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Historia,
Filosofia e
Sociologia da
ç~
Educacao
2ª Edição
Curitiba
2016
Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501
FAEL
Direção de Produção Fernando Santos de Moraes Sarmento
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Capa Evelyn Caroline dos Santos Betim
Imagem Capa Shutterstock.com/nathapol HPS
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim
Apresentação
1. Bacharel em Direito (2000) pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG e Licenciatura
em Filosofia (2011) pelo Centro Universitário Claretiano - CEUCLAR, especialista em Direito
Civil e Empresarial (2003) pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR) e em Gestão
Pública Municipal (2011) pela Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG. Especialista em
Educação, Diversidade e Cidadania (2014) pela FAEL/PR. Atua como Procurador e professor de
Filosofia e Ética, na Faculdade Educacional da Lapa (FAEL/PR).
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Sumário
1 História da educação:conceito | 7
Referências | 289
1
História da
educação:
conceito
Alicia Mariani Lucio Landes da Silva
Por fim, vamos conhecer os objetos de estudo que este campo da história
e da educação tem enfatizado (suas fontes, objetos e temas trabalhados,
atualmente, nas universidades).
1 Entende-se aqui o verbo historiar como o ato de analisar a história e compreender suas
relações com outras áreas.
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História da educação: conceito
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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História da educação: conceito
Como exemplo desta mudança de visão da história pode-
mos citar que, na historiografia tradicional, as relações
de escravidão eram vistas como fixas. O senhor de enge-
nho era o soberano que mandava no submisso escravo.
Atualmente, temos estudos que revelam as contradições
desta relação. Sabemos das fugas de escravos, de suas
insubmissões, das relações conjugais entre brancos e
negros e de acordos, concessões existentes entre senhor
e escravos, de escravos que tinham seu próprio ganho
e também possuíam seus escravos. Ou seja, os papéis
sociais não são predefinidos. Dentro da regra existem
exceções que devem ser conhecidas e estudadas.
Dentre os historiadores contemporâneos conceituados encontramos
Carlo Ginzburg, Emmanuel Le Roy Ladurie, Robert Darnton, Jacques Revel
e outros. Mesmo mantendo estilos diferentes (como a divergência sobre
a utilização da escala de análises), eles realizam estudos sobre o cultural e
possuem pontos em comum. Um desses pontos é o abandono das análises
firmadas nos modelos explicativos. Para alguns não se pode abandonar certos
princípios básicos, para outros, o “tempo das incertezas” é um momento
propício de estimulação da criatividade e das possibilidades (palavras-chave
desta corrente) de análises, fontes, vieses e escrita.
Para muitos destes estudiosos, tempos novos merecem uma Nova Histó-
ria, firmada na máxima de que “a história é sempre filha de seu tempo”. Uma
última característica da historiografia contemporânea é a tendência de redes-
cobrir autores já esquecidos e reler os clássicos, mas é claro que essa leitura se
dá a partir de um olhar atual, de nosso tempo.
As mudanças na historiografia influenciaram algumas das transformações
ocorridas na história da educação. Como já mencionado, na década de 1930,
ela não passava de uma disciplina escolar. Presente no curso de formação de
professores, estava fortemente marcada pela filosofia e possuía um caráter
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Saiba mais
O presentismo pragmatista afirma que um estudo deve servir
apenas para resolver, praticamente, um problema atual. Nesta
visão, a história da educação servia apenas para responder a
questões imediatas e acabava deixando de lado a análise histo-
riográfica e as relações mais profundas de investigação do pas-
sado. Procurava apenas respostas práticas sobre o que estava
acontecendo.
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História da educação: conceito
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Será que somente os pedagogos deveriam escrever esse tipo de história ou,
ainda, que os historiadores não conheçam nada de educação? Como escrever
um texto com relações históricas sem saber os métodos da pesquisa histórica?
Como historiar a educação, sem conhecer as relações educacionais? Existe um
longo caminho a ser percorrido nessa área.
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História da educação: conceito
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História da educação: conceito
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Síntese
Vimos, neste capítulo, que as origens da história da educação estão na
pedagogia, mas, ao longo dos anos, também tornaram-se objeto de interesse
de outras ciências sociais, como a história. Entendemos que o estudo da his-
tória passou por um processo de transformações nos últimos trinta anos, que
mudaram seu foco de pesquisa. Atualmente, a Nova História privilegia as
relações sociais e culturais, e não somente os aspectos políticos e econômicos
como acontecia anteriormente.
Outro assunto apresentado neste capítulo foi objeto de estudo da Histó-
ria da Educação, o qual, conforme observamos, envolve tudo o que se refere
ao passado do ensino e da educação: legislação, tempos escolares, arquitetura,
relações de gênero e outros temas.
Devemos compreender a importância da História da Educação, para
compreender, também, as atuais relações educacionais.
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2
Educação no Brasil: da
Colônia aos anos de
1930 do século XX
Alicia Mariani Lucio Landes da Silva
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3 Em 1455 o alemão Johannes Gutenberg criou a tipografia. A partir de então os textos que antes
eram somente manuscritos passaram a ser impressos por meio de peças metálicas que recebiam
tintas para serem transferidas por pressão para o papel. O primeiro livro impresso pelo inventor foi
a Bíblia. Esse método ampliou a reprodução de materiais e tornou a transmissão do conhecimento
mais dinâmica e veloz.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Dica de Leitura
A missão
Um mercador de escravos indígenas arrepende-se de seus atos e
torna-se missionário jesuíta em uma das missões na América do Sul.
A MISSÃO. Direção de Roland Joffé. Estados Unidos; Reino Unido:
Flashstar, 1986. 1 filme (125 min), sonoro, legenda, color., 35 mm,
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Fonte: Fundação de São Paulo, 1913. Antonio Parreiras. Pinacoteca Municipal de São
Paulo. Óleo sobre tela. 179 x 279,5 cm.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Os jesuítas podem ser considerados os
primeiros professores em território brasileiro.
Contribuíram com o plano do governo português
de transformar a estrutura da sociedade brasileira.
Catequizaram indígenas e ofereceram educação
para uma pequena parcela da população.
A partir de 1564 foram instaladas escolas dentro das vilas, como foi ocaso
do Colégio da Bahia e do Colégio de São Paulo de Piratininga.Chambouleyron
(1999, p. 78-79) ressalta que as escolas autorizadas pelo rei de Portugal (que
tinham alvará para funcionamento e recebiam uma dotação para sustento,
manutenção e despesas) eram muito diferentes das escolas que ficavam locali-
zadas nas aldeias. Há relatos de que os alunos chegaram a visitar as cadeias para
levar a palavra de Deus aos encarcerados. Além disso, nessas escolas era possível
observar a presença de cerimoniais acadêmicos portugueses, ou seja, atividades
como encenações, disputas, interesse em continuar os estudos, recepções de
autoridades e procissões eram práticas presentes nas escolas da vila.
Muito se fala e se estuda sobre a presença dos jesuítas na história da edu-
cação; no entanto, outras ordens religiosas católicas, como os franciscanos, tive-
ram importante participação no processo educacional ocorrido em território
brasileiro. Parte deste silêncio sobre as demais ordens religiosas pode se dar
ao fato de haver uma abundância de fontes historiográficas sobre os jesuítas
e, em contraponto, uma aparente escassez de fontes sobre as demais ordens
religiosas. No entanto, quebrando os paradigmas e rompendo o silêncio sobre
o assunto, autores como Sangenis (2004) apontam para a atuação dos francis-
canos e outros grupos religiosos.
Sangenis ressalta o fato de que, ao acompanhar as caravelas do primeiro
desembarque ao Brasil, podemos considerar que os franciscanos representaram
a primeira ordem religiosa católica que atuou na evangelização e educação do
povo nativo. Para o autor, não há dúvidas sobre a importância dos franciscanos
para a educação brasileira, já que:
foram os franciscanos os fundadores da primeira escola em
território brasileiro, os iniciadores das missões junto aos
indígenas, os sistematizadores de línguas nativas, os idealizadores
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Dica de Leitura
Para aprofundar o conhecimento sobre a atuação dos franciscanos
na educação brasileira e suas relações com a ordem dos jesuítas,
sugerimos a leitura a seguir.
SANGENIS, L. F. C. Gênese do pensamento único em educação:
franciscanismo e jesuitismo na história da educação brasileira. Petró-
polis, Rio de Janeiro: Vozes, 2006.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
bal foi o responsável por legalizar o fim de sua escravidão, em 1755, o que
desagradou os proprietários de escravos indígenas e os jesuítas. Ao libertar os
indígenas e expulsar os jesuítas, pretendia-se libertar a população local das
amarras do catolicismo e miscigenar colonos e indígenas para gerar um povo-
amento estratégico em terras brasileiras.
Extintos os colégios jesuítas4, a maior parcela do ensino passou a ficar
sob a responsabilidade do Estado. O fato de a educação ser laica não que-
ria dizer que atendia aos interesses dos cidadãos, pelo contrário, o Estado
queria garantir seu absolutismo, controlando, inclusive, o material didático.
Enquanto mudanças ocorriam em Portugal, o Brasil ficava estagnado.
Somente dezessete anos após a expulsão dos jesuítas, o Brasil conseguiu
ter novamente o ensino, porém, de uma maneira fragmentada e desarticu-
lada. Surgiu no país a escola pública de responsabilidade do Estado. Profes-
sores leigos e despreparados ministravam aulas avulsas (ou aulas régias) de
Latim, Grego, Retórica ou Filosofia, que não possuíam conexão. Segundo a
definição de Fonseca, redigida em forma de verbete no site da Unicamp, as
aulas régias:
[...] compreendiam o estudo das humanidades, sendo per-
tencentes ao Estado e não mais restritas à Igreja – foi a pri-
meira forma do sistema de ensino público no Brasil. Apesar
da novidade imposta pela Reforma de Estudos realizada pelo
Marquês de Pombal, em 1759, o primeiro concurso para
professor somente foi realizado em 1760 e as primeiras aulas
efetivamente implantadas em 1774, de Filosofia Racional e
Moral. Em 1772 foi criado o Subsídio Literário, um imposto
que incidia sobre a produção do vinho e da carne, destinado
à manutenção dessas aulas isoladas. Na prática o sistema das
Aulas Régias pouco alterou a realidade educacional no Brasil,
tampouco se constituiu em uma oferta de educação popular,
ficando restrita às elites locais. Ao rei cabia a criação dessas
aulas isoladas e a nomeação dos professores, que levavam
quase um ano para a percepção de seus ordenados, arcando
eles próprios com a sua manutenção. Azevedo [1943, p.
315] menciona a abertura de uma aula régia de desenho e de
figura, em 1800, nas principais cidades da orla marítima e em
4 É importante ressaltar que a Igreja católica continuou atuando nas colônias após a expulsão
dos jesuítas. Continuaram realizando atividades as Ordens religiosas, como os franciscanos e
beneditinos, por exemplo.
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Dica de Leitura
Para aprofundar o conhecimento sobre as aulas régias e compre-
ender melhor a educação nesse período histórico, leia CARDOSO,
T. M. R. F. L. As luzes da educação: fundamentos, raízes his-
tóricas e prática das aulas régias no Rio de Janeiro 1759-1834.
Bragança Paulista: Editora da Universidade São Francisco, 200
Dentro deste sistema, os alunos, filhos de uma pequena elite, eram edu-
cados para serem os novos nobres. O ensino procurava ser facilitado, pois a
entrada no ensino superior era o almejado. Maciel e Shigunov Neto (2006,
[s. p.]) fazem uma crítica contundente à Reforma Pombalina educacional,
dizendo que ela:
[...] pode ser avaliada como sendo bastante desastrosa para a
Educação brasileira e, também, em certa medida para a Edu-
cação em Portugal, pois destruiu uma organização educacio-
nal já consolidada e com resultados, ainda que discutíveis e
contestáveis, e não implementou uma reforma que garantisse
um novo sistema educacional. Portanto, a crítica que se pode
formular nesse sentido, e que vale para nossos dias, refere-se
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Saiba mais
A Guerra do Paraguai (1864-1870) proporcionou a discussão
entre as camadas pobres e escravas sobre o direito de acesso
à educação. Nos navios os “homens comuns” compartilhavam
do mesmo sofrimento e desenvolviam com a mesma capaci-
dade as atividades dos jovens oficiais. Um movimento de classe
começava a surgir.culos para chegar à forma “definitiva”, que
conhecemos até hoje.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
5 Este primeiro jornal protestante chamava-se Imprensa Evangélica e circulou entre 1864 a
1892.
6 O Mackenzie College é atualmente dividido ente a Universidade Presbiteriana M ackenzie
e o Colégio Presbiteriano Mackenzie. Para saber informações sobre essas instituições a cesse:
www.mackenzie.br e www.emack.com.br.
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Reprodução Iconographia
Figura 4 - Instituto Granbery, Juiz de Fora, Minas Gerais, 1946.
Instituto Granbery
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Dica de Leitura
Para saber mais sobre os grupos escolares indicamos a seguinte leitura:
BENCOSTTA, M. L. Grupos escolares no Brasil: um novo modelo de
escola primária. In: STEPHANOU, M.; BASTOS, M. H. C. História
e memórias da educação no Brasil. Século XX. Petrópolis: Editora
Vozes, 2005. v. 3.
Figura 5 - Grupo Escolar Dom Pedro II, Ouro Preto/MG, década de 20 do século XX.
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Reprodução Iconographia
Figura 7 - Instituto Muniz Barreto (escola – sala de aula
só para meninos). Rio de Janeiro, 1904.
Reprodução Iconographia
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Síntese
O início da educação brasileira foi dirigido pelos padres jesuítas, que
procuravam novos fiéis da Igreja católica e transmitiam sua religião e cultura
baseados na obra de Aristóteles e Santo Tomás de Aquino. Com a tentativa
de modernidade, liderada por Marquês de Pombal, eles foram expulsos
e a educação ficou fragmentada, nas mãos de professores, geralmente,
despreparados.
A partir de 1808, com a chegada da família real ao Brasil, houve a
preocupação de investir no ensino superior, já que a Corte e a elite não
estavam indo à Europa para finalizar seus estudos. O Império continuou
privilegiando o ensino superior em detrimento do primário e secundário.
A República Velha tentou romper com as antigas estruturas do Império e
investiu nas ideias positivistas e na discussão das escolas gratuitas, apesar do
ensino ainda ser algo inalcançado pela maioria da população.
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Educação no Brasil: de
1930 ao Regime Militar
Alicia Mariani Lucio Landes da Silva
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Educação no Brasil: de 1930 ao Regime Militar
Quadro 1
Nome Período Características e acontecimentos
• Política de valorização do café.
Governo • Conseguiu transformar os pau-
1930-1934
provisório listas em seus aliados.
• Início do populismo.
• Ideias fascistas e anticomunistas.
Governo
1934-1937 • Culto ao líder e valorização do nacionalismo.
constitucional
• Plano Cohen.
• Regime Militar.
• Criação da Vale do Rio Doce, investi-
mentos na siderúrgica nacional e a forma-
Estado Novo 1937-1945 ção do conselho nacional de petróleo.
• Consolidação das Leis Trabalhistas.
• Segunda Guerra Mundial.
Vargas tornou-se o líder supremo do país. Um ditador que reprimia
com censura tudo e todos que se posicionassem contrários às suas ordens.
Apesar de apoiar os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, ele
era simpatizante das ideias fascistas e nazistas, vindas, respectivamente, da
Itália e Alemanha.
O momento histórico exigiu mudanças na sociedade e, consequente-
mente, na educação. Havia o interesse de romper com as antigas estruturas
do ensino. A sociedade, predominantemente rural, passou a se tornar mais
industrializada e necessitou de uma nova mão de obra.
O analfabetismo precisava ser diminuído, pois o trabalhador urbano
teria que ter conhecimento e preparo para desenvolver as suas funções. Nessa
época, foi criado o ensino supletivo para alfabetizar os trabalhadores que não
tiveram oportunidade de estudar durante a infância e a juventude. Apesar da
criação do ensino supletivo, a alfabetização não foi prioridade, o que estava
em foco era a educação das elites. O ministro Capanema, por exemplo, acre-
ditava que “com verdadeiras eli-tes se resolveria não somente o problema do
ensino primário, mas o da mobilização de elementos capazes de movimen-
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
7 Os primeiros Grupos escolares já haviam sido instalados no final do século XIX, como
é o caso do Primeiro Grupo Escolar de Campinas, de 1897, que, em 1917, foi denomina-
do Grupo Escolar Francisco Glicério e, atualmente, chama-se Escola Estadual Francisco
Glicério.
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Educação no Brasil: de 1930 ao Regime Militar
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Saiba mais
O atentado da Rua do Tonelero foi a tentativa de assassinato
do político e jornalista Carlos Lacerda. Ele era um dos maio-
res opositores de Getúlio Vargas e o acusou de ter armado a
emboscada em frente à sua residência.
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Educação no Brasil: de 1930 ao Regime Militar
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Saiba mais
A Teoria do Capital Humano surgiu em meados dos anos
50 do século XX, nos Estados Unidos. Seu autor, Theo-
dore W. Schultz, dizia que o trabalho humano realizado por
meio da qualificação adquirida pela educação ampliava a
produção econômica.
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Educação no Brasil: de 1930 ao Regime Militar
Como visto, o ensino superior estava abrindo mais ainda as suas por-
tas para as instituições particulares. As vagas das universidades particulares
deveriam atender aos alunos oriundos das classes menos favorecidas que não
conseguiriam entrar nas universidades públicas. Além disso, as preocupa-
ções estavam voltadas para o mercado de trabalho. Como lembra Germano
(1994), a reforma do ensino universitário visava:
1) Controle político e ideológico da educação escolar, em todos os
níveis [...] 2) Estabelecimento de uma relação direta e imediata, se-
gundo a “Teoria do Capital Humano”, entre educação e produção
capitalista e que aparece de forma mais evidente na reforma do ensino
do 2° grau, através da pretensa profissionalização. 3) Incentivo à pes-
quisa vinculada a acumulação de capital. 4) Descomprometimento
com o financiamento da educação pública e gratuita, negando, na
prática, o discurso de valorização da educação escolar e concorrendo
decisivamente para a corrupção e privatização do ensino, transfor-
mada em negócio rendoso e subsidiado pelo Estado. Dessa forma, o
Regime delega e incentiva a participação do setor privado na expansão
do sistema educacional e desqualifica a escola pública de 1º e 2º graus,
sobretudo (GERMANO, 1994, p. 105).
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Educação no Brasil: de 1930 ao Regime Militar
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Quadro 3
1º grau 2º grau
Atividades Áreas de estudo Disciplinas
Núcleo
6ªs, 7ªs 1ªs, 2ªs,
1ªs, 2ªs, 3ªs, 4ªs e 5ªs
e 8ªs. 3ªs e 4ªs.
1. Comunicação 1. Comunicação 1. Língua Por- 1. Língua Portuguesa
e Expressão e Expressão tuguesa
2. Literatura Brasileira
2. Estudos 1. Integração Social 2. Estudos Sociais
1. História
Sociais
2. Iniciação às 1. Matemática
2. Geografia
3. Ciências Ciências
2. Ciências
3. Organização Social
e Política Brasileira
1. Matemática
2. Ciências Físicas
e Biológicas
Fonte: Romanelli (2010, p. 253).
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Educação no Brasil: de 1930 ao Regime Militar
linha dura). Uma das medidas que indicou a abertura foi o fim do AI-58 e
a restauração dos habeas corpus. A democracia estava chegando aos poucos.
Entre 1979 e 1985 o Brasil teve o seu último presidente no Regime
Militar, o general João Baptista Figueiredo. Ele continuou o processo de
abertura política realizando a Lei da Anistia; também o pluripartidarismo foi
reestabelecido. Enquanto a recessão e a inflação aumentavam, novos partidos
e sindicatos começaram a ganhar poder na política nacional. O movimento
“Diretas Já”, lançado em 1984, encontrou milhares de adeptos e exigiu as
eleições diretas para presidente. Em 1985, por meio de uma eleição indireta,
o Colégio Eleitoral elegeu Tancredo Neves como presidente do país; porém,
ele veio a falecer antes da posse e seu vice, José Sarney, assumiu o governo
como o primeiro presidente do período democrático após o Regime Militar.
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Educação no Brasil:
o período de
redemocratização
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Educação no Brasil: o período de redemocratização
UFRRJ
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Educação no Brasil: o período de redemocratização
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Reflita
Apesar de em seu texto lermos os termos “igualdade”, “liber-
dade”, “valorização”, “qualidade”, sabemos que a educação
brasileira ainda tem um longo caminho para chegar ao ideário
da Constituição. Na prática, os índices ainda revelam um grande
número de pessoas fora da escola, sem condições de acesso
ou permanência. A legalização já aconteceu em 1988, espera-
mos agora por sua realização plena, ainda que pareça utopia.
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Educação no Brasil: o período de redemocratização
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Comentário/
Artigo Texto legal
Complemento
“As universidades gozam de autono- As universidades podem con-
mia didático-científica, administrativa tratar seus próprios professores
207 e de gestão financeira e patrimonial, e dentro do processo da lei. O
obedecerão ao princípio de indissociabili- ensino superior é algo novo
dade entre ensino, pesquisa e extensão.” dentro das Constituições.
“O ensino é livre à iniciativa privada,
atendidas as seguintes condições:
Obrigação das instituições
I – cumprimento das normas
209 privadas de se submete-
gerais da educação nacional;
rem ao Poder Público.
II – autorização e avaliação de qua-
lidade pelo Poder Público.”
O ensino religioso aparece como
disciplina facultativa. Afirma-se
“Serão fixados conteúdos mínimos
a língua portuguesa como a lín-
para o ensino fundamental, de maneira
gua oficial ensinada nas escolas,
210 a assegurar formação básica comum
salvo em comunidades indígenas
e respeito aos valores culturais e
que têm liberdade para utilizar a
artísticos, nacionais e regionais.”
língua materna e seus próprios
métodos de aprendizagem.
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Educação no Brasil: o período de redemocratização
Comentário/
Artigo Texto legal
Complemento
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
A Constituição foi um avanço para a sociedade bra-
sileira em muitos aspectos. Na área da educação ela
significou a chamada de atenção e a responsabilização
do Estado em questões antes deixadas à margem.
A próxima Lei específica sobre a educação seria promulgada oito anos mais
tarde, em 1996. É o assunto que abordaremos na próxima seção.
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Educação no Brasil: o período de redemocratização
Outra novidade da lei foi a divisão do ensino em dois
níveis: educação básica e ensino superior. A educação
básica é dividida em três etapas: educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio. O ensino fundamental é de
obrigatoriedade e tem a sua oferta garantida pela lei..
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Educação no Brasil: o período de redemocratização
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Educação no Brasil: o período de redemocratização
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Dica de Leitura
Para saber mais e aprofundar as discussões e análises sobre a educa-
ção nas constituições brasileiras e LDB, leia:
ABREU, D. C. Políticas públicas e legislação educacional. Curitiba:
Fael, 2011. .
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Educação no Brasil: o período de redemocratização
Dica de Leitura
Depois de publicada, a Lei n. 9.394/96 sofreu algumas modificações
em seu texto original, que podem ser verificadas no link <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>.
BRASIL. Lei n. 9.934, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 20 dez. 1996.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.
htm>. Acesso em: 11 nov. 2012.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Síntese
Neste capítulo, estudamos um panorama da educação brasileira depois
do fim do Regime Militar no país. Vimos um breve histórico dos primeiros
governos do período da abertura política e algumas de suas realizações. Como
mais significativo encontramos a Constituição de 1988 e a Lei de Bases e
Diretrizes da Educação de 1996.
A Constituição de 1988 foi um marco na história do país, pois
estabeleceu as leis para a nova sociedade democrática. Em seus arts. 205 a
213, a Constituição trata da educação como (em parte) responsabilidade do
Estado, aprova a obrigatoriedade gradativa do ensino médio (que está em
andamento) e inclui a educação infantil e o ensino superior.
Sobre a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, estudiosos
como Otranto (1996), Frigotto e Ciavatta (2003) afirmam que a Lei foi
aprovada sem a discussão necessária dos intelectuais da educação. Na
verdade, ela veio a atender mais aos interesses mercadológicos do que às reais
necessidades educacionais.
Podemos encerrar lembrando que taxas de analfabetismo, evasão escolar
e falta de recursos destinados à educação são alguns dos problemas que os
governos brasileiros ainda precisam dar conta de resolver.
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Educação
contemporânea
no Brasil
Alicia Mariani Lucio Landes da Silva
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Educação contemporânea no Brasil
Saiba mais
O neoliberalismo é uma teoria criada em 1947, por Friedrich
August Von Hayek. Foi inicialmente aplicada nos governos
de Margareth Thatcher (Reino Unido) e Ronald Reagan
(Estados Unidos). O neoliberalismo parte do princípio de
que o mercado regula a sociedade. O mercado tem um papel
mínimo, restando a ele e às empresas privadas o papel de
atender à sociedade.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Educação contemporânea no Brasil
Dica de Leitura
Para ampliar o estudo e conhecimento sobre a atuação das agências
multinacionais e sua interferência na educação brasileira é interes-
sante a leitura da obra citada:
OLIVEIRA, R. de. Agências multinacionais e a educação profis-
sional brasileira. Campinas: Alínea, 2006
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Educação contemporânea no Brasil
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
menos, tem um fim (no sentido de esgotar). Ela passa por um processo de
formação continuada.
Vivemos em uma sociedade em que os meios de comunicação têm
tomado parte do convívio das pessoas. E as relações sociais e o convívio
podem ser mais virtuais do que presenciais. O que não devemos esquecer
é que ainda existe um número expressivo de brasileiros que não têm acesso
a estas tecnologias, assim, o mundo globalizado é, por efeito, um universo
excludente, individualista (paradoxalmente) e competitivo.
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Educação contemporânea no Brasil
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Dica de Leitura
O espaço não permite uma explanação detalhada deste conteúdo, mas
o leitor poderá conferir o texto integral da Lei n. 10.172/2001 no site
do planalto do governo, acessando o link <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10172.htm>.
BRASIL. Lei n. 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano
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Educação contemporânea no Brasil
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Educação contemporânea no Brasil
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
É notório que a Lei reflete uma luta do movimento social negro. Para
Rocha (2006), ao analisarmos a Lei, podemos vislumbrar dois pontos de par-
tida. Ela pode ser considerada uma política afirmativa que representa avanços
significativos na educação e relações sociais? Ou ela faz parte de uma estraté-
gia das políticas dominantes de financiamento que dão uma falsa autonomia,
sentido e significado mínimo para os países dominados? Até que ponto a Lei
representa uma luta ou uma concessão?
Nosso país é fruto da herança da miscigenação que aconteceu entre
povos (principalmente na mistura entre índios, europeus e africanos). Devido
ao intenso processo de escravidão, o Brasil é um dos lugares com a maior
quantidade de afrodescendentes. A contribuição do povo africano em todos
os aspectos da cultura brasileira é inegável. Muito tempo foi desperdiçado ao
se deixar de lado o estudo e a valorização desta contribuição social.
Seria muita ingenuidade imaginar que a Lei só foi aprovada porque ins-
tâncias maiores queriam dar um mínimo significado para as classes popu-
lares brasileiras, como se dessem um pouco de felicidade para abafar possí-
veis revoltas sociais (como o pensamento neoliberal poderia imaginar). A Lei
reflete uma intensa luta pela igualdade das relações raciais e sociais. Pressões e
discussões foram calorosamente realizadas até a publicação do texto legal. Se
isso precisou tornar-se obrigatório é porque, na prática, o tema não era con-
siderado natural ou corriqueiro. Foi necessária uma lei para “forçar” escolas e
educadores a darem o devido valor para o assunto. Desta feita, concordamos
com a afirmação de Rocha (2006, p. 113):
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Educação contemporânea no Brasil
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Educação contemporânea no Brasil
Pilar Princípio
Aprender a compreender, a pensar. Reinventar o pensar e
Aprender a conhecer
reinventar o futuro. É mais do que aprender a aprender.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Pilar Princípio
Competência para enfrentar situações. Traba-
lho em equipe. Vai além da qualificação pro-
Aprender a fazer
fissional (lembrando que muitos dos afaze-
res hoje são substituídos por máquinas).
Viver em conjunto. Administrar confli-
Aprender a viver juntos
tos. Participar de projetos comuns.
Desenvolvimento pleno do ser humano: criativi-
Aprender a ser dade, espiritualidade, inteligência, iniciativa, pen-
samento autônomo e crítico, entre outros fatores.
Fonte: Gadotti (2000, p. 9-10).
O autor completa seu pensamento citando algumas categorias necessá-
rias para que a educação se desenvolva, como exemplo:
22 cidadania;
22 planetariedade;
22 sustentabilidade;
22 virtualidade;
22 globalização;
22 transdisciplinariedade;
22 dialogicidade ou dialeticidade.
O certo é que a educação brasileira já conseguiu superar muitos desafios
educacionais. Retornando ao início deste livro, quando verificamos as ações
desenvolvidas pelos jesuítas com objetivos de catequização e de dominação,
passamos por tendências tradicionais, religiosas, laicas, que privilegiavam ora
o professor, ora o aluno, que procuravam a transformação da sociedade ou a
sua manutenção.
Se quisermos vislumbrar um futuro melhor para a educação brasileira,
um dos primeiros passos será cumprirmos o papel de cidadãos, no exercí-
cio da democracia, de maneira consciente e ativa. É importante escolhermos
melhor nossos representantes políticos, que, afinal, estarão criando, promul-
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Educação contemporânea no Brasil
Síntese
No decorrer do capítulo, montamos um breve panorama de pontos que
interferiram na educação brasileira a partir de 1990. Observamos que, com
a política neoliberal, a educação passou a ser tratada como uma mercadoria
comercial. De maneira crescente, o governo federal procurou isentar-se de suas
responsabilidades, realizando financiamentos e deslocando o compromisso
para outras instâncias.
Verificamos que a globalização pode ser vista como algo positivo ou
negativo. Positivo, por interligar os povos e realizar a comunicação entre
– 109 –
História, Filosofia e Sociologia da Educação
todos, transmitindo informações cada vez mais rápidas. Negativo, por querer
igualar as condutas sociais e espalhar modelos a serem seguidos.
Com as novas legislações, grupos sociais antes marginalizados conse-
guiram reconhecimento e espaço no currículo escolar. O estudo obrigatório
da cultura afro-indígena representou o rompimento de barreiras sociais e
valorização da identidade nacional. Por fim, provocamos a reflexão sobre
pontos e atitudes que precisam ser tomadas para uma educação do futuro.
– 110 –
6
Pensamentos e
movimentos histórico-
sociais pela educação
Alicia Mariani Lucio Landes da Silva
Saiba mais
Maria Montessori fazia parte do grupo de intelectuais europeus
que estava buscando uma “nova educação”. Em 1946, Paris
sediou o primeiro Congresso da Educação Nova.
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Pensamentos e movimentos histórico-sociais pela educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
fez com que somente escolas particulares tivessem condições de equipar sua
instituição para desenvolver o método em sua plenitude.
A educação montessoriana ajudou a mudar o pensamento e as prá-
ticas de educadores brasileiros que antes adotavam a educação tra-
dicional. No entanto, não adiantava o aluno frequentar a pré-escola
montessoriana e depois ter que estudar em uma escola comum, que não
tinha os mesmos padrões de atendimento, materiais e quantidade de fun-
cionários como na primeira escola (FRANCISCO FILHO, 2004, p. 168).
A concepção de educação proposta por Maria Montessori ajudou a
mudar a maneira de pensar a criança e a escola e influenciou as mudanças
da Escola Tradicional para a Escola Nova. Até hoje essas ideias influenciam
o pensamento de muitos educadores. Segundo informações do site da Orga-
nização Montessori do Brasil, em 2012 existiam 57 escolas filiadas a esta
organização. Elas ficam nos seguintes estados: seis no Rio Grande do Sul;
quatro em Santa Catarina; uma no Paraná; uma no Mato Grosso do Sul;
nove em São Paulo; dez no Rio de Janeiro; três em Minas Gerais; três no
Distrito Federal; onze na Bahia; uma em Alagoas; duas em Pernambuco;
uma no Piauí; três no Maranhão; e duas no Pará.
Saiba mais
Para saber mais sobre a atual situação das propostas montessoria-
nas no Brasil, acesse o site da Organização Montessori no Brasil:
<www.omb.org.br>.
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Pensamentos e movimentos histórico-sociais pela educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Pensamentos e movimentos histórico-sociais pela educação
6.3 Construtivismo
O Construtivismo foi aplicado à educação, mas teve suas origens na psi-
cologia. Seus fundamentos estão baseados nos estudos de Jean Piaget, Emília
Ferreiro e Vygotsky. A ênfase está no aspecto cognitivo do aluno e, por isso, o
conhecimento das etapas do desenvolvimento é tão importante.
Segundo Piaget (apud DAVIS; OLIVEIRA, 1991, p. 56), o desenvol-
vimento humano engloba quatro etapas: a sociomotora, a pré-operatória,
a operatório-concreta e a operatório formal. É importante respeitar estas
etapas para que a aprendizagem ocorra de maneira natural. De acordo com
Davis e Oliveira (1991, p. 56):
Piaget acredita que a aprendizagem subordina-se ao desenvolvi-
mento e tem pouco impacto sobre ele. Com isso, ele minimiza
o papel da interação social. Vygotski, ao contrário, p
ostula que
desenvolvimento e aprendizagem são processos que se influen-
ciam reciprocamente, de modo que, quanto mais aprendizagem,
mais desenvolvimento.
– 117 –
História, Filosofia e Sociologia da Educação
O erro não é visto como algo negativo, mas como parte do processo. O
aluno acaba errando algumas vezes na tentativa de acertar e construir o seu
conhecimento. Um exemplo clássico é quando uma criança de 4 ou 5 anos
pega uma bola de massinha de modelar e a transforma em uma cobrinha. Ela
acha que a cobrinha tem mais massa do que a bola por ser mais comprida.
A criança não errou, esse é apenas o raciocínio próprio de sua idade. Seu
desenvolvimento intelectual será evidenciado ao amadurecer para a próxima
etapa de desenvolvimento. Isso não significa que a escola não deva corrigir
o aluno. Quando necessária, a correção é feita como meio de proporcionar
a aprendizagem e não como forma de censura. A criança pode, inclusive, ser
retida de ano, caso não demonstre condições de acompanhar a série seguinte.
Ao contrário da Escola Tradicional, a competição não é estimulada. O
convívio e as atitudes de cooperação entre os alunos são valorizados. O estí-
mulo para avançar nos estudos fica por conta do educando encarar seus desa-
fios pessoais.
A rigidez no ensino, tão almejada na Escola Tradicional, é aqui cri-
ticada. A escola deve ser um ambiente acolhedor e estimulante. Além das
provas, o uso de materiais didáticos que não façam parte do cotidiano do
aluno é condenado. O ensino deve ser significativo e espontâneo. O aluno
deve estar rodeado de materiais que façam parte de seu universo pessoal. As
atividades de pesquisa em grupo também representam parte importante do
processo de aprendizagem.
Emília Ferreiro (apud NOVA ESCOLA, 1995) utiliza-se das teorias de
Piaget e as transfere para o estudo do processo de alfabetização de crianças,
chegando à conclusão de que uma criança pode ser alfabetizada espontanea-
mente, desde que esteja em um ambiente estimulador e propício. Veja como
acontece a alfabetização na visão de Ferreiro.
Quadro 1
Fase Aptidões Exemplo
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Pensamentos e movimentos histórico-sociais pela educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Pensamentos e movimentos histórico-sociais pela educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Saiba mais
Para obter mais informações dobre o MEB, acesse o site oficial:
<www.meb.org.br>.
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Pensamentos e movimentos histórico-sociais pela educação
professor de português do Colégio Oswaldo Cruz (no qual ele foi aluno do
ensino secundário).
Em 1947, tornou-se diretor do setor de Educação e Cultura do Sesi
de Pernambuco e de 1954 a 1957 esteve à frente da superintendência desta
instituição. No ano de 1960, já com o título de doutor, foi nomeado para o
cargo de professor efetivo de Filosofia e História da Educação na Universidade
do Recife. Participou, em 1960, do Movimento de Cultura Popular (MCP)
que aconteceu no Recife e, dois anos depois, foi diretor do Serviço de Extensão
e Cultura (SEC) da Universidade do Recife. Em 1963, foi presidente da
Comissão Nacional de Cultura Popular e, em 1964, tornou-se coordenador
do Programa Nacional de Alfabetização.
Seus estudos voltados para a alfabetização de adultos só começaram a
ficar conhecidos no Brasil em “1963, quando o seu método de alfabetização
de adultos foi divulgado em ampla campanha publicitária promovida pela
Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Norte” (BEISIEGEL,
2010, p. 14).
Com o início do Regime Militar, Freire pediu exílio político para o
Chile, onde ficou até 1969. Neste período, trabalhou no Instituto de Pesquisa
e Treinamento Agrária, no Escritório Especial para a Educação de Adultos,
na Universidade Católica de Santiago e no escritório regional da Unesco.
Lecionou em Harvard, nos Estados Unidos, em 1970. Voltou para o Brasil
em 1980, onde lecionou na PUC-SP, Unicamp e USP.
Figura 2 - Paulo Freire.
Folhapress/Bel Pedrosa
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Dica de Leitura
Para aprofundar o conhecimento sobre os estudos de Paulo
Freire, sugerimos a leitura da obra Pedagogia do oprimido.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 18. ed. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
Freire firmava sua visão no pensamento cristão. Para ele, o homem era
criação divina e devia viver de forma consciente no espaço e tempo em que
estava inserido. A escola seria um meio pelo qual o homem alcançaria esta
consciência, conforme lembra Beisiegel (2010, p. 30):
Entre os numerosos temas do pensamento cristão renovador en-
volvidos nas reflexões entre educação e humanização, o tema do
comprometimento do homem com a sua realidade prevalece sobre
os demais. Aberto para o mundo, criador de cultura no âmbito das
relações que mantém com os outros homens, com o mundo e com
o Criador, é enquanto interfere que o homem realiza plenamente
sua humanidade. Mas as possibilidades de interferência do homem
se definiam e encontravam limitações no interior de uma realidade
histórica e social determinada. E somente a formação e o desen-
volvimento de uma consciência capaz de apreender criticamente as
características dessa realidade particular possibilitariam o exercício
de sua atuação criadora.
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Pensamentos e movimentos histórico-sociais pela educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Pensamentos e movimentos histórico-sociais pela educação
das sociais podem obter o saber universal. Este saber faz o aluno compreender
a sua realidade para poder atuar criticamente e democraticamente no sentido
de transformar a sua realidade.
A relação entre professor e aluno é dinâmica. Neste pensamento, tanto
professor quanto aluno são sujeitos ativos, seres sócio-históricos que fazem
parte de uma determinada classe social. O professor é aquele que direciona,
interfere e cria condições de aprendizagem, ou seja, ele interage junto ao
aluno na aquisição do conhecimento.
A interação professor e aluno é estimulada por meio do diálogo. Traba-
lhos que envolvam debates, leituras, discussões, conversas, exposições, traba-
lhos em grupos e individuais marcam a metodologia de ensino.
As provas tradicionais não fazem parte desta prática. A avaliação não está
voltada somente para o aprendizado do aluno. Por meio de uma avaliação
permanente e contínua (diagnóstica) o professor percebe o desenrolar de sua
prática pedagógica e pode reformular ou interferir para que o aprendizado
aconteça de maneira mais eficaz. Ao mesmo tempo, o aluno recebe o resul-
tado de sua avaliação para programar mudanças na sua forma de aprender.
Esta tendência utiliza-se de elementos provenientes da filosofia, psicolo-
gia e da didática. Suas influências vêm dos estudos do M
aterialismo Histórico-
-Dialético (de origem do pensamento de Marx) e da Teoria Histórico-Cul-
tural de Vygotsky. Utiliza-se, portanto, de dois teóricos que anteriormente
embasaram outros pensamentos da educação. No site da Unicamp Saviani
possui um link de glossário publicado sobre o verbete “Pedagogia Histórico-
-Crítica”. Em linhas gerais, o próprio intelectual define que:
essa pedagogia é tributária da concepção dialética, especificamente na
versão do materialismo histórico, tendo fortes afinidades, no que se
refere às suas bases psicológicas, com a psicologia histórico-cultural
desenvolvida pela “Escola de Vigotski”. A educação é entendida como
o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo sin-
gular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo
conjunto dos homens. Em outros termos, isso significa que a educa-
ção é entendida como mediação no seio da prática social global. A
prática social se põe, portanto, como o ponto de partida e o ponto
de chegada da prática educativa. Daí decorre um método pedagógico
que parte da prática social onde professor e aluno se encontram igual-
mente inseridos, ocupando, porém, posições distintas, condição para
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
– 128 –
Pensamentos e movimentos histórico-sociais pela educação
Podemos concluir que a Pedagogia Histórico-Crítica
pretende desenvolver cidadãos conscientes de seu lugar
histórico e social, que consiga transformar o saber objetivo
em saber escolar e que não apenas assimilem estes
conteúdos, mas que consigam utili-
zá-los como formas de transformação da sociedade.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Síntese
Podemos afirmar que os pensamentos pedagógicos aqui explanados são
frutos do contexto histórico, social e econômico. As contribuições de Maria
Montessori refletiam o anseio europeu de uma educação diferenciada, que
atendesse às aspirações da nova vida moderna do século XX. Assim como
os estudos da médica e educadora Montessori foram transportados para a
educação, as análises psicológicas de Piaget, Vyigotsy e Emília Ferreiro foram
levadas para a Teoria do Construtivismo. Essa última teoria influenciou duas
legislações brasileiras e se faz presente (ainda que não no seu sentido original)
em muitas escolas do país.
Marx, por sua vez, apesar de ser um estudioso das relações de poder e das
estruturas, teve sua teoria transportada para o campo educacional influen-
ciando, inclusive, outros pensadores, como Paulo Freire.
Verificamos que as teorias desenvolvidas no século XX, apesar de
diferentes entre si, trazem algo em comum: o desejo de tornar o ensino mais
significativo e democrática para o aluno (embora a falta de recursos e de
estrutura das escolas públicas não permitam a implantação plena dos métodos
de ensino). Para encerrar, relembramos que, em determinados momentos,
essas teorias coexistiram, ou seja, uma não veio para substituir a outra.
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7
Educação Quilombola
e Afrodescendente:
políticas e projetos
Cassius Marcelus Cruz
dade? Essas são algumas das questões que devem orientar a reflexão do texto
e das aulas sobre educação afrodescendente e quilombola.
Antes de se aprofundar nessas questões, reflitamos sobre os processos
históricos com os quais elas estão envolvidas.
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Educação Quilombola e Afrodescendente: políticas e projetos
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Educação Quilombola e Afrodescendente: políticas e projetos
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Educação Quilombola e Afrodescendente: políticas e projetos
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
escolar que lhes foram impostas ao longo da história. Dentre essas experiên‑
cias de educação do negro3, podemos destacar:
22 as atividades realizadas pelas irmandades negras, durante os séculos
XVIII e XIX, ou por organizações negras, como a Frente Negra e o
Teatro Experimental do Negro, durante o século XX;
22 iniciativas de indivíduos negros com maior nível de educação for‑
mal, como o caso ocorrido em 1853, quando o educador negro
Pretextato dos Passos Silva4 apresentou requerimento à Corte, no
Rio de Janeiro, solicitando autorização para “criação de uma escola
destinada a meninos pretos e pardos”;
22 as experiências das inúmeras organizações que foram criadas a par‑
tir da década de 70 do século XX que, além da crítica à política
educacional, passaram a desenvolver processos educativos autôno‑
mos, tomando como base o estudo de história e cultura africana e
produzindo práticas educativas associadas à elevação da autoestima
da população negra, através, por exemplo, dos grupos de dança ou
blocos carnavalescos afro‑brasileiros;
22 as experiências de educação não escolar destinadas à manutenção e
fortalecimento dos laços ancestrais que permitem a persistente pre‑
sença dos territórios das religiões de matriz africana e das comuni‑
dades quilombolas, definidos anteriormente como processos edu‑
cacionais de transmissão de conhecimentos tradicionais.
Entretanto, desconsiderando os casos em que conseguiram articular‑se à
educação escolar, essas experiências foram e continuam sendo deslegitimadas
3 O conceito de negro aqui empregado tem base política, etnossemântica e ideológiga, e não
biológica. Trata‑se de um conceito reapropriado pelos movimentos negros, já que, no período
colonial, distinguia‑se do termo preto por indicar os sujeitos africanos escravizados ou descendentes
que tinham uma postura de resistência frente à escravidão. Em contraposição a brancos e mestiços,
o conceito de negro define pessoas com aparência marcadamente negroide.
4 O referido educador apresentou requerimento, acompanhado de lista de assinatura dos pais das
crianças negras, onde “argumenta que, sendo ele negro e compreendendo a vida daquelas crianças,
poderia ‘ensinar com perfeição e sem coação’. [...] Pretextato implantou e trabalhou em sua escola
por mais de 20 anos” (CUNHA JR, 2001).
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Educação Quilombola e Afrodescendente: políticas e projetos
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Educação Quilombola e Afrodescendente: políticas e projetos
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Educação Quilombola e Afrodescendente: políticas e projetos
Parte dos movimentos sociais negros buscou essa vivência de cultura cole‑
tiva nas terras de preto, mocambos, lugar de preto, dentre outras designações de
comunidades negras rurais. Locais onde as questões fundiárias e etnorraciais pre‑
sentes no país se cruzam e fornecem outra abordagem do conceito de quilombo.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Educação Quilombola e Afrodescendente: políticas e projetos
8 Como aponta Almeida (2005, p. 17), “o processo social de afirmação étnica, referido aos
chamados quilombolas, não se desencadeia necessariamente a partir da Constituição de 1988,
uma vez que ela própria é resultante de intensas mobilizações, acirrados conflitos e lutas sociais
que impuseram as denominadas terras de preto, mocambos, lugar de preto e outras designações
que consolidaram de certo modo diferentes modalidades de territorialização das comunidades
remanescentes de quilombos.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Educação Quilombola e Afrodescendente: políticas e projetos
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Educação Indígena:
políticas públicas,
diretos e práticas
pedagógicas
Lilianny Rodriguez Barreto dos Passos
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Educação Indígena: políticas públicas, diretos e práticas pedagógicas
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Educação Indígena: políticas públicas, diretos e práticas pedagógicas
8 Como metodologia de ensino, o processo de alfabetização das crianças indígenas era realizado
por professores não indígenas, e os indígenas eram contratados como “monitores bilíngues”, isto é,
serviam apenas como tradutores de uma língua à outra.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Educação Indígena: políticas públicas, diretos e práticas pedagógicas
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
de Apoio ao Índio (ANAÍ), Centro de Trabalho Indigenista (CTI) e Operação Amazônia Nativa
(OPAN) (FERREIRA, 2001, p. 87).
10 De fato, atualmente, a palavra “cultura” e “etnia” são ouvidas com freqüência no discurso dos
povos indígenas. Note-se, entretanto, que não se pode simplificar o discurso indígena, a simples
reprodução de categorias não-indígenas. De acordo com Albert, “o discurso indígena das últimas
décadas se funda em um duplo enraizamento simbólico: numa auto-objetivação por meio das
categorias brancas da etnificação (“território”, “cultura”, “meio ambiente”) e numa reelaboração
cosmológica dos fatos e efeitos do contato.” (2002, p. 242). Ou seja, há que se compreender
também nesses discursos a reelaboração destas categorias a partir dos esquemas sociocosmológicos
indígenas.
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Educação Indígena: políticas públicas, diretos e práticas pedagógicas
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
12 Além dos documentos nacionais, há também uma série de documentos internacionais que
garantem direitos específicos para os povos indígenas. Entre eles, a Convenção sobre os Povos
Indígenas – OIT 169, adotada em 1989, a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural
Imaterial, de 2003, a Declaração das Nações Unidas sobre os Povos Indígenas, concluída em 2006, a
Estratégia de Meio Termo, finalizada em 2007 e a Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, de
1996.
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Educação Indígena: políticas públicas, diretos e práticas pedagógicas
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Educação Indígena: políticas públicas, diretos e práticas pedagógicas
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
os alunos indígenas, precisam se deslocar para escolas fora de suas terras, isto
é, complementam seus estudos em escolas não indígenas14.
Entretanto, segundo Both, se a escola não indígena, reproduzir um
modelo de educação monoculturalista, corre-se o risco de os alunos indígenas
não se reconhecerem nelas (2009, p. 99). Segundo Silva e Grupioni, a edu-
cação escolar deve colaborar na “[...] afirmação da possibilidade e análise das
condições necessárias para o convívio construtivo entre segmentos diferencia-
dos da população brasileira, visto como processo marcado pelo conhecimento
mútuo, pela aceitação das diferenças, pelo diálogo” (2004, p. 15).
Desse modo, os professores e as escolas não indígenas, devem estar pre-
parados para construir conhecimentos críticos acerca diversidade sociocul-
tural e linguística que permeia o cotidiano da escola, assim como, da socie-
dade brasileira:
O papel do professor é encarado na escola como o ator que
direciona e conduz o processo de ensino, domina o conte-
údo, contribui para que o estudante supere o universo do
sendo comum. Essa visão, como se pode perceber, associa-se
a pedagogia histórico-crítica ou pedagogia crítico-social dos
conteúdos (SILVA, 1999, p. 86 apud BOTH, 2009, p. 99).
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Educação Indígena: políticas públicas, diretos e práticas pedagógicas
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Educação Indígena: políticas públicas, diretos e práticas pedagógicas
Assim como nas escolas indígenas, a escola não indígena deve incluir
na proposta pedagógica a interculturalidade. Ou seja, os conhecimentos e
saberes dos alunos indígenas devem permear os conteúdos e o cotidiano da
escola com o mesmo status de igualdade que os conhecimentos não indíge-
nas. Em outras palavras, há que se valorizar em sala de aula, as contribuições
e os conhecimentos dos alunos indígenas, ou seja, os mitos, as histórias, a
botânica, a geografia, o artesanato e a matemática indígena. Outro impor-
tante recurso destacar as contribuições e a influência dos povos indígenas na
formação da cultura brasileira.
Ainda em relação as escolas indígenas, Tassinari (2001, p. 67-68) elabora
conceitualmente, a definição de escola de “fronteira”:
[...] enquanto “fronteira” é extremamente útil por englo-
bar tanto o reconhecimento das possibilidades de troca e
intercâmbio de conhecimentos e fluxo de pessoal quanto o
entendimento de situações de interdição dessa troca. Porém,
essas interdições não constituem meras barreiras estáveis, mas
funcionam também de forma dinâmica, fornecendo material
que vem reforçar diferenças ou manter distinções étnicas. É
por meio dessas zonas proibidas de diálogo que valores ou
critérios de distinção entre os povos em contato são criados
ou repensados. Falando concretamente, são esses limites que
reforçam preconceitos de ambos os lados. Do ponto de vista
da atuação prática nas escolas, o reconhecimentos dos limites
e das “zonas interditadas” é um primeiro passo para redirecio-
nar a atuação, e somente uma avaliação de cada caso poderá
decidir o que fazer: se é possível superar essas barreiras ou se
é o caso simplesmente de procurar contorná-las, ou de buscar
outras alternativas”.
Síntese
No Brasil, desde o início da colonização e posteriormente, com a cria-
ção do Serviço de Proteção ao Índio, em 1910, a cultura dos povos indíge-
nas foi desvalorizada no processo de construção da identidade e da história
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Educação Indígena: políticas públicas, diretos e práticas pedagógicas
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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9
Cidadania, direitos
humanos e o direito
à educação
Ana Cristina Gipiela Pienta
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Cidadania, direitos humanos e o direito à educação
2 Para conhecer mais sobre esse processo, ver Cury (2007) e Bovero (2002).
3 Ver análises construídas no capítulo 1 desta obra.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Cidadania, direitos humanos e o direito à educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
durante todo o século XIX. Verifica se que “a igualdade formal perante a lei
beneficia a princípio apenas aqueles cuja independência social e econômica os
habilita a tirar proveito de seus direitos legais [...]” (BENDIX, 1996, p. 135),
deixando a classe trabalhadora em situação de maior precariedade de vida do
que os servos medievais. A igualdade legalmente estabelecida pelos princípios
de cidadania se desenvolve ao mesmo tempo em que as desigualdades de
classe se fortalecem.
No processo de formação de cada Estado nação é possível identificar
movimentos dos diferentes grupos e classes sociais no sentido de reivindicar,
pressionar, negociar com os demais a extensão dos direitos para além das
classes privilegiadas. Nessa dinâmica, percebe-se a importância do direito de
associação (sindical, por exemplo) e de educação formal como fundamentais
para a entrada da classe trabalhadora na política nacional. Trataremos da
questão da educação mais à frente, mas é importante ressaltar que
Esses direitos são também um produto dos processos sociais levados
adiante pelos segmentos da classe trabalhadora, que viram nele um
meio de participação na vida econômica, social e política. Algumas ten-
dências afirmam a educação como um momento de reforma social em
cujo horizonte estaria a sociedade socialista. Para outras tendências, a
educação, própria da classe operária e conduzida por ela, indicava uma
contestação da sociedade capitalista e antecipação da nova sociedade.
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Cidadania, direitos humanos e o direito à educação
Sugestão de Leitura
BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Cidadania, direitos humanos e o direito à educação
dever. Assim, podemos afirmar que o direito à educação não pode ser
isolado do dever de frequentar a escola. Isso nos leva a compreender,
por um lado, o papel do Poder Público na oferta de escolarização para a
população44 e, por outro, o papel das famílias na garantia de frequência e
permanência das crianças e adolescentes em idade escolar em instituições
de educação e ensino.
A Constituição Imperial brasileira, aprovada em 1824, foi uma das
primeiras no mundo a estabelecer o direito à educação para toda a população5 ,
determinando em seu Art. 179 (BRASIL, 1824):
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos
Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a
propriedade, é garantida pela Constituição do Imperio, pela maneira
seguinte.
[...] ddddd
XXXII. A Instrucção primaria, e gratuita a todos os Cidadãos.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Cidadania, direitos humanos e o direito à educação
Sugestão de Leitura
BRUEL, A. L. Políticas e legislação da educação básica no
Brasil. Curitiba: Ibpex, 2010.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Cidadania, direitos humanos e o direito à educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
11 Conforme Art. 5º da CF de 1988, inciso LXX, “o mandado de segurança coletivo pode ser
impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo
menos, um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associado”.
12 Conforme Art. 5º da CF de 1988, inciso LXXI, “conceder se á mandado de injunção sem-
pre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”.
13 Conforme Art. 129 da CF de 1988, “são funções institucionais do Ministério Público: [...]
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e
social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos” (BRASIL, 1988).
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Cidadania, direitos humanos e o direito à educação
Dessa forma, se consolida a reciprocidade entre o direito à
educação como um direito social e o dever do Poder Público
enquanto ente responsável pela garantia desse direito.
Compreende se que a ação do Estado sobre a educação não se
esgota na oferta de vagas, mas abrange a garantia de acesso a
elas, permanência na escola e um padrão mínimo de qualidade
de ensino. Assim, não se pode falar em garantia do direito à edu
cação sem matrícula em instituição de educação ou de ensino
reconhecida pelo Poder Público, continuidade dos estudos com
vistas à conclusão, pelo menos, da educação básica, padrão de
qualidade que se reflita em aprendizagem efetiva do aluno.
Essa discussão sobre o direito à educação suscita, de um lado, a reflexão
sobre a necessidade de busca da igualdade, no sentido de garantir condições
e oportunidades iguais para todos os indivíduos, com o intuito de superar
a discriminação, a segregação, os privilégios e construir uma educação mais
universal e democrática. Por outro lado, não faz sentido a defesa de uma
igualdade tão absoluta e abstrata que perca de vista as diferenças individuais
e sufoque os sujeitos. Esse dilema, que pode se apresentar como paradoxal,
encerra uma questão de fundamental importância: os perigos de relativização
de todos os princípios universalizantes, levando à confusão entre os conceitos
de diferença e desigualdade.
Assim, a defesa de uma educação que possibilite a construção de uma
sociedade mais justa e democrática é, necessariamente, aquela que garanta a
emancipação dos sujeitos. Para possibilitar essa emancipação, é fundamental
que o processo de escolarização atenda às suas necessidades de aprendizagem,
levando-os à superação de seus limites e à construção de um conhecimento
que possua caráter sistemático, histórico e crítico. O conhecimento pode se
materializar em instrumento de desenvolvimento omnilateral do ser humano
e, por isso mesmo, de fortalecimento da justiça social.
Uma educação que instrumentalize os cidadãos para que possam
compreender melhor a realidade em que se inserem e agir sobre ela,
– 187 –
História, Filosofia e Sociologia da Educação
Dica de Filme
O filme intitulado Sociedade dos poetas mortos apresenta uma his-
tória fictícia desenrolada em uma tradicional escola secundária. Um
professor com atitudes pouco convencionais procura mostrar aos
alunos que o conhecimento pode ser mais intrigante do que o cur-
rículo proposto pela escola. As consequências são desafiadoras e
inquietantes, tanto para os alunos quanto para quem assiste ao filme.
O filme, mostra que existem novas formas de ensinar.
SOCIEDADE dos poetas mortos. Direção de Peter Weir.
EUA: Buena Vista Pictures, 1989. 1 filme (129 min.).
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Cidadania, direitos humanos e o direito à educação
Síntese
Neste capítulo discutimos a consolidação do direito à educação como um
direito de cidadania. A análise histórica do processo de definição de cidadania
mostra se de grande importância para a compreensão do movimento da
sociedade em torno da definição dos direitos sociais. Como a legislação é o
instrumento por excelência para a definição dos direitos, a reflexão sobre as
constituições federais do Brasil, em especial a aprovada em 1988, em vigor,
orientou a análise sobre elementos da política nacional voltados à realização
do direito à educação.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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10
O homem e sua
relação com o mundo:
Filosofia e Educação
Carlos Euclides Marques
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
1 Conhecimento adquirido pela tradição e acrescido pela experiência do dia a dia; conjunto de
ideias, preceitos, técnicas que permitem a interpretação da realidade; conhecimento espontâ-
neo, por vezes, pouco sistematizado e contraditório.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
suma, que a reflexão filosófica, para ser tal, deve ser radical, rigorosa
e de conjunto.
Radical:
Em primeiro lugar, exige-se que o problema seja colocado em termos
radicais, entendida a palavra radical no seu sentido mais próprio e
imediato. Quer dizer, é preciso que se vá até às raízes da questão,
até seus fundamentos. Em outras palavras, exige-se que se opere uma
reflexão em profundidade.
Rigorosa:
Em segundo lugar e como que para garantir a primeira exigência,
deve-se proceder com rigor, ou seja, sistematicamente, segundo
métodos determinados, colocando-se em questão as conclusões
da sabedoria popular e as generalizações apressadas que a ciência
pode ensejar.
De conjunto:
Em terceiro lugar, o problema não pode ser examinado de modo
parcial, mas numa perspectiva de conjunto, relacionando-se o
aspecto em questão com os demais aspectos do contexto em que
está inserido. É neste ponto que a filosofia se distingue da ciência
de um modo mais marcante. Com efeito, ao contrário da ciência,
a filosofia não tem objeto determinado; ela dirige-se a qualquer
aspecto da realidade, desde que seja problemático; seu campo de
ação é o problema, esteja onde estiver. Melhor dizendo, seu campo
de ação é o problema enquanto não se sabe ainda onde ele está;
por isso se diz que a filosofia é busca. [...] Além disso, enquanto a
ciência isola o seu aspecto do contexto e o analisa separadamente,
a filosofia, embora dirigindo-se às vezes apenas a uma parcela da
realidade, insere-a no contexto e a examina em função do con-
junto. (SAVIANI, 2007, p. 20- 21).
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
Aliando essas ideias às da Introdução, vislumbra-
mos uma tarefa para a Filosofia da Educação, a saber:
compreender ideias, fundamentos e princípios que
sustentam as variadas concepções pedagógicas.
Encontramos a “educação difusa” ou “não formal” nas sociedades tri-
bais, nas práticas de trabalho menos especializadas, nas brincadeiras infantis,
nas relações familiares e entre amigos, na transmissão das regras de compor-
tamentos morais e em outros tratos sociais2. É bom frisar que, mesmo no
espaço acadêmico, encontramos essa forma de “educação”.
Em geral, esse modo do ato de educar, principalmente nas sociedades
tribais e nas civilizações da Antiguidade, tem maior teor de transmissão do
legado cultural, de adestramento, e gera poucas modificações ao longo do
tempo. Tal tipo de “educação” é mais estável, mais estático. Contudo, isso não
significa que, também aqui, ao longo da história, não encontremos mudan-
ças, apenas que tais mudanças são mais demoradas e sutis.
Esse aspecto de maior estabilidade, como já foi apontado, encontramos
em certos procedimentos educacionais de algumas das grandes civilizações
antigas. Nas sociedades do Antigo Oriente, por exemplo, temos o predomí-
nio de um tradicionalismo pedagógico. Mas o que é isto? O tradicionalismo
pedagógico consiste na transmissão de uma doutrina sagrada; uma sabedo-
ria conquistada pela prática, objetivando conduzir o indivíduo à virtude e à
felicidade. Aqui, a educação se caracteriza pela busca da perfeição espiritual,
2 Refere-se a normas de conduta, comportamentos normativos não morais ou legais (Direito)
relacionados à forma de se portar à mesa, de se dirigir a outrem, de se vestir; à pontualidade etc.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
que, por sua vez, é identificada como único caminho para a virtude e a vida
feliz. Temos, nessas culturas, o mestre ou preceptor como figura exemplar, ou
seja, que os discípulos e a própria sociedade devem tomar com modelo. Essa
prática se liga à visão mítica do mundo, que perpassa, ainda hoje, a Religião.
Seguindo as ideias anteriores, podemos traçar pontes entre Mito e Edu-
cação. Lembrando que a perspectiva mítica é anterior à perspectiva filosófica
e mais ainda à perspectiva científica, podemos compreender a perspectiva
mítica não como algo falso ou uma construção mirabolante, mas como uma
forma de conhecimento, uma visão de mundo, um conjunto de práticas e
valores que agregam certos grupos humanos. É característica da tradição
mítica a transmissão do legado cultural por artifícios mnemônicos, ou seja,
por meio de técnicas de memorização, que privilegiam aspectos sonoros, por
vezes, aliados a aspectos gestuais e imagéticos3. Dessa forma, há um privi-
légio da memória sonora e gestual-visual aliada a esta. Até porque a maior
parte dos membros dessas sociedades não dominam sistemas de escrita. Não
é à toa que, predominantemente, se manifestam por meio de poemas recita-
dos musicalmente, não raro acompanhados por certos tipos de instrumentos
musicais. Exemplos disso são os mantras, as leituras repetidas de textos sagra-
dos, os cânticos e a liturgia nas missas, as epopeias, as narrativas dos bardos4
e trovadores. De forma similar, poderíamos incluir as cantigas de trabalho, as
canções que transmitem valores sobre as relações amorosas etc.
Para entendermos um pouco mais a mentalidade mítica, devemos perguntar:
Qual o papel (função) do mito? Como o mito funciona (suas características)?
Primeiramente, como toda forma de conhecimento (modos de ver o
mundo), o homem, ao produzir mitos, ou seja, a consciência mítica, procura:
22 dar sentido à vida; ordenar as relações entre si e o Universo, geral-
mente sacralizado (divinizado), e entre os fenômenos deste;
22 justificar e consolidar práticas sociais (relações de trabalho, casa-
mento, condutas e posições sociais etc.);
22 “explicar” as origens do Universo, dos seres vivos e de práticas
sociais estabelecidas.
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
Dica de Leitura
Para aprofundar um pouco mais essa visão sobre o Mito, uma
leitura recomendável é Mito e realidade, de Mircea Eliade.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Saiba mais
Homero, para os estudiosos, é uma figura de procedência discu-
tida. A ele são atribuídas a Ilíada e a Odisseia, que, aceitando
a vertente interpretativa mais difundida hoje quanto à questão da
gênesis das obras homéricas, não foram escritas por um único
homem, mas são – a Ilíada e a Odisseia – construções coletivas
de longos anos de compilações e rearranjos de narrativas orais.
Logo, obra construída por séculos para chegar à forma “defini-
tiva”, que conhecemos até hoje.
5 Palavra grega que pode ser traduzida por Educação. Mas, conforme Jaeger (1989, p. 1), tem
uma conotação muito mais complexa para o mundo grego, na Antiguidade: “Paidéia, não é
apenas um nome simbólico; é a única designação exacta do tema histórico nela estudado. Este
tema é, de facto, difícil de definir: como outros conceitos de grande amplidão (por exemplo os
de filosofia ou cultura) [...]. O seu conteúdo e significado só se nos revelam plenamente quando
lemos a sua história e lhes seguimos o esforço para conseguirem plasmar-se na realidade.”
6 Refere-se à Grécia, donde seu derivado heleno como sinônimo de grego.
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
Saiba mais
Como nosso foco não é principalmente a “educação difusa” ou
“informal” e a mentalidade mítica, o que por ora foi apresentado
é suficiente para se ter uma ideia desses aspectos. Para um maior
aprofundamento recomendamos a leitura dos tópicos “Cultura e
Educação da nobreza homérica”, “Homero como educador” e
“Hesíodo e a vida do campo”, da obra de Werner Jaeger, Pai-
deia: a formação do homem grego. Imagens contemporâneas
sobre as narrativas homéricas encontramos no cinema, por exem-
plo, nos filmes: Odisseia (1997); Helena de Tróia: paixão e
guerra (2003); Tróia (2004).
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
tentam dizer o que são as coisas. E a linguagem não é a coisa em si. Dizer
“casa” não é sentir, essencialmente, uma casa.
O segunda afirma: “Nada existe que possa ser conhecido; se pudesse
ser conhecido não poderia ser comunicado; se pudesse ser comunicado
não poderia ser compreendido”. Górgias é mais radical que Protágoras; ele
apresenta a impossibilidade do conhecimento, prenunciando o ceticismo do
período Helenístico.
Notemos que ambos os fragmentos nos colocam perante problemas rela-
tivos à possibilidade do conhecimento e a função da linguagem humana no
processo de comunicação da experiência sobre o mundo. Ou seja, questões
ligadas à pedagogia. Não bastasse isso, os sofistas foram os primeiros a elaborar
uma educação intelectual desligada da educação do corpo. Lembremos que
até então a educação grega combinava a educação do corpo com a educação
da alma: para a primeira a ginástica; para a segunda, a música ‒ aqui, sinô-
nimo de poesia. E, como atenta Aranha (1996, p. 43), os sofistas alargam a
noção de paideia, que inicialmente se referia à educação da criança, passando,
como os sofistas, a se referir, também, à educação continuada do adulto.
Os sofistas foram os primeiros a sistematizar um currículo
educacional, composto de gramática, retórica e dialética;
e, na linha dos pitagóricos, aritmética, geometria, astrono-
mia e música. Tal proposta é a precursora da tradicional
divisão das Sete Artes Liberais, que, na Idade Média, será
a base o currículo escolar, dividido em Trivium e Qua-
drivium, dos quais voltaremos a falar mais à frente.
A sofística não foi muito bem-vista pelos filósofos do período Clássico:
Sócrates, Platão e Aristóteles. A impressão que a tríade deixou sobre a sofística
foi de tal forma negativa que a imagem predominante por muito tempo na
História da Filosofia leva a crer que os sofistas foram apenas um bando de
charlatões, preocupados apenas em enriquecer. O prejuízo decorrente dessa
imagem foi, em parte, a perda das obras atribuídas a esses pensadores, res-
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
tando de suas hipóteses esparsos fragmentos e alusões nos textos de seus opo-
sitores, como encontramos, por exemplo, nos Diálogos de Platão.
O próprio termo sofista e seu derivado passaram a ter conotações pejo-
rativas. Embora, por vezes, esqueçamos que o termo sofisticado venha de
sophisés, que traduzimos por sofista, e também, numa tradição anterior ao
advento da sofística, que significava sábio, excelente em uma arte ou técnica,
sensato, prudente.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Saiba mais
Para saber mais sobre Sócrates assista ao filme Sócrates (1971).
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
Sócrates costumava dizer que nada ensinava, mas
procurava ajudar as pessoas a buscarem no inte-
rior de si mesmas o conhecimento que tinham.
Tal perspectiva é claramente essencialista ou metafísica, pois
revela uma concepção inatista do conhecimento: de alguma
forma nossa alma já traz – antes mesmo de nosso nasci-
mento, que corresponde ao estabelecimento de uma relação
corpo-alma, matéria-espírito – o conhecimento do Bem, do
Justo e do Belo. Entretanto, tal conhecimento se encontra
adormecido. Assim, segundo Sócrates, o que ele fazia era
ajudar as pessoas a recuperar esse conhecimento que estava
dentro de si. Para tanto, Sócrates inquiria seus interlocutores.
O depoimento de Sócrates, no fragmento da Defesa de Sócrates, apresen-
tado anteriormente, aponta para o método socrático que possuía duas etapas:
22 primeira, a ironia ‒ do grego eironia ‒, perguntar, fingindo igno-
rância ‒ que tem um caráter negativo, pois desconstrói a opinião
(dóxa) apresentada pelo interlocutor sobre algo;
22 segunda, a maiêutica ‒ maieutiké, relativo ao parto8 ‒, mais posi-
tiva, pois consistia em, a partir de outras perguntas, dar à luz as
ideias que cada um tem dentro de si.
Para Sócrates, conhecer era relembrar (anámnesis). Mas, para enten-
dermos tal concepção, devemos aceitar um fundamento religioso no pensa-
mento socrático e sua concepção de alma (psykhé). Ao final da parte Vida e
obra do volume Sócrates da coleção Os pensadores, José Américo Motta
Pessanha esclarece:
8 Sócrates revela (Platão, Teeteto, 148e-151a) que age como as parteiras, mas, enquanto estas
trazem ao mundo corpos, ele traz ideias. Sócrates reforça que, assim como as parteiras, ela ape-
nas ajuda no nascimento, não faz nascer. Lembremos que Sócrates era filho de uma parteira,
Fenárete.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
9 Há quem diga que tenha nascido em Égina, uma pequena ilha do mar Egeu que se tornou
possessão de Atenas.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
era administrada mais nos costumes e usos dos ancestrais, e não era pos-
sível conseguir com facilidade outros novos amigos e companheiros. –
A corrupção dos artigos das leis e dos costumes alastrava tão espantosa-
mente, que eu, que de início estava pleno de ímpeto para realizar o bem
comum, olhando para eles e vendo-os sendo completamente levados de
qualquer modo, acabei em vertigem. Não deixei, contudo, de esperar
um momento adequado, se, na verdade, a situação e todo o governo
melhorassem, para ainda aproveitar qualquer ocasião de realizar o bem
comum. Acabei por entender que todas as cidades de agora são mal
governadas, pois têm legislação quase incurável, e falta uma preparação
extraordinária aliada à fortuna. Fui obrigado a dizer, louvando a verda-
deira filosofia, que a ela cabe discernir o politicamente justo em tudo
dos indivíduos, e que a espécie dos homens não renunciará aos males
antes que a espécie dos que filosofam correta e verdadeiramente chegue
ao poder político, ou a espécie dos que têm soberania nas cidades, por
alguma graça divina, filosofe realmente.
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
Mas, para que este chegue a governar, tem de passar por uma longa etapa de
educação. Educação essa que servirá para pôr os olhos na direção correta, evi-
tando que a alma seja corrompida. Sabemos que por, ao menos três ocasiões,
Platão tentou implantar tal proposta. Em todas elas se saiu malogrado. Algo
que leva alguns estudiosos a compararem esta obra do período intermediário
da produção platônica com outra da velhice, que, ao que parece, ficou inaca-
bada: As leis.
Vamos contextualizar um pouco a Educação da época. Esparta e Atenas
eram as cidades modelares também nesse campo. Na primeira predominava
uma rígida educação militar: aos sete anos os jovens eram tirados de suas
famílias, entregues ao Estado; havia treinamento atlético militar rigoroso,
com a finalidade de modelar os espíritos à coragem; os educandos viviam
em comunidade e passavam por diversas provas, semelhantes, ou piores, às
militares de hoje. A segunda seguia um modelo mais privado, onde a edução
ficava sobre a responsabilidade da família; além de aspectos tradicionais da
paideia aristocrática – ginástica e música –, devido à ascensão de outras classes
sociais, Retórica e Oratória se tornaram partes do “currículo escolar”.
Para saber um pouco mais sobre a educação ateniense, tomemos uma
passagem do livro História da Educação, de Maria Lúcia de Arruda Aranha:
Vimos que, passado o período heróico, a educação ainda é aristo-
crática e uma incumbência da família. No final do século VI a.C., já
terminando o período arcaico, aparecem formas simples de escolas.
Embora o Estado demonstre algum interesse, o ensino não se torna
nem obrigatório nem gratuito e continua predominantemente sob a
iniciativa particular.
A educação se inicia aos sete anos. Se a criança é do sexo feminino,
permanece no gineceu, parte da casa onde as mulheres se dedicam
aos afazeres domésticos, pouco importantes em um mundo essencial-
mente masculino. Se é menino, desliga-se da autoridade materna e
inicia a alfabetização e a educação física e musical.
Acompanhado por um escravo, o pedagogo, o menino dirige-se à pales-
tra [lugar para exercícios de luta], onde pratica exercícios físicos. Sob a
orientação do pedótriba (instrutor físico), é iniciado em corrida, salto, lan-
çamento de disco, de dardo e em luta, as cinco modalidades do pentatlo,
competição famosa de jogos. Aprende assim a fortalecer o corpo e a exercer
domínio sobre si próprio, já que a educação física nunca se reduz à mera
destreza corporal, mas vem acompanhada pela orientação moral e estética.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
das Ideias, imutável. Partindo dessa perspectiva, formula, também uma teoria
do conhecimento10, que trata as coisas do mundo sensorial como imitações
das ideias. E, dessa forma, considera o “conhecimento” gerado pelos sentidos
como ilusórios, frutos da dóxa (opinião). Tal concepção é sintetizada na cha-
mada Alegoria da Caverna, à qual votaremos mais à frente. As artes imitativas
– particularmente a poesia homérica, as tragédias e a pintura – são, então,
para Platão, imitações de imitações. Dessa forma, estão muito distantes dos
modelos dados pelas Ideias. E são tais modelos – essências – que devem ser
buscados, no processo de conhecimento.
Além disso, Platão pretendia uma reforma nas bases morais e tendia a
defender uma concepção religiosa monoteísta, aspectos que se chocam com
as características da tradição homérica e das representações dela derivadas na
tragédia e na pintura. Muitos estudiosos de Platão defendem que, no fundo,
sua crítica à paideia homérica é mais ética do que epistêmica, ou seja, refere-se
mais aos aspectos éticos e de conhecimento. Assim, deuses, como os descritos
pela tradição homérica, que mudam de forma, são vingativos, têm raiva e
outras paixões humanas, não servem como modelo ético para o agir humano.
Platão, assim como Sócrates, não tinha grande apreço pela escrita, pois
esta era imitação da linguagem oral. No entanto, Platão, diferentemente de
Sócrates, deixou-nos obras escritas. Mas optou por um estilo literário que
se mostra o mais próximo possível às conversas que tinha na Academia; por
isso, escreveu em forma de diálogo. Eis um claro exemplo de pensador que
reflete, na sua própria forma de escrever, princípios de seu método, do qual
falaremos à frente.
10 Na realidade, esta é uma terminologia mais adequada para a Modernidade. Em vista disso,
para alguns estudiosos, não haveria, propriamente, entre os filósofos gregos, uma preocupação
sobre se podemos ou não conhecer e como conhecemos o objeto, mas partiria de um pressu-
posto de que esse objeto já é um dado. Logo, não podemos duvidar da possibilidade do conhe-
cimento. Tal abordagem é controversa. Mesmo assim, em Platão, seria mais adequado dizer
uma Teorias das Ideias que tem reverberações na questão sobre o conhecimento.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
O termo grego para passeio é perípatos; a ação de pas-
sear, peripatéô. Termos formados por um prefixo perí-, que
indica: a volta de, em torno, sobre ou em vista de; e patéô,
que significa: pisar, marchar, caminhar, percorrer; conforme
apuramos em Chaui (2002, p. 508). Sabemos que no
Liceu as lições, por vezes, eram dadas em caminhadas.
Dessa forma, Aristóteles e os estudantes, transitando pelo
passeio do jardim liceísta, debatiam animadamente filosofia.
Eis o porquê da denominação peripatéticos para os mem-
bros da escola aristotélica. A dar conta de alguns relatos, o
Liceu alcançou prestígio grandioso, reunindo cerca de dois
mil alunos.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Dica de filme
Para ter em mente um pouco das atitudes de Alexandre em relação
a suas conquistas, recomendamos assistir ao filme Alexandre, o
Grande (2004). Nesse mesmo filme, encontramos uma sequên-
cia onde aparece Aristóteles dando aulas ao jovem Alexandre.
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
Explicitando melhor. Para Aristóteles, há dois tipos de catego-
rias – predicações, atribuições – para as coisas: substância e
acidentes. A substância é aquilo que faz de um objeto o que
este é; os acidentes ou atributos são características mutáveis dos
objetos, ou seja, com ou sem esses, o objeto continua a ser
o que é. Exemplificando: o enunciado “Sócrates é homem”
indica uma predicação substancial ou essencial de Sócrates. Já
“Sócrates é careca” enuncia um acidente, pois Sócrates outrora
ostentava vasta cabeleira
13 O termo Metafísica não é empregado por Aristóteles, mas deriva da catalogação das obras
de Aristóteles feita por Adrônico de Rodes, no século I d.C., consolidando o que chamamos
Corpus aristotelicus. Depois de catalogar as obras que tratavam da natureza, phýsis, sobraram
alguns escritos cujos temas não se encaixavam em nenhuma das classificações anteriores. A
estes Andrônico deu o nome de Metà tà phýsiká, ou seja, As coisas depois da física: Metafísica.
Aristóteles denominava os estudos sobre Ser enquanto Ser, com Próte Philosophía, ou seja,
Filosofia Primeira, conforme apuramos em Chaui (2002, p. 505).
14 É uma estratégia didática opor realismo a idealismo. Entretanto, no fundo, Platão também
é realista, só que, para ele, a realidade são as Ideias, e não o mundo concreto.
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Saiba mais
Para entender melhor a Lógica de Aristóteles, consulte algum
manual de História da Filosofia. Recomendamos o de Marilena
Chaui, Introdução à história da filosofia, volume 1, Dos pré-
-socráticos a Aristóteles, e o de Giovanni Reale e Dario Anti-
seri, História da filosofia, volume 1, Filosofia pagã.
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
Saiba mais
Patrística é a Filosofia dos primeiros Padres da Igreja, caracte-
rizada, principalmente, por defender a fé e procura converter
os não cristãos. Tem, predominantemente, um teor platônico.
A Escolástica determina o conhecimento elaborado e ensi-
nado nas escolas medievais, sobretudo nas “palacianas”, que
versava sobre a linguagem, a natureza, a filosofia e a teologia.
Tem uma ligação muito grande com as Universidades e possui
teor, predominantemente, aristotélico.
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Dica de filme
Para se ter uma melhor ideia da vida de Agostinho, recomendamos
o filme Santo Agostinho: o declínio do Império Romano (2010).
16 Segundo o Houaiss eletrônico (2009): “[...] dualismo religioso sincretista que se originou na
Pérsia e foi amplamente difundido no Império Romano (s. III d.C. e IV d.C.), cuja doutrina con-
sistia basicamente em afirmar a existência de um conflito cósmico entre o reino da luz (o Bem) e
o das sombras (o Mal), em localizar a matéria e a carne no reino das sombras, e em afirmar que
ao homem se impunha o dever de ajudar à vitória do Bem por meio de práticas ascéticas [...]”.
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O homem e sua relação com o mundo: Filosofia e Educação
10.6.4 A Escolástica
Em que consistia o método escolástico?
Primeiramente, é preciso entender que Escolástica e Universidades estão
intimamente ligadas, conforme salientam Jacques Le Goff e Jean-Claude Sch-
mitt no Dicionário temático do Ocidente medieval, no verbete Escolástica.
Lembrando que as Universidades são um tipo de corporação, não é de se
estranhar que o método escolástico reflita um corporativismo. Nesse caso, o
corporativismo intelectual: a Escolástica dá “[...] forma normativa ao corpo
universitário e, ao mesmo tempo, prescreve os textos a ‘comentar’ (legere)
[...]” (LE GOFF; SCHMITT, 2002, p. 367), como também prescreve os
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
textos que não devem ser lidos. O papel dos mestres é supervisionar os estu-
dos, evitando qualquer desvio. Nesse contexto, o livro passa a ter uma grande
importância. A base do método escolástico é o uso da lógica aristotélica, pre-
dominantemente o silogismo ‒ tipo de raciocínio dedutivo, do qual se vai de
proposições gerais ou universais para conclusões particulares e gerais. Aliados
ao “princípio de autoridade”, os argumentos devem estar sustentados ou nas
Sagradas Escrituras ou nos grandes sábios já consagrados pela Igreja. Dessa
forma, como resume Maria Lúcia de Aranha (1996, p. 73):
Munidos do instrumental para a discussão, surgem inúmeros comen-
tadores dos textos sagrados da Bíblia e dos escritos dos Padres da
Igreja que alargam a reflexão pessoal, criando o método escolástico,
constituído por várias etapas: a leitura (lectio), o comentário (glossa),
as questões (quaestio) e a discussão (disputatio).
Dica de filme
No filme Em nome de Deus (1988), que se baseia na vida de
um dos expoentes da Escolástica, Pedro Abelardo (1079-1142), há
uma cena em que aparece o mestre Abelardo dando aulas. Essa
cena apresenta o método escolástico em sua forma ainda não tão
radicalizada. Outro aspecto interessante, que não tocaremos aqui,
é o da educação feminina, particularmente de algumas mulheres
que, por fatores variados, ingressavam na vida religiosa. Heloise.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Síntese
No percurso trilhado neste capítulo, passamos por diversas abordagens
da vertente essencialista ou metafísica da pedagogia. Começamos tratando do
significado dos termos Filosofia e Educação, que compõem o nome desta
disciplina: Filosofia da Educação. Passamos, então, à relação entre Educação
e Cultura. Vimos certas formas de Educação não formais ou difusas. Avan-
çando, passamos pelo mundo da Antiguidade Grega, inicialmente tratando
das tradições míticas de Homero e Hesíodo. Daí, abordarmos a passagem
do Mito à Filosofia, apresentando tanto as características da paideia homé-
rica e hesiódica como a abordagem de alguns pensadores originários: os pré-
-socráticos, seja quanto à crítica a tradição mítica, seja em relação à visão mais
racionalista desses primeiros filósofos. Passamos, então, para o ambiente do
período Clássico, mostrando o papel dos sofistas ‒ primeiros pedagogos ‒ no
contexto da democracia ateniense e as abordagens de Sócrates, Platão e Aris-
tóteles. De um brevíssimo apontar para a cultura helenística e suas contribui-
ções para o desenvolvimento intelectual do Ocidente, vislumbramos o apon-
tar da mentalidade medieval. Ao passarmos pela Idade Média, deparamo-nos
com duas correntes: a Patrística ‒ de cunho mais platônico ‒ e a Escolástica
‒ de cunho mais aristotélico. Ainda, caracterizamos cada uma dessas corren-
tes e focamos as ideias de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, respecti-
vamente, representantes da Patrística e da Escolástica.
Em todo esse trajeto o objetivo central foi caracterizar, principalmente, os
diferentes enfoques da abordagem essencialista ou metafísica, para fortalecer
a indicação de que estas estão focadas em concepções filosóficas que buscam
a essência do ser humano e das coisas no mundo. E mais, desejamos que seja
entendido que o essencialismo pedagógico não consiste apenas na influência
de uma filosofia sobre a Educação. Mais que isso, trata-se de uma perspectiva
que reforça o caráter comum de diferentes pensamentos, tanto na Antiguidade
como na Idade Média, e mesmo na Modernidade, sobrevivendo em discursos
e práticas pedagógicas adotadas ainda hoje, como veremos nos próximos capí-
tulos. É partindo deste fundo inicial que entenderemos, também, na sequência
de nossos estudos, as críticas às abordagens essencialistas ou metafísicas e o
surgimento de outras abordagens pedagógicas. Então, sigamos em frente?
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A filosofia como
suporte para a reflexão
crítica do educador
Geovani da Rocha Gonçalves
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A filosofia como suporte para a reflexão crítica do educador
Tendo em vista que nem todos serão filósofos, de que forma então a filo-
sofia pode contribuir na formação do professor? Como ela pode dar suporte
às ações de prática docente?
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A filosofia como suporte para a reflexão crítica do educador
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A filosofia como suporte para a reflexão crítica do educador
Para atingir esses e outros objetivos, fica claro que a escola precisa ter
um norte, um caminho a ser seguido, estabelecendo de forma objetiva o que
se quer atingir em cada etapa do ensino. Esses objetivos, no entanto, não são
fruto apenas de uma política de estado ou da forma como equipe de direção,
equipe pedagógica ou professores acham que deve ser atingido - cada um
atuando de forma isolada e “cumprindo o seu papel” – mas, para além disso,
é um planejamento que envolve todos da comunidade escolar, aí entendido
o pessoal administrativo, pessoal de apoio, corpo docente, corpo discente,
equipe de direção, equipe pedagógica, conselho escolar, associação de pais
e mestres, de forma que todo o planejamento escolar reflita os interesses da
escola e da comunidade em que ela está inserida.
Dessa concepção de construção múltipla de objetivos, estão implíci-
tas algumas ações, como o pensar, o refletir, como algo capaz viabilizar na
prática aquilo que se pensa na teoria, e a filosofia vai possibilitar essa visão,
se bem trabalhado dentro dos currículos de licenciatura, pois o professor
poderá alcançar uma visão holística, totalizante, e não fragmentária, em
diversos assuntos.
A filosofia tem esse poder de promover a suspensão de juízos 4,
levando o indivíduo muitas vezes a duvidar das próprias crenças, de
conceitos pré-concebidos e nunca antes questionados. Quando o edu-
cador consegue romper com os conceitos pré-formados, quando ele
incorpora novos valores ou mesmo quando ele se abre a outras possi-
bilidades e modo de enxergar o mundo, consegue ver o outro também
de forma diferente, é capaz de compreender as diferenças e diminuir,
por exemplo, a forma preconceituosa como via certos assuntos. Por
isso que afirmamos anteriormente que a filosofia é indispensável para
o educador. Em monografia sobre o tema que aqui se discute SCA-
RIOTTO (2007, P. 30) afirma:
4 Interrupção temporária do fluxo de ideias prontas que uma pessoa tem sobre
determinado assunto.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Esse suporte que a filosofia dá ao educador irá facilitar também seu tra-
balho em sala de aula e que no conjunto com as outras disciplinas poderão
cumprir com aquilo que a Lei trás como uma das metas da educação que é “o
aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e
o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico.” (LDB, art.
34, inciso III). Daí que a filosofia não é importante só para o professor, mas
também para os alunos.
[..]. As teorias são importantes para a formação do professor. Todo
professor deveria ter em mente tais teorias para aperfeiçoar seu desem-
penho em sala de aula; estudar teorias, através da Filosofia da Educa-
ção, adentrando em filosofias atuais proporciona ao mestre qualidade
no seu desempenho enquanto professor. Pensar sobre a formação do
educador em nosso tempo consiste num grande desafio. A educação
assume faces diferentes em cada período histórico, mas a essenciali-
dade do professor em buscar a interação com seu aluno não modi-
ficou. Para o aluno, que está numa evolução de conhecimento, de
aprendizagem, a Filosofia é a essencialidade de sua busca do saber. A
Filosofia estimula o pensamento, o estudo, o relacionamento humano
e a liberdade da mente. A filosofia ajuda a partir do momento em que
oferece subsídios suficientes para o desenvolvimento do aluno na ati-
vidade intelectual para pensar. É imprescindível conhecer os filósofos,
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A filosofia como suporte para a reflexão crítica do educador
Síntese
Transcorremos neste artigo, ainda que de forma parcimoniosa, que a
filosofia, enquanto um dos ramos do saber historicamente construído está
estritamente ao pensar crítico e por isso mesmo assume importância para a
formação do professor/educador.
Este olhar, da importância da filosofia como um suporte para a refle-
xão crítica do educador, exige de todos uma percepção diferenciada de ver a
mesma realidade, percepção esta assentada na crítica reflexiva e visão holística
em relação às mudanças que ocorrem na sociedade e que também vai ter
reflexo na educação de outros indivíduos.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Sociologia e
Antropologia para
a Educação
Alexandre Vieira
Marx, Durkheim e Weber tornaram-se,
rapidamente, por mérito de suas próprias
obras e por terem nascido no epicentro
de todas essas transformações, os privi-
legiados interpretadores dos problemas
do seu tempo e foram reconhecidos por
amigos e inimigos como mestres de fato.
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Sociologia e Antropologia para a Educação
Em seu livro Educação e Sociedade, Durkheim (1978, p. 41) afirma:
A educação é a ação exercida, pelas gerações adultas, sobre
as gerações que não se encontram ainda preparadas para a
vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança,
certos números de estados físicos, intelectuais e morais,
reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo
meio especial, em que a criança particularmente se destine.
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Sociologia e Antropologia para a Educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
As novas coisas do mundo moderno foram pensadas e
instituídas para regular a ação e os interesses dessa nova
humanidade, carente de liberdades individuais e riqueza e
egocentrada em suas defesas territoriais. Exemplos desse
novo momento foram as reformas de universidades, o
estabelecimento de novas leis comerciais, civis e bélicas,
a criação de academias reais de ciências, a hiperespeciali-
zação da construção naval, a reestruturação da arquitetura
das cidades, a ligação viária e marítima entre Estados, a
criação de novas instituições de controle e disciplina moral
e corporal da população como escolas, fábricas, hospi-
tais, presídios, exércitos, oficinas, praças. Enfim, novas
profissões e ocupações humanas passaram a existir para
o novo ser humano (FOUCAULT, pp. 2004, 195-202).
A Antropologia, surgida em meados do século XIX, ainda que estivesse
diretamente associada à biologia e à filosofia natural do século das luzes,
manteve uma forte conexão causal com os grandes eventos que deram
surgimento à Era Moderna, como descrevemos anteriormente. Podemos
inclusive sugerir que a Sociologia está para a construção da interioridade do
Europeu assim como a Antropologia está para a sua exterioridade.
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Sociologia e Antropologia para a Educação
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Sociologia e Antropologia para a Educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
A discussão sobre o “bom ou mau selvagem” e sobre a
superioridade da raça europeia ganhou um sonoro enri-
quecimento no século XIX, quando a Antropologia e a
Sociologia passaram a acompanhar o ritmo de “descons-
trução” das velhas teses semi-científicas ou criacionistas
sobre o desenvolvimento da fauna e flora do Novo Mundo.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Sociologia e Antropologia para a Educação
Já em meados do século XIX, a Europa empreendia um ritmo
acelerado de abertura de liceus, escolas e universidades
públicas e, por consequência, aconteceu a ampliação da
alfabetização das populações mais empobrecidas nas cidades
europeias (CAMBI, 1999, pp. 498-501). Lembremo-nos de que
esses resultados modernizantes eram fruto de uma democrati-
zação forçada, exigida pelo sistema industrial que alimentava
um ciclo de enriquecimento e manutenção de poder político
e econômico nas cidades europeias mais desenvolvidas.
Shirley (1987, p. 3-7) nos ajuda a entender que a Antropologia foi uma
invenção de britânicos, franceses e holandeses que, desde tempos remotos,
já prestavam mais atenção no comércio do que na religião. Alguns dos mais
destacados antropólogos do século XIX, como Tylor, Morgan e Frazer,
eram provenientes desses países. A Antropologia foi uma ciência surgida
por necessidade do Império vitoriano. O professor Shirley lembra-nos,
com precisão de fonte documental, que muitos administradores, fossem
governadores ou encarregados diretos de expedições a colônias inglesas,
foram os responsáveis por estudos acadêmicos muito completos sobre suas
possessões. Talvez os grandes exemplos sejam o de Sir Stamford Raffles, que
fundou a cidade de Cingapura e produziu um inigualável estudo sobre a
história e sociedade da ilha de Java. Os chamados “imperialistas eruditos”
existiram às centenas.
Dica de Filme
O filme Lawrence da Arábia é baseado na biografia de T.E.
Lawrence descrita no seu livro Sete Pilares da Sabedoria.
Assista ao filme para conhecer mais sobre esse famoso antropó-
logo, imperialista e erudito.
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Sociologia e Antropologia para a Educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Saiba mais
Podemos ver, em Tarzan e Mogli, exemplos de mitos que
expressam o sucesso da salvação do selvagem da sua condição
de bestiário. Vemos, através das histórias desses personagens, a
pedagogia evolucionista escancarada em sua plena manifestação
“antropo-euro-cêntrica”. A heroicidade desses personagens
não dissolve, contudo, a percepção de que são “selvagens” e
“primitivos” em sua essência.
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Sociologia e Antropologia para a Educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Tal olhar antropológico aplicado à educação, cer-
tamente, resultaria em notável alteração no modo
como jovens e crianças poderiam ser vistos e traba-
lhados fora e dentro de sala de aula. Cada criança
seria reconhecida em sua natividade que, de dentro
de sua microssociedade, a sala de aula, teria a auto-
ridade legítima de manter em seus domínios um con-
vidado muito educado e agradecido – o professor.
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Sociologia e Antropologia para a Educação
Dentro do contexto educacional, uma abordagem funciona-
lista tenderia a constituir pedagogias fundadas em um com-
prometimento dos professores e funcionários de uma escola
com as classes de alunos, tendo por referencial o respeito
pela visão de mundo desses sujeitos. Em relação ao aprio-
rismo, determinismo e geneticismo evolucionistas, encon-
tramos, no funcionalismo da primeira metade do século XX,
um salto, uma verdadeira transformação reveladora, mais
aberta, mais isenta de julgamentos, mais circunstancial, mais
orgânica e integradora e mais atenta aos sujeitos pesquisados.
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
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Sociologia e Antropologia para a Educação
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História, Filosofia e Sociologia da Educação
Síntese
Neste capítulo, realizamos algumas aproximações entre o pensamento
socioantropológico dos clássicos e o campo da Educação. Ao tratarmos dos
grandes temas que atravessaram o século XIX e o início do século XX, estu-
damos temas que foram decisivos para a instalação de uma sociedade do tipo
industrial como a nossa.
Procuramos deixar evidente que as principais teorias sociológicas
e antropológicas reproduziram e alimentaram um amplo conjunto
de compreensões sociais, políticas e culturais. O evolucionismo e o
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Sociologia e Antropologia para a Educação
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Referência
História, Filosofia e Sociologia da Educação
Capítulo de 1 a 6
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