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Analítica
Licio Hernanes Bezerra
Ivan Pontual Costa e Silva
2ª Edição
Florianópolis, 2010
Governo Federal
Presidência da República
Ministério de Educação
Secretaria de Ensino a Distância
Universidade Aberta do Brasil
Comissão Editorial
Antônio Carlos Gardel Leitão
Albertina Zatelli
Elisa Zunko Toma
Igor Mozolevski
Luiz Augusto Saeger
Roberto Corrêa da Silva
Ruy Coimbra Charão
Laboratório de Novas Tecnologias - LANTEC/CED
Coordenação Pedagógica
Coordenação Geral: Andrea Lapa, Roseli Zen Cerny
Núcleo de Formação: Nilza Godoy Gomes
Núcleo de Pesquisa e Avaliação: Claudia Regina Flores
Ficha Catalográfica
B574g Bezerra, Licio Hernanes
Geometria analítica / Licio Hernanes Bezerra, Ivan Pontual Costa
e Silva. – 2. ed. – Florianópolis : UFSC/EAD/CED/CFM, 2010.
170p.
ISBN 978-85-99379-87-5
2. Retas no Plano..................................................................... 19
2.1 Equações de Retas....................................................................... 21
2.2 Ângulo entre duas retas............................................................. 25
2.3 Distância de ponto a reta........................................................... 28
Resumo............................................................................................... 34
Bibliografia comentada..................................................................... 35
3. Cônicas.................................................................................. 37
3.1 Introdução.................................................................................... 39
3.2 Parábola........................................................................................ 42
3.3 Elipse............................................................................................. 49
3.4 Hipérbole...................................................................................... 52
3.5 Rotação de eixos.......................................................................... 57
3.6 Observações finais...................................................................... 63
Resumo............................................................................................... 66
Bibliografia comentada..................................................................... 66
4. Vetores................................................................................... 67
4.1 Espaço cartesiano........................................................................ 69
4.2 Vetores na geometria analítica.................................................. 72
4.2.1 Vetores e a Física................................................................. 72
4.2.2 Vetores e a Geometria Euclidiana.....................................74
4.2.3 Operações com vetores...................................................... 78
4.2.4 Norma de um vetor............................................................ 82
4.2.5 Produto interno................................................................... 83
4.2.6 Dependência linear ........................................................... 84
4.2.7 Base ortonormal.................................................................. 86
4.2.8 Orientação do espaço......................................................... 87
4.2.9 Sistema cartesiano de coordenadas no espaço................ 87
4.2.10 O produto vetorial............................................................. 88
4.2.11 Produto misto.................................................................... 94
Bibliografia comentada..................................................................... 98
Referência............................................................................... 170
Apresentação
Quando formulamos o curso de Licenciatura em Matemática, a
disciplina de Geometria Analítica foi pensada de tal modo que
contemplasse duas abordagens: a clássica, que se refere apenas a
conceitos de Geometria Euclidiana; a vetorial, que utiliza o con-
ceito de vetor, definido a partir da teoria moderna de conjuntos.
Essas duas abordagens são necessárias à formação do professor
de ensino médio e fundamental, que deve compreender tanto
a construção concreta dos conceitos em Matemática (Geome-
tria Analítica clássica) como a formulação totalmente abstrata
de conceitos, usual em Matemática avançada. Assim, dividimos
a disciplina em duas partes: Geometria Analítica Plana, que é
abordada, classicamente, nos capítulos 1-3; a Geometria Analítica
Espacial, na qual usamos vetores para interpretar os conceitos
básicos da Geometria Euclidiana Espacial, que é apresentada nos
capítulos 4-6.
1.1 Introdução
O plano cartesiano é um conceito introduzido no século XVII, inde-
pendentemente, pelos matemáticos franceses René Descartes e Pier-
re de Fermat para representar graficamente pares ordenados ( x, y )
de números reais.
René Descartes (1596-1650).
Também conhecido como
Cartesius, Descartes foi
Basicamente, identifica-se cada ponto de um plano com suas coorde-
filósofo, físico e matemático nadas em relação a um sistema que consiste de duas retas orientadas
francês. Notabilizou-se – uma horizontal, outra vertical. O ponto de interseção (em ângulo
sobretudo pelo seu trabalho
revolucionário na Filosofia, reto) desses dois eixos é dito a origem do sistema. O eixo horizontal
mas também foi famoso é denominado eixo das abcissas e o eixo vertical, eixo das ordena-
por inventar o sistema das. O plano cartesiano fica, assim, dividido em quatro regiões, que
cartesiano de coordenadas,
que influenciou o são denominadas quadrantes: o primeiro fica acima do eixo das ab-
desenvolvimento do cissas e à direita do eixo das ordenadas; o segundo, acima do eixo
cálculo moderno.
das abcissas e à esquerda do eixo das ordenadas; o terceiro, abaixo
12
2º quadrante 1º quadrante
(−,+) (+,+)
0 x
3º quadrante 4º quadrante
(−,−) (+,−)
Figura 1.1
Tabela 1.1
Exercício
1) Represente em um plano cartesiano os seguintes conjuntos de
pontos:
c) {( x, x 2 ) / x ∈ , −2 ≤ x ≤ 3} ;
d) {( x, y ) / x ∈ , y ∈ e x = y } ;
e) {( x, y ) / x = y };
f) {( x, y ) / x > y };
g) {( x, y ) / x > 1 e y < 2} ;
h) {( x, y ) / x > 1 ou y < 2} ;
y2 B
y1 C A
x2 x1
Figura 1.2
14
y2 B
M
y1 C
A
x1 x2 x
Figura 1.3
Exercícios
2) Ache o comprimento e o ponto médio dos segmentos, cujos
extremos são dados pelos pontos abaixo:
a) (1, 2) e (2,4);
b) (1, 0) e (0,1);
c) (1,1) e (3,1);
d) (−1, 0) e (−2,3);
f) A = (1,1), B = (5,9), n = 8;
15
1.3 Circunferência
Podemos definir uma circunferência, de raio r e centro em C , como
sendo o lugar geométrico dos pontos P tais que d ( P, C ) = r .
( x − x0 ) 2 + ( y − y0 ) 2 = r 2.
Exercícios
5) Escreva as equações abaixo na forma ( x − a ) 2 + ( y − b) 2 = r 2.
a) x 2 + y 2 − 2 x + 6 y = 15;
b) x 2 + y 2 − 4 x − 6 y = 23;
c) x 2 + y 2 + 6 y = 0;
d) x 2 + y 2 − x + y − 15,5 = 0;
e) x 2 + y 2 − x − y − 8,5 = 0;
f) 2 x 2 + 2 y 2 − 4 x + 6 y = 12.
h) P = (0,1), Q = (40,10);
raio = 3;
a) com centro em (1, − 2) e raio
a) x 2 + y 2 = x + 2;
b) x 2 + y 2 = 2 x − 1;
c) x 2 + ( y − 2) 2 = 2 x ;
d) x 2 + y 2 = x + y + 4;
e) x 2 + y 2 = 2 x + 2 y ;
f) 2 x 2 + 2 y 2 = 2 x + 2 y .
a) x 2 + y 2 = 1 e x 2 + ( y − 1) 2 = 1;
b) x 2 + y 2 = 1 e x 2 + y 2 = x + 2 ;
2 2 2 2
c) x + y = 1 e x + y = x + y ;
d) x 2 + y 2 = 1 e x 2 + y 2 = x + y + 4.
18
11) Sejam A = (1,1) , B = (−1, −1) . Em cada item abaixo, ache as co-
ordenadas do(s) ponto(s) C de maneira que o(s) triângulo(s)
ABC satisfaça(m) as condições dadas.
a) ABC é eqüilátero.
Resumo
• coordenadas de um ponto;
• equação da circunferência;
• interseção de circunferências.
Bibliografia comentada
IEZZI, G. Fundamentos de matemática elementar. 4. ed. São Paulo:
Atual, 1993. v. 7.
Demonstração:
y2 − y1 .
m=
x2 − x1
23
y2 B
y2 − y1
y1 A
x2 − x1
x1 x2 x
Figura 2.1
No caso das retas verticais, cujos pontos têm uma mesma abcissa,
dizemos informalmente que elas têm declividade infinita. A equa-
ção delas tem a forma x = x 0 , em que x 0 é a abcissa comum a todos
os pontos da reta.
( x, y ) ∈ r , ( x, y ) ≠ P ⇔ y − y1 = y2 − y1 ,
x − x1 x2 − x1
ou seja,
y2 − y1
y − y1 = ( x − x1 ) .
x2 − x1
Esta equação é aquela que
apareceu na demonstração
da primeira proposição Essa equação é a que vamos chamar de equação reta-2 pontos, para
deste capítulo, como chamar a nossa atenção sobre o que utilizamos para determinar
tirada da cartola. Você uma equação de reta.
lembra? Se não, retome a
discussão que realizamos no
início deste capítulo. Observe que essa equação é da forma ax + by = c.
24
Exemplo: Achar uma equação da reta que passa por (2,1) e (0,3).
3 −1
Resolução: Usando a fórmula acima, temos que y − 1 = ( x − 2),
0−2
ou seja, y = − x + 3 .
y −y
Note que, se m = 2 1 , então a equação reta-2 pontos pode ser
x2 − x1
reescrita como y − y1 = m( x − x1 ) que vamos chamar de equação
reta-declividade mais um ponto.
a ⋅ 0 + b ⋅1 = c
a ⋅ 2 + b ⋅ 3 = c
b = c b = c
que é equivalente ao sistema , ou seja, .
2 ⋅ a + 3 ⋅ b = c a = − c
Exercício
1) Achar equação para a reta
Exercícios
2) Sejam ax + by = d e cx + dy = f , equações das retas r e s, res-
pectivamente. Quais as condições que a, b, c, d devem satisfa-
zer para que as retas sejam concorrentes?
2 x + 3 y = 1 2 x + 3 y = 1
a) ; b) ;
4 x + 6 y = 3 6y = 3
26
2x + 3y = 1 2 x = 1
c) ; d) ;
4 x + 2 y = 3 6 y = 3
2 x + 3 y = 1
e) .
4 x + 6 y = 2
y = m1 x + b1
tipo , com m1 ⋅ m2 ≠ 0 , são perpendiculares se os ângu-
y = m2 x + b2
los 1 1ee 2 (0 < 1 < 2 < 180 ) , que as retas fazem respectivamente
com o eixo horizontal, forem tais que 2 − 1 = 90.
y = m1 x + b1 (m1 ≠ 0) e y = m2 x + b2 (m2 ≠ 0)
1 .
são perpendiculares ⇔ m2 = −
m1
• r : x = x0 (vertical ) e s : y = mx + b, m ≠ 0
Há dois subcasos, que estão ilustrados pela figura 2.2. Verifi-
que que, em ambos os subcasos:
1 1
tan () = = .
m tan 1
27
y r
θ = θ1− 90°
A
tg θ1 = m θ1
θ
x0 x
s
y r
θ = 90°− θ1
B s
tg θ1 = m
θ
θ1
θ1
x0 x
Figura 2.2
• r : y = m1 x + b1 e s : y = m2 x + b2 , m1 ⋅ m2 ≠ (−1)
Verifique, de modo análogo ao caso anterior, que
m1 − m2
tan () = .
1 + m1m2
Exercício
4) Calcule o ângulo entre as retas abaixo.
2 x + 2 y = 1 y = − (2 + 3) x + 1
a) ; b) ;
y = 3 y = x + 3
y = x − 1 ( 5 − 1) x + 2 y = 1
c) ; d) .
y = ( 3 + 2) x ( 5 + 1) x − 2 y = 0
28
1
Resolução: A reta s : y − 0 = − ( x − 1) é a reta perpendicular a r
2
y = 2x + 3
que passa por (1, 0). Resolvendo o sistema 1 1 temos que
y = − 2 x + 2
o ponto Q = (−1,1) é a interseção das duas retas. Logo, a distância
pedida é d (P, Q) = 5 .
x0 + m ⋅ y0 + m ⋅ b
A solução é x1 = , y1 = mx1 + b.
m2 + 1
Exercícios
5) Calcule a distância do ponto P à reta r, em cada item abaixo.
b) P = (−1, −5), r : y = 2;
c) P = (1,1), r : y = −2 x;
d) P = (0, 0), r : y = −2 x + 3;
e) P = (0,1), r : y = 2 x + 3;
f) P = (3,1), r : y = x.
Esses
pontos dão origem aos vetores
a = (2 − 1) i + (3 − 1) j e
b = (3 − 1)i + (4 − 1) j , em que i , j e k são vetores unitários na di-
reção dos 3 eixos ortogonais do espaço cartesiano (observe que as
coordenadas do vetor a são as diferenças das coordenadas respec-
tivas de A ' e B ' ; as de b , as diferenças das de A ' e C ' ). No espaço
cartesiano, podemos definir uma função que leva dois trios ordena-
30
Exercícios
7) Achar uma equação de reta em cada item abaixo.
b) entre as retas r : x + y = 1 e s : x + y = 2;
d) entre as circunferências ( x + 1) 2 + y 2 = 1 e
( x − 1) 2 + ( y − 3) 2 = 1;
a) AC é hipotenusa de comprimento 4;
b) BC é hipotenusa de comprimento 3;
A B x
(−a , 0) (a , 0)
Figura 2.4
c a −b a+b
y − = x−
2 c 2
, ou seja,
y − c = − a +b x − b − a
2 c 2
34
x = 0
a2 − b2 + c2 .
y =
2c
Logo, o ponto está sobre o eixo das abcissas, como queríamos mostrar.
Resumo
• declividade de uma reta não vertical;
• retas paralelas;
• retas perpendiculares;
Bibliografia comentada
BARBOSA, J. L. M. Geometria euclidiana. 6. ed. Rio de Janeiro:
SBM, 2004.
3.1 Introdução
Os geômetras gregos anteriores a Apolônio de Pérgamo necessita-
vam de três tipos de cone para obterem seções cônicas pela interse-
ção de um plano (sempre) perpendicular a uma geratriz qualquer
σ de um cone circular reto. Notemos que os gregos, naquela época,
imaginavam um cone circular reto como sendo gerado pela revolu-
ção de duas retas em torno de um eixo de simetria (conforme figura
3.1). Se o ângulo , que as duas retas geratrizes formam entre si, for
agudo, teremos uma elipse; se for reto, uma parábola; se for obtuso,
uma hipérbole. A palavra elipse, na sua etimologia, significava que
se alcançaria a outra geratriz quando uma das duas fosse intercepta-
Figura 3.1 da pelo plano; a parábola, que o plano era paralelo à outra geratriz; a
hipérbole, que o plano se afastaria cada vez mais da outra geratriz.
40
Foi Apolônio quem mostrou que bastaria um cone circular reto de duas
folhas qualquer para se obter as três (seções) cônicas; o que deveria va-
riar era o ângulo de interseção do plano com uma das duas geratrizes.
Na verdade, basta fazer a revolução de apenas uma reta (a geratriz)
para gerar um cone de 2 folhas, conforme a definição seguinte.
Figura 3.2
• se p é paralelo a somente uma geratriz, a cônica é uma pará- Paralelo a somente uma
bola (observe que, nesse caso, = ); geratriz: o plano paralelo a
p passando por V contém
somente uma geratriz
• se p é paralelo a duas geratrizes, a cônica é uma hipérbole
do cone.
(note que, se p cortar o eixo e, 0 < < ).
Paralelo a duas geratrizes:
o plano paralelo a p
passando por V contém
Elipse Parábola Hipérbole duas geratrizes do cone.
θ θ θ
V V V
α α
π α
π π
Figura 3.5
3.2 Parábola
Definição 3.2. Dados uma reta r e um ponto F no plano 2, tais
que F não pertence a r, uma parábola p de foco F e diretriz r é o
conjunto dos pontos P eqüidistantes de F e de r , isto é,
43
Figura 3.6
-5 -3
Exemplo 1: Considere a reta r : y = e o ponto F = 2, . Seja
4 4
( x, y ) um ponto P arbitrário da parábola p, definida a partir dessa
diretriz e desse foco. Temos que
2
3 5
d ( P, F ) = d ( P, r ) ⇔ ( x - 2) 2 + y + = y + ⇔
4 4
2 2
3 5
⇔ ( x - 2) 2 + y + = y + ;
4 4
y = x 2 - 4 x + 3.
y
d
F
x
Figura 3.7
45
d ( P, F ) = d ( P, r ) ⇔ ( x - 0) 2 + ( y - p ) 2 = y + p ⇔
2
3
⇔ ( x - 0) + y + = ( y + p ) 2 ⇔
2
4
⇔ x 2 - 4 yp = 0.
1
Note que se p = , então obtemos a parábola y = ax 2. Deste modo,
4a
2
o foco e a diretriz da parábola y = ax são, respectivamente,
1 1
0, e r : y = - 4a .
4a
Exercício
1) Obtenha uma equação para as parábolas, cujo foco e cuja dire-
triz são dados abaixo, esboçando-as:
a) F = (0, -1), r : y = 1;
1 1
b) F = , 0 , r : x = - ;
4 4
c) F = (0, 0), r : y = x + 1.
b b2 b2
y = a x2 + x + 2 - + c.
a 4a 4a
∆ b
Fazendo y ' = y + e x' = x + , podemos reescrever esta equa-
4a 2a
2
ção da seguinte forma y ' = a ( x ') , que corresponde (ver exemplo 3)
1
a uma parábola cujos foco e diretriz, no eixo 0 x '0 y ' , são 0, e
4a
1
r : y = - , respectivamente (ver figura 3.8).
4a
y y'
− ∆
4a x'
0 x
− b
2a
Figura 3.8
Exercício
2) Obtenha o foco e a diretriz das parábolas dadas por
a) y = x 2 ;
b) y = x 2 + 2;
c) y = x 2 + 4 x + 4;
d) y = - x 2 ;
e) y = 2 x 2 - 7 x + 2;
f) y = -2 x 2 + x.
Proposição 3.2. Uma parábola cujo eixo é uma reta vertical é o grá-
fico de uma função quadrática.
Demonstração: Seja p uma parábola com eixo vertical. Logo, sua di-
retriz é uma reta horizontal: y = c, em que c denota uma constante.
Seja F = (r , s ) seu foco. Como F não pertence à diretriz, s ≠ c.
Assim, para todo ponto ( x, y ) da parábola, temos que
( x - r )2 + ( y - s)2 = y - c .
Logo, 2( s - c) y = x 2 - 2rx + r 2 + s 2 - c 2 .
Exercício
3) Aplicando a técnica utilizada na demonstração da proposição
acima, obtenha funções quadráticas cujos gráficos são as pará-
bolas com foco e diretriz, dadas a seguir:
48
3 1
a) F = , 0 , r : y = - ;
2 2
7 1
b) F = , 0 , r : y = ;
2 2
3 5
c) F = 0, - , r : y = - .
4 4
y - y0 = x - x0 ⇒ ( y - y0 ) 2 = x - x0
Exercício
4) Esboce o gráfico das funções abaixo.
a) y = x - 2 + 1;
b) y = - x - 2 + 1;
c) y = - x - 2 - 1;
d) y = 2 x - 2 + 1 .
3.3 Elipse
A excentricidade de uma Definição 3.4. Seja dado um número positivo 2a, sejam dados dois
elipse é um número entre
pontos fixos F1 e F2 (ditos focos), cuja distância entre si, 2c, é me-
c
0 e 1 0 < < 1 , que c
a nor que 2a. A elipse E de focos F1 e F2, de excentricidade , é o
determina a sua forma. a
Se este número for
próximo de zero, então
conjunto dos pontos P, tais que a soma das distâncias de P a F1 e
a elipse se aproxima de de P a F2 é igual a 2a , isto é,
uma circunferência e se
for próximo de 1 então a E = {P ∈ 2 | d ( P, F1 ) + d ( P, F2 ) = 2a}.
elipse se aproxima de um
segmento de reta.
Uma elipse no plano cartesiano é descrita por uma equação algé-
brica, isto é, podemos representar uma elipse qualquer como um
conjunto de pontos ( x, y ), do plano cartesiano, tais que suas coorde-
nadas x e y satisfazem uma certa equação.
d ( P, F1 ) + d ( P, F2 ) = 2a ⇔
⇔ ( x + c ) 2 + y 2 + ( x - c ) 2 + y 2 = 2a ⇔
⇔ ( x + c ) 2 + y 2 = 2a - ( x - c ) 2 + y 2 ⇔
2 2 2 2 2
⇔ ( x + c ) 2 + y 2 = 4a - 4a ( x - c ) + y + ( x - c ) + y ⇔
⇔ a ( x - c) 2 + y 2 = a 2 - cx ⇔
⇔ a 2 ( x 2 - 2cx + c 2 ) + a 2 y 2 = a 4 - 2a 2 cx + c 2 x 2 ⇔
⇔ a 2 x 2 - c 2 x 2 + a 2 y 2 = a 4 - a 2c 2 ⇔
⇔ (a 2 - c 2 ) x 2 + a 2 y 2 = a 2 (a 2 - c 2 ) ⇔
x2 y2
⇔ + = 1.
a2 a2 - c2
50
x2 y2
+ =1
a2 b2
a
b
(−c, 0) (c, 0)
Figura 3.9
Observações:
d ( P, F1 ) + d ( P, F2 ) = 2a ⇔
2 2 2 2
c c c c
⇔ x + +y+ + x - +y- = 2a ⇔
2 2 2 2
2 2 2 2
c c c c
⇔ x + +y+ = 2a - x - +y- ⇔
2 2 2 2
2 2 2 2 2 2
c c c c c c
⇔ x + +y+ = 4a 2 + x - +y- - 4a x - +y- ⇔
2 2 2 2 2 2
2 2
c c cx cy
a x y a 2
2 2 2 2
2 2
2 c c c2x2 c2 y2 a 2 cx a 2 cy
a x a 2 y a 4 2 2 c 2 xy
2 2 2 2 2 2
c2 x2 c2 y2
a 2 x 2 a 2 y 2 a 2c 2 a 4 c 2 xy
2 2
⇔ (a 2 + b 2 )x 2 + (a 2 + b 2 ) y 2 - 2(a 2 - b 2 ) xy = 2a 2b 2.
Figura 3.11
52
Exercício
5) Ache equação para a elipse
3
a) cujos focos são (-3, 0) e (3, 0), e cuja excentricidade é ;
5
4
b) cujos focos são (0, -4) e (0, 4), e cuja excentricidade é ;
5
c) cujos focos são (-c + x0 , 0) e (c + x0 , 0),
c
e cuja excentricidade é ;
a
d) cujos focos são (0, -c + y0 ) e (0, c + y0 ),
c
e cuja excentricidade é ;
a
e) cujos focos são (-c + x0 , y0 ) e (c + x0 , y0 ),
c
e cuja excentricidade é ;
a
f) cujos focos são ( x0 , -c + y0 ) e ( x0 , c + y0 ),
c
e cuja excentricidade é ;
a
g) cujos focos são (-2 2, -2 2) e (2 2, 2 2),
4
e cuja excentricidade é ;
5
h) cujos focos são ( - 3,3) e (3,3), e passa pelo ponto (0, 7);
i) cujos focos são ( - 3, -1) e (5, -1), e passa pelo ponto (1, 2).
3.4 Hipérbole
Definição 3.5. Seja dado um número positivo 2a, sejam dados dois A excentricidade de uma
pontos fixos F1 e F2 (ditos focos), cuja distância entre si, 2c, é maior hipérbole é um número
c
c maior do que 1 1 <
que 2a. A hipérbole H de focos F1 e F2 , de excentricidade , é o a
a que está relacionado com
a abertura da hipérbole.
conjunto dos pontos P , tais que o valor absoluto da diferença das
Quanto maior ele for, maior
distâncias de P a F1 e de P a F2 é igual a 2a, isto é, é a abertura da hipérbole.
H = {P ∈ 2 ; | d ( P, F1 ) - d ( P, F2 ) | = 2a}.
53
| d ( P, F1 ) - d ( P, F2 ) | = 2a ⇔
⇔ ( x + c ) 2 + y 2 - ( x - c ) 2 + y 2 = 2a ⇔
⇔ ( ( x + c ) 2 + y 2 - ( x - c ) 2 + y 2 ) 2 = 4a 2 ⇔
⇔ ( x + c) 2 + y 2 + ( x - c) 2 + y 2 =
= 4a 2 + 2 ( x + c ) 2 + y 2 ( x - c ) 2 + y 2 ⇔
⇔ x 2 + y 2 + c 2 - 2a 2 = ( x + c ) 2 + y 2 ( x - c ) 2 + y 2 ⇔
⇔ ( x 2 + y 2 + c 2 - 2a 2 ) 2 = [( x + c) 2 + y 2 ][( x - c) 2 + y 2 ] ⇔
⇔ x 4 + y 4 + c 4 + 4 a 4 + 2 x 2 y 2 + 2 x 2 c 2 - 4 x 2 a 2 + 2 y 2 c 2 - 4 y 2 a 2 - 4c 2 a 2 =
= ( x 2 - c 2 ) 2 + y 2 [( x + c) 2 + ( x - c) 2 ] + y 4 ⇔
⇔ 4a 4 - 4c 2 a 2 = -4 x 2 c 2 + 4 x 2 a 2 + 4 y 2 a 2 ⇔
⇔ x 2c 2 - x 2a 2 - a 2 y 2 = a 2c 2 - a 4 ⇔
⇔ (c 2 - a 2 ) x 2 - a 2 y 2 = a 2 (c 2 - a 2 ) ⇔
x2 y2
⇔ - = 1.
a2 c2 - a2
x2 y2
- = 1,
a2 b2
que é uma equação da hipérbole dada.
(−c,0) (c,0)
(−a,0) (a,0)
Figura 3.12
Observações:
x2 a2 x2 a2 a
b
hipérbole estão entre as retas y = ± x;
a
• os pontos da hipérbole, quando x tende a ± ∞, tendem a se
b
aproximar das retas y = ± x . Por isso, chamamos essas retas
a
de assíntotas da hipérbole.
2 2
Sua equação será, agora, y - x = 1 e suas assíntotas, y = ± a x.
a2 b2 b
(0,c)
(0,a)
(0,−a)
(0,−c)
Figura 3.13
c
A hipérbole de excentricidade e focos
a
c c c c
F1 = - ,- , F2 = ,
2 2 2 2
| d ( P, F1 ) - d ( P, F2 ) | = 2a ⇔
2 2 2 2
c c c c
⇔ x+ + y+ - x- + y- = 2a ⇔
2 2 2 2
2 2 2 2
c c c c
⇔ x + + y + + x - + y - =
2 2 2 2
2 2 2 2
2 c c c c
= 4a + 2 x + +y+ x - +y- ⇔
2 2 2 2
56
⇔ x 2 + y 2 + c 2 - 2a 2 =
2 2 2
c2 c2 c2
= x 2 - + y 2 - + 2 xy - + c 2 ( x - y ) 2 ⇔
2 2 2
⇔ ( x 2 + y 2 + c 2 - 2a 2 ) 2 =
2 2 2
2 c2 2 c2 c2
= x - + y - + 2 xy - + c 2 ( x - y ) 2 ⇔
2 2 2
⇔ x 4 + y 4 + c 4 + 4 a 4 + 2 x 2 y 2 + 2 x 2 c 2 - 4 x 2 a 2 + 2 y 2 c 2 - 4 y 2 a 2 - 4c 2 a 2 =
c4 c4 c4
⇔ = x4 + - c 2 x 2 + y 4 + - c 2 y 2 + 2 x 2 y 2 + - 2 xyc 2 + c 2 x 2 + c 2 y 2 - 2c 2 xy ⇔
4 4 2
⇔ c 2 x 2 - 2a 2 x 2 + c 2 y 2 - 2a 2 y 2 + 2c 2 xy = 2c 2 a 2 - 2a 4 ⇔
⇔ (c 2 - a 2 ) x 2 - a 2 x 2 + (c 2 - a 2 ) y 2 - a 2 y 2 + 2c 2 xy = 2(c 2 - a 2 )a 2 ⇔
⇔ (b 2 - a 2 ) x 2 + (b 2 - a 2 ) y 2 + 2(b 2 + a 2 ) xy = 2b 2 a 2.
( 2, 2)
(− 2 , − 2 )
Figura 3.14
Exercício
6) Ache equação para a hipérbole
5
a) cujos focos são ( - 5, 0) e (5, 0), e cuja excentricidade é ;
3
57
5
b) cujos focos são (0, -5) e (0,5), e cuja excentricidade é ;
4
c) cujos focos são ( - c + x0 , 0) e (c + x0 , 0) ,
c
e cuja excentricidade é ;
a
d) cujos focos são (0, -c + y0 ) e (0, c + y0 ) ,
c
e cuja excentricidade é ;
a
e) cujos focos são (-c + x0 , y0 ) e (c + x0 , y0 ),
c
e cuja excentricidade é ;
a
f) cujos focos são ( x0 , -c + y0 ) e ( x0 , c + y0 ),
c
e cuja excentricidade é ;
a
-5 -5 5 5
g) cujos focos são , e , ,
2 2 2 2
5
e cuja excentricidade é ;
4
h) cujos focos são ( - 5,3) e (5,3), e passa pelo ponto (3,3);
Além disso, uma cônica c será identificada por uma regra simples:
Essa regra não é da forma “se e somente se” porque a equação ge-
ral acima pode representar vários conjuntos diferentes de cônicas:
o conjunto vazio (por exemplo, x 2 + 2 = 0 ), duas retas paralelas (por
exemplo, x 2 - 1 = 0 ), uma reta (por exemplo, x 2 = 0 ).
• y - y0 = ( x - x0 ) 2
• x - x0 = ( y - y0 ) 2
( x - x0 ) 2 ( y - y0 ) 2
• + =1
a2 b2
(elipse cujos eixos de simetria são x = x0 e y = y 0 );
( x - x0 ) 2 ( y - y0 ) 2
• - = ±1
a2 b2
(hipérbole cujos eixos de simetria são x = x0 e y = y 0 ).
Para isso, iremos então girar os eixos até que fiquem paralelos aos
eixos de simetria da cônica. Como descobriremos a direção desses ei-
xos? Simples, aplicaremos uma rotação de um ângulo simbólico, ob-
tendo uma nova expressão da curva. Calcularemos, então, qual deve
ser o ângulo real zerando o coeficiente de xy na nova expressão.
59
Y' θ X'
P
y
V S
U θ
x'
y' R
O x X
Figura 3.15
A( x ' cos - y ' sen ) 2 + B( x ' cos - y ' sen )( x ' sen + y ' cos ) +
+C ( x ' sen + y ' cos ) 2 +
Fazendo os cálculos,
Agora, sejam:
Então temos A ' x '2 + B ' x ' y '+ C ' y '2 + D ' x '+ E ' y '+ F ' = 0.
a) C = A e, logo, = 45;
B
b) C ≠ A e, nesse caso, tg 2 = .
A-C
• se for elipse, A ' e C ' têm o mesmo sinal, isto é, A '.C ' > 0 ;
• se for hipérbole, A ' e C ' têm sinais contrários, ou seja, A '.C ' < 0.
61
Mas,
A '.C ' = ( A cos 2 + C sen 2 + B cos sen )( A sen 2 + C cos 2 - B cos sen ) =
2 sen 2 2
2 sen 2
= [( A - C ) - B ] + AC + B(C - A) cos 2 =
4 2
sen 2 2 cos 2 2
= [( A - C ) 2 - B 2 ] - B2 + AC ,
4 2
sen 2 2 B 2 cos 2 2
= ( A - C )2 - - B2 + AC =
4 4 4
( A - C ) 2 sen 2 2 - B 2 cos 2 2 B2
= + AC - =
4 4
B2
= AC - ,
4
B2
Assim, A ' C ' = AC - . Então,
4
B2
• A ' C ' = 0 ⇔ AC - = 0 ⇔ B 2 - 4 AC = 0;
4
B2
• A ' C ' > 0 ⇔ AC - > 0 ⇔ B 2 - 4 AC < 0;
4
B2
• A ' C ' < 0 ⇔ AC - < 0 ⇔ B 2 - 4 AC > 0.
4
Exercícios
7) Identifique as cônicas abaixo, transformando as equações na
sua forma normal.
a) x 2 + 9 y 2 + 6 x - 18 y + 36 = 0;
b) x 2 - 9 y 2 + 6 x - 18 y - 36 = 0;
c) x 2 + 6 x - y - 12 = 0;
d) x 2 + x + 1 - y = 0;
e) - y 2 + x - 12 = 0;
f) x 2 - 4 y 2 + 4 x - 12 = 0;
g) ( x + y ) + ( x - y ) - 20 x + 8 y = 6.
2 2
63
a) 2 xy = 1;
b) 3 x 2 + 2 xy + 3 y 2 = 4;
c) 2 x 2 + xy + y 2 = 3;
d) 21x 2 - 10 3 xy + 31 y 2 = 144 ;
e) 2 x 2 - 3 xy - 2 y 2 + 10 = 0;
f) x 2 - 3 xy + y 2 + x - y = 1;
g) 16 x 2 + 24 xy + 9 y 2 + 60 x - 80 y + 100 = 0;
h) 3 x 2 - 2 xy + y 2 + 2 x + y = 2;
i) 3 x 2 + 8 xy - 3 y 2 - 4 5 x + 8 5 y = 0;
j) 3 x 2 - 2 3 xy + y 2 + 2 x + 2 3 y = 0.
a) x 2 + 2 xy + 9 y 2 + 6 x - 18 y = 100;
b) x 2 + 2 xy + y 2 + 3 x - 2 y = 100;
c) x 2 + 2 xy + y 2 + 3 x - 2 y = 100;
d) x 2 + xy + 3 x - 2 y = 100;
e) ( x + y ) 2 + ( x - y ) 2 - 2 y = 100;
f) x 2 + 4 xy + 4 y 2 + 3x - 2 y = 100.
( x - x0 ) 2
y - y0 = ± b 1 - , b > 0,
a2
cujos gráficos são semi-elipses, ou funções do tipo
( x - x0 ) 2
y - y0 = ± b 1 + , b > 0,
a2
cujos gráficos são um dos ramos de uma hipérbole, ou do tipo
( x - x0 ) 2
y - y0 = ± b - 1, b > 0,
a2
cujos gráficos dão semi-hipérboles, são funções ditas irracio-
nais (lembre-se que c, o raio focal da hipérbole satisfaz a relação
c 2 = a 2 + b 2 ). Observe os gráficos a seguir.
b
i) y - y0 = - a2 - x2
a
y
x
(0, −b+y0)
Figura 3.16
b
ii) y = a2 + x2
a
y
(0, b)
y=− b x y= bx
a a
Figura 3.17
65
b
iii) y = x2 - a2
a
y
x
(−a, 0) (a, 0)
y = − ab x y = ab x
Figura 3.18
Exercício
10) Esboce o gráfico de cada função abaixo.
1
a) y = ;
( x - 1)
1
b) y - 1 = ;
x
1
c) y - 1 = ;
( x - 1)
d) x. y = 0;
e) x. y = 2;
f) x 2 + y 2 = 1, y ≥ 0;
g) ( x - 1) 2 + y 2 = 4, y ≥ 0;
h) y = - 1 - x 2 ;
i) y = 1 - 4 x 2 ;
j) y = - x 2 - 1;
k) y - 2 = 2 x 2 - 1;
l) y - 2 = 2 1 - x 2 ;
m) y - 2 = 2 1 - 4 x 2 ;
n) y - 2 = 2 1 - 2 x + x 2 ;
o) y - 2 = 2 2 x + x 2 ;
2
p) y - 2 = x2 - 2x .
3
66
Resumo
• seções cônicas;
• equação de parábola;
• equação de elipse;
• equação de hipérbole;
• rotação de eixos;
Bibliografia comentada
LINDQUIST, M. M. et al. Aprendendo e ensinando geometria. São
Paulo: Atual, 1994.
Um dos poucos livros modernos onde se pode ler sobre rotação de eixos e
sua conseqüência no estudo de cônicas. Recomendo, fortemente, a todos
que querem fixar este conteúdo.
Capítulo 4
Vetores
Em Matemática, vetor
Capítulo 4
tem um sentido bem
mais geral do que o
Vetores
conceito apresentado
aqui. No entanto, os
vetores em geometria
são fundamentais para a Neste capítulo, introduziremos a noção de vetor, que será
formação de uma intuição a de enorme utilidade no estudo da geometria analítica.
respeito desses objetos em
contextos mais avançados.
zp
P(xp , yp , zp)
yp
y
xp
x
Figura 4.1
8 P7
P8
6 P
P6 y
P5 P1 P4
4
D
P2 P3
x
Figura 4.2
Resolução:
D1 4 D4
y
3
6
P
D2 8 D3
x
Figura 4.3
72
Exercícios
1) Representar graficamente os seguintes pontos:
2) Representar graficamente:
a) A = {( x, y, z ) : x = y = 0};
b) B = {( x, y, z ) : x = 2 e y = 3};
c) C = {( x, y, z ) : z = 1};
d) D = {( x, y, z ) : x 2 + y 2 = 1}.
45°
m m m
45°
A B C
Figura 4.4
Suponha que seu professor, então, lhe pedisse para descrever como
seria o movimento, usando as leis de Newton. Independentemente
de sua desenvoltura com a Física, você provavelmente se dará con-
ta que, embora as forças sejam as mesmas em magnitude nos três
casos, o movimento resultante é bastante distinto. O caráter vetorial
Esses conceitos (direção
da força manifesta-se justamente nessa dependência da direção e
e sentido) às vezes são
tomados como sinônimos sentido, ao contrário da massa - se dissermos que m = 3 kg, temos
na linguagem corrente, toda informação necessária a respeito da mesma. Note ainda que
mas nosso exemplo
ilustra como é importante nos esquemas (b) e (c) da figura 4.4, a direção é a mesma, mas não o
diferenciá-los em ciência. sentido das forças, e isso faz diferença para o movimento.
Você pode perguntar: “Por que par ordenado? Não era para ser
um segmento de reta orientado?” Bem, há uma boa definição de
segmento (não orientado) na geometria, a saber
1 unidade 1 unidade
1 unidade
B D
A C
Figura 4.7 - Um paralelogramo.
Exercício
4) Sejam ( A, B), (C , D) e ( E , F ) segmentos orientados arbitrários.
Verifique graficamente as relações abaixo no conjunto dos seg-
mentos orientados do espaço.
77
i) ( A, B ) ( A, B );
iii) Se ( A, B ) (C , D) e (C , D) ( E , F ), então ( A, B ) ( E , F ) .
Exercício
5) Use o exercício anterior para mostrar que se ( A, B) e (C , D) são
segmentos orientados,
AB ∩ CD ≠ ∅ ⇒ AB = CD
ou seja, classes de equipolência ou são disjuntos ou do contrá-
rio são iguais. Conclua que
( A, B ) (C , D) ⇔ AB = CD.
Esta definição significa que cada vetor deve ser pensado como
uma coleção de setas, ao invés de uma única seta. Cada seta, ou
mais precisamente cada segmento orientado equipolente ao seg-
mento orientado ( A, B), é um representante do (mesmo) vetor AB.
Em particular, se v é um
vetor e O um ponto, então existe um único
ponto X tal que v = OX . Reciprocamente, fixado o ponto O, para
cada ponto X existe um único vetor que tem (O, X ) como repre-
sentante, a saber a classe de equipolência OX . Isso significa que,
fixado um ponto O , existe uma correspondência biunívoca entre
vetores e pontos. Esse fato será fundamental para compreender o
que virá a seguir.
z
x u+v
u
v y
O
Figura 4.8
Exercício
6) Verifique, escolhendo um ponto de referência O , que
v + (−v) = 0.
v
v+w w
u
u+v
(u+v)+w = u+(v+w)
Figura 4.9
Exercício
7) Seja w um vetor tal que para todo vetor v, v + w = w + v = v.
Mostre, usando apenas as propriedades (A1) − (A4), que w = 0.
Ou seja, o elemento neutro da adição é único. Seja v um ve-
tor qualquer, e sejam w, w ' vetores tais que v + w = w + v = 0
e v + w ' = w '+ v = 0. Mostre, novamente usando apenas as pro-
priedades (A1) − (A4), que w = w '. O inverso aditivo de cada
vetor v é portanto único, justificando nossa notação −v.
λ·v λ·v
λ·v
v v
v
Figura 4.11
82
=| t |.
1) (∀) || v || ≥ 0;
2) || || = 0 ⇔ = 0;
3) (∀ t ∈ ) || t || = | t | || ||;
4) se ≠ 0, = 1.
|| ||
• u , v := 0 , se u, ou v, for nulo.
2
1) (∀ v) v,v = v ;
2) u , v = v, u (simetria);
3) (∀ t ) tu , v = u , tv = t u , v (homogeneidade);
4) u , v + w = u , v + u, w (distributividade).
|| u + v || ≤ || u || + || v ||
Vamos falar agora sobre dependência linear entre vetores. Por de-
finição, o conjunto formado apenas pelo vetor nulo é um conjunto
linearmente dependente (abreviadamente, LD). Os conjuntos forma-
dos por um único vetor não nulo são todos linearmente indepen-
dentes (abreviadamente, LI).
u , v = t1s1 + t2 s2 + t3 s3 .
Demonstração:
u , v = t1v1 + t 2 v 2 + t 3 v3 , s1v1 + s 2 v 2 + s3 v3 =
= t1 s1 v1 , v1 + t1 s 2 v1 , v 2 + t1 s3 v1 , v3 + t 2 s1 v 2 , v1 + t 2 s 2 v 2 , v 2 + t 2 s3 v 2 , v3 +
= t1 s1 v1 , v1 + t1 s 2 v1 , v 2 + t1 s3 v1 , v3 + t 2 s1 v 2 , v1 + t 2 s 2 v 2 , v 2 + t 2 s3 v 2 , v3 ++ t 3 s1 v3 , v1 + t 3 s 2 v3 , v 2 + t 3 s3 v3 , v3 = t1 s1
+ t 3 s1 v3 , v1 + t 3 s 2 v3 , v 2 + t 3 s3 v3 , v3 = t1 s1 + t 2 s 2 + t 3 s3
+ t 3 s1 v3 , v1 + t 3 s 2 v3 , v 2 + t 3 s3 v3 , v3 = t1 s1 + t 2 s 2 + t 3 s3 .
u1 x + u2 y + u3 z = 0,
v1 x + v2 y + v3 z = 0.
x = u2 v3 − u3v2
y = u3v1 − u1v3
z = u1v2 − u2 v1
i j k
u1 u2 u3 (*)
v1 v2 v3
i j k i u j u k u u u u
u1 u2 u3 2 3 u 1 u3 u 1 u 2 u u
u=1 v u2 v u⋅3i =− v2 v3 ⋅⋅ ij ++ v1 v3 ⋅⋅ kj += 1 2 ⋅ k =
v1 v2 v3 2 3 v21 v33 v11 v32 v1 v2
v1 v2 v3
= (u2 v3 − u3v2 ) ⋅ i + (u3v1 − u1v3 ) ⋅ j + (u1v2 − u2 v1 ) ⋅ k .
4 3 5 3 5 4
1) 2 ⋅ i + (−1)3 ⋅ j + (−1) 4 ⋅ k = 4 ⋅ i + (−2) ⋅ j + +(−4) ⋅ k = (4, −2, −4)
0 1 1 1 1 0
i j k
0 1 1 1 1 0
1 0 1 = ⋅i − ⋅j+ ⋅k =
4 3 5 3 5 4
5 4 3
i j k
0 1 1 1 1 0
1 0 1 = (−1) 2 ⋅ i + (−1)3 ⋅ j + (−1) 4 ⋅ k = (−4) ⋅ i + 2 ⋅ j + 4 ⋅ k = (−4, 2, 4) .
4 3 5 3 5 4
5 4 3
O seguinte Teorema resume algumas propriedades do produto
vetorial.
(PV2) (Bilinearidade)
u × (v + ⋅ w) = u × v + ⋅ (u × w);
(u + ⋅ v) × w = u × w + ⋅ (v × w);
(PV3) u × (v × w) = u , w ⋅ v − u , v ⋅ w ;
(u × v) × w = w, u ⋅ v − w, v ⋅ u;
2 2 2 2
(PV4) u × v = u v − u, v .
u × v = u v sen ,
u
A colinearidade não é a única utilidade do produto vetorial. Sejam
u e v vetores não-nulos e não-paralelos com ângulo entre eles, e v
v
considere um paralelogramo formado por setas representantes des-
ses vetores (fig. 4.13). θ u
Figura 4.13
93
A = b × h,
A = u v sen = u × v .
B D
A C
Figura 4.14
Considerando
que o paralelogramo é determinado pelos vetores AB
e AC , obtemos que a área do triângulo é:
1
Área∆ = AB × AC .
2
Mas AB = (1,1,3) e AC = (−2, −1, 2). Portanto
i j k
AB × AC = 1 1 3 = (5, −8,1).
−2 −1 2
Logo, podemos calcular que AB × AC = 3 10 e, assim,
3
Área∆ = 10 .
2
94
Exercício
8) Se u = (u1 , u2 , u3 ), v = (v1 , v2 , v3 ) e w = ( w1 , w2 , w3 ), mostre usando
as definições que
u1 u2 u3
u × v, w = v1 v2 v3 .
w1 w2 w3
u1 u2 u3 v1 v2 v3 w1 w2 w3
v1 v2 v3 = w1 w2 w3 = u1 u2 u3
w1 w2 w3 u1 u2 u3 v1 v2 v3
ou seja, que
[u , v, w] = [v, w, u ] = [ w, u , v] .
u 0 0
v cos v sen 0 = ( u v sen ) w = u × v w > 0 .
0 0 w
u× v
α
h
α u
área = || u × v ||
v
Figura 4.15 - O paralelepípedo é formado pelos vetores u, v e w.
A área da base é dada por u × v .
96
u × v, w u × v, w
h = w cos a = w = .
u×v w u×v
Na figura 4.15 também notamos que, quando = , o segmento
2
representante do vetor w estará no plano contendo os segmentos
representantes de u e v. Ou seja, os vetores u, v e w são coplanares.
Mas isso acontece precisamente quando w e u × v forem ortogonais,
isto é, quando u × v, w = 0. Isso nos ajuda a descobrir se quatro pon-
tos A, B, C e D dados são coplanares, isto é, se estão sobre o mesmo
plano (claro que isso ocorre automaticamente se dois ou mais dos
pontos em questão são iguais). Isso ocorrerá se, e somente se,
AB × AC , AD = 0. Não faremos uma prova mais rigorosa desse fato,
mas o ilustramos em um exemplo.
−2 −2 −6
AB × AC , AD = −1 0 −2 = 0 ,
−3 −1 −7
e, logo, os pontos são de fato coplanares. Você pode verificar por si só
que a ordem em que nomeamos os pontos é irrelevante.
Exercícios
9) Dados os vetores u = (1,3, 2), v = (0, −1, 0), w = (−2, 0,1), calcule:
a) u , v e v, u ; b) u × v e v × u;
c) u × v, w e u , v × w ; d) (u × v) × w;
e) u × v, v × w ; f) o ângulo entre u e v.
13) Para que valor de m os pontos A(m,1, 2), B (2, −2, −3), C (5, −1,1)
e D(3, −2, −2) são coplanares?
Bibliografia comentada
BARBOSA, João Lucas Marques. Geometria Euclidiana plana.
6. ed. Rio de Janeiro: SBM, 2004.
Este livro contém excelente texto sobre vetores, no sentido clássico, como
é também apresentado aqui, e sobre quádricas. Os exercícios por ele pro-
postos são ótimos.
Capítulo 5
Retas e Planos no espaço
101
Capítulo 5
Retas e Planos no espaço
v α
Você deve tentar reconhecer que essa definição não faz nada mais
que capturar de forma precisa a idéia intuitiva acima. O vetor não-
nulo v (a, b, c) é chamado vetor normal ao plano P, assim definido
por razões óbvias. Um resultado dessa definição é a seguinte:
P {( x, y, z ) 3 : ax by cz d }.
Demonstração:
P P a ( x x0 ) b( y y0 ) c( z z0 ) 0
ax by cz ax0 by0 cz0 d
P {( x, y, z ) 3 : ax by cz d },
d
e o ponto P0 , 0, 0. Temos, sendo P ( x, y, z ) um ponto arbitrário,
a
P P ax by cz d
d
a x b( y 0) c( z 0) 0
a
P0 P, v 0
completando a demonstração.
0 x 0 y 1z 0 ,
donde inferimos que o vetor (0, 0,1) é normal ao plano. Mas esse ve-
tor é obviamente paralelo ao eixo OZ e, portanto, o plano em ques-
tão é perpendicular a esse eixo. Além disso, uma simples inspeção
mostra que o plano contém a origem, e o único plano com essas es-
pecificações é o plano XY . Analogamente, as equações x 0 e y 0
descrevem os planos YZ e XZ, respectivamente.
x2 y 4
y0
z 0 .
O único tal ponto é P1 (4, 0, 0). De maneira similar, para que um ponto
P2 ( x, y, z ) esteja na interseção de P com o eixo OY , deve ser solu-
ção do sistema:
x2 y 4
x0
z 0,
que obviamente não possui solução. Isso que dizer que o plano P
não intersecta o eixo OZ , sendo portanto paralelo a este (faça um
desenho dessa situação!).
P
n = AB × AC
AC
A AB B
7 x 11 y z 12.
ru
rv
P0
v
u ru ru’ rv’
P1 P
rv
P2
P0
Figura 5.3
Agora,
u , e, portanto, existe t tal que
P0 P1 é paralelo a
P0 P2 s v . Analogamente, P0 P2 é paralelo a v , logo
existe s
tal
que P0 P2 sv. u Mas pela regra do paralelogramo, P0 P1 P0 P2 P0 P ,
e, portanto,
P0 P t u sv.
( x x0 , y y0 , z z0 ) t (u1 , u2 , u3 ) s(v1 , v2 , v3 ),
ou
x x0 tu1 sv1
y y0 tu2 sv2
z z0 tu3 sv3 ,
x 0 1t 0 s
y 0 0t 1s
z 6 t 1s,
v �
s
Por outro lado, A ' A = s ⋅ v = ⋅ v ', para algum s , pois
(t + s )
A ' . Portanto, A ' P t 'v ', se definimos t ' = . Logo
P . De forma inteiramente análoga, prova-se que
P ' P ,
x x0 v1t
y y0 v2t
z z0 v3t
x(t ) t 3
y (t ) t 3
z (t ) t 3
v(t ) 3t 2 (1,1,1) .
x 1 t
y 2 2t
z 3 2t .
x2
y0
z 5 ,
3 1 t
2 2 2t
1 3 2t
Para provar a unicidade da reta, seja ' uma reta qualquer conten-
do A e B e sejam C um ponto arbitrário nessa reta e v um vetor
diretor. Existem t A , t B com t A t B tais que
CA t A v
CB t B v ,
uma vez que A e B são pontos distintos de ' por hipótese. Sub-
traindo uma equação da outra, temos
AB (t B t A )v .
Portanto, v é paralelo a AB e ' (veja a Observação 1 acima). O
teorema está demonstrado.
■
Exemplo: Ache a reta que passa pelos pontos A(1,1,1) e B (2,3, 4).
Resolução: Podemos tomar AB (1,4,3) como vetor diretor e A
como ponto inicial. As equações serão
x 1 t
y 1 4t
z 1 3t .
112
x 3 2t
y 7 8t
z 7 6t .
ax by cz d
a ' x b ' y c ' z d '.
Note que esse sistema de equações pode ser olhado de duas formas.
Primeiro, de forma geométrica: o problema algébrico de dar uma
solução do sistema de duas equações lineares com três incógnitas re-
presenta geometricamente obter os pontos de interseção de dois pla-
nos. De fato, isso pode ser generalizado para sistemas de n (n 2)
equações lineares com três incógnitas. Resolver um tal sistema cor-
responde geometricamente a obter os pontos comuns a n planos.
Na outra forma, invertemos a ênfase, e vemos que o problema geral
de encontrar a interseção de n planos (n 2) se reduz ao de resolver
um sistema de n equações lineares com três incógnitas. É exatamen-
te o tipo de interplay que torna a Geometria Analítica tão útil.
Sejam n (a, b, c) e n ' (a ', b ', c ') os respectivos vetores normais. In-
tuitivamente, temos as seguintes três possibilidades:
113
π'
π = π'
P π
π'
A B C
Figura 5.5 – Posições Relativas de Planos: (a) coincidentes, (b) paralelos e (c) transversais.
d b b c
d b b c z
d ' b ' b ' c' z
x d ' b' b' c'
x a b
a b
a' b'
a' b'
a d c a
a d c a z
a ' d ' c ' a' z
y a' d ' c' a'
y a b .
a b
a' b'
a' b'
d b b c a d c a
z z
d ' b' b' c' a' d ' c' a'
( x, y, z ) , , z .
a b a b
a' b' a' b'
d b a d
d ' b' a' d '
P0 , ,0 .
a b a b
a' b' a' b'
a b
Podemos introduzir um novo parâmetro t pondo z t.
a' b'
Deixamos como exercício então, provar que a solução geral Pt se
expressará em termos desse parâmetro como
P0 Pt t.(n n ') .
n π'
n'
v
P0 v
v
x y z 1
x y 3z 1 .
x 1 2 z
y z.
( x, y, z ) (1 2 z , z , z ) .
x 1 2t
y t
z t.
x 1 4t
y 2t
z 2t .
a ( x0 + t ) + b( y0 + t ) + c( z0 + t ) = d , (**)
x 3 2t
: y 1 t
z 2 3t
concorrentes
' e ' são
coincidentes
paralelas
' e ' são
reversas.
�
� = �’ �’ � �’
A B C �’ D
�
Figura 5.7 – Posição Relativa de Retas: (a) coincidentes, (b) concorrentes, (c) paralelas e (d) reversas. Nos casos
(a) - (c), as retas e ′ estão sobre um mesmo plano, mas em (d) não existe um plano contendo ambas as retas.
118
Se v (v1 , v2 , v3 ) e v ' (v '1 , v '2 , v '3 ), temos que estudar essas possibi-
lidades de acordo com a direção relativa desses vetores diretores.
Dividiremos nossa análise em dois casos.
x0′ = x0 + v1t0′
y0′ = y0 + v2t0′
z0′ = z0 + v3t0′ .
pelo paralelismo dos vetores. Concluímos, então, que P '( x ', y ', z ') ,
com valor do parâmetro t = t0′ + s′. . Portanto, todo ponto de ' está
em . Analogamente, podemos checar que ', ou seja, as retas
coincidem.
Se o ponto P0′ = ( x0′ , y0′ , z0′ ) não pertence à reta , então podemos veri-
ficar que nenhum ponto de ' pertence a , pois se elas tivessem um
ponto em comum, existiriam t0 , s0 , para os quais
e, portanto,
x0′ + (− s0 )v1′ = x0 + t0v1
y0′ + (− s0 )v2′ = y0 + t0v2
z0′ + (− s0 )v3′ = z0 + t0v3 .
119
x 1 2t x 4s
: y 1 t ' : y 2 2s
z 5 3t z 8 6 s.
x 1 2t x 9 6s
: y 1 t ' : y 3 3s
z 5 3t z 7 9 s.
x = x0 + tv1 + sv1′
y = y0 + tv2 + sv2′
z = z0 + tv3 + sv3′
x 2 t x 5 4 s
: y 1 3t ' : y 6 5s
z 1 2t z 4 3s.
x 5 y 7 z 4 .
A reta ' tem vetor paralelo a esse plano, e portanto ou é ela própria
paralela a , ou está inteiramente contida neste. Mas o ponto inicial
PP0'0 (5, 6, 4) não está em , pois 5 56 74 53 4, e por-
tanto ' é paralela a e as retas são reversas (Exercício: obtenha o
plano ′′ contendo ' e verifique explicitamente que e ′′ são
paralelos).
�' π⊥ π π'
�
�⊥
Figura 5.9 – Reta perpendicular à e à '. ' está contida no
plano ortogonal a ⊥ que contém .
122
Para obter uma equação para esse plano, temos que obter primeira-
mente um vetor normal. Note que o vetor n v (31,5,8) cumpre
bem esse papel. A seguir, tomemos um ponto de referência. Como
queremos que o plano contenha , podemos tomar P0 (2,1,1). O
plano ⊥ terá então uma equação
31x 5 y 8 z 49.
449
x t
75
116
:y
5t .
15
306
z 7t
25
x y z 1.
Note que esse plano contém o ponto inicial PP0'0 (2,3, 2) de ' e por-
tanto ' P′'' ′ . As retas precisam ser concorrentes. De fato, podemos
considerar o sistema
1 2t 2 s
t 3 s
2 t 2 2 s.
123
Exercícios
1) Obtenha uma equação do plano que passa pelos pontos (1,1,1),
(1,1,3) e (5,3,1).
3) Determine o plano que passa pelos pontos A(0, 2, 0), B (0, 0,3) e
é tal que, juntamente com os planos coordenados (isto é, x 0,
y 0 e z 0 ), determina um tetraedro de volume 5 unidades
no primeiro octante (a região formada por todos os pontos do
espaço com as três coordenadas não-negativas).
9) Verifique se as retas
x 3t x 18s
: y 1 6t (t ) e ' : y 3 s (s )
z 2 3t z 1
se intersectam. Em caso positivo, obtenha o ponto de interse-
ção.
124
x t x 1 7 s
: y 1 t (t ), ' : y s (s ).
z 2 t z 1 2 s
b) é paralelo ao plano x 0;
15) Em um tetraedroABCD
, os triângulos ABC e BCD são isós-
celes. Prove que AD e BC são ortogonais.
1 : 2 x y 2 z 1
2 : x y 2
3 : x 2 y z 0
a) de ponto a plano;
b) de ponto a reta;
c) de plano a plano;
d) de reta a plano;
e) de reta a reta.
P0
π
P'
Para obter P '( x ', y ', z '), tudo o que precisamos fazer é escrever equa-
ções para a reta que passa por P0 e é perpendicular ao plano.
Basta tomar o vetor normal n (a, b, c) como vetor diretor da reta.
Temos então as equações paramétricas
x x0 at
: y y0 bt (1)
z z0 ct.
a ( x0 at ) b( y0 bt ) c( z0 ct ) d ,
isto é, quando
ax0 by0 cz0 d
t .
a 2 b2 c2
Temos, portanto:
d ( P0 ,
) d ( P0 , P ') ( x ' x0 ) 2 ( y ' y0 ) 2 ( z ' z0 ) 2 ,
127
Pdd : x 2 y 2 z d ,
d 309
,
d 291,
: x 2 y 2 z 309
: x 2 y 2 z 291.
x x1 at
: y y1 bt (t )
z z1 ct
P0
P0’ v �
a ( x x0 ) b( y y0 ) c( z z0 ) 0.
x0′ = x1 + at0
y0′ = y1 + bt0
z′ = z + ct .
0 1 0
Mas, introduzindo a forma vetorial para t0, você pode verificar que
essa equação pode ser reescrita na forma
v, P0 P1
d ( P0 , ) P0 P1 v .
v, v
Esta fórmula requer explicação. Primeiro, note que o ponto P0′ já não
aparece na equação, só o ponto P0 e os parâmetros da reta . Isto é,
v e P1 ( x1 , y1 , z1 ). A fim de entender o significado geométrico dessa
fórmula, introduzimos a seguinte definição:
u ⊥
uv = u − Pvu
θ
v
Pvu
v ', u t 2 v, u
Pv'u
v ' 2 vP
vvuu .
v ', v ' t v, v
Exercício
18) Verifique, usando a definição, que se v é um vetor não-nulo,
então dados quaisquer vetores u, w e qualquer número t ,
temos
v (u w) v u v w ,
v (t u ) t v u .
vvuu
uv u P
temos
v, u
v, uv v, u v, v v, u v, u 0 ,
v, v
isto é, uv é ortogonal a v (fig. 5.12). O vetor uv pode então ser pensa-
do também como uma “projeção”, só que em uma direção ortogonal
à de v. Além disso, podemos escrever
vvuu .
u uv P
Ou seja, o vetor u pode ser escrito como uma soma vetorial entre
um vetor com mesma direção de v com outro ortogonal a v. Essa
131
0 = u1 , v = u − u2 , v = u − ⋅ v, v = u , v − v, v ,
u, v
e, portanto, = , isto é
v, v
v, u
u2 vP
vvuu .
v, v
Exercício
19) Mostre que uv⊥ = u sen , e interprete geometricamente.
P0
⊥
−P0P1 (P0P1)v
�
P1 v
Pv(P0P1)
Figura 5.13 – Calculando a distância de um ponto a uma reta usando projeção ortogonal.
132
v, i
Resolução: Usando a definição, temos iiv
Pv i xi .
i, i
Pkkv z k .
Pjjv y j e
Analogamente, obtemos que
P0
⊥ ⊥
(P0P1)v = (P0P2)v
�
P1 P2 v
Figura 5.14 – Tomando pontos de referência distintos P1 e P2 sobre , temos P0 P1 ≠ P0 P2 e
v ( P0 P1 ) ≠ v ( P0 P2 ) , mas ( P P ) ( P P ) P P ( P P ) P P ( P P ) .
0 1 v v 0 1 0 1 v 0 2 0 2 0 2 v
133
Portanto,
d (O, ) OA v (OA) (2,3,2) (3, 2,1) (1,1,1) 3.
P : 2 x 3 y z 1
P′' : ax 6 y 1 b z 2,
a (b 1) ,
n ' (a, 6,1 b) (2) ,3,
2 2
a (b1)
e portanto é preciso ter 2 e 1, isto é a 4 e b 3.
2 2
O plano ′ tem equação 4 x 6 y 2 z 2, ou alternativamente
2 x 3 y z 1. A distância será
1 (1) 2 .
d( ′'))
d (P,, P
2
2 (3) 1 2 2
14
Exercício
x 1 t
20) Verifique que a reta : y 3 t (t ) e é paralela ao plano
z 2 t
P :: 2 x y z 3 e calcule a distância entre eles.
135
x t x 1 t
: y t (t ) e : y 2 t (t ) .
z t z 1 t
x 1 t x 2 3s
: y 1 t e ' : y 1 2 s
z 3 t z 1 s.
P : 3 x 4 y z 2 .
Nem precisamos obter a equação para ′ pois, sabendo que esse
plano é paralelo a ′ só precisamos tomar um ponto nele, digamos
A '(2,1,1) ' , e calcular sua distância a . Portanto
32 411 2 3
d (, ') d ( A ', ) .
32 (4) 2 (1) 2 26
Exercícios
21) Sejam
x x0 v1t x x '0 v '1 s
: y y0 v2t e ' : y y '0 v '2 s
z z0 v3t z z '0 v '3 s,
x 1 3t
: y 2 4t (t )
z 3
24) Sejam 1 a reta que passa pelos pontos A 2,3, 2 e B 2,1, 0,
e 2 a reta interseção dos planos P11: x y z 3 e P22: x 2 y 0 .
Mostre que as retas 1 e 2 são reversas e calcule a distância
entre elas.
Bibliografia Comentada
Além dos livros comentados ao final do capítulo 4, podemos incluir
os seguintes livros:
Esses dois livros têm um tratamento similar, são uma introdução à Geome-
tria Analítica Plana e Espacial, respectivamente. O livro sobre coordenadas
no plano tem vários exercícios e passou por várias revisões. O professor
Elon escreveu vários textos universitários de matemática, todos são fontes
confiáveis de consulta.
Capítulo 6
Superfícies Quádricas
Capítulo 6
Superfícies Quádricas
2 3 6
.
−1 0 p
Em que pese seu apelo intuitivo, porém, essa definição deixa a de-
sejar em um tratamento mais cuidadoso porque dá a impressão (er-
rônea) de uma matriz como sendo um objeto matemático mal defi-
nido. Isso pode ser facilmente corrigido por uma definição rigorosa,
que, no entanto, permite manter intacta a visualização da matriz
como uma tabela.
A : I 2 I3
142
dada por
A(1,1) 2 , A(1, 2) 3 , A(1,3) 6 ,
A11 A1n
.
Am1 Amn
Exercício
1) Na função I : I 2 I 2 , dada por I (1,1) I (2, 2) 1 e
I (1, 2) I (2,1) 0, represente–a por uma tabela. Obtenha as
funções correspondentes respectivamente à segunda linha e
à primeira coluna dessa tabela. Faça o mesmo com a função
I : I n I n dada por
1, se i j
I (i, j ) .
0, se i j
Finalmente, dada a tabela
2 3 5
2 0 1
,
2
3 4 6
obtenha a função correspondente (domínio, contradomínio e
valores).
144
2 −1
3 0 .
6 p
A B [ Aij Bij ],
0 1 2 0
A e B .
1 0 0 1
O resultado será
0 1 0 2
AB BA.
2 0 1 0
Demonstração: Exercício.
Exemplo. Seja
1 0
A .
0 0
a b
B .
c d
149
Mas temos
a b
AB ,
0 0
e
a 0
BA ,
c 0
AB = BA = I n .
Note ainda que o fato da inversa ser única sempre significa que,
se A1 é a matriz inversa de A, então A é a matriz inversa de A1,
isto é, ( A1 )1 A (por quê?).
a11 x1 a1n xn b1
(1)
an1 x1 ann xn bn
a11 a1n x1 b1
. (2)
an1 ann xn bn
151
Se então chamamos
a11 a1n x1 b1
A , X e b ,
an1 ann xn bn
AX b.
b1a22 b2 a12
x1 .
a11a22 a12 a21
152
b2 a11 b1a21 .
x2
a11a22 a12 a21
x1
Portanto, há uma única solução , inteiramente determinada pelas
x2
equações acima, desde que nossa hipótese a11a22 a12 a21 0 se verifique.
Note que em ambas as equações, à parte dos denominadores serem
ambos iguais a a11a22 a12 a21 , a solução não parece muito simples de
memorizar.
Com essa definição, concluímos que, para existir uma única solução de
nosso sistema, é suficiente que o determinante da matriz dos coeficientes
a11 a12
A
a21 a22
b1 a12 a11 b1
det det
b2 a22 a21 b2
x1 e x2
det A det A
b1
me o caso) dessa matriz pelo vetor–coluna , e o denominador,
b2
comum a todos eles, é det A Regra de Cramer para sistemas 2 por 2 é
precisamente essa.
5 1 2 5
det det
6 3 (21) 1 6 7
x1 3 e x2 1,
(7) (7) (7) (7)
3
ou seja, é a (única) solução.
1
E se det A 0? Nesse caso, obtemos de (3) e (4) que:
b1a22 b2 a12 0 x1
b2 a11 b1a21 0 x2 ,.
a11 x1 a1n xn b1
,
an1 x1 ann xn bn
a11 b1 a1n
det
an1 bn ann
xi ,
a11 a1n
det
an1 ann
a11 (a22 a33 a23 a32 ) a12 (a21a33 a23 a31 ) a13 (a21a32 a22 a31 )
Calculando os cofatores:
2 1
12 (1)12 det 2;
2 2
1 3
22 (1) 22 det 8;
2 2
1 3
32 (1)32 det 7.
2 1
Portanto,
det A (2)(2) 18 (1)7 5.
2 x 3 y 7 z 1
x 3z 5
2 y z 0.
2 3 7
det 1 0 3 1 0 .
0 2 1
1 3 7
det 5 0 3
0 2 1
x 49
1
157
2 1 7
det 1 5 3
0 0 1
y 9
1
2 3 1
det 1 0 5
0 2 0
z 18.
1
6.3 Quádricas
As (superfícies) quádricas são subconjuntos de pontos ( x, y, z ) 3
que satisfazem uma equação da forma
a d e x x
(x y z ) d b f y ( g h i ) y j 0
e f c z z
(Verifique). Fazendo
a d e g x
M d b f , N h e X y ,
e f c i z
X t MX N t X j 0 .
158
Assim como fizemos no estudo das cônicas (que, aliás, podem ser
pensadas como versões, no plano, das quádricas), dada uma equa-
ção na forma quadrática acima, podemos realizar rotações e trans-
lações dos eixos coordenados de modo a reduzir a equação a uma
forma mais simples, que nos permita identificar e esboçar as quádri-
cas. No entanto, esse processo é bem mais difícil em três dimensões,
pois no espaço há um número maior de possibilidades geométricas
ao se realizarem rotações e translações. Apesar disso, o resultado
final desse processo pode ser resumido no seguinte resultado, a ser
provado na Álgebra Linear:
Q ' Q = QQ ' = I n , ,
t
para quaisquer 1 i, j n e, portanto, AB B t At. Assim,
D QMQ t, S QN e Y QX ,
Agora, escrevendo
1 0 0 1 x '
D 0 2 0 , S 2 e Y y ',
0 0 3 3 z '
a equação da quádrica ficará
1 x 2 + 2 y 2 + 3 z 2 + j = 0.
x 2 y 2 z 2 2 x 2 y 2 z 2 0,
que não tem a forma geral. De fato, por uma reflexão em torno da
origem, essa esfera seria levada em uma esfera de raio unitário, mas
com centro em (1,1,1). Geralmente, não é difícil se convencer
de que somente uma esfera com centro na origem pode ser uma
quádrica central.
j
z2 = − .
3
1 x 2 ± 2 y 2 = 0.
1 x 2 − 2 y 2 = ( 1 x + 2 y )( 1 x − 2 y ) = 0,
1 2 2 2
x + y = 1.
j j
1 2
Se , < 0, a solução é o conjunto vazio. Do contrário, escrevemos
j j
j j
a= e b= ,
1 2
para obter as possibilidades
x2 y 2
a) 2 2 1
a b
x2 y 2
b) 1
a 2 b2
x2 y 2
c) 1
a 2 b2
x y
iv.a) j 0.
1 x 2 + 2 y 2 + 3 z 2 = 0.
1 x 2 + 2 y 2 + 3 z 2 = 0
2 x 22 y 22
z x 22 y22 ,
z ax 2 by2 ,
2
2
z a 22 b 22 ,
ax bz
y 22 x 222 z 222 ,
y 2 ax 2 cz 2 ,
y a 22 c 22 ,
ay cz
x 22 y222 z 222 .
x 2 by2 cz 2 .
x b2 c2 .
b c
x 2 2 y 2 z 2 0.
iii.b) j 0.
• Grupo (E)
x2 y 2 z 2
1,
a 2 b2 c2
• Grupo (H1)
x 22 y 22 z 22
x 22 y22 z 22 1,
ax 2 by2 cz 2 1,
2a 2 2b 2 2c 2 1,
x 2a y 2b z 2c
x 2 y 2 z 2 1,
ax 22 by22 cz 22 1,
a 2 b 22 c 2 1,
ax 2 by 2 cz 2
x 2 y 2 z 2 1,
ax 22 by22 cz 22 1,
a 2 b 2 c 2 1,
a b c
• Grupo (H2)
x 22 y 22 z 22
x 2 y22 z 22 1,
ax 22 by2 cz 2 1,
1,
a2 b 2 c2
a x2 b y 2 c z 2
2 2 2
x 22 y22 z 22 1,
ax 2 by2 cz 2 1,
a 22 b 22 c 22 1,
ax 2 by 2 cz 2
x 22 y22 z 22 1,
ax 2 by2 cz 2 1,
a 2 b 2 c 2 1,
a b c
z z
O
y O
y
x x
A B
x y
x y
x2 y 2 d2
1 ,
a 2 b2 c2
que descreve uma elipse. A quádrica intersecta o plano XZ, segun-
x2 z 2
do a hipérbole 2 2 11, e com o plano YZ, segundo a hipérbo-
a c
2 2
y z
le 2 2 1. Novamente, se a b, temos o hiperbolóide de revolu-
b c
ção de duas folhas.
• Grupo (PE)
y22 z22
x y z ,
x yb222 zc222 ,
x b 22 c 22 ,
bx2 cz2
y x 22 z 22 ,
y xa2 zc2 ,
y a 2 c 22 ,
ax2 cy2
z x 22 y 22 ,
z xa2 yb2 ,
z a 2 b2 ,
a b
• Grupo (PH)
y 22 z 22
x y22 z 22 ,
x by22 cz 22 ,
x by222 cz 222 ,
x byyx222 czz 222 ,
xy bx22 cz 22 ,,
xy bbax2222 ccz 2222 ,
y ax222 cz 222 ,
y xax222 cyzz 222 ,
zyy xa22 cy 22 ,
z axa2222 bccy2222 ,,
z ax 22 byy22 ,,2
z axx 22 y 2 b
y222zz,2 ,
zx a 2 y
2 b
zx a 2by
2 b 2 z,22
2
a
x by2222 b ccz 222 ,,
2
x byx222 czz 22222 ,
y
xy bx22 cz 22 ,
xy
bx222 cz 222 ,,
y baax2222 ccz 2222 ,
y xax222 cyzz 222 ,
zyy
xa22 cy 22 .,
z axa2222 bcyc2222 .,
z ax 22 by22 .
z axx 22 byy22 .
z a 2 b 2 .
z a 2 b 2 .
a b
y
x
x2
z 0 . Sua interseção com o plano XZ é a parábola z 2 , e com
a
y2
o plano YZ é a parábola z 2 . Sua interseção com o plano XY é
b
x2 y 2
dada pela equação 2 2 0 , que só possui solução x y z 0,
a b
e com os planos z d com d 0 pelas equações
x2 y 2
d,
a 2 b2
que são elipses. Quando a b, temos um parabolóide de revolução.
Exercícios
Identifique e esboce as seguintes quádricas:
2) 4 x 2 4 y 2 z 2 4;
3) 3 x 2 8 y 2 4 z 2 1;
4) 3 x 2 8 y 2 4 z 2 1;
169
5) z 4 x 2 y 2;
6) z 4 x 2 y 2;
2 2 2
7) y x z ;
8) z 2 x 2 2 y 2.
Bibliografia
SANTOS, Nathan Moreira dos. Vetores e matrizes. 3.ed.
São Paulo: Thomson, 2007.
Referências
[1] BOULOS, P. ; CAMARGO, I. de. Geometria analítica. 2. ed.
São Paulo: Mc Graw Hill, 1987.