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Bases filos6ficas da analise do comportamento e o desenvolvimento das terapias comportamentais Jan Luiz Leonardi Saulo Missiaggia Velasco A anilise do comportamento clinica (clinical behavior is, no original) ¢ a terapia analitico-comportamental sio iades de psicoterapia fundamentadas na filosofia do eorismo radical ¢ nas bases conceituais, metodolégicas e fas da anilise do comportamento (Guinther e Dougher, Meyer et al, 2010). Os objetivos deste capitulo sto in- ir 0s fundamentos filoséficos e conceituais da andlise do stamento, apontando algumas de suas implicagdes para fepia comportamental, e contextualizar o desenvolvimento serapias comportamentas. LISE DO COMPORTAMENTO E VIORISMO RADICAL: CIENCIA E SOFIA, A andlise do comportamento é uma ciéncia bésicae aplica corientada pelos pressupostosilos6fics do behaviorismo busca explicar, prever, controlar einterpretar 0 compor to humano (Skinner, 1974/1976). Assim definida, a anise Icomportamento possui dois grandes objetivos: (1) aumentar preensio cientifica sobre o comportamento humano e (2) over a aplcacio dos prineipios comportamentais para me a qualidade de vida dos seres humanos. Segundo Skinner, se do comportamento & uma ciéncia natural, mais especi nte um ramo da biologia. Como tal, ela busca, via pesqui experimental, por relagdes ordenadas,uniformes efidedignas 0s eventos da natureza, que culmina na possbilidade de so controle de seu objeto de etudo - 0 comportamento 30. Além disso, aanlise do comportamento visa descrever Endmenos de forma rigorosamente precisa e com 0 menor possivel de inferncia, empregando uma quentidade mini sdeermos para representar um grande nimero defatos sobre ica de funcionamento do comportamento, Usualmente, a expressio andlise do comportamento é utiliza ddapara referir-se ao campo geral da Psicologia Comportamental, dividido didaticamente em trés subéreas indissocidveis: (1) a anilise experimental do comportamento; (2) a anilise do com: Portamento aplicada; (3) o behaviorismo radical (Tourinho e Sério, 2010). A andlise experimental do comportamento & a ciéncia bisi- «a encarregada de produzir e validar dados empiricos sobre a natureza dos processos comportamentais. Ela utiliza a exper ‘mentagao controlada de laboratério para elucidar principios fundamentals do comportamento, como reforgamento, pun ‘elo, discriminarao, generalizagio, extingio ete. Estuda-se qual {quer comportamento e qualquer variével que possa estar a ele relacionada. Portanto, a escolha dos sujeitos, comportamentos, estimulos e procedimentos estudados é determinada por conve. niéncia metodolégica, ou se, por sua potencial contribuigdo na demonstragio clara de relagdes ordenadas entre comportamen- toe ambiente (Baer, Wolf e Risley, 1968). Em razao do cariter individual, interacionista, processual € histérico do comportamento, analistas do comportamento (eg. Johnston e Pennypacker, 2009) defendem veementemen- te0 uso do delineamento experimental de caso tinico, deixando em segundo plano a questi das diferencas estatsticas entre 0s sujeltos. Como cada sujeito ¢ tratado como um individu part cular, distinto de qualquer outro, relagdes ordenadas entre las ses de respostas e classes de estimulos s6 podem ser observadas expondo-se um sujeto de cada vez a diferentes condigdes ex Perimentais. A logica subjacente a essa tatica é a de que o com. Portamento apresentado em uma condicio sirva como controle para se avaliarem os efeitos de varidveis introduzidas, retiradas ‘ou modificadas como seu préprio controle, 0 delineamento de caso tinico per -m outra condigdo. Como cada individuo serve ‘mite testemunhar 0 processo de construgio, modificagio e desa sepa —PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL parecimento de comportamentos em tempo real, Por essa razio, Skinner dizia que preferia estudar um sujeito por 1.000 horas a estudar mil sujeitos por 1 hora. ‘No entanto, a despeito do que a expressio “caso tinico” possa sugerin, pesquisas em anilise do comportamento raramente em- pregam apenas um sujeito, O termo “tinico” se refere a unidade de andlise considerada, © comportamento individual, e nio a0 tamanho da amostra pesquisada. Em poucas palavras, caso tini- co apena significa que o individuo é comparado com ele mesmo. [Assim, varios sujeitos podem ser expostos as mesmas condigoes, cexperimentais, desde que seus dados sejam tratados individual ‘mente. Inclusive, é a replicagio das relagdes ordenadas entre classes de respostas e classes de estimulos, sob diferentes condi ‘goes e com diferentes sujeitos, que dé representatividade e gene. Falidade as conclusdes de um estudo comportamental (Johnston Pennypacker, 2009). ‘© modelo de caso dinico tem implicagdes importantes para 1 pritica da terapia comportamental. A flosofia do sujeito como ‘0 seu proprio controle se ope, por exemplo, & suposicio de ‘que diferentes pacientes com um mesmo diagnéstico terio re pertorios idénticos e, consequentemente,alcangardo resultados semelhantes quando submetidos a um mesmo protocolo de in- tervengio. No lugar de empregar priticasterapéuticas homoge- reas, terapia comportamental leva em conta tanto a histéria de vida particular do cliente quanto o repertério comportamental Tinico construido nesse percurso, Em outras palavras, nio se ra ta de maneira igual individuos que sio diferentes. ‘Uma ver estabelecidos em um rigoroso programa de pes quisas empirieas, os prineipios tedrico-conceituais permitem @ interpretacio de aspectos do comportamento humano que néo podem ser submetidos a uma analise experimental, seja por li ‘mites metodoldgicos ou éticos. O que diferencia a interpretagao do analista do comportamento de mera especulacio € o seu em- bbasamento em principios empiricamente validados por meio de uma ciéncia bésica rigorosa, 0 que torna a interpretagio analt- tico-comportamental uma ferramenta poderosa para 0 entendi ‘mento de comportamentos humanos complexos, dentro e fora da clinica. Nas palavras de Skinner (1974/1976): “Obviamente, in6s ndo podemos prever ou controlar 0 comportamento hu- ‘mano cotidiano com a precisio obtida no laboratério, mas po- ‘demos, no entanto, utilizar os resultados do laboratorio para interpretar o comportamento em outros lugares” (P. 251). ‘A anélise do comportamento aplicada € a ciéncia que tem por ‘objetivo aplicar principios comportamentais para produzir co- ‘nhecimento novo acerca de problemas socialmente relevantes € & também, a prestagdo de servigos na qual o profissional visa auxiliar seu cliente a resolver problemas geralmente atribuidos | Psicologia enquanto profssio (Tourinho e Sério, 2010). Como ‘um campo investigativo, a andlise do comportamento aplicada utiliza a experimentagio controlada eo delineamento de caso Sinico para identificarvaridveis capazes de modificar, aprimorar ‘ou manter comportamentos socialmente relevantes (Johnston, 1996). Como esclarecem Baer Wolf e Risley (1968), “as diferen- ‘gas entre pesquisa bisica e aplicada nao sio entre aquela que “descobre’ e aquela que meramente‘apica’ o que jé € conhecido. ‘Ambas perguntam o que controla 0 comportamento sob estu- {do" (p. 91). No entanto, ao investiga solugdes para problemas de natureza pritica, ao mesmo tempo em que avalia se 0s re- sultados obtidos decorrem mesmo das manipulagSes realiza~ das, as decisdes do analista do comportamento aplicado, quanto ‘08 sujeitos, comportamentos, estimulos e procedimentos, si0 ddeterminadas mais pela relevincia social e imediaticidade dos 72 beneficios do que por conveniéncia metodolégica ou ev contribuiges tedrico-conceituais. ‘Ao distinguir a andlise do comportamento aplicada prestagdo de servigos em anilise do comportamento, Jo (1996) aponta que: Génca aplicada pode ser defrida como pesquisa mental que esté conectada com a pesquisa biscaatrav ‘seu estilo experimental e uma base em prncipos funds tais diretamente drgida por questdes e problemas apl mas no comprometida peas imitacdes pritcas ou interessesimediatos de prestagdo de servigo em cont aplicados (p38) Em contrapartida, |A priovidade da priticaapicada & prestar um servic ef fen responder questBes experimentas As tnicas q {ue os prestadores de servco deveriam rotineramente frentar dizem respeto &avaiacio do problema ata de procecimentos apropriados a partir da tecnologia ds rivel adaptacio de procedimentos para crcunstincis ke sao de procedimentos consistentes com exigiag lgicas © acompanhamento dos resuitados.(.) A para descober preensio ou Jores de Servco incividuais possam adquiir experi a dessa manera tal conhecimento & bem dlferente do Gust ‘0 obtido por pesquisadores e no pode substituir a pesqual aplcada (p.43-44) Como pode ser observado, a andlise experimental ea andlise aplicada abarcam a esferacientifica da andlise do comportamen- to, Por sua vez, 0 behaviorismo radical é a filosofia voltada 29 ccariter epistemol6gico, histérico e metacientifico da andlise do ‘comportamento, Além de discutir os objetivos e métodos des sa ciéncia, a validade de suas leis, a natureza do comportamen- toe de suas causas, 0 behaviorismo radical propde uma visio de ser humano marcadamente distinta das visbes tradicionais fem Psicologia (Skinner, 1974/1976). Essa visio particular de homem e de mundo fundamentou a construgio de uma ciém= cia do comportamento coerente com os principios das ciéncias naturais e traz implicagies profundas para a pritica da terapia comportamental ‘Como qualquer ciéncia natural, a anilise do comportamen- to, apoiada no behaviorismo radical, sustenta que o homem € ‘9 mundo sio constituidos por uma nica natureza, caracteri- ‘zando-se como um monismo materialista. Assim, os fendme- nos subjetivos (sensagdes, emogées, cognigdes, pensamentos, sonhos etc.) néo sio vistos como eventos constituidos por uma. natureza especial, mas sim como relages comportamentais que siv diferentes apenas porque parte delas ocorre de forma eno berta, isto é, sob a pele do individuo. [Nessa perspectiva filosdfica, o comportamento & concebido ‘como uum objeto de estudo legitimo em si mesmo, ¢ nio como ‘mera manifestacio de estruturas internas subjacentes. Isso quer dizer que a andlise do comportamento rejita a postulacio de ‘eausas internas na explicagio do comportamento, sejam es- sas causas imputadas a mente, psique, personalidade, estrutu- ‘as cognitivas ou, ainda, a funcionamento do sistema nervoso central (Skinner, 1953/1965). Para Skinner, a inferéncia de cons- tructos hipotéticos na explicacao do comportamento é uma fic- ‘cho explicativa que obscurece as varidveis ambientais das quais 0 comportamento ¢ fungio. Uma falicia explicativa bastante comum em clinica é a seribuigdo de status causal a um diagndstico psiquidtrico. Por ‘Exemplo, é comum atribuir 0 diagnéstico de hiperatividade a Sex individuo que, demasiadamente, fala, corre, derruba coisas esbarra em pessoas. Esse diagnéstico, inicialmente descrii- fe do conjunto de comportamentos observados no repertério IB individuo, ganha estatuto causal quando a “hiperatividade’ Stemada como causa dos préprios comportamentos que a de- lEeem c sem os quais nio se pode observé-la, Em outras pala: Sess sfirma-se que um individuo tem hiperatividade porque ele [SSste determinados comportamentos,e explica-se que ele emi Betis comportamentos porque € hiperativo. Naturalmente, esse Bee de explicagio circular obscurece a busca pelas variéveis das ‘os comportamentos realmente sio fungao. ‘© combate a0 mentalismo é uma marca que distingue © wiorismo radical de muitas proposta filos6ficas existentes Psicologia. Na verdade, a Psicologia, como um campo de es Jindependente das outras ciéncias, nasce da concepio dua- dde que existem dois estofos de mundo: um com dimensio al/natural, regido por leis fisicas/mecinicas; outro com imaterial/mental, egido por leis metafisicas/nio me- (Ryle, 1949/1970). A autonomia da Psicologia com rela jBs demais cigncias supée certa autonomia do mundo mental selaglo ao mundo fisico. Mais que isso, supde a primazia dda mente sobre corpo, de modo que processos como cog: desejo, sentimentos, consciéncia e meméria dirigiriam 0 tamento humano. {Em oposicao a0 mentalismo e ao dualismo, Skinner (1981) uum modelo de causalidade, embasado na teoria da se jeatural de Charles Darwin, que substitu explicagdes basea~ jer agentes iniciadores aut6nomos e explicagdes que apelam, sem propésito ou intenglo como causas finas. Skinner, en- ro nega a existencia de eventos privados como dese- frontades,intengdes et O que ee lhes nega €a possiblidade rem status causal sobre o comportamento. Seb a tica darwinista, a formagdo e a transformagio das espécies envolvem dois processos basicos: variacio dentro de populacées ea selegio ambiental de algumas variagoes. Baseado nesse paradigma, Skinner (1981) for fds niveis de determinacio do comportamento humano ~ ‘ontogénese e cultura [A Slogénese refere-se a variagdo ¢ selegdo genéticas, pro- ide milhaes de anos de evolugdo. Nesse nivel, foram s aquelas caracteristicas que todos os organismos de ada espécie compartilham, tais como a estrutura ana- jol6gica, os mecanismos motivacionais ea sensibilidade jos, 0 que possibilita diferentes processos de aprendiza- ‘Além disso, a filogénese também € responsivel pelo surgi ¢ evolucio de comportamentos inatos, como 0s reflexos, onadas. fentogénese & 0 processo pelo qual cada individuo adqui repertério comportamental nico ao longo de sua historia tanto por condicionamento respondente, em que novas ccomportamentais sio estabelecidas mediante pareamen- fam evento neutro com tum estimulo elicador, quanto por nto operante, no qual novos comportamentos sio se aprimorados por meio da selecio ambiental de va: seas respastas emitidas pelo individuo. Enquanto a conse. selecionadora na filogenese ¢ 0 potencial de sobrevivencia sio do organismo, a consequéncia selecionadora na on- qualquer evento do ambiente que aumente a probabil :do responder em questo (Le, reforgamento) — BASES FILOSOACAS DA ANALISE DO COMPORTAMENTO E 0 DESENVOLVIMENTO OAS TERAPIAS COMPORTAMENTAS A cultura diz respeito &s contingéncias de reforgamento ‘mantidas por um grupo. Nesse nivel, embora 0 processo de va- taglo e selesio tenha por base 0 individuo, é 0 efeito sobre 0 {grupo, endo as consequéncias individuais para seus membros, {que €responsivel pela selegio de priticas culturais. O surgimen- to do comportamento verbal exerceu papel central no estabele- cimento desse terceiro nivel de variacdo e selecio. Com ele, as relagdes individuo-ambiente deixaram de ser estrtamente me- cainicas e novas formas de aprendizagem tornaram-se possiveis, proporcionando 0 acimulo de conhecimento e a constituigao de repertérios relativos 4 subjetividade, como a consciéncia ou ‘© autoconhecimento. ‘© modelo de selegio por consequencias explicta que as cau sas do comportamento humano sao estabelecidas na relaglo in dividuo-ambiente. Entretanto, & fundamental observar que as mudangas ambientais produzidas pela ago de um individuo afetam apenas a probabilidade futura de seu responder, na me dda em que fazem parte de um conjunto mais amplo de va ridveis, Portanto, o comportamento humano é visto como um, ‘objeto de estudo complexo e multideterminado, de forma que a Identificagio de causas absolutas e invariiveis€ bastante im: provivel. Apesar das incertezas e imprevisibilidades na determi nagdo do comportamento, oriundas de limites metodologicos, ¢ rio da natureza do objeto de estudo, os analistas do comporta ‘mento persistem na busca por regularidades nas relagdes indi viduo-ambiente e na promocio de mudangas comportamentais relevantes por meio da manipulacio de variéveis ambientais, Além de romper a dicotomia mente/corpo, © modelo de se legdo por consequéncias também supera a dicotomia normal patolégico, clissica na Psicologia. Se os comportamentos di tos “patoldgicos” existem no repertério do individuo ¢ porque sofreram a agio de processos de variacio e seleci0 nos niveis biologico, individual e cultural. Portanto, tais comportamen- tos esto sempre “adaptados” em algum grau. Nessa perspect via, todo comportamento é explicado pelas mesmas leis, seja ele considerado “normal” ou “patologico: Em outras palavras, um terapeuta comportamental ndo atribui status especial psicopa tologia, pois explica e modifica os “sinais” e “sintomas” de um mos que 0 faz com re panipulando o mes ‘transtorno” psiquidtrico nos mesmos t lagio a qualquer outro comport mo tipo de variveis. FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DA ANALISE DO COMPORTAMENTO O estudo cientfico do comportamento orientado pela filo sofia behaviorista radical - monista, determinist, externalista ¢ seleconista = levou & descoberta de leis tamento, organizadas em principios teérico-conceituais cuja compreensio é essencial para a pritica do analista do compor tamento em qualquer émbito profissional. Em vista disso, uma breve exposico desss principls serdoferecidaa seguir ( termo comportamento & defini como a relacio organism e seu ambiente ou, mais especitic lado entre respostaseestimulos. Estimalos & instincias independentes, pois, emboraseja possvel identificar ‘que éestimulo e o que ¢resposta numa relacdo comportamen: tal, ambos dependem um do outro para serem definidos. Essa concepcio de comportamento inci toda e qualquer intera Gao do individuo com o ambiente, o que nio imputa qualquer tipo de restrigdo metodolpica as temos “espostae“estimulo (Skinner, 1953/1965). is do compor spostas no sio 73 serh ‘Nessa perspectiva, ambiente refere-se ao contexto no qual o responder ocorte e & situagio que passa a existr apds esse res- ponder, isto &,refere-se aos estimulos que antecedem a respos- {08 estimulos subsequentes a ela, Um estimulo, portanto, é todo e qualquer elemento do ambiente que exerce algum contro: le sobre o responder. O ambiente compreende estimulos pa 0s (eventos ambientais acessiveis a dois ou mais observadores) e estimulos privados (eventos ambientais que sio diretamente acessiveis apenas ao individuo afetado por eles). Por sua v termo “resposta’ diz respeito as atividades do organismo mani- festas (a¢0es que podem ser observadas por dois ou mais indi- viduos) e encobertas (agdes as quais apenas o préprio individuo tem acesso), podendo essas acdes serem verbais, motoras, glan- dulares ou perceptuais (Skinner, 1953/1965). Com base na definicao de comportamento como relagio in- dividuo-ambiente, Skinner (1953/1965) distingue dois tipos de comportamento: © comportamento respondente e 0 comporta: ‘mento operante. O comportamento respondente & uma relagio reflexa em que um determinado estimulo gera uma resposta es- pecifica (ie. 0 evento ambiental antecedente elicia a ocorréncia da resposta). Grosso modo, 0 paradigma respondente diz respei- to & respostas fisioldgicas selecionadas na historia flogenética e slo responsiveis pela adaptagio do organismo a mudangas no ambiente que, a depender da histiria ontogenética do individuo, podem passara ser eliciadas por novos estimulos. (© comportamento operante é uma relacio na qual uma res- posta de um individuo produz mudancas no ambiente que re- troagem sobre ele e © modificam, alterando a probabilidade de cemissio de respostas semelhantes no futuro. As consequéncias podem fortalecer ou enfraquecer a resposta que as produziu, Quando uma consequéncia aumenta a probabilidade de uma resposta, ela é chamada de estimulo reforgador e, quando dimi- nui, é chamada de estimulo aversivo ou estimulo punitivo'. Os processos de reforgamento e de punigio podem ser tanto posit ‘vos quanto negativos, adjetives que indicam meramente o acrés. imo ou a retirada de algo no ambiente (Skinner, 1953/1965). valor reforcador ou punitivo de uma consequéncia depende di- retamente das operacdes motivadoras em vigor, eventos que mo- dificam momentaneamente a efetividade da funcio reforgadora ‘ou punitiva de certos estimulos e, ao mesmo tempo, evocam ou suprimem respostas que foram, no passado, seguidas por esses estimulos (Laraway etal, 2003). PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL A compreensio acerca dos mecanismos responsives pela reducio do responder produzida pela punicio €alv de controersias na literatura da anise do comportamento, Skinner defende que contingéncas de punigio produzem apenas uma supressio temporaria do responder «no climinam a tendéncia do indviduo a se comportar da maneira consruida por meio de reforamento positive. Assim, a punigao nao Seria um process oposto ao reongamenta, isto é nao promoveria um enfraquecimento do comportament, Para Skinner, a supressio do comportamento observada na punigio ocoreria em razio de uma tera entre espostas operantse respondents na qual a panic (1) clicia respostas incompatieis a comportamento pun, impedindo-0 de ocrter; (2) extabeleceo proprio responder do individu como fonte de stimula aversiva,aarretando sentimento incbmodos; (3) leva 6 indviduo a fazer qualquer coisa que reduza a estimulacio aversiva ‘origina pelo seu prprio comportamenta. Nessa perspecti, portant, 4 punigao nao € concebida como um processo compertamental ems mesmo, sendo explcada por meio de reforgamento negatvo e relaxes respondents 74 Além da relagio entre o responder e suas consequéncias, ‘comportamento operante envolve a relacio entre a resposta e estimulos que estavam presentes na ocasido em que a res foi reforcada, processo denominado discriminacao de estimi Para que seja estabelecida uma discriminagio, € necessirio 6 individuo passe por uma historia de reforgamento difere nna qual o responder & seguido de reforgo quando emitido presenca de determinado estimulo ¢ no é seguido de re quando emitido na presenca de outros estimulos (ou ¢ seg de reforgadores de pior qualidade, em menor quantidade, maior atraso etc). E fundamental notar que, nesse caso, 0 :ulo antecedente nao elicia a resposta (como faz 0 estimulo, tecedente em uma relagio respondente), mas apenas altera sam probabilidade de emissio ao estabelecer a ocasiao na qual reforgada (Skinner, 1953/1965). Embasada nesse corpo teérico, estabelecido em um longo! rigoroso programa de pesquisas, a andlise do comportament tem por objetivo a investigacdo empirica ou interpretativa dom determinantes funcionais do comportamento, respondente ow: ‘operante, que recebe o nome de anélise de contingéncias ou de ‘andlise funcional. Enquanto a nocio tradicional de causa remete a forgas e mecanismos fiticios interigando eventos, a nolo de relagdo funcional estabelece a mera regularidade entre eventos ‘como explicagio suficiente. A andlise de contingéncias €, por tanto, a identificacdo das relagdes de dependéncia entre as res postas de um individuo, o contexto em que ocorrem (condigdes antecedentes e motivadoras) seus efeitos no mundo (eventos ‘consequentes) (cf. Skinner, 1953/1965). A anilise de contingém= Ficos como depressio, ansiedade, dependéncia quimica, trams tornos de personalidade etc. Além disso, a aplicagio da floss behaviorista radical e dos principios da anilise do comport am origem a diferentes priticas clinicas englobadas fmento der tal, algumas delas apresen- Bebo rétulo de terapia comportame atas nos capitulos a seguir. ERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Dy Mas Wolf, M. Me Risley. R. (1968), Some cute dim Applied Behavior Anais 1p. pli behavior analysis, Journal 91-97 Sh MN Hackenberg TD-(1998)Humansareanimal Pane to human behavior and cognition, In; Donohue W. Telivorthepy. Boston: Allyn and Bacon. (P (Org) Learning and wi 1 (2004) Terapia por contingéncias de reforgamento In: Abreu TN. Gard, Hb (Orgs). 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