi diretor do Parque Indigena do Xingu, quando entre outras coisas apoiou os Kayapé Metuktire na demarcagao da Al Capoto/Jarina. Tomou posse do cargo de presidente do drgao prometendo que nao haveria qualquer ruptura na continuidade dos trabalhos da gestao de Sidney Possuelo. Nos quase quatro meses que esteve a frente da Funai, Romero teve uma gestao controvertida. Disse que o presidente Itamar Franco no tinha vontade politica para cumprir o prazo constitucional de 05/10 para regularizar a demarcagao das terras indigenas no pais e foi obrigado a reparar ‘© comentario, publicamente, Em agosto de 93, foi acusado, por um dossié intemo, de ter delatado em 83 a Assessoria de Seguranca e Informagao -o SNI da Funai -uma conspiragao de funcionarios contra o entdo presidente do 6rgo, coronel Paulo Leal. Ele admitiu que escreveu um relatério denunciando servidores do drgao, mas negou ser "araponga" do regime militar. Romero diz que os servidores denunciados planejavam invadir a sede da Funai, articulados pelo entéo deputado Mario Juruna e pelo entao vice-governador do Rio, Darcy Ribeiro. Na época, diretor do Parque Indigena do Xingu, Romero disse que estava interessado em obter da diregdo da Funai a demarcacao das terras indigenas na regiao e, por isso, foi contra o movimento. Sidney Ferreira Possuelo [jul. de 1991 a mai. de 1993] Sargento Cantidio Guerreiro Guimaraes ago. de 1990 ajul. de 1991] Foi demitido no dia 03/09/93, em meio a informagées contraditérias sobre a chamada chacina dos Yanomami em Haximu, sobre a qual divulgou nimeros sucessivamente desmentidos pela imprensa. Discutiu com parlamentares em Roraima ameagando proibi-los de entrar na Al Yanomami, ao mesmo tempo autorizou a visita de diplomatas estrangeiros sem consultar o Itamaraty, além de ter criado um confronto ao declarar que ndo se subordinaria as orientagdes do novo ministro extraordindrio para a Amazénia, Rubens Rictipero, O sertanista Sidney Ferreira Possuelo chefiava a Coordenadoria de Indios Isolados da Funai quando foi nomeado no dia 28/06/91 pelo presidente Collor, em substituigéo a Cantidio Guimraes, demitido no dia 21/06. Possuelo recebeu carta branca para fazer alteragdes administrativas e afirmou como prioridades © caso Yanomami e a demarcacao de 266 Terras Indigenas. Funciondrio de carreira da Funai, chefe da Frente de Atragdo dos Arara(PA), na década de 80, Possuelo reivindicou permanentemente ao presidente Color a revogagao dos Decretos 23, 24, 25 e 26 (de 04/02/91), que tiraram da Funai as responsabilidades pela educacdo, satide, projetos produtivos e meio ambiente em areas indigenas, transferindo-as a outros ministérios. Realizou uma reforma administrativa, iniciada em 20/01/92, quando exonerou seu superintendente geral, Edivio Batistelli. Desapareceram do organograma ndo 6 esse cargo, mas todas as Superintendéncias Regionais. Todas as atividades, desde o planejamento geral da Funai até o atendimento aos mais remotos Postos Indigenas passaram a se vincular diretamente a Presidéncia do érgao. As Superintendéncias passaram a categoria de Administracdes Regionais -que somam 46, sem autonomia administrativa ou orgamentéria, ligados a Diretoria Geral de Assisténcia, em Brasilia. Foram criadas também as Diretorias Fundiaria e de Administragao. Em sua gestao, Possuelo distendeu a relacdo do Orgao com entidades nao-governamentais. Ao criar 0 CDDI, convocou representantes de ONGs para compé-lo e assinou quatro convénios de parceria com essas entidades no ambito da demarcagao de terras indigenas (ver mais detalhes no capitulo Terras indigenas) .Sofreu forte oposi¢ao interna por isso. O principal feito da sua gestio foi a demarcagao fisica da terra Yanomami de forma continua, facilitada pela disposigao politica do presidente Collor para encaminhar processos de reconhecimento oficial dos direitos territoriais indigenas, com vistas ECO-92 ( ver Cronologia de um Genocidio Documentado, no capitulo Roraima Mata). Possuelo acabou demitido no dia 19/05/93, pelo ministro da Justi¢a Mauricio Corréa, por ordem do presidente Itamar Franco. Na versao do préprio Possuelo, sua cabega rolou devido a trés motivos: conflito aberto com 0 ministro Henrique Hargreaves, do Gabinete Civil- que fizera indicagées para postos de chefia da Funai no Acre e em Goiania; pressao de militares inconformados com as demarcagées de terras na fronteira; e pressao de segmentos econémicos contrariados, como as mineradoras. Sub-oficial da reserva da Aeronautica (onde serviu como Sargento do quadro de manutengao e reparo de aeronaves), amigo pessoal do ex-presidente Romero Jucé, foi superintendente regional da Funai em Cuiaba de 86 a 87. Corre contra os dois um proceso no Supremo Tribunal de Justiga por autorizagao de extracdo ilegal de madeira na Al Uru-Eu-Wau-Wau. Era assessor do ex-presidente Iris Pedro de Oliveira e foi Chefe de Gabinete do Consultor Geral da Repiblica, Clovis Ferro Costa. Nesta fungao fez um Coronel Airton Alcantara [mar. a ago. de 1990] ris Pedro de Oliveira {set. de 1988 a mar. de 1990] Romero Jucd FP, [mai. de 1986 aset. de 1988] parecer - aprovado por Ferro - que autorizava o uso da rodovia de 38 km dentro da Al Waimiri-Atroari. Antes de ser nomeado presidente da Funai, era funcionario da representagao do estado do Amapa em Brasilia.Foi afastado do cargo em meio a acusagées dos indios do Xingu -e tornadas publicas pela imprensa - de estar fotografando indias nuas e "molestar mogas e adolescentes" do Parque do Xingu (MT). Entrou na Funai para substituir 0 Coronel Cameiro, do CSN, que havia sido nomeado Superintendente Geral da Funai na gestao iris Pedro, mas acabou morrendo no dia da posse.Alcantara tornou-se presidente, respondendo pelo cargo na fase de transi¢ao imposta pelo novo presidente da Republica Fernando Collor de Mello, recém empossado e que, dentre outras medidas, incorporou a Funai ao Ministério da Justiga depois de liquidar o Ministério do Interior. Para se firmar no cargo e tentar sua permanéncia no érgao, teve alguns gestos simpaticos aos indigenistas e antropdlogos, assinando decretos de reintegracao das areas Uru-Eu-Wau-Wau e Kaiabi Gleba Sul. Por outro lado, elaborou uma lista de 880 servidores a serem colocados em disponibilidade, aproveitando o argumento do enxugarnento administrativo para proceder a uma nova "caga as bruxas’, incluindo antropdlogos e indigenistas entre os "disponiveis". Advogado, entre 1980 e 1983 foi presidente do Grupo de Terras do Araguaia/ Tocantins (Getal), visto como um érgao de repressao e policiamento Pragmatico, apregoava solugées técnicas e operacionais para caracterizar os territérios indigenas: estabelecer areas a partir de limites naturais, transferir grupos indigenas para “evitar conflitos" com colonos etc. Em 1980, grileiros aceleravam a invasao de terras indigenas dos Xikrim do Cateté, em Maraba; em 82, o Getat, a Eletronorte e a Funai optaram pela recomposigao da area indigena dos Parakana, "para evitar contatos indiscriminados" entre as familias que seriam atingidas direta ou indiretamente pelas aguas da UHE e estavam sendo reassentadas na variante da Transamazénica’. Sua nomeagao confirmaria a vinculagao da Funai aos designios do CSN. Dentincias da propria Funai indicam que utilizava-se das aeronaves do érgao para visitar uma fazenda de sua propriedade em Imperatriz (MA), onde ha uma administragao regional da Funai; esta, tomou-se recordista em receber visitas de um presidente do érgao no period do mandato do presidente iris. Renovou © convénio com o Instituto Lingiistico de Verdo (SIL) para atuarem em todo territério nacional Economista, pernambucano, indicado pelo ministro Marco Maciel, seu conterraneo e chefe da Casa Civil, dirigia 0 Projeto Rondon.Implantou a descentralizagao da FUNAI e retirou os indios de Brasilia. Tecnocrata modemizador, assinou inimeros convénios técnicos e de assisténcia com outros Ministérios. Promulgou um novo regimento interno no érgao. Nos cinco primeiros meses de sua gestao, 0 quadro de funcionarios havia passado de 3,300 funcionarios para 4.200. Somente em Recife, sua terra natal, o escritério da FUNAI chegou a ter 400 funcionarios vinculados. Tentou tirar a crise do 6rgaio das paginas de jornais, mas acabou sofrendo intervencao do TCU devido as irregularidades financeiras do érgao. Defendia a linha “pragmatica” de exploragao dos recursos naturais das terras indigenas, e foi acusado de promover intimeros contratos com madeireiras.Manifestava-se contra a presenca de garimpeiros nas areas indigenas e assinou, em 1987, 0 convénio Funai/DNPM para exploragao mineral empresarial em area indigena. Em maio. de 88, assinou portaria criando um GT para avaliar o grau de aculturagao dos indios. Saiu da FUNA! para ser governador nomeado de Roraima, carregando consigo um proceso no Supremo Tribunal de Justica por ter autorizado ilegalmente a extracdo de madeira em area indigena. Ja fora da FUNAI, como governador de Roraima, passou a defender a permanéncia dos garimpeiros invasores do territério Yanomami. Apoena Meirelles {nov. de 1985 a mai. de 1986] Alvaro Villas Boas {set. a nov. de 1985] Gerson da Silva Alves [abr. a set. de 1985] Ayrton Carneiro de Almeida fabr. de 1985] Nelson Marabuto [set. de 1984 a abr. de 1985] Jurandy Marcos da Fonseca [mai. a set. de 1984] Sertanista, nasceu numa aldeia Xavante em Pimentel Barbosa, filho do também sertanista Francisco Meirelles (funciondrio do antigo SPI), desde cedo acompanhava 0 pai nas frentes de atragao e trabalho nas aldeias.Autor de um projeto de descentralizacao da FUNAI, ocupou a presidéncia com o apoio do Ministro do Interior, Costa Couto, para implanta-lo e esvaziar a crise do 6rgéio.Em maio de 1986, veio o decreto alterando o Estatuto da FUNAI, criando seis superintendéncias regionais.Apoena despachou durante boa parte do mandato fora de seu gabinete na FUNA\ - preferindo uma sala no Ministério. ou as delegacias regionais -, evitando assim o confronto com o movimento dos indios em Brasilia, que continuava intenso.Distribuiu muitos recursos para contentar o lobby Xavante e reprimiu os indios hospedados em Brasilia , cancelando o contrato de hospedagem com os hotéis das cidades satélites,Apoena saiu da presidéncia do érgao alegando nao concordar com a ingeréncia do Ministro do Interior na indicagao de nomes para a superintendéncia de terras e dos 6 superintendentes regionais. Indigenista, irmao de Claudio e Orlando Villas Boas, trabalhou durante anos como delegado da funai em Bauru (SP).Sua indicagao teve grande repercussao (negativa) entre os indios que se encontravam em Brasilia (mais de 300). Mas Raoni, por exemplo, lideranga Kayapé, reuniu um grupo de indios para apéia-lo.A delegacia de Londrina, fechada por ele, foi ocupada por 120 indios que exigiam sua demissdo. Fechou a delegacia de Salvador, que fora ocupada por indios que queriam ver suas terras demarcadas.Demitiu, logo ao inicio de sua gestdo, os indigenistas empossados em cargos de confianga por Jurandy M. da Fonseca.Em seu curto mandato, reuniu contra si os funcionarios demitidos que tinham influéncia sobre algumas liderangas indigenas e sua atitude de nao negociar sob pressdo com os indios levou-o a ser demitido, Assumiu interinamente a presidéncia da FUNAI e, em meados de maio, foi ‘empossado oficialmente no cargo, apoiado pelos Xavante e pelo deputado Mario Juruna em meio a “enchente indigena” em Brasilia. Sargento reformado do exército, contador, trabalhava na FUNAI havia 14 anos, em fungdes burocraticas. Como delegado regional do érgaio em Campo Grande e Cuiaba, e diretor do DGO, na sede, em Brasilia, acumulou relagées de clientela com os Xavantes, que contribuiram para sua indicagao ao cargo, em meio a crise sucesséria que marcou 0 periodo. ‘Aquele que foi sem nunca ter sido. Ex-diretor do INCRA, foi indicado para presidir interinamente a FUNAI pelo Ministro Costa Couto, mas impedido de tomar posse por um conjunto de indios e funcionarios que fizeram uma barreira na entrada do prédio. Policial de carreira, antes de assumir a presidéncia da FUNAI havia sido chefe da assessoria de seguranga e informagao do érgao e também o superintendente da Policia Federal em Sao Paulo,Permaneceu no cargo durante 0 periodo de transigao do governo Figueiredo para 0 governo Samey, prolongado pela agonia de Tancredo Neves, no qual houve uma intensa disputa pelo cargo entre varias faccées do indigenismo, cada qual mobilizando indios em Brasilia. Advogado, foi chefe de gabinete da FUNAI nas gestées Bandeira Mello ¢ Ismarth Araiijo de Oliveira. O “release” de sua posse informava que havia nascido numa aldeia indigena e que seu pai participara da Comissdo Rondon ¢ trabalhara no SPI.Na sua gestdo, inaugura a nomeagao de indios para cargos de chefia na Funai: Marcos Terena para chefe de gabinete e Megaron (Kayapé) para diretor do Parque do Xingu. Readmitiu muitos dos indigenistas e antropélogos, excluides por Nobre da Veiga, alguns deles como seus assessores diretos e em cargos de diregéo.Em julho de 84, demite o sertanista Aivaro Villas Boas, delegado da 12a. DR, causando grande tumulto entre os indios do interior de Sao Paulo e Parana, que exigiam sua readmissao invadindo e ocupando por duas semanas a delegacia de Bauru, com grande Otavio Ferreira Lima ful. de 1983 a abr. de 1984] Paulo Mor Leal fout. de 1981 a jul. de 1983] Joao Carlos Nobre da Veiga [nov. de 1979 aout. de 1981] Adhemar Ribeiro da Silva repercussao na imprensa. Varios artigos em jornais comentavam que era o fim da velha politica indigenistas, que comegava uma nova mentalidade, uma maneira nova de agir e tratar os problemas indigenas e, principalmente, que se percebia que os indios ja nao eram mais os mesmos, o que exigia formas diferentes de relacionamento com eles. Era 0 “sopro de esperanga na FUNAT".Jurandy foi demitido em setembro de 1984. Declarou: "fui demitido porque nao assinei a portaria para regulamentar 0 decreto 88.985" (autorizando a mineragao em terras indigenas). Saiu como heréi - mas, uma semana depois, foi acusado pelo Procurador Geral da FUNAI, Irineu de Oliveira, de ter beneficiado 85 fazendeiros no Mato Grosso do Sul, com contratos de arrendamento das terras dos Kadiweu, e embolsado os Cr$ 150 milhdes referentes aos contratos. Economista funcionério do Ministério do Interior, logo que assumiu a presidéncia da FUNAI convocou as Policias Militar e Federal para impedir 0 acesso de liderangas indigenas ao seu gabinete, e suspendeu as entrevistas & imprensa. Demitiu quatro coronéis em cargos de diregao (entre eles, 0 Cel. Hausen).Na sua gestdo, foi promulgado o polémico decreto 88.985, de novembro de 1983, autorizando a entrada de empresas de mineragao em terras indigenas.Em dezembro do mesmo ano, assinou um convénio (No. 028/83) com o SIL (Summer Institute of Linguistics), para um periodo de dois anos, sujeito a prorroga¢ao.Durante uma crise na parte norte do Parque do Xingu - quando os Txucarramae interditaram a BR-080 e fizerem alguns funcionarios como reféns para obtengao de uma faixa de terra adicional -, Ferreira & demitido pelo seu desempenho desastroso como negociador. Coronel da Aeronautica, trabalhou no Conselho de Seguranga Nacional (CSN). Assumiu a presidéncia da FUNA| falando em reestruturagdo administrativa; solicitou ao Ministerio do Interior a contratacao de 4 mil novos funcionarios e afirmou que sua grande aspiragao era ver o maior ntimero possivel de indios ocupando cargos de direao da Fundacdo.Demitiu alguns militares assessores do drgao sob pressdo dos Xavantes.Assinou um convénio com o Projeto Rondon, para atendimento nas reas de satide educagao e com a Petrobras, estabelecendo normas gerais a serem observadas nos trabalhos de pesquisa ¢ lavra mineral em terras indigenas.Encomendou estudos a funcionarios do 6rgao, visando emancipagao dos Guarani (da regido sul do Pais) e Tembé (PA/ MA), com base em “critérios de indianidade”.No final de sua gestao, um decreto interministerial (No. 88.118, de 23.02.83) criou o chamado "Grupao”, para a regularizagao das terras indigenas, retirando tal atribuicao do ambito decisério da FUNAI e algando-a formaimente ao nivel ministerial e do CSN. Coronel da reserva, assume o cargo falando em “disciplina” e demitindo 39 indigenistas e antropélogos, porque haviam encaminhado carta ao Ministro do Interior com criticas a politica da FUNAI. Incrementa 0 projeto de emancipacao compulséria, criando os famosos “critérios de indianidade” e declarando que “o indio estaré emancipado em cinco geragdes"; mas recua e nao encaminha o processo ao Ministério do Interior (MINTER).Reestrutura a FUNAI para fortalecer as unidades regionais. Numa reuniao da SUDAM, afirma que "ha reservas demais”. A 15/12/1980, sai uma Portaria Interministerial (MINTER/ Min. das Minas e Energia) facilitando a exploragao mineral em terras indigenas por empresas estatais. Com base no parecer do Conselho Indigenista da FUNAI, 0 Ministro do Interior, Mario Andreazza, proibe Mario Juruna, lideranga indigena do povo Xavante, de participar do Tribunal Russel, na Holanda.Juruna lidera 40 indios que, na sede da FUNAI em Brasilia, exigem a demissao do Presidente da FUNAI e mais dois coronéis da diregao: Ivan Zanoni Hausen (DGPC) e Jose Rodriges Godinho (DGO). Engenheiro de profissao, ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER), na sua curta gestao extinguiu a COAMA (Coordenagao da Amazénia) e concedeu alvaras de pesquisa mineral na Al Waimiri-Atroari (AM). mar. a nov. de 1979} General da Reserva, antes de ser nomeado presidente havia sido Ismarth superintendente da FUNAI. Na sua posse, o Ministro do Interior, Rangel Reis, Araiijode —_anunciou “a politica de integracao em ritmo acelerado”, o que viria a Oliveira desembocar no projeto de emancipagao dos indios, contra o qual ele se opés {mar. de 1974 publicamente. Mas incrementa os chamadbs “projets de desenvolvimento amar.de _ comunitario’, dentro de uma politica de “espiritos desarmados” com 1979] antropélogos, indigenistas e missionarios. Na sua gestéo, aumentam substancialmente as demarcagées de Terras Indigenas. General da Reserva, ex-chefe da Divisio de Seguranga e informagao da FUNAI e ex-agente do SNI, participou do inquérito que extinguiu o SPI. Na sua gestéo, consolidou-se a politica da FUNAI atrelada ao binémio “seguranca e desenvolvimento”, que marcou o periodo mais duro do regime autoritario - 0 governo Médici. Seu lema era: “Integrar os indios rapidamente”, sobretudo para que nao obstaculizassem a ocupagao e colonizacao da Amazénia, em Oscar consonancia com o Ministro do Interior, Costa Cavalcante, que anunciou o “boi Jeronymo M0 grande bandeirante da década’. No bojo do Plano de Integragao Bandara de Nacional, langado em 1970, estabeleceu um convenio com a SUDAM “para Mello pacificar 30 grupos arredios” ao longo da Transamazénica. Participou de um jun. de 1970 a ChutTasco com fazendeiros na abertura da BR-080, rodovia que cortou 0 norte mar de 1974] 00 Parque do Xingu e exclulu boa parte do territério dos indios Txukarramée (sub-grupo Kayapé).Durante sua gestao, foi promulgado o Estatuto do Indio, aprovado pelo Congresso Nacional, e criada, na FUNAI, a Divisdo de Desenvolvimento Comunitario (subordinada a Coordenagao de Programas de Desenvolvimento de Comunidades, do Ministério do Interior). Relacionada a essa divisdo desenvolvimentista e integracionista das populagées indigenas, reintroduziu a chamada “renda indigena’, conceito chave para viabilizar 0 projeto de “emancipagao econémica” dos grupos indigenas. Coordenou a implantagao do érgao, tendo que se defrontar — juntamente com © Ministro do Interior, Gal. Albuquerque Lima — com a avalanche de dentincias. de genocidio contra o governo no exterior, sobretudo a partir da divulgagao do Relatério Jader Figueiredo (marco de 1968), que trazia os resultados de uma José de devassa no SPI (Servigo de Protegao aos Indios, érgao governamental Queiroz antecessor 4 FUNAI).Na sua gestao, foram ampliada a area do Parque do Campos Xingu e criados outros trés parques indigenas. Criou a GRIN, Guarda Rural Indigena, transformando indios em policiais nas suas préprias aldeias. Assinou convénio com o SIL (Summer Institute of Linguistics) em 1969 e, no mesmo ano, realizou o 10. Simpésio FUNAI - Missdes Religiosas.Jornalista de profisso, escreveu livros a respeito de fatos ocorridos na sua gestdo (como a famosa expedicao do Pe. Calleri, chacinada durante as tentativas de contatar ‘0s WaimiriAtroari, no Amazonas), mas que nunca chegou a publicar, por recomendagao dos érgaos de seguranga. [dez. de 1967 a jun. de 1970] Enderegos da FUNAI na web = Pagina oficial - http://www funai.gov.br/ Realizacao igs Instituto | Sh Socioambiental Nossos sites MIKIM

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