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PEDRO MENDONÇA

TAC-TAC:
O Futebol de Pep Guardiola
Periodizado Taticamente
Copyright © 2015 Pedro
Mendonça

Todos os Direitos
Reservados
Índice
Introdução
Pep Guardiola, é considerado pela maioria da
comunidade futebolística, como o treinador que
melhores Ideias tem para as suas equipas
jogarem um futebol ofensivo de qualidade,
estético mas ao mesmo tempo com bons
resultados.
No entanto, depois de analisar várias sessões de
treino do treinador catalão ao serviço do FC
Barcelona e do FC Bayern Munique, tenho a
sensação, que a metodologia de treino (treino
estruturado) que a sua equipa técnica emprega
para que tais Ideias apareçam nos jogos não é a
que melhor corresponde ao seu génio.
Na minha opinião, a Periodização Tática é a
metodologia de treino que melhor serviria o
melhor treinador do mundo de futebol em 2011.
Como tal, este livro pretende mostrar como
operacionalizar tais Ideias através da
Periodização Tática.
A Periodização Tática foi amplamente descrita e
exemplificada na minha obra anterior (Mendonça,
P. 2014).
Neste livro começarei por mostrar as Ideias de
Pep Guardiola (extraídas do estudo das
magníficas obras de Balagué, G. (2012) e
Perarnau, M. (2014)).
Em seguida sistematizarei todo o seu Modelo de
Jogo.
Terminarei com a exemplificação de um
Morfociclo Padrão que tenha em conta os
Princípios da Periodização Tática e que esteja
direcionado para na prática levar os jogadores a
jogarem da forma pretendida.
Podem esclarecer qualquer dúvida sobre esta
obra (e outros assuntos) através da minha conta
de Twitter: @PedMenCoach.
1. As “Ideias” de Pep
Guardiola
a) O êxito consegue-se a partir do esforço:
- Para o treinador catalão o mais importante é
que os seus jogadores em cada treino, em cada
jogo demonstrem uma grande intensidade.
- Nas suas palavras: “os jogadores devem treinar
como bestas para jogarem como bestas”
(bestas no sentido de darem sempre o máximo
e colocarem todo o seu esforço em cada
momento).
- Assim, o esforço deve aparecer por cima do
talento individual.
- Há então que “correr como leões”, dar tudo
para a equipa, para o clube, para os adeptos.
- Para ele “os jogadores podem jogar mal e
falhar, mas têm sempre de se esforçar a 100%
no campo, em cada jogo, em cada treino”.
- Conhecimento de que as equipas jogam como
treinam. Privilegiar então o trabalho curto mas
de qualidade.
- Este nível de compromisso absolutamente
indispensável ao sucesso só é possível se
houver ordem e disciplina na equipa.
- Ele próprio exige-se ao máximo (tão exigente
com os outros como é consigo mesmo).

b) Atacar, atacar, atacar:


- Mentalidade ofensiva em todos os momentos
do jogo, ser atacante com a posse e sem a
posse da bola.
- Preferência por “atacar, marcar muitos golos e
jogar o melhor possível”.
- Quando há dúvidas em campo “atacámos,
recuperámos a bola e atacámos novamente. Só
assim se consegue desfrutar do Jogo”.
- Saber que quanto melhor a equipa ataque (e
durante mais tempo), melhor a equipa
defenderá.
- Importante então atacar o melhor possível,
priorizando o bom futebol. “A melhor forma de
defender é atacar bem”.
- Manifestação de Espírito de Risco
(disponibilidade para quebrar com o
estabelecido, com o tradicional).

c) Não perder a bola:


- Há que tentar não perder a bola, principalmente
em situações comprometedoras para a nossa
equipa, já que isso pode gerar uma jogada
perigosa a favor da equipa adversária. Se
perdemos a bola, deve ser pelo mérito dos
adversários e não por culpa dos erros dos
nossos jogadores.
- “Jogar com a bola, fazer tudo com ela (temos a
bola e vemos se não a nos tiram; passámos a
bola entre nós o mais possível e vemos se
conseguimos fazer golo)”.
- Quando se possui a bola, os adversários
sofrem e nós temos a situação sempre
controlada.
- Para Pep Guardiola, os “jogadores bons de
verdade são os que nunca perdem a bola”.
- Importante também sempre sair a jogar desde
trás com a bola controlada. Quem sai bem
desde trás, joga bem.
- As equipas que perdem poucas bolas são as
equipas que estão sempre equilibradas.
- A bola é sempre mais veloz do que qualquer
jogador adversário. Temos de a circular
rapidamente (no futebol a velocidade é dada
pela bola e pelos passes).
- Dar um passe pensando já no seguinte (pensar
para que pode servir o passe que se vai dar).
- Necessidade de se “passar a bola com uma
intenção, com a intenção de fazer golo na baliza
adversária, não passar por passar”.
- Descobrir constantemente onde está o
companheiro livre de marcação: passar, passar,
passar e passar, para colocar a bola em zonas
mais adiantadas.

d) Recuperar rapidamente a bola:


- Quando a equipa perde a posse da bola deve-
se recuperá-la o mais rapidamente possível
(tarefa facilitada se anteriormente os jogadores,
quando tinham a posse da bola, estivessem
todos muito juntos).
- A equipa deve realizar uma pressão muito forte
e muito intensa na procura da recuperação da
bola.
- Os jogadores na pressão aos adversários, “têm
que morder, têm de ser muito intensos”.
- Os atacantes devem ser os primeiros defesas.

e) Grupo reduzido de jogadores:


- Procurar ter jogadores que consigam ocupar,
com qualidade, 2-3 posições no terreno de jogo.
- Ter um plantel reduzido facilita a união entre o
grupo (jogadores com mais oportunidades para
jogar e se sentirem úteis à equipa).
- Também se possibilita mais oportunidades (de
treino e de jogo) aos jogadores mais jovens do
clube e que fazem parte das equipas de
formação.

f) Jogo Posicional:
- O principal princípio do jogo posicional é
procurar em todos os momentos a
superioridade (numérica, posicional ou
qualitativa).
- Superioridade numérica: incorporação de mais
jogadores num determinado espaço/linha. Por
exemplo a “Saída Lavolpiana” em que os
Centrais quando procuram sair com a bola
desde trás perante a oposição de dois
Atacantes adversários são auxiliados pelo recuo
do Pivot, criando-se assim uma situação de
vantagem numérica 3x2.
- Superioridade posicional: jogadores
posicionados livres nos espaços entre-linhas,
através por exemplo da dinâmica do “Homem-
Livre” em que o portador da bola, sem
oposição, a conduz para atrair um adversário. O
colega do portador que era vigiado por esse
adversário que foi atraído, coloca-se nas suas
costas (numa posição diagonal em relação à
bola) de forma a conseguir receber a bola
nesse espaço entre-linhas. Outra dinâmica
muito utilizada é a do “3º Homem” em que por
exemplo o Pivot coloca a bola para o seu Ponta
de Lança e este a coloca para trás para que um
dos seus Interiores receba a bola no espaço
entre-linhas, orientado para a baliza adversária.
- Superioridade qualitativa: procura de situações
de 1x1 ou 2x2 em determinados espaços do
terreno de jogo em que conseguimos criar
condições para que os nossos melhores
jogadores joguem de igual para igual com
adversários inferiores. Por exemplo circular a
bola num determinado corredor para aí juntar a
maior parte dos adversários e em seguida
enviar a bola para o outro lado onde o Extremo
poderá enfrentar o Lateral adversário 1x1 e ir
em direção da baliza adversária.
- Uma vez que a equipa consegue ter uma das
formas de superioridade (ou mais) a equipa
pode utilizá-la(s) para dominar o jogo.
- Fundamental a criação de superioridade atrás
de cada linha de pressão da equipa adversária
de forma a termos homens livres entre as
linhas.
- É um método de construção do jogo que tem
de ser bem interpretado e entendido pelos
jogadores assim como bem estudado e
trabalhado (ao mínimo detalhe) pelos
treinadores.
- Preferência sempre pela criação da
superioridade no eixo vertical do campo (com
passes verticais) em detrimento da utilização de
passes horizontais.
- Assim, o portador da bola deverá ter sempre 2-
3 opções de passe (criação de triângulos ou
losângulos em relação à posição da bola) para
continuar a ação de ataque.
- Os jogadores sem bola deverão estar sempre
disponíveis para auxiliar o portador, procurando
posições em que possam receber a bola em
boas condições para darem continuidade à
jogada.

g) Defesa à Zona:
- Demonstrar uma mentalidade coletiva, todos
devem trabalhar juntos na defesa.
- Um jogador por si só não é ninguém, necessita
de todos os seus companheiros para o ajudar a
manifestar as suas qualidades em campo.
- Criação de uma responsabilidade coletiva a
partir da solidariedade entre todo o grupo.
- Para se poder jogar com uma Defesa à Zona,
tem-se que realizar um trabalho intenso e
detalhado para os jogadores poderem executar
os movimentos corretos.
- Para Pep Guardiola “o fundamento do jogo é a
forma de se defender”.
- Ter presente que quando atacámos o
importante é estar bem preparado para
defender e vice-versa. “O futebol é atacar e
defender. O que queremos é atacar muito e
conceder muitas poucas ocasiões ao
adversário”.
- Existência de um Guião para a defesa e para o
ataque, conhecido desde o Guarda-Redes até
ao Ponta de Lança.
- É muito melhor defender à zona do que
individualmente. Quando se defende à zona os
jogadores estão sempre colocados nas suas
posições o que facilitará a passagem ao ataque.
- Todos os jogadores devem dominar os
conceitos defensivos.

h) Superioridade permanente no centro do


campo:
- “Eu quero muita gente por dentro, a maioria por
dentro”.
- Dominámos o jogo quando juntámos os bons
por dentro, deixando os Extremos (ou Laterais
se Extremos forem para dentro) bem abertos.
- Para Pep Guardiola jogar bem é: “encher o
centro do campo e passar muito a bola”,
consistindo o jogo em conseguir superioridade
nos espaços interiores.
- A chave está no centro do campo, em
conseguir reunir ali os de mais talento para que
consigam aí ter superioridade.

i) O “Rondo”:
- O “Rondo” é a Bíblia de Pep Guardiola, o
exercício a partir do qual o seu Modelo de Jogo
se consegue entender. É a pedra basilar do seu
conceito futebolístico.
- Utiliza variados tipos de “Rondos”: 5x2, 6x2,
4x1, 8x2, etc.
- Neles a bola é jogada com grande velocidade
(quase sempre jogados a 1 toque) o que obriga
os jogadores a jogarem e a pensarem rápido.

j) Aproveitar as qualidades dos seus jogadores:


- Devemos “dotar os jogadores de uns Princípios
de Jogo que reduzam os riscos ao mínimo e
potenciem as suas virtudes ao máximo”.
- Importante explicar aos jogadores porque é que
as coisas acontecem, o que se deve fazer e
como se deve fazer. Só assim conseguiremos
convencê-los.

k) Fé:
- Fé, confiança, convicção de que tudo sairá
bem.
- A equipa deve jogar com o treinador crê,
sempre. Fundamental mantermo-nos fiéis às
nossas ideias.
- O treinador deve em todas as decisões
tomadas, transmitir confiança e segurança.
- Paciência e persistência já que tudo nem
sempre sairá bem (principalmente no início).
2. Modelo de Jogo de Pep
Guardiola
2.1. Organização Ofensiva
MACROPRINCÍPIO: Posse e Circulação da bola
de forma a se superar os adversários, estando
sempre em equilíbrio no caso de se perder a
posse da mesma.

1ª Fase: Construção do Jogo Ofensivo:

SubPrincípio: “Campo Grande”:

• Jogadores bem distribuídos no espaço de jogo,


com os três Atacantes bem dentro do último
terço, o triângulo do meio-campo bem subido,
Centrais abertos pelos “bicos da grande área” e
Laterais totalmente abertos e profundos, quase
sobre a linha de meio-campo.
• Os Atacantes devem empurrar os defesas
adversários para trás, dando profundidade ao
jogo ofensivo.
SubPrincípio: “Sair a Jogar desde Trás”:

• Sair a jogar desde trás com a bola controlada


(seja da maneira que seja), utilizando os
Centrais como primeiros criadores de jogo.
• Possibilidade do Pivot se incorporar no meio
dos Centrais para se realizar uma saída com
três jogadores de forma a se conseguir criar
superioridade numérica contra uma equipa que
utiliza dois avançados centro (“Saída
Lavolpiana”). O Pivot deve saber como se
colocar entre os Centrais para ajudá-los nos
primeiros passes.
• Criação de superioridade numérica na saída da
bola desde trás (2x1, 3x2, etc.).
SubPrincípio: “Povoar o Corredor Central”:

• Ter sempre muitos jogadores pelas zonas


interiores (corredor central) e alguém por fora
bem aberto (nos corredores laterais).
• É importante que os Laterais e os Extremos
estejam sempre em linhas diferentes.
SubPrincípio: “Sair a Jogar por Dentro”:

• Defesas devem preferir sair a jogar no corredor


central, evitando sair a jogar por fora (espaços
laterais são muitas vezes zonas de pressão
para os adversários).
• No entanto se os Laterais conseguirem receber
à frente do seu adversário direto, deve-se “Sair
a Jogar por Fora”.
SubPrincípio: “Jogo Posicional”:

• Todos os jogadores devem ter os seus


posicionamentos perfeitamente definidos à
medida que o jogo se vai desenvolvendo.
• Em função da posição da bola, cada jogador
tem de saber como se posicionar e em que
espaços deve jogar (a ocupação das posições
corretas depende do local onde está a bola).
• Todos os jogadores devem ter sempre
posicionamentos diagonais em relação à bola e
manifestarem uma mobilidade permanente.
• Jogadores devem interiorizar que apesar de
não intervirem durante muito tempo, estão a
ajudar a equipa.
• Ter os jogadores sempre no seu lugar
correspondente é sobretudo útil para quando há
a perda da posse da bola.
• O Guarda-Redes está incluído, devendo
apresentar sempre linhas de passe em diagonal
para servir como apoio à continuidade do jogo e
“fora da baliza”.
SubPrincípio: “Avançar Juntos”:

• A equipa deve sair a jogar desde trás com


claridade, através de uma sucessão de passes
que permita que os jogadores se desloquem
juntos.
• Os jogadores estarem juntos na 1ª Fase de
Construção permite que a equipa esteja sempre
em equilíbrio (o que facilitará a recuperação
imediata da bola em caso de perda da mesma
pela aglomeração dos nossos jogadores em
redor dela).
SubPrincípio: “Jogar a bola Entre-Linhas”:

• Sempre que possível deve colocar-se a bola


nos jogadores que se encontram entre-linhas.
• Preferencialmente tentar colocar a bola no
espaço entre a linha média e defensiva da
equipa adversária num dos Atacantes, ou então
entre a linha média e atacante da equipa
adversária num dos Médios.
• Para isto é necessário valentia e determinação
dos Defesas para conseguirem “saltar” as
linhas adversárias.
• Utilização da dinâmica do “3º Homem”: quem
está em posição adiantada em relação à bola
pede para dar a bola a quem está de frente para
a baliza adversária (Defesa coloca por exemplo
no Ponta de Lança que de costas para a baliza
adversária a coloca para um dos Médios
Interiores que a recebe de frente para a baliza
adversária). Nesta dinâmica é importante o
timing de saída do “2º Homem” quando
funcionar como ligação para o “3º Homem”.
SubPrincípio: “Ultrapassar a Linha Atacante
Adversária”:

• Circulação da bola entre os Defesas com o


objetivo de mover os adversários, para superar
a linha atacante adversária (através de
condução da bola).
• Necessidade dos Defesas serem muito bons
em posse.
• Ultrapassar as linhas adversárias implica que
os jogadores que o fazem sejam agressivos e
valentes: ter a bola e atravessar as linhas
adversárias, sem medo ao vazio que fica nas
suas costas.
• Deve-se atrair os adversários para em seguida
os superar em condução (conduzir a bola para
provocar ou atrair adversários e não para os
driblar).
• Criar situações de 2x1 e 3x2: dividir o
adversário e passar para o colega (procurar o
adversário com agressividade para o atrair e
assim poder dividi-lo).
• Os passes entre os Centrais devem ser
sempre para a frente do colega (e nunca
horizontais) de forma a que ele veja facilitada a
condução em profundidade ou o passe para o
corredor central.
• Passar a bola para o colega recebê-la em
movimento (bola no espaço e não no pé).
• Quando o Central avança com a bola, o Pivot
deve compensar a sua posição.
• Utilização da dinâmica do “Homem Livre”
(jogador com bola ataca o espaço livre forçando
um adversário a fazer-lhe oposição e libertando
desta forma o jogador que estava a vigiar,
fazendo dele o “Homem Livre” que passa a
poder receber a bola livre de oposição).
• Centrais provocam o adversário, convidam-no a
avançar, e então, se o adversário exerce uma
rápida pressão, passam a bola ao outro Central
que realiza um passe vertical, não para os
Interiores que estão de costas para a baliza
adversária mas para os Atacantes entre-linhas
(dinâmica do “3º Homem”).
• Centrais com coragem para se adiantarem
conduzindo a bola, para se conseguir
superioridade no centro do campo.
SubPrincípios Individuais:
• Posição idónea do corpo para dar fluidez à
circulação da bola de maneira constante (como
colocar o corpo ao receber a bola para poder
entregá-la de imediato e com a maior eficácia).
• Intuir o seguinte passe inclusivamente antes de
receber a bola.
• Passar a bola com uma intenção e colocar-se
de imediato para a seguinte ação, de tal forma
que ofereça uma alternativa ao companheiro
para que o movimento da bola continue sem
parar e que a sua equipa domine e controle o
jogo (há que passar e oferecer-se, às vezes
movendo-se, às vezes ficando na posição
original).
• Perfilar bem o corpo.
• Passar a bola à outra perna (a mais longe do
jogador adversário).
• Atrevimento com bola, coragem para jogar com
bola (jogadores devem querer ter a bola e
sentir-se bem com a sua posse).
• Posicionamento ao passar a bola e ao recebê-
la.
• Circulação rápida da bola (passes com
velocidade).
2ª Fase: Criação de Situações de Finalização:

SubPrincípio: “Jogo Entre-Linhas”:

• Quando a equipa adversária deixa muito


espaço entre a linha de meio-campo e a linha
da defesa (por exemplo quando os Médios
Centro adversários pressionam muito mas os
seus Defesas Centrais não os acompanham),
os nossos Médios devem tentar colocar a bola
nesse espaço para um dos nossos Atacantes,
ultrapassando a linha média adversária.
• Defesas e Médios com valentia e determinação
para saltar linhas adversárias através de passe.
• Pivot com bola, Extremos bem abertos e
profundos, com restantes “Atacantes” (Ponta de
Lança e Interiores) a moverem-se entre as
linhas média e defensiva adversária. Mover a
linha de médios adversária (agitá-la, desordená-
la, fazer crer que se passará a bola por um lado
e depois meter um passe por dentro para um
dos “Atacantes” entre-linhas (fazendo com que
os Médios adversários fiquem a correr para a
sua baliza, rodando-os). É necessário perfilar o
corpo ao receber a bola e enganar com o fazer
o passe para um corredor, quando na realidade
tem o seu objetivo noutro lado.
• Aproveitamento da figura do “Falso 9” (Ponta de
Lança que em vez de ficar fixo no meio dos
Centrais adversários, recua no terreno de jogo
para criar superioridade numérica no meio-
campo e receber a bola entre-linhas dos Médios
que conseguiram saltar a linha média
adversária).
• Utilização da dinâmica do “3º Homem”.
SubPrincípio: “Superioridade por Dentro e pelo
Centro do Campo”:

• Em todos os instantes deve-se ter


superioridade na zona central.
• Forte jogo interior.
• Necessidade de se ter paciência no centro do
campo para se criar espaços.
• Colocação de muitos jogadores juntos no
centro do campo mas alguns muito separados
e afastados entre si para abrir a equipa
adversária.
• Constante superioridade numérica e/ou
posicional na zona central do campo de jogo
(seja pela via que seja).
SubPrincípio: “Criar Situações de 1x1”:

• Provocar situações de igualdade numérica em


todo o campo de jogo.
• Capacidade dos Atacantes ultrapassarem os
adversários em situações de 1x1 (ou mesmo
em inferioridade numérica).
• Jogar dentro para atrair adversários e depois
jogar para fora para os Extremos (bem abertos
e em ponta, recebendo com algum espaço e
encarando a baliza de frente).
SubPrincípio: “15 Passes Prévios”:

• Fundamental para se conseguir realizar bem a


transição defensiva (15 passes para ordenar a
nossa equipa e desordenar a equipa
adversária).
• Tocar a bola entre os nossos jogadores para se
juntar a equipa; chegar à 3ª Fase mediante a
sucessão de passes.
• Circular a bola com paciência, não se
importando de regressar atrás se uma via de
ataque está fechada, nem se importando de
insistir as vezes necessárias para conseguir
desordenar o adversário.
• Circulação rápida da bola através de passes
com velocidade (ritmo alto de circulação da
bola).
• Capacidade para dominar o jogo, ditar o que
ocorre em campo.
• Criação de espaços através da mobilidade
constante dos jogadores.
• Ter a bola e passá-la no campo adversário com
rapidez (passes rápidos ordenam a nossa
equipa e desordenam a equipa adversária).
SubPrincípio: “Atrair Adversários para o Lado da
Bola”:

• Carregar muito de um lado para fazer com que


os adversários basculem para aí.
• Atrair o adversário para um lado (“lado forte”) de
forma a deixarem o outro lado (“lado débil”).
Depois resolver pelo lado libertado. Para que
isso aconteça a bola deve ser passada com
intenção.
• Centrais quando não conseguem romper linhas
podem enviar a bola em diagonal para o
Extremo oposto (sempre em zonas subidas,
junto ao meio-campo, para facilitar a
recuperação da bola se houver perda da
mesma).
• Os Extremos devem “pisar” a linha lateral e ter
a capacidade para receber bolas longas
enviadas em diagonal pelo Central do lado
oposto ao que se encontram.
SubPrincípio: “Campo Grande”:

• Manter sempre toda a amplitude do campo de


jogo e a máxima profundidade possível.
• Extremos bem abertos, mas podendo procurar
posições interiores (Laterais nestas situações
devem garantir a máxima largura).
• Abrir o terreno de jogo com o objetivo de
encontrar espaços.
SubPrincípio: “Jogo Posicional”:

• Jogadores bem distribuídos no espaço (bom


jogo posicional).
• Laterais e Extremos em linhas diferentes
(idealmente Lateral mais por dentro e Extremo
mais por fora).
• Extremos assumem que durante algum tempo
não intervirão diretamente no jogo, mas que
estarão a ajudar a construir o processo de
ataque que culminará numa ação de perigo.
• Os jogadores devem estar sempre disponíveis
para os companheiros.
• Antes de receber a bola, os jogadores têm de
saber para onde a vão passar; se não o
souberem é melhor ficarem com ela; podem
passar inclusivamente ao Guarda-Redes, o
importante é não a entregarem aos adversários.
• Enquanto atacam os jogadores devem manter
sempre a posição, estar sempre no lugar
adequado.
• A equipa tem de manifestar dinamismo, mas
sempre tem de haver alguém ocupando a
posição, com os jogadores a moverem-se
dentro de uma ordem. Se houver perda da bola,
para o adversário será difícil realizar um contra-
ataque. Se a equipa atacar em ordem, é mais
fácil perseguir o adversário que tem a bola
quando há a perda da sua posse. Atacar em
ordem para que, quando perderem a bola
possam estar colocados para a recuperarem
rapidamente.
• A temporização ofensiva é o eixo do jogo de
posição.
SubPrincípio: “Dividir e Passar”:

• Criar situações de 2x1 (dividir e passar)


manifestando sempre que possível
superioridade numérica em relação aos
adversários.
• Defesas e Médios devem ter valentia e
determinação para saltarem linhas adversárias,
conduzindo a bola.
• Interiores e Extremos pacientes para surgirem
como “Homem Livre” ou “3º Homem”.
• Pivot deve compensar a posição do Central
quando este avança com a bola (tem a função
de equilibrar a iniciativa dos Centrais).
• Correr com bola para provocar ou atrair o
adversário (não para o driblar).
SubPrincípios Individuais:
Todos os Jogadores:
• Deve-se passar a bola com intenção e colocar-
se de imediato para a seguinte ação, de tal
forma que ofereça uma alternativa ao
companheiro para que o movimento da bola
continue sem parar e que a sua equipa controle
e domine o jogo.
• Há que passar e oferecer-se, às vezes
movendo-se, às vezes ficando na posição
original.
• Posição idónea do corpo para dar fluidez à
circulação da bola de maneira constante,
perfilar bem o corpo.
• Intuir o seguinte passe, inclusivamente antes de
receber a bola.
• Passes rápidos, com velocidade.
• Passar a bola para o espaço e não para o pé.
• Receber a bola em movimento.
• Passar a bola à outra perna (a mais afastada
do adversário do companheiro a quem se
passou a bola).
• Jogadores devem querer ter a bola, para isso
devem mostrar-se constantemente ao portador.
Guarda-Redes:
• Orientado para o jogo, movendo-se em
uníssono com a equipa (preparar a transição
defensiva - proteger espaços nas costas da sua
linha defensiva).
• Ser uma alternativa de passe para se retirar a
bola da zona de pressão.
Laterais:
• Dar profundidade e amplitude à equipa com a
sua incorporação constante.
Centrais:
• Devem ser agressivos com a bola, levando-a
para além do círculo central, tentando
atravessar as linhas adversárias sem medo.
Pivot:
• Quando tem a bola procurar as melhores
soluções de passe (ver quem está livre e com
espaço à sua frente). Normalmente deve jogar
com quem está mais próximo e disponível mas
se for benéfico, também pode lançar bolas nas
costas da defesa adversária para a entrada dos
seus Atacantes.
Interiores e Pivot:
• Sacar a bola limpa, dividir o adversário e
superar a sua linha média (atacar a fundo
quando dão o passo em frente).
Extremos:
• Abrirem bem o campo e correrem ao espaço.
• Devem sempre procurar as costas dos
adversários ou em alternativa o espaço no
corredor central entre as linhas média e
defensiva da equipa adversária.
Ponta de Lança:
• Atuar muitas vezes como “Falso 9”: após
receber a bola entre as linhas média e defensiva
da equipa adversária e caso consiga ficar
orientado para a baliza da outra equipa, deve
atacar os Centrais adversários e ir para o golo.
3ª Fase: Finalização com Eficácia das Ações
de Ataque:

SubPrincípio: “Equipa muito Subida”:

• Equipa bem subida, para que os Extremos


iniciem a jogada perto da baliza adversária (em
situações de igualdade/superioridade
numérica).
• Colocação da linha defensiva muito adiantada
(sobre a linha de meio-campo) de forma a
providenciar Unidade Ofensiva à equipa.
• Jogadores sempre muito próximos entre si.
• Juntos para ganharem as “segundas bolas”.
Atacar o ressalto e a “2ª jogada” (Atacantes,
Médios e por vezes os Laterais).
• Possibilidade de sobreposições de Laterais aos
Extremos vindos de posições recuadas, por
dentro ou por fora.
SubPrincípio: “Jogo Posicional”:

• Jogadores bem distribuídos no espaço de jogo


(bom jogo posicional).
• Ter sempre muita gente por dentro (para
passarem a bola, para aparecerem na área de
frente) e alguma por fora.
• Atacantes colocam-se no espaço previamente
determinado intervindo pouco, mas ajudando a
equipa. Quando entrarem em ação estarão sós
e serão decisivos.
• Fixar os quatro Defesas adversários com o
menor número de Atacantes (dois ou até
mesmo um, se este for muito bom).
• Laterais e Extremos próximos quando a bola
está do outro lado a ser passada para atrair
adversários para esse lado. Em seguida há
sobreposição do Lateral ao Extremo quando
este recebe a bola do outro lado (passe longo).
Sobreposição por dentro ou por fora
(dependendo da posição para onde o Extremo
leva a bola).
• Jogadores devem aguentar, esperar, ficar fora
de intervenção para esperar o momento
adequado e criar então uma situação de
superioridade numérica (2x1, 3x2, etc).
• Interiores não se devem deslocar para os
corredores, devem jogar por dentro para passar,
para fazer coberturas ofensivas aos Extremos e
para atacarem a área.
• A bola chegando a um Extremo não significa
que o do outro lado deva fechar (ficar aberto se
a bola vai para espaços interiores, fechar se a
bola vai para a linha de fundo).
SubPrincípio: “Aproveitar Espaços nas Costas
dos Defesas Adversários”:

• Entrada dos Atacantes nas costas da linha


defensiva adversária após Médios receberem a
bola desde zonas laterais.
• Extremo em inferioridade numérica passa para
Médio que procurará a associação por dentro
com os Atacantes mais centrais.
SubPrincípio: “Incorporar Jogadores desde
Trás”:

• Atacantes devem arrastar os Defesas


adversários das suas posições para a entrada
dos Interiores ou Laterais desde trás
(aproveitando o espaço libertado pela
mobilização dos adversários).
• Arrastamento dos Centrais adversários por
parte do Ponta de Lança (funcionando como
“Falso 9”) e entrada nesse espaço livre de um
dos Interiores.
SubPrincípio: “Chegar à Grande Área com
Presença”:

• Colocar muitos jogadores dentro da grande


área para a finalização.
• Chegar à grande área para finalizar e não estar
lá já parados à espera da bola.
• Entrada dos Atacantes e Médios nos espaços
interiores da grande área.
• Importância de ter bem presente a essência do
“Falso 9”: deixar vazia uma zona habitualmente
cheia, esvaziando a zona central do ataque. No
entanto ter presente que a grande área é o seu
domínio, tendo que aí chegar para finalizar uma
jogada de ataque.
SubPrincípio: “Cruzamento para Zonas
Definidas”:

• Cruzamento por parte dos Extremos/Laterais


ao 1º poste para entrada dos companheiros
como “lobos famintos”.
• Extremo abandonar a posição aberta e atacar
espaço dentro da grande área ao 2º poste.
• Agressividade ofensiva para finalizar as
jogadas.
SubPrincípio: “Equilíbrio”:

• A equipa deve estar sempre equilibrada,


vigiando os adversários que ficam junto à linha
de meio-campo.
• Defesas devem gerir os jogadores adversários
que ficam adiantados (colocados perto do meio-
campo para receber a bola após a sua equipa a
recuperar).
• A maior parte dos jogadores devem estar
próximos do ponto onde se perde a bola para a
poderem recuperar de imediato.
• Coberturas ofensivas permanentes ao portador
da bola no último terço do campo.
• Guarda-Redes e Defesas devem proteger os
espaços nas costas da linha defensiva.
• Importante atacar-se pensando sempre na
possibilidade de se perder a bola.
• Crucial não se perder bolas em zonas interiores
do campo.
SubPrincípios Individuais:
Todos os Jogadores:
• Jogadores devem chegar à zona de remate
final, sem estarem previamente nela à espera
da bola.
• Intuir a seguinte ação inclusivamente antes de
receber a bola.
• Receber a bola em movimento, perfilado para a
baliza adversária.
• Bola passada para o espaço e não para o pé.
• Acertar os remates na baliza (evitar rematar
para fora).
• Jogadores com capacidade individual para
resolver as situações em espaços reduzidos.
• Jogadores devem querer ter a bola.
Guarda-Redes:
• Orientado para o jogo, movendo-se em
uníssono com a equipa (preparar a transição
defensiva - proteger espaços nas costas da sua
linha defensiva).
Laterais:
• Fazer sobreposições (por dentro ou por fora)
aos Extremos.
• Capacidade de realizarem cruzamentos e
remates.
• Controlar adversários junto à linha de meio-
campo que esperam a recuperação da bola
pela sua equipa.
Centrais:
• Controlar adversários junto à linha de meio-
campo que esperam a recuperação da bola
pela sua equipa.
Pivot:
• Juntar a equipa junto à baliza adversária para
facilitar o ganho das “segundas bolas”.
• Capacidade para realizar remates de fora da
grande área.
Interiores:
• Aproveitar espaços nas costas dos Defesas
adversários por ação do “Falso 9”.
• Entrar na grande área para finalizar as jogadas.
Extremos:
• Capacidade para desequilibrarem por dentro
(para posterior remate ou desmarcação do
colega que fez a sobreposição) ou por fora
(para posterior cruzamento).
• Atacar adversário direto em 1x1 (se está só).
Se têm dois adversários à sua frente devem
priorizar a colocação da bola num colega.
• Bem abertos e em ponta, usufruindo de espaço
para receber e encarar a baliza de frente
(paciência).
Ponta de Lança:
• O Ponta de Lança ideal não deve estar fixo na
área, mas sim chegar a ela para culminar uma
ação coletiva.
• Após receber a bola entre-linhas deve ir direto à
baliza adversária para o golo - sempre que
consiga receber e rodar para a baliza/receber
virado para a baliza adversária.
2.2. Transição Defensiva
MACROPRINCÍPIO: Procurar recuperar a bola
de imediato logo após a sua perda.

1ª Fase: Pressão Alta após perda:

SubPrincípio: “Recuperação da bola em menos


de 5 segundos”:

• Pressionar imediatamente após a equipa perder


a bola.
• Evitar qualquer contra-ataque do adversário
logo desde o início.
• Mudança rápida de atitude.
• Após a perda da bola há uma margem de 5
segundos para se recuperar a bola (se não é
recuperada começa-se o recuo).
• Convencer a equipa de que dar um passo em
frente quando se perde a bola é absolutamente
necessário (valentia).
SubPrincípio: “Campo Pequeno”:

• Fecho da equipa com os jogadores a


bascularem para a zona da bola.
• Assegurar coberturas defensivas ao(s)
jogador(es) que se opõe(m) ao portador da bola.
• Vigiar os potenciais recetores da bola.
2ª Fase: Recuo:

SubPrincípio: “Recuar, organizando a equipa


defensivamente”:

• Quando a bola não é recuperada rapidamente a


equipa deve recuar no terreno de jogo para se
organizar atrás.
• No entanto deve-se insistir na pressão alta já
que a equipa fica mais vulnerável nesta 2ª fase.
2.3. Organização Defensiva
MACROPRINCÍPIO: Defesa à Zona
Pressionante.

1ª Fase: Evitar a Construção do Jogo


Ofensivo:

SubPrincípio: “Pressionar a Construção do Jogo


Adversário desde trás”:

• Pressão forte, agressiva e breve para roubar a


bola aos adversários o mais à frente possível
(“esfomeados pela bola”).
• O jogador mais próximo da bola deve sair a
pressionar o adversário que recebe a bola,
sendo sempre apoiado pelos restantes
companheiros.
• Os Atacantes funcionam como primeiros
defesas.
• Pressionar os adversários de forma incansável
até fechá-los num corredor lateral.
• Isto só será possível se as outras equipas
saírem a jogar desde trás (a maior parte das
equipas lançarão bolas longas, oferecendo-nos
dessa forma a bola).
• Linha defensiva subida no terreno de jogo (o
objetivo é antecipar-se aos Atacantes
adversários, defender para a frente e não para
trás, com velocidade, agressividade e
atrevimento).
• Lateral do lado da bola deve subir para
pressionar Extremo adversário.
SubPrincípio: “Pressão 4 Segundos”:

• A pressão aos adversários não deve requerer


esforços longos dos nossos jogadores.
• A pressão pretendida dura “4 segundos a Top”.
• Os jogadores devem pressionar todos juntos
durante esses poucos segundos para
recuperarem a bola de imediato e muito próximo
da baliza da equipa adversária.
SubPrincípio: “Proteger as Costas e Ganhar os
Ressaltos”:

• A maior parte das equipas terão medo em sair a


jogar desde trás com a bola controlada. Assim
enviarão a bola longa para os seus Atacantes.
• A linha defensiva deve saber bem o que fazer
nestas situações: um dos Centrais salta com o
Ponta de Lança adversário enquanto os seus
companheiros cobrem a sua posição.
• Em seguida todos os jogadores recuperam
rapidamente a sua posição e mantêm a linha
defensiva com distâncias curtas entre todos os
Defesas.
• Basculação da linha defensiva (e dos restantes
jogadores) para o lado em que a bola foi enviada
de forma a ganharem um eventual ressalto.
SubPrincípios Individuais:
• O mais importante quando se defende é a
atitude correta dos jogadores.
2ª Fase: Evitar a Criação de Situações de
Finalização:

SubPrincípio: “Campo Pequeno”:

• Os jogadores têm de bascular constantemente


e impedir que os espaços entre eles sejam
demasiado largos e grandes. Têm de evitar que
se possa entrar neles com facilidade.
• Fechar a equipa em redor da bola.
SubPrincípio: “Fechar Espaços Interiores”:

• Os jogadores devem proteger os espaços


centrais da equipa evitando que a bola passe no
seu meio.
• Grande capacidade para ler o adversário e
intercetar os passes enviados para o interior da
nossa equipa.
• Evitar ser superado pelo adversário em
condução de bola.
• Enviar equipa adversária para as zonas laterais.
SubPrincípio: “Cooperações , Coberturas e
Compensações”:

• Quando um dos Centrais sai a pressionar o


Ponta de Lança adversário que recebe a bola, o
outro Central deve cobrir a posição do seu
colega. O Pivot nesse caso baixa para a linha
defensiva para compensar a saída do Central.
• Se é o Lateral que sai a pressionar o Extremo
adversário, o Central mais perto cobre-o e o
Pivot compensa a posição que esse Central
abandonou.
• Esses movimentos de cobertura entre os
jogadores devem ser instantâneos.
• Se se consegue travar o adversário no corredor
lateral, a cooperação do Lateral, Interior e
Extremo é decisiva para tirar-lhe a bola.
SubPrincípio: “Vigiar o Companheiro que Marca
a Linha Defensiva”:


Defesas mais afastados da bola devem vigiar
sempre o seu companheiro que marca a linha
defensiva (colocar-se de forma a que se
consiga olhá-lo constantemente, virados para o
seu colega).
• Todos os integrantes da linha defensiva nunca
devem perder de vista o companheiro que a
marca.
• A linha defensiva é marcada pela posição da
bola. O Defesa mais próximo da bola é quem
marca a linha (não interessa se é um Lateral ou
um Central). Se é o Lateral quem marca a linha
(jogador mais próximo da bola), o Central mais
próximo a ele deve vigiar-lhe as costas, o outro
Central vigia as costas do seu colega que cobre
o Lateral e o outro Lateral tem de vigiar as
costas do Central que está próximo de si (neste
último caso o perigo é reduzido porque a bola
se encontra demasiado afastada).
SubPrincípio: “Economizar Esforços”:

• Normalmente um dos Atacantes é o que mais


desequilibra, sendo ele principalmente, o que
deverá ter um descanso ativo e participação
seletiva na pressão para poder estar fresco e
poder assim fazer mais danos à equipa
adversária quando tiver a bola.
3ª Fase: Evitar a Finalização com Êxito:

SubPrincípio: “Despejar a Bola antes que


chegue ao 1º Poste”:

• Um centro lateral que vá ao 1º poste é “meio-


golo”. Se não o meter o Ponta de Lança
adversário que chega, o marcará o Defesa na
própria baliza.
• Assim sendo há que despejar sempre a bola
antes que chegue à vertical da baliza.
• Lateral e Central do lado da bola não devem
defender um centro lateral “dentro da baliza”,
devem fazê-lo sempre antes do 1º poste.
• Preferencialmente os adversários não devem
conseguir realizar os cruzamentos (pressão ao
portador da bola e interceção da bola antes dela
chegar à grande área).
SubPrincípio: “Defesa à Zona nas Bolas
Paradas”:

• Cada jogador deve ocupar-se da sua zona e


vigiar as costas do companheiro que está
colocado à sua frente.
• Nos Pontapés de Canto, colocados em 1-5-3-1-
1 (primeiro jogador da 2ª linha responsável por
sair rápido a proteger canto curto por parte do
adversário). A 2ª posição da 2ª linha é ocupada
pelo melhor jogador no jogo aéreo. Depois os 2
Centrais e a última posição no 2º poste ocupada
pelo que melhor correr para trás para responder
a um canto que vá muito longo. Se o canto é
marcado com o pé correspondente ao corredor
(por exemplo um destro a marcar o canto no
corredor direito), a 2ª linha deve colocar-se em
cima da linha da pequena área e subir no
terreno se a bola for enviada por exemplo, para
a entrada da grande área (para deixar
adversários em fora de jogo). Se o canto é
marcado com o pé não correspondente ao
corredor (por exemplo um canhoto a marcar
canto no corredor direito), a 2ª linha deve
colocar-se a meio da pequena área, junto à
baliza para evitar golo de canto direto.
• Nos Livres Laterais, colocar 1 ou 2 jogadores
na barreira (consoante distância para a baliza e
indicação do Guarda-Redes), 1 jogador na
frente para facilitar transição ofensiva em caso
de recuperação da bola e restantes jogadores
em linha no centro do campo (podendo um
deles ficar junto à zona lateral onde o livre é
marcado para vigiar adversário colocado junto à
linha lateral e em posição de poder cruzar
desde a linha de fundo). Colocar sempre a linha
defensiva 2-3 metros à frente da linha da grande
área se livre é afastado da grande área. Colocar
a linha defensiva na marca de grande
penalidade se a barreira está “dentro” da grande
área. Quanto mais afastada estiver a bola da
nossa grande área mais longe da grande área
estará a nossa linha defensiva. Importante
colocar um jogador veloz na primeira posição
da linha defensiva ao lado da barreira para
poder cobrir um passe colocado para o espaço
nas costas da barreira.
SubPrincípio: “Despejar a Bola Jogável”:

• Deixar sempre algum jogador mais adiantado


para servir de apoio à transição ofensiva logo
após a recuperação da bola.
• Subir rapidamente no terreno de jogo após a
bola ter sido enviada para a frente.
• Procurar sempre ganhar a bola e manter a sua
posse fazendo interceções positivas, isto é,
ações que nos permitam manter a posse da
bola e aproveitar os desequilíbrios da equipa
adversária.
• Nunca arriscar a perda da bola nestes
momentos, privilegiar a segurança na transição.
2.4. Transição Ofensiva
MACROPRINCÍPIO: Manter a posse da bola e
aproveitar desequilíbrios evidentes da equipa
adversária.

1ª Fase: Manter a Bola após a sua


Recuperação:

SubPrincípio: “Manter a Posse da Bola”:

• Privilegiar a segurança nas decisões tomadas


logo após a recuperação da posse da bola de
forma a não perdê-la nos instantes seguintes.
• Tirar a bola da zona onde foi recuperada para
espaços de menor concentração de jogadores
adversários.
• Ter a bola em zonas que permitam que o
portador da mesma tenha mais tempo para ler
os desequilíbrios existentes na equipa
adversária.
• Os desarmes e interceções devem ser sempre
“positivos”, isto é, devem permitir que a equipa
mantenha a posse da bola (evitar enviá-la para
fora ou dá-la aos adversários).
• Se for necessário pode colocar-se a bola no
Guarda-Redes de forma a evitar-se uma
pressão intensa dos adversários. Isto é
especialmente útil quando não existe nenhuma
via de progressão da bola logo após a sua
recuperação.
SubPrincípio: “Enviar a Bola para Espaços
Adiantados”:

• No momento em que se recupera a bola deve-


se fazer com que ela progrida no terreno de
jogo (através de condução de bola ou através
de passe para zonas mais adiantadas).
• Se o jogador que recuperou a bola (ou que ficou
com a sua posse após interceção “positiva” de
um companheiro) tiver espaço livre à sua frente,
deve conduzir a bola de forma a atrair os
adversários para si e libertar espaços para a
entrada dos seus colegas.
• Se quando a recuperou vê que um colega seu
pode receber a bola em zonas mais adiantadas,
ele deve colocar-lhe de imediato a bola.
• Toda a equipa deve subir em bloco no terreno
de jogo de forma a apoiar a continuidade da
ação ofensiva.
• Jogador que recebe o passe em zonas mais
adiantadas tem várias alternativas: i) pode
receber a bola com espaço e rodar para a
baliza adversária conduzindo-a na sua direção;
ii) ao receber a bola é imediatamente
pressionado o que o levará a passar de primeira
(ou em poucos toques) para um colega que
aparece desde trás (o 1º homem - o que lhe
passou inicialmente a bola, ou o 3º homem -
outro colega que entretanto surgiu em seu
apoio); iii) pode também mantê-la em sua
posse, protegendo-a do adversário direto,
esperando que os seus companheiros
rapidamente lhe façam uma sobreposição. Em
seguida atua em conformidade: se adversário
acompanha o que faz a sobreposição, ele roda
e avança com a bola; se continua pressionado e
jogador que faz sobreposição fica livre de
oposição, ele coloca-lhe a bola.
• Se houver possibilidade de aproveitar o espaço
nas costas dos defesas adversários e houver a
garantia que o nosso Ponta de Lança (ou outro
jogador mais adiantado) irá chegar primeiro à
bola para aí enviada, deve-se aproveitar essa
situação para se criar muito perigo aos
adversários.
2ª Fase: Aproveitar Desequilíbrios da Equipa
Adversária ou entrar em Organização
Ofensiva:

SubPrincípio: “Campo Grande”:

• Logo após a recuperação da posse da bola os


jogadores devem imediatamente abrir o campo
de jogo, aproximando-se do local para onde a
bola foi colocada e ocupando toda a amplitude
do espaço de jogo.
• Jogadores devem apresentar mobilidade
ofensiva de forma a aproveitar os espaços livres
criados pelo desequilíbrio em que a equipa
adversária está momentaneamente.
• Fazer movimentos de fora para dentro
(principalmente Extremos) de forma a poderem
receber a bola no espaço nas costas dos
Defesas adversários (bola passada entre os
Defesas na direção da baliza adversária).
• No caso da equipa adversária se recompor
defensivamente, não arriscar a perda da bola.
Nestas situações deve-se ter paciência e entrar
em Organização Ofensiva.
3. Morfociclo “Padrão” da
Periodização Tática
De seguida, responderemos através das
palavras de Frade, V. (2014), o criador da
Periodização Tática, a algumas questões sobre o
Morfociclo e caraterizaremos cada um dos dias
do Morfociclo (tendo como referência a
realização dos jogos aos domingos).
Em cada um dos dias mostraremos também
uma sessão de treino de exemplo, que segue as
orientações da Periodização Tática e que foi
criada para se adequar ao tipo de futebol que Pep
Guardiola quer que as suas equipas pratiquem.

1. Porque é que o Morfociclo se chama


Morfociclo?
“É uma questão central”. (…). Morfo, a morfologia
é a ciência das formas. Portanto, se de fato, o
que eu quero é que eles venham a jogar de
determinada maneira, geometricamente há
qualquer coisa, portanto, a correspondência
dinâmica do que acontece no treino, tem que
existir. Portanto, o Morfo tem exercícios cujos
padrões têm essa, o que eu quero como critério
do que suceda dominantemente tem que estar a
suceder nos exercícios independentemente de
eu estar com eles em campo inteiro ou não, ou
estar com eles todos ou não”.

2. Porque é que o Morfociclo tem presente a


recuperação e o esforço do desempenho?
“(…) uma coisa sem a outra não existe”.

3. Porque é que a recuperação deve ser


contemplada de uma determinada maneira?
“E aqui é fundamental, porque eu não considero a
recuperação do mesmo modo que
convencionalmente se diz. (…) é um aspeto
capital. Portanto, para mim, a noção de
recuperação é mesmo singular, é mesmo muito
específica e temos que, estou a falar de mim e
de futebol outra vez, tem que ser de acordo com
isso e dá muito mais positividade, penso eu”.

4. Porque, e como é que no Morfociclo se atenta


à forma desportiva tendo presente o coletivo e o
indivíduo?
“Porque eu tenho que contemplar no Morfociclo
as minhas preocupações em relação ao não
decréscimo de capacidade, quer da equipa, mas
quer dos indivíduos. E, a equipa não solicita de
maneira igual, em todos os jogos, os jogadores
todos. Portanto, mas como a acentuação é em
relação à equipa, eu posso estar a descuidar a
manutenção pelo ,menos de alguns jogadores.
Então eu tenho que ter na preocupação semanal
também preocupação em relação ao não
decréscimo e à potenciação até desse
individualmente”.

5. O que significa a simbologia das cores?


“(…) uma imagética que eu engendrei. (…)
passei a usar as cores dando uma
representação à bioenergética, portanto, aos
metabolismos ou às fibras em relação a umas
cores. Num processo de treinabilidade, incidindo
fundamentalmente sobre o todo (equipa), e sendo
o todo garantido como todo, se os elementos
(jogadores) que o constituem como todo, não
perderem possibilidades maximais de
manifestação no todo, quando o todo é chamado
a manifestar-se, como equacionar as partes sem
sair do todo? É complicado, é complicado. E é
aqui um dos elementos fulcrais do respeito na
integralidade do Morfociclo, porque senão
perdem-se. É o fio de Ariane! (…) A treinabilidade
assim equacionada, estando preocupada com o
todo, as probabilidades de nem todos os
jogadores estarem a ser estimulados
maxizantemente é uma realidade. Então, de que
modo no Morfociclo, a Periodização Tática
resolve o aparente paradoxo? Sendo o todo
(equipa) feito de partes (os jogadores), como é
que conseguimos ter a certeza ou a garantia de
que as partes também não regridem?”.
3.1. Domingo - Jogo
“A competição, sobretudo em quadros deste tipo
(quando há muitos jogos com pouco tempo de
intervalo entre eles), é treino!”. Frade, V. (2014)
3.2. 2ª feira - Folga
“Dia de Folga. (…) distanciamento do local. De
despraiar! Aparece em branco que é como quem
diz, eles (jogadores) escrevem no banco o que
quiserem, fazem o que querem! E ,de fato,
jogador profissional que se preze, normalmente,
aproveita o dia… Senão, sabe que vai jogar para
a linha da cal, brevemente”. Frade, V. (2014)
3.3. 3ª feira - Recuperação
“Específica”
“Portanto, agora é preciso perceber, quais são os
exercícios, digamos, as condições de
exercitação fundamentais, e as complementares.
Fundamentais: a mesma lógica! Uma, intervala,
repete, intervala, repete. O que se faça em cada
intervalo, é acessório, é complementar. (…) eu
canso-me em função de um padrão de resposta,
implicando um padrão de metabolismo, um
padrão do que quer que seja, e vou descansar
fazendo corrida contínua? Me engana que eu
gosto! (…) a única recuperação levando isto ao
máximo, é eu estar nela, a fazer o que gosto,
com o máximo de paixão, e que é o que me
originou o cansaço! Só que, pouco tempo… (…)
é a estimulação, do que está cansado, para
rememorizar aquilo que esteve implicado no
cansaço, mas sem cansaço! (…) o ideal é fazer
um 3x3… que tem tudo do jogo! 1’30’’-2’, a top! E
porquê 3x3, não pode ser 4? Pode ser 4x4, (…)
mas 3x3, porque é a única possibilidade, que no
tempo, todos os jogadores têm, de participar da
mesma maneira. (…) pode ser 4x4… não há
problema nenhum, nenhum! Mas, idealmente, é
3x3! E depois, 1 tempo para 5/6 tempos de
intervalo, e isto, que é complementar, chamava
eu, afinar porcas e parafusos! (…) o FC Bayern
Munique de Pep Guardiola, joga,
preferencialmente, com a bola pelo chão. Eu
posso entremear, fazendo isto, entremeando
Ténis-Fut, com rede alta, para não perda da
agilização. (…) qualquer especialidade trava,
fecha! E portanto, os graus de liberdade, de
manifestação dos pés, por força de andar com a
bola no chão, estão diminuídos em função da
máxima possibilidade que eu tenho, portanto, daí
as trajetórias diferentes! Agora, é recuperação! É
estar em recuperação, portanto, é não fazendo
nada! É não fazendo nada, fazendo alguma coisa
que ainda ajude! Portanto, aqui, alongamentos…
(…) este lado da agilização é muito importante!
(…) o jogador até joga neste dia, e joga a sério! E
não é a mesma coisa, eu dizer assim: “Quem
perder leva os mecos”! Paga 1 sumo!”, porque
este lado da emoção é que põe o corpo inteiro!
(…) os jogadores vão lá, jogam 3 ou 4 vezes,
fazem Meínhos, Ténis-Fut, etc., então não
gostam? (…) Na Periodização Tática os
jogadores jogam futebol todos os dias! (…) Eu
aqui não devo estar preocupado com a
aquisição. (…) Nós devemos mobilizar os
abdominais, sem a participação, ou tirando a
participação do psoas-ilíaco. (…) Portanto, isto
aqui é fundamental, que é para alargar o tempo
de separação da solicitação, portanto aí 1 tempo
para 5, mais ou menos, para outra repetição.
Mas isto deve ser feito, 3x3 ou 2x2, (…) o
objetivo é a recuperação e sem perda da
agilidade! E feito, Meínhos, Ténis-Fut, etc. (…)
Mas que tenha, um módulo pelo menos, ou dois,
daqueles, porque são aqueles, com remate, com
carrinho, porque o perder vai fazer com que o
jogador leve o outro às costas, ou outra coisa
qualquer!”. Frade, V. (2014)

Exemplo de uma Sessão de Treino:

1. Passe e Receção orientada (5 minutos):


2. Alongamentos Dinâmicos (5 minutos).
3. Meínho 8x2 (10 minutos):

4. Hidratação (2 minutos).
• A partir daqui faz-se a separação entre os
jogadores que jogaram a maior parte do tempo
do jogo anterior e os que não jogaram ou que
jogaram pouco tempo.
• Neste exemplo iremos presumir que 8
“jogadores de campo” realizaram o jogo
completo, sendo esse o número de jogadores à
nossa disposição para o “Grupo dos que
Jogaram”. Idealmente deveria fazer-se um “Jogo
GR+3x3+GR” para assegurarmos a
participação equitativa de todos os jogadores.
• Os restantes 12 “jogadores de campo”
integrarão o “Grupo dos que Não Jogaram”.

Grupo dos que Jogaram:


5. Jogo GR+4x4+GR intercalado com o
“Afinar Porcas e Parafusos” (36 minutos):
5.1. Fundamental 1 - GR+4x4+GR (2 minutos):
5.2. Complementar 1 - “Afinar Porcas e
Parafusos” (10 minutos):
Realização de Torneios de Futevólei, Sepak
Takraw, Alongamentos/Abdominais/Dorsais, etc.
(tudo aquilo que sem desgaste consiga “agilizar”
os jogadores).
5.3. Fundamental 2 - GR+4x4+GR (2 minutos):

5.4. Complementar 2 - “Afinar Porcas e


Parafusos” (10 minutos):
Realização de Torneios de Futevólei, Sepak
Takraw, Alongamentos/Abdominais/Dorsais, etc.
(tudo aquilo que sem desgaste consiga “agilizar”
os jogadores).
5.5. Fundamental 3 - GR+4x4+GR (2 minutos):

5.6. Complementar 3 - “Afinar Porcas e


Parafusos” (10 minutos):
Realização de Torneios de Futevólei, Sepak
Takraw, etc. (tudo aquilo que sem muito desgaste
consiga “agilizar” os jogadores).

6. Alongamentos/Abdominais/Dorsais (5
minutos).
Grupo dos que Não Jogaram:
5. Jogo GR+6x6+GR (40 minutos):

6. Alongamentos/Abdominais/Dorsais (10
minutos).
3.4. 4ª feira - Dia dos
SubPrincípios e dos
SubSubPrincípios com Tensão da
Contração Muscular Aumentada
“Eu digo, 4 dias para recuperar! Aqui seria, mais
ou menos, a parte final da recuperação. Portanto,
4ª feira, não está recuperado… mas, é o último
dia da recuperação. Não é a mesma coisa que
ser o primeiro! (…) Na 4ª feira, 3/4 seja para eu
ainda concretizar a recuperação total, para na 5ª
feira, já estar em condições de, as condições de
estimulação serem semelhantes ás do jogo. Se
bem que com nuances, mais fracionado, menos
espaço, com o campo menos comprido, mas o
problema da largura é que deve ser quase
sempre o mesmo… se eu privilegiar um certo
tipo de jogo. (…) Então, o que é que é preciso?
Falta aqui 1/4! Ora, estes 3/4 são para a
concretização da recuperação global, da equipa,
do desempenho. Mas como é na fase terminal, e
o que me interessa fazer incidir é individualmente
(…) Mas é aquisitivo, porque é aqui neste 1/4 que
eu quero contemplar o aquisitivo individual!
Então, esse individual, tem que acontecer, tem
que acontecer! Aqui, uma série de repetições…
eu às vezes no FC Porto fazia isto: (…) eu
arranjava um pequeno declive, e quando estava
a fazer isto individual, dizia: “dá uma cambalhota
à retaguarda”, ele tinha que se levantar em
máxima velocidade, subir aquela rampazinha, e ir
cabecear para uma indicação que eu depois lhe
dava, de azul, ou amarelo, ou outra coisa, para o
lado de um colega dele que lhe batia a bola no
chão. Ora, eu tenho a certeza aqui, que isto só se
faz com força, mas é uma “força” que eu quero,
como acréscimo. Primeiro, em relação ao
arranque, porque o crescimento da tensão dá-se,
mesmo na velocidade, no arranque. Mais aqui,
pela necessidade de enfrentar uma dificuldade
que leva à assunção das fibras rápidas, que eu
quero que a tensão também seja… isto, eles não
dão cambalhotas a jogar? Dão! E não está
completamente mecanizado! Portanto, ele não
sabe o que é que vai acontecer, na altura em que
a bola ressalta, para onde lhe vou dar o sinal para
cabecear. Isto, por exemplo! Mas tem que fazer
coisas deste tipo, ou travar e rodar, isto é ter de
inventar exercícios. Não é a tensão! É um
propósito qualquer, (…) micro, como eu digo, que
se repercuta no indivíduo, no sentido da melhoria,
pela gradação das repetições que eu coloco, e
pela necessidade de transferência depois para o
contexto maior. Portanto, é só ser criativo! Fazia
várias vezes isto: colocava uma baliza, no semi-
círculo 11 jogadores a lançar a bola com a mão,
para ser mais certeiro e só pedia: “não lancem a
bola para o mesmo sítio”. Punha um jogador na
baliza e outro depois que o vinha substituir para
ele recuperar. Um lançava a bola e o jogador na
baliza tinha que vir, no ar, e aliviar a bola, ou podia
complexificar “mete a bola no lado oposto onde
ele lança” e o outro lançava-lhe para o outro lado
e ele fazia 10 repetições, mas, isto que eu
pretendo não é fazer um skipping ou outra coisa
qualquer, não! É isto levar o corpo a fazer
qualquer coisa que o jogo também me pede, e
para eu a realizar, os músculos têm de se
implicar em qualquer coisa, e estão a acontecer
várias vezes ao mesmo jogador, com repetições
e o intervalo suficiente para que isso se constitua
como ganho nas partes que são responsáveis,
no metabolismo anaeróbio alático, e, na
fosfocreatina, na síntese do ATP, etc. Para que
isso, se dê! Mas isso tem que ser individualizado
(em exigência máxima), a um ou a dois. (…)
Então reparem, quem vai ver o treino, para eles o
essencial não é isto. (…) Ora, então, eu vou
provocar o aparecimento duma fase de
parabiose, e de fase de exaltação individual em
relação a uma particularidade de cada indivíduo,
que me interessa melhorar. E como estamos no
último dia da recuperação, este lado da
individualidade, não é pernicioso porque se
repercute…(…) então, ele é aquisitivo, em
relação ao individual, mas preenche o último dia
de recuperação.”. Frade, V. (2014)

Exemplo de uma Sessão de Treino:

1. Passe e Receção Orientada (5 minutos):


2. Alongamentos Dinâmicos (5 minutos).
3. Meínho 4x1 (8 minutos):

4. Hidratação (2 minutos).
5. Fundamental 1 - 1x0+GR: “Acertar na
Baliza” (15 minutos):
6. Alongamentos e Abdominais (5 minutos).

7. Complementar 1 - GR+4x6: “Vigiar a Linha


Defensiva” (15 minutos):
8. Fundamental 2 - 1x0+GR: “Chegar à Zona
de Remate” (15 minutos):
9. Alongamentos e Abdominais (5 minutos).

10. Complementar 2 - 6x4+GR: “Recuperar a


bola em menos de 5 segundos’’ (15 minutos):

11. Alongamentos, Abdominais e Dorsais (10


minutos).
3.5. 5ª feira - Dia dos
MacroPrincípios e dos
SubPrincípios com Duração da
Contração Muscular Aumentada
“Na 5ª feira o fundamental é o aumento do
número de jogadores, o aumento de espaço e o
aumento de tempo. Mas não é a mesma coisa,
eu fazer 6x5’ ou 3x10… não é a mesma coisa.
Embora eu saiba que há medida que alargo o
intervalo de intervenção em cada coisa, de cada
um, a densidade interventiva diminui! Porque o
jogador que está no centro da ação, não está do
mesmo modo que o outro jogador que está longe.
Mas, é aqui que eu tenho que pôr, em equação
prioritária, os MacroPrincípios! Como é que eu
quando tenho a bola, devo gerir a bola para
decidir, para chegar ao golo. Como é que… o tal
critério! É evidente que depois isto tem nexo,
mas depois há nexos intermédios, entre os
setores, entre os jogadores. E que eu posso, em
determinado momento, estando nisto, estar
preocupado na dupla de Centrais, por exemplo.
Mas eles estão a ajustar… Reparem, o que é
que eu vejo? O espaço de 65m de largura, para
uma equipa organizada, distancia os elementos
entre si de uma maneira determinada. Se eu fizer
uma peladinha encurtada, eles aproximam-se. E
se eu estiver a fazer isso várias vezes, eles
estão mecanizados em função desse
“entrosamento”… (…) Então reparem, conjuga-
se aqui na fase terminal da fase dita de
exaltação, que é assim que os homens chamam,
uma outra que é individual, que nós queremos
que se concretize. Mas quer uma, quer outra, é
Especificidade! Uma com “E”, e outra com “e”.
Então aqui, pela mesma necessidade de
repetições, com intervalos, eu posso fazer, sei lá,
joga 10’ a campo inteiro, parou, agora troca de
campo, alonga e tal, para dar um intervalo
suficiente para que os jogadores estejam… E
esta lógica, leva à melhoria, que é a repetição,
mas só a repetição em condições favoráveis a
adquirir o que a gente não tem, e que sabe que
acontece, se respeitar essas condições… (…)
Nesses intervalos curtos, os jogadores podem:
“beber água, fazer abdominais, é o afinar porcas
e parafusos”. “O que me interessa é preencher o
intervalo, que me dê condições idênticas para a
repetição solicitar do mesmo modo aqui. E eu
preencho esse intervalo, não fazendo nada, ou
fazendo qualquer coisa que o momento justifique.
Sei lá, se o terreno está enlameado, eu não vou
fazer a mesma coisa do que se estiver ótimo,
não é? Por exemplo, se calhar, digo antes para
alongar os posteriores da coxa, porque estás a
travar sem dares por ela, e tal…”. Frade, V.
(2014)
Exemplo de uma Sessão de Treino:

1. Passa e Segue com Passe ao Guarda-


Redes (5 minutos):

2. Alongamentos Dinâmicos (4 minutos).


3. Passa e Segue com Remate (5 minutos):

4. Hidratação (2 minutos).
5. GR+10x10+GR - “Ultrapassar a Linha
Atacante Adversária” (20 minutos):
6. GR+10x10+GR - “Equilíbrio” (20 minutos):
7. GR+10x10+GR - Recuperar a bola em
menos de 5’’ (20 minutos):
8. GR+10x10+GR - “Bolas Paradas em Meio-
Campo” (10 minutos):

9. Alongamentos (4 minutos).
3.6. 6ª feira - Dia dos
SubPrincípios e dos
SubSubPrincípios com Velocidade
da Contração Muscular
Aumentada
“(…) sendo aquisitivo aqui, é na mesma 1/4 e 3/4
para a recuperação! (…) contemplar a tal
alternância horizontal em especificidade,
portanto, melhorar a Especificidade numa
parcela, e a mim o que me interessa, (…) tem a
ver com as fibras rápidas. (…) o pessoal faz uma
grande confusão entre velocidade de execução,
velocidade de reação, velocidade de
deslocamento, velocidade de decisão, eu chamo,
as velocidades da velocidade. Que é uma coisa
diversa! A de deslocamento é importante, e como
é importante, é aquela que se dá com os
elementos que a proporcionam, que me interessa
melhorar, e dominante em relação à articulação
com as demais. Portanto, nas fibras rápidas!
Mas, nas fibras rápidas, a de deslocamento é
preciso que a duração da contração tenha
alguma distância. Como disse à bocado, no
arranque, se calhar a tensão é que se assume
grande, portanto, nunca pode ser menos de 15
metros ou quê. Ele tem que dar ao pedal! Para
que as fibras rápidas proporcionem esse
deslocamento. Então, esse é o fundamental, mas
no mesmo raciocínio que na 4ª feira. Tem que
fazer repetições. E como é que eu jogo aqui? Na
mesma maneira que 4ª feira, (…) só que eu não
estou interessado em “aquisição-aquisição”,
aquilo para mim é recuperação e apaixonante.
Mas sendo uma recuperação feita no que eles
fazem, alguma coisa é aquisição. (…) fazia
muitas vezes, um exercício que era assim:
imaginem a baliza, área pequena e grande área,
e eu contava 25 passos, e colocava um grupo
com uma bola, os amarelos, porque a
competição deve estar sempre metida! Estes
jogadores, tinham uma bola, todos, a 26 passos,
daqui para aqui, colocava o outro grupo, e então
a um sinal, este jogador partia com a bola, para
marcar golo, e no mesmo tempo, este jogador
saía de gás à tábua para fazer o 1x1 para não
deixar o jogador fazer golo. (…) criar um
exercício com o mínimo estorvo. (…) Então, 6ª
feira a questão é mesmo esta! Ora, recuperação
do desempenho resultante do cansaço, da fadiga
e, portanto, da paralisou e da fase de exaltação, é
mais rápida, mas eu quero que ela venha
acontecer é no Domingo! Portanto, daí que
possa, na 6ª feira, permitir os tais 3/4 de
recuperação do efeito retardado do desempenho
e, promover uma fase de exaltação individual, na
outra face da moeda das fibras rápidas. Portanto,
da velocidade da contração!”. Frade, V. (2014)
Exemplo de uma Sessão de Treino:

1. Passe e Receção Orientada (5 minutos):

2. Alongamentos Dinâmicos (5 minutos).


3. 1x0+GR - Competição a 3 Equipas (8
minutos):
4. Hidratação (2 minutos).

5. Fundamental 1 - 2x0+GR: “Entrar nas


Costas dos Adversários” (15 minutos):
6. Complementar 1 - GR+4x(4+2): “Triplo C
Defensivo” (20 minutos):
7. Fundamental 2 - GR+3x3: “Evitar que bola
passe ao 1º poste” (15 minutos):
8. Complementar 2 - GR+(8+2)x(8+2)+GR:
“Enviar a bola para a frente” (15 minutos):

9. Alongamentos (5 minutos).
3.7. sábado - Dia da Pré-Ativação
“Então, Sábado é uma espécie de introdução
para a competição! (…) Portanto, para mim, é da
mesma maneira! (…) eu ao Sábado dizia: o ideal
era eu arranjar uma coisa que pudesse ter os
jogadores 45 minutos a fazer, que é uma parte, lá
está, os padrões representativos serem a
mesma coisa! E fazê-lo de modo a que aquilo
que o jogo tem, tudo, pudesse existir, mas sem
cansar! (…) Então, era uma coisa que a gente
passou a chamar o <Meínho de 3 Equipas>, que
era fazer três zonas, mas tem várias variantes, e
ficavam duas equipas nas zonas de fora e uma
na do meio. E então os jogadores de fora o
objetivo era, depois de darem 5/6 passes, o
primeiro pode permitir dois toques, ou o último
dois toques, pelo ar e tal, mas, normalmente, um
toque, e eles têm de passar a bola para os
outros, sem estes intercetarem, porque se
intercetarem vão eles para o meio. Ora bem, isto
tem passe curto, passe longo… enquanto eles
estão a fazer os passes sai alternadamente um
destes a fazer pressão, que só vai fazer 6/7
tempos depois outra vez, porque têm de rodar.
Ora bem, isto só não tem remate à baliza, mas
tem passe longo e tudo, que é mais ou menos…
o Romário dizia que marcava muitos golos
porque fazia passes à baliza. E então, o Zé
Tavares inventou isto para quatro zonas, meteu
balizas, e embora seja um bocado mais
desgastante, mas pode perfeitamente preencher
a hipótese de finalização. E porquê? Porque eu
acho que não sendo cansativo, porque ainda
devemos estar a garantir a recuperação que
emana do cansaço advindo daqui, mas aqui é
uma espécie de… oh pá, meter os indivíduos na
selva, cá está, no <estado de alerta>, numa
coisa que os leve a driblar, a simular, a fugir da
pressão do jogador que vem para ali, a fazer
tudo, mas em doses minorcas, para não cansar.
Mas aquilo que vai ser prioritário que aconteça no
jogo, aconteça já aqui, para que o estado de
alerta seja a única coisa que se estimule”. Frade,
V. (2014)
Exemplo de uma Sessão de Treino:

1. Passar a Bola à outra Perna (5 minutos):

2. Alongamentos Dinâmicos (4 minutos).


3. Meínho 10x2 (10 minutos):

4. Hidratação (1 minuto).
5. Meínho 21x3 (10 minutos):
6. Jogo a Meio-Campo: “GR+10x10+GR” (10
minutos):

7. Alongamentos (5 minutos).
Conclusão
Foi minha intenção com esta obra, ajudar os
treinadores de futebol espalhados pelo mundo, a
aplicarem nas suas equipas as Ideias de um dos
melhores treinadores de futebol de todos os
tempos, com a que é atualmente a metodologia
de treino de futebol mais avançada.
Espero que consigam tirar proveito deste livro
para colocarem as vossas equipas a jogar um
futebol de qualidade, com os vossos jogadores a
divertirem-se em cada treino fazendo aquilo que
mais gostam: JOGAR FUTEBOL.
Se gostaram deste livro e o consideram de valor
para os treinadores de futebol, espero que me
atribuam algum do vosso tempo, para deixar uma
revisão (preferencialmente de 5 estrelas) no site
da Amazon.
Se tiverem questões ou comentários podem
colocá-los através da conta de Twitter:
@PedMenCoach.
Podem seguir o meu trabalho no site:
http://pedmencoach.wix.com/comotreinarfutebol
Bibliografia
Balagué, G. (2013). Pep Guardiola - Otra
manera de ganar. Roca Editorial de Libros, S.L.

Carvalhal, C. (2014). Futebol - Um saber sobre o


saber fazer. PrimeBooks.

Frade, V. (2014). Síntese das “Ideias Força” da


Periodização Tática. Não publicado.

Mendonça, P. (2014). Modelo de Jogo do FC


Bayern Munique. Chiado Editora.

Perarnau, M. (2014). Herr Pep. Roca Editorial de


Libros, S.L.

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