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1999
RESUMO
O presente trabalho apresenta uma análise das diferenças e semelhanças
entre o jornalismo impresso e o digital, realizada de 14 a 20 de Setembro de 1998,
observando critérios de produção e edição utilizados nas versões online dos
primeiros cadernos de dois jornais diários paulistanos, Folha de S. Paulo (Brasil) e
O Estado de S. Paulo (Primeiro Caderno), escolhidos por serem os de maior
circulação na cidade de São Paulo.
Ao final extrai-se algumas conclusões sobre a emergência do jornalismo
digital, com destaque para novas formas de produção e edição de notícias na
Internet, a Rede Mundial de Computadores.
SUMÁRIO:
1. 1. INTRODUÇÃO
2. 2. DOS ÁTOMOS AOS BITS
3. 3. JORNALISMO IMPRESSO E DIGITAL
3.1.Internet: ferramenta do repórter
3.1.1. E-mail: informação por encomenda
3.2.Redação Web
3.2.1. 3.2.1. O Leitor Web
3.2.2. 3.2.2. 3.3 Design Web
4. 4. FOLHA DE S. PAULO - IMPRESSO E DIGITAL
4.1 4.1 .Impresso - aspectos gráficos e textuais
4.2 4.2 .Digital - aspectos gráficos e textuais
4.3 4.3 .Quadro Comparativo - impresso e digital
*
APRESENTAÇÃO
Desenvolver estudo comparativo sobre jornalismo online e impresso foi um grande desafio, sob o ponto de vista das descobertas,
dos erros e dos acertos; das idéias que abandonei e, sobretudo, das que acrescentei ao longo deste ano.
Como pesquisadora, a grande dificuldade que encontrei para realizar este trabalho foi a ausência, no Brasil, de bibliografia
específica sobre Jornalismo Online, de forma que tive que recorrer à Internet, ferramenta indispensável para pesquisar boa parte do
conteúdo deste trabalho.
Para romper minhas limitações conceituais, recebi apoio de professores, amigos e colegas. Agradeço, especialmente a Mário César
Carvalho, repórter especial da Folha de S. Paulo; a Milton Bellintani, coordenador do curso de Comunicação Social da
Universidade Bandeirante de São Paulo; a Sebastião Squirra, professor- doutor da disciplina de Jornalismo Online do curso de Pós
Graduação da Universidade de São Paulo; a Carlos Alberto Barbosa, professor - mestre das disciplinas de Filosofia, Estética na
Comunicação e Ética da Universidade Bandeirante de São Paulo; a José Antonio Meira da Rocha, professor de curso de Jornalismo
da Universidade Vale dos Sinos (RS) e às amigas Gisele Sayeg e Sandra Rodrigues.
Não poderia deixar de agradecer a Luciano Martins, editor executivo da NetEstado e Graciliano Toni, gerente de produtos do
Universo Online, colaboradores importantes sobre a prática do jornalismo no ciberespaço.
O meu muito obrigado também a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste projeto.
Luciana Moherdaui
moherdau@uol.com.br
4.4 4.4 .Nota de Atualização
5. 5. O ESTADO DE S. PAULO - IMPRESSO E DIGITAL
5.1.Impresso - aspectos gráficos e textuais
5.2.Digital - aspectos gráficos e textuais
5.3.Quadro Comparativo - impresso e digital
5.4.Nota de Atualização
6. ESPECIAL/ ENTREVISTAS
Luciano Martins, editor executivo da NetEstado
Graciliano Toni, gerente de produtos do Universo Online
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
8. ANEXOS
9. LINKS
10. BIBLIOGRAFIA
1. 1. INTRODUÇÃO
criação da imprensa, no século XV, até o advento da Internet, no final do século XX, a
Do mesmo modo, o surgimento da Internet fez com que houvesse, ao menos num
forma de bits. Entramos na era da digital. Estamos divididos entre bits e átomos.
1995. O primeiro deles foi o Jornal do Brasil. Logo em seguida, vários outros jornais se
digital, atua com a noção de tempo real. Alguns, ao contrário sequer são
atualizados diariamente, como o Estado de Minas e o Zero Hora, que têm caráter
Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar uma análise das diferenças e semelhanças
1[1]
Dígito binário, a menor unidade de informação de computador, transmitida como um impulso único significando ligado ou
desligado, simbolizado por 1 ou 0.
2[2]
Dispositivo que liga seu computador à tomada de telefone e transmite dados a outro modem e computador por meio da linha
telefônica, convertendo o sinal digital do computador em analógico.
entre o jornalismo impresso e o digital, observando critérios de produção e edição
utilizados nas versões online dos primeiros cadernos de dois jornais diários paulistanos,
que analisam novas mídias, e também livros, artigos de jornais e revistas, e publicações
pela versão digital dos jornais com o objetivo de pesquisar os critérios adotados por eles
passaram as grandes redações de mídia impressa desde a década de 60 até a era dos bits.
Sobretudo, sintetiza os desafios que a mídia impressa tem de superar por conta dos
novos recursos tecnológicos que a web dispõe, uma vez que esses recursos contribuíram
informações.
Estado sob ponto de vista de produção e edição, uma vez que não há publicação
O capítulo 6 traz duas entrevistas realizadas por e-mail com o editor executivo
Toni.
Por fim, e para provocar um debate, selecionei dois textos da jornalista Sonia
busca do jornalismo da era digital e Do papel à multimídia, nos quais há uma discussão
significado de ciberjornalismo.
tecnológica por que passaram as redações da mídia impressa desde a década de 60 até o
nas redações de mídia impressa dos diários brasileiros. À época, era preciso
informatizar para não morrer. Acabava a improvisação. Adotou-se o uso de métodos e
Ao final dos anos 90, entramos na era digital e estamos à frente de outro grande
conectados à rede e o jornal nos é apresentado sob a forma de bits. O limite agora é a
criatividade do homem e o uso que ele pode fazer dos recursos multimídia existentes.
Diário Catarinense e o Zero Hora tiveram que se adaptar diante da incorporação das
ciclos tecnológicos da empresa jornalística desde a década de 60 até o final dos anos 80:
3[3]
Adriana Reis BALBONI, Novas Tecnologias da Informação, p. 24
4[4]
Ibid., p.24
que ativaram este primeiro ciclo de inovação tecnológica. A imagem adquiria um
relevo informativo cada vez mais universal, enquanto que a imprensa diária
oferecia um baixo nível de qualidade gráfica, uma baixa capacidade de reprodução
em função do sistema tipográfico.5[5]
Até o início dos anos 70 as redações eram tecnologicamente passivas, limitadas à
preparação dos originais. Com a informatização da redação houve uma mudança
na forma de produção
do jornal. Na prática, a redação clássica alimentava-se de um esquema 'tecnológico
informativo' - os inputs eram notícias armazenadas, selecionadas e processadas em
termos de conteúdo, e os outputs davam tratamento 'tecnológico produtivo' à
notícia, distante da redação. Os novos sistemas conseguiram uma síntese dos
processos 'tecnológico informativo' com o 'tecnológico produtivo. 6[6]
Face a outras aplicações informáticas, onde o usuário do sistema costuma perder a
sua autonomia, a favor de soluções pré-determinadas, o redator conserva, a
princípio, a sua capacitação informativa, dada a constante variedade da matéria-
prima e à dose de criativa embutida no tratamento da informação.7[7]
5[5]
Ibid., p.24
6[6]
Ibid., p24
7[7]
Ibid., p.24
8[8]
Adriana Reis BALBONI. Novas Tecnologias da Informação , p. 25
9[9]
Ibid., p.25
Sistemas robotizados de transporte e carga de papel, novas impressoras, controle
integral de impressão, novos sistemas de empacotamento automatizados, com
possibilidades de inserção automática de encartes, definição modelada de rotas
ótimas de distribuição, dentre outras inovações, caracterizam este novo ciclo
tecnológico.10[10]
Na década de 90, a multimídia — conjunção de múltiplos meios: textos,
imagens, sons que podem ser digitalizados — marcou o último ciclos de evolução
de informação.
Embora grande parte das informações que recebemos é transmitida por meio de
átomos (revista, jornal ou livro), passamos a receber também informação por bits. Na
era digital, o bit invadiu definitivamente os meios de comunicação. Cabe dizer que
11[11]
os bits sempre foram a partícula subjacente à computação digital, mas, ao longo dos
últimos 25 anos, expandimos bastante nosso vocabulário binário, nele incluindo muito
mais do que apenas os números. Temos sido capazes de digitalizar diferentes tipos de
áudio e vídeo, a multimídia, não quer dizer mais nada além de bits misturados.
um jornal moderno hoje é produzido da seguinte maneira: 12[12]o texto é preparado num
computador; as matérias podem ser enviadas pelos repórteres sob a forma de e-mail. As
fotos são digitalizadas e também poder ser transmitidas por fio. E o layout da página de
10[10]
Ibid., p. 24
11[11]
Nicholas NEGROPONTE, . A Vida Digital., p.19
12[12]
Ibid.; p.59
um jornal moderno é feito por programas de editoração eletrônica, que preparam os
dados para serem transferidos para o filme ou diretamente para as chapas de impressão.
função da linha de tempo fatal para o final da edição. No jornalismo impresso tudo
Não há ainda regras específicas para publicação de notícias online. Grande parte
dos diários paulistanos é editada na íntegra. Pouca coisa é produzida somente para a
web. Não há, ainda, um estilo próprio de redação jornalística adotado pelos veículos
As razões que nos levam a acreditar que a compreensão dessa nova modalidade de
expressivamente este fato, com seu site Universo Online (...) As tentativas de
13[13]
Luciano MARTINS, Editor executivo da NetEstado . Especial/ Entrevista, cap. V, p.53
de softwares em relação a padrões de produção, transmissão e recepção de sons e
jornalista para produzir textos, um designer para apresentar a edição e um técnico para
finalizar o processo.
16[16]
Lúcia Santaella faz uma observação interessante a esse respeito:
sofisticação crescente do uso da linguagem dos tipos do jornal consegue, sob esse
imagéticas que a mensagem jornalística vai criando. Mas este aspecto plástico na
linguagem que também atua dentro dessa mídia: a linguagem diagramática, isto é,
14[14]
Elias Machado GONÇALVES. Jornalismo na Internet, 1996
15[15]
Luciano MARTINS, Editor Executivo da NetEstado. Especial/ Entrevista, p.53
16[16]
Lúcia SANTAELLA é Livre Docente em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo e Coordenadora do curso
de Doutorado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
17[17]
Lúcia SANTAELLA, Cultura das Mídias.p.27.
3.1. INTERNET: FERRAMENTA DO REPÓRTER
surgimento do rádio nos anos 20 e da televisão nos 50. A partir dos recursos multimídia
informações. Os recursos por ela oferecidos tornaram muito mais simples o trabalho
18[18]
Sebastião SQUIRRA. Jornalismo Online, p.46
19[19]
Sebastião Squirra observa outras vantagens no uso da rede:
os assuntos;
"The no.1 mistake is that technology will substitute for good reporting It (Computer
Assisted Reporting and online research) is an important new tool, but the results of its use
are no better than the reporter using the tool"
"O engano nº 1 é achar que a tecnologia substituirá uma boa reportagem. (CAR e pesquisa
online) É uma ferramenta nova e importante, mas os resultados de seu uso não são
melhores que os do repórter que é a própria ferramenta".
leitor.
19[19]
Sebastião SQUIRRA é professor-doutor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
20[20]
Ibid. p.48
O usuário pode enviar instantaneamente comentários, críticas, sugestões,
temas variados (...) Para participar, o leitor escolhe o assunto do seu interesse e manda
mensagens chegam ao seu destino tornam o e-mail um meio muito mais interativo do
que as antigas cartas à redação. Isto significa que os jornalistas podem conhecer melhor
o seu público, a partir de uma interação muito mais próxima e imediata, e as matérias e
reportagens podem vir a refletir mais de perto os interesses e valores dos leitores.23[23]
para o leitor enviar sua opinião sobre as reportagens que leu. O jornal recebe cerca de
21[21]
André MANTRA (http://www.facom.ufba.br), Guia do Jornalismo Online, 1995
22[22]
Ibid. (http://www.facom.ufba.br),
23[23]
Ibid., (http://www.facom.ufba.br)
Os leitores podem enviar notícias junto com comentários pessoais a qualquer pessoa
na rede. Basta clicar num botão vermelho disponível no alto da página de uma das duas
estações e informar o e-mail do destinatário, seu nome, seu e-mail, comentários e enviar
a mensagem.
automática para e-mail. Funciona como uma espécie de secretária eletrônica para o
seguidas são as mesmas que constam nos manuais de redação das empresas de
formato que leva o leitor a ler e acessar em qualquer ordem que escolher24[24].
realizado para o Instituto Poynter de Estudos da Mídia, escrever para a web pode ser
definido a partir do interesse do leitor. A redação deve ser curta, com subtítulos e bullets
(listas com bolinhas), pois o modo como as pessoas lêem online afeta a redação. Muitos
24[24]
Carole RICH (www.ukans.edu~cjrich/poynter/poynterhome.htm), Redação jornalística para a Web, 1998
Devemos escrever notícias em pirâmide invertida, com a informação mais
alguns elementos próprios à escrita web. É preciso uma equipe com redator, editor e
O pano de fundo da história se presta para lincar a uma página web separada?
leitores?
De quais elementos visuais a matéria necessita: mapas, fotos etc? Este processo é o
especialista multimídia?
Outras fontes
Para terminar, eis algumas dicas propostas por Carole Rich, que podem ser usadas
Escreva primeiro uma pergunta para discussão, quer você use-a ou não. Isto irá
ajudá-lo a criar seu próprio foco e inserir um contexto que irá se relacionar com
Faça um gráfico no topo de sua matéria como um teaser. Isto irá ajudá-lo a
focalizar melhor sua matéria. Este diagrama pode ser usado como uma ferramenta e
Escreva entretítulos.
Se as matérias são apresentadas em diferentes páginas web, trate cada bloco como
básica.
Se a matéria tem três ou mais fontes [de informação], tente estruturá-la de modo
que cada fonte fique num bloco e você não tenha que usá-la novamente. Evite a
Quando leitores rolam diferentes telas ou cliquem para outro bloco em uma página
Tente criar suspense em finais de matérias com links para outra tela. Escreva para
atrair
"Jornalistas do mundo digital estão à mercê dos leitores. Ciberespaço diz respeito a
leitores e não a escritores".25[25] Estudo realizado por Carole Rich para o Instituto
ciberleitor:
demonstraram que ler na Web é 25% mais difícil por causa da resolução da tela. Isto
não significa que o texto deve ser 25% mais curto, escreve ele em sua coluna bimestral
no site da Sun Microsystems. Ele deve ser 50% mais curto. Avisa: matérias para a web
Em 1997, Nielsen realizou estudo intitulado Como escrever para a Web, testou
25[25]
Carole RICH (www.ukans.edu~cjrich/poynter/poynterhome.htm), Redação jornalística para a Web, 1998
a) a) Texto promocional usando adjetivos e "marquetês" encontrado em
promocional
linhas]
O texto conciso foi o mais popular, seguido pelo modelo escaneável com bullets
rede. O primeiro passo para atraí-lo são títulos e sumários. Considerado scanner, a
jornal impresso.
O designer deve ter em mente antes de tudo a forma pela qual o usuário irá
interagir com o site e o que fará a seguir. O design de sites na web envolve em larga
26[26]
Carole RICH (www.ukans.edu~cjrich/poynter/poynterhome.htm), Redação jornalística para a Web, 1998
medida facilitar a navegação dos usuários por suas páginas e o estabelecimento de uma
estrutura que permita que o leitor encontre rapidamente o que precisa27[27]. É preciso
as restrições de largura de banda (pensem em quanto tempo um leitor com modem lento
terá de esperar para ler uma página de jornal) e da linguagem HTML, a mais empregada
eletrônicos empregam para visitar seus sites, e é preciso testar os projetos com
web. Em geral, cada texto é publicado em uma página. É indispensável aos jornais ter
uma versão de impressão consolidada para que os leitores possam imprimir textos de
seu interesse, mesmo que alguns deles (os leitores) façam download (transferir arquivo)
27[27]
Steve OUTING ( http://www.uol.com.br/internet/parem). Os designers existem para ajudar e não atrapalhar, 1998
28[28]
Ibid., ( http://www.uol.com.br/internet/parem)
velocidade de carregamento das páginas. Quanto maior o número de
maior será o tempo que o browser vai levar para carregar os documentos.
bom layout deve ser simples, com textos e gráficos equilibrados de forma
Para ampliar o debate acerca do design para web, Roger Black30[30], discute
princípios que nortearam a qualidade do design impresso por centenas de anos são
igualmente válidos online. Na sua opinião, não se deve jogar o velho fora para criar o
novo.
assunto:
Embora não haja nada a criticar nas credenciais de Black, o célebre guru do
design não tem uma reputação tão imaculada no mundo online. Muitos projetistas
de sites da web consideram que Black tem ligações fortes demais com o
29[29]
André MANTRA (http://www.facom.ufba.br). Guia do Jornalismo, 1995
30[30]
Roger Black foi diretor de arte da "Roling Stone" e "The New York" Times". Atualmente a Roger Black Inc. está
seriamente envolvida no projeto visual de sites on line; seu Interactive Studio responde pela aparência de sites muito conhecidos
como o "USA Today Online", "Discovery Online" e "@Home".
visual para a mídia online que se desvincule completamente da mídia
impressa.31[31]
monótono ritmo de imagem, título, texto, anúncio e assim por diante, afirma. E
acrescenta que é preciso personalizar para a web. O site precisa ter um design
A cor deve ser usada com cuidado para causar contraste suficiente
maíusculas.
31[31]
Steve OUTING (http://www.uol.com.br/parem/par/09/04.htm) Design na Web: A "voz da experiência" contra -ataca
32[32]
Roger, BLACK. Web Sites que Funcionam, p.48, 1997.
A edição impressa da Folha de S. Paulo reúne como aspectos gráficos e textuais
na produção das páginas do jornal : lay out, diagramação, marca visual e publicidade e
O jornal divide-se em cadernos. São eles: Brasil, Mundo, São Paulo, Esportes,
O caderno Brasil (edição São Paulo), objeto deste estudo, traz notícias de
Eleições no qual foram editadas matérias sobre a campanha eleitoral de 1998. Este
número ímpar porque elas atraem mais a atenção visual do leitor do que as páginas de
número par.
seguinte forma:
interesse do leitor:
telefone ou por e-mail. O endereço é publicado na página 1-3 do caderno Brasil, logo
A seção de opinião do jornal está disponibilizada nas páginas 1-2 e 1-3 e nela
contém:
Ombudsman
Atualização: Diária
Na edição digital, o jornal está dividido por seções. Cada seção é um link para
remeter leitor ao conteúdo do texto. Para este estudo, foram utilizadas as seguintes
qual consta logotipo e informações como data, número de textos e links para: Índice
geral, que traz os títulos das matérias, o nome do autor e origem do texto; Pesquisar
home page; Há um fio para separar o cabeçalho do restante das informações no site.
links para:
1998, especial sobre a campanha eleitoral; além de 5 banners (anúncios ) que ocupam a
do jornal. É possível determinar a página em que o leitor está. Ele pode localizar as
matérias por meio das seções, de um índice geral localizado na parte superior esquerda
da home page ou de um índice que há em cada página editada. Os nomes das seções são
repetidos no pé da página.
O leitor navega no jornal online por meio de links ( botão ou trecho destacado do
texto, que ao ser selecionado remete o leitor a outra página) e hipertextos ( texto que
contém vínculos - links - para outros documentos, permitindo ao leitor que se desloque
O contato com o leitor é feito por e-mail. No online, há um link na home page do
jornal sob o título de e-mails que traz endereços eletrônicos alguns jornalistas da Folha.
A edição dos textos segue o mesmo padrão da versão impressa. Não há estilo de
redação jornalístico específico para a web. O que muda é a forma de distribuição das
notícias na rede. É possível afirmar que 92% do material produzido para a versão
pág. 37).
são alteradas por conta de novos acontecimentos no decorrer do dia. Nota-se que há
classificados das edições Nacional e São Paulo que circulam em papel. Vai ao ar, de
nas duas edições originais, a edição online publica o texto mais atualizado, que é o da
para manchete e textos, da mesma forma que na versão impressa. Não há gráficos para
O lay out de cada seção do jornal online é padronizado. Em geral, cada matéria
Ao clicar nas seções Opinião, Charge, Painel do Leitor e Erramos, o leitor irá
nestas seções os textos são publicados na íntegra. Porém, não há, na versão online, a
links e um painel de notícias atualizado em tempo real pela Agência Folha e pela
possível ler a última edição dos cadernos semanais em qualquer dia e acessar edições
online dos últimos quatro meses do jornal. Anteriormente, apenas as últimas 20 edições
estavam disponíveis. Também os fac-símiles das capas das edições Nacional e São
Paulo do jornal são clicáveis, com links diretos para as reportagens destacadas.
home page, no qual consta logotipo e informações como data, número de textos e links
para: Índice geral, que traz os títulos das matérias, o nome do autor e origem do texto;
real, 1 foto-legenda que trata-se de link para remeter o leitor ao conteúdo do texto e
Há menos links para navegar pelas seções do jornal. Estão dispostos no canto
direito da home page. São eles: Brasil, Ciência, Classificados, Cotidiano, Dinheiro,
conteúdo de outras. Os links das seções Opinião, Charge, Painel do leitor e Erramos
Nessa nova reformulação do site da Folha, não há link para seção charge, painel
Não há mais repetição dos links no pé da página como havia na versão anterior
do site do jornal. O que permanece é a barra de ferramentas do Universo Online tal qual
(www.uol.com.br).
Caderno: Brasil
Circulação: Diária
dividido em seis colunas verticais. As matérias mais importantes são editadas nas
inglês.
O jornal é dividido em cadernos: Primeiro Caderno, Economia, Cidades,
Como recurso gráfico o jornal adota com muita freqüência fios ou bigodes que
Outros recursos gráficos bastante utilizados pelo jornal são a capitular e o olho.
tamanho maior que as demais. Olho é recurso de edição usado para anunciar os
Porém, a edição do texto é um pouco diferente da que a Folha segue. Esta dividida
basicamente em:
- - Título
- - Olho
- - Assinatura de texto, com o nome da cidade, estado ou país. Serve para
localizar o leitor ao lugar cujo assunto se refere.
- - Texto
- - Retranca
- - Íntertítulo
As páginas do jornal possuem o mesmo padrão gráfico: fio-data, fio ou bigode,
canal, capitular, entrelinhamento, pé biográfico, olho, selo (marca visual de textos sobre
A2)Aspectos de conteúdo
A seção de opinião do jornal está disponibilizada nas páginas A2 e A3 e divide-
se em:
ciência e por fim, internacional. Há a coluna Breves na qual são publicados textos
Atualização: Diária
B1) Aspectos gráficos
Na edição online, o jornal está dividido por editorias. Cada editoria é um link
que remete o leitor ao conteúdo do texto. Neste estudo, foram utilizadas as editorias de
atrair o leitor. Em cada página, há índice para retornar à capa ou navegar em outras
por exemplo. Diagramação moderna. Formato em duas colunas. Utiliza cores para
cabeçalho, disposto na parte superior, no qual consta logotipo e informações como data,
e links para:
- - Últimas notícias
- - Arquivo
- - Índice de notícias
- - Endereço eletrônico do jornal
- - Net Estado
- - Market Estadão
- - Negócios pela Internet.
No canto esquerdo da home page há links para Especiais, que contém textos
Seu Bairro - Norte, Nordeste, Oeste, Leste, Gde SP Oeste e Gde SP Sul; Pesquisa:
Serviços, Brindes e Produtos; Grupo OESP; Fale conosco; Fórum e Mapa do Site.
Embora bem organizada, as páginas do jornal são verticalizadas , que faz com
que o internauta tenha que rolar a barra de ferramentas para encontrar os links de
valorizado. Podemos dizer que há um fio-data com data, nome da seção e ícone para
NetEstado. Há utilização constante de índices e ícones como marca visual para
reportagens especiais.
próprio além do proposto na home page. Este índice poderá remetê-lo a outras seções
do jornal. Não há banners nas páginas que contém matéria. Não é preciso ser assinante
Há um botão para que o leitor retorne ao início da página. Os textos são separados por
fios. Em cada seção, ao final da página, encontramos links com assuntos relacionados à
editoria.
Na seção Editoriais, o texto está disposto no centro da página. Esta seção dividi-
Durante a semana estabelecida para análise, foi verificado que não havia pé
biográfico com informações sobre o autor do texto. Raramente é usado algum recurso
de edição do impresso como olho ou capitular. Não há e-mail para contato com o leitor
B2)Aspectos de conteúdo
O jornal é transposto na íntegra para a versão digital, salvo alguns títulos de
mesmo adotado para a versão impressa. Apenas algumas notícias são alteradas por
jornal.
canto superior direito, que o remete à outras editorias do jornal. Ao final de cada página,
seção Notas e Informações, que exprime a opinião do jornal, havia sempre um parágrafo
a mais que no impresso. Nas seções Painel do Leitor e Fórum de Debates não há e-
mail, telefone ou endereço da sede do jornal para contato com o leitor e em Espaço
Aberto, não havia informações sobre o autor do texto no final de cada página.
Durante o período de estudo, foi verificado que na editoria de política não havia
trabalho, em nova pesquisa realizada em início de dezembro, o site havia passado por
uma reformulação e esta coluna está agora disponível. (veja em Nota de atualização,
cap. 4.4 )
Alguns títulos de matérias ou frases que compõe a linha-fina são diferentes, mas o
opinião realizada à época das eleições de 1998 sobre intenção de voto do eleitorado
brasileiro.
170
impresso
128 digital
96
59
9
modificações:
eletrônico do jornal. Tipologia diferente para chamadas e títulos das matérias. Textos
mais curtos que na versão anterior. Alteração no padrão de cores para capa e editorias.
em que o leitor encontra conexão para a XXIV Bienal de SP; Cinema; Bossa Nova e
Dalí; Arte Digital, com links para 3D, Ilustração, Montagem e Colagem; Pesquisa nas
Site; Grupo OESP e English; Programa de busca. Há também um link para votação do
também um índice geral em que o internauta pode escolher a seção de seu interesse.
Mais adiante, links para Editoriais, Espaço Aberto, Suplementos, Índice de notícias e
qual o leitor tem acesso direto às matérias do dia; Ícone sobre Vestibular 99; The Wall
Nas páginas que contêm matérias há botões que remetem o leitor às outras
editorias do jornal. Lay out padrão: texto alinhado ao canto esquerdo da página. Ao lado
superior direito, há links para índice geral, e outras editorias; Ao final da página, há
contém agora, um quadro com foto e chamadas para as principais matérias. Logo
abaixo, há um índice com o restante das notícias, e-mail para o leitor enviar seu
A Coluna Estadão passou a ser publicada, fato que não acontecia anteriormente.
6. ESPECIAL / ENTREVISTAS
1998.
íntegra? Existe alguma proposta para mudar a forma pela qual o jornal é publicado
na Internet?
Estadão, além de matérias em "tempo real" produzidas pela Agência Estado e matérias
especiais produzidas especialmente para a Internet por nossa equipe própria. A proposta
é mudar a cada quatro meses para melhorar o design, agregando novas ferramentas de
recursos adequados. Por exemplo, uma matéria sobre tragédia nunca deve trazer
para cada tema, permitindo que o leitor se aprofunde conforme seu interesse ou sua
inteligente, para não aborrecer o leitor. O design adequado não revela deslumbramento
com tecnologia nem com efeitos especiais. Eles devem ser usados com ponderação e
Web deve ser limpo e direto, as histórias devem ser contadas de forma não-linear, as
de seções. Por volta das 23 horas, atualizamos todo o conteúdo diário, colocando na
produção seja aproveitada também no papel. Veja nossas edição de Futebol. Ali há
Inglês.
P: Qual deve ser o perfil do jornalista na era digital? Como ele deve estar
R. Essa resposta exige uma conversa de pelo menos duas horas. Vamos resumir
com a idéia de que a era digital é a maior revolução já produzida nas comunicações
humanas desde que Johann Gutenberg inventou a impressão com tipos móveis, em
1447. O jornalista da era digital deve ser capaz de filosofar sobre o que é a
comunicação. Ao tomar conhecimento de uma história, ele (a) deve ser capaz de
elaborar não apenas a narrativa em si, mas escolher a linguagem e o meio mais
tempo fatal para o final da edição, que é definida pelo setor industrial e pela logística de
história.
R. O repórter precisa ter um critério muito afinado. Ele precisa aprender a buscar
informações em sites adequados. Dados sobre um cantor vou buscar em sua gravadora
Também não se pode confiar em informações obtidas por e-mail de pessoas não
credenciadas ou nas
correntes de mensagens. Deve levar em consideração que aquilo que ele colhe também
pode ser obtido pelo leitor diretamente na fonte. A diferença é que o jornalista está
migrando para o digital? Há alguma pesquisa para medir o grau de satisfação desse
leitor?
R. O leitor online do Estado tem entre 25 e 40 anos, com uma divisão quase
classe média para cima. Parte dos leitores de jornais está claramente migrando para a
NetEstado. Mas também ocorre de um leitor tomar conhecimento do jornal pela Internet
e se tornar assinante do jornal no papel, porque adquire o hábito da leitura e nem sempre
deste ano, revelou um índice de 98% de aprovação. Desde maio de 1997, as avaliações
mensais nunca apontaram uma proporção menor do que 82% na aprovação do nosso
site.
eletrônico para o leitor enviar sua opinião sobre as reportagens que leu. Quantos e-
mails a redação recebe por dia com esse tipo de comentário? Qual é o tratamento
pela ouvidora-geral do Estadão, Cecília Thompson, que envia cópias aos destinatários e
P: Por que não há, na seção Espaço Aberto, informações sobre o autor do
leitor, uma vez que diários como a Folha restringem esse tipo de acesso?
uma vez que no atual estágio da Internet no Brasil precisamos todos investir para criar
trabalhos escolares e
não existe nos sites brasileiros e isso justificar a cobrança, vamos pensar a respeito.
P: Durante análise realizada no período de 14/09 a 20/09/98 foram verificadas
diferenças gráficas e de texto que, hoje, já não existem mais. Por que a homepage do
R. Porque esse meio exige renovação constante, porque o formato anterior já não
navegação no site. Logo depois (em novembro), fizemos uma mudança radical.
informação impressa em muitos casos, mas não em todos. Mas antes de o computador
acabar com os jornais, vai desaparecer o computador que nós conhecemos. Na verdade,
Há alguma proposta para mudar a forma pela qual o jornal é publicado na Internet?
internautas. Ela pode ser lida por pessoas (por exemplo, pesquisadores no exterior) que
de outra forma não teriam acesso ao jornal ou leriam com grande atraso. A idéia é criar
uma transposição integral. Imagino que a próxima versão do Manual da Redação inclua
tópicos sobre a Internet - que além de ser outra forma de veicular o jornal é ferramenta
de pesquisa.
iconográfico na Internet, tanto para evitar peso excessivo das páginas quanto por
dificuldades técnicas para uso de fotos e quadros (basicamente, o que é feito para o
atualizado?
R: Deve ser rápido, ter bom texto, ser atento, estar disposto a trabalhar em
horários não muito regulares, gostar de novas tecnologias. O perfil é mais de redator que
migrando para o digital? Há alguma pesquisa para medir o grau de satisfação desse
leitor?
R: É jovem, de alto poder aquisitivo e escolaridade elevada - nos três casos, mais
da home page da capa da Folha, foi verificado que os links das seções "opinião",
das seções?
conteúdo diversificado como o dos grandes portais de Internet, testa e aplica tecnologia
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde que os jornais entraram no mundo digital, em 1995, poucas modificações foram
feitas na forma de editar o jornal na rede. Online significa em tempo real, e o que
encontramos hoje nas versões digitais de jornais como Folha de S. Paulo e O Estado de
velocidade com que estamos recebendo informação. O jornal publicado atualmente não
é um trabalho original, embora adquira outra dimensão quando transportado ao espaço
virtual.
são oferecidas sob o ponto de vista do material impresso. Não há uma forma
e edição de notícias web são as mesmas que constam nos manuais de redação da versão
impressa dos dois jornais. O que muda é a forma de distribuição de notícias, sobretudo
Jornalismo online é uma nova concepção na rede. É jornalismo para a Internet e não
para publicá-lo. É preciso reinventar o jornalismo e adaptá-lo a esse novo meio. Este
modelo que aí está não irá satisfazer o ciberleitor por muito tempo - se é que ainda o
satisfaz, pois o planejamento da redação jornalística para web ainda é feito sob o ponto
Dizia que, quando uma tecnologia é introduzida num ambiente social, ela não
cessa de agir nesse ambiente até a saturação de todas as instituições: um novo meio
nunca se soma a um velho, nem deixa o velho em paz. Ele nunca cessa de oprimir os
velhos meios, até que encontre para ele novas configurações e posições34[34].
33[33]
Herberth Marshall MCLUHAN foi professor de literatura inglesa no Canadá, formulou diversas teorias sobre as redes de
comunicação que está imerso o Homem na era da eletrônica, da cibernética , da automação, e que afetam profundamente sua visão e
sua experiência do mundo, de si mesmo e dos outros. Morreu em 1980. Éscreveu, entre outros, "Os meios de comunicação como
extensão do homem".
34[34]
Marshall MCLUHAN. Os meios de comunicação como extensão do homem, ps. 199 e 203, 1964
Para ele, os donos dos meios de comunicação sempre se empenham em dar ao
público o que o público deseja, porque percebem que a sua força está no meio e não na
8. ANEXOS
Anna Catarina Siqueira, editora da revista Internet World, também não é muito
a favor do termo "ciberjornalismo".
– Acho que o que muda, no caso, é o formato do veículo, que passa o ser on-line. A
prática e a atividade do jornalismo continuam sendo as mesmas. By the way, eu o
definiria como um jornalismo dinâmico, em tempo real, como nos moldes do rádio e da
televisão; mas com a possibilidade de irmos mais a fundo (já que o formato permite), e
aí lembramos os moldes do jornal. Acho que é uma junção da prática exercida em
todos esses meios com um algo mais. Vou tentar explicar em termos práticos: se um
fato extremamente importante ocorre (como a queda do Fokker da Tam, por exemplo),
o usuário sabe que a qualquer momento que acessar um serviço on-line de notícias vai
encontrar informações novas e atualizadas. Ou seja, as noticias estarão lá esperando
por ele, sendo complementadas a cada instante. É diferente do jornal, que o leitor só
verá no dia seguinte, ou do rádio e da TV, aos quais o ouvinte/espectador tem que
ficar atento, caso contrário perde os flashes ao vivo.
– Ainda temos que saber como dar notícias nesse novo meio que é a Internet, aonde a
falta de padrões e de experiências nos deixa a todos tateando no escuro. O
ciberjornalismo tem como grande vantagem a igualdade de oportunidades para todos
os jornalistas plugados na rede. Ou seja, a informação está ali disponível para o
jornalista brasileiro, americano, africano. Não importa onde, geograficamente, a
pessoa está e sim como e onde ela vai buscar informação (claro que a estrutura de
telecomunicações do país faz diferença).
Opinião semelhante tem Helio Hara, editor do Globo On, para quem o
jornalismo on-line pode ser considerado “a migração do jornalismo para a
Internet”, que se caracteriza “pela dinâmica que permite alterar/adicionar
notícias ao longo do tempo”, aumentando a interatividade e permitindo criar
núcleos, comunidades virtuais agrupadas em torno de temas de interesse. “Se
fosse para um dicionário”, o chefe da diagramação de O Globo e criador da
página Bit Bit Sputnik, Cláudio Prudente, definiria “ciberjornalismo” como o
"jornalismo da e para a rede". O termo teria que explicar o fato novo de o
jornalista e seu leitor dividirem o mesmo canal, todos transmitindo e
recebendo. Gustavo Gindre, integrante do Fórum Nacional pela
Democratização da Comunicação (FNDC) também chama atenção para esta
forma de comunicação extremamente interativa, que permite intercâmbio
maior entre quem produz e quem recebe a mensagem.
– Pode demorar um mês, um ano ou uma década. Mas o certo é que os cibernautas
vão tomar conta da distribuição da informação e cada vez mais o papel vai ser
abolido. Isto não quer dizer, é claro, que o jornal tradicional vai morrer. Afinal, muita
gente adora ler jornal no ônibus, na praia, na cama ou no banheiro e o ciberjornal
não tem tanta mobilidade; mas que ele vai perder cada vez mais espaço para as
informações on-
line, não resta dúvida. O impacto do ciberjornalismo hoje é o equivalente ao impacto
do radiojornalismo das décadas passadas.
Do papel à multimídia
Todos concordam que essa mídia exige uma nova linguagem que ainda
está sendo esboçada, tateada, testada, na própria prática da Internet,
como aconteceu nos primeiros tempos da televisão, quando o que saía
das telinhas em preto e branco tinha a cara do teatro e o som do rádio,
assim como muitas publicações on-line ainda estão presas à metáfora do
papel.
Fernando Villela – Pelo que observo, percebo que o terreno ainda está sendo
explorado e isto vai sendo feito devagar, até porque a rede ainda está se
desenvolvendo e não temos aqui no Brasil uma estrutura a jato. Eles [os
serviçios noticiosos] estão começando a encontrar uma linguagem aos poucos,
mas realmente estão ainda pensando linearmente, com a lógica mecânica e
reducionista do papel. O hipertexto é holístico, expansionista, mas ainda não foi
tão explorado o quanto merece (esse dia ainda chegará). No momento, ele foi
atropelado pelos encantos da multimídia, o som, a imagem e o movimento, que
vão chegando na rede, e depois ainda vem o video. Mas, quando a poeira
baixar, o deslumbre tecnológico passará e então essa linguagem vai
novamente chamar atenção para o seu potencial. Maktub!
Cora Rónai – Todos nós ainda estamos presos ao que se chama “metáfora do
papel”, que tem um peso cultural fortíssimo. A linguagem própria da mídia
eletrônica, mais especificamente da Internet, ainda está em formação. A gente
já tem algumas pistas do caminho que vai seguir, mas este é um processo de
evolução natural, maior do que as pessoas eventualmente envolvidas com ele.
Daniel Deivisson - Posso falar muito pelo JB Online, onde trabalho. Aqui o
nosso objetivo é manter, pelo menos por enquanto, a força e a magia dos
textos do Jornal do Brasil. Por outro lado, utilizamos novas formas de apuração
e escrita em nosso serviço AJB Extra, que serve justamente de testes para
esta nova linguagem. A meu ver, o jornalista digital precisa pensar na forma de
expor o seu texto, através do hipertexto, e toda a contextualização do mesmo.
A Internet possibilita e requer que os seus textos tenham ligações com outros,
tanto dentro de seu site como em sites externos. Acredito que, por exemplo, as
suites ficam mais fáceis de serem feitas. Basta escrever as novidades e
remeter o leitor a textos anteriores que contenham a versão inicial do fato.
Imagine o caso Daniela Perez na Internet! Iria poupar a paciência do leitor, já
que ele teria o direito de escolher se quer ou não ver matérias anteriores.
Marcos Palacios – Sim, da mesma forma que uma imprensa alternativa (se é
que esse termo tão desgastado ainda merece continuar em circulação) sempre
conviveu com a grande imprensa. Considerando os baixos custos do novo
suporte eletrônico, a proliferação é potencialmente ainda maior. Talvez seja
esse o grande problema: quem tem tempo para tanta alternatividade????
Fernando Villela – SIM!!! Sou otimista! Mas não ao ponto de achar que a
imprensa alternativa irá competir financeiramente com os serviços noticiosos. A
imprensa alternativa pode auto-sustentar-se e existir sim, aos montes, na
Internet, e isso é maravilhoso, porque significa mais informações sem filtro. É
barato manter uma publicação digital, por isso elas sempre irão existir no
ciberespaço. E convivendo e disputando, com certeza, a atenção do público,
contra os grande serviços noticiosos. Agora, se elas serão capazes de gerar
verba no mundo digital, em oposição à imprensa oficial, aí a questão é outra.
E, sinceramente, não creio que os pontos mais importantes dessa relação
"grandes x alternativos" no mundo digital estejam em cima do imediato retorno
financeiro.
Ana Redig – Não só acredito como luto por ela. O que falta, hoje, é visão
empresarial. Os anunciantes ainda não perceberam que este é o meio de
comunicação mais barato e de maior alcance que existe e ainda programam
sua mídia baseados em dados e índices de audiência que nada têm a ver com
o universo on-line. O Jornal da Cidadania on-line, por exemplo, tem um
pequeno apoio e consegue uma média de 1.100 acessos por edição
[quinzenal]. Assim que os empresários perceberem que vale a pena investir em
um veículo que tem um público selecionado e fiel, esta "imprensa alternativa"
vai tomar fôlego e ganhar corpo, podendo criar uma equipe paralela que atenda
melhor às demandas da rede.
Cecília Queiroz – Não sei como é que nós vamos conseguir fazer um
jornalismo alternativo auto-sustentável. Nem sei como é que o pessoal de
publicidade vai conseguir mensurar o retorno da rede cibernética. Só sei que
este é o futuro e o jeito de sobreviver vai depender de criatividade,
reconhecimento do meio, número de visitas e, principalmente, credibilidade do
ciberjornal. O que eu posso dizer é que há muitas idéias no mercado. Para
você ter uma idéia, quando criamos a home page da Puente, queríamos
apenas um canal para divulgar os nossos livros (Colunistas Brasileiros, Cursos
para Jornalistas no Exterior, Guia Brasileiro de Comunicação Empresarial e
Assessorias de Imprensa e Fontes de Informação). Aí, começamos a ter
algumas idéias e várias pessoas nos mandaram mensagens propondo
assuntos de interesse. Dessas propostas, desenvolvemos a Vitrine Profissional
e o Midia Press e agora estamos disponibilizando um espaço para jornalistas
de todo o Brasil e do exterior colocarem suas matérias e seus artigos, mesmo
que eles não tenham sido veiculados em outros meios de comunicação.
Luis Leiria – Sim, desde que encontre seu nicho específico. É impossível um
grupo de jornalistas montar uma empresinha para concorrer com os grandes
jornais...Mas foi possível o Viberti criar o Cadê?, começando como um hobby, e
acho que é possível criar belas e boas publicações sobre o mundo on-line,
desde que oferecam um bom conteúdo, difícil ainda de achar, pelo menos em
língua portuguesa. As revistas on-line de games estão explodindo na rede...
Os exemplos são muitos, é só pôr a imaginação para funcionar. É claro que
ainda está para se provar se é possível fazer com que uma publicação dessas
dê dinheiro. Mas só quem sai à chuva é que se molha...
Cora Rónai – A Web está evoluindo mais rápido do que se podia imaginar e
manter um site atraente hoje custa muito dinheiro. Ainda assim, acho que
nunca foi tão barato montar uma publicação nanica; se esta publicação for
suficientemente criativa e original para despertar o interesse de um número
significativo de pessoas, despertará também o interesse de patrocinadores
e/ou anunciantes.
Gustavo Gindre – A Internet tem padrões de aculturação que, acho, têm sido
pouco explorados. Questões como os limites de formato e o uso padronizado
do inglês são marcas da rede. (...) Dito isto, é inegável que a Internet abriu
brechas históricas na comunicação de massa (em que pese o fato de que os
grandes conglomerados da área começam a pesquisar a fundo como ganhar
dinheiro na rede, acabando com estas ondas de coisas gratuitas. Quem viver
verá!). O caso já clássico da repercussão de Chiapas mostra bem isso.
Silvia Gomide – Eu decididamente espero que sim!! Acho que isso pode
revolucionar e democratizar a imprensa como existe hoje. E nessa resposta
não podia faltar os meus parabéns a vocês e ao excelente trabalho que vêm
realizando. [A gente agradece, ruborizada... :-)) ]
– Ainda há muita, mas muita coisa mesmo, a ser explorada na rede do ponto de vista
jornalístico. O potencial é enorme. O segredo é ter a sacação do que o leitor precisa e
como se pode fornecer isso a ele. No uso da rede como forma de disseminar
informações, a principal diferença é a democratização do espaço, uma vez que é muito
mais fácil e barato ter uma home page do que montar um jornal (óbvio). Passa a valer,
então, a máxima da criatividade: quem fizer um trabalho original, criativo e útil pode
ter sucesso na Internet.
– Acho que, em todas as áreas, lucraremos muito quando percebermos que trata-se
de um novo padrão cognitivo. E a partir disso, redesenharmos todas as nossas
aplicações tecnológicas. Isto significará uma redefinição de várias profissões: artistas
gráficos, jornalistas, publicitários, “informatas” em geral,
bibliotecários, etc. A rede não será uma nova ferramenta de trabalho, mas um novo
paradigma estruturante das relações coletivas. Para o jornalismo, creio que falta quase
tudo. Afinal, por enquanto fazemos o clássico e o disponibilizamos na rede. Isso é usar
o novo com as mãos de ontem.
New Findings · Newspapers, which had tended to keep newsrooms separate at the start
of the new media age in 1994, have now joined their print and new media sides.
Operations are completely shared in more than half the nation's newsrooms, and are
totally separate in only 13%. In fact, newspapers and magazines are now quite similar
in their accommodations for new media.
For handling new sources and new providers of story ideas, journalists rank the Internet
second in importance, after the phone (magazine - 42%) and in-person contact
(newspapers - 56%).
Trends · Original content on Web sites grew enormously in 1998. Only 22% of
newspaper respondents with Web sites said their sites had less than 5% original
content. This compares with 39% of the respondents in 1997 -- a huge
cut in one year! For magazines, the drop was from 27% to 11% -- nearly three-fold.
Thus, 1998 marks a historic moment -- news organizations have now clearly broken
away from their tendency to use on-line technology (Web sites usually,
but not always) as a distribution device more than as a new medium.
Growth in Internet access among journalists increased significantly in the past few
years, and now approaches universality. Only 2% of the respondents to this year's
survey either said they had no access, or did not answer the question at all. That
compares to 37% in the fall 1995 survey, and 9% last year.
Almost six out of every 10 respondents to the question on access say their publication,
or portions of it, are already on line! That's a small increase from 1997, but double the
25% recorded in 1995. Only 6% of the magazine respondents say they
have no plans to go on line. Only 10% of the newspaper respondents say they have no
such plans.
Use of the Web is gaining in breaking news situations. After hours or in a crisis,
journalists for both magazines and newspapers were most likely to call "other interested
parties/community groups/emergency services" first.
Magazine journalists were most likely to call industry experts next, and go to the
company's Web site third. Newspaper journalists said they'd go to the Web second, and
call industry experts third Photos and camera-ready art, along with electronic images,
are strongly preferred over slides and other transparency forms; slides are preferred by
only about one editor in 10.
Journalists still get their story ideas the old-fashioned way -- from sources, story leads
provided in-person, and from press releases; however, there has been a slight increase in
journalists using story ideas from the Web.
Respondents took note of "favorite" and "obnoxious" sites. CNN.com and
NYTimes.com received the most mentions as "favorite" sites, followed by MSNBC,
WashingtonPost.com and USA Today. Sites that showed up on both lists: The Drudge
Report, Amazon.com, MSNBC, CNN, Bloomberg, and AOL. Many journalists said
they found any slow-loading site "obnoxious."
Over the four years between the start of the first survey and the cutoff date for return of
the fifth, the number and circulation of daily newspapers continued to erode. In part this
is due to merging and closing of newspapers, and in part to merging of daily and
Sunday staffs. The magazine industry, in contrast, continues to grow.
"The exciting news is in the growth of content specifically for online services. But 1998
shows the downside of '24 by 7' news distribution. Journalists often got the story
wrong, concentrated on breaking news rather than features, and skirted long-standing
ethical practices concerning privacy and sourcing.
"Although news organizations blamed the influence of Web journalism for many
missteps in Clinton impeachment coverage, in fact the major media Web sites were
following their print products. Although technically it is possible for Web sites to scoop
print, newspapers have not yet allowed this, for economic reasons. Thus, the term 'news'
when used to describe impeachment stories on the Web, often was a misnomer."
9. LINKS
El país - http//:www.elpais.es
Intercom - http://www.intercom.org.br
Labjor - http:www.unicamp.br/nudecri/labjor
http://www.info.med.yale.edu/caim/manual
10. BIBLIOGRAFIA
BLACK, Roger. Web Sites que Funcionam. São Paulo, Quark, 1997.
ECO, Humberto. Como se faz uma tese. São Paulo, Perspectiva, 1997
GUROWITZ, Hélio. Jornal sem papel - uma proposta de jornalismo para a rede
Internet. Escola de Comunicações e Artes da USP. São Paulo, 1995.
____________. Visão, Som e Fúria. In: LIMA, Luis Costa (org.) Teoria da Cultura de
Massa. 4ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra. p. 143-154
ARTIGOS
MACHADO, Arlindo. Livro perde papel e vai para a tela. Folha de S. Paulo julho
1993, c. Mais
TOLEDO, José Roberto de. Internet movimenta R$ 2 bilhões. Folha de São Paulo
(http://www.uol.com.br/fsp) 03/08/98
MANUAIS DE REDAÇÃO