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mld Conceito de Normalidade em Psicopatologia s9insiz0zs, 19:12 Conceito de Normalidade em Psicopatologia Objetivos da aula: cultural da construgao dos conceitos de normalidade e T Analisar o significado e a determinagao histérica e patologia. Diferenciar, abordagem psicoldgica e abordagem. psicopatoldgica, em relagao ao sofrimento mental. Palavras-chave: No decorrer da histéria da humanidade e da sociedade em geral, com o despertar do senso critico para os fenémenos sociais e as divergéncias exibidas de um ser humano para outro, muitas pessoas se atentaram para a necessidade de identificagdo e enquadramento das pessoas, tendo como base seus comportamentos e desenvolvimento de agdes diante das situagées cotidianas, em categorias que as definissem como pessoas normais ou com algum tipo de patologia © portador de um defeito fisico congénito, um invertido sexual, um diabético, um esquizofrénico levanta inumerdveis problemas que remetem, em Ultima analise, ao conjunto das pesquisas anatémicas, embriolégicas, fisiolégicas, psicolégicas (CANGUILEM, 2009, p10). ntps:ifava.catoica.edubrid2Ile/enhancedSequence Viewer!72907 7url=htips%43A%2F%2F21 1eSf77-18c8-4267-a7d8-0678196c87Ad,sequences.... 2/8 s9insiz0zs, 19:12 Conceito de Normalidade em Psicopatologia Critérios cada vez mais rigorosos foram por diversas tentativas definidos para estabelecer critérios que diferenciassem de maneira direta e inequivoca o que deveria se enquadrar como patologia e como normalidade. Porém, tais definicdes foram frustradas, 0 que levou a criacdo de diversos conceitos para o que seria considerado “normal” ou “patolégico" E importante observar que alguns estudiosos consideram o estabelecimento da diferenciagao entra normal e patolégico um equivoco, ou simplesmente um processo desnecessario tendo em vista que as normas da vida em si sdo compostas de anomalias e sao ditadas por elementos capazes de se modificar, ou seja, ndo deveriam ser pré-determinados, Na Grécia Antiga sob influencia de pensamentos hipocraticos o entendimento do conceito de doenga era associado 2 uma concep¢ao dinamica. Acreditave-se que associado satide estaria a harmonia e as condigdes de equilibrio, ja associado as doengas tinham condigées foram de harmonia, ou seja, com perturbagées, quaisquer que fossem elas. O desequilibrio, porém, era considerado n&o como um fator disfuncional, mas como um fenémeno necessario e induzido pela prépria natureza para 0 restabelecimento da satide, ou seja, da harmonia e equilibrio. A doenga, segundo 0 autor Canguilhem (2009), pode ser considerada como um fenémeno reacional que objetiva a busca da cura A natureza (physis), tanto no homem como fora dele, é harmonia e equilibrio. A perturbagao desse equilibrio, dessa harmonia, ¢ a doenga Nesse caso, a doenga nao esté em alguma parte do homem. Esta em todo o homem e é toda dele (CANGUILEM, 2009, p.12). Sob as perspectivas de Comte e Broussais a doencga associasse nos elementos considerados excedentes ou em falta e que causam, dessa forma, excitagdes a0 respectivo corpo. Nesse caso, a doenga seria dada a partir de variagdes na intensidade dos estimulos necessarios para a conservacao do cenério saudavel Para Claude Bernard 0 que se considera doenga consiste apenas em uma fungéo norma subjacente e perturbada a qual ocorre quando necesséria para a recuperacdo do estado saudavel, que demanda, por sua vez, 0 entendimento daquilo que fisiologicamente seria considerado como fungao normal. Segundo Canguilhem (2009) & no Patolégico, com letra maitiscula, que se decifra o ensinamento da satide. Leriche, por sua vez, considera doenga uma perturbacao e a satide como sendo a vida que se manifesta silenciosamente nos érgios. De uma nogao ampla e geral, o que identificasse é 0 fato de que a satide e a doenga se relacionam, mesmo sendo considerados elementos antagénicos, com variagdes da fisiologia corporal do ser. ntps:ifava.catoica.edubrld2Ile/enhancedSequenceViewer!72907 url-htips%43A%2F%2F2'1cS177-18c8-4267-a7dB-0678196c87Ad, sequences... 3/8 s9insiz0zs, 19:12 Conceito de Normalidade em Psicopatologia No campo da psicopatologia, todavia, essa Ultima forma de distingio de satide e doenga nao é eficiente, tendo em vista que 0 conhecimento da fisiologia dos processos mentais ndo se dé de maneira sistematica e bem explorada como para a fisiologia corporal e tendo base também no fato que a regiao fronteira entre o que se considera normal e anormal é composta por uma linha bastante ténue. Essa ideia remete a Legache, quando ele afirrna que nao necessariamente 0 que se tem como desorganizacao mérbida seja o inverso do que seria normal, sabendo-se que podem ocorrer estados patolégicos sem correspondéncias com o estado normal. © termo patolégico origina-se de pathos que significa sentimento de sofrimento e de impoténcia. De acordo com Canguilhem (2003), neste sentido, o que se considera patolégico pode ser considerado como anormal, no entanto, tudo aquilo que anormal, no necessariamente é patolégico, tendo em vista 0 contexto adaptativo ao qual o elemento anormal pode ser submetido. Tal pensamento remete a grande dificuldade que se apresenta quando se tenta definir e identificar o ponto exato em que normal, anormal e patolégico se relacionam De acordo com Ajuriaguerra e Marcelli (1986) a normalidade deve ser baseada na anélise de quatro pespectivas: satide-doenca; média estatistica; normal enquanto ideal; e normal como processo dinamico. Tomar uma definigao estatica para a nogdo de satide e doenga ndo condiz com a realidade atual, tendo em vista que nao necessariamente 0 fato néo se perceberem sintomas de doengas o ser estaré saudavel e esse pensamento estatico corresponderia a ideia de que a auséncia de sintomas enquadraria o individuo como normal. E ainda, nao se consideraria o fato de que doengas podem surgir em diversas fases da vida, ndo sendo a satide um fendmeno definitive e ilimitado para o ser. Enquanto média, o normal nao considera os elernentos culturais que pressionam o individuo, Uma vez associado a um grupo, uma pessoa, sob o olhar geral, deveria apresentar caracteristicas equivalentes ao grupo na sociedade. Condutas que desviam as caracteristicas do individuo em relac3o ao grupo do qual, em tese, faz parte, o enquadrariam como anormal. “Todos os que, de alguma forma, transcendessem os limites do conformismo social ou da capacidade intelectual, por exemplo, seriam anormais." (AJURIAGUERRA; MARCELLI, 1986). Em termos de frequéncia estatistica relativa, de acorde com Canguilhem (2009), a definigéo de normal e o anormal poderia considerar © patolégico como um estado normal, tendo em vista que a satide perfeita dos individuos ocorre com uma baixa frequéncia, podendo ser considerada assim como um estado anormal A identificagao do que seria considerado normal, dessa forma, demanda a defini¢go sistemitica de valores padrao do que seria identificado como normal e nesse caso, 0 elemento central da definigao da normalidade iria fazer mudar, de acordo com as necessidades de tal, todos os elementos considerados pardmetros para a defini¢ao de tal normalidade, ou seja, observe a exemplificacdo apresentada pelo autor a seguir: bitpssiava,catolica.edubridefenhancedSequence Vlewer!72307 Purl itips%e3A%K2F'H2F2 1c9177-18e9-4267-a7d8-D67B 1SccS7Ad.sequences.... 48 s9insiz0zs, 19:12 Conceito de Normalidade em Psicopatologia Caso 0 ideal fosse um grupo social, voltariamos & nogdo da norma estatistica, j4 que todos teriam de enquadrar-se no modelo de tal grupo; caso 0 sistema de valores ideal fosse pessoal, cada individuo possuiria sua prépria definicao de normalidade, 0 que torna intitil 0 conceito (AJURIAGUERRA; MARCELLI, 1986). Finalmente, pela perspectiva dinamica, ¢ considerada a capacidade de retomada do estado de equilbrio existente em um periodo antecessor ao aparecimento da doenca, sugerindo-se a execucao de um processo adaptativo a tal condigao. Para Bergeret (1996) 0 normal pode ser entendido de acordo com a disponibilidade exibida pelo individuo em superar as dificuldades externas e internas, mesmo em situagdes que tenha se comportado fora da normalidade. De acordo com a visdo de Freud, no entanto: «no existe uma solugéo de continuidade entre o “normal” e o “neurético”. O que pode ser diferenciado entre eles é apenas 0 uso e a flexibilidade de mecanismos que parecem ser os mesmos em ambos os casos (DELATORRE et al,, 2011, 320). De acordo, pois com Delatorre (2011) tem-se que para todas as possiveis classificagdes, em nenhum é possivel encontrar uma explicacdo completamente adequada para os fendmenos relacionados nos diferentes estados psicolégicos. E, pois, importante considerar conjuntamente os aspectos fisiolégicos, psicolégicos e dinamicos do sujeito, Ao contrério, tentar definir fazendo uso apenas de um desses fatores torna a anélise simplista ao ponto de ignorer a complexidade do ser humano. Ainda de acordo com Delatorre (2071) em psicopatologia, em relagao @ questao estrutural, a estrutura pode ser definida como “aquilo que, em um estado psiquico mérbido ou nao, é constituido por elementos metapsicolégicos profundos e fundamentais da personalidade, fixados em um conjunto estavel e definitivo" (DELATORRE, 2011; BERGERET, 1996, p. 51). Assim, entende-se que o individuo considerado normal deve estar em condigées bem definidas por todos os critérios de normalidade e assim ser passivel de sujeitar-se 8s obrigagées e deveres de ordem social, filoséfica, satide e moral, ¢ desvios nesses fatores caracterizam a quebra da homeostase significando uma anormalidade ou patologia. Jé 0 considerado anormal, sob a perspectiva psiquiatrica, tem seus direitos limitados, néo sendo capaz de responder por seus prdprios atos. ntps:ifava.catolica.edubrld2le/enhancedSequence Viewer!72907 urI=htips%&3A%2F %2F21 1cSf77-18c8-4267-a748-067813cc574d, sequences. 518 s9insiz0zs, 19:12 m Psicopatologia SAIBA MAIS Retest eRe la a rela ao Mo Rs Re eR Ua cocoa) Clea set NAT Ns MR ao so Coals (eo) on OMe Meee MM RECT Mae os Oat (Occ) Cree a Meu le CANGUILHEM, Georges. © normal e 0 patolégico. 2009 freee etree a FICA A DICA Livro Tate le es (SE ae oO Cle RCC oo Noo De ec aM siecle Mea tect PER Reo tao ney Livro: Manual de Psicopatologia Infantil PNT oe WI NCO 231) Wa) set PUTaS=I9 Finalizando hitpssiava,catolica edu briaVerenhancedSequenceViewer!72307 Purktips%3A%2F%2F211c9177-18e9-4267 -a7d8-D67813cc5744.sequances, s9insiz0zs, 19:12 Conceito de Normalidade em Psicopatologia A identificagéio do que seria considerado normal, dessa forma, demanda a definigio sistematica de valores padrao do que seria identificado como normal e nesse caso, 0 elemento central da definiggo da normalidade iria fazer mudar, de acordo com as necessidades de tal, todos os elementos considerados parametros para a definicéo de tal normalidade. As possiveis classificagées, em nenhum é possivel encontrar uma explicago completamente adequada para os fenémenos relacionados nos diferentes estados psicolégicos. E, pois, importante considerar conjuntamente os aspectos fisioldgicos, psicolégicos e dinamicos do sujeito. Duvidas Frequentes 1) O que é satide? Resposta: é a auséncia de doencas ou enfermidades. 2) O que é doenga? Resposta: Corresponde a presenga enfermidades e elementos que desequilibram a integridade do corpo vivo. 3) O que é patologia? Resposta: é o estudo das alteracées estruturais, bioquimicas e funcionais nas células, tecidos e 6rgaos, que visa explicar os mecanismos pelos quais surgem os sinais e os sintornas das doengas. 4) Qual a relagao entre anormalidade e patologia? Resposta: o que se considera patolégico pode ser considerado como anormal, no entanto, tudo aquilo que anormal, no necessariamente é patolégico, tendo em vista o contexto adaptativo ao qual o elemento anormal pode ser submetido. Referéncias AJURIAGUERRA, J.; MARCELLI, D. Manual de Psicopatologia Infantil. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. ntps:ifava.catoica.edubrld2Ile/enhancedSequence Viewer!72907 url=htips%43A%2F%2F21cSf77-18c8-4267-a7dB-0678136c87Ad,sequences.... 7/8 s9insiz0zs, 19:12 Conceito de Normalidade em Psicopatologia CANGUILHEM, G. © normal e 0 patolégico. 2009. Disponivel em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3114962/mod_resource/content/1/O_Norma Le_o Patologico.pdf. DELATORRE, M. Z; DOS SANTOS, A. S.; DIAS, H. Z. J. O normal e o patolégi Implicagdes e desdobramentos no desenvolvimento infantil. Revista Contexto & Satide, v. Tl, n. 20, p. 317-326, 2011. ntps:ifava.catolica.edubrld2le/enhancedSequence Viewer!72907 urI=htips%&3A%2F %2F21 1cSf77-18c8-4267-a748-067813cc574d, sequences. 88

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