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Produto: ESTADO - BR - 13 - 18/08/08


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SEGUNDA-FEIRA, 18 DE AGOSTO DE 2008


O ESTADO DE S. PAULO
NEGÓCIOS B13
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Entrevista
Rosental Calmon Alves: diretor do Knight Center for Journalism in the Americas, da Universidade do Texas

‘Os jornais impressos têm vida longa’


DIVULGAÇÃO
dos jornais para o meio digital? crescimento do online é de
Alves diz, porém, que A circulação dos jornais nos 30% ao ano em faturamento,
mesmo em países onde as Quem é: EUA vem caindo há uns 40 mas parte de uma base peque-
vendas estão subindo, os Rosental Calmon anos em relação ao crescimen- na. Já a queda do faturamento
jornais terão de passar por to da população. Não é um fe- do impresso é mais lenta, em
mudanças radicais nômeno que acaba de aconte- torno de 4% ao ano, mas de
● É jornalista nascido no Rio e cer. A audiência dos telejor- uma base muito maior. A recei-
Marili Ribeiro diretor do Knight Center for nais também registra queda. A ta dos jornais está mudando
Journalism in the Americas, questão é que temos uma lógi- de padrão e não dá para cus-
O 7º Congresso Brasileiro de da Universidade do Texas, nos ca nova. A lógica da sociedade tear a atual infra-estrutura
Jornais, promovido pela Asso- EUA, onde mora há 12 anos da informação, que substituiu afeita ao modelo anterior, vol-
ciação Nacional de Jornais a sociedade industrial. Uma ló- tada para a edição em papel. É
(ANJ), reúne hoje e amanhã ● É membro do Knight Chair in gica que se acelerou nos EUA hora de reorganizar a rotina
em São Paulo executivos e pro- Journalism & UNESCO, Chair porque os anunciantes estão de trabalho. Entender o novo
fissionais para debater ques- in Communication saindo mais rapidamente dos fluxo da informação e rever tu-
tões essenciais à atividade. o meios tradicionais, já que en- do à luz de que a operação de
tema do evento é “O Brasil e a ● No Brasil, trabalhou durante contram outras formas de atin- internet vai crescer e a do pa-
indústria jornalística em 23 anos como repórter, reda- gir os consumidores por meio pel vai diminuir. As empresas
2020”. Entre os palestrantes tor, editor e chegou a diretor das plataformas digitais. E a fu- serão inevitavelmente multimí-
estão estudiosos do modelo de do Jornal do Brasil ga dessa receita está rompen- dia. A lógica de trabalho mu-
negócios dos jornais que, nos do o modelo de negócio que os dou e os profissionais preci-
últimos anos, sofreram profun- jornais mantinham. Era um sam incorporar os novos códi-
das mudanças sob o impacto lor das empresas caindo. Eu modelo muito lucrativo, com gos. A habilidade mais relevan-
das mídias digitais. Earl Wi- brinco que a euforia vivida pe- margens superiores a 30% ao te para meus alunos hoje em
lkinson, diretor da Internatio- los mercados emergentes, co- ano. Agora, há jornais operan- dia é saber fazer vídeos. ●
nal Newsmedia Association, mo o Brasil, é uma espécie de do no vermelho.
dos EUA, aborda as tendên- “baile da ilha fiscal”. Era o im-
cias para os jornais nos próxi- pério celebrando, enquanto o Como se reconstrói esse negócio podcasts
mos dez anos. Rosental Cal- regime já tinha ruído. Ouça trechos da
no mundo online? entrevista
mon Alves, diretor do Knight O negócio online cresce mais
Center for Journalism in the MUDANÇA– ‘As empresas serão inevitavelmente multimídia’, diz Alves Existem pesquisas mostrando a ve- aceleradamente do que a que-
www.estadao.com.br/e/b13
Americas, da Universidade do locidade de migração de leitores da do negócio impresso. O
Texas, fala sobre a reconstru- manece na cúpula da Associa- trução do jornal deve partir de
ção do jornal na era digital. ção Mundial dos Jornais, car- uma avaliação de uma série de
Carioca de nascimento mas go que ocupa desde junho. atividades que o jornal faz ou
de família capixaba como gos- fazia, à luz desse mundo novo
ta de lembrar, Alves construiu O tema de sua palestra é a recons- que está emergindo.
carreira trabalhando em em- trução do jornal para era digital. O
presas jornalísticas no Brasil. que vem a ser essa reconstrução? Por quanto tempo a discussão so-
Há 12 anos está nos EUA e de- O jornal da era industrial, bre a sobrevivência do jornal im-
dica-se à vida acadêmica, for- aquele que conhecemos e está- presso vai continuar em cartaz?
mando novas gerações de pro- vamos acostumados, está mor- Por muito tempo. O jornal que
fissionais. É membro do Kni- to. Ou agonizante. O que não não acordar para essa discus-
ght Chair in Journalism & quer dizer que o jornal esteja são e não se adaptar – e não é
Unesco Chair in Communica- morto. Muito pelo contrário. O uma adaptação simples, por-
tion, além de diretor da Univer- jornal ainda tem vida longa. que envolve a essência desse
sidade do Texas. A pedido do Vejo a edição em papel resis- negócio –, vai desaparecer. É
Estado, ele antecipou pontos tindo em 2020. Mas, a empre- uma adaptação que terá víti-
que apresentará durante o con- sa jornalística vai estar bastan- mas: serão os que não entende-
gresso. Para ele, não há saída te diferente. A versão em pa- rem a profundidade da mudan-
fácil para as mudanças em an- ça. A estrutura atual dos jor-
damento, mesmo que a atual nais, feita para atender um
circulação dos jornais cresça ‘Temos uma lógica produto manufaturado, produ-
no Brasil. O padrão desse negó- zido uma vez por dia e entre-
cio será outro nos próximos nova, que é a da gue, no dia seguinte, para uma
anos. Em sua opinião, é me- sociedade da audiência interessada em ler
lhor começar a discutir mudan- informação’ as notícias do dia anterior em
ças no período de bonança do profundidade não sobreviverá.
que esperar a tempestade.
Durante o Congresso, tam- pel não vai mais representar a No Brasil, a circulação dos jornais
bém será anunciado o novo atividade central desse negó- cresce.
presidente da entidade para cio. As plataformas digitais, As mudanças vão acontecer
2008/2010. Nelson Sirotsky, em alguns mercados, estão em- até mesmo em países como
presidente do grupo RBS, no purrando o papel, sobretudo Brasil, Índia e China, onde a
cargo nas duas últimas ges- onde a penetração da internet circulação dos jornais vem au-
tões, passará o posto para Judi- é maior, para um pouco mais mentado nos últimos anos. Por
th Brito, superintendente da ao lado. Essas plataformas digi- isso, terei dificuldades em re-
Folha de S.Paulo. Sirotsty per- tais estão tomando o centro da ter a atenção do público sobre
atividade dessa indústria. O o que virá. E, acredite, vem
mundo está mudando. Não da uma tempestade. É fácil falar
maneira como sempre mudou. isso aqui nos EUA, onde essa
Mas mudando de forma radi- indústria vive um verdadeiro
cal. E o cenário de mídia muda massacre, com a circulação
de maneira drástica. A recons- dos jornais decrescendo e o va-

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