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Este autor nos fala sobre uma tal fé metastática, um conceito que alude a
conteúdos metafísicos esvaziado de Deus.
Por mais que os tais iluminados, a elite que está no verdadeiro caminho da
ascese admitissem o elemento metafísico, já que corroboravam na
necessidade de mudança. A metafísica revolucionária trata as coisas
também com esses valores cúlticos.
*Divindade:*
Deus - demiurgo.
*Corpo:*
Templo - Prisão.
*Sabedoria:*
Criação - Criadora.
*Homem:*
*Criação: *
Boa - Má
Certamente não posso ser muito radical nessas inversões, pois isso
também aparece sutilmente com certa igualdade nos variados
movimentos religiosos do primeiro século. Tanto o gnóstico como o
cristão apocalíptico se ressentem do mundo, então ambos interpretam de
diferentes modos fenômenos que os atingem diretamente. Mas aqui
embora as mentalidades se pareçam, por causa de diferenças de
interpretação metafísica elas se destinavam a separar-se desde o inicio.
Não era Trotsky que conclamava uma reforma da própria natureza dos
soviéticos? E isso não é deflagradamente similar ao espírito de alguns
gnósticos?
Podemos dizer, portanto, que política para Hannah Arendt é a capacidade que
os homens têm de agir em CONJUNTO mesmo diante da pluralidade de ideias e
valores.
A partir dessas ideias iniciais cabe relatar aqui o que ocorreu quando a
pensadora foi investigar o tramite do julgamento de Eichmann por ocasião do
envolvimento deste com o Nazismo. Todo o processo ocorreu em Jerusalém na
primeira metade da década de sessenta. Eichmann em via de se salvar das
acusações apelava para a desculpa de que só estava seguindo ordens e nada
mais, apelando inclusive para o pensamento Kantiano quando a obediência
perante autoridades formais. Por ocasião de uma oportunidade de escrever
artigos deste tema a revista The New Yorker, a pensadora foi a Jerusalém
acompanhar o caso e a impressão que ela teve sobre isso foi exatamente a
seguinte: Eichmann era um palhaço de tão comum, homem que se mostrou
cumpridor zeloso de seus deveres, mas com um senso moral completamente
embotado. Eis aí o inicio de suas conceituações a respeito da banalidade do
mal. Eichmann não era um demônio, mas um indivíduo comum, um burocrata
eficiente. Mas as ideias da autora não foram bem recebidas, na verdade alguns
motivos devem ser esclarecidos em relação a essa recusa. Fora o fato dela não
ver o réu como um demônio facínora como a maioria, também fez uma
denúncia comprometedora onde dizia que certos círculos ou conselhos
judaicos se envolveram diretamente com o nazismo, ao ponto de colaborar
com o regime totalitário. Sabemos obviamente, que Hannah Arendt estando
certa ou errada em seu diagnóstico, estava lidando com a complexidade da
natureza humana, e mesmo não gostando da pecha de filósofa, estava
tentando entender pontualmente o fenômeno que gerou tamanha desgraça.
Mas antes de continuarmos com o diagnóstico da autora, cabe aqui fazer uma
ressalva em relação às influencias kantianas que ela teve. É até curioso dizer
isso, mas Arendt nasceu em Königsberg na Alemanha, mesma cidade em que
Kant nasceu. No entanto seu real interesse em Kant estava mais ligada a
filosofia Política relativo aos seguintes temas:
-República.
Baseado neste último aspecto é que ela se depara na tese do mal radical. A
natureza humana leva o homem a fazer uso de sua faculdade do Julgar, dando-
lhe a capacidade de discernir e escolher entre o bem e o mal.
Diria Kant (parafraseando): Boa é toda a ação praticada segundo uma máxima
que é constituída de tal maneira que pode ser aplicada a qualquer ser racional.
E aqui entra Hannah Arendt novamente, ela defendia esse conceito de mal
radical, mas empregando-o por conta dos fenômenos totalitário do século XX
como mal absoluto. Porém avaliando toda conjuntura à luz do caso Eichmann,
sua conclusão foi surpreendente, o diagnóstico não era necessariamente um
mal radical, mas sim um Mal Banal. Segundo ela, esse mal é banal porque o
homem sendo homem o é devido a sua liberdade em poder escolher o mal.
Mas mais do que isso, em determinadas circunstâncias, a tendência para
escolher o mal é quase invencível. Por isso seria necessário um certo tipo de
ação política (lembrem-se que esse conceito tem suas particularidades para a
autora) que possa evitar a reprodução de mecanismos como estes. É a partir
desse raciocínio que Arendt pensa num direito do direito, e também em
impedir a reprodução de condições similares as da primeira e segunda guerra
mundial. Muitos autores incluindo Norberto Bobbio veem nisso uma das
maiores contribuições da autora em termos de pensamento político.
Assim, Arendt vê no amor pelo mundo o recurso para manter pleno e seguro o
caminho da natalidade. Esse amor é tudo aquilo que unifica ou separa os
homens para além de seu desejo natural. Lembremos que mundo é a
construção dos homens, os artifícios humanos, e a Ação a esfera Pública onde
as pessoas se comunicam como agentes falantes, fazendo uso de seus
dispositivos culturais e produzindo novos dispositivos e novos instrumentos de
ação que transformam a sociedade e também a si mesmos. Essa é uma tarefa
vinculada a cultura e é isso que representa política. O homem é homem não
meramente por sua condição biológica, ou construções artificiosas, mas porque
ele produz cultura, e por isso transcende a vida da espécie.
Como vimos acima, Arendt, vê o homem sempre no plural, pois o termo
homem no singular seria apenas um vício de filósofos, e esses filósofos desde
Platão, tem um certo ranço pela vida pública a favor da vida contemplativa.
Claro que essa é uma explicação bem peculiar, mas ela atribui a Sócrates tal
interesse que em Platão teria sido perdido, justamente por conta da morte
deste primeiro como vítima da democracia ateniense. Os homens são, filósofos
ou não, condicionados há seu tempo e espaço, tudo com que entram em
contato tornam uma condição de existência. Somos inclusive condicionados ao
que nós mesmos produzimos. Assim o mundo é uma simbiose entre o que o
homem recebe da natureza, que produz na atividade relacionada a ela e em
sua própria ação criativa. Portanto, nestes termos, o mundo comum não elide,
não elimina a pluralidade dos homens, quanto à singularidade e diferença.
Os homens agem e falam, por isso eles aparecem uns aos outros. É esse
aparecer que gera muitas perspectivas, isso quando estão dentro de uma
condição, ainda que mínima de isonomia.
Mas o mundo tem seus inimigos, e eles saem da própria sociedade como que
um efeito de implosão da democracia em sua esfera mais corrupta. Os
totalitarismos, por exemplo, destroem sistematicamente a esfera dos direitos
mediante um regime de terror. Quando um poder totalitário tem sucesso em
tornar homens em meros exemplares do núcleo de sua ideologia, mediante
propaganda e todo tipo de método de controle, é aí que se elimina a ação
Política corrompendo-a a um mero cumprimento de ordens.
Mas esse é o ponto que Hannah Arent destaca, o sujeito nunca refletiu
seriamente a respeito de suas ações, simplesmente porque para ele, ter um
embasamento burocrático e jurídico, visto que não era crime matar judeus na
Alemanha Nazista era o que precisava para cumprir ordens e decretos.
A 75 volts ele começa a murmurar; a 120 volts, ele reclama; a 150 volts ele
pede que parem com a experiência e, a 285 volts, ele lança um grito de
agonia, depois se cala completamente. É assegurado ao professor que os
choques são dolorosos, mas não deixam sequelas.
O pesquisador deve zelar para que a experiência chegue a seu termo, tratando
de encorajar o professor, caso este venha a manifestar dúvidas quanto à
inocuidade da experiência ou caso deseje encerrá-la. Também esses
encorajamentos são estritamente codificados: à primeira objeção do professor,
o pesquisador lhe responde: "Queira continuar, por favor" (Ordem Suave); na
segunda vez: "A experiência exige que você continue" (Ordem Compromisso);
na terceira vez: "É absolutamente essencial que você continue" (Ordem
Legado); na quarta e última vez: "Você não tem escolha. Deve
continuar"(Ordem Arbitrária).
Se o professor persiste em suas objeções após o quarto encorajamento, a
experiência é encerrada, mas o resultado da experiência foi espantoso: mais de
60% dos professores levam-na até o final, mesmo convencidos de que estão
realmente/administrando correntes de 450 volts. Em alguns países, a taxa
chega a alcançar 85%. É preciso acrescentar que a experiência é extremamente
penosa para os professores, e que eles vivenciam uma forte pressão
psicológica, mas seguem, não obstante, até o fim. Há algo, porém, ainda mais
inquietante.