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9 vrueasso 3 suekilbeielos andivjiduo ¥ SOGIEdade ye ICU LUT a) Introdu¢ao ‘Ao estudarmos © primeiro capitulo deste caderno, vimos que foco da Psicologia Social é estudar o comportamento de individuos no que ele ¢ influen- ciado socialmente. Estudamos que nés nos tornamos sociais quando nascemos, ov até mesmo antes, devido nossas condigdes histéricas. Mas como isso acontece? Em todos os momentos da nossa vida, diante da nossa formasao filogenética @ ontogenética, somos influenciados pelos meios sociais. Entéo, néo podemos dizer que o homem é um ser isolado. Somos seres individualizados e, ao mesmo tempo, coletivos, somos influenciados pela sociedade a partir das relages cultu- rais. Por isso, estudar o processo de socializasao, os agentes socializadores e a cultura e 0 conceito de identidade social é de fundamental importéncia para vocé compreender os problemas sociais que ocorrem atualmente na nossa sociedade. EnlGo, convido vocé a conhecer um pouco mais sobre nés mesmos! © propé- sito deste capitulo é levérlo a compreender a relasao indissociavel entre indi- Viduo, sociedade e cultura; e a entender o que é identidade social, a partir do processo de socializagao do individuo Para que vocé tenha um excelente éxito, especialmente neste capitulo, é preciso ter nocao do que foi apresentado anteriormente, especificadamente o objeto de estudo da Psicologia Social, a partir de uma perspectiva histérico-so- cial, visto que ela 6 uma ciéncia que se preocupa em estudar a interagao social que envolve 0 pensamento que também é social. Caso ainda tenha dovidas sobre esse assunto, sugerimos que retome aos nossos estudos do capitulo um, e que faga uma pesquisa na internet sobre esse assunto no sitio A compreensio desses conceitos 6 importante, pois neste estudo, comesaremos a ampliar nossas discusses a respeito da temética e perceberemos que, desde que somos concebidos, interagimos movidos por uma inadidvel necessidade humana, Para compreender o porqué dessa necessidade, deveremos estudar os agentes socializadores que contribuem para o nosso processo de socializagao e formagéo da personalidade, bem o conceilo de identidade social, 2.1 O individuo: ser social Cada individuo, ao nascer, segundo Strey (2002, p. 59), “encontra-se num sistema social criado através de geragées jd existentes e que é assimilado por UNITINS « SeRVICO SOCIAL « 4° PER‘on0 125 meio de interrelagées sociais". © homem, desde seus primérdios, é conside- rado um ser de relagées sociais, que incorpora normas, valores vigentes na familia, em seus pares, na sociedade. Assim, a formasao da personalidade do ser humano é decorrenle, segundo Savoia (1989, p. 54), “de um proceso de socializasao, no qual intervém fatores inatos e adquiridos”. Entende-se, por fatores inatos, aquilo que herdamos geneticamente dos nossos familiares, © os fatores adquiridos provém da natureza social e cultural Fi Lembrese: personalidade & um somatério sincrético, resultant da ago dos fotores hereditérios/gendticos (constivigae Fisica, caracleres morfolégicos & fisico-quimicos} e dos ambientais (ineragao entre as pessoas e o mundo, que envolve os habitos, valores, capacidades, aspiragdes, ele), ov seja, diz res peito & “lolaidade daquilo que somos" (PISANI, 1996, p. 14). Enid, a nos sa personalidad é reconhecida diante do papel que nés representamos, por meio das nossas ages, E as nossas condutas & produto de socializago. — © homem 6 um animal que depende de interagéio para receber afeto, cvidados e até mesmo para se manter vivo. Somos animais sociais, pois o fato de ouvir, tocar, sentir, ver o outro fazem parte da nossa natureza social. © ser humano precisa se relacionar com os outros por diversos motives: por necessi- dade de se comunicar, de aprender, de ensinar, de dizer que ama o seu préximo, de exigir melhores condigées de vido, bem como de melhorar 0 seu ambiente exlerno, de expressar seus desejos e vontades. Essas relages que vao se efetivando entre individuos e individves, individuos e grupos, grupos e grupos, individuo e organizasao, organizagéio-organizaséio, surgem por meio de necessidades especificas, identificadas por cada um, de acordo com seu interesse. Vivemos em diversos grupos (familiares, de vizinho, de amigos, de trabalho) nos quais interagimos e crescemos, Os mais diversos grupos sociais influenciam na vida do individvo. O individvo tem, para si, claras as caracteristicas que 0 diferencia dos demais, como seus fatores biolégicos, sev corpo fisico, seus tragos, sua psiqué que envolve emocées, sentimentos, voligdes, temperamento. Todavia, o individuo, como objeto de estudo da psicologia social e da sociologia, considerado, segundo Ramos (2003, p. 238), da seguinte maneira: individvo dentro dos seus padrdes sociais, vive em sociedade, como membro do grupo, como “pessoa’, como “socius”. A prépria consciéncia da sua individvalidade, ele a adquire como membro 126 + pralono - stavico SOCIAL » UNITINS do grupo social, visto que 6 determinada pelas relagées entre 0 “eu" © 0s “oulros”, entre o grupo interno e © grupo externo. ——_—_—__=_= Enfende-se por grupos internos o grupo de familia, da escola. Sao os grv pos de igualdade de atitudes, de opiniges. J os grupos externos correspon- dem a grupos no qual néio pertencemos, como por exemplo, as familias que passam nas ruas, que encontramos em clubes sociais e esportivos, ete. ST Entéo, quando estudamos sobre o individuo, percebemos a forma como ele organiza 0 seu pensamento, seu comportamento. Assim, iremos concluir que essa construgéo e organizaséo ocorrem, a partir do contato que tem com o outro. Por isso, temos a necessidade de estudar nao sé o individuo enquanto ser social, mas este influenciado por padrées culturais diante da sociedade em que vive, pois a cultura fornece regras especificas. Assim, para compreendermos 0 individuo e a sociedade, precisamos entender a cultura & qual pertencemos 2.1.2 Cultura © iindividvo, enquanto ser particular e social, desenvolve-se em um contexto multicultural, em que temos regras, padrées, crengas, valores, identidades muito diferenciadas. Assim, a cultura torna-se um processo de “intereéimbio" entre indi- viduos, grupos e sociedades. A partir do momento em que faz uso da linguagem, o individuo se encontra ‘em um processo cultural, que, por meio de simbolos, reproduz o contexto cultural que vivencia. Strey (2002) aponta que o individvo tanto cria como mantém a sua cultura presente na sociedade. Cada sociedade humana fem a sua prépria cultura, caracteristica expressa e identificada pelo comportamento do individuo. Segundo Strey (2002, p. 58}, “o homem é também um animal, mas um animal que difere dos outros por ser cultural”. Para ele, a cultura refere-se ao conjunto de habitos, regras sociais, intuigdes, tipos de relacionamento interpessoal de um determinado grupo, aprendidos no contexto das atividades grupais. Assim, nao podemos considerar @ cultura como algo isolado, mas como um conjunto, integrado de caracteristicas comportamentais aprendidas. Essas caracteristicas so manifestadas pelos svjeitos de uma sociedade e compart Ihadas por todos. Com isso, a cultura refere-se ao modo de vida total de um grupo humano, compreendendo seus elementos naturais, néo naturais e ideolé- gicos. Segundo Ramos (2003, p. 265], “as culturas penetram o individvo [,..] da mesma forma que as insiluigdes sociais determinam esiruturas psicolégicas [...] ‘© homem pensa e age dentro do seu ciclo de cutura” UNITINS « SeRVICO SOCIAL « 4° PERIOD 127 Parlindo desses principios, devemos considerar o individuo como sujeito ative no contexto cultural. Ele tem a liberdade de tomar decisées, por meio de novas interprelacdes. Ele recebe a informagao e consi, crialiva e coletivamente, um processo cultural voltado & época histérica atual que vivencia. Ele mesmo cons: Irdi suas regras, por meio das atividades coletivas, podendo alteré-las, da mesma forma que 6 afetado por elas. Podemos considerar a cultura como uma heranga social, que é transmitida por ensinamento a cada nova geragao, Portanto, devemos conhecer a realidade cultural do individuo para compre- ender suas praticas, costumes, concepsies ¢ as transformagées que ocorrem na sua vida. E é nessa realidade sociocultural que o individuo se socializa, Sua personalidade, suas atitudes, opinides se formam a partir dessas relagdes sécio- cultural, em que controla e planeja suas préprias atividades. Assim, Savoia (1989, p. 55) garante que “o processo de socializacéo consiste em uma aprendizagem social, através da qual aprendemos compor lamentos sociais considerados adequados ou ndo e que molivam os membros da prépria sociedade a nos elogiar ou a nos punir”. Daf a necessidade de estu- darmos os agentes socializados do processo de socializogéo. Veja! 2.2 Agentes socializadores do processo de socializacao Bom! Vimos que nés fazemos parte de diversos grupos sociais e que 6 por meio desses grupos que 0 nosso proceso de socializagéio ocorre. Temos, entéo, como agentes socializadores, de acordo com Savoia (1989), trés grupos: a familia, a escola (agentes basicos} e os meios de comunicagdo em massa © primeiro contato que o ser humano tem, ao nascer, 6 a familia: primeira- mente, com a mae, por meio dos cvidados fisicos e afetivos, e, paralelamente, com © pai e 0s irmaos, que transmitem atitudes, crengas e valores que influenciardo no seu desenvolvimento psicossocial. Num segundo momento, tem a interferéncia da escola, Geralmente, nessa fase, o individvo j traz consigo referéncias de compor tamentos, de orientagdo pessoal bésica, devido ao contato inicial com a fami Jé os meios de comunicagéo em massa sao considerados como agente socializador, diante das inovacdes tecnolégicas na atualidade histérica, porém nem sempre eles tém consciéncia do seu papel no processo de socializagao na formacéo da personalidade do individuo. Na familia ¢ na escola, existe uma relasdo diddtica e, com a TY, a relagdo é diferente, visto que a comunicagao é direta e impessoal (SAVOIA, 1989) © processo de socializagéo ocorre durante toda a vida do individvo (SAVOIA, 1989); por isso, esse processo é dividido em etapas: + socializasdo priméria: ocorre na infancia com os agentes socializadores citados anteriormente, que exercem uma influéncia significativa na formagdo da personalidade social; 128 4 praiovo « seRvico SOCIAL « UNITINS, + socializasio secundaria: ocorre na idade adulta. Geralmente, nessa etapa, o individuo jd se encontra com sua personalidade relativamente formada, o que caracteriza certa estabilidade de comportamento. Isso faz com que a agdo dos agentes seja mais superficial, mas abalos estru- turais podem ocorrer, gerando crises pessoais mais ou menos intensas. Nesse momento, surgem outros grupos que se tornam agentes socializa- dores, como grupo do trabalho; + socializaséio tercidria: ocorre na velhice. Pela propria fase de vida, 0 individuo pode softer crises pessoais, haja vista que o mundo social do idoso muitas vezes se forna restrito (deixa de pertencer a alguns grupos sociais) € monétono. Nessa fase, o individvo pode sofrer uma dessocia- lizagéo, em decorréncia das alteragées que ocorrem, em relagdo a crité rios e valores. E, concomitantemente, o individuo, nesta fase, comega um novo proceso de aprendizagem social para as possiveis adaptagées a nova fase da vida, 0 que implica em uma ressocializagéo. Todo esse processo de socializagéio que os seres humanos vivenciam esti ligado cultura do individuo, como também a uma estruturaséio de comporlamentos, & medida que aprendemos e os internalizamos. Essa estruturagio e alribuigao de significados ocorrem por meio da interagao com os outros. Isso faz com que crie- ‘amos expectativas sobre esses comportamentos diante do grupo social, desenvol vendo papéis sociais, pois 0 processo de socializagao pode ser visto também como um proceso pelo qual cada individuo configura seu conjunto de papéis. 2.2.1 Papéis sociais Ao nascer, jd temos alguns papéis prescritos como idade, sexo ou posigéo familiar. A medida que adquirimos novas experiéncias, ampliando nossas rela- 8es, vamos nos transformando, adquirindo oulros papéis que so definidos pela sociedade e cultura (SAVOIA, 1989). Em cada grupo no qual relacionamos, deparamo-nos com normas que conduzem as relagées entre as pessoas, algumas ‘so mais sutis, outras mais rigidas. Sao essas normas que caracterizam essencial- mente 0s papéis sociais e que produzem as relagées sociais (LANE, 2006). , Quais so 0s papéis que voc’ adquiriu ao longo da sua histéria de vida? Vocé é a mesma pessoas de quando naxceu? Fazer uma resrospectiva da sua histéria pode ajudar a voeé a elucidar essas questées, além de reconhecer sua trajetéria de vida, suas experiéncias que foram importantes no seu process. de socializagao e formagao da personalidade. Perceberé que, ao longo do fempo, adquiru varios papéis sociais, com novas responsabilidades também sociais, como por exemplo: os papéis profissionais, os papéis de estudante. —— UNITINS « SeRVICO SOCIAL « 4 PERIOD 129 Entende-se que os papéis que adquirimos nas nossas experiéncias e relagdes Vo designar o modelo de comportamento que caracieriza nosso lugar na socie- dade. Esses papéis podem ser objetivos ov subjetivos. Em relacdo a isso, Savoia (1989, p. 57) assevera que ‘Outro aspecto do papel social é que ele pode ser objetivo - aquilo que 08 outros esperam de nés, ov subjetivo -, como cada indi: viduo assume os papéis de modo mais ou menos fiel aos modelos vigentes na sociedade. Quando esses dois aspectos nao cain. cidem, podem transformar-se em obstaculo na interacao social, Iss0 significa que a objetividade e a subjetividade configuram-se como um processo dialético de desenvolvimento da configuracao social, dinamico, ¢ esté em constante interagdo na vida do individvo, como ser histérico, capaz de promover Iransformagées sociais, visto que o desempenho do papel nunca é solitério. Porque desempenhamos varios papéis sociais (de filhalo), pai ou mae, patrao ou empregado), estes podem se cruzar por meio de uma sitvacao divergente gerando conflito de papéis. Essas incompatibilidades podem ocorrer por diferentes motivos, como, por exemplo, o conflito de valores, que Pisani (1996, p. 140) cite “um cienlista pode perceber que seus valores religiosos no se coadunam com a experiéncia de laboratério que precisa desenvolver”. O que se percebe 6 que o conflito de papéis pode variar quanto & intensidade, diante da importéncia que se dé a cada papel de conflito, 0 que pode provocar perturbagSes na pessoa Além disso, dependendo do papel que o individuo exerce, ele adquire um lugar na sociedade que & denominado de status, que, juntamente com os papéis sociais, determinam sua posi¢ao social (PISANI, 1996). Entéo, papel é 0 compor lamento, a ago, enquanto que o status 6 0 prestigio que se adquire. Savoia (1989, p. 60) afirma que “o papel é 0 comportamento que os outros esperam de nés e 0 status 6 0 que acreditamos ser”. Nesse sentido, os papéis que desempe- nhamos e os status que acreditamos ter, diante da sociedade, explicam nossa ind Vidvalidade, nossa identidade social e consciéncia de-simesmo que adquirimos, a partir das nossas relagdes sociais. Assunto esse que abordaremos a seguir. 2.3 Identidade social e consciéncia de si mesmo Se alguém perguntar a vocé sobre quem é vocé, © que responderia? E se pergunlassem sobre a sua identidade, como a definiria? rs Procure responder esses questionamentos, antes de dar continuidade a leitura do capitulo. E af? Parou para pensar? Agora pergunto: j@ nascemos com a nossa identidade definida? Se procurar responder esses questionamentos, vocé perceberé que nao é tao simples respondé-los. Existem varios 130. 4 praiovo « scRvico SOCIAL « UNITINS, fatores que precisamos discutir e conhecer, Entéio, vamos mergulhar nessas paginas que nos ajudaréio nao somente a compreender os outros, mas a nds mesmos. Vamos |é! Dar a resposta de “quem sou ev” é fazer uma representagao da nossa identidade. Mas 6 preciso analisar como se dé esse processo. Muitas vezes, tendenciamos responder a esse questionamento, falando das nossas caracte- risticas fisicas, sexo, caracteristicas da personalidade, signo, idade, profissao, lc. Enléo, para entendermos esse proceso de auloconhecimento, a psico- logia construiu © conceito de identidade, que para Sawaia (2006, p. 121) fem “valor fundamental da modernidade e é tema recorrente nas anélises dos problemas sociais” Quando pensamos em conceito de identidade, logo pensamos em imagens, representacées, conceito de si mesmo, como se 0 individuo se reco- nhecesse identificando tragos, imagens, sentimentos, como parte dele mesmo Mas esse conceito 6 produzido a partir das relagSes que mantemos com os outros (LANE, 2006) A partir do momento em que reconheso 0 outro, reconheso a mim mesmo como um ser Unico particular. Essa diferencias&io geralmente ocorre com a mae, que € 0 primeiro “outro” com quem temos contato, Nesse momento, por meio das relagdes, comegamos a construir nossa identidade. E, & medida que adqui- rimos novas experiéncias ampliando nossas relages sociais, vamos nos transfor- mando, adquirindo novos papéis. Entéo a identidade 6 algo mutével em permanente transformagéio. & um processo que se da desde 0 nascimento do ser humano alé sua morte. Por isso, podemos dizer que a nossa identidade esté em constante mudanga. Lane (2006, p. 22) enfatiza que “apenas quando formos capazes de [...] encontrar razdes histéricas da nossa sociedade e do nosso grupo social que explicam por que agimos hoje da forma como o fazemos & que estaremos desenvolvendo a cons- cigncia de nés mesmos". Isso nos faz entender que a consciéncia de si pode alterar a identidade social, na medida em que interrogamos os papéis que desempenhamos e suas fungdes histéricas (LANE, 2006). Essa consciéncia 6 reconhecer quem sou ev enquanto individve, enquanto integrante de um grupo social, a partir das relagdes do meu ser social. [ss0 s6 serd possivel, a partir do momento em que tenho “outro” como referéncia. Sawaia (2006) afirma que essa consciéncia néo pode ser consciéncia “em si", mas para si e para o outro, E Myers (2000) reafirma isso, quando diz que 0 autoconceito que o indi- vidvo adquire de si mesmo decorre das experiéncias sociais vivenciadas, que influem no papel que ele desempenha nos julgamentos sobre si e sobre outras pessoas e as diversidades culturais. Nesse sentido, percebemos que a cons- trusao da nossa identidade se da por meio das relagdes sociais, dos papéis que desenvolvemos Rvico sociaL + 4*periona 131 Para aprofundar um pouco mais a respeito dessa temética, acesse o endere- 0 online: 6 [ei o artigo: Identidades: quesises conceituais e contexivais. Esse arligo raz um didlogo teérico realizado por uma discente do curso de Psicologia e uma docente do Departamento de Psicologia Social e Insttucional da Univer sidade Estadual de Londrina, promovendo uma discussao a respeito da con- cepsao da identidade ao longo da historia, como uma construgo social, \ iindividvo consti a sua histéria, como um ser individualizado e, ao mesmo tempo, social. Esse processo de transformasao pode trazer angistia, dividas © que pode gerar uma crise de identidade, diante da contradigao que o individvo vive, entre a necessidade de se padronizar para ser aceilo em um grupo e a necessidade de se destacar como unico (SAWAIA, 2006). Essa crise é geralmente percebida na transigo da infancia para a adolescéncia, em que o individuo passa por diversas transformasées tanto fisicas, como psicolégicas e sociais. Mas isso pode ser supe- rado a partir da tomada de consciéncia e das relasées que mantém com o outro. A objetividade e subjetividade so fundamentais para o processo de cons- trugéio da nossa identidade. A experigncia humana se objetiva na realidade criando singularidades (hébitos, tradigo} e as insttuigées sao subjetivadas, por meio da introjegao pela socializagéo. A psicologia social critica busca a compreensto da relaséo individual ~ social, por meio dessa interac individuo/sociedade, visto que a identidade do individuo se dé por meio dessa relasao, considerando 0 individuo com a sua histéria particular como um ser de transformagées A atividade do individuo é a sua realizag&o concreta, e a expresso da sua subjetividade diante da definicéio papeis exercidos por ele. Ela & subjetiva (envolve afeto de um eu individual} objetiva (contato com o mundo exterior} Nesse processo o individuo consirdi o sev mundo, da mesma forma que constréi a si mesmo, sua identidade, suas relagdes, suas experiéncias vivenciadas. Para finalizar este capitulo, 6 importante que vocé tenha compreendido que 1nés construimos 0 nosso “eu, « partir do contexto social e cultural e que nés somos formados pelo processo de aprendizagem e de socializagao, pela consciéncia coletiva. © jeito como vocé se expressa, comunica, anda reflete o contexto social que vive ou que viveu. As interagées sociais que estabelecemos sao denominadas pela cultura existente. Entdo, podemos compreender que, por meio do estudo do processo de socializagéo, poderemos entender os fendmenos pricossociais do individuo e da cultura presente na sua histéria. Mas, também temos que lembrar 132. praiovo « seRVIGO SOCIAL « UNITINS, que 0s padres comportamentais e as normas geralmente néo se aplicam a todos 08 sujeitos de uma mesma sociedade. Essas diferenciagées estéio vinculadas ao sexo, & idade, s caracteristicas individuais, &s necessidades de cada individvo, aos subgrupos internos em toda sociedade. Cada cultura registra o individvo, com a sua marca. Iss0 0 influencia na estruturagdo da sua personalidade que 6 decorrente de uma combinagéo orgénica, dos padrées de sua cultura e de suas oxperiéncias individuais em contato com 0 mundo fisico e social, como também influencia na sva identidade social. Contudo, o individuo um ser Unico, possuidor da sua individualidade, porém, modelado pela cultura, pela sociedade que vive. Bom, vocé j@ conhece come o individvo se socializa, mas néo podemos parar por ai. Temos muito, ainda, a saber sobre a influéncia do ambiente social sobre os nossos comportamentos e atitudes. Entéio, no préximo capitulo, estuda- remos © quanto o ambiente social é importante no nosso processo de aprendi- zagem e de socializagao, visto que essas influéncias podem ser favordveis ou desfavoréveis para 0 desenvolvimento humano. Até [él Resumo Vimos, neste capitulo, que o ser humano, na verdade, é fruto das relacées sociais. Ao mesmo tempo em que ele é individual, 6 também coletivo, pois vive ‘em um processo constante de transformasao, desde o nascimento até sua morte, por meio de interagées grupais (familia, vizinho, trabalho), sendo inflvenciados por padrées culturais, A cultura fornece regras, padrées, crengas, etc., que sao aprendidas no contexto das atividades grupais. Entéo, é a partir dessa realidade séciohistérica que nos socializamos. Por isso, também estudamos os agentes socializadores do processo de socializagéio que s60: familia, a escola e os meios de comunicagio em massa. E a medida que nos socializamos, que ampliamos nossas relagées, vamos também adquirindo novos papeis sociais e status que determinam nossa posigéo social na sociedade. A partir da compreensdo desses fendmenos sociais, lemos condigdes de explicar por que somos do jeito que somos e entender a nossa identidade social. Mas vimos que tudo isso depende da capacidade de termos consciéncia de simesmo, que também adquirimos, parlir das relagées sociais e dos papeis que desenvolvemos Atividades 1. Comente a frase a seguir, com argumentos teéricos, a partir do que foi estu- dado no capitulo 1 desta apostila “O individuo & um ser inseparével da sua cultura e da sociedade em que vive" Lembre-se: escreva sua resposta e socialize com os colegas; por meio da web-in- leratividade compariilhe suas consideragdes com os professores da disciplina UNITINS « SeRVICO SOCIAL « 4° pER/oD0 133 2. Analise os afirmativas que seguem, relativas aos agentes socializadores do processo de socializagaio I. O processo de socializagéo ocorre alé a fase adulta Il. Os agentes socializadores so: a familia, a escola e os meios de comu- nicagao em massa. II Os agentes socializadores que mais exercem influéncia na formagao da personalidade social sao os agentes bésicos. IV. Os meios de comunicagao de massa tém medida do aleance do seu papel no processo de socializago e na formasao da personalidade do individuo. Esto corretas, apenas, as afirmativas a} tell 4 tell b) lel d) illelV 3. Analise as afirmasées a seguir. Os papéis sociais que o individuo desempenha e os status que ele acredita ter diante da sociedade explicam a individvalidade do individvo, a sua identidade e a consciéncia de si mesmo. PORQUE Os papéis que o individuo adquire nas suas experiéncias e nas relades vaio designar o modelo de comportamento que caracleriza o seu lugar na socie- dade juntamente com 0s stalus que ele também adquire e que determina sua posigdo social Asse respeito, & possivel concluir que @} as dvas afirmagées so verdadeiras, e a segunda justifica a primeira b) as duas afirmacées sGo verdadeiras, ¢ a segunda nao jusiifica @ primeira <) a primeira afirmaséo é verdadeira, e a segunda é falsa 4d) a primeira ofitmagao é falsa, ¢ a segunda é verdadeira 4. A psicologia construiu © conceito de identidade que tem valor fundamental da modernidade ¢ é lema recorrente nas andlises dos problemas sociais, pois a identidade a) algo imutavel, mas importante para a compreensdo dos comportamentos. humanos b)_um processo isolado das agées coletivas que o individuo mantém com o meio em que vive. 134 © cxiovo

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