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ÍNDICE

APRESENTAÇÃO 17

UM PAÍS DE ÁREA REPARTIDA 19 OS HOMENS E O MEIO 80


A IMPORTÂNCIA DO MAR E A LOCALIZAÇÃO TERRITÓRIO, SUPORTE DAS GENTES 82
DO ESPAÇO PORTUGUÊS 20
A POPULAÇÃO 86
O MAR QUE NOS ENVOLVE 25 EVOLUÇÃO RECENTE 86
A MORFOLOGIA DOS FUNDOS 25 UMA DISTRIBUIÇÃO DESIGUAL 86
CORRENTES OCEÂNICAS 26 BAIXOS NÍVEIS DE NATALIDADE E FORTES SALDOS
O MAR E A ATMOSFERA 28 MIGRATÓRIOS 93
VARIAÇÕES DE TEMPERATURA 29 UM ENVELHECIMENTO PROGRESSIVO 93
A TERRA QUE HABITAMOS 36 A EMERGÊNCIA DE NOVOS COMPORTAMENTOS 93
UNIDADES MORFOESTRUTURAIS 38 EDUCAÇÃO 94
EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DO OESTE PENINSULAR 38 TERRA DE MIGRAÇÕES 98
O RELEVO DO CONTINENTE 43 A EMIGRAÇÃO 98
FISIONOMIA DAS REGIÕES AUTÓNOMAS 43 O REGRESSO 100
CLIMA E SUAS INFLUÊNCIAS 50 A IMIGRAÇÃO 102
ELEMENTOS CLIMÁTICOS 50 UMA POPULAÇÃO
A IRREGULARIDADE DO TEMPO NO CONTINENTE 54 QUE SE URBANIZA 104
AS ONDAS DE CALOR 59 UMA LEITURA ‘CLÁSSICA’ DO SISTEMA URBANO
O CLIMA DAS ILHAS 59 NACIONAL 104
A REDE HIDROGRÁFICA 61 UMA AVALIAÇÃO RECENTE 106
OS SOLOS 64 MUDANÇAS RECENTES 110
A VEGETAÇÃO ‘NATURAL’ 65 LISBOA E PORTO COMO REFERÊNCIAS 110
TIPOS DE PAISAGEM 66 ‘PRODUZIR’ CIDADE 111
DIVERSIDADE E GRUPOS DE PAISAGEM 66 COMUNICAÇÕES E MOBILIDADE
ÁREAS PROTEGIDAS 70
DA POPULAÇÃO 120
AS ILHAS 73
REDES DE COMUNICAÇÃO 120
REDE NATURA 2000 77
SISTEMA DE TRANSPORTES 123
ÁREAS DE PROTECÇÃO DE AVIFAUNA 77
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O PAÍS SOCIOECONÓMICO 130 PORTUGAL NUM MUNDO


ECONOMIA PORTUGUESA: ARTICULAÇÃO DIFÍCIL ENTRE DE RELAÇÃO 210
MUDANÇAS INTERNAS E AS EXIGÊNCIAS COMPETITIVAS 132 A LÍNGUA PORTUGUESA: UM TRAÇO DE UNIÃO À RODA DO MUNDO 212

ACTIVIDADES DA TERRA 138 COMUNIDADES PORTUGUESAS 216


A AGRICULTURA 139 TESTEMUNHOS DE UM PASSADO LONGÍNQUO 216
AGRICULTURA EM MODO DE PRODUÇÃO BIOLÓGICO145 EVIDÊNCIAS CULTURAIS DE HOJE 217
PECUÁRIA 145
IDENTIDADE E CULTURA
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 149
EM TEMPOS DE MUDANÇA 222
PRODUTOS TRADICIONAIS 150
RIQUEZA E DIVERSIDADE DE CULTURAS 222
A FLORESTA 154
FRONTEIRAS DE UM PORTUGAL CULTURAL 223
A CAÇA 162
ACTUAL SUPORTE À CULTURA 223
A EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS EXTRACTÍVEIS 164
PORTUGAL NA UNIÃO EUROPEIA 228
RECURSOS VIVOS MARINHOS 168 PORTUGAL NA EUROPA 229
UM SECTOR ESTRATÉGICO 168
A INTEGRAÇÃO DA EUROPA 229
O SECTOR DAS PESCAS 172
TRANSFORMAÇÕES NA UE-15 230
ECONOMIA E DESENVOLVIMENTO PRIORIDADES SOCIAIS DA UE 230
REGIONAL 176 DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO
CRESCIMENTO ECONÓMICO 176 E NÍVEL DE VIDA 231
OS SECTORES DE ACTIVIDADE E A DIFERENCIAÇÃO ENERGIA: A MAIOR FRAGILIDADE DA UE 232
REGIONAL 177 PRESIDÊNCIA PORTUGUESA NA UE 233
MERCADO EXTERNO E COMPETITIVIDADE 183 O ALARGAMENTO DA UE 234
A COESÃO SOCIAL 186 UMA CONSTITUIÇÃO PARA A EUROPA 235
O DESENVOLVIMENTO HUMANO 189

TEMPO DE TURISMO 190 O ATLAS E O POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO

O TURISMO BALNEAR 191 DE PORTUGAL 236

NOVOS PRODUTOS 192 ANEXOS 239


UM SECTOR ESTRATÉGICO DE FUTURO 195 PLANTAS ESPONTÂNEAS, SUBESPONTÂNEAS
E ORNAMENTAIS MAIS COMUNS EM PORTUGAL 240
POLÍTICAS DO TERRITÓRIO 198 CARTA DE PORTUGAL CONTINENTAL ESCALA 1: 550 000
A ADMINISTRAÇÃO 198 CARTA DAS REGIÕES AUTÓNOMAS DOS AÇORES
O PLANEAMENTO 202 E DA MADEIRA ESCALA 1: 200 000 242
A QUALIFICAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO ÍNDICE ONOMÁSTICO 260
SUSTENTÁVEL 204 DIVISÃO ADMINISTRATIVA POR CONCELHOS 268
NOTAS BIOGRÁFICAS DOS AUTORES 272
BIBLIOGRAFIA 273
CRÉDITOS 274
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O PAÍS SOCIOECONÓMICO

Fernando Ribeiro Martins

ACTIVIDADES DA TERRA
Embora as condições Regiões agrícolas

naturais do País (à excepção


de algumas ilhas dos Açores)
não sejam propícias para a
agricultura, Portugal tem
sido, até hoje, considerado
como um país agrícola.
A agricultura, porém, tem ENTRE TRÁS-OS-MONTES
DOURO
vindo a perder E MINHO
importância no
AÇORES
conjunto da
economia portuguesa,
à semelhança do que
se verifica em todos BEIRA
os países LITORAL BEIRA
INTERIOR
industrializados.
O peso do sector no
Produto Interno Bruto (PIB)
desceu mais de 3% entre
1988 e 2001 e 2,8% entre
1999 e 2001, mas continua
a ser mais elevado do que
OESTE
o registado na média da UE.
O emprego na agricultura,
que representava quase 22%
do emprego total no
primeiro período, caiu para
menos de metade (10,2%)
ALENTEJO
entre 1999 e 2001. Por outro
MADEIRA
lado, o valor acrescentado da
agricultura é muito variável,
sendo a produção total das
mais irregulares de toda
a UE, sendo o clima um
dos grandes responsáveis.
ALGARVE N

0 25 50 km

138 ATLAS DE PORTUGAL IGP


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Terra arável dentro das explorações, 1999

100
75
50
30
15

Sem terra arável

0 25 50 km

A agricultura

Desde a adesão de Portugal à ex-CEE, a produção agrícola Ocupação do solo, 1999


tem crescido menos do que a oferta alimentar. O resultado é
%
um défice crescente do grau de auto-suficiência em produtos
agrícolas. Em 2002 Portugal produziu apenas 1/4 dos cereais Floresta: 37,7

consumidos, cerca de 2/5 do trigo e do milho, 1/3 das oleagi- Agricultura: 33,5
nosas e do vinho de mesa, 2/3 da batata, 4/5 dos frutos e meta-
Incultos: 23,1
de do arroz, para referir apenas alguns exemplos. Houve no
entanto excedentários em alguns produtos tais como vinhos de Áreas sociais: 2,8
qualidade (mais do dobro do que os consumidos) e hortícolas,
Improdutivos: 1,7
(cerca de vez e meia); havia défice nas carnes de bovino, suíno,
caprino e ovino, cuja produção representou pouco mais de 3/5 Outras áreas: 1,2

ATLAS DE PORTUGAL IGP 139


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Produção agrícola total e grau de Comércio agro-alimentar Importância da agricultura


auto-suficiência em produtos agrícolas, português: fluxos comerciais a nível regional, em %
a preços correntes, 1988/2001 intra e extra comunitários, 1988/2002

Produção agrícola Grau de auto-suficiência IMPORTAÇÕES


Intracomunitárias Emprego total (2001)

33,1
(milhões de ecus) (%)

7 000 84 3 500 Extracomunitárias Valor acrescentado (1999)


EXPORTAÇÕES
6 000 82 3 000 Intracomunitárias
Extracomunitárias
5 000 80 2 500
(milhões de ecus)
4 000 78 2 000

15,8

14,6
14,1

12,7
3 000 76 1 500

11,1
10,5

8,4
2 000 74 1 000

5,2

4,3
4,1
1 000 72 500

2,8

2,0

1,9
0 70 0
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Açores Madeira

do consumo interno, embora o conjunto da produção animal que se produzem mais de 40% dos cereais do país, toda a pro-
ultrapasse ligeiramente as necessidades. A agricultura tem uma dução de trigo duro e cerca de 70% da de trigo mole assim
importância muito variável segundo as regiões. Em termos de como a totalidade da cevada, aveia e oleaginosas. A produção
emprego é especialmente importante na região Centro, mas é de tabaco em rama, açúcar, plantas forrageiras e azeite é igual-
no Alentejo que o valor acrescentado é mais elevado. A antiga mente importante, representando entre 18% (tabaco) e 30%
NUT Lisboa e Vale do Tejo era a região que apresentava a (açúcar) da produção nacional. Os hortícolas têm também
menor importância, embora aqui se concentrem os pomares e algum peso, embora menor do que nas restantes regiões
as vinhas mais produtivas de Portugal. nacionais. Regista-se uma acentuada especialização no sector
A contribuição das regiões Norte e Centro para a produ- da carne, cuja importância aumentou ao longo da década de
ção agrícola nacional tem vindo a diminuir, principalmente 90; aqui se criam mais de 1/4 dos bovinos e mais de metade
na região Norte (25,1% em 1995/96; 23,7% em 1990/00), dos ovinos.
embora a agricultura continue a ser muito importante na eco- A agricultura na região do Algarve baseia-se principalmen-
nomia local destas regiões que apresentam padrões de espe- te na produção de frutos, nomeadamente de citrinos de que é
cialização muito semelhantes quanto à produção vegetal. Os o maior produtor (3/5 da produção nacional); e mercê das
produtos hortícolas, os frutos (incluindo as uvas) e o vinho suas condições edafo-climáticas, a produção de frutos tropi-
representam os principais sectores da produção. O vinho é cais equivale já a cerca de 1/4 da produção nacional. A produ-
especialmente importante na região Norte, representando ção de leite e de bovinos é igualmente importante a nível
quase 1/5 da produção agrícola regional e mais de 2/5 da pro- regional, mas insignificante no cômputo geral.
dução total nacional. As duas regiões concentram a produção As regiões da Madeira e dos Açores continuam muito
nacional de centeio e mais de metade da de azeite. Apesar da dependentes da agricultura, principalmente os Açores, cujo
quebra registada na produção animal, o desenvolvimento no sector leiteiro é particularmente importante tendo a produção
sector leiteiro tem sido responsável pelo incremento de plan- anual quase duplicado nos últimos dez anos, representando
tas forrageiras que já representam mais de 6% da produção actualmente, cerca de 1/4 da produção portuguesa (500 000
agrícola nas duas regiões. Na região Centro, destaca-se ainda ton). Muitas terras aráveis foram convertidas em pastagem
o aumento da produção de aves embora a sua contribuição para o gado leiteiro, principalmente entre os anos 60 e 70 do
para a produção total nacional tenha vindo a diminuir. século passado, originando importantes problemas, quer
Na região do Alentejo, que apresenta o segundo PIB mais ambientais, quer de escoamento do excesso de carne de vaca,
baixo do país (54,5% da média da UE em 2000), logo a seguir e a escassez de matéria-prima para a indústria açucareira local.
aos Açores, a agricultura representa uma parte importante da As explorações agrícolas portuguesas evoluíram muito nos
economia regional, quer como emprego, quer como valor últimos dez anos. Em 2001, a superfície agrícola utilizada
acrescentado. Uma das suas características mais importantes é (SAU) ascendia a 3 838 000ha (42% do território nacional), dos
a diferente especialização, relativamente às outras regiões, o quais 42% correspondiam a terras aráveis, 36% a áreas de pra-
que, em certa medida, também está relacionado com a contri- dos e pastagens permanentes, 20% a culturas permanentes.
buição da Política Agrícola Comum (PAC), quer através de No conjunto, 85% da superfície agrícola localizava-se em áreas
instrumentos de apoio ao mercado, como aos preços (leite, consideradas desfavorecidas, das quais 29% em áreas ‘mon-
açúcar e bovinos), quer por pagamentos directos (cereais, tanhosas’ o que constitui mais um obstáculo à intensificação
tabaco, oleaginosas, bovinos e ovinos). Ainda é no Alentejo da agricultura.

140 ATLAS DE PORTUGAL IGP


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

SAU na superfície total das explorações, 1999

100
75
50
30
Sem SAU

N
Distribuição dos usos do solo, por NUT II, 1999
0 25 50 km
%

100

80

60 Variação do número de tractores, 1989/1999

Madeira
40
Açores

Algarve
20
Alentejo

Região Oeste
0 Beira Interior
Norte Centro Lisboa e Alentejo Algarve Continente
Vale do Tejo Beira Litoral

Trás-os-Montes
Floresta Incultos Improdutivos Agricultura Áreas sociais Outras
Entre Douro e Minho
0 50 100 150 200 250 300 350 400

ATLAS DE PORTUGAL IGP 141


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Culturas permanentes na área de SAU, 1999

Distribuição do uso do solo agrícola


em Portugal

24,5% 19,6% 20,4% Culturas


permanentes

3,9%
21,5% 36,9% Pastagens
permanentes
%

100
80
50
30
71,6% 58,9% 42,7% Terras 10
aráveis
Sem explorações

1979 1989 1999


Nota: os dados correspondentes ao ano 1979 referem-se apenas
ao Continente. N

0 25 50 km

1989 a 1999: uma década de evolução


Cereais para grão Pomares de frutos frescos Pomares de citrinos

Portugal
Continente
Entre-Douro e Minho
Trás-os-Montes
Beira Litoral
Beira Interior
Região Oeste
Alentejo
Algarve
Nº Expl. Açores

Sup. (ha) Madeira


-80 -60 -40 -20 0 20 -60 -40 -20 0 20 -60 -40 -20 0 20 40 60

142 ATLAS DE PORTUGAL IGP


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Fragmentação da propriedade, explorações


com mais de 10 blocos, 1999

Variação da SAU, 1989/1999

75
50
30
15
5

Sem explorações
com este número
de blocos

0 25 50 km

Vinha Olival Pomares de frutos secos Prados e pastagens permanentes

Portugal
Continente
Entre-Douro e Minho
Trás-os-Montes
Beira Litoral
Beira Interior
Região Oeste
Alentejo
Algarve
Açores
Madeira
-40 -20 0 20 40 -60 -40 -20 0 20 -40 0 40 80 120 140 -40 0 40 80 120

ATLAS DE PORTUGAL IGP 143


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Explorações agrícolas, Salvaterra de Magos, 1999

Nesta última década, a área da SAU diminuiu 182 000ha que em finais da década de 80. Apenas em dez anos
(4,5%), dos quais 739ha referentes a terras aráveis (31,5%). (1989/99), o número de tractores aumentou 27%, cifrando-
Neste intervalo foram encerradas 34 600 explorações agríco- se em 168 500 unidades, isto é, em média, está presente 1
las (7,7%), afectando principalmente as de dimensão infe- em cada 3 explorações; ou seja, no mesmo período, passou
rior a 5ha); contudo, a sua distribuição por área continua de uma média de 3,3 tractores por cada 100ha de SAU para
muito desequilibrada: 55% tem menos de 2ha e 79% menos 4,4 o que revela uma significativa melhoria das condições
de 5ha. Em contrapartida, as poucas explorações com 100ha de mecanização, mais ainda porque foi também acompan-
ou mais concentram mais de metade (53%) da SAU total. As hada por um ligeiro aumento de potência das máquinas
explorações agrícolas estão hoje muito melhor equipadas do agrícolas.

144 ATLAS DE PORTUGAL IGP


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Evolução da área cultivada Agricultores em modo


em modo de produção biológico, 1993/2002 1 059 de produção biológico, 1993/2002
85 912
983

70 857

750 763

50 002
560 47 974

349 29 533
278
234 240

10 192 12 193
7 183 9 182
73
2 799

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Agricultura em Modo
de Produção Biológico
No âmbito da agricultura europeia tem vindo crescente- No Recenseamento Geral da Agricultura (1999) era ainda
mente a impor-se o Modo de Produção Biológico de produtos reduzido o número de explorações que recorriam a práticas
vegetais e animais e a sua transformação em alimentos desti- agrícolas em modo de produção biológico (0,2%), menos lesi-
nados a homens e animais. Este modo baseia-se na interacção vas para o ambiente. Das 808 explorações recenseadas, a maior
dinâmica entre o solo, as plantas e os animais – incluindo o parte localizava-se no Alentejo (35%), Beira Interior (18%) e
homem – conseguido pelo uso de técnicas diferenciadas das Trás-os-Montes (17%), sendo os arquipélagos dos Açores
tradicionais. A agricultura biológica, como é vulgarmente (3,7%) e da Madeira (1,5%) os menos representados. A orien-
designada, responde quer às exigências dos consumidores tação económica das explorações era muito variada e pouco
quer à preservação do meio ambiente e da biodiversidade, res- especializada, predominando a policultura (19% dos casos),
peitando o ‘saber fazer’ dos agricultores e utilizando técnicas diversas culturas permanentes (15%), a olivicultura (11%) e a
e produtos compatíveis com uma agricultura economicamen- fruticultura (10%). 4 em cada 10 destas explorações tinham 50
te viável e com a obtenção de produtos de qualidade. ou mais hectares e apenas 2 em cada 10 menos de 5ha.
De forma muito geral, pode dizer-se que a prática da agri- Em Portugal, o número de agricultores e de área agrícola
cultura biológica obriga a que: dedicada à Agricultura Biológica tem vindo a crescer de forma
— As explorações agrícolas tenham que passar por um lenta mas gradual. A quebra verificada em 1996/97 deverá ter
período de conversão, de duração diversa, consoante as cir- sido causada pela transição de ciclos de medidas de apoio, no
cunstâncias; quadro das medidas agro-ambientais; mas a retoma não tar-
— A fertilidade e a actividade biológica dos solos devam dou, correspondendo quer a uma moda, quer ao sentir da
ser mantidas ou melhoradas através de culturas apropriadas, necessidade da melhoria na qualidade alimentar.
sistemas de rotação adequados e incorporação nos solos de
matérias orgânicas específicas;
— A luta contra parasitas, doenças e infestantes, deva ser fei- Pecuária
ta através da escolha de espécies e variedades adequadas, de pro-
gramas de rotação de culturas, de processos mecânicos de cultu- Também na criação de gado se verificam diferenças signi-
ra e de protecção dos inimigos naturais dos parasitas das plantas; ficativas, tanto na dimensão das explorações como na reparti-
— Os animais devam ser escolhidos de entre raças autócto- ção dos efectivos das principais espécies. A bovinicultura, por
nes ou particularmente bem adaptadas às condições locais, exemplo, apresenta uma maior expressão nas regiões do Alen-
devam dispor de uma área de movimentação livre e o seu tejo, de Entre-Douro-e-Minho e dos Açores, que concen-
número tem que estar em equilíbrio com a dimensão da explo- tram, respectivamente, 28%, 23% e 17% do efectivo total. As
ração e as produções vegetais; a prevenção de doenças dos ani- explorações têm dimensões muito variáveis, desde as do Alen-
mais baseia-se na selecção das raças ou estirpes de animais, na tejo, do Ribatejo e Oeste e dos Açores com uma média de 80,
aplicação de práticas de produção animal adequadas às exigên- 34 e 24 animais por exploração, até às explorações de dimen-
cias de cada espécie, na utilização de alimentos de boa qualida- são muito reduzida da Beira Litoral (6,4 animais) e sobretudo
de, juntamente com o exercício regular e o acesso à pastagem e da Madeira (apenas 2,2). Entre os dois últimos recenseamen-
no número de animais adequado, que evite a sobrepopulação. tos (1989 e 1999) o número de explorações com bovinos

ATLAS DE PORTUGAL IGP 145


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Concelho de residência dos produtores/


transformadores em modo de produção biológico,
2004

Olival
Vinha
Culturas arvenses
Fruticultura
Produtos hortícolas
Frutos secos
Plantas aromáticas
Produtores de pastagens
Produtores de animais
Transformadores
de produtos biológicos

Repartição da área cultivada em modo


de produção biológico, 2002

0 25 50 km

146 ATLAS DE PORTUGAL IGP


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Distribuição de efectivos de gado e de explorações

Bovinos, 1999 Explorações com bovinos, 1999 Explorações com 50 e mais bovinos por exploração, 1999

Nº %

55 000 3 220 95
8 000 2 000 80
1 000 1 000 50
Os Concelhos de 500 20
São João da Madeira, 100 5
Porto, Lisboa e Mesão Frio
não apresentam valores
A branco quando não há
explorações

Vacas leiteiras, 1999 Explorações com vacas leiteiras, 1999 Explorações com 50 e mais vacas leiteiras por exploração, 1999

Nº %
26 790 1 650 100
9 000 600 80
300 50
80 150 20
Os Concelhos de 50 5
São João da Madeira,
Porto, Lisboa e Mesão Frio
não apresentam valores

Ovinos, 1999 Explorações com ovinos, 1999 Explorações com 50 e mais ovinos por exploração, 1999

Nº %
94 560
50 000 2 000 82
21 1 000 60
Os Concelhos de 500 40
São João da Madeira,
Porto e Lisboa 300 25
não apresentam valores 150 10

0 25 50 km

ATLAS DE PORTUGAL IGP 147


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Caprinos, 1999 Explorações com caprinos, 1999 Explorações com 20 e mais caprinos por exploração, 1999

14 800 Nº %
4 000
10 75
1 650
Os Concelhos de 1 000 50
São João da Madeira,
Porto e Lisboa 600 30
não apresentam valores 300 15
100 5

Suínos, 1999 Explorações com suínos, 1999 Explorações com 50 e mais suínos por exploração, 1999

Nº %

178 000 3 750 414


82 000 2 000 300
21 000 1 000 100
5 000 500 50
Os Concelhos de 250 20
São João da Madeira,
Porto e Lisboa
não apresentam valores
N

0 25 50 km

Variação dos efectivos de gado, 1989/1999


Bovino Ovino Caprino Suíno

Portugal
Continente
Entre-Douro e Minho
Trás-os-Montes
Beira Litoral
Beira Interior
Região Oeste
Alentejo
Algarve
Açores
Nº Expl.
Madeira
Sup. (ha)
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 -60 -40 -20 0 20 40 60 -60 -40 -20 0 20 -60 -40 -20 0 20 40 60

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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Repartição dos efectivos animais, 1999 tradicional matança do porco que ocorre pelo menos uma vez
por ano, e que tem constituído uma parte substancial do con-
Espécies N.º explorações N.º cabeças sumo de carne de um grande número de famílias portugue-
sas. A região do Ribatejo e Oeste concentra 44% do efectivo,
Bovino 102 500 1 415 200 localizando-se aqui as maiores suiniculturas do país. Entre
Suíno 132 600 2 418 400
Ovino 71 200 2 929 800
1989 e 1999, o número de explorações com suínos decresceu
Caprino 55 000 537 200 44%, embora o número total de animais se tivesse mantido;
só no Alentejo e nas Regiões Autónomas se verificou uma
expansão da suinicultura.
decresceu em todas as regiões bem como o seu número, à
excepção do Alentejo e dos Açores onde o número de animais
aumentou. Organização do trabalho
O gado leiteiro concentra-se em Entre-Douro-e-Minho,
Beira Litoral e nos Açores (3/4 do efectivo total) sendo a pri- No conjunto do território português, no ano 2000, na activi-
meira região agrária a principal região leiteira do Continente. dade agrícola empregavam-se 1 064 000 pessoas, menos 199 000
É aqui que se encontram as explorações com a maior média do que em 1993. A redução mais relevante registou-se ao nível
de animais, embora mais de metade delas tenham apenas 1 ou da mão-de-obra familiar, enquanto a ‘não familiar’ se mante-
2 cabeças. ve praticamente estável (18% em 2000). Tal como noutros paí-
A ovinicultura concentra-se maioritariamente no Alentejo, ses mediterrâneos, o trabalho a tempo parcial é a situação mais
(50% do total de animais) em apenas 15% das explorações; frequente, estando nestas condições 83% dos empresários
estas reduziram-se quase de 30% entre 1989 e 1999, mas, tal agrícolas.
como no caso dos bovinos, o efectivo praticamente manteve-se. Uma percentagem significativa das explorações nacionais
Neste período, a dimensão média das explorações aumentou é dirigida por agricultores de idade já avançada; o mesmo se
em consequência da redução das que tinham menos de 10 passa em relação à mão-de-obra agrícola, em que 65% dos tra-
animais e do aumento das de maior dimensão. balhadores tinham mais de 55 anos de idade (2000), bem mais
Os caprinos, apenas cerca de 1/5 dos ovinos, apresentam do que a média da UE -15 (antes do último alargamento).
uma maior dispersão da sua repartição, sendo, contudo, mais O nível de instrução dos dirigentes é muitíssimo baixo: segun-
numerosos na Beira Interior e no Alentejo, onde vivem, res- do o último recenseamento agrícola, de 1999, 34% não tinha
pectivamente, 20% e 22% do total. A dimensão média das qualquer habilitação escolar, 51% apenas o 1.º ciclo do ensino
explorações é bastante inferior à dos ovinos (cerca de 1/4), básico e menos de 6% tinha atingido o ensino secundário.
predominando claramente as explorações com menos de 10 Três em cada 5 explorações agrícolas recorrem a ajudas ou
cabeças. Os efectivos caprinos estão em franca diminuição em subsídios. As explorações das regiões agrárias do Alentejo
todas as regiões do país: entre 1989 e 1999, o número de (71%) e do Entre-Douro-e-Minho (68%) foram as que mais
explorações diminuiu 42% e os animais 25%. beneficiaram dos vários tipos de ajuda, enquanto as do Riba-
A criação de suínos ocorre por todo o país, estando presen- tejo e Oeste (49%), do Algarve (47%) e dos arquipélagos da
te em mais de 70% das explorações, ainda que a maior parte Madeira (48%) e dos Açores (39%), principalmente as deste
delas tenha apenas 1 ou 2 animais. Basta lembrarmo-nos da último, foram as que manifestaram menor adesão.

Média anual da população empregada Nível de instrução dos dirigentes Explorações que recorreram a ajudas
no sector primário, 1974 a 2002 das explorações, 1999 e subsídios, 1999

Nenhum 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo Secundário Politéc./Sup. Sim Não


Milhares
Entre-Douro-Minho Entre-Douro-Minho
1200 Trás-os-Montes Trás-os-Montes
Beira Litoral Beira Litoral
900 Beira Interior Beira Interior
Oeste Oeste

600 Alentejo Alentejo


Algarve Algarve
Açores Açores
300
Madeira Madeira
Portugal Portugal
0
1974 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96 98 00 02 0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100

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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

O subsídio ao gasóleo é o mais solicitado, sendo atribuído


a 1 em cada 4 explorações, seguido dos apoios às culturas
arvenses (18%) e ao azeite (17%); as medidas agro-alimenta-
res (12%) e as indemnizações compensatórias (11%) são
Produtos
outras categorias de subsídios com alguma importância.
À medida que aumenta a dimensão das explorações – quer
tradicionais
física quer económica –, aumenta também, em termos de
importância relativa, a percentagem de explorações que recorre
a ajudas. Enquanto nas explorações com menos de 1ha de SAU,
apenas uma em cada três explorações recorre a ajudas comuni-
Ao longo dos tempos, um considerável
tárias, praticamente todas nas explorações com mais de 100ha número de produtos nacionais foi
beneficiam de ajudas. conquistando uma significativa reputação,
Dos quase 250 000 produtores agrícolas que recorreram a mercê da sua reconhecida qualidade,
ajudas ou subsídios, 63% tem 55 ou mais anos de idade e ape-
genuinidade e ‘tradicionalidade’ no modo
nas 4% menos de 35 anos; porém, os que se incluem neste
último grupo representam cerca de 90% dos agricultores nes- de produção ou de fabrico, associadas
sa faixa etária. a uma determinada origem geográfica.
Em 1999, as actividades lucrativas não agrícolas – mas rela- Produtos hortícolas, frutas frescas e secas,
cionadas com a agricultura e os seus próprios recursos –, tais frutos secos, azeitonas, azeites, queijos,
como a transformação de produtos alimentares e de madeira,
vinhos e mel, carnes e enchidos, são
a aquacultura, a produção de energias renováveis, o aluguer de
equipamentos, o turismo rural ou o artesanato, estavam pre- exemplos de ‘produtos tradicionais’
sentes em quase 33 900 explorações (8%); quase sempre reconhecidos, aquém e além fronteiras,
(92%) cada exploração pratica apenas uma destas actividades. que muito têm contribuído para o
Mais de metade (56%) das explorações tem actividades desenvolvimento e valorização do mundo
lucrativas não agrícolas, das quais 85% se localizam na região
de Entre-Douro-e-Minho, enquanto nas restantes regiões,
rural, em particular das áreas geográficas que
apenas têm alguma expressão na Beira Litoral (15%) e no lhe estão associadas. Num tempo em que os
Ribatejo e Oeste (10%). mercados são abastecidos com produtos de
A transformação de produtos agrícolas alimentares é fre- proveniências cada vez mais longínquas e de
quente (88% da actividade lucrativa não agrícola), embora os
modo quase uniforme ao longo de todo o
produtos certificados correspondam apenas a pouco mais de
um terço (36%). O aluguer de equipamentos tem ainda algu- ano, a tipicidade, a qualidade e o carácter
ma representatividade (6%), mas as restantes actividades são distintivo dos produtos tradicionais
pouco frequentes: transformação de madeira (2%), turismo reconhecidos e certificados são cada vez mais
rural e artesanato (1%). procurados por consumidores exigentes que,
para os obter, se predispõem a pagar,
Importância da actividade não agrícola, por região, 1999 normalmente, preços mais elevados. Mas,
%
as vantagens da produção e comercialização
30 destes bens está muito para além das
características dos produtos em si mesmos:
25
respeito do património genético e da
20
biodiversidade dos ecossistemas, preservação
e melhoria das condições ambientais,
15 aproveitamento dos recursos existentes,
criação de emprego, melhoria das condições
10
para a fixação de população em áreas
5 economicamente menos favorecidas...

0
EDM TM BL BI RO AL ALG AÇ MAD

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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Áreas geográficas dos principais produtos de qualidade certificados

Vinhos Azeite

1. Vinho Verde
2. Chaves
3. Valpaços
4. Planalto Mirandês
5. Porto-Douro
6. Tábua-Varosa
7. Lafões
8. Beira Interior 24. Setúbal Trás-os-Montes
9. Dão 25. Lagos Beira Alta
10. Bairrada 26. Portimão Beira Baixa
11. Encostas de Aire 27. Lagoa Ribatejo
12. Ribatejo 28. Tavira Norte alentejano
13. Alcobaça 29. Graciosa Alentejo Interior
14. Alentejo 30. Biscoitos Moura
15. Óbidos 31. Pico
16. Lourinhã 32. Madeira
17. Torres Vedras
18. Alenquer
19. Arruda
20. Bucelas
21. Colares
22. Palmela
23. Carcavelos

Frutos frescos e hortícolas Outros frutos

Batata de Trás-os-Montes
Maçã da Beira Alta
Maçã Bravo de Esmolfe
Maçã da Cova da Beira
Pêssego da Cova da Beira Castanha da Terra Fria
Cereja da Cova da Beira Castanha da Padrela
Pêra rocha do Oeste Azeitona de conserva
Maçã de Alcobaça Negrinha de Freixo
Cereja de São Julião – Portalegre Amêndoa do Douro
Maçã de Portalegre Castanha dos Soutos da Lapa
Ameixa d’Elvas Castanha de Marvão – Portalegre
Citrinos do Algarve Azeitonas para conserva
Ananás de São Miguel de Elvas e Campo Maior
Maracujá de São Miguel
Anona da Madeira

0 25 50 km

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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Áreas geográficas dos principais produtos de qualidade certificados

Carne de bovino Carne de ovino

Carne Barrosã
Carne Cachena da Peneda
Cordeiro do Barroso
Carne de B. Cruzado dos
Lameiros do Barroso Cordeiro Bragançano
Carne Mirandesa Borrego Terrincho
Carne Maronesa Borrego da Beira
Carne Arouquesa Borrego da Serra da Estrela
Carne Marinhoa Borrego do Nordeste Alentejano
Vitela de Lafões Borrego de Montemor-o-Novo
Carne Alentejana Borrego do Baixo Alentejo
Carne Mertolenga
Carne da Charneca
Carne dos Açores

Carne de caprino Carne de suíno

Cabrito das Terras Altas Carne de Porco


Alentejano
Cabrito do Barroso
Cabrito Transmontano
Cabrito da Gralheira
Cabrito da Beira

152 ATLAS DE PORTUGAL IGP


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Queijo e outros produtos Produtos de salsicharia


à base de leite

Cabra Transmontano
Terrincho
Serra da Estrela
Requeijão da Serra da Estrela
Amarelo da Beira Baixa Presunto de Barroso
Rabaçal Fumeiro de Barroso, Montalegre
Picante da Beira Baixa Salpicão e Chouriça
Nisa de Carne de Vinhais
Mestiço de Tolosa Enchidos de Portalegre
Évora Enchidos de Estremoz e Borba
Azeitão Linguiça do Baixo Alentejo
Serpa Paio de Beja
São Jorge Presunto de Barrancos
Pico

Mel

Terras Altas do Minho


Barroso
Parque de Montesinho
Terra Quente
Serra da Lousã
Ribatejo Norte – Alto Nabão
Ribatejo Norte
Ribatejo Norte Albufeira do Castelo de Bode
Ribatejo Norte – Serra D’Aire
Ribatejo Norte – Bairro
Alentejo
Serra de Monchique
Açores
N

0 25 50 km

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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

A floresta

A floresta actual é o resultado de um longo processo evo- Entre os produtos não lenhosos com maior valor económi-
lutivo, marcado por influências edáficas e climáticas, e pela co destacam-se a resina e a cortiça, principalmente esta última,
acção modeladora/destruidora do Homem. Daí que a reparti- uma vez que a produção média anual de resina decaiu de cerca
ção actual das espécies já pouco tenha a ver com a de há de 100 000ton/ano para menos de 40 000ton/ano, nas duas últi-
alguns séculos. mas décadas, em consequência da entrada no mercado mundial
O alastrar da floresta portuguesa é relativamente recente e a de resinas sintéticas e das provenientes de países com baixos
proliferação das duas espécies dominantes, o pinheiro bravo custos de produção. Com uma produção de cortiça (amadia e
(Pinus pinaster) e o eucalipto (Eucaliptus globulus), que cobrem virgem) de cerca de 160 000ton/ano, Portugal é o primeiro pro-
actualmente mais de metade do território continental (31% e dutor mundial, realizando um volume médio de negócios, cer-
21%, respectivamente), ocorreu essencialmente durante o sécu- ca de quatro vezes e meio superior ao dos produtos lenhosos e
lo XX. O pinheiro, principalmente a partir dos anos 40, primei- mais do dobro do obtido no conjunto dos produtos florestais.
ro, aquando da reflorestação de inúmeros baldios serranos, e, A produção de mel e frutos silvestres, castanha e de pinhão,
depois, por substituição de áreas agrícolas abandonadas ou pou- característicos da floresta mediterrânea, merece algum desta-
co produtivas, nomeadamente olivais. que, pois representa cerca de 9% das receitas anuais obtidas da
A grande expansão do eucalipto é ainda mais recente (anos floresta.
70 em diante) e está associada à implantação das indústrias de Segundo os últimos dados disponíveis (1999), a floresta e
celulose e papel que, por um lado a realizaram e, por outro, a as actividades correlacionadas representaram mais de 100 mil
fomentaram em terrenos particulares. A procura de matéria- milhões de Euros, ou seja, 3,2% do VAB nacional e 3% do
-prima e os lucros que o rápido desenvolvimento desta espécie emprego em Portugal, garantindo 140 000 postos de trabalho
proporciona foram as causas da sua grande expansão e, simulta- permanente.
neamente, da polémica que lhe tem estado associada do ponto A floresta tem vindo a ser procurada e valorizada, cada vez
de vista de ordenamento florestal, quer pela degradação dos mais, como espaço de excelência para o recreio e lazer, onde se
solos e elevada exigência de água, quer pelos inconvenientes da procura ar puro e tranquilidade para além da agradabilidade do
monocultura e da perigosidade face à ocorrência de incêndios. espaço em si mesmo, de que os carvalhais do Parque Nacional da
Apesar da relativa exiguidade do território nacional, a Peneda-Gerês e do Nordeste Transmontano e os bosques do
diversidade e a coexistência de espécies oriundas de áreas Buçaco e da Serra de Sintra são apenas alguns exemplos. O desen-
muito diversas do globo, são duas das principais característi- volvimento turístico equilibrado e sustentado da floresta tem sido,
cas da floresta portuguesa. Os regimes térmico e pluviométri- aliás, uma das apostas de muitas áreas rurais que, valorizando os
co, e sobretudo o seu desencontro, ao longo do ano, principal recursos endógenos, têm proporcionado mais e melhores condi-
característica do território continental devido à sua posição ções de utilização da floresta, promovendo actividades culturais e
em latitude, são os principais responsáveis pela distribuição desportivas que têm tido uma procura crescente.
das principais espécies vegetais. Definem-se, assim, duas áreas A valorização crescente dos espaços florestais, associada à
principais: uma a Norte, onde se encontram espécies de folha preservação do ambiente e a uma gestão correcta e eficiente,
caduca típicas da Europa oceânica, que aqui encontram o seu tem sido responsável por um número crescente de iniciativas,
limite mais meridional; outra, de cariz significativamente entre as quais se destacam a Lei de Bases da Política Florestal
mediterrâneo a Sul do Continente, onde predominam espé- (Lei n.º 33/96, de 17 de Agosto), o Plano de Desenvolvimento
cies de folha persistente e com adaptações xerófitas, vários cistus Sustentável da Floresta Portuguesa (1999) e o Programa de
e plantas aromáticas, são apenas alguns exemplos. Sempre Acção Nacional de Combate à Desertificação (1999). Mas
que outros factores climáticos, como a altitude, a exposição ao muitas outras se poderiam enumerar, nomeadamente as rela-
sol e aos regimes de vento dominantes ou a proximidade a cionadas com questões ambientais (Reserva Ecológica Nacional,
linhas de água, se fazem sentir com maior ou menor intensi- Rede Nacional de Áreas Protegidas, Natura 2000) e de Ordena-
dade, assim as várias espécies de cariz mais atlântico ou mais mento (por exemplo, as previstas no III Quadro Comunitário de
mediterrâneo vão encontrando condições limitantes ou favo- Apoio que incluem, entre outros, aspectos relacionados com a
ráveis ao seu desenvolvimento. diversidade biológica, a resistência ao fogo das espécies florestais
A floresta é um dos elementos fundamentais para o equilí- e a valorização da função paisagística).
brio dos ecossistemas (flora e fauna), e, simultaneamente, uma A nível internacional, Portugal tem colaborado em diversas
importante e variada fonte de riqueza para a economia nacional. iniciativas, tanto para as Nações Unidas (co-organizando duas
A produção lenhosa extraída anualmente eleva-se a cerca de reuniões sobre Reabilitação dos ecossistemas florestais degradados e
11,5 milhões de m3, dos quais as duas principais espécies madei- O papel das florestas plantadas na Gestão Florestal Sustentada), como
reiras, o pinheiro-bravo e o eucalipto, contribuem, respectiva- no âmbito da Comissão Europeia das Florestas (em 1998, reali-
mente, com 6,2 milhões de m3 e 4,5 milhões de m3. zou-se em Lisboa a Conferência Ministerial para a Protecção das

154 ATLAS DE PORTUGAL IGP


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Carta ecológica

Zonas Ecológicas

Basal Atlântica
Basal Mediterrâneo-Atlântica
Basal Atlante Mediterrânea
Submontana Subatlântica
Montana Subatlântica
Montana e Submontana Ibérica
Altimontana
Basal Submediterrânea
Basal Sub-Iberomediterrânea
Iberomediterrânea
Mediterrânea
Aluviões
Calcários
Dunas
Eólicas
Termo-subatlântica

0 25 50 km

ATLAS DE PORTUGAL IGP 155


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Espécies florestais indicadas para cada região de arborização

Cipreste de Monterey Cupressus macrocarpa


Cipreste do Buçaco Cupressus lusitanica

Eucalipto comum Eucalyptus globulus

Juníperos ou zimbros Juniperus spp.


Carvalho cerquinho Quercus faginea

Freixo comum Fraxinus angustifolia


Carvalho americano Quercus rubra

Pinheiro de Alepo Pinus halepensis


Carvalho negral Quercus pyrenaica
Carvalho alvarinho Quercus robur

Pinheiro silvestre Pinus sylvestris


Casuarina Casuarina equisetifolia

Cedro do Atlas Cedrus atlantica

Cipreste Cupressus sempervirens

Pinheiro insigne Pinus radiata


Cerejeira brava Prunus avium
Azinheira Quercus rotundifolia

Pinheiro bravo Pinus pinaster


Choupo branco Populus alba
Alfarrobeira Ceratonia siliqua

Choupo negro Populus nigra

Robínia Robinia pseudoacacia


Pinheiro manso Pinus pinea
Castanheiro Castanea sativa

Pinheiro larício Pinus nigra


Mioporos Myoporum spp.
Ciprestes Cupressus spp.
Amieiro Alnus glutinosa

Bétula Betula celtiberica

Sobreiro Quercus suber


Samouco Myrica faya
Salgueiros Salix spp.
Pinheiros Pinus spp.
Choupos híbridos
Basal Atlântica
Basal Mediterrâneo-Atlântica
Basal Atlante Mediterrânea
Submontana Subatlântica
De influência mediterrânea De influência atlântica

Montana Subatlântica
Montana e submontana Ibérica
Altimontana
Aluviões
Dunas
Calcários
Basal Mediterrânea
Basal Submediterrânea
Basal Sub-Iberomediterrânea
Iberomediterrânea
Mediterrânea
Aluviões
Dunas
Eólicas

Florestas na Europa). O conhecimento global da floresta portu- ral, Laurissilva, e por floresta exótica, como já foi referido.
guesa e da sua importância económica é relativamente recente. A floresta introduzida é composta essencialmente por pinhei-
O primeiro inventário florestal nacional realizou-se há apenas ro bravo (46%), eucalipto (12%), castanheiro (6%), acácia
quatro décadas (anos de 1965 e 1966), a partir do qual foi possí- (2%), e por inúmeras espécies folhosas e resinosas, entre as
vel avaliar, com algum rigor, a extensão das áreas florestais e os quais, a nogueira, o carvalho, a criptoméria; em Porto Santo,
acréscimos de povoamentos das principais espécies existentes a floresta é constituída quase exclusivamente por pinheiro de
(pinheiro bravo e eucaliptos); tendo ocorrido já três revisões des- Alepo (600ha).
se inventário (1980, 89 e 99), a última permitiu, pela primeira Nas nove ilhas do arquipélago dos Açores a floresta ocupa
vez, obter uma cobertura integral da ocupação do solo de Portu- cerca de 30% do território e pode agrupar-se em dois grandes
gal continental. Os últimos dados disponíveis indicam que 38% grupos: a floresta de protecção e a floresta de produção. Na
da área do continente é de uso florestal (cerca de 3 500 000ha), floresta de protecção, dominam as faias, laurifólias, ilex, zim-
dos quais 61% correspondem a povoamentos de espécies folho- bral e ericais que ocupam ainda longas áreas em todas as ilhas;
sas, 26% de espécies resinosas e os restantes 13% a povoamen- na floresta de produção, os povoamentos de criptoméria
tos mistos de folhosas e resinosas. (Cryptomeria japonica), acácia (Acacia melanoxylon), pinheiro bra-
A floresta da Região Autónoma da Madeira, pouco mais de vo (Pinus pinaster) e eucalipto (Eucaliptus globulus), predomi-
36 100ha, reparte-se quase equitativamente por floresta natu- nam na Ilha de São Miguel.

156 ATLAS DE PORTUGAL IGP


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Distribuição das espécies florestais, 1999

Tipos de floresta considerados relevantes para


a demarcação de núcleos críticos a incêndios

Pinheiro bravo

Pinheiro manso

Outras resinosas

Eucalipto

0 25 50 km

ATLAS DE PORTUGAL IGP 157


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Distribuição dos tipos de povoamento florestal, 1999

Norte
Centro
Lisboa e Vale Tejo
Alentejo
Algarve
Continente

0 20 40 60 80 100 %
Castanheiro Carvalho Sobreiro Azinheira Eucalipto Outras folhosas 1 Pinheiro bravo Pinheiro manso Outras resinosas 2

1. Agrupamento de várias espécies pertencentes ao 2. Agrupamento de várias espécies pertencentes ao


grupo das folhosas, que inclui: acácia, alfarrobeira, grupo das resinosas, que inclui: pinheiro silvestre,
bétula, choupo, faia, freixo, medronheiro, salgueiro, pinheiro de alepo, pseudotsuga, cipreste, cedro, outros
ulmeiro e folhosas diversas. pinheiros e resinosas diversas.

Distribuição da floresta nas ilhas da Madeira e do Porto Santo, 2000

Floresta natural
Floresta exótica

0 5 10 km

158 ATLAS DE PORTUGAL IGP


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Floresta, área de risco

As características climáticas do período estival,


marcadas por verões quentes e secos – tanto mais
acentuados quanto mais vincadas são as
características mediterrâneas no território nacional –
têm proporcionado condições susceptíveis da
ocorrência de incêndios, um dos maiores flagelos
da floresta portuguesa. Contudo, estas não derivam
apenas dos atributos climáticos desfavoráveis.
Também o decréscimo da população rural,
o abandono de terras agrícolas, a redução do
consumo de combustíveis e de fertilizantes vegetais,
a diminuição dos efectivos de gado e do seu
pastoreio, o desaparecimento de actividades
tradicionais (como a resinagem) e as alterações
de uso do coberto vegetal nas últimas décadas, onde
se inclui a expansão da monocultura de eucalipto,
figuram também como importantes causas
do agravamento da ocorrência de fogos.
Durante o período 1983/2004 os incêndios
dizimaram mais de 2,7 milhões de hectares. Só em
2003, ano de maior calamidade e que afectou com
particular incidência as regiões do Centro interior e
da Serra Algarvia, arderam 425 700ha (mais do que
havia ardido nos primeiros quatro anos da década
anterior). Os primeiros cinco anos deste século
foram particularmente graves (à média de
190 200 ha/ano), tendo já ardido mais de 1/10 da área
total do Continente (951 100ha). Imagens de satélite
tornaram possível avaliar os danos registados
na década anterior, de acordo com a ocupação
do solo. As espécies florestais mais sacrificadas foram
o pinheiro bravo (quase 161 400ha) seguido pela
floresta mista (principalmente pinhal bravo
e eucaliptal), quase 70 300ha, pelo eucaliptal, com
cerca de 53 400ha, e pelas espécies folhosas,
36 100ha. Comparativamente, as extensas áreas de
montado de sobro e azinho foram pouco afectadas
pelo fogo, tendo ardido, durante toda a última
década, um pouco menos de 8 900ha. Arderam
ainda mais de 102 800ha de áreas agrícolas,
das quais quase 54 900ha com culturas
anuais e quase 12 100ha de olival.
A restante área ardida (quase 500 000ha) estava
revestida de vegetação herbácea e arbustiva esparsa.
A utilização de meios técnicos adequados (a detecção
remota por satélite é das mais importantes) tem
permitido acompanhar de perto o flagelo dos fogos
florestais, não só na contabilização das áreas ardidas
como na análise da regeneração da vegetação nas
áreas afectadas pelo fogo, revelando-se um precioso
instrumento para delinear estratégias de prevenção e
actuação futuras.
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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Carta de risco de incêndio, 2000


As áreas de risco mais elevado correspondem
às de maior densidade de floresta e mato

Áreas ardidas por concelho,


1995 a 2002

60
30
15
10

Risco de incêndio

ha Muito alto
Alto
33 000 Médio
20 000
10 000 Baixo
5 000 Muito baixo
1 000 Núcleos críticos

N N
0 25 50 km
0 25 50 km

160 ATLAS DE PORTUGAL IGP


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Áreas ardidas, 1990 a 2003

Ano

2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
1991
1990

0 25 50 km

ATLAS DE PORTUGAL IGP 161


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Áreas ardidas por tipo de ocupação do solo e por ano, 1993/1999

Ocupação do solo (ha)


(1986/90) 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Total

Áreas urbanas 188 624 282 515 105 417 152 618 174 66 548 151 3 028
Culturas anuais 1 886 520 3 954 9 625 2 108 1 970 6 576 4 397 7 157 1 065 14 359 3 647 54 858
Vinha 250 368 163 668 69 53 377 529 214 111 722 338 3 244
Pomar 81 248 80 464 107 39 325 213 181 17 456 180 2 062
Olival 360 500 1 081 4 415 544 366 933 1 074 914 101 1 555 1 109 12 092
Áreas agrícolas heterogéneas 1 021 025 2 716 12 444 1 456 805 993 3 762 1 003 334 5 049 2 026 30 588
Territórios agro-florestais 682 728 963 4282 886 520 833 1 691 1 492 210 3 792 1 024 15 693
Sobreiro 413 802 369 3029 388 99 775 758 434 76 502 1 186 7 616
Azinheira 89 406 8 194 29 13 172 249 90 4 244 234 1 237
Eucalipto 407 636 3 356 17 882 3 983 2 228 743 15 110 1 460 1 433 4 817 2 353 53 365
Outras folhosas 438 159 3 160 7 483 1 159 785 2 528 7 657 3 517 652 6 099 3 069 36 109
Pinheiro bravo 721 239 10 542 50 660 8 250 12 474 4 547 27 648 10 843 2 819 23 709 9 893 161 385
Pinheiro manso 2 356 9 39 9 60 9 20 2 2 47 38 235
Outras resinosas 77 729 751 1 066 194 720 388 546 1 462 254 1 275 344 7 000
Floresta mista 537 890 4 897 16 785 4 005 2 523 3 902 11 910 5 012 1 759 15 407 4 076 70 276
Veg. Arbustiva e herbácea 1 312 323 39 586 53 709 10 368 17 557 45 275 50 441 42 677 8 948 65 241 23 231 357 003
Áreas com pouca vegetação 320 812 56 686 11 789 2 120 5 377 11 077 13 049 12 665 2 823 20 111 6 675 142 372
Outras 105 344 192 1 118 122 46 100 112 65 27 236 170 2 188
Áreas ardidas anteriormente 1 938 3 491 2 745 7 335 20 015 25 122 7 547 85 479 23 619 177 291

Total 8 897 709 128 795 198 105 39 393 48 797 87 040 159 769 114 484 28 248 249 648 83 363 1 137 642

A caça

A caça, actividade milenar de sobrevivência, há muito se Paralelamente, foram criadas várias reservas, algumas das
tornou uma actividade lúdica apesar da grande importância quais integradas em Parques e Reservas Naturais, onde o
económica que tem em determinadas regiões, particularmen- exercício da caça é interdito ou condicionado por forma a
te nas mais rurais e interiores do país. Simultaneamente, a proteger determinadas espécies; são exemplos as migratórias
crescente preocupação pela preservação ambiental dos ecos- e algumas de maior porte, como o corço e o veado. O Estado
sistemas em geral, e das várias espécies florísticas e faunísticas Português subscreveu directivas comunitárias e convenções
em particular, incluindo as espécies cinegéticas, tem permiti- internacionais, nomeadamente a Directiva Aves e a Conven-
do encarar esta actividade de modo muito diferente, do de há ção de Berna, que obrigam à criação de condições eficazes de
apenas três ou quatro décadas, quando um bom caçador era conservação dos recursos faunísticos, principalmente das
avaliado pelo número de peças abatidas... espécies mais ameaçadas. A denominada Lei da Caça, publica-
Actualmente, mais de 240 000 caçadores exercem actividade da em 1999, transpõe já esse espírito ao acentuar a necessida-
em Portugal, dos quais cerca de 30% são membros de clubes ou de dos “...recursos estarem sujeitos a gestão que garanta a sua
associações que administram zonas de caça ordenada, áreas em sustentabilidade, no respeito pelos princípios de conservação
que a legislação prevê normas para assegurar a sobrevivência das da natureza e em harmonia com as outras formas de explora-
espécies e a sua exploração racional. Nas áreas do denominado ção da terra...”.
terreno livre, o quadro legislativo em vigor e os diplomas que, Um vasto conjunto de outras actividades estão directa-
anualmente, definem o calendário venatório e as várias espécies mente relacionadas com a caça, como por exemplo a indústria
autorizadas, procuram assegurar também a preservação das de munições, do vestuário, do calçado e do turismo e a sua
espécies, limitando, quer os períodos em que é permitido caçar, importância, tanto lúdica como económica, tenderá a aumen-
quer o número de espécies abatidas diariamente. tar com a melhor gestão dos recursos cinegéticos.

162 ATLAS DE PORTUGAL IGP


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Espécies cinegéticas

Caça maior Caça menor Outras aves


Pombo torcaz Columba palumbus
Javali Sus scrofa Aves/Patos Perdiz comum Alectoris rufa
Rola Streptopelia turtur
Gamo Cervus dama Pato real Anas platyrhynchos Faisão Phasianus colchicus
*Melro Turdus merula
Veado Cervus elaphus Frisada Anas strepera Codorniz Coturnix coturnix
Tordo zornal Turdus pilaris
Corço Capreolus capreolus Marrequinha Anas crecca Galinha d'água Gallinula chloropus
Tordo comum Turdus philomelos
Muflão Ovis ammon Pato trombeteiro Anas clypeata Galeirão Fulica atra
Tordo ruivo Turdus iliacus
Marreco Anas querquedula Tarambola dourada Pluvialis apricaria
Caça menor Tordeia Turdus viscivorus
Arrábio Anas acuta *Abibe Vanellus vanellus
Mamíferos *Gaio Garrulus glandarius
Piadeira Anas penelope Galinhola Scolopax rusticola
Lebre Lepus capensis *Pega Pica pica
Negrinha Aythya fuligula Narceja galega Lymnocryptes minimus
Coelho bravo Oryctolagus caniculus *Gralha preta Corvus corone
Zarro comum Aythya ferina Narceja comum Gallinago gallinago
Raposa Vulpes vulpes Estorninho malhado Sturnus vulgaris
Pombo da rocha Columba livia
Saca-rabo Herpestes ichneumon
Pombo bravo Columba oenas

Nota: Todos os anos é publicada uma Portaria que define as espécies cinegéticas que podem ser objecto de caça e os períodos e os processos de caça para cada grupo de espécies.
*Nos últimos anos não se têm podido caçar.

Períodos em que o exercício da caça ou a


utilização de determinados processos de caça está
Calendário venatório 2004/2005
limitado a locais e condições fixados por edital.
Espécies Meses/dias Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Limite
diário
de abate
Nos termos do artigo 101.º, n.os 1, 2, alínea a)
Caça menor / espécies migradoras ou parcialmente migradoras e 3, e do artigo 102.º, n.os 1 e 2, do Decreto-Lei
22 26
Rola comum 15 n.º 227-B/2000, de 15 de Setembro, com a
Patos, Galeirão comum
22 15
*10 redacção que lhe foi conferida pelo Decreto-Lei
E Ce E Ce
22 16 n.º 388/2001, de 26 de Dezembro.
Galinha d’água 10
E Ce E Ce
22 20
Pombo Bravo 10
E Ce E Ce
22 20 Os processos de batida e de montaria só são
Pombo torcaz, Pombo da rocha *50
E Ce E Ce
5 28 permitidos neste período.
Codorniz 10
3 13
Nos terrenos ordenados, de acordo com o plano
Narcejas 10 anual de exploração aprovado.
3 23
Tarambola dourada
E
5 Nos terrenos não ordenados:
Galinhola
3 20
3 – a caça ao javali só pode ser autorizada nos
31 20 locais e condições estabelecidos por edital da
Tordos, Estorninho malhado E Ce *50
respectiva Direcção Regional de Agricultura;
Caça menor / espécies sedentárias – a caça ao veado, gamo, corço e muflão, só pode
Perdiz vermelha
3
***3 ser exercida nos casos e nas condições
3 autorizados pelo Ministro da Agricultura,
Faisão ***10
Desenvolvimento Rural e Pescas.
19
terreno ordenado ***
Coelho bravo
3 terreno não ordenado 26 10 Processos de caça permitidos nos terrenos não
19 ordenados:
terreno ordenado ***
Lebre B – caça de batida
3 terreno não ordenado 26 1
Ce – cetraria
Raposa, Saca-rabo 27 **3
SE B Co Co – caça a corricão (só à raposa)
Caça maior E – caça à espera
S – caça de salto
Javali ***

Veado, Gamo, Corço, Muflão ***


* Limite diário para o conjunto das espécies.
** Os limites diários de abate são por espécie e
não se aplicam quando os processos de caça uti-
lizados são os de batida ou a corricão.
*** Os limites diários de abate, nos terrenos
ordenados, obedecem aos respectivos planos anu-
ais de exploração.

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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

A exploração dos recursos extractíveis das exportações. O Alentejo é o maior produtor de rochas
ornamentais, principalmente mármores e granitos.
A exploração dos recursos mineralógicos num qualquer As águas minerais têm boas potencialidades de desenvol-
território, pressupondo a sua existência, depende da tecnolo- vimento, dada a riqueza e variedade de recursos, utilizadas
gia disponível, das facilidades de transporte, das possibilidades nas estâncias termais e na alimentação, evidenciando-se o
financeiras e da visão desenvolvimentista prevalecente no Norte e o Centro do Continente onde se registam perto de
momento. O seu carácter não renovável, o impacte ecológico três quartos dos recursos hidrominerais.
provocado pela sua extracção, a concorrência de outros locais Apesar de uma base diversificada, a exploração de recursos
com jazidas mais ricas e/ou de maior facilidade de operação, a mineralógicos tem um interesse económico limitado, o mes-
instabilidade das cotações nos mercados internacionais, são mo acontecendo em relação ao valor estratégico, aqui, à
factores de peso no aparecimento de obstáculos temporais à excepção do urânio.
exploração destas riquezas.
O recenseamento de recursos mineralógicos em Portugal
revela uma grande dispersão, quanto à sua existência e variedade. A última década
A extracção de minérios metálicos vem de longínquos
tempos; sabe-se, por exemplo, que os romanos exploraram, A produção global da indústria extractiva na última déca-
entre outras, algumas jazidas de ouro; mas actualmente o seu da do século XX cresceu 30% em termos de riqueza gerada,
significado não é relevante. A actividade nas jazidas de mine- passando de pouco mais de 480 milhões de Euros em 1991,
rais energéticos é muito antiga; mas o carvão que se extraía para mais de 620 milhões de Euros em 2001, período esse em
esteve sempre longe de ser, pela quantidade e qualidade, com- que a produtividade aumentou (de 34 000 para 54 700
petitivo com outras jazidas, mesmo europeias. A produção Euros/trabalhador), em grande parte à custa da diminuição do
máxima, em pouco ultrapassando as 600 000t/ano ocorreu em número de trabalhadores (emprego directo) de 14 150 para
1959, acompanhando um surto industrial que então se verifi- cerca de 11 400.
cava e, embora as reservas tenham sido avaliadas em mais de
80 milhões de toneladas, pelos anos 90 do século passado já — As alterações mais negativas ocorreram no subsector
laborava uma só mina (Pejão), com uma produção da ordem dos minerais energéticos pelo abandono da produção de car-
das 200 000t/ano, actualmente encerrada. vão (1994) e pela diminuição drástica da produção de urânio,
Portugal, com reservas de urânio relativamente importantes, entretanto terminada;
em particular no centro interior, e destaque para as áreas de — relativamente aos minérios metálicos, pelo arranque da
Viseu e Portalegre, foi um dos primeiros países a explorá-lo, produção de concentrados de cobre e zinco na mina de Aljus-
logo após a sua descoberta nas jazidas da Urgeiriça, em 1907, trel em 1991 (interrompida em 1993 por razões técnicas e
embora o fizesse para extracção de rádio e o urânio fosse rejei- evolução desfavorável da cotação dos metais), e pela paragem
tado como ganga. Só com o advento da II Guerra Mundial se da produção de ouro da mina de Jales em 1992;
dá valor a este recurso, matéria-prima para a energia nuclear, — pela produção de concentrados de cobre e de estanho
actualmente produzida por fissão dos seus átomos; a sua explo- provenientes da mina de Neves-Corvo, que em 1991 atingiu
ração, a princípio descontrolada, passou a ser, a partir de 1962, a produção máxima destes concentrados (158 mil toneladas
dirigida pelo Estado. Entretanto a exploração na Urgeiriça ter- de cobre e 5 300 toneladas de estanho), mas, de então para cá,
minou, em sequência do encerramento da empresa em finais a produção tem vindo a decair em consequência da diminui-
de 1993. ção do teor dos minérios extraídos, principalmente de estan-
Os minerais ferrosos, indispensáveis para diversas indús- ho, cujas reservas praticamente se esgotaram;
trias metalúrgicas e metalomecânicas, apresentam reservas — depois de um período de actividade de mais de quaren-
consideráveis, nomeadamente em Moncorvo, Marvão, Cercal ta anos, a produção de ferro-manganés proveniente da mina
do Alentejo e na área de Cuba-Vidigueira; mas, mais uma vez, do Cercal (distrito de Setúbal) terminou em consequência do
a qualidade pouco satisfatória torna a sua exploração de pou- desmantelamento do alto forno siderúrgico do Seixal, única
co interesse. Dos minerais não ferrosos mais importantes, unidade consumidora deste minério;
como cobre, tungsténio, estanho e até ouro, só a exploração — a produção de concentrados de tungsténio, provenien-
de pirites no Sul do País, para indústrias químicas, resistiu até te da mina da Panasqueira tem-se mantido, embora muito
aos nossos dias mas, mesmo assim, até a mina de Neves Corvo, irregular (1 029 toneladas em 1997 e 435 toneladas em 1999)
uma das principais, já foi fechada. apesar das dificuldades de escoamento da produção, o que
Restam como actividades extractivas de sucesso, a explora- levou ao encerramento temporário em 1994 ao qual se seguiu
ção de rochas industriais e ornamentais principalmente liga- a mudança de proprietário.
das à construção civil – granitos, xistos, calcários – que ganha- Prevê-se o arranque da produção de concentrados de zin-
ram fama no estrangeiro e contribuem para melhorar o valor co com cerca de 50 000t/ano.

164 ATLAS DE PORTUGAL IGP


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O PAÍS O PAÍS SOCIOECONÓMICO


Actividades da terra

Ocorrências geomineiras

Minerais Metálicos e Energéticos


Estanho e tungsténio

Carvão

Cobre, chumbo e zinco

Ferro e manganês

Ouro

Urânio

Minerais e rochas industriais


e ornamentais
Areia comum

Areia especial

Argila

Caulino

Calcário industrial

Calcário ornamental

Diatomito

Granito e rochas similares

Mármore

Quartzo e feldspato

Sal-gema

Xisto

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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Principais substâncias exploradas nas minas do Continente

Substâncias exploradas Áreas de produção e principais minas Destino da produção

NORTE
Talco Distrito de Bragança, Vinhais: Minas de Sete Fontes, Indústria cerâmica e também como fundente e como
Salselas e Vale da Porca carga nas indústrias de papel, tintas e fertilizantes

Caulino Distritos de Aveiro, Porto, Braga e Viana do Castelo: Minas da Vista Alegre, Indústria cerâmica
Quinta da Antónia, Quelha das Borralhas, Valverde e Alvarães

Feldspato Distritos de Vila Real, Porto, Guarda, Viana do Castelo e Braga: Indústria cerâmica
Minas de Seixigal, Seixoso e Bajoca Minas de pequena dimensão

CENTRO
Minério de volfrâmio Distrito de Castelo Branco: Mina da Panasqueira
A mina da Panasqueira produz também minérios de cobre e estanho

Urânio Distrito de Viseu: Minas da Urgeiriça, Bica, Castelejo, Cunha Baixa,


Quinta do Bispo e Pinhal do Souto. Desde 1991 este minério foi perdendo importância
e deixou de se extrair; actualmente volta a ser explorado

Mistos de Estanho Distrito de Coimbra: Em várias minas de pequena dimensão


e inertes

Caulino Distrito de Coimbra: Mina do Chão. Única mina em exploração Indústria cerâmica

Sal-gema Distrito de Leiria, Pombal: Mina do Carriço Indústria química, agro-alimentar e de rações

Quartzo e feldspato Distritos da Guarda e Viseu: Minas de Real, Gralheira, Srª da Assunção
e Vila Seca. Minas de pequena dimensão

Pegmatito com lítio Distrito da Guarda: Minas de Alvarrões, Gonçalo Sul e Casanho Indústria cerâmica

LISBOA
Sal-gema Distrito de Lisboa, Torres Vedras: Mina de Matacães. Abriram-se cavidades Indústria química. É pouco significativo o consumo
no campo diapírico para armazenamento subterrâneo de gás para fins alimentares e outros

Diatomito Distrito de Leiria, Óbidos: Mina da Quinta do Jardim

Caulino Distritos de Leiria e Santarém: Minas de Mosteiros e Casal dos Braçais Indústria cerâmica
Iniciaram actividade em, respectivamente, 1991 e 1994

ALENTEJO
Cobre e estanho Distrito de Beja, Castro Verde: Mina de Neves Corvo Exportação
Iniciou actividade em 1988

Ferro-manganês Distrito de Setúbal: Mina do Cercal Minério consumido pela Siderurgia Nacional que
Já encerrada. Explorava-se também, esporadicamente, a barite, como subproduto o utilizava como fonte de manganês, no alto forno

Quartzo Distritos de Portalegre e Évora: Minas de Fronteira e Pedras Pintas Indústria cerâmica, de pavimentos e de revestimentos
e também exportação

Feldspato Distritos de Portalegre e Évora: Minas de Fronteira e Pedras Pintas Indústria cerâmica, de pavimentos e de revestimentos
Até 1995 estiveram em actividade no distrito de Évora mais 4 minas, e exportação
mas sem actividade regular

ALGARVE
Sal-gema Distrito de Faro, Loulé: Mina de Campina de Cima Indústria química
Única mina actualmente em exploração

166 ATLAS DE PORTUGAL IGP


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O PAÍS SOCIOECONÓMICO
Actividades da terra

Quanto ao subsector dos minerais não metálicos, e de Indústria extractiva: volume e valor da produção
acordo com o Instituto Geológico e Mineiro (actual INETI), o
Volume Valor
que mais se destaca é o “...desenvolvimento (...) de rochas (ton) (x103 euros)
ornamentais (...mármores, granitos [e ardósia, registando-se, 1991 2000 1991 2000
no conjunto, a duplicação do seu volume), a consolidação da
Minerais energéticos
produção das] matérias-primas cerâmicas (caulino, feldspato,
Minérios de urânio* — 450 — 368
argilas especiais e argilas comuns), e, em resposta às necessi- Hulha* — 4 — 4
dades de criação de infra-estruturas e renovação do parque
habitacional, a produção de areias, britas e calcário para a Minérios metálicos (contidos em concentrados)
Cobre 159 900 76 300 146 900 91 600
indústria cimenteira...”. Estanho 3 100 1 200 8 200 6 500
Tungsténio 1 000 750 5 300 5 300

Minerais não metálicos


Novas tendências da indústria extractiva Sal-gema 582 638 584 516 2 561 2 678
Caulino 149 788 162 674 5 425 4 255
O conceito de indústria extractiva tem vindo a evoluir Feldspato 120 790 136 730 2 641 2 153
Talco 10 790 9 895 647 612
rapidamente, em consequência da alteração dos paradigmas
(de ‘abastecimento’ para ‘sustentabilidade’ – com particular Rochas industriais
destaque para as questões ambientais), e da abrangência a Argilas comuns n.d. 3 552 249 — 5 900
novos domínios de actividade económica. Na denominada Argilas especiais 301 160 712 951 5 344 8 100
Rochas ornamentais 1 186 091 2 637 870 120 642 145 200
‘nova’ indústria extractiva incluem-se, entre outras, as activi- carbonatadas (mármores e outras) 947 761 939 052 96 706 81 500
dades de extracção de águas minerais e de nascente, a geoter- silicatadas (granitos) 214 652 630 848 22 033 30 900
mia (de alta e baixa temperatura), a mineração inversa e a ardósia 23 678 42 630 1 903 3 700
pedra p/ calcetamento n.d. 1 025 300 — 29 100
exploração de areias e cascalho do fundo do mar.
Areia comum n.d. 6 804 682 — 21 600
O domínio da extracção de águas minerais e de nascente é Areia especial 562 333 961 900 3 300 10 400
já de algum destaque, não só por ser um sector avançado tec- Granulados 48 307 613 78 767 100 164 300 314 400
nologicamente, empregar mais de 1 500 trabalhadores no ano (inclui calcário p/ cimento)
Outras substâncias minerais — 17 200 4 800
de 2000 e ter um volume de negócios significativo (179 milhões Águas (1000 l) **399 570 756 200 81 480 179 200
de euros), mas também pelo crescimento que registou na última
década, mais que duplicando o volume de negócios. Total da indústria extractiva — 482 400 820900
A geotermia atinge já alguma expressão nas ilhas açorianas,
contribuindo com 40% da energia eléctrica produzida em São * Actualmente já não se produz ** Dados de 1992
Miguel, por exemplo. No Continente destacam-se já alguns usos
de geotermia de baixa temperatura ligados a surtos em S. Pedro
do Sul, Chaves, Vizela e no Hospital da Força Aérea (Lisboa).
Estudos efectuados em vários pontos da costa portuguesa
revelam boas perspectivas de exploração de minerais marinhos,
actividade importante em vários países europeus como a
Holanda e o Reino Unido.
No domínio da mineração inversa, entendida como “o retor-
no a condições estáveis de substâncias tóxicas ou ecologicamen-
te perigosas em depósito no subsolo”, estão previstos projectos
de recuperação de áreas mineiras degradadas, que apostam tam-
bém no desenvolvimento de actividades turístico-culturais,
valorizando o património arqueológico industrial abandonado
que até há pouco tempo era encarado como um problema de
difícil resolução; os projectos já concretizados nas minas de
Lousal e Cova dos Mouros são um bom exemplo.
Mina de sal-gema de Campina de Cima – Loulé, Algarve

ATLAS DE PORTUGAL IGP 167

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