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Públio Athayde1
Minha mente não podia aceitar aquela situação diferente da anterior, quando depois
de cada problema solucionado (e feito o lance por mim), surgia novo problema (resultado
da jogada do adversário).
não podia aceitar a situação que se colocava: analisada – em sonho – determinada posição
eu executava o lance hipotético. Seguia-se interminável espera pela resposta que jamais
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Historiador e cientista político. Leia mais de Públio Athayde. Veja também Keimelion e Orbas Meas.
Faltava um indivíduo na operação. Faltava outra entidade capacitada a tomar
adversário.
fazer por ele aquilo que lhe é mais característico: decidir; de forma racional e lógica.
qualquer outro enxadrista jamais tomou qualquer decisão por seu adversário. Supõe-se,
impossibilidade de se efetuar por outrem qualquer opção. Nem o mais libertino devaneio de
Vejo agora que mesmo a ação de se efetuar o lance sendo composta por uma série
e técnica, sua experiência pregressa na atividade específica), não serão esses fatores que
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Conf. REIS, F.W. “Identidade, política e a teoria da escolha racional” RBCS – ANPOCS, n.6 vol 3 fev. 1988.
p 26 ss., idem, “Política e racionalidade: problemas de teoria e método de uma sociologia ‘crítica’ da
política”. Belo Horizonte, UFMG/PROED/RBEP/1984 p. 140.
determinarão em última instância o lance – ou qualquer ação decisória de caráter individual
– a ser efetuado em uma situação qualquer. Ainda que a escolha do lance seja racional, e
toda vida de cada indivíduo, e suficientemente complexa ao mesmo tempo, para ser
integrada por diversos componentes históricos, tais como os que mencionei, a escolha final
realidade?
decisórios me parece muito apropriado, por ser um jogo de soma zero, com ponto de sela e
maximin presumivelmente existentes. Primeiramente por que seu ponto de sela e maximin
que, das 10E180 (dez expoente cento e oitenta) situações possíveis, resultam estratégias
determinantes históricos tão múltiplos que podem compreender até opções estéticas.
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Conf. PRZEWORSKI, A “Marxismo e escolha racional.” RBCS – ANPOCS, n. 6 vol 3 fev. 1988. p. 5ss.
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Conf. RAPOPORT, A. “Lutas jogos e debates.” Brasília, UNB, 1980. p. 103 ss.;
histórico da opção final. Não se aplicam a objeções marxistas ao individualismo
O que foi colocado até aqui é que cada ação não é determinada historicamente. Tal
informação que ele tem sobre a situação em que se encontra: conhecimento de tática e
estratégia, conceitos valorativos, senso posicional adquirido pela prática, estudo das
pode ser avaliado em função da informação teórica de que o enxadrista está munido, e não
De tal observação decorre que, se cada lance não é determinado, quer por
considerandos histórico, quer por motivos de ordem estratégica, e sim pela racionalidade
objeto tático, a opção feita pela linha de abertura, ou pela defesa adotada, são ambas
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PRZEWORSKI, A. op. Cit.
da racionalidade decisória; há determinantes na escolha de linha de conduta, no xadrez ou
fora dele, que compreendem tanto racionalidade pura quanto componentes ambientais.6
O enxadrista não está isolado das normas determinantes de seu procedimento ou das
teorias elaboradas sobre os diversos temas do jogo, não joga necessariamente segundo a
opinião corrente em cada situação, não pautará compulsoriamente suas opções pelas
Acho que a maioria das observações que fiz quanto ao xadrez são transportáveis
e outras situações complexas. Nem foi meu interesse inovar por aí.
Pretendi apenas fazer menção à experiência pessoal – a dos sonhos – que considero
situação.
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Concordando com REIS, F.W. “Identidade, política e a teoria da escolha racional”. Op. Cit.
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A analogia aqui se faz com os postulados que segundo REIS, F.W. devem ser evitados como solução
metodológica em ciências sociais (op. Cit. p. 31).